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A IMPORTÂNCIA DA PSICANÁLISE COMO TERAPIA KARINA MOTTA FAVARO MÓDULO 2: INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE II CETEP 2022 Em tempos tão incertos como o que estamos vivendo, se torna quase impossível enfrentar o dia sem angústias e/ou ansiedades, pois todos os acontecimentos tem nos afetado de forma direta ou indireta, e ainda temos que acrescentar nossas travas pessoais, nossos problemas familiares, de trabalho e dos relacionamentos em geral, enfim temos que nos superar diariamente. Agora, já parou para pensar que esse é o mundo que nós criamos? Isso mesmo, todos nós temos uma parcela de responsabilidade, não só com a nossa vida mas também com a sociedade na qual nós estamos inseridos e de alguma forma, seja pela participação, pela inércia ou descaso nós deixamos ou fizemos acontecer. O psicanalista Erich Fromm diz que nós criamos um sistema “homem doente” para que um sistema econômico saudável pudesse existir, no entanto estamos longe do sistema econômico saudável, mas o homem tem se tornado cada vez mais doente. A indústria farmacêutica nos apresenta pílulas milagrosas para nos livrar das doenças somáticas, no entanto as doenças físicas também tem a ver com nossos pensamentos e afetos. No geral nós somos criados e condicionados a cuidarmos somente do nosso condicionamento físico, não aprendemos a lidar com a frustração, com a raiva, com o desamparo, somos condicionados a sentir de determinada forma diante dos fatos ou acontecimentos, como se fossemos todos iguais, mas se pensarmos bem: fatores genéticos nos torna similar, fatores culturais nos impele a agir de determinadas formas, mas cada ser humano é único em suas particularidades. A educação que nossos pais receberam podem ter sido boa para eles, mas isso não implica que se usarem a mesma maneira que foram educados para lidar com seus filhos que as crianças aceitarão tudo sem gerar o que na psicanálise chamamos de trauma, até porque cada um introjeta à sua maneira, de acordo com o seu mundo interior e também por mais que os cuidados durante a gravidez tenham sido iguais, as situações não foram as mesmas, então a resposta do emocional materno vai ser diferente, todos temos e julgamos o mundo externo a partir de um mundo muito especial, único, o nosso mundo interno, por isso você pode ser mais ou menos ansioso, mais ou menos nervoso, ou seja, cada um age de acordo com as suas idiossincrasias. Todo nosso processo de cura somático envolve nosso sistema psíquico, e isso já foi comprovado, a disposição mental do paciente colabora para a sua recuperação. Se os problemas físicos se apresentam, é importante entender que sim, é necessário o médico e medicamentos, mas a cura total só se processa com a cura da mente, claro que existem fatores genéticos e culturais pois eles são importantes para entender as pré-disposições, que também conversa com o psíquico. Mas então o que é a doença para a psicanálise? A doença é um estado do ser humano que indica que sua consciência não está mais em ordem, então a doença estaria no âmbito da consciência e o sintoma no âmbito corporal. Quanto maior e mais intenso for o sentimento e as emoções negativas recalcadas, maiores serão os sintomas, por isso o único caminho para evitar os sintomas e curar a doença pela raiz é o autoconhecimento, e o tratamento mais indicado é a Terapia Psicanalítica. É importante destacar aqui que não basta ir em uma sessão para aprender a lidar com seus problemas atuais, é preciso saber a origem das dores emocionais. A causa segundo Freud chamada de “Determinismo Psíquico”, nunca está no outro como costumamos achar e até dizer, a causa sempre está em nós e geralmente está na infância. Em todos os casos em que existe um problema a consciência diz uma coisa e o inconsciente diz outra, para a compreensão dos sintomas é preciso que essa pessoa acesse a causa real e não somente o que ela acredita ser real, e essa causa está em algum lugar do seu inconsciente, recalcado e somente acessando essa parte reprimida ela conseguirá realmente aprender a conviver com os seus traumas. O paciente que procura a terapia geralmente já traz um motivo: depressão, ansiedade, separação, luto, clamando por uma cura imediata, como se fosse um processo alopático, no entanto, é preciso compreender que a terapia psicanalítica objetiva uma mudança de comportamentos e sentimentos que significam um sofrimento para esse indivíduo e a descoberta para essa causa não é simples e nem tão fácil de se digerir, mesmo quando já ocorreu o que chamamos de transferência, existe uma resistência por parte do paciente em dar continuidade para a terapia, pois se trata de um processo lento, que exige um compromisso no mínimo semanal, outro fator difícil de ser ultrapassado é de quando estão muito próximos de descobrir a causa, a pessoa percebe onde aquilo vai desaguar e simplesmente desiste. O indivíduo costuma fugir da catarse, da reação necessária para a cura do seu sofrimento, pois existe o medo, ele considera a dor da verdade insuportável. O processo é longo porque também precisa lidar com o inconsciente do indivíduo, e ele inconscientemente se utiliza de racionalizações para dificultar o processo, esse é um grande problema. Por isso precisamos entender o ser humano em sua totalidade em suas identificações, doenças crônicas, família, atividade profissional, sua personalidade interior e exterior e seus medos. Existe uma preocupação do terapeuta em entender que simultaneamente às sessões seus pacientes continuam tendo que lidar com suas rotinas, as instituições (família, igreja, empresa, estado) não esperam a evolução do tratamento, elas esperam atitudes, finalizações, propostas, por isso a importância da assertividade da terapia psicanalítica. Com os estudos iniciais encontrei uma frase de Alan Watts que tem me ajudado a compreender cada vez melhor esse processo: “Acordar para o que você é requer desapego de quem você imagina ser”. Sendo assim a importância central da Psicanálise como terapia está em aprender a viver consigo mesmo com todas as suas marcas, dores e dessabores e ainda sim encontrar prazer em estar vivo e em ser você.
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