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1 peça ADM- ACAO ANULATORIA

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AO JUÍZO DA __ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SÃO LUÍS-MA.
AURORA SILVA, brasileira, estado civil, servidora pública, inscrita no n° xxxxx, inscrita no cadastro de pessoa física sob o nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliada na Rua xxx, nºxx, Bairro xx, Cidade xxx, Estado do Maranhão, CEP.xxx.xxx, vem por intermédio de seu advogado, legalmente constituído (conforme procuração em anexo) e que a esta subscreve, com escritório profissional no endereço xxxxxxx, e endereço eletrônico xxxxxxxxxx, vem, respeitosamente, conforme procuração em anexo, perante Vossa Excelência com fulcro nos artigos 319 e 320 do Código de Processo Cível, propor a presente:
AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO C/C TUTELA ANTECIPADA
Em face do Município xxxxx, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ: XXXXXXXXXXX, com sede localizada no endereço XXXXXXXX, neste ato representado judicialmente pela Procuradoria Geral do Estado (procurador estadual), sediada no endereço XXXX, com base nas razões de fato e de direito a seguir expostas.
II - DOS FATOS
Aurora Silva, ocupante do cargo de analista de sistemas nível superior, se submete a outro concurso onde disputa o cargo de professora da Universidade Estadual do Maranhão, aprovada dentro da vaga.
A autora foi convocada e nomeada, após apresentar os documentos necessários, tomou posse e entrou em exercício. Ocorre que, mesmo existindo compatibilidade de horários entre os cargos, a mesma foi chamada pelo município onde foi informada que deveria pedir exoneração do cargo de analista, sob alegação que estava acumulando indevidamente cargo público, estipulando o prazo de 15 dias para ser deixado o cargo público. Assim, pelos fundamentos a seguir expostos, vem por meio desta, ajuizar a presente ação.
III - DA TUTELA ANTECIPADA 
 
Ressalte-se que o objeto da ação, neste caso, é a anulação do ato administrativo que teve como finalidade a demissão da autora do cargo público, na qual foi indevida, visto que, nesse ato, desconsiderou-se os pretextos legais contidos na CF em seu artigo 84 e 37 XVI “b”, onde se permite a acumulação de cargos, desde que estes sejam compatíveis, como era o caso da autora, já que um cargo era de professora e o outro de analista.
Deste modo, é imperioso que o Município seja compelido imediatamente a reintegração da autora em seu cargo de direito.
Ademais, o artigo 300 do CPC, estabelece que a tutela antecipada é concedida quando houver elementos que evidenciam a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
In casu, certamente encontram-se demonstrados os requisitos autorizados da concessão da tutela provisória de urgência de natureza antecipada.
Quanto a probabilidade do direito, a autora junta o direito resguardado da Carta Magna de cumulação de cargos, desde que haja compatibilidade de horário, bem como demonstra o equívoco praticado pelo Município em demitir a autora do seu cargo.
No tocante ao perigo de dano, é notório que a não reintegração do cargo pode causar sérios transtornos de natureza psíquico e financeiro.
Por outro lado, vale ressaltar que a antecipação da tutela não trará prejuízo algum à administração pública, e sim apenas aumentando a possibilidade de suspensão da conduta impugnada. Portanto, a antecipação da tutela é medida que se impõe, no sentido de suspender o ato realizado contra a autora e determinar sua reintegração ao cargo mencionado, na forma como se exige.
Outrossim, convém ressaltar que não há perigo de irreversibilidade da obrigação de fazer, ou seja, da determinação de reintegração, isso porque além de ser direito da autora, mesmo que improcedente, o Município poderá exercer seu direito de regresso.
Em virtude do exposto, requer o direito da tutela antecipada.
IV - DO DIREITO
 De acordo o artigo 37 da CF, inciso XVI, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários. Dessa forma, a autora era ocupante de cargo de nível superior de analista de sistemas e professora estadual, ou seja, possuía cargos e horários distintos, logo não se enquadra nesse acúmulo de cargos públicos, já que esse fator exclui a vedação a acumulação de cargos públicos.
Ademais, o STF reafirma a jurisprudência sobre acumulação remunerada de cargos públicos ainda que haja limitação semanal de jornada por norma infraconstitucional como veremos.
REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.246.685 RIO DE JANEIRO. Ementa: Recurso extraordinário com agravo. Administrativo. Acumulação de cargos. Servidores públicos. Carga horária definida em lei. Compatibilidade. Comprovação da possibilidade fática de exercício cumulativo. Existência de repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência da Corte sobre o tema.
Desse modo, a ilegalidade na demissão da autora se configura em violação legal, conforme disposto na CF, artigo 5° LIV, princípio do devido processo legal e princípio da ampla defesa e contraditório, sendo estes violados pela ré e fundamentado no art.102, inciso III do referido artigo. Sobre essa questão, o Supremo Tribunal Federal entendeu que é permitido o exercício de cargos cumulativos mesmo que existam normas infraconstitucionais que limitem a jornada de trabalho semanal. Portanto, o único método de se remover da ordem constitucional é o cumprimento do exercício à compatibilidade de horários. Diante disso, vejamos alguns julgamentos que tiveram repercussão geral reconhecida.
 “AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSIÇÃO EM 10.10.2018. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS. ÁREA DE SAÚDE. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. ART. 37, XVI, c, DA CF. PARECER GQ-145/98 da AGU. REEXAME DE FATOS E PROVAS, SÚMULA 279 DO STF. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DE TODOS OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ARTS. 1.021, § 1º, DO CPC E ART. 317, § 1º, DO RISTF. 1. É ônus do recorrente, nos termos do art. 1.021, § 1º, do CPC e 317, § 1º, do RISTF impugnar de modo específico todos os fundamentos da decisão agravada. 2. A jurisprudência desta Corte tem se posicionado no sentido de que a existência de norma infraconstitucional que estipula limitação de jornada semanal não constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista no art. 37, XVI, c, da Constituição, desde que haja compatibilidade de horários para o exercício dos cargos a serem acumulados 3. Eventual divergência em relação ao entendimento adotado pelo juízo a quo demandaria o reexame de fatos e provas constantes dos autos. Incidência do óbice da Súmula 279 do STF. 4. Agravo regimental a que se nega provimento, com previsão de aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Mantida a decisão agravada quanto aos honorários advocatícios, eis que já majorados nos limites do art. 85, §§ 2º e 3º, do CPC” (RE nº 1.142.691/AL-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Edson Fachin, DJe de 8/11/19).
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PARECER GQ 145/1998/AGU. LIMITE MÁXIMO DE 60 HORAS SEMANAIS EM CASOS DE ACUMULAÇÃO DE CARGOS OU EMPREGOS PÚBLICOS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. COMPATIBILIDADE DAS JORNADAS DE TRABALHO DA IMPETRANTE. COMPROVAÇÃO. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. I – A existência de norma infraconstitucional que estipula limitação de jornada semanal não constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista no art. 37, XVI, c, da Constituição, desde que haja compatibilidade de horários para o exercício dos cargos a serem acumulados. Precedentes. II - Agravo regimental a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4°, do CPC” (RMS nº 34.257/DF-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 6/8/18). 
	Diante do exposto, é nítido a existência de repercussão geral sob matéria constitucional, além da jurisprudência pacífica do Tribunal sobre a compatibilidade de horários de cargos acumulados, dando a autora além do direito de acúmulo dos seus dois cargos, o direito à comprovação, uma vez que a demissão se deu sem ao menos a autora apresentar algumadefesa para demonstrar a ilegalidade do ato em epígrafe.
 Portanto, está demissão indevida acarretou danos a autora, sendo monetários, pois ficou sem receber o devido salário uma vez que foi demitida ilegalmente. Logo requer a condenação da ré aos danos causados nos termos do artigo 37 § 6° da CF, sendo estes reavidos e devidamente indenizados.
V- VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
 	De acordo como o art. 5º, LV, é garantido a todos os litigantes, seja em processo judicial, seja em processo administrativo a garantia do devido processo legal. São os termos da constituição: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
	In casu, é manifesta a violação ao devido processo legal administrativo, haja vista que não foi oportunizado para a autora o direito a ampla defesa, eis que não foi oportunizado também o prazo para sua defesa administrativa.
	Neste sentido, a jurisprudência é pacífica no sentido de haver clara violação ao devido processo legal, vejamos:
MANDADO DE SEGURANÇA. ANULAÇÃO DA REINTEGRAÇÃO DE SERVIDOR SEM PROCESSO ADMINISTRATIVO PRÉVIO. ILEGALIDADE. VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL. CONCESSÃO DA SEGURANÇA. I – Servidor desligado do quadro de servidores efetivos do referido município sem a observância do devido processo legal, posto que o direito ao contraditório e ampla defesa não foi prévio e efetivo, mas sim realizado posteriormente ao desligamento do mesmo; II – Uma vez constituídas as relações jurídicas, a Administração deve dar direito à manifestação dos interessados; III - O procedimento realizado após a anulação da reintegração se revestiu de natureza inquisitorial, realizado para apuração de suposta irregularidade decorrente de fato administrativo, e não processo específico para exoneração/demissão, pelo que não se adequou, mesmo a posteriori, ao devido processo legal; IV – A invalidação do ato administrativo que repercute no campo de interesses individuais de servidores necessita da prévia instauração de processo administrativo, no qual seja assegurado o exercício da ampla defesa e do contraditório.
(TJ-AM 40017898520178040000 AM 4001789-85.2017.8.04.0000, Relator: Jomar Ricardo Saunders Fernandes, Data de Julgamento: 27/02/2018, Câmaras Reunidas)
Portanto, caracterizado a violação ao devido processo legal administrativo, é evidente a ilegalidade devendo, portanto, ser declarado sua nulidade.
VI– DA REINTEGRAÇÃO AO CARGO PÚBLICO
 Inicialmente, cumpre frisar que qualquer penalidade que resulte em demissão, deve ser respaldada e seguir todo o rito do Processo Administrativo Disciplinar. O Processo Administrativo Disciplinar, é uma investigação feita pela administração pública para apurar possíveis irregularidades praticadas pelos funcionários públicos. 
Neste processo, deve-se apurar a suposta conduta ilegal praticada pelo funcionário, respeitando o princípio da ampla defesa. 
Neste sentido, como bem explanado anteriormente, a exoneração da autora de seu cargo público foi indevida, visto que não houve a conduta ilegal apontada, qual seja, o acúmulo de cargos, pois, havia compatibilidade de horários, bem como se deu em conformidade com as exceções pré-estabelecidas no mesmo dispositivo legal, conforme bem preceitua o art. 37, XVI da CF. 
 Conceitua-se a reintegração como uma modalidade de reingresso no cargo público após a extinção da relação estatutária vigente entre Estado e servidor, decorrente de determinado fato jurídico que, nesse caso, é a reversão do ato demissório, seja administrativa ou judicial.
Tendo em vista que não se foi possível reverter o ato pelos meios administrativos, recorre-se aos meios judiciais. 
O artigo 41 da Constituição, em seu caput, menciona a estabilidade concedida aos servidores públicos após três anos de serviço prestado, bem como aponta, em seu parágrafo 1º as únicas possibilidades em que este pode ser exonerado de seu cargo, vejamos: 
I - Em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
Como bem observado acima, em casos de Processos Administrativos, deve ser garantido assegurada a ampla defesa, demonstrando inclusive a este, a ilegalidade da conduta praticada por este. 
No presente fatídico, como ficou demonstrado, não houve respeito ao direito de ampla defesa da autora, visto que essa foi apenas avisada que deveria pedir exoneração em um prazo de 15 dias, sem sequer informar o ato ilegal praticado, ou oportunizado a mesma de demonstrar que o cargo ocupado por esta era de professor, podendo perfeitamente ser acumulado com o cargo superior de analista ocupado por esta no município, como resguardado no inciso XVI, alínea “b”. 
Dito isto, patente a ilegalidade do ato administrativo que exonerou a autora do cargo que ocupava, se faz necessário a anulação do ato ilegal, bem como reintegração da mesma ao seu cargo público. Esta reintegração encontra respaldo na própria Constituição Federal, que em seu artigo 41, parágrafo 2º, determina a reintegração, nos seguintes termos: 
§ 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
Em mesmo sentido, Lei Federal nº 8.112/1990 que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, determinando em seu artigo 28 acerca da reintegração de cargo público, conforme se observa: 
Art. 28.  A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
A referida lei federal elenca ainda, como efeito corolário da reintegração, haverá de ocorrer o "ressarcimento de todas as vantagens" ao funcionário público.
Tais vantagens devem ser entendidas como todos os vencimentos, direitos e vantagens funcionais que foram suprimidos durante o período de ilegal afastamento do servidor, aí incluídas as vantagens pessoais, as típicas do cargo e as econômicas.
Cabe salientar que é entendimento do Superior Tribunal de Justiça que "ao Servidor Público reintegrado são assegurados, como efeito lógico, todos os direitos de que fora privado em razão da ilegal demissão, inclusive os vencimentos retroativos"
Mediante o exposto, demonstrada a ilegalidade do ato administrativo que resultou na exoneração se faz necessário sua anulação e reintegração da autora em seu cargo público, com fulcro no art. 41, §2º da CF e art. 28 da Lei Federal nº 8.112/1990 em seu art. 28. 
VII - DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência: 	 
1. Conceder a tutela antecipada para que seja anulado o ato de demissão e que a autora seja reintegrada ao cargo ocupado.
2. Seja julgada totalmente procedente a presente ação com a consequente indenização correspondente a todos os valores que deixou de receber no período de afastamento; 
3.A citação do réu;
4. O pedido de condenação do ônus de sucumbência de 20%;
5. Protesta-se provar por todos os meios de prova admitidos em direito;
6. Pugna-se pela audiência de conciliação com base no artigo 319, VII, CPC. 
Dá-se o valor da causa de acordo com o art. 291 c/c 319 V CPC. 
	Nestes termos,
	Pede e espera deferimento.
	Local, Data
	Advogado (OAB XXX)
 EQUIPEG
1. Ana Karollyne Silva Macedo – 03133
2. Ana Paula Paiva Oliveira Fróes – 03258
3. Anne Karoline Holanda Araújo - 003696
4. Camila Andrade Santos – 04457
5. Jefferson Carneiro de Oliveira Júnior – 008415
6. Josiédna Ribeiro Silva – 019412
7. Júlio César Gomes Silva – 009405 
8. Leonardo Rabelo Correa - 010376
9. Marcia Raquel da Silva Sá – 011506

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