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Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101122 Intercambialidade entre medicamentos de referência e similar Interchangeability between reference drugs and similar DOI:10.34117/bjdv6n12-561 Recebimento dos originais: 21/11/2020 Aceitação para publicação: 21/12/2020 Rodrigo Queiroz Lima Prof. Msc. Centro Universitário do Norte Marcelo Cláudio Pinto de Almeida Formando no curso de Farmácia Centro Universitário do Norte Endereço: Rua Afonso Braz, Bairro Coroado, Manaus-AM E-mail: marcelo98_almeida@outlook.com Eliomar Do Nascimento Farias Júnior Formando no curso de Farmácia Centro Universitário do Norte Endereço: Rua Sansão, bairro Novo Israel, Manaus-AM E-mail: junioraluno13@gmail.com Luiz de Souza Lima Neto Formando no curso de Farmácia Centro Universitário do Norte Endereço: Rua estrela Dalva, Bairro Aleixo E-mail: luiz_netinho19@hotmail.com RESUMO A intercambialidade ocorre quando um medicamento prescrito por um profissional da saúde em ser substituído por outro. Legalmente, está previsto desde 1999 para medicamentos genéricos, contudo, os medicamentos similares não eram considerados medicamentos intercambiáveis pela falta de exigência de testes. O objetivo deste trabalho é descrever como ocorre essa intercambialidade entre o medicamento similar com o de referência e a importância do farmacêutico nesse processo. Foi realizado uma revisão bibliográfica nos sites da Scielo, ANVISA e Conselho Federal de Farmácia, com uso dos descritores: Intercambialidade de Medicamentos; Medicamentos Similares; Assistência Farmacêutica. Por fim, o trabalho possibilitou o entendimento do processo de intercambialidade entre medicamentos similares e referência, quais os requisitos necessários para aprovação do procedimento e o papel do farmacêutico na realização da troca e orientação. Palavras-chave: Intercambialidade, Medicamento Similar, Assistência Farmacêutica. ABSTRACT Interchangeability occurs when a drug prescribed by a health professional is replaced by another. Legally, it has been planned since 1999 for generic drugs, however, similar drugs were not considered interchangeable drugs due to the lack of testing requirements. The objective of this work is to describe Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101123 how this interchangeability between the similar drug and the reference occurs and the importance of the pharmacist in this process. A bibliographic review was carried out on the websites of Scielo, ANVISA and the Federal Pharmacy Council, using the descriptors: Drug Interchangeability; Similar Drugs; Pharmaceutical care. Finally, the work enabled the understanding of the interchangeability process between similar drugs and reference, what are the necessary requirements for approval of the procedure and the role of the pharmacist in carrying out the exchange and guidance. Keywords: Interchangeability, Similar Medicine, Pharmaceutical Assistance. 1 INTRODUÇÃO O medicamento de referência é aquele considerado inovador, no qual as primeiras pesquisas e testes foram feitas pelo laboratório fabricante, e para isso é necessário que aja pelo menos um fármaco ativo na composição do medicamento, e quando desenvolvido esse medicamento tem a sua patente como propriedade do fabricante. Por fim, para que o medicamento seja registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, nesse caso a ANVISA, é necessário que a eficácia, segurança e qualidade sejam comprovadas por meio de testes científicos junto a ANVISA, e caso os resultados sejam positivos o medicamento fica disponível para ser distribuído no mercado1. Os medicamentos similares, assim como os genéricos, são cópias fieis do medicamento de referência, apresentando o mesmo princípio ativo, mesma concentração, via de administração, forma farmacêutica, posologia e indicação terapêutica, podendo se diferenciar em características como tamanho, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e até mesmo a forma do produto1. Os medicamentos similares chegaram no comércio brasileiro logo após o ano de 1971, quando os medicamentos não possuíam patente reconhecida no Brasil, fazendo com que o mercado corresse bastante fornecendo cópias de medicamentos que eram patenteados em outros países2. A bioequivalência entre medicamentos assegura a intercambialidade entre os mesmos. A intercambialidade determina a aprovação de um medicamento prescrito por um profissional da saúde em ser substituído por outro, ela está prevista desde 1999 entre os medicamentos genéricos e seus medicamentos de referência, contudo os medicamentos similares não eram inseridos na categoria de medicamentos intercambiáveis pela falta de exigência de testes que assegurassem os mesmos, não tendo assim testes que confirmassem a equivalência entre o medicamento similar e o medicamento referência3. Desde 2003, são exigidos que os medicamentos similares apresentassem os testes de biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica para aquisição do registro e assim confirmar que o medicamento similar dispõe do mesmo desempenho no organismo in vivo, como possui as Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101124 mesmas características de qualidade in vitro do medicamento de referência dispostos nas RDC 134/2003 e RDC 133/20034. A biodisponibilidade é um termo que descreve a velocidade e a quantidade que determinada substância farmacêutica é absorvida assim que ela chega no seu local de ação. Esse tipo de estudo é feito em três etapas, sendo elas, Etapa Clínica, Etapa Analítica e Etapa Estatística. Na Etapa Clínica é feito a elaboração de todos os procedimentos de administração do medicamento que irá ser testado e também das amostras do material biológico dos voluntários ao teste. Na Etapa Analítica é onde são quantificados todos os fármacos nas amostras que foram coletadas na etapa anterior. E por fim, na Etapa Estatística é onde são feitos os parâmetros para análise de bioequivalência de acordo com os dados obtidos na etapa anterior5. Com a elaboração da RDC 58/2014, passaram-se a ser determinadas providências a serem adotadas junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pelos proprietários de registo de medicamento para intercambialidade de medicamentos similares com os medicamentos de referência. Desta forma, ficou estabelecida a disponibilidade no sítio eletrônico da agência a relação dos medicamentos similares indicando seus respectivos medicamentos de referência, determinando oficialmente a intercambialidade entre eles. A intercambialidade apenas ocorrerá se tiver estudo de bioequivalência, bioisenção e/ou equivalência farmacêutica entre ambas as partes. Assim sendo, nenhum medicamento similar deverá ser intercambiável com outro similar3. Ressalta que os medicamentos similares passam por testes de controle de qualidade que afirmam a manutenção da qualidade dos lotes industriais produzidos, passando por todos os testes que os medicamentos genéricos13. A dispensação de medicamentos é função exclusivamente do farmacêutico, além disso ele deve orientar o paciente a respeito do uso correto do medicamento, a respeito da dose correta, interação com alimentos e outros medicamentos. Sendo assim a dispensação de medicamentos e a intercambialização fazem parte de todo o processo de atenção farmacêutica6. Levando em consideração as práticas farmacêuticas definidas pela Organização Mundial de Saúde, todas as atividades relacionadas em promoção e educação em saúde, principalmente relacionadas ao uso correto de medicamentose os perigos de automedicação, a dispensação e a indicação farmacêutica podem intervir de uma maneira bastante diferencial e significativa quanto ao uso correto de medicamentos pelas pessoas e por toda sociedade. A dispensação, estando inclusa nas atividades farmacêuticas, ou seja, o farmacêutico além de ser o responsável por entregar os medicamentos e produtos para a saúde, ele deve promover atividades em que a sociedade seja instruída de maneira correta a respeito do uso de medicamentos estabelecendo condições adequadas, sendo que Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101125 para promover essas condições o farmacêutico não deve apenas dar algumas informações na hora de entregar o medicamento, mas deve promover ações em que ele consiga que as pessoas adquiram o conhecimento real a respeito dos perigos de automedicação e da importância em seguir as orientações dos profissionais de saúde7. A Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, diz que o processo de dispensação é responsabilidade total do profissional farmacêutico, ou seja, este profissional deve estar altamente capacitado na hora de orientar os pacientes, respondendo todas as dúvidas, garantindo que o paciente esteja se sentindo seguro a respeito das orientações passadas e quando necessário fazer a intercambialização adequada dos medicamentos. O farmacêutico jamais deve dispensar ou medicamento genérico quando for prescrito um similar, e vice-versa, porque a intercambialidade só é admissível para a substituição de um medicamento de referência e seu equivalente terapêutico registrado e aprovado pela ANVISA. Sendo assim, apenas o medicamento de referência pode ser substituído por outro medicamento genérico ou similar equivalente. Em casos em que há a troca inadequada entre os medicamentos, é possível que o paciente não tenha os resultados esperados ou até mesmo o agravo de suas condições, por isso, medicamentos similares não são intercambiáveis entre si. Em alguns casos em que o médico tenha interesse em fazer este tipo de alteração, o farmacêutico tem o papel de informar ao paciente os medicamentos disponíveis e registrados pela a ANVISA para a intercambialidade. Além disso, de acordo com a RDC 16/2007, se o profissional prescritor decidir pela não intercambialidade de sua prescrição, a manifestação deverá ser efetuada por item prescrito, de forma clara, legível e inequívoca, devendo ser feita de próprio punho, não sendo permitidas outras formas de impressão 2,8. O profissional farmacêutico também deve promover o uso racional de medicamentos e mostrar aos pacientes as consequências danosas da automedicação9. Além disso, é importante associar esse papel do Farmacêutico junto a Política Nacional de Medicamentos (PNM) que viriam garantir a eficácia, segurança e qualidade dos medicamentos bem como a orientação correta do profissional responsável10. Portanto, este trabalho busca mostrar como ocorre o processo de intercambialidade dos medicamentos similares, quais os requisitos para um medicamento ser intercambiável e haver essa troca, e principalmente reforçar a importância do Farmacêutico na hora de fazer a troca de medicamentos, sendo este profissional altamente capacitado para dar assistência e tendo extrema influência quando se necessário haver troca de medicamento. Assim, o objetivo é descrever como Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101126 ocorre a intercambialidade entre o medicamento similar com o de referência e a importância do farmacêutico nesse processo. 2 METODOLOGIA 2.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL O estudo foi realizado através de uma revisão bibliográfica a partir da coleta de dados utilizando os sites da Scielo, ANVISA e Conselho Federal de Farmácia, durante o intervalo de tempo de setembro de 2019 a outubro de 2020. Os descritores utilizados nas buscas foram: Intercambialidade de Medicamentos; Medicamentos Similares; Assistência Farmacêutica. Fig. 01. Fluxograma da Revisão Bibliográfica. Fonte: Arquivo pessoal. 2.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO Foram utilizados como critério de inclusão artigos no idioma Português e Inglês, publicado nos últimos 10 anos (2010 a 2020) e que abordem sobre medicamentos similares e que discutem sobre a importância da assistência profissional farmacêutico e sobre intercambialidade. Foram utilizados como critério de exclusão artigos repetidos, incompletos e que não abordem o tema do trabalho. 2.3 ANÁLISE DE DADOS Os artigos selecionados com base nos critérios de inclusão e exclusão foram estruturados em uma planilha do Microsoft Excel para análise. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Por meio da revisão foi possível encontrar diferentes artigos e legislações sobre o tema. A partir dos quais conseguiu observa que para que um medicamento similar seja considerado bioequivalente Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101127 com o de referência, é necessário que haja o teste de bioequivalência para que seja comprovado que os dois tem a mesma biodisponibilidade, sendo esses testes feitos in vivo e in vitro, respeitando todos os procedimentos padrão de segurança e controle de qualidade. Esses requisitos foram exigidos a partir de 2003 com a publicação da RDC 133/2003 e RDC 134/2003 11. Por meio da RDC 17/2007 foram publicados os requisitos para registro e dispensação dos medicamentos similares. Alguns desses requisitos incluem a apresentação da biodisponibilidade relativa, o controle de qualidade para garantir a produção de lotes de medicamentos que satisfaçam às normas de atividade, pureza, eficácia, inocuidade, a forma farmacêutica em que o produto será produzido, a relação dos farmoquímicos que compõem o medicamento e também a Denominação Comum Brasileira (DCB) ou Denominação Comum Internacional (DCI)12. A RDC nº 51/2007, trata da dispensação de medicamentos e permite ao profissional farmacêutico realizar a substituição do medicamento de referência pelo genérico correspondente, prescrito pelo médico, exceto restrições expressas pelo prescritor. Nos casos de prescrição de medicamentos por seu nome genérico, ou seja, pela Denominação Comum Brasileira (DCB) ou pela Denominação Comum Internacional (DCI), sendo assim o farmacêutico pode dispensar tanto o medicamento de referência quanto os genéricos ou similares correspondentes13. Logo após um determinado medicamento de referência perder a sua patente, outros laboratórios de indústrias farmacêuticas solicitam a autorização do órgão regulador responsável (ANVISA) para então produzir cópias fieis desse medicamento, nesse caso um novo medicamento similar. E para que a sua distribuição no mercado é necessária que seja feito o teste de bioequivalência entre ambos. Um estudo de bioequivalência entre três produtos de hidroclorotiazida e enalapril foi feito pela Farmácia Popular junto a ANVISA, o objetivo era comprovar se poderia ou não haver intercambialidade com o seu respectivo medicamento de referência, por fim os resultados confirmaram que os três produtos contendo hidroclorotiazida eram intercambiáveis, porém os resultados dos três produtos contendo enalapril mostraram que nem 50% deles eram intercambiáveis, ou seja, houve divergências no intervalo de velocidade e tempo de absorção. Isso mostra que existem marcas de medicamentos similares que podem apresentam algumas diferenças em relação ao de referência, não apenas no seu material externo, por exemplo a sua embalagem, mas também nos seus efeitos farmacológicos14. Umas das principais ferramentas para reestabelecer a saúde do paciente são os medicamentos, de modo que, quando usados da formacorreta, possam contribuir para o seu bem de produção. Todavia, se utilizado de forma irracional, o medicamento tende a manifestar no corpo do paciente os efeitos adversos. Tal situação pode ser amenizada com ações de promoção e educação em saúde. O Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101128 profissional farmacêutico é uma importante ferramenta para combater o uso irracional de medicamentos, uma vez que, é possuidor de conhecimentos específicos e faz parte da assistência farmacêutica e atenção farmacêutica, com o torna um vultuoso aliado em favor de toda a sociedade, sempre visando a qualidade de vida e a manutenção bem como a restauração da saúde do paciente15. A importância do profissional farmacêutico na dispensação de medicamentos é assunto de ampla discussão, e assim foi dada por Angonesi (2010), no qual verificou notabilidade do seu papel e de que esses profissionais estejam atualizados e atentos as normas vigentes. Tendo além da competência de realizar a intercabialidade, o profissional farmacêutico deve orientar sobre o procedimento, associando suas explicações sobre os testes de biodisponibilidade e bioequivalência e a forma que estes testes garantem a eficácia e segurança dos medicamentos16. Alguns fatores podem influenciar o paciente na tomada de decisão de não trocar o medicamento de referência pelo seu respectivo similar, por exemplo, a fidelidade do paciente a prescrição médica muitas vezes é determinada pela confiança que existe entre médico e paciente, a facilidade do paciente em ir a consultas médicas, a disponibilidade de recursos para adquirir medicamentos de valores mais altos que outros, sendo influenciados também por grupos de profissionais que buscam fazer com que o paciente faça a aquisição do medicamento de referência, ou até mesmo pelo simples fato do paciente não saber a diferença entre medicamento similar e de referência17. Existem também fatores determinantes para que o paciente aceite a troca do medicamento de referência pelo similar, por exemplo, o preço é uma das principais razões pelo qual o paciente tem aceitado a troca, e isso ganha mais força ainda quando tem influência dos responsáveis pela dispensa sejam eles balconistas ou pelos próprios donos da farmácia no qual ambos recebem um lucro maior quando vendem um medicamento similar e não um de referência17, 18. Em 2014 foi publicada a RDC 58/2014, no qual dispõe sobre a Lista de medicamentos aprovados pela ANVISA (QUADRO 01) nos quais podem ser intercambiáveis com o de referência3. O uso dessas listas é importante para a pratica do profissional farmacêutico. Uma situação relevante tem sido o fato que medicamentos para doenças crônicas e “medicamentos em doses críticas” estão listadas entre os medicamentos “equivalente” (EQ) aprovados. O termo equivalente se refere aos medicamentos similares que são intercambiáveis com de referencia. Assim, o processo de intercambiabilidade de medicamentos não bioequivalentes levanta profundas preocupações em relação a falhas terapêuticas e eventos adversos. Em especial no tratamento de doenças como epilepsia, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão, diabetes e medicamentos um índice terapêutico estreito. 19 Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101129 No trabalho de Lopes e Neves14 que por meio de uma revisão menciona falta de intercambialidade em 50% das comparações estudadas dos medicamentos com Maleato de Enalapril, um importante antihipertensivo. O autor salienta ainda que ainda que Enalapril seja um medicamento muito seguro, com ampla janela terapêutica, substituições entre esses medicamentos podem trazer respostas terapêuticas diferenciadas. Mais recentemente alguns estudos reforçam esse achado, sendo estudo da equivalência farmacêutica, essenciais para o processo da intercambialidade, os trabalhos de Pereira et al. 20 e Silva et al. 21. Na avaliação da equivalência farmacêutica de dois medicamentos genéricos e dois medicamentos similares frente ao medicamento de referência de comprimidos de hidroclorotiazida 25 mg observou que a maioria das amostras foram consideradas aprovadas através dos métodos realizados, exceto uma de um dos medicamentos similares, a qual apresentou valores acima do estabelecido (108,74%).20 O Atenolol, um outro fármaco da classe dos antihipertensivos, ao ser avaliado sua equivalência farmacêutica evidenciou que nos testes de dissolução, todos lotes de genéricos e similares avaliados foram reprovados, pois após o período de teste o conteúdo de atenolol excedeu o limite de 110%.21 Tal fato dos ensaios de equivalência farmacêutica evidencia lotes que não seriam intercambiáveis reforça a necessidade dos ensaios e papel do Farmacêutico nesse processo, em especial em medicamentos de uso crônicos como caso dos antihipertensivos. Demais evidencias mostram a alta quantidade e representatividade de medicamentos similares, como no caso de formulações para uso tópico em que dos registrados pela Anvisa, os medicamentos similares representam 41,3%. Com relação aos medicamentos contendo um único fármaco sendo um total de 1.573 destes 514 são medicamentos similares. Sabe-se que podem diferir qualitativa e quantitativamente da referência, demonstram que os estudos de equivalência farmacêutica exigidos atualmente no momento do registro podem não ser suficientes para garantir a eficácia e segurança da cópia.22 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir deste trabalho foi possível descrever o processo de intercambialidade de medicamentos similares e referência. Na qual foram observadas a importância do profissional farmacêutico no que diz respeito a verificação destes procedimentos para cumprimento das devidas leis que determinam parâmetros para que ocorra a intercambialidade, sendo assim é papel desse profissional orientar o paciente a cerca desse processo e garantir que o mesmo tenha um tratamento adequado e seguro, Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101130 portanto, além de substituir os produtos de referência por produtos de menor preço, os similares ampliaram o tamanho do mercado farmacêutico, uma vez que o menor preço facilita o acesso a certos produtos e tratamentos. Logo, um importante desafio para os farmacêuticos será o de incentivar o processo de intercambialidade promovendo uma conscientização dos usuários e profissionais de saúde no sentido da qualidade e do menor preço dos medicamentos similares, uma vez que a sua eficácia e qualidade forem comprovadas. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.101122-101132 dec. 2020. ISSN 2525-8761 101131 REFERÊNCIAS 1. FREITAS, G.; et al. Equivalência entre Medicamentos de Referência, Genéricos e Similares nas Terapêuticas Medicamentosas Crônicas Anti-Hipertensivas. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, v. 6,n. 1,p. 47-53, 2014. 2. FREITAS, M. S. T. Intercambialidade de medicamentos genéricos e similares de um mesmo medicamento de referência. 2016. Tese (Doutorado em Produção e Controle Farmacêuticos). 196 f. Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. 3. BRASIL. RDC nº 58, de 10 de outubro de 2014. 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