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Estrutura da membrana(cap 10) A membrana plasmática, define seus limites e mantém as diferenças essenciais entre o citosol e o ambiente extracelular. É constituída por uma fina película de moléculas de lipídeos e proteínas unidas principalmente por interações não covalentes. As membranas celulares são estruturas dinâmicas, fluidas e a maioria de suas moléculas move-se no plano da membrana. A bicamada lipídica proporciona a estrutura fluida básica da membrana e atua como uma barreira relativamente impermeável à passagem da maioria das moléculas solúveis em água. A maioria das proteínas de membrana atravessam a bicamada lipídica e são responsáveis por quase todas as funções da membrana, incluindo o transporte de moléculas específicas através dessa bicamada e a catálise de reações associadas à membrana, como a síntese de ATP. Na membrana plasmática, algumas proteínas transmembrana atuam como ligações estruturais que conectam o citoesqueleto através da bicamada lipídica à matriz extracelular, enquanto outras atuam como receptores para detectar e transduzir sinais químicos do ambiente celular. F�sfogliceríde��, esfingolipíde�� � esteroi� sã� �� principai� lipíde�� da� membranas celulares Todas as moléculas lipídicas da membrana plasmática são anfifílicas, isto é, possuem uma extremidade polar, e uma extremidade apolar. Os mais abundantes lipídeos da membrana são os fosfolipídeos. Eles possuem um grupamento da cabeça polar contendo um grupo fosfato e duas caudas hidrocarbonadas hidrofóbicas. As diferenças no comprimento e na saturação das caudas e dos ácidos graxos influenciam como as moléculas fosfolipídicas encaixam-se umas nas outras, afetando a fluidez da membrana. Quanto mais longa, menos fluida e quando há insaturação, maior fluidez. Os principais fosfolipídeos da maioria das membranas das células animais são fosfoglicerídeos. Outra importante classe de fosfolipídeos são os esfingolipídeos, que são constituídos por esfingosina no lugar do glicerol. Além dos fosfolipídeos, a bicamada lipídica de muitas membranas celulares contém glicolipídeos e colesterol. Os glicolipídeos assemelham-se aos esfingolipídeos, mas no lugar do grupo fosfato ligado à cabeça, possui um açúcar. A membrana plasmática eucariótica contém, especialmente, grandes quantidades de colesterol. O colesterol é um esterol. Ele contém uma estrutura em anel rígida a qual se liga a um único grupo hidroxila polar e a uma pequena cadeia de hidrocarbono apolar. O� f�sfolipíde�� forma� bicamada� espontaneament� Quando as moléculas anfifílicas são expostas a um ambiente aquoso, elas se agregam de modo espontâneo, escondendo suas caudas hidrofóbicas no interior onde ficam protegidas da água, expondo suas cabeças hidrofílicas para a água. Dependendo de sua forma, elas podem fazer isso de duas maneiras: podem formar micelas esféricas com as caudas para dentro ou formar bicamadas. Foi demonstrado que o componente lipídico de uma membrana biológica é um líquido bidimensional no qual as moléculas constituintes estão livres para se mover lateralmente. A fluide� d� um� bicamad� lipídic� depend� d� su� comp�siçã� A fluidez das membranas celulares tem que ser precisamente regulada. Por exemplo, certos processos de transporte através das membranas e atividades enzimáticas cessam quando a viscosidade é aumentada experimentalmente acima de um nível limítrofe. O colesterol modula as propriedades da bicamada lipídica. O colesterol se insere na bicamada com o grupo hidroxila próximo às cabeças polares dos fosfolipídeos, de modo que seus rígidos anéis esteroides interajam e parcialmente imobilizem aquelas regiões de hidrocarbonos próximas aos grupamentos de cabeças polares. Reduzindo a mobilidade dos primeiros grupos CH2 das cadeias das moléculas de fosfolipídeos, o colesterol torna a bicamada lipídica menos deformável nesta região, reduzindo a permeabilidade da bicamada a pequenas moléculas solúveis em água. Embora o colesterol aumente o empacotamento dos lipídeos na bicamada, isto não torna as membranas menos fluidas. Às altas concentrações encontradas na maioria das membranas plasmáticas dos eucariotos, o colesterol também impede que as cadeias de hidrocarbonos agrupem-se e cristalizem. A análise das membranas lipídicas revelou que a composição de lipídeos de uma membrana celular eucariótica típica contêm uma variedade de talvez 500 a 2.000 diferentes espécies de lipídeos, mesmo na mais simples membrana plasmática, como a de uma hemácia, há mais de 150. Apesa� d� su� fluide�, a� bicamada� lipídica� pode� forma� domíni�� d� comp�siçõe� distinta� As moléculas lipídicas da membrana plasmática das células vivas segregam em domínios especializados, denominados balsas lipídicas. Lipídeos e proteínas específicos de membrana estão concentrados de maneira dinâmica e temporária por interações proteína-proteína, permitindo a formação provisória de regiões especializadas da membrana. A tendência das misturas dos lipídeos que sofrem segregação, pode auxiliar na formação de balsas nas membranas das células vivas, organizando e concentrando as proteínas de membrana para o transporte nas vesículas ou para trabalharem juntas na reunião das proteínas, quando convertem sinais extracelulares em intracelulares. A assimetri� d� bicamad� lipídic� � funcionalment� impo�tant� As composições de lipídeos das duas monocamadas da bicamada lipídica de muitas membranas são surpreendentemente distintas. Na membrana dos glóbulos vermelhos humanos (eritrócitos), por exemplo, quase todas as moléculas de fosfolipídeos que possuem colina em seu grupamentos de cabeças (fosfatidilcolina e esfingomielina) estão na monocamada externa, enquanto quase todas que contêm um grupo amino primário terminal (fosfatidiletanolamina e fosfatidilserina) estão na monocamada interna. Há uma significativa diferença nas cargas entre as duas metades da bicamada, porque a fosfatidilserina, negativamente carregada, está localizada na monocamada interna. A assimetria lipídica é funcionalmente importante, em especial na conversão de sinais extracelulares em sinais intracelulares. Muitas proteínas citosólicas se ligam a grupamentos de cabeças lipídicas específicos encontrados na monocamada do citosol da bicamada lipídica. Várias cinases lipídicas podem adicionar grupos fosfato em posições distintas no anel inositol, criando sítios de ligação que recrutam proteínas específicas do citosol para a membrana. O� glicolipíde�� sã� encontrad�� n� superfíci� d� toda� a� membrana� plasmática� eucariótica� As moléculas lipídicas que contêm açúcar, denominadas glicolipídeos. Essas moléculas, seja na membrana plasmática ou nas membranas intracelulares, são encontradas exclusivamente na monocamada mais distante do citosol. Nas células animais, elas são constituídas de esfingosina, exatamente como a esfingomielina. Essas intrigantes moléculas tendem a se associar parcialmente através de ligações H entre seus açúcares e parcialmente através de forças de vander Waals entre suas longas e retas cadeias de hidrocarbonos, as quais fazem se dividirem em fases de balsas lipídicas. A distribuição assimétrica dos glicolipídeos na bicamada resulta da adição de grupos de açúcares às moléculas lipídicas no lúmen do Golgi. Assim que são liberados na memb plasmática, os grupos de açúcares são expostos na superfície celular (Figura 10-15), onde desempenham importantes papéis nas interações da célula com suas vizinhas As sugestões com relação à função dos glicolipídeos provêm de sua localização. Na memb plasmática das céls epiteliais, por exemplo, os glicolipídeos estão confinados na superfície apical exposta, onde podem auxiliar a proteger a memb contra as graves condições ali encontradas (como baixo pH e altas concentrações de enzimas degradantes). Os glicolipídeos carregados, como os gangliosídeos, podem ser importantes devido aos seus efeitos elétricos. Suapresença altera o campo elétrico através da membrana e a concentração de íons, principalmente Ca2+, na superfície da membrana. Alguns glicolipídeos são a porta de entrada para determinadas toxinas bacterianas e vírus. O gangliosídeo GM1 ), por exemplo, atua como um receptor de superfície celular para a toxina bacteriana que causa a diarreia debilitante da cólera. As toxinas da cólera se ligam e entram somente naquelas células que possuem GM1 em sua superfície, incluindo as céls epiteliais intestinais. O poliomavírus também entra na célula após inicialmente se ligar aos gangliosídeos. Resumo As memb biológicas consistem em uma bicamada contínua de moléculas lipídicas onde as ptns de memb ficam embebidas. Essa bicamada lipídica é fluida, com moléculas lipídicas individuais capazes de difundirem-se rapidamente dentro de sua própria monocamada. As moléculas lipídicas de memb são anfifílicas. Quando colocadas em água, elas se reúnem espontaneamente em bicamadas, formando um compartimento fechado. A memb plasmática das células animais contém três classes principais: os fosfolipídeos, o colesterol e os glicolipídeos. Os fosfolipídeos são classificados em duas categorias de acordo com sua cadeia principal: os fosfoglicerídeos e os esfingolipídeos. A composição de lipídeos das monocamadas interna e externa são diferentes, refletindo as distintas funções das duas faces da memb celular. Diferentes misturas de lipídeos são encontradas na memb das células de diferentes tipos, bem como nas várias memb de uma única célula eucariótica. Os fosfolipídeos inositol são uma classe secundária de fosfolipídeos, os quais, no folheto citosólico da bicamada lipídica da memb plasmática, desempenham uma importante função na sinalização intracelular: em resposta a sinais extracelulares, cinases lipídicas específicas fosforilam os grupamentos de cabeças desses lipídeos para formar sítios de ancoragem para proteínas sinalizadoras citosólicas, enquanto fosfolipases específicas clivam determinados fosfolipídeos inositol para gerar pequenas moléculas de sinalização intracelular. Proteínas de membrana Embora a bicamada lipídica forneça a estrutura básica das memb biológicas, as ptns de memb desempenham a maioria das funções específicas da membrana e, portanto, fornecem a cada tipo de memb celular suas características e propriedades funcionais. As quantidades e os tipos de ptns das memb são altamente variáveis. Na membrana de mielina, que atua principalmente como isolante elétrico do axônio da célula nervosa, menos de 25% da massa da membrana são constituídos por ptn. Nas memb envolvidas com a produção de ATP (memb interna das mitocôndrias), aproximadamente 75% são ptns. Uma memb plasmática típica, 50% de sua massa é ptn. Contudo, sempre há mais moléculas lipídicas do que moléculas de ptn nas memb celulares, pois as moléculas lipídicas são pequenas em relação as de ptn. As ptns de membrana variam em estrutura e no modo como se associam com a bicamada lipídica, refletindo suas funções distintas. A� ptn� d� mem� pode� s� associa� � bicamad� li� d� vária� maneira� A Figura 10-17 mostra as diferentes formas pelas quais as proteínas podem se associar à membrana. Como seus vizinhos lipídicos, essas proteínas de membrana são anfifílica. Muitas proteínas de membrana atravessam a bicamada lipídica e, portanto, são denominadas proteínas transmembrana , com uma porção em cada um dos lados (Figura 10-17, exemplos 1, 2 e 3). Suas regiões hidrofóbicas interagem com as caudas hidrofóbicas das moléculas lipídicas, onde são mantidas fora da água. Suas regiões hidrofílicas estão expostas à água nos dois lados da membrana. A ligação covalente da cadeia de ácidos graxos que se inserem na monocamada citosólica da bicamada lipídica aumenta a hidrofobicidade de algumas dessas proteínas transmembrana (ver Figura 10-17, exemplo 1). Outras proteínas de membrana estão localizadas inteiramente no citosol e estão anexadas à monocamada citosólica da bicamada lipídica, tanto por uma a-hélice anfifílica exposta na superfície da proteína (Figura 10-17, exemplo 4) quanto por uma ou mais cadeias lipídicas covalentemente ligadas (Figura 10-17, exemplo 5). Ainda, outras proteínas de membrana estão totalmente expostas na superfície externa da célula, ligada à bicamada lipídica somente por uma ligação covalente (por meio de um oligossacarídeo específico) à um lipídeo de ancoragem na monocamada externa da membrana plasmática (Figura 10-17, exemplo 6). As proteínas associadas à membrana não se estendem para o interior hidrofóbico da bicamada lipídica, elas ficam ligadas a uma das faces da membrana por meio de interações não covalentes com outras proteínas da membrana (Figura 10-17, exemplos 7 e 8). Muitas das proteínas deste tipo podem ser liberadas da membrana por procedimentos de extração suaves, como a exposição a forças iônicas muito altas ou muito baixas ou a pH extremo, que interferem nas interações proteína- -proteína, mas deixam a bicamada lipídica intacta. Essas proteínas normalmente são referidas como proteínas periféricas de membrana. As proteínas transmembrana e muitas proteínas mantidas na bicamada lipídica por grupos lipídicos ou regiões de polipeptídeos hidrofóbicos que se inserem no centro hidrofóbico da bicamada lipídica não podem ser liberadas dessa forma. A� âncora� lipídica� controla� � localizaçã� d� alguma� proteína� d� sinalizaçã� n� membran� O modo como as proteínas de membrana estão associadas à bicamada lipídica reflete a função da proteína. Somente as proteínas transmembrana podem atuar nos dois lados da bicamada ou transportar moléculas através dela. Os receptores de superfície celular, por exemplo, são geralmente proteínas transmembrana que ligam moléculas sinalizadoras do espaço extracelular e geram sinais intracelulares diferentes do lado oposto da membrana plasmática. Para transferir uma pequena molécula hidrofílica através da membrana, uma proteína de transporte de membrana deve proporcionar uma via para a molécula atravessar a barreira permeável hidrofóbica da bicamada lipídica, enquanto proteínas que atuam em um único lado da bicamada lipídica geralmente estão associadas exclusivamente a um dos lados da monocamada lipídica ou a um domínio da proteína daquele lado. Algumas proteínas de sinalização intracelular que auxiliam na transmissão dos sinais extracelulares para o interior das células são ligadas à porção citosólica da membrana plasmática por um ou mais grupos lipídicos ligados covalentemente, os quais podem ser cadeias de ácidos graxos ou grupos prenila (Figura 10-18). Em alguns casos, o ácido mirístico(ac graxo) é adicionado no grupo amino da proteína durante sua síntese em um ribossomo. Todos os membros da família Src de tirosinas-cinase citoplasmáticas são miristoilados dessa forma. A ligação à membrana, através de uma única âncora de lipídeo, não é muito forte, então um segundo grupo lipídico é adicionado, ancorando a proteína mais firmemente à membrana. Para a maioria das cinases Src, uma segunda modificação lipídica é a ligação de um ácido palmítico(ac graxo) a uma cadeia da proteína. Essa modificação ocorre em resposta a um sinal extracelular que auxilia a recrutar a cinase para a membrana plasmática. Quando a via de sinalização é desligada, o ácido palmítico é removido, permitindo que a cinase volte ao citosol. Muitas proteínas se ligam temporariamente à membrana. Algumas são as proteínas periféricas de membrana(interações proteína-proteína). Outras passam por uma transição de proteína solúvel para proteína de membrana por meio de uma alteração conformacional que expõe um peptídeo hidrofóbico ou lipídeo de ancoragem covalentemente ligado. Em um momento, elas são proteínas de membrana e, no outro, são proteínas solúveis. Essas interações dinâmicas expandem muito o repertório das funções da membrana. A cadei� polipeptídic� cruz� � bicamad� lipídic� e� um� conformaçã� d� �-hélic�n� maiori� da� proteína� transmembran� Uma ptn transmembrana sempre possui uma orientação única na membrana. Isso reflete a maneira assimétrica como ela se insere na bicamada lipídica no RE durante sua biossíntese e as diferentes funções de seus domínios citosólicos e não citosólicos. Esses domínios são separados por segmentos de cadeias polipeptídicas que atravessam a membrana, os quais contatam o ambiente hidrofóbico da bicamada lipídica e são compostos principalmente por aas com cadeias laterais apolares. Todas as ligações peptídicas da bicamada são dirigidas para a formação de ligações de hidrogênio, pois as ligações peptídicas são polares e há ausência de água. As ligações de H entre as ligações peptídicas são maximizadas se a cadeia polipeptídica formar uma a-hélice irregular na região que cruza a bicamada(Figura 10-19). Nas ptns transmembrana de passagem única, a cadeia polipeptídica cruza apenas uma vez (ver Figura 10-17, exemplo 1), enquanto, nas proteínas transmembrana de passagem múltipla, a cadeia polipeptídica cruza a membrana várias vezes (ver Figura 10-17, exemplo 2). Uma alternativa para que as ligações peptídicas da bicamada lipídica supram suas necessidades de ligações de H é o arranjo das cadeias polipeptídicas em múltiplas fitas transmembrana ordenadas como folhas b em forma de cilindro (barris b; ver Figura 10–17, ex 3). Essa arquitetura proteica é observada nas ptns porinas. A cristalografia por raios X de ptns de membrana permitiu determinar a estrutura tridimensional dessas pnts e confirmaram que, a partir da sequência de aas da ptn, qual parte da cadeia polipeptídica se estende através da bicamada lipídica. As ptns transmembrana de passagem múltipla também podem conter regiões que se enovelam na membrana, de qualquer lado, encaixando-se nos espaços entre as a-hélices da membrana sem fazer contato com o centro hidrofóbico da bicamada lipídica. Devido ao fato de tais regiões interagirem somente com outras regiões polipeptídicas, elas não precisam maximizar as ligações de H e, portanto, podem formar várias estruturas secundárias, incluindo hélices que se estendem somente parcialmente através da bicamada lipídica (Figura 10-21). Tais regiões são importantes para a função de algumas ptns transmembrana, incluindo as ptns que formam os canais de água e canais iônicos. Essas regiões não podem ser identificadas nos gráficos de hidropatia e são somente observadas por cristalografia de raios X ou cristalografia eletrônica. A� �-hélice� transmembran� frequentement� interage� uma� co� a� outra� Uma a-hélice transmembrana, mesmo de proteínas de passagem única, faz mais do que apenas ancorar a proteína à bicamada lipídica. Muitas delas formam homo ou heterodímeros, que são unidos por fortes interações não covalentes e altamente específicas entre as duas a-hélices transmembrana. A sequência de aminoácidos hidrofóbicos dessas hélices contém a informação que coordena a interação proteína-proteína. Igualmente, as a-hélices transmembrana nas proteínas transmembrana de passagem múltipla ocupam posições específicas na estrutura enovelada da proteína que são determinadas pelas interações entre as hélices vizinhas. Essas interações são cruciais para a estrutura e a função de muitos canais e transportadores que movem as moléculas através de membranas celulares. Alguns barris b formam grandes canais As proteínas de passagem múltipla pela membrana que possuem seus segmentos transmembrana arranjados na forma de barris b e não na forma de a-hélice são comparativamente rígidas e, portanto tendem a formar cristais facilmente quando isoladas. O número de fitas nos barris b variam amplamente, entre 8 e 22 fitas (Figura 10-23). As proteínas na forma de barris b são abundantes na membrana externa das bactérias, mitocôndrias e cloroplastos. Algumas são proteínas formadoras de poros, os quais criam canais cheios de água permitindo que pequenas moléculas hidrofílicas selecionadas atravessem a membrana. As porinas são exemplos (exemplo 3 da Figura 10-23C). As cadeias laterais de aminoácidos polares revestem o canal aquoso na região interna, enquanto as cadeias laterais apolares projetam-se para o exterior do barril para interagirem com o centro hidrofóbico da bicamada lipídica. As alças da cadeia polipeptídica frequentemente projetam-se para o lúmen do canal, estreitando-o de modo que somente determinados solutos podem passar. Nem todas as proteínas de barril b são proteínas de transporte. Algumas formam pequenos barris completamente preenchidos por cadeias laterais de aminoácidos que se projetam para o centro. Essas proteínas atuam como receptores ou enzimas (Figura 10-23A e B), e o barril atua como uma âncora rígida, a qual mantém a proteína na membrana e orienta as alças citosólicas que formam os sítios de ligação para moléculas intracelulares específicas. As hélices transmembrana podem deslizar umas contra as outras, permitindo mudanças conformacinais na proteína que podem abrir e fechar os canais iônicos, transportar solutos ou transduzir sinais extracelulares em intracelulares. Muita� proteína� d� membran� sã� glic�silada� A maioria das proteínas transmembrana das células animais é glicosilada. As cadeias de oligossacarídeos estão sempre presentes na porção não citosólica da membrana. Uma outra diferença importante entre as proteínas (ou partes das proteínas) dos dois lados da membrana resulta do ambiente redutor do citosol. Esse ambiente diminui a chance de que ligações dissulfeto (S-S) inter e intracadeias se formem entre cisteínas da porção citosólica da membrana. Essas ligações formam-se na porção não citosólica, onde podem auxiliar na estabilização da estrutura enovelada da cadeia polipeptídica ou na sua associação com outras cadeias polipeptídicas (Figura 10-24). Os carboidratos revestem a superfície de todas as células eucarióticas, pois a parte extracelular da maioria das proteínas da membrana plasmática é glicosilada. Esses car- boidratos ocorrem como cadeias de oligossacarídeos covalentemente ligadas às proteí- nas da membrana (glicoproteínas) e aos lipídeos (glicolipídeos); também ocorrem como cadeias de polissacarídeos das moléculas de proteoglicanos integrais de membrana. Os termos glicocálice ou revestimento celular algumas vezes são usados para descrever uma zona da superfície celular rica em carboidratos. Apesar de a maioria dos grupos açúcares estar ligada a moléculas intrínsecas de membrana plasmática, a camada de carboidratos também contém glicoproteínas e proteoglicanos que são secretados para o espaço extracelular e então adsorvidos na superfície celular. Uma das muitas funções da camada de carboidrato é proteger a célula contra danos químicos ou mecânicos e manter outras celulas a distância, prevenindo interações indesejáveis célula-célula. A diversidade e a posição dos oligossacarídeos expostos na superfície celular os tornam adequados para atuar no processo de reconhecimento celular. Como discutimos no Capítulo 19, as lectinas ligadas à membrana plasmática que reconhecem oligossacarídeos específicos nas glicoproteínas e glicolipídeos da superfície celular medeiam diversos processos temporários de adesão célula-célula, incluindo aqueles que ocorrem nas respostas inflamatórias e recirculação dos linfócitos. A� proteína� d� membran� pode� se� solubilizada� � purificada� e� detergentes Em geral, somente os agentes que rompem as associações hidrofóbicas e destroem a bicamada lipídica podem solubilizar proteínas de membrana. Os agentes mais úteis entre eles são os detergentes, que são pequenas moléculas anfifílicas de estrutura variável. Os detergentes são mais solúveis em água do que os lipídeos. Suas extremidades polares podem ser carregadas (iônicas), como no dodecilsulfato de sódio (SDS), ou não carregadas (não iônicas), como no octilglicosídeo e no Triton (Figura 10-26A). Em baixas concentrações, os detergentes sãomonoméricos em solução, mas quando suas concentrações são aumentadas acima do limiar, o que é denominado concentração micelar crítica (CMC), eles se agregam formando micelas (Figura 10-26B-D). Muitas ptns de membrana podem ser solubilizadas e então purificadas em uma forma ativa pelo uso de detergentes brandos. Esses detergentes cobrem as regiões hidrofóbicas nos segmentos que atravessam a memb que se tornam expostos após a remoção dos lipídeos, mas não desenovelam as ptns. Se a concentração de detergente de uma solução de ptns de memb solubilizadas é reduzida (p. ex., por diluição), as ptns não permanecem solúveis. Na presença de um excesso de moléculas de fosfolipídeos em tal solução, essas ptns incorporam-se em pequenos lipossomos, que se formam espontaneamente. Dessa forma, sistemas de ptns de memb funcionalmente ativas podem ser reconstituídos de componentes purificados, proporcionando um poderoso meio para a análise da atividade dos transportadores de membrana, canais iônicos, receptores de sinalização, e assim por diante (Figura 10-28). Tal reconstituição funcional, fornece provas da hipótese de que as enzimas que produzem ATP (ATP sintase) usam os gradientes de H+ nas mitocôndrias, cloroplastos e membranas bactérias para produzir ATP. As ptns de membrana também podem ser reconstituídas a partir de detergente em solução em nanodiscos, que são pequenos segmentos de membrana de tamanho uniforme circundados por um cinturão de ptns, que cobre as bordas expostas da bicamada para manter o segmento em solução (Figura 10-29). O cinturão é derivado de lipoproteínas de alta densidade (HDLs), que mantêm os lipídeos solúveis para o transporte no sangue. Nos nanodiscos, as pts de memb de interesse podem ser estudadas em seu ambiente lipídico natural e fica acessível nos 2 lados da bicamada. As ptns dos nanodiscos podem ser analisadas por microscopia eletrônica para determinar sua estrutura. Por meio dessa técnica, a estrutura de uma ptn de memb pode ser determinada em alta resolução, sem cristaliza-la, em um padrão regular, o que é difícil de se obter para ptns de memb. A bacteriorrodo�sin� � um� bomb� d� próton� (H+) dirigid� po� lu� qu� atravess� � bicamad� lipídic� com� set� �-hélice� No Capítulo 11, consideraremos como as proteínas de membrana de passagem múltipla medeiam o transporte seletivo de pequenas moléculas hidrofílicas através da membrana celular. No entanto, o entendimento detalhado de como a proteína de transporte de membrana atua requer uma informação precisa sobre sua estrutura tridimensional na bicamada. A proteína atua como uma bomba de H+ ativada pela luz que transfere H+ para fora da célula da arqueia. Cada molécula de bacteriorrodopsina é enovelada em sete a-hélices transmembra- na bastante próximas e contém um único grupo de absorção de luz, ou cromóforo (neste caso, o retinal), que confere a cor púrpura à proteína. O retinal é a vitamina A na forma de aldeído, idêntico ao cromóforo encontrado na rodopsina das células fotorreceptoras dos olhos dos vertebrados (discutido no Capítulo 15). O retinal está covalentemente ligado à cadeia lateral de uma lisina da proteína bacteriorrodopsina. Quando ativado por um único fóton de luz, o cromóforo excitado muda sua forma e causa uma série de mudanças conformacionais na proteína, resultando na transferência de um H+ do interior para o exterior da célula (Figura 10-31A). A bacteriorrodopsina é um membro de uma grande superfamília de ptns de memb com estruturas semelhantes, mas funções e orientações distintas. Por ex, a rodopsina nos bastonetes da retina de vertebrados e de muitas ptns receptoras de superfície celular que ligam moléculas sinalizadoras extracelulares também são compostas por sete a-hélices transmembrana. Essas ptns atuam como transdutoras de sinais: cada uma responde a um sinal extracelular pela ativação de uma ptn de ligação ao GTP (ptn G) no interior da célula e, portanto, são chamadas receptores acoplados à ptn G (GPCRs,G-protein-coupled receptors), como será discutido no Capítulo 15. Muita� proteína� d� membran� difunde�-s� n� plan� d� membran� Como a maioria dos lipídeos de membrana, as ptns de memb não saltam (flip- -flop) através da bicamada lipídica, mas giram sobre um eixo perpendicular ao plano da bicamada (difusão rotacional). Além disso, muitas delas são capazes de se mover lateralmente dentro da memb (difusão lateral). As ptns de memb plasmática diferem amplamente com relação a suas características de difusão. A� célula� pode� confina� proteína� � lipíde�� e� domíni�� específic�� e� uma membrana A descrição da membrana como um grande mar de lipídeos, onde todas as proteínas flutuam livremente, é extremamente simplificada. A maioria das células confinam as proteínas de membrana em regiões específicas na bicamada lipídica contínua. Em células epiteliais, como aquelas que revestem o intestino ou os túbulos renais, determinadas enzimas e proteínas de transporte da membrana plasmática estão confinadas na superfície apical da célula, enquanto outras estão confinadas na superfície lateral e basal (Figura 10-34). Essa distribuição assimétrica das proteínas de membrana frequentemente é essencial para as funções do epitélio, como será discutido no Capítulo 11. A composição de lipídeos desses dois domínios de membrana também é diferente, demonstrando que as células epiteliais podem impedir a difusão dos lipídeos e de moléculas de proteína entre os domínios. A regulação das interações proteína-proteína na membrana cria domínios de balsas em nanoescala que atuam na sinalização e tráfego de membrana. Um exemplo extremo é observado no espermatozoide de mamíferos, uma célula única formada por várias partes distintas estrutural e funcionalmente, coberta por uma membrana plasmática contínua. Quando um espermatozoide é examinado, observa-se que a membrana consiste em pelo menos três domínios distintos (Figura 10-35). Algumas das moléculas da membrana são capazes de se difundir livremente dentro dos limites do seu próprio domínio. A Figura 10-36 apresenta quatro maneiras comuns de imobilização de proteínas de membrana específicas por meio de interações proteína-proteína. O citoesquelet� co�tica� proporcion� forç� mecânic� � restring� � difusã� da� proteína� d� membran� Como ilustrado na Figura 10-36B e C, uma maneira comum pela qual a célula restringe a mobilidade lateral de proteínas específicas de membrana é prendêlas a grupos de moléculas dos dois lados da membrana. Por exemplo, a forma bicôncava característica dos glóbulos vermelhos (eritrócitos) (Figura 10-37) é resultante das interações entre as proteínas da membrana plasmática com o citoesqueleto adjacente, o qual consiste, principalmente, em uma rede de proteína filamentosa, a espectrina. A espectrina é uma longa proteína fina em forma de bastão flexível com cerca de 100 nm de comprimento. Por ser o principal componente do citoesqueleto dos eritrócitos, ela mantém a integridade estrutural e a forma da membrana plasmática, a qual é a única membrana dessas células, pois não possuem núcleo ou organelas. O citoesqueleto de espectrina é fixado na membrana através de várias proteínas de membrana. O resultado é uma malha flexível em forma de rede que cobre toda a superfície citosólica da membrana do eritrócito (Figura 10-38). Esse citoesqueleto composto basicamente por espectrina permite que os eritrócitos suportem a pressão sobre a sua membrana quando passam através de capilares muito finos. Os seres humanos com anormalidades genéticas na espectrina são anêmicos e possuem eritrócitos esféricos (em vez de côncavos) e frágeis. A gravidade da anemia aumenta com o grau de deficiência de espectrina. Uma rede de citoesqueleto análoga, porém mais elaborada e altamente dinâmica, é encontrada abaixo da membrana plasmática da maioria das outras células do nosso organismo. Essa rede, que forma o córtex dacélula, é rica em filamentos de actina, os quais estão ligados à membrana plasmática de várias maneiras. A remodelagem dinâmica da rede de actina cortical permite que a célula desempenhe muitas funções essenciais, o movimento celular, a endocitose e a formação temporária de estruturas móveis da membrana plasmática, como os filopódios e lamelopódios, vistos no Capítulo 16. O córtex das células nucleadas também contém proteínas que são estruturalmente análogas à espectrina e aos outros componentes do citoesqueleto dos eritrócitos. A rede cortical do citoesqueleto restringe a difusão, não somente das proteínas da membrana plasmática que estão diretamente ancoradas a ele. Como os filamentos do citoesqueleto estão frequentemente localizados próximos à porção citoplasmática da membrana plasmática, eles podem formar barreiras mecânicas que obstruem a livre difusão das proteínas na membrana. Essas barreiras dividem a membrana em pequenos domínios ou currais (Figura 10-39A), os quais podem ser permanentes, como nos espermatozoides (ver Figura 10-35), ou transitórios. Entretanto, ocasionalmente, alterações térmicas fazem alguns filamentos corticais se desligarem transitoriamente da membrana, permitindo que a proteína escape para um curral adjacente. O grau de restrição da proteína transmembrana a um curral depende de sua associação com outras proteínas e do tamanho de seu domínio citoplasmático. As proteínas com grandes domínios citosólicos terão maior dificuldade de passar por essas barreiras do citoesqueleto. Por exemplo, quando o receptor de superfície celular se liga à sua molécula sinalizadora extracelular, ocorre a formação de grandes complexos de proteínas no domínio citosólico do receptor, tornando mais difícil que o receptor escape de seu curral. A� proteína� d� curvatur� d� membran� deforma� a� bicamada� As memb celulares assumem muitas formas diferentes, como ilustrado pelas estruturas variadas e elaboradas das protrusões da superfície celular e das organelas circundadas por membrana das células eucarióticas. Com frequência, várias formas estarão presentes em diferentes regiões da uma mesma bicamada contínua. A forma da memb é controlada de modo dinâmico, pois muitos processos celulares essenciais, como o brotamento de vesículas, movimentos celulares e divisão celular, requerem deformações transitórias da memb muito elaboradas. Muitas vezes, a forma da memb é influenciada por movimentos de puxar e empurrar exercidos pelo citoesqueleto ou estruturas extracelulares, como apresentado no Capítulo 13 e 16. As ptns de curvatura da memb são cruciais na produção dessas deformações que controlam a curvatura local da memb. Muitas vezes, a dinâmica do citoesqueleto e as forças das ptns de curvatura da memb atuam em conjunto. As ptns de curvatura da memb se ligam a regiões específicas da membrana quando necessário e atuam por um ou mais destes três principais mecanismos: 1. Algumas inserem domínios proteicos hidrofóbicos ou ligam âncoras lipídicas em um dos folhetos da bicamada lipídica. O aumento da área de somente um dos folhetos da bicamada causa uma curvatura na memb (Figura 10-40B). Ex ptns que moldam a sinuosa rede dos estreitos túbulos do RE atuem dessa maneira. 2. Algumas ptns de curvatura da memb formam rígidos arcabouços que deformam a memb ou estabilizam uma memb já curvada (Figura 10-40C). As ptns de revestimento que moldam as vesículas que brotam no transporte intracelular pertencem a essa classe. 3. Algumas ptns de curvatura da memb causam agregação dos lipídeos de memb, induzindo uma curvatura. A capacidade de um lipídeo em induzir uma curvatura positiva ou negativa na memb é determinada por áreas relativamente transversais de seus grupamentos de cabeça e suas caudas hidrocarbonadas. Por ex, o grande grupamento de cabeça dos fosfoinositídeos torna essas moléculas lipídicas em forma de cunha e seu acúmulo em um domínio de um folheto da bicamada e, portanto, induzindo a curvatura positiva (Figura 10-40D). Ao contrário, as fosfolipases que removem os grupamentos das cabeças lipídicas produzem uma forma inversa induzindo uma curvatura negativa. Com frequência, diferentes ptns de curvatura da memb contribuem para atingir uma determinada curvatura, como no modelamento das vesículas de transporte em brotamento, como veremos no Capítulo 13.
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