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Aula 3 - Sentença para elaboração de termo de diligência

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tempus regit actum, ou seja, lei posterior estabelecendo novo procedimento na Justiça do Trabalho não se aplica às hipóteses em
que o momento processual para o estabelecimento do rito já foi ultrapassado. ( RR - 793602-50.2001.5.15.5555 , Relator
.Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, Data de Julgamento: 21/08/2002, 3ª Turma, Data de Publicação: DJ 13/09/2002)
Como se pode observar, a Corte Trabalhista adotou, aliás, uma teoria mais radial, a 'da
', ratificada na Orientação Jurisprudencial nº 260 de sua SBDI-1.unidade do processo
Diante disso, como antecipado linhas acima, a matéria litigiosa será julgada de acordo com
a sistemática processual adotada na legislação anterior a Lei 13.467, em particular no que se refere às honorários periciais e
sucumbenciais e custas processuais.
:No mérito
 
:Dos pedidos relacionados com a jornada de trabalho
Em sua petição inicial, o autor alega que trabalhava para a reclamada no seguinte horário:
de segunda a domingo, com um dia de repouso semanal, sendo que de segunda-feira ao sábado a jornada era das 11h às 20h30m e
aos domingos, das 9h às 18h30. Adiciona que de novembro/2014 a final de fevereiro/2015, gozava de 1 hora para repouso e
alimentação e, a partir de então, passou a usufruir de 2 h. Diz também que nos 30 dias que antecediam as datas comemorativas
como dia dos pais, dia das mães, páscoa, dia das crianças, natal, ano novo e a Black Friday, de quinta-feira ao sábado a jornada
tinha início às 10h e encerrava pelas 22h, enquanto que aos domingos era das 7h30 às 19h e, nesse período, o intervalo
intrajornada era reduzido a 30 minutos. Pretende, enfim, o recebimento das horas extras.
Por seu turno, a reclamada negou o trabalho em sobrejornada.
Para corroborar com sua assertiva, a reclamada trouxe aos autos os cartões de ponto. Ao
impugnar os controles de jornada, a autora assumiu o encargo de afastar a presunção de veracidade que milita em favor da prova
documental.
Em seu depoimento pessoal, SILDEMAR SEVERINO DA SILVA, supervisor, inicialmente
afirmou que "a reclamante não podia registrar corretamente sua frequencia; que normalmente a reclamante chegava às 10h
". Mas não foi isso aporem só batia o ponto às 11h; que a reclamante registrava a saída às 20h, porém só largava às 21h
narrativa desenvolvida na petição inicial, nem foi esse o horário indicado, pelo contrário, a reclamante confessou que trabalhava
das 11h às 20h30, mesmo horário, aliás, consignado nos controles formais de jornada trazidos aos autos.
Em relação ao intervalo intrajornada, disse que "a reclamante gozava 1h de intervalo, mas
", o que ratifica os fatos articulados na petição inicial.no ponto constava 2h
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https://pje.trt6.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18062812153958700000031069369
Número do processo: ATOrd 0001342-26.2017.5.06.0271
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Em relação aos períodos festivos, o depoimento da testemunha confirma os fatos articulados
pela demandante: "que no período de Páscoa, carnaval, São João, Natal, bem como no mês de outubro os horarios de trabalho
eram diversos e nessas ocasiões a reclamante chegava às 9h, 9h30, 10h e saia às 21h, 21h30, 22h; que nesses períodos festivos o
intervalo intrajornada era de 20/30 minutos; que em relação ao mês de outubro a jornada se alongava, principalmente em
relação ao dia das crianças; que no que tange ao Natal e carnaval o alongamento da jornada se dava durante todo mês de
novembro e dezembro; que me relação ao carnaval a jornada era mais elástica na semana que antecedia até a quarta feira de
cinzas; que em relação ao são João, a jornada era mais elástica uns 15/20 dias antes do feriado até este dia; que no período
festivo a reclamante nunca registrava a frequencia corretamente, porém o fazia no restante do ano em metade dos dias
".trabalhados no mês
A prova testemunhal é convincente e ratifica, em parte, o horário indicado na petição inicial.
No cotejo da petição inicial e prova oral fixo a seguinte jornada:
a) Em relação à efetiva jornada, o horário de trabalho da autora é aquele indicado nos
cartões de ponto.
b) Do início de seu contrato de trabalho até o dia 28 (ou 29) de fevereiro, a reclamante
gozava de uma hora de intervalo para alimentação e descanso, de forma que uma hora era trabalhada, ou seja, é credora de uma
hora extra diária por dia trabalhado.
c) Em relação aos períodos festivos: nos 15 dias anteriores à Páscoa, carnaval, São João,
Natal, dia das crianças a autora trabalhava duas horas extraordinárias não registradas nos cartões de ponto e gozava de apenas
30 minutos de intervalo intrajornada.
Assim, a empregadora deverá pagar as horas extras acrescidas do adicional de 50%.
Incidem sobre aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário, repouso semanal remunerado e FGTS
+ 40%, nos termos do pedido.
Quando da liquidação, observe-se a evolução salarial do Autor. Inexistindo recibo de
pagamento do período correspondente, considere-se o valor da remuneração do mês imediatamente posterior.
Excluam-se do cômputo das horas extras os dias em que houve faltas não justificadas,
licença-médica, licença-paternidade, férias, feriados gozados, afastamentos pelo FAT, desde que devidamente comprovadas no
bojo dos autos.
demandante: "que no período de Páscoa, carnaval, São João, Natal, bem como no mês de
outubro os horarios de trabalho eram diversos e nessas ocasiões a reclamante chegava às 9h, 9h30, 10h e saia às 21h, 21h30,
22h; que nesses períodos festivos o intervalo intrajornada era de 20/30 minutos; que em relação ao mês de outubro a jornada se
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alongava, principalmente em relação ao dia das crianças; que no que tange ao Natal e carnaval o alongamento da jornada se
dava durante todo mês de novembro e dezembro; que me relação ao carnaval a jornada era mais elástica na semana que
antecedia até a quarta feira de cinzas; que em relação ao são João, a jornada era mais elástica uns 15/20 dias antes do feriado
até este dia; que no período festivo a reclamante nunca registrava a frequencia corretamente, porém o fazia no restante do ano
".em metade dos dias trabalhados no mês
Sobre o acúmulo de função, apesar da dificuldade da narrativa desenvolvida na petição
inicial, a testemunha ouvida nos autos declarou que a autora "era auxiliar de loja; que a auxiliar de loja tem seguintes
atribuições: auxiliar o supervisor na reposição de loja, precificação de mercadorias e avisar ao supervisor ou ao gerente quando
há falta de mercadorias para a reposição (...) varria loja, lavava banheiro, ajudava na carga e descarga de mercadorias, tirava
".mercadorias de estoque; que durante todo contrato a reclamante também operava caixa, todos os dias
Em situações como essa deve ser observado que em todo o contrato de trabalho, o
empregado obriga-se a prestar trabalho (obrigação de fazer) em troca da contraprestação do empregador que é a de pagar o salário
(obrigação de dar). Segundo Délio Maranhão, "um dos elementos essenciais do contrato de trabalho é a determinação qualitativa
". Tal determinação prende-se à qualificação profissional do empregado. Esta pode ter "da obrigação de trabalhar maior ou menor
"[1].grau de especificidade, pode compreender um número variável de funções específicas compatíveis, conforme a sua natureza
Dentro da esfera de uma determinada função, poderá o ocupante desempenhar várias
atividades. Ocorre que tais atividades não poderão ser consideradas de forma genérica, porém, devem estar relacionadas com afunção que desempenhe.
Nesse contexto também deve ser verificado que o salário das categorias profissionais que
pretende o . Ora, todas as atividades narradas estão dispostas no plexo das tarefas do auxiliar de loja. Indefiro, portanto, osplus
pedidos relacionados com diferenças salariais.
De outra banda, sobre a doença ocupacional, narra a reclamante:
"Durante o pacto laboral a Reclamante desenvolveu doença ocupacional por trabalhar
 sempre em pé e carregando peso, com o aparecimento de varizes nos membros inferiores (pernas), fortes dores e insuficiência
de veia safena Magna Bilateral (insuficiência venosa crônica), conforme laudo médico, pelo que a autora foi submetida a
procedimento cirúrgico em 10/10/2016. Após a cirurgia a obreira ficou de licença por 15 (quinze) dias, retornando ao trabalho
em data de 25/10/2016.
A obreira mesmo após o procedimento operatório continua a sofrer com dores nos
".membros inferiores decorrentes da moléstia adquirida no ambiente de trabalho!
A reclamada negou a existência de acidente de trabalho ou acometimento de doença
profissional.
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Pois bem.
Convém não confundir os conceitos de doença profissional e acidente de trabalho. O
acidente típico e a enfermidade possuem conceitos próprios. O acidente é um que provoca lesão fato corporal ou perturbação
 Já a enfermidade profissional é um patológico ou mórbido, ou seja, perturbação da saúde do trabalhador. Ofuncional. estado
acidente caracteriza-se como um fato súbito e externo ao trabalhador, enquanto que a doença ocupacional, aqui incluída a doença
profissional e a do trabalho, vai se instalando insidiosamente e se manifesta internamente.
Por uma ficção jurídica, o nosso direito equiparou acidente e doença, nos termos do artigo
20 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991.
Necessitando da realização de perícia médica, o estudo pericial relatou o seguinte:
"Ao exame fisico verificamos que a pericianda apresenta boa perfusãoperiferica , pulsos
femorais, polplíteos e pediosos normais, com apresença de pequenas cicatrizes cirúrgicas nas regiões polpliteas e femorais, com
discreto edema nos membros inferiores +/++++ Portadora de Síndrome de May Thurner diagnosticada pelos exames de imagens
( Ecocolordoppler da veia cava inferior) fls 90. e com passado do uso de anticoncepcionais. Retornou as suas atividades em
fevereiro de 2016, quando começou a trabalhar no vínculo atual. Atualmente sem queixas".
(...)
A Síndrome de May Thurner ou Síndrome da Compressão da Veia Ilíaca ouSíndrome de
Cockett é uma patologia onde a artéria Ilíaca comum direita comprime extrinsecamente (ou seja, externamente "passando por
cima") a Veia Ilíaca comum esquerda. Tal compressão sobre a Veia Ilíaca esquerda parece gerar uma oclusão parcial da veia
por dois motivos principais: 1- compressão mecânica da Veia Ilíaca esquerda por cima pela artéria Ilíaca comum direita e por
baixo pela coluna vertebral; 2- hipertrofia da íntima da Veia ilíaca esquerda devido ao trauma gerado pela pulsação da artéria
".Ilíaca comum direita por cima desta veia
O perito do juízo em seu estudo médico, apresentou a seguinte conclusão:
Diante do exposto, analisado e examinado onde a pericianda apresentou varizes dos
membros inferiores, sendo diagnosticada por Ecocolordoppler das veias cava e ilíacas, após o parto de sua filha menor, fazia o
uso de anticoncepcionais antes do surgimento das varizes e foi operada (Safenectonia) em 10/10/2016.
Sua patologia a Síndrome de May Thurner não é uma patologia ocupacional
Conclui-se pelo Não reconhecimento do Nexo Causal e Concausal
Pois bem.
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Para a caracterização da responsabilidade extrapatrimonial é necessária a análise inicial do
nexo causal. Até mesmo por uma questão de lógica elementar, ninguém pode responder por algo que não fez.
Como observa Sérgio Cavalieri Filho,
"Cuida-se de saber quando um determinado resultado é imputável ao agente; que relação
deve existir entre o dano e o fato para que este, sob a ótica do Direito, possa ser considerado causa daquele.
(...)
A relação causal, portanto, estabelece o vínculo entre um determinado comportamento e
um evento, permitindo conlcuir, com base nas leis naturais, se a ação ou omissão do agente foi ou não a causa do dano.
"[2]Determina se o resultado surge como conseqüência natural da voluntária conduta do agente
Na lição de Cláudio Brandão,
"O nexo de causalidade é o vínculo necessariamente estabelecido entre a ocorrência do
infortúnio e a lesão sofrida pelo emrpegado. É a relação de causa e efeito entre dano e a desgraça que o atinge, seja esta
"[3].proveniente do acidente típico ou por extensão, da doença do trabalho ou do trajeto casa - trabalho e vice-versa
Registro que a impugnação apresentada pela autora foi genérica e evasiva, não servindo
para desconstituir a presunção de veracidade que milita em favor da prova técnica.
Também o reclamante não apresentou qualquer prova da existência da doença ocupacional.
Diante disso, não caracterizado o ilícito, julgo, pois, improcedentes os pedidos relacionados
com a doença ocupacional.
Honorários periciais no valor de R$ 1.000,00 devendo a Secretaria da Vara, após o trânsito
em julgado desta decisão, requisitar ao e. Regional os valores acima indicados, nos termos da RA nº 04/2005, deduzindo os
eventualmente antecipados.
:Da verba honorária
Como já dito e repetido linhas acima, conquanto esta sentença tenha sido proferida já em
vigor a Lei 13.467, com vigência a partir de 11/11/2017, não há como aplicar as novas regras do artigo 791-A, que trouxe aos
sistema judiciário do trabalho os honorários advocatícios sucumbenciais, inclusive recíprocos, sob pena de incidir em decisão
surpresa, impensável no direito moderno, pois o autor ao ajuizar a presente ação o fez com base em sistemática então vigente.
Nesse contexto, é importante registrar que jurisprudência trabalhista sempre foi conduzida
no sentido de entender inaplicável o princípio da sucumbência no processo judiciário do trabalho, de forma que até a vigência da
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chamada reforma trabalhista, o deferimento da verba honorária era descrito nas hipóteses indicadas na Súmula nº 219 do c. TST.
Como disse acima, foi nessa perspectiva que foi ajuizada e contestada a presente ação trabalhista.
Interessante o registro que fez o eminente julgador Carlos Eduardo de Oliveira Dias no
julgamento do Recurso Ordinário do Processo nº 0012068-95.2015.5.15.0039, cujo acórdão esteve sob sua relatoria:
"Especificamente em relação aos honorários, vale salientar que essa orientação já fora
apontada pelo Superior Tribunal de Justiça, em 2016, quando analisou previamente o impacto de algumas regras do CPC/2015,
com a edição de Enunciados Administrativos. Na ocasião, foi rechaçada a condenação em honorários advocatícios recursais nos
processos cujo apelo fora interposto anteriormente à vigência do CPC, justamente por se tratar de medida sancionatória criada
pelo Código:"Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de
2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC." (Enunciado
Administrativo n. 7)".
Por outro lado, com a devida vênia, não há como considerar "A sentença, como ato
processual que qualifica o nascedouro do direito à percepção dos honorários advocatícios, deve ser considerada o marco
", como propõe o Superior Tribunal de Justiça no RECURSOtemporal para a aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015
ESPECIAL Nº 1.465.535 - SP (2011/0293641-3), de relatoria do eminente Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO.
Isso por dois motivos principais:
O primeiro é que ao tratar da questão, o STJ analisou situação em que houve uma
modificação da sistemática relativa aos honorários advocatícios, e não propriamente a uma inovação, como é a hipótese da Lei
13.467. Ora, no CPC de 1973 havia previsão e prática dos honorários sucumbenciais objeto de mera alteração no CPC de 2015.
Ou seja, já na vigência do Código de 1973 as partes tinham a certeza que desembolsariam o equivalente à verba honorária em caso
de insucesso em sua demanda. No caso da sistemática agora adotada no sistema judiciário do trabalho, partiu-se da certeza da não
condenação da verba honorária, exceto na hipótese de assistência sindical. Enfim, na legislação anterior a mera sucumbência não
implicaria em assumir essa despesa processual.
O segundo motivo que justifica a não incidência da verba honorária se relaciona com a
natureza material desse título.
De acordo com o assentado pelo mesmo STJ, "o arbitramento dos honorários não é questão
meramente processual, porque tem reflexos imediatos no direito substantivo da parte e de seu advogado. Doutrina de
". (REsp 1113175/DF, Rel. Ministro Castro Meira, Corte Especial, julgado em 24/05/2012, DJe 07/08/2012). AoCHIOVENDA
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analisar a natureza do instituto, vislumbrou-se um gênero intermediário entre as categorias - o direito processual material -, no
qual se inserem institutos situados entre os direitos material e processual.
A doutrina tem reconhecido os honorários advocatícios enquanto instituto de direito
processual material. Isso porque, apesar de previsão em norma processual, confere direito subjetivo de crédito ao advogado em
face da parte que deu causa à instauração do processo.
Para essa categoria de normas, o professor Cândido Rangel Dinamarco propõe uma
disciplina de direito intertemporal específica:
"O exagero que às vezes conduz a radicalizar a aplicação imediata da lei processual civil é,
ao menos em parte, reflexo de uma outra postura igualmente exacerbada e consistente na obsessão em extrair todas as
consequências imagináveis do correto postulado da autonomia da relação processual, da ação e do próprio direito processual
como um todo. Não é lícito pôr em dúvida essa autonomia em face do direito substancial e de seus institutos, neste estágio
avançadíssimo da cultura processualística - mas a moderna ciência processual tem também a consciência da relativização do
binômio direito-processo e da relação de instrumentalidade do processo em face do direito substancial, responsáveis pela
aproximação desses dois planos do ordenamento jurídico e pela consciência das recíprocas influências trocadas entre eles. Os
institutos bifrontes, que se situam nas faixas de estrangulamento existentes entre os dois planos do ordenamento jurídico e
compõem o direito processual material, comportam um tratamento diferenciado em relação à disciplina intertemporal dos
.fenômenos de conotação puramente processual-formal (ou mesmo procedimental)
Essa premissa metodológica deve conduzir ao repúdio de critérios que, com fundamento no
dogma da autonomia do direito processual e seus institutos em relação à ordem jurídico-substancial, deixem de levar em conta a
existência de categorias jurídicas que não pertencem exclusivamente àquele mas compartilham de uma natureza dúplice [...]. A
aplicação da lei nova que elimine ou restrinja insuportavelmente a efetividade de situações criadas por essas normas bifrontes
transgrediria as garantias de preservação contidas na Constituição e na lei, porque seria capaz de comprometer fatalmente o
direito de acesso à justiça em casos concretos - e, consequentemente, de cancelar direitos propriamente substanciais dos
litigantes. Seria ilegítimo transgredir situações pré-processuais ou mesmo extraprocessuais [...], as quais configuram
verdadeiros direitos adquiridos e, como tais, estão imunizadas à eficácia da lei nova por força da garantia constitucional da
.irretroatividade das leis
Ao contrário do sistema judiciário comum, em se tratando de direito judiciário do trabalho,
os honorários advocatícios, obviamente, interferem no modo como a tutela jurisdicional será prestada. Mais que isso, ao se criar
um direito material novo (formação de outro direito material pertencente ao advogado e não a parte) não há como aplicá-lo à
situações pretéritas, sob pena de aplicar um direito de exceção.
A questão está sendo bem enfrentada pelas Cortes Trabalhistas, como exemplifica o aresto
acima já citado, da lavra do eminente Carlos Eduardo de Oliveira Dias:
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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA ANTES
DA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. CRITÉRIOS DA SÚMULA 219. PREVALÊNCIA. A aplicação das regras relativas à
sucumbência, inseridas na CLT pela Lei 13.467/2017, não pode incidir sobre os feitos ajuizados antes da vigência da lei,
porquanto o entendimento jurisprudencial prevalecente, quando da propositura, restringia o cabimento dos honorários às
situações da Súmula 219, do TST. Dessa sorte, as partes litigantes estabeleceram suas expectativas de êxito ou sucumbência a
partir da realidade interpretativa predominante. A aplicação imediata da lei processual não pode atingir os atos já praticados
antes da sua vigência nem tampouco afetar situações jurídicas já consolidadas. Dessa maneira, as decisões proferidas sobre
feitos anteriores à vigência da Lei 13.467, ainda que consumadas após esse fato, devem respeitar os critérios anteriores quanto
.ao cabimento dos honorários advocatícios. Precedentes do Tribunal Superior do Trabalho e do Superior Tribunal de Justiça
(Processo nº 0012068-95.2015.5.15.0039, TRT 15, 4ª Câmara (Segunda Turma), Relator, Carlos Eduardo Oliveira Dias. Julgado
em 14/11/2017).
Dito isso, à luz da legislação anterior, para a condenação de verba honorária é necessária a
presença de três elementos: miserabilidade, sucumbência a assistência sindical. No caso concreto, a ausência de assistência
sindical, por si só, inviabiliza o recebimento dos honorários advocatícios. Inteligência do disposto nos artigos 14 e seguintes da
Lei 5.584. No mesmo sentido, as Súmulas 219 e 329 do c. TST.
:Das Contribuições fiscais e previdenciárias
A obrigação de recolher as parcelas relativas às Contribuições Previdenciárias e ao Imposto
sobre a Renda é do empregador, nos termos indicados pelas Leis nºs 8.620/93 e 8.541/92, respectivamente.
As parcelas de natureza previdenciária de responsabilidade do reclamante devem ser retidas
do seu crédito (vide Súmula nº 368 do TST).
Quanto as contribuições fiscais, o recolhimento das parcelas relativas ao imposto sobre a
renda, encontra-se regidopelo disposto no artigo 28 da Lei 10.833, de 29 de dezembro de 2003.
Já a norma estabelecida no artigo 46 da Lei nº 8.541/92:
"Art. 46. O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento
de decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer
forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário".
Assim, onde couber, são cabíveis as retenções relativas às contribuições fiscais e
previdenciárias, sobre o crédito do autor.
 
:Dos juros legais
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Os cálculos devem ser elaborados de acordo com os índices de atualização indicados nas
tabelas fornecidas mensalmente pela Corregedoria Regional. Observe-se que deve ser utilizado o índice do mês subsequente ao da
constituição do crédito trabalhista nos termos da Súmula nº 381 do c. TST.
Adianto que a o fato de o empregador poder pagar a remuneração do empregado no quinto
dia útil do mês subsequente ao da prestação de serviços (parágrafo único do artigo 459 da CLT) se constitui em faculdade, não
tendo o poder de deslocar a data do termo da obrigação.
Observe-se, por fim, que os juros serão contados a partir da data do ajuizamento da
reclamação trabalhista (artigo 883 da CLT).
:Dos benefícios da justiça gratuita
Considerando que esta ação fora ajuizada em momento anterior ao da vigência da Lei
13.467, analisarei o requerimento de concessão dos benefícios da justiça gratuita conforme norma estabelecida no então vigente
artigo 790 da CLT.
Consagra a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, dentre outros, os princípios do
exercício livre e regular do direito de ação e do duplo grau de jurisdição. E, mais especificamente, em seu inciso LXXIV, prevê o
benefício da justiça gratuita, com o espírito de garantir à parte o amplo direito da prestação jurisdicional àqueles que não tem
condição de arcar com as despesas do processo.
Por outro lado, diz o art. 790, § 3º da CLT (acrescentado pela Lei n. 10.537, de 27/8/2002)
que "É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a
requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem
salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condição de pagar as
".custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família
Assim, mesmo sem pedir os benefícios da assistência judiciária, os mesmos poderiam ser
concedidos, de ofício. E isso provavelmente aconteceria no presente caso, uma vez que presumo a miserabilidade do autor.
Porém, independentemente dessa possibilidade, o autor, em sua peça de ingresso, por meio
de advogado devidamente habilitado, declarou que não tem condições de demandar em juízo sem prejuízo do sustento familiar e
pediu os benefícios da justiça gratuita. E o fez obedecendo a comando normativo estabelecido no artigo 4o da Lei 1.060.50, que
assim dispõe:
"A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, , namediante simples afirmação
própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo
." (destaquei).próprio ou de sua família
ID. 0a16402 - Pág. 12
Assinado eletronicamente por: JOSE AUGUSTO SEGUNDO NETO - 21/08/2018 00:05 - 0a16402
https://pje.trt6.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18062812153958700000031069369
Número do processo: ATOrd 0001342-26.2017.5.06.0271
Número do documento: 18062812153958700000031069369
Fls.: 441
Documento assinado pelo Shodo

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