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ADOLESCÊNCIA E O AMBIENTE ESCOLAR

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Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de uma faixa etária, 
permitindo-nos reconhecer individualidades, o que nos torna mais aptos para observação e interpretação 
dos comportamentos (PAPALIA, FELDMAN, 2013). Tratando-se de adolescentes, é importante 
compreender como a escola contribui para a preparação desses sujeitos para a adultez. 
• A escola é um lugar protagonizado por indivíduos que estão passando pelo período do 
desenvolvimento conhecido como adolescência, cumprindo o papel de preparar para a vida 
adulta, além de aprenderem a trabalhar, assimilar regras sociais, conhecimentos básicos, valores 
morais coletivos e modelos de comportamento considerados adequados pela sociedade (BOCK; 
FURTADO; TEIXEIRA, 2008). 
No exercício da Psicologia é importante estar atento às influências e impactos (positivos e 
negativos) da escola na vida do sujeito, independentemente da área de atuação. Não é incomum 
atender adolescentes que veem na escola um ambiente “adoecedor”, seja por conta de formas de 
violência (como a violência verbal) ou pela pressão social estabelecida sobre esses sujeitos, de, por 
exemplo, escolher um curso de nível superior o mais cedo possível. 
Bock, Furtado e Teixeira (2008) mencionam que durante a sociedade pré-industrial, as crianças 
tornavam-se adultas por conta do ambiente familiar, já que elas aprendiam o ofício dos pais, porém com 
a chegada da Revolução Industrial, as fábricas passaram a abrigar funcionários exclusivamente adultos. 
Contini (2002) relata que os pais queriam ter seus filhos mais tempo em sua tutela sem a 
necessidade de trabalhar, portanto mantê-las na escola foi uma solução, ou seja, os pais 
enxergavam a escola apenas como um espaço de “depósito de crianças”. Contudo, essa é uma visão 
errônea, pois para o desenvolvimento saudável e para uma educação de qualidade é necessário que 
exista uma parceria entre a escola e a família dos adolescentes. 
Aberastury e Knobel (1981) citam que o adolescente sente que é o maior responsável por planejar sua 
vida, controlar as mudanças nas quais ele irá passar e, assim, se adaptar ou não, gerando reformas 
sociais. Então, o adolescente que está frequentando a escola muitas vezes pode se sentir sozinho no 
seu processo de desenvolvimento, e é na busca de não se sentir sozinho que ele busca acessar os seus 
pares (colegas de classe). Assim, o espaço escolar facilita a entrada de sujeitos nos grupos e, 
consequentemente, a produção de sentimentos de pertencimento, solidariedade e cidadania. 
REFERÊNCIA: 
XAVIER SOUSA JUNIOR, P. DE T.; MINEIRO MARTINS, H. M. 
Confissões de adolescentes: os olhares da adolescência na 
escola. Horizontes, v. 37, p. e019010, 15 mar. 2019. 
 
Muito do que se tem hoje de educação partiu de uma luta social para que efetivamente exista a 
possibilidade de um espaço educacional disponível para os sujeitos. Dessa forma, ao pensar o processo 
de ensino-aprendizagem gratuito no Brasil, demarca-se um processo de transformação social. 
• O desenvolvimento da industrialização durante os séculos XIX e XX apresenta como uma efetiva 
transformação do âmbito escolar para o que conhecemos na atualidade. A escola passou por 
transformações, sendo a principal delas a universalização, ou seja, a partir de agora ela 
passaria a atender todas as crianças e adolescentes independentemente da classe social, 
contudo, esse efeito só se deu devido às manifestações feitas pelas classes de trabalhadores que 
exigiam melhores condições para seus filhos, além de terem um lugar digno para o aprendizado, 
portanto instituição não teve outra saída a não ser receber toda essa nova classe de alunos a fim 
de se tornarem cidadãos capazes de planejar seu futuro (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). 
Diante de novas demandas é sempre necessário alterar a forma do ensino. Um bom exemplo são as 
aulas remotas implementadas durante a pandemia de covid-19. Historicamente, o jeito de lecionar foi 
sofrendo alterações, pois a escola não somente passou a ensinar o indivíduo para o trabalho 
como também a oferecer conhecimentos básicos da língua e do cálculo. Hoje encontramos uma 
realidade muito distinta, a escola cresceu e atualmente não apresenta somente matérias como geografia, 
química ou física, para além disso, instrui o indivíduo a crescer, alterando assim seus valores, 
comportamentos e assimilar regras de convivência em nossa sociedade (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 2008). 
A escola acima de tudo forma cidadãos, deixando não somente a didática das matérias como alvo, 
mas também onde as relações sociais possam ser questionadas além da formação de indivíduos 
conscientes de sua inserção social (LANE, 1981). Esse ambiente deve auxiliar o sujeito a compreender 
a importância do seu papel ético e político na sociedade em que ele está inserido. 
Quando a relação adolescência e escola entram em conflito, a psicologia pode entrar como um 
meio de resolução, usando estratégias de mediação, da crise desse conflito. Conforme Patto 
(1997), a definição de que o papel do psicólogo na escola é aperfeiçoar a qualidade do nível educacional 
dos alunos utilizando assim conhecimentos psicológicos chega ser algo ambíguo [...] O psicólogo deve 
escutar as diversas demandas que surgem na escola e pensar em estratégias para lidar com tais 
questões (ANDRADA, 2005). 
A preparação para um futuro profissional e aprender a conviver em sociedade através de suas normas 
faz parte da educação do aluno em sala de aula, assim a escola se faz essencial na vida do adolescente. 
REFERÊNCIA: 
XAVIER SOUSA JUNIOR, P. DE T.; MINEIRO MARTINS, H. M. 
Confissões de adolescentes: os olhares da adolescência na 
escola. Horizontes, v. 37, p. e019010, 15 mar. 2019. 
 
• A escola precisa apresentar aos estudantes quais as normas/limites sociais que eles 
precisam seguir. 
Segundo Dayrell (2009), no cotidiano das escolas, o jovem geralmente aparece como um problema, com 
ênfase na sua disciplina; na sua “falta de respeito”, na sua “irresponsabilidade” diante dos compromissos 
escolares; na sua “rebeldia” quanto à forma de se vestir – o que pode gerar motivo de um conflito, já que 
a maioria das escolas exige um padrão rígido de vestimenta. 
Diante disso, se faz necessário, como acentua Khouri (1984), o psicólogo atuar como parte de um 
grupo no qual está a serviço de transformar cada vez mais a educação, pois é necessária uma 
escuta dos alunos, assim como dos profissionais da escola, além da presença da família para que essas 
barreiras existentes contra os adolescentes (de que são irresponsáveis etc.) sejam quebradas. De acordo 
com Clerget (2004), outro ponto importante são as dificuldades escolares, um dos motivos mais 
comuns nos consultórios de psicologia. 
Avançando um pouco mais sobre o papel do psicólogo, é importante salientar que esse profissional 
irá precisar compreender como os adolescentes estão se portando dentro do espaço escolar, 
especialmente aqueles que apresentam algum grau de sofrimento psíquico, pois, como na escola 
estão sempre rodeados de adultos (professores, funcionários, pais), esses adultos podem facilmente 
minimizar ou desconsiderar a possibilidade de que este adolescente realmente esteja adoecido, por ex. 
Uma fala comum, é: “Seus pais te dão tudo. Não tem motivo para você estar em crise de ansiedade”. 
Assim, o psicólogo precisa sensibilizar esses adultos a compreenderem que esse sujeito adoece 
por diversas questões e por particularidades que, muitas vezes, não ocorrem em outra fase do 
desenvolvimento – existem lugares de sofrimento que são particulares da adolescência, por exemplo, o 
sofrimento por não se encaixar em determinado padrão, por não pertencer a determinados grupos, pela 
pressão de precisar adentrar no mercado de trabalho etc. O psicólogo precisa dar voz a esses 
estudantes, pois o sofrimento que eles apresentam é real e deve ser considerado. 
A pressão escolar, a competitividade,o futuro profissional incerto e até mesmo o desinteresse de alguns 
pais no desempenho escolar de seus filhos são dilemas encontrados nos adolescentes. Dessa forma, o 
psicólogo deve ajudar a disseminar a ideia de que não se deve impor aos adolescentes o sucesso 
em todos os campos escolares, pois o saber é dependente da evolução psicoafetiva e os investimentos 
se repartem de maneira heterogênea por diferentes matérias (CLERGET, 2004). 
Dayrell (2009) afirma que além do psicólogo conhecer o ambiente escolar, é necessário estar atento 
às demandas desses adolescentes e é necessário um olhar antropológico para que esse profissional se 
dirija para a realidade que esses jovens enfrentam fora da escola, para assim conhecê-los melhor. 
REFERÊNCIA: 
XAVIER SOUSA JUNIOR, P. DE T.; MINEIRO MARTINS, H. M. 
Confissões de adolescentes: os olhares da adolescência na 
escola. Horizontes, v. 37, p. e019010, 15 mar. 2019. 
 
O psicólogo construirá caminhos junto com a escola, atendendo de uma forma melhor as 
necessidades reais dos jovens (KHOURI, 1984). Assim, em um momento de intervenção, o adequado 
é observar quais as demandas mais urgentes que são trazidas por esses jovens. De nada adianta 
abordar um tema que não tenha a ver com a realidade desses sujeitos – isso não seria tão efetivo quanto 
ouvir as demandas antes de desenvolver estratégias. 
O período escolar, agora bem mais extenso – no Brasil, por exemplo, foi recentemente adicionado 
mais um ano à grade escolar – gera atualmente novos conflitos para os adolescentes, como o 
distanciamento dos pais, que precisam passar muito tempo trabalhando, em vários casos com dois ou 
mais empregos e consequentemente se distanciamento da família, aproximando os adolescentes de 
outras pessoas do seu seio familiar e até mesmo chegando a formar grupos de iguais refletindo assim 
não só no desempenho do adolescente, mas na sua maneira de ver a escola (HABIGZANG; DINIZ; 
KOLLER, 2014). Fica bastante claro o papel do psicólogo escolar no qual colabora com esses jovens 
que precisam de alguma atuação específica (KHOURI, 1984). 
De acordo com Clerget (2004), um ponto importante a se ressaltar são as dificuldades escolares. Os 
alunos citaram que apesar do esforço e da ânsia pelo aprendizado alguns fatores externos 
influenciavam diretamente em seu comportamento em sala de aula, como a falta de atenção dos 
pais já que muitos relataram que seus pais não acompanham sua vida escolar por vários motivos: 
desinteresse, falta de tempo, distância e outros. 
Os professores também não ficaram fora do discurso dos alunos. A indisciplina e o desinteresse dos 
alunos foram pontos citados por esses profissionais durante conversas informais. Conforme Habigzang, 
Diniz e Koller (2014), a maioria dos alunos são vistos de uma forma, e uns são taxados como alunos 
problemas, alguns mais quietos e tímidos e outros nas quais a beleza e o status social são mais 
importantes. Ademais, os alunos questionaram a forma a qual esses profissionais da educação 
ministram o conteúdo em sala de aula e como alguns não conseguem lidar com os problemas da 
classe. Os alunos falam que falta mais diálogo entre eles e os professores. Dependendo da forma como 
os professores se apresentam, eles podem representar um fator de risco para a saúde mental dos 
adolescentes. 
• É importante que o psicólogo e os professores se atentem também aos alunos mais quietos. 
Geralmente, existe uma atenção maior para aqueles que não se comportam devidamente, pois 
eles “atrapalham a aula”, mas esses mais quietos muitas vezes podem estar em um lugar de 
REFERÊNCIA: 
XAVIER SOUSA JUNIOR, P. DE T.; MINEIRO MARTINS, H. M. 
Confissões de adolescentes: os olhares da adolescência na 
escola. Horizontes, v. 37, p. e019010, 15 mar. 2019. 
 
sofrimento e, em casos mais graves, podem apresentar problemas psicológicos. Um 
problema bastante recorrente no espaço escolar é o da automutilação, sendo importante que o 
profissional de psicologia tenha esse olhar crítico para observar se esse problema está se 
apresentando, para que possa cuidar da saúde mental desses adolescentes. 
Percebe-se que existe um conflito entre os alunos, que não se sentem ouvidos, e os professores, que 
reclamam de já não aguentar mais a indisciplina. Há, nesse caso, um embate de gerações. Esse 
embate é prejudicial para a saúde mental dessas duas gerações. 
Existe uma necessidade de construirmos adolescentes cada vez mais ativos e críticos no seu processo 
de formação, mas, para isso, é preciso que a escola seja um espaço democrático onde o aluno tenha 
a autonomia de apresentar a sua subjetividade na realização das tarefas, e não só vá para a escola com 
o objetivo de decorar conteúdos. Para que isso ocorra, é importante que o professor deixe de ocupar 
o espaço de apenas reprodutor de conteúdo e passe a ser um sujeito que é realmente mediador 
do processo de ensino-aprendizagem. 
A participação ativa do adolescente na escola é importante, pois ele precisará assumir sua autonomia 
quando estiver no mercado de trabalho. Os adolescentes participantes da pesquisa evidenciaram que 
apreciam uma metodologia criativa que os fazem falar sobre os mais variados assuntos, podendo assim 
escutar a opinião dos colegas com quem convive diariamente sobre determinado assunto e descobrir 
assim, pontos em comum e interessantes para rodas de conversas e afins. 
Dar voz aos adolescentes para que possam realizar discussões acerca das questões pertinentes ao 
âmbito escolar fortalece não apenas os vínculos entre profissionais e alunos, mas também auxilia esses 
sujeitos se tornam protagonistas das suas histórias, compreendendo melhor sua realidade 
estando munido de informações que possam transformá-las. Desse modo, a escola passa a ser um 
âmbito seguro e que, também, favorece o crescimento saudável dos jovens, promovendo a construção 
de cidadãos éticos e políticos para que cada um possa se posicionar diante das barreiras existentes na 
sociedade. Ao dar voz, também fermentamos os sonhos desses adolescentes, invés de cortá-los pela 
raiz, algo muito comum em escolas de classes mais pobres. 
As demandas dos adolescentes de escola pública são muito diferentes das demandas dos alunos 
de escola privada. Assim, ao avaliar esses adolescentes, é importante compreender de qual escola eles 
vêm. Na escola particular, os alunos demonstravam curiosidade a respeito de vários temas e ressaltavam 
REFERÊNCIA: 
XAVIER SOUSA JUNIOR, P. DE T.; MINEIRO MARTINS, H. M. 
Confissões de adolescentes: os olhares da adolescência na 
escola. Horizontes, v. 37, p. e019010, 15 mar. 2019. 
 
a vontade de falar sobre eles no ambiente escolar, além de acreditarem em crenças como a de “não 
existir falta de informação”, já que isso não se aplicava a realidade deles. 
Mesmo que as condições dentro da escola privada sejam melhores, isso não significa dizer que seus 
alunos não necessitam de uma atenção psicológica, muito pelo contrário. 
Para realizar uma avaliação dos impactos da escola para o ensino e aprendizagem, não se pode 
desconsiderar os outros elementos que estão envolvidos nesse processo (ex. super lotação das salas). 
Em geral, nos depoimentos dos alunos participantes da pesquisa, nota-se que os fatores externos nos 
quais cada um está exposto em sua realidade acabam interferindo na visão que esses 
adolescentes fazem da escola. Eles descrevem, por exemplo, que problemas familiares, na maior parte 
do tempo, afetam não somente seu comportamento em sala de aula como também seu desempenho. 
Muitos também relataram não acreditarem que através da escola se pode chegar a uma vida melhor e 
até mesmo a realizar seus sonhos uma vez experenciando a profissão que deseje. 
 
 
 
A EDUCAÇÃO MUDA AS PESSOAS. PESSOAS TRANSFORMAM O MUNDO 
- PAULO FREIRE 
REFERÊNCIA: 
XAVIER SOUSA JUNIOR, P. DE T.; MINEIRO MARTINS, H. M. 
Confissões de adolescentes: os olhares da adolescência na 
escola. Horizontes,v. 37, p. e019010, 15 mar. 2019.

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