Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MARIANA MARQUES – T29 INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO ➔ É uma síndrome dolorosa idiopática, crônica e não articular, com pontos dolorosos generalizados (a dor fica localizada nos dois hemisférios corporais e nos dois hemicorpos corporais). ➔ A dor manifesta-se principalmente no sistema musculoesquelético. ➔ Na fibromialgia, o paciente possui um baixo limiar de dor e, com um estímulo menor e às vezes não doloroso, pode ter a experiência de dor. ➔ A duração da dor deve ser maior do que 3 meses. ➔ É uma doença multissistêmica caracterizada por distúrbios do sono, fadiga, dor de cabeça, rigidez matinal, parestesias e ansiedade. ➔ Possui natureza não autoimune e não inflamatória. ➔ A doença possui grande impacto na qualidade de vida, impedindo o paciente portador da doença de realizar tarefas diárias. EPIDEMIOLOGIA ➔ A fibromialgia é mais prevalente no sexo feminino, no entanto, a partir do critério utilizado em 2010, a prevalência da doença passou de 8:1 para 3 mulheres afetadas para cada homem. ➔ Possui caráter hereditário, podendo atingir tanto adultos como crianças. ATENÇÃO: Sintomas que se iniciam com mais de 55 a 60 anos devem gerar investigação de outras hipóteses que não a fibromialgia – como infecções e neoplasias. FISIOPATOLOGIA ➔ Há uma sensibilização central, sendo assim, os portadores da fibromialgia estão em um estado de centralização da dor, ou seja, sentem mais dor do que o esperado para certo estímulo nociceptivo. ➔ As fibras da dor (fibras C desmielinizadas) são estimuladas repetida, rápida e prolongadamente – em um somatório temporal dos impulsos neurais. ➔ Além disso, há uma inibição das vias descendentes inibitórias da dor – vias que modulam a resposta medular aos estímulos dolorosos. • Ocorre o aumento dos neurotransmissores facilitadores da transmissão da dor: glutamato e substância P. • Redução de neurotransmissores inibidores/ moduladores da dor: serotonina, noradrenalina e dopamina. ETIOLOGIA ➔ Não é completamente conhecida – multifatorial. ➔ Evidências sugerem que fatores genéticos e ambientais podem predispor os indivíduos ao desenvolvimento da fibromialgia. ➔ Fatores desencadeantes: stress, infecção, trauma, apneia do sono e inflamação articular crônica. Fibromialgia MARIANA MARQUES – T29 QUADRO CLÍNICO ➔ Tríade clássica: Dor difusa crônica (bilateral, acima e abaixo do tronco e no esqueleto axial, com duração maior que 3 meses); ➔ Fadiga; ➔ Distúrbios do sono. Observação: a dor é generalizada, de intensidade vaiável ao longo dos dias e de caráter migratório. ➔ O exame físico geralmente normal, com exceção da dor difusa, a qual pode ser identificada pela contagem de pontos dolorosos ou pela palpação digital de várias regiões do corpo. • Alodinia: consiste na dor causada por um estimulo não doloroso em situações normais. • Hiperalgesia: dor extrema e desproporcional causada por um estimulo doloroso. ➔ Quando a lor é localiza, em geral, as regiões mais afetadas pela dor são: abdome, pelve e cefaleia. CRITÉRIO DIAGNÓSTICO DE 1990: 18 PONTOS DOLOROSOS ➔ Meio do musculo trapézio (direito e esquerdo); ➔ Ponta do osso occiptal; ➔ Segundo espaço intercostal → costoesternal (direito e esquerdo); ➔ Quarta vertebra cervical; ➔ Ângulo da escápula → palpar medialmente cerca de 2cm (lado direito e esquerdo); ➔ Epicôndilo lateral → palpar avançando 2cm distalmente ao epicôndilo; ➔ Quadrante esterno e superior do glúteo (lados direito e esquerdo); ➔ Trocanter maior do fêmur (direito e esquerdo); ➔ Coxim gorduroso medialmente acima da linha articular do joelho (lados direito e esquerdo). CRITÉRIO DIAGNÓSTICO DE 2010 ➔ Utiliza o índice de dor generalizada (IDG) e a escala de gravidade dos sintomas (EGS). ÍNDICE DE DOR GENERALIZADA – IDG: ➔ Nessa etapa do teste, deve-se marcar as áreas em que o paciente sentiu dor nos últimos 7 dias: ESCALA DE GRAVIDADE DOS SINTOMAS – EGS: ➔ Deve-se marcar a gravidade dos sintomas nos últimos 7 dias, de acordo com quatro classificações • (0): dor ausente; • (1): dor leve ou intermitente; • (2): dor moderada (intensidade moderada ou sintoma geralmente presente); • (3): dor severa ou grave (sintoma persistente, contínuo com prejuízo da qualidade de vida e funcionabilidade). ➔ Sintomas que devem ser avaliados: fadiga, sono não reparador e sintomas cognitivos (dificuldade de memória, concentração). ➔ Em caso de sintomas somáticos, avaliar a presença dos seguintes sintomas, valendo 1 ponto cada categoria: dor abdominal, cefaleia e depressão. IMPORTANTE: Classifica-se como fibromialgia se as 3 condições estiverem presentes: - IDG ≥ 7 e EGS ≥ 5, ou IDG 3-6 e EGS ≥ 9; - Sintomas presentes por pelo menos 3 meses; - Não haver outra causa que explique os sintomas. MARIANA MARQUES – T29 TRATAMENTO ➔ O tratamento deve se iniciar com a educação do paciente sobre sua doença. ➔ Indica-se o tratamento não medicamentoso como primeira tentativa do manejo da fibromialgia e, caso não haja melhora, sejam iniciadas terapias farmacológicas. ➔ Dentre o tratamento não medicamentoso, temos exercícios musculoesqueléticos, de preferência com progressão lenta e gradual, tais como alongamentos e atividades aeróbias: pilates, yoga, tai chi, meditação, psicoterapia etc. ➔ A terapia cognitivo-comportamental pode beneficiar muitos pacientes, bem como outros tipos de suporte psicoterápicos. ➔ Quanto a terapia medicamentosa, é feita com o objetivo de controlar a dor e os demais sintomas. ➔ A escolha do medicamento a ser utilizado dependerá basicamente do conjunto de sintomas apresentado pelo paciente. ➔ IMPORTANTE: não deve ser utilizado corticoides, opioides ou anti-inflamatórios. ➔ Em geral utiliza-se: • Ciclobenzaprina (noite) + Fluoxetina (manhã). • Duloxetina + Pregabalina. ➔ Dentre os compostos tricíclicos, a amitriptilina e, dentre os relaxantes musculares, a ciclobenzaprina podem ser utilizadas, por reduzirem a dor e melhorarem a funcionalidade. ➔ A fibromialgia é semelhante a outras doenças crônicas, que não podem ser curadas, mas os sintomas podem ser controlados.
Compartilhar