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METODOLOGIA DO HANDEBOL Rodrigo de Azevedo Franke Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a importância do treinamento dos fundamentos básicos como um meio de integração social, cultural e esportiva. � Desenvolver aspectos psicomotores concomitantemente ao apren- dizado dos fundamentos do handebol. � Identificar os fundamentos do handebol e seus elementos constitutivos. Introdução O handebol é um esporte que exige tanto capacidades físicas gerais, como saltar, correr e arremessar, quanto a capacidade de executar gestos específicos dessa prática. Para o ensino do handebol, é importante que o professor consiga transmitir os conceitos e fundamentos básicos da modalidade e, talvez ainda mais fundamental, que procure obter outros benefícios oriundos do aprendizado de uma prática esportiva com um público que está iniciando ou com alunos inseridos no âmbito escolar. O professor não deve deter-se somente ao ensino técnico ou tático do handebol, mas sim aos diversos elementos que compõem o cotidiano do indivíduo, como aspectos socioeducativos, culturais, relativos ao caráter e ao comportamento, além da aquisição de novos hábitos e de um estilo de vida mais ativo, estabelecendo, assim, relações entre as aulas e o contexto social e pessoal em que os alunos estão inseridos. Neste capítulo, você compreenderá a importância do treinamento dos fundamentos básicos como um meio de integração social, cultural e esportiva, conservando a saúde e fortalecendo a vontade para adquirir novas atitudes e estímulos para uma vivência harmoniosa, desenvolver aspectos psicomotores concomitantemente ao aprendizado dos funda- mentos do handebol e conhecer os fundamentos do handebol e seus elementos constitutivos. Importância do treinamento dos fundamentos do handebol A importância do esporte como fenômeno sociocultural cresceu nos últimos anos. Além de compreender uma prática voltada para o desenvolvimento físico e a saúde, atualmente o esporte é visto como um meio de integração social e cultural, que auxilia na construção de identidades nacionais. A prática do handebol tem importante influência na vida dos seus praticantes, estando ligada à construção do caráter e à melhora de aspectos como saúde e estética, socialização, lazer, profissão e educação. Jogar handebol implica a troca de informações contínuas e o relacionamento interpessoal, pois o jogador a todo momento se relaciona com seus compa- nheiros de equipe e os adversários. A busca da integração social é constante durante o jogo, o que propicia o estabelecimento de redes de relacionamento entre os alunos. No âmbito esportivo, podemos assumir diferentes papéis — de atleta, torcedor, técnico, árbitro ou dirigente, etc. —, todos envolvendo o conheci- mento do esporte e a sua prática, no ensino, na vivência, na aprendizagem ou no treinamento. No papel de professor, temos o poder de ampliar a visão do handebol para além da questão física, estimular novas atitudes, valores e modos de comportamento e uma vivência harmoniosa entre as pessoas, valo- rizando o handebol e suas vertentes socioculturais (MACHADO; GALATTI; PAES, 2014). Papel socioeducativo do handebol Ensinar os fundamentos do handebol para além da sua prática motora e da automatização dos movimentos é ter em mente o papel socioeducativo do esporte. Sua esfera histórico-cultural, o ensino de valores, a ética, o respeito Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas2 e o papel da mídia constituem algumas das questões que englobam o ensino do handebol considerando o seu papel socioeducativo. Para pessoas em situação de vulnerabilidade social, o handebol pode se tornar uma ferramenta para complementar o que é aprendido nas outras disciplinas na escola e trabalhar questões importantes muitas vezes não de- senvolvidas na família, como a ética, o respeito e a empatia. Além disso, pode representar uma ocupação do tempo livre e minimizar a exposição a situações de risco. Há muitos projetos sociais com esse intuito, buscando no esporte o regaste da cidadania de pessoas em vulnerabilidade social. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são diretrizes elaboradas pelo governo federal com o objetivo de orientar os educadores por meio da normatização dos aspectos fundamentais relativos a cada disciplina. Todos os PCN têm uma meta em comum: garantir aos alunos o direito a usufruir dos conhecimentos necessários para o exercício da cidadania. Os PCN de Educação Física apontam como princípios norte- adores para os professores a diversidade, a inclusão, a integração e o convívio social, mostrando a importância dos esportes e das práticas corporais para além das questões físicas. Você pode saber mais sobre os PCN e o papel da Educação Física na integração social dos alunos no site do Ministério da Educação, pelos links: https://goo.gl/HhFqOX https://goo.gl/qIJSb Os seguintes conteúdos podem ser elencados para trabalhar nas aulas de handebol em conjunto com o ensino dos fundamentos e conhecer o seu papel socioeducativo (MACHADO; GALATTI; PAES, 2015): � Ética — princípios, valores e modos de comportamento; pelo jogo de handebol, podemos ensinar os alunos a respeitarem as regras do jogo, não trapacearem e a falarem a verdade sempre. É preciso estimular os alunos a falarem quando existe uma falta, mesmo que o próprio aluno a tenha cometido, respeitando os colegas de turma e o professor acima de tudo. O professor deve ressaltar e valorizar quando os alunos agem eticamente, por exemplo quanto ao fato de querer ter vantagens com o jogo desleal. 3Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas � Empatia — troca de papéis; podemos estimular os alunos a colocarem- -se no lugar do outro durante a aula. Por exemplo, em uma situação de infração, pedir calma e mostrar que, ao agir com violência, o aluno pode ferir o colega, situação pela qual não gostaria de passar se fosse o contrário. Ainda, podemos eleger um aluno durante o jogo para ser o árbitro da partida, a fim de que vivencie esse outro papel. � Participação, inclusão, diversificação e autonomia — durante as aulas, como professores ou treinadores, temos o dever de incluir todos os alunos, desde os menos até os mais habilidosos. Formar equipes com diferentes níveis de habilidade, de ambos os sexos, incluir quem apresenta alguma limitação e estimular a autonomia dos alunos são indispensáveis quando queremos ensinar o papel socioeducativo do handebol. � Relações interpessoais — precisamos construir um ambiente favorável para o desenvolvimento das relações entre os alunos, para o autoconhe- cimento e para uma relação harmoniosa na turma. Deve-se ressaltar que o colega que está em uma equipe adversária a nossa não é nosso inimigo. Para isso, o professor pode variar a formação das equipes a cada aula, para que todos joguem com todos, em várias posições de jogo, especialmente na iniciação esportiva. � Relações entre o que acontece na aula com a vida — é importante incluir o aluno no contexto social e mostrar que o que ocorre na aula se relaciona com o que acontece na sua comunidade. Falar sobre a corrupção na política, por exemplo, pode ser um assunto interessante no ensino no handebol. Mostrar que trapacear no jogo também repre- sentar uma forma de corrupção pode fazer os alunos pensarem para além do esporte. Existem muitos projetos sociais no Brasil que buscam alcançar os bene- fícios sociais, éticos, cognitivos, psicológicos e físicos que o esporte pode proporcionar, inclusive em relação ao handebol, normalmente aplicados em comunidades, cidades ou bairros das cidades em condição de vulnerabilidade social, ou seja, locais em que os sujeitos estejam inseridos em um contexto em que não haja acesso a boas condições para a prática esportiva, instituições de ensino, organizações culturais ou centrosde saúde. Existem questões em geral incluídas em projetos sociais que envolvam o esporte, como a assiduidade na escola, o incentivo ao respeito aos colegas e aos professores, a obtenção de boas notas e a intolerância quanto a episódios de violência. Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas4 Agora que você compreendeu a importância do treinamento dos funda- mentos básicos como um meio de integração social, cultural e esportiva, conservando a saúde e fortalecendo a vontade para adquirir novas atitudes e estímulos para uma vivência harmoniosa, falaremos a seguir sobre como desenvolver aspectos psicomotores concomitantemente ao aprendizado dos fundamentos do handebol. Aspectos psicomotores × fundamentos do handebol Deve-se direcionar a iniciação ao esporte principalmente ao desenvolvimento motor dos alunos, o qual engloba aspectos psicomotores, afetivos e cognitivos. É importante considerá-lo o objetivo principal, pois pessoas bem desenvolvidas motoramente tendem a apresentar um melhor desenvolvimento em habilidades motoras especializadas, como a execução dos fundamentos específicos do handebol. Além disso, quando nos preocupamos com a base do desenvolvimento motor, como os aspectos psicomotores na iniciação esportiva do handebol, desenvolvemos alunos com aptidão física para outros esportes, visto os muitos fundamentos semelhantes entre eles, além de poderem desenvolver um bom repertório motor, o que facilitará a sua aprendizagem (TOLDO, 2015). Para uma boa execução dos fundamentos, é necessário o desenvolvimento das capacidades psicomotoras. Conhecer as fases e os elementos básicos do desenvolvimento é importante para que o professor de Educação Física propicie 5Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas aos alunos atividades, como brincadeiras e jogos, direcionadas para sua idade e a fase do seu desenvolvimento psicomotor. As capacidades psicomotoras dependem do desenvolvimento de alguns elementos básicos do desenvolvimento motor, como a motricidade fina, a motricidade global, o equilíbrio, a organização espacial e temporal, a la- teralidade, etc. (WEISS; ZAREMBA, 2014). A seguir, abordaremos cada um desses elementos e exemplificaremos como eles se relacionam com os fundamentos do handebol. Motricidade fina A motricidade fina está relacionada à destreza manual ou pedal para realizar atividades que envolvam, respectivamente, mãos e pés. Os movimentos finos são importantes para a criança, pois estão associados ao desenvolvimento da escrita, a usar uma tesoura, etc. Nos esportes, esses aspectos também são fundamentais, pois muitos deles envolvem o manuseio de objetos (p. ex., a bola). A motricidade fina está relacionada especialmente ao fundamento da empunhadura. Atividades que envolvam segurar a bola, estimulando o uso das duas mãos, são interessantes para o desenvolvimento da motricidade fina e auxiliarão para uma boa empunhadura da bola. Sugere-se na iniciação do handebol o emprego de diferentes objetos com diferentes tamanhos e texturas em atividades que exijam que o aluno os conduzam, os passem para um colega ou os arremessem em um alvo, o que também auxiliará no desenvolvimento da motricidade global, assunto comentado a seguir. Motricidade global Tem relação estreita com o controle e a contração dos grandes grupamentos musculares, responsáveis por realizar movimentos mais amplos do nosso corpo no espaço. Essa capacidade psicomotora é responsável por padrões de movimento básicos, como engatinhar, saltar, correr, pular, empurrar e puxar, diretamente associados aos esportes, inclusive o handebol, em que os atletas precisam ter boa aptidão física e bom desenvolvimento dos elementos em destaque. Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas6 Entre os fundamentos com maior relação com a motricidade global, podemos citar o arremesso, em que o atleta muitas vezes precisa saltar e realizar movimentos complexos simultaneamente. Também destaca-se o drible, já que o aluno precisa se deslocar em velocidade para vencer o marcador no confronto individual. Na iniciação, é possível recomendar atividades elementares que envolvam esses gestos básicos, com atividades lúdicas que propiciem um maior nível de motivação para a prática. Equilíbrio Refere-se à capacidade de o sistema de controle motor gerar estabilidade cor- poral para que o indivíduo consiga realizar determinados gestos sem prejuízo. Diversos sistemas do corpo humano (vestibular, proprioceptivo, etc.) atuam em conjunto para prover informações e manter o indivíduo equilibrado, tanto em ações estáticas quanto dinâmicas. O equilíbrio tem relação com diferentes aspectos do jogo de handebol, como as fintas e a recepção, já que o aluno precisa de uma condição corporal estável para realizá-los. Para poder trabalhar esse aspecto psicomotor, é necessário promover justamente o contrário: instabilidade. O aluno deve ser capaz de responder às condições adversas de equilíbrio, partindo de situações menos desafiantes para mais desafiantes, a fim de que, futuramente, consiga responder de maneira mais equilibrada em diferentes ocasiões. Organização espacial e temporal Também chamada de organização espaço-temporal, reflete a capacidade de um indivíduo em situar-se em relação a outros indivíduos, outros objetos ou, ainda, seu próprio corpo. Isso inclui a noção de distância, noção de altura, noção de tempo ou de posição (direita e esquerda, em cima e embaixo e à frente ou atrás), ou seja, compreende a relação do corpo da criança com o meio em que está inserida e os demais agentes com quem ela interage. 7Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas A organização espaço-temporal tem relação muito próxima com os sistemas táticos (posicionamentos ofensivo e defensivo) e o fundamento do passe, já que, para esses aspectos, é fundamental que o indivíduo consiga calcular mentalmente o espaço e o tempo necessários para realizar, por exemplo, um lançamento ou uma cobertura na marcação. Uma maneira interessante de estimular esse aspecto psicomotor consiste em realizar exercícios com espaço reduzido e aumentando gradualmente essa proporção, o que facilita a assimilação do aluno do espaço que dispõe para o jogo, bem como o tempo que leva para que as ações ocorram. Lateralidade Trata-se da predisposição a utilizar de modo dominante um dos lados do corpo para executar tarefas cotidianas, esportivas ou especializadas. Existem indivíduos com dominância do lado direito do corpo (destros), do lado esquerdo do corpo (canhotos) e sem dominância específica de um dos lados do corpo (ambidestros). A lateralidade é um reflexo do nível de atividade de um dos hemisférios do nosso cérebro nos membros responsáveis por realizar os movi- mentos, processo que pode ser diretamente influenciado pela carga genética. A lateralidade influenciará todos os gestos do jogo — dribles, fintas, passes, arremessos e recepções. Na maior parte das ações do jogo, os alunos optarão por realizar os gestos com os seus membros dominantes, já que apresentam maior destreza e capacidade com esse lado do corpo. Entretanto, é importante estimulá-los a trabalharem também com o lado não dominante, já que em determinados momentos da partida será necessário realizar os gestos com esse lado do corpo. Para isso, há exercícios simples: trata-se dos mesmos exercícios que podem ser utilizados para trabalhar os fundamentos básicos do handebol, entretanto realizados com o lado não dominante. De acordo com os aspectos psicomotores que podem ser trabalhados com as aulas de handebol na Educação Física, podemos incorporar o trabalho es- pecífico dos fundamentos da modalidade, para o qual, entretanto, precisamos Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas8 compreender cada um dos fundamentos e as suas características específicas dentro do jogo. Fundamentos do handebol e seus elementos constitutivos Os esportessão regidos por um conjunto técnico de gestos, considerados fundamentais para o jogo e que contêm características próprias para que sejam considerados adequados, além de variações de um mesmo fundamento. Ainda, pode-se descrever um movimento específico de um fundamento bio- mecanicamente para avaliar se está sendo executado corretamente e quais são suas características (REIS, 2006). Entre os fundamentos do handebol, podemos citar a recepção de bola, o drible, o passe, o arremesso, a finta e a empunhadura, conceituados individualmente, com variações (quando aplicável) e características particulares. Recepção de bola A recepção consiste no ato de receber e dominar a bola com as mãos após um passe de um companheiro de time. O gesto deve ser realizado com as mãos alinhadas e ligeiramente curvadas para encaixar a bola na palma da mão (concavidade), além de um pequeno afastamento entre dedos e cotovelos levemente flexionados. Atletas ou alunos com maior facilidade nesse funda- mento costumam executá-lo com uma única mão, para dar maior dinâmica às jogadas. Assim como os passes, esse fundamento é executado principalmente pelos armadores (HESPANHOL JUNIOR, 2012), jogadores responsáveis por arquitetar o modo como as jogadas são construídas pela equipe. A recepção pode ainda ser classificada em três categorias distintas, de acordo com a altura em que o passe foi realizado: recepção alta, em que a bola é lançada acima de linha do ombro; recepção média, em que a bola é lançada na linha do peito; e recepção baixa, em que a bola é lançada próxima à linha do quadril. Drible Gesto técnico do handebol, consiste em quicar a bola, estando o atleta parado ou em movimento. A mão do jogador deve estar posicionada acima da bola enquanto realiza o drible, e os deslocamentos progressivos devem priorizar 9Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas a posição da bola na lateral do braço que executa o drible, levemente à frente do corpo. O drible é um dos fundamentos ofensivos mais importantes, já que pos- sibilita desorganizar o sistema defensivo adversário por uma vitória pessoal. O jogador tem a possibilidade de avançar em quadra mantendo a posse de bola e abrindo espaços a partir de movimentos de cobertura dos adversários. O drible também é uma forma de viabilizar uma posição ou uma condição de jogo mais fácil para o atacante, quando este consegue se livrar da marcação e tem, consequentemente, mais tempo para preparar ou finalizar uma jogada. Passes O passe é o fundamento que dá dinâmica ao jogo de handebol, consistindo em lançar a bola para um companheiro para que ele dê continuidade à jogada. A forma como pode ser executado varia conforme observado a seguir. � Passe por cima do ombro — gesto mais básico desse fundamento, é realizado para a frente ou em sentido oblíquo. O gesto técnico do passe de ombro no handebol consiste na execução desse tipo de passe com o menor desperdício de energia, com a maior rapidez e velocidade, portanto com maior eficácia (REIS, 2006). � Passe em pronação — gesto de passe mais complexo, é realizado no sentido lateral e para trás. O jogador utiliza muito esse recurso para rondar a área com passes laterais, fazendo os movimentos de extensão de cotovelo e pronação da radioulnar. � Passe por trás da cabeça — realizado no sentido lateral e diagonal com a bola passando atrás da cabeça do executante. � Passe por trás do corpo — realizado no sentido lateral e diagonal com a bola passando atrás do corpo do executante. � Passe para trás — executado atrás da linha do passador, por meio do movimento de extensão do punho e próximo à linha do ombro e da cabeça do jogador que está executando o passe. � Passe quicado — o gesto consiste em um lançamento diagonal da bola na direção do chão, para que ela quique e chegue até as mãos do companheiro responsável pela recepção da jogada. É muito comumente utilizado quando o jogador tem a trajetória bloqueada e busca uma alternativa diferente para encontrar um companheiro desmarcado. Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas10 Arremesso Fundamento de finalização do handebol constitui o gesto básico do jogo. Na maior parte das vezes, o jogador realiza o gesto por cima do ombro projetando potência para vencer o goleiro ou buscando colocar a bola fora de seu alcance. A partir da empunhadura e de uma posição facilitada para o arremesso, o jogador leva a bola em uma linha posterior a cabeça para, posteriormente, ser projetada para a frente por meio de um misto de movimento de rotação interna, flexão horizontal e extensão do ombro e extensão de cotovelo. O arremesso está presente no tiro de sete metros, conhecido como o pênalti do handebol, situação em que é possível observar algumas variações plásticas na forma como o arremesso é executado, como no vídeo reproduzido pelo canal Jr Esportes encontrado no link a seguir. https://goo.gl/foHPvQ Fintas O fundamento de finta (Figura 1) é semelhante ao drible, afinal tem o mesmo objetivo: vencer a marcação adversária para buscar progressão na quadra. Entretanto, finta e drible não são sinônimos. Diferentemente do conceito de drible que abordamos anteriormente, a finta consiste em uma tentativa de “enganar” o marcador com movimentos do corpo, facilitando, assim, a execução de um passe ou mesmo de um drible ou arremesso. 11Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas É importante que o atleta realize movimentos rápidos com os braços ou mesmo movimentos de falsos deslocamentos corporais, ludibriando os defen- sores e abrindo espaços ou promovendo condições favoráveis para a evolução do jogo ofensivo. Para isso, tornam-se importantes a velocidade de reação, a agilidade e a alternância do ritmo em que os gestos são executados (começar um movimento lento e buscar a aceleração ou o contrário). Figura 1. Imagem ilustrativa do fundamento de finta no handebol. Fonte: Focus and Blur/Shutterstock.com. Empunhadura Também podemos citar a empunhadura como um dos fundamentos do han- debol, considerado, inclusive, o gesto elementar e mais básico do jogo, já que, sem uma empunhadura adequada, sua prática fica extremamente prejudicada. A empunhadura consiste em segurar a bola na palma da mão pressionando-a com os dedos, mantendo a bola firme para poder realizar outros gestos do jogo e evitando que ela caia e uma possível perda de posse. Como você pode observar neste capítulo, o handebol não se limita somente ao ensino de fundamentos específicos do esporte. Os benefícios da implantação dessa prática esportiva na vida das crianças podem ser enormes, cabendo ao professor utilizar os mecanismos e as estratégias cabíveis para obter diferentes vantagens em relação ao processo de aprendizagem. Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas12 1. Assinale a opção que engloba a importância do treinamento dos fundamentos básicos como um meio de integração social, cultural e esportiva: a) O aperfeiçoamento dos fundamentos é essencial para a especialização no esporte e detectar talentos esportivos. b) A prática do handebol pode ser um estímulo para novas atitudes, valores e modos de comportamento e uma vivência harmoniosa entre as pessoas. c) O treinamento dos fundamentos é voltado apenas para o aperfeiçoamento da técnica dos alunos. d) O handebol deve ser voltado para o desenvolvimento da autonomia, por isso o professor precisa privilegiar aqueles com uma participação maior da aula. e) O esporte é citado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais somente como um meio para o desenvolvimento motor dos alunos. 2. Qual dos seguintes aspectos psicomotores é influenciado pela atuação preferencial de um dos hemisférios do nosso cérebro? a) Organização espaço-temporal. b) Lateralidade. c) Equilíbrio. d) Motricidade global. e) Motricidade fina. 3. A organização espaço-temporal reflete a capacidade de um indivíduo em situar o seu corpoem relação a outros corpos, objetos ou, ainda, outras pessoas. Qual tipo de estratégia é possível adotar para buscar melhorar esse aspecto psicomotor? a) Promover condições de desequilíbrio e instabilidade. b) Diminuir o tamanho da bola utilizada no jogo. c) Incentivar ações mais rápidas. d) Buscar realizar atividades com ambos os membros. e) Reduzir o espaço no qual se dá a atividade. 4. De acordo com os diferentes tipos de passe, é correto afirmar que: a) O passe por cima do ombro é um dos menos eficientes. b) O passe quicado exige menor gasto energético. c) Passes em pronação são comumente utilizados para rodar a área com passes laterais. d) O passe por trás do corpo é o mais utilizado durante o jogo. e) Passes por trás da cabeça têm sentido frontal e diagonal. 5. Qual das seguintes formas de execução de arremesso é utilizada para a cobrança de um tiro de 7 metros? a) Arremesso em suspensão. b) Arremesso com queda. c) Arremesso com apoio. d) Arremesso com rolamento. e) Arremesso com queda ou rolamento. 13Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas HESPANHOL JUNIOR, L. C. et al. Principais gestos esportivos executados por jogadores de handebol. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Porto Alegre, v. 34, n. 3, p. 727-739, jul./set. 2012. MACHADO, G. V.; GALATTI, L. R.; PAES, R. R. Pedagogia do esporte e projetos sociais: interlocuções sobre a prática pedagógica. Movimento, Porto Alegre, v. 21, n. 2., p. 405- 418, abr./jun. 2015. MACHADO, G. V.; GALATTI, L. R.; PAES, R. R. Pedagogia do esporte e o referencial his- tórico-cultural: interlocução entre teoria e prática. Pensar a Prática, Goiânia, v. 17, n. 2, p. 414-430, jan./mar. 2014. REIS, H. H. B. O ensino do handebol utilizando-se do método parcial. Revista Digital, Buenos Aires, año 10, n. 93, feb. 2006. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/ efd93/handebol.htm>. Acesso em: 23 out. 2018. TOLDO, A. B. A. Handebol: o uso do Youtube como ensino-aprendizagem na prática desportiva. 2015. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Especialização em Mídias na Educação) – Curso de Especialização em Mídias na Educação, Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. WEISS, J. E.; ZAREMBA, C. M. Influência de um programa de iniciação ao Handebol no aprimoramento das habilidades motoras fundamentais e especializadas em crianças do 6° ano do ensino fundamental. In: PARANÁ. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE: artigos. Curitiba, 2014. (Cadernos PDE, v. 1). Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: educação física. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf>. Acesso em: 23 out. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf>. Acesso em: 23 out. 2018. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL. MiniHand. 2013. Disponível em: <http:// www.brasilhandebol.com.br/noticias_detalhesEspecial.asp?id=28764&contexto=07. 01&moda=&area=&ip>. Acesso em: 23 out. 2018. Fundamentos: recepção de bola, drible, passes, arremessos e fintas14 Conteúdo:
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