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Praticamente toda doença é resultado da ação combinada de genes e ambiente, mas o papel relativo do componente genético pode ser grande ou pequeno. Entre os transtornos causados total ou parcialmente por fatores genéticos, três tipos principais são reconhecidos: distúrbios cromossômicos, distúrbios monogênicos e distúrbios multifatoriais. Nos distúrbios cromossômicos, o defeito não se deve a um único erro na sequência genética, mas a um excesso ou a uma deficiência de genes localizados em cromossomos inteiros ou em seus segmentos. Por exemplo, a presença de uma cópia extra do cromossomo 21 está associada a um distúrbio específico, a síndrome de Down, embora nenhum gene individual nesse cromossomo esteja alterado. A duplicação ou deleção de segmentos menores de cromossomos, que variam em tamanho de apenas um único gene até uma pequena porcentagem do comprimento de um cromossomo, pode causar defeitos congênitos complexos, como a síndrome de DiGeorge ou até mesmo autismo isolado sem qualquer alteração física evidente. Como um todo, os distúrbios cromossômicos são comuns, afetando cerca de sete a cada 1.000 nascidos vivos e sendo responsáveis por cerca de metade de todos os abortos espontâneos que ocorrem no primeiro trimestre de gravidez. Os distúrbios monogênicos são causados por mutações patogênicas em genes individuais. A mutação pode estar presente em ambos os cromossomos de um par (um de origem paterna e outro de origem materna) ou em apenas um cromossomo do par (combinado com uma cópia normal do gene na outra cópia cromossomômica). Distúrbios monogênicos frequentemente causam doenças que seguem um dos padrões de herança clássicos em famílias (autossômico recessivo, autossômico dominante ou ligado ao X). Em alguns casos, a mutação ocorre no genoma mitocondrial, e não no nuclear. De qualquer maneira, a causa é um erro crítico na informação genética transportada por um único gene. Distúrbios monogênicos, tais como a fibrose cística, a anemia falciforme e a síndrome de Marfan, geralmente apresentam padrões de heredogramas evidentes e característicos. A maioria desses transtornos é rara, com uma frequência que pode ser de até um em 500 a 1.000 indivíduos, mas em geral muito menos. Ainda que sejam individualmente raros, os distúrbios monogênicos, como um todo, são responsáveis por uma proporção significativa de doenças e mortes. No geral, a incidência de distúrbios monogênicos graves na população pediátrica foi estimada como sendo de aproximadamente um a cada 300 nascidos vivos; ao longo de uma vida inteira, a prevalência de distúrbios monogênicos é de um em 50. As doenças multifatoriais com herança complexa são responsáveis pela maioria das doenças em que há um componente genético, conforme demonstrado por um maior risco de uma doença em gêmeos idênticos ou parentes próximos de indivíduos afetados em comparação com a população em geral e ainda quando a história familiar não se enquadra nos padrões de herança característicos observados nos transtornos de um único gene. As doenças multifatoriais incluem malformações congênitas, como a doença de Hirschsprung, as fendas labial e palatina, e as cardiopatias congênitas, assim como muitas doenças comuns da vida adulta, como a doença de Alzheimer, o diabetes e a doença arterial coronariana. Em muitas dessas condições, não parece haver um erro único na informação genética. Em vez disso, a doença resulta do impacto combinado de formas variantes em muitos genes diferentes, de modo que cada variante pode causar, proteger ou predispor a um defeito grave, frequentemente em conjunto com ou desencadeado por fatores ambientais. As estimativas do impacto de doenças multifatoriais variam de 5% na população pediátrica a mais de 60% na população em geral. Cada espécie possui um complemento cromossômico característico (cariótipo) em termos de número, morfologia e conteúdo dos cromossomos que compõem seu genoma. Os genes estão dispostos linearmente ao longo dos cromossomos, sendo que cada gene tem uma posição precisa ou locus. Um mapa genético é o mapa da localização genômica dos genes e é característico de cada espécie e individual dentro da espécie. O estudo dos cromossomos, da sua estrutura e da sua hereditariedade é denominado citogenética. A ciência da citogenética humana data de 1956, quando foi estabelecido, pela primeira vez, que o número normal de cromossomos humanos é 46. Desde então, muito se aprendeu sobre os cromossomos humanos, sua estrutura e composição normais, e a identidade dos genes que eles contêm, bem como sobre suas inúmeras e variadas anormalidades. A sequência de DNA nuclear é aproximadamente 99,5% idêntica entre dois seres humanos não aparentados. Ainda, é precisamente a diferença na pequena fração da sequência de DNA entre indivíduos que é responsável pela variabilidade geneticamente determinada, a qual é evidente tanto na existência diária quanto na medicina clínica. Muitas diferenças nas sequências de DNA têm pouco ou nenhum efeito na aparência externa, ao passo que outras diferenças são diretamente responsáveis por causar doença. Entre esses dois extremos está a variação responsável pela variabilidade geneticamente determinada na anatomia, na fisiologia, nas intolerâncias alimentares, na suscetibilidade à infecção, na predisposição ao câncer, nas respostas terapêuticas ou nas reações adversas a medicamentos, e talvez até mesmo a variabilidade em vários traços de personalidade, aptidão atlética e talento artístico. As mutações são por vezes classificadas pelo tamanho da sequência de DNA alterada e, em outros momentos, pelo efeito funcional da mutação na expressão gênica. Embora a classificação por tamanho seja um pouco arbitrária, pode ser útil conceitualmente para distinguir as mutações em três níveis diferentes: • Mutações que deixam cromossomos intactos, mas que alteram o número de cromossomos de uma célula (mutações cromossômicas). • Mutações que mudam apenas uma parte do cromossomo e podem envolver uma alteração no número de cópias de um segmento subcromossômico ou um rearranjo estrutural que envolve partes de um ou mais cromossomos (mutações regionais ou subcromossômicas). • Alterações na sequência de DNA que envolvem a substituição, deleção ou inserção de DNA, variando de um nucleotídeo único até um limite definido de modo arbitrário de aproximadamente 100 kb (mutações gênicas ou de DNA). Dependendo da localização precisa, da natureza e do tamanho da mutação no DNA, as suas consequências funcionais, mesmo aquelas que alteram um único par de bases, podem ir desde consequências completamente inócuas até causar sérias doenças. Por exemplo, uma mutação dentro de um éxon codificante de um gene pode não ter nenhum efeito sobre a forma como esse gene é, se a alteração não afetar a sequência primária de aminoácidos do produto polipeptídico; mesmo que isso aconteça, a modificação resultante na sequência de aminoácidos codificada pode não alterar as propriedades funcionais da proteína. Portanto, nem todas as mutações se manifestam em um indivíduo. Essas alterações, natural ou induzida por algum agente mutagênico, ocorre no genoma (material genético do organismo ou vírus). Ela pode ocorrer tanto em células somáticas como em células germinativas, podendo, assim, ser herdada. As mutações são as principais fontes de variabilidade genética, influenciando diretamente o processo de evolução dos seres vivos. Podem ser classificadas de acordo com o lugar onde ocorrem e efeitos causados. O que é mutação? Mutação é uma alteração que ocorre no material genético dos indivíduos. Podem originar-se de forma natural, durante os processos de mitose, meiose ou síntese proteica, ou ser decorrente da ação de algum agente mutagênico. Também podem ocorrer em três níveis: 1. Molecular: pode também ser chamada de mutação genética ou pontual, afeta um nucleotídeo ou um grupode nucleotídeos do DNA; 2. Cromossômica: ocorre em mais de um gene, afetando, assim, a estrutura do cromossomo; 3. Genômica: altera o conjunto do genoma, podendo afetar o número total de cromossomos ou os cromossomos presentes nos pares de forma individual. Esse tipo de mutação é responsável por causar algumas síndromes, como a síndrome de Down. Como ocorrem as mutações? Como dito, as mutações surgem de forma natural ou podem ser induzidas por agentes mutagênicos, isto é, substâncias químicas ou de natureza física que podem induzir as mutações, como os raios ultravioleta e raios X, bebidas alcoólicas, substâncias derivadas do tabaco, bem como alguns medicamentos. As mutações ocorrem em virtude de alterações que surgem nos nucleotídeos do DNA, podendo ocorrer por meio de alterações químicas nas bases nitrogenadas, erros na incorporação de nucleotídeos (inserção de uma base nitrogenada no lugar de outra), adição ou deleção de bases nitrogenadas, alterações na estrutura e no número de cromossomos, entre outros fatores. Muitas vezes, algumas dessas alterações que surgem são corrigidas antes da replicação do DNA. Quando isso não ocorre, surge uma nova molécula com a alteração, e ela pode reproduzir-se, perpetuando a mutação. As mutações podem ocorrer em células somáticas ou germinativas. Quando surgem nas células somáticas (células do corpo, exceto as reprodutivas), elas geralmente não são herdáveis, podendo causar problemas como o desenvolvimento de tumores, envelhecimento precoce, malformações (quando ocorre no período embrionário), entre outros. Quando ocorrem em células germinativas (células que originam os gametas), essas mutações são passadas aos descendentes, podendo causar diversas desordens genéticas, o surgimento de síndromes, malformações e aborto. https://www.biologianet.com/biodiversidade/virus.htm https://www.biologianet.com/biodiversidade/o-que-sao-seres-vivos.htm https://www.biologianet.com/biologia-celular/mitose.htm https://www.biologianet.com/biologia-celular/meiose.htm https://www.biologianet.com/biologia-celular/dna.htm https://www.biologianet.com/genetica/genes.htm https://www.biologianet.com/biologia-celular/cromossomos.htm https://www.biologianet.com/biologia-celular/o-que-celula.htm https://www.biologianet.com/biologia-celular/gametas.htm Tipos de mutações As mutações podem ser classificadas de diferentes maneiras. Anteriormente, destacamos a sua classificação conforme o local onde ocorrem. Agora apresentamos alguns tipos de mutações conforme o efeito que elas causam: • Mutação silenciosa: é um tipo de mutação molecular cuja mudança no nucleotídeo do DNA não altera o aminoácido sintetizado. • Mutação com alteração ou perda de sentido: é também um tipo de mutação molecular, no entanto, a mudança no nucleotídeo causa uma alteração que leva à síntese de um aminoácido diferente do esperado. • Mutação sem sentido (nonsense): mutação molecular cuja alteração no nucleotídeo causa o surgimento de um códon (sequência de três bases nitrogenadas) de término, indicando o fim da cadeia de aminoácidos. Assim, a proteína que está sendo sintetizada é cortada prematuramente. • Mutação frameshift: a inserção ou deleção de bases nitrogenadas altera a sequência de códons, o que gera uma sequência diferente de aminoácidos ou, até mesmo, um códon de término. • Duplicação: mutação cromossômica na qual surgem cópias de determinado trecho do cromossomo, podendo alterar a sequência de códons. Geralmente está relacionada com a perda desse trecho (deleção) no cromossomo homólogo. • Deleção: perda de um segmento de cromossomos, seja na extremidade, seja em seu interior. Esse tipo de mutação cromossômica também pode ocasionar mudança na sequência de códons. • Importância das mutações As mutações, muitas vezes, são relacionadas a algo ruim, principalmente por estarem ligadas ao surgimento de alguns tipos de tumores e síndromes. Entretanto, as mutações podem criar novos alelos e novos genes, contribuindo para uma maior variabilidade genética. A variabilidade genética amplia a capacidade das populações de lidarem com mudanças ambientais e está sujeita à seleção natural, que eliminará ou preservará um determinado fenótipo (conjunto de características observáveis em um organismos) gerado por um determinado genótipo, sendo um fator essencial no processo evolutivo. Geralmente, quando a mutação faz surgir uma característica que confere uma determinada vantagem ao indivíduo, ela é preservada. O genótipo das espécies é fruto de mutações vantajosas, que foram preservadas ao longo do tempo pela seleção natural. https://www.biologianet.com/biologia-celular/aminoacidos.htm https://www.biologianet.com/evolucao/selecao-natural.htm
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