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ENEM 2015 (3)

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LINGUAGENS, CÓDIGOSLINGUAGENS, CÓDIGOSLINGUAGENS, CÓDIGOS
E SUAS TECNOLOGIASE SUAS TECNOLOGIASE SUAS TECNOLOGIAS
7
MORFOLOGIA
DEFINIÇÃO
Em lingüística, Morfologia é o estudo da estrutura, 
da formação e da classifi cação das palavras. A pecu-
liaridade da morfologia é estudar as palavras olhando 
para elas isoladamente e não dentro da sua participação 
na frase ou período. A morfologia está agrupada em 
dez classes, denominadas classes de palavras ou clas-
ses gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjeti-
vo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, 
Conjunção e Interjeição.
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
Estudar a estrutura é conhecer os elementos forma-
dores das palavras. Assim, compreendemos melhor o 
signifi cado de cada uma delas. Observe os exemplos 
abaixo:
art-ista brinc-a-mos cha-l-eira cachorr-inh-a-s 
A análise destes exemplos mostra-nos que as pala-
vras podem ser divididas em unidades menores, a que 
damos o nome de elementos mórfi cos ou morfemas. 
Vamos analisar a palavra “cachorrinhas”:
Nessa palavra observamos facilmente a existência 
de quatro elementos. São eles:
cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, 
aquele que contém o signifi cado.
inh - indica que a palavra é um diminutivo
a - indica que a palavra é feminina
s - indica que a palavra se encontra no plural
Morfemas: unidades mínimas de caráter signifi ca-
tivo.
Obs.: existem palavras que não comportam divisão 
em unidades menores, tais como: mar, sol, lua, etc.
São elementos mórfi cos:
1) Raiz, radical, tema: elementos básicos e signifi ca-
tivos
2) Afi xos (prefi xos, sufi xos), desinência, vogal temá-
tica: elementos modifi cadores da signifi cação dos 
primeiros
3) Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos 
de ligação ou eufônicos. 
Raiz
É o elemento originário e irredutível em que se con-
centra a signifi cação das palavras, consideradas do ângu-
lo histórico. É a raiz que encerra o sentido geral, comum 
às palavras da mesma família etimológica. Observe o 
exemplo:
Raiz noc [Latim nocere = prejudicar] tem a signi-
fi cação geral de causar dano, e a ela se prendem, pela 
origem comum, as palavras nocivo, nocividade, ino-
cente, inocentar, inócuo, etc.
Obs.: uma raiz pode sofrer alterações. Veja o exemplo: 
at-o
at-or
at-ivo
aç-ão
ac-ionar
Radical
Observe o seguinte grupo de palavras:
livr- o 
livr- inho 
livr- eiro 
livr- eco 
Você reparou que há um elemento comum nesse gru-
po?
Você reparou que o elemento livr serve de base para o 
signifi cado? Esse elemento é chamado de radical (ou se-
mantema).
Radical: elemento básico e signifi cativo das pala-
vras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático. 
É encontrado através do despojo dos elementos secun-
dários (quando houver) da palavra.
Por exemplo: 
cert-o
cert-eza
in-cert-eza
LÍNGUA PORTUGUESA
8
Afi xos
Afi xos são elementos secundários (geralmente sem 
vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema 
para formar palavras derivadas. 
Sabemos que o acréscimo do morfema “-mente”, por 
exemplo, cria uma nova palavra a partir de “certo”: cer-
tamente, advérbio de modo. De maneira semelhante, o 
acréscimo dos morfemas “a-” e “-ar” à forma “cert-” cria 
o verbo acertar. Observe que a- e -ar são morfemas capa-
zes de operar mudança de classe gramatical na palavra a 
que são anexados. 
Quando são colocados antes do radical, como acon-
tece com “a-”, os afi xos recebem o nome de prefi xos. 
Quando, como “-ar”, surgem depois do radical, os afi -
xos são chamados de sufi xos. Veja os exemplos:
Prefi xo Radical Sufi xo 
in at ivo 
em pobr ecer 
inter nacion al 
 
Desinências
Desinências são os elementos terminais indicativos 
das fl exões das palavras. Existem dois tipos:
Desinências Nominais: indicam as fl exões de gênero 
(masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos 
nomes.
Exemplos:
alun-o aluno-s 
alun-a aluna-s 
Observação: só podemos falar em desinências no-
minais de gêneros e de números em palavras que admi-
tem tais fl exões, como nos exemplos acima. Em pala-
vras como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não 
temos desinência nominal de gênero. Já em pires, lápis, 
ônibus não temos desinência nominal de número.
Desinências Verbais: indicam as fl exões de número 
e pessoa e de modo e tempo dos verbos. 
Exemplos:
compr-o compra-s compra-mos compra-is compra-
-m 
compra-va compra-va-s 
A desinência “-o”, presente em “am-o”, é uma desi-
nência número-pessoal, pois indica que o verbo está na 
primeira pessoa do singular; “-va”, de “ama-va”, é de-
sinência modo-temporal: caracteriza uma forma verbal 
do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação. 
Vogal Temática
Vogal Temática é a vogal que se junta ao radical, 
preparando-o para receber as desinências. Nos verbos, 
distinguem-se três vogais temáticas:
A 
Caracteriza os verbos da 1ª conjugação.
Exemplos:
buscar, buscavas, etc.
E
Caracteriza os verbos da 2ª conjugação.
Exemplos:
romper, rompemos, etc.
I
Caracteriza os verbos da 3ª conjugação.
Exemplos:
proibir, proibirá, etc.
Tema
Tema é o grupo formado pelo radical mais vogal te-
mática. Nos verbos citados acima, os temas são: 
busca-, rompe-, proibi-
Vogais e Consoantes de Ligação
As vogais e consoantes de ligação são morfemas que 
surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou 
mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada pa-
lavra. 
Exemplo: 
parisiense (paris= radical, ense=sufi xo, vogal de 
ligação=i)
Outros exemplos:
gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, 
cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-
-tão, etc. 
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
Existem dois processos básicos pelos quais se for-
mam as palavras: a derivação e a composição. A diferen-
ça entre ambos consiste basicamente em que, no proces-
so de derivação, partimos sempre de um único radical, 
enquanto no processo de composição sempre haverá 
mais de um radical.
Derivação
Derivação é o processo pelo qual se obtém uma pa-
lavra nova, chamada derivada, a partir de outra já exis-
tente, chamada primitiva. Observe o quadro abaixo:
Primitiva Derivada 
mar marítimo, marinheiro, marujo 
terra enterrar, terreiro, aterrar 
Observamos que “mar” e “terra” não se formam de 
nenhuma outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam 
a formação de outras, por meio do acréscimo de um 
sufi xo ou prefi xo. Logo, mar e terra são palavras primi-
tivas, e as demais, derivadas. 
9
Tipos de Derivação
Derivação Prefi xal ou Prefi xação
Resulta do acréscimo de prefi xo à palavra primitiva, 
que tem o seu signifi cado alterado. Veja os exemplos:
crer- descrer
ler- reler
capaz- incapaz
Derivação Sufi xal ou Sufi xação
Resulta de acréscimo de sufi xo à palavra primitiva, 
que pode sofrer alteração de signifi cado ou mudança de 
classe gramatical. 
Por Exemplo: 
alfabetização
No exemplo acima, o sufi xo -ção transforma em 
substantivo o verbo alfabetizar. Este, por sua vez, já 
é derivado do substantivo alfabeto pelo acréscimo do 
sufi xo -izar.
A derivação sufi xal pode ser:
a) Nominal, formando substantivos e adjetivos.
Por Exemplo: 
papel - papelaria 
riso - risonho
b) Verbal, formando verbos.
Por Exemplo: 
atual - atualizar 
c) Adverbial, formando advérbios de modo.
Por Exemplo: 
feliz - felizmente
Derivação Parassintética ou Parassíntese
Ocorre quando a palavra derivada resulta do acrés-
cimo simultâneo de prefi xo e sufi xo à palavra primiti-
va. Por meio da parassíntese formam-se nomes (subs-
tantivos e adjetivos) e verbos.
Considere o adjetivo “ triste”. Do radical “trist-” 
formamos o verbo entristecer através da junção simul-
tânea do prefi xo “en-” e do sufi xo “-ecer”. A presença 
de apenas um desses afi xos não é sufi ciente para formar 
uma nova palavra, pois em nossa língua não existem as 
palavras “entriste”, nem“tristecer”.
Exemplos:
Palavra Inicial
Prefi xo Radical Sufi xo Palavra Formada 
mudo e mud ecer emudecer 
alma des alm ado desalmado 
Atenção!
Não devemos confundir derivação parassin-
tética, em que o acréscimo de sufi xo e de prefi xo 
é obrigatoriamente simultâneo, com casos como 
os das palavras desvalorização e desigualdade. 
Nessas palavras, os afi xos são acoplados em se-
quência: desvalorização provém de desvalorizar, 
que provém de valorizar, que por sua vez provém 
de valor. 
É impossível fazer o mesmo com palavras formadas 
por parassíntese: não se pode dizer que expropriar pro-
vém de “propriar” ou de “expróprio”, pois tais palavras 
não existem. Logo, expropriar provém diretamente de 
próprio, pelo acréscimo concomitante de prefi xo e su-
fi xo.
Derivação Regressiva
Ocorre derivação regressiva quando uma palavra é 
formada não por acréscimo, mas por redução.
Exemplos:
comprar (verbo) beijar (verbo) 
compra (substantivo) beijo (substantivo) 
Saiba que:
Para descobrirmos se um substantivo deriva de um 
verbo ou se ocorre o contrário, podemos seguir a se-
guinte orientação:
- Se o substantivo denota ação, será palavra deriva-
da, e o verbo palavra primitiva.
- Se o nome denota algum objeto ou substância, 
verifi ca-se o contrário.
Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo 
indicam ações, logo, são palavras derivadas. O mesmo 
não ocorre, porém, com a palavra âncora, que é um ob-
jeto. Neste caso, um substantivo primitivo que dá ori-
gem ao verbo ancorar.
Por derivação regressiva, formam-se basicamente 
substantivos a partir de verbos. Por isso, recebem o 
nome de substantivos deverbais. Note que na lingua-
gem popular, são frequentes os exemplos de palavras 
formadas por derivação regressiva. Veja:
o portuga (de português) 
o boteco (de botequim)
o comuna (de comunista)
Ou ainda: 
agito (de agitar)
amasso (de amassar)
chego (de chegar)
Obs.: o processo normal é criar um verbo a partir de 
um substantivo. Na derivação regressiva, a língua pro-
cede em sentido inverso: forma o substantivo a partir 
do verbo.
Derivação Imprópria
A derivação imprópria ocorre quando determinada 
palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão 
em sua forma, muda de classe gramatical. Neste pro-
cesso:
10
1) Os adjetivos passam a substantivos
Por Exemplo:
Os bons serão contemplados.
2) Os particípios passam a substantivos ou adjetivos
Por Exemplo:
Aquele garoto alcançou um feito passando no con-
curso.
3) Os infi nitivos passam a substantivos
Por Exemplo:
O andar de Roberta era fascinante.
O badalar dos sinos soou na cidadezinha.
4) Os substantivos passam a adjetivos
Por Exemplo:
O funcionário fantasma foi despedido.
O menino prodígio resolveu o problema.
5) Os adjetivos passam a advérbios
Por Exemplo:
Falei baixo para que ninguém escutasse.
6) Palavras invariáveis passam a substantivos
Por Exemplo:
Não entendo o porquê disso tudo.
7) Substantivos próprios tornam-se comuns.
Por Exemplo:
Aquele coordenador é um caxias! (chefe severo e exi-
gente)
Observação: os processos de derivação vistos 
anteriormente fazem parte da Morfologia porque 
implicam alterações na forma das palavras. No en-
tanto, a derivação imprópria lida basicamente com 
seu signifi cado, o que acaba caracterizando um 
processo semântico. Por essa razão, entendemos 
o motivo pelo qual é denominada “imprópria”.
Composição
Composição é o processo que forma palavras com-
postas, a partir da junção de dois ou mais radicais. 
Existem dois tipos:
Composição por Justaposição
Ao juntarmos duas ou mais palavras ou radicais, 
não ocorre alteração fonética. 
Exemplos: 
passatempo, quinta-feira, girassol, couve-fl or
Obs.: em “girassol” houve uma alteração na grafi a 
(acréscimo de um “s”) justamente para manter inaltera-
da a sonoridade da palavra. 
Composição por Aglutinação
Ao unirmos dois ou mais vocábulos ou radicais, 
ocorre supressão de um ou mais de seus elementos fo-
néticos.
Exemplos:
embora (em boa hora)
fi dalgo (fi lho de algo - referindo-se a família nobre)
hidrelétrico (hidro + elétrico)
planalto (plano alto)
Obs.: ao aglutinarem-se, os componentes subordi-
nam-se a um só acento tônico, o do último componen-
te.
Redução
Algumas palavras apresentam, ao lado de sua for-
ma plena, uma forma reduzida. Observe: 
auto - por automóvel
cine - por cinema
micro - por microcomputador 
Zé - por José
Como exemplo de redução ou simplifi cação de 
palavras, podem ser citadas também as siglas, muito 
frequentes na comunicação atual. (Se desejar, veja 
mais sobre siglas na seção “Extras” -> Abreviaturas 
e Siglas)
Hibridismo
Ocorre hibridismo na palavra em cuja formação en-
tram elementos de línguas diferentes.
Por Exemplo:
auto (grego) + móvel (latim)
Onomatopeia
Numerosas palavras devem sua origem a uma ten-
dência constante da fala humana para imitar as vozes e 
os ruídos da natureza. As onomatopeias são vocábulos 
que reproduzem aproximadamente os sons e as vozes 
dos seres.
Exemplos:
miau, zumzum, piar, tinir, urrar, chocalhar, cocoricar, 
etc.
SINTAXE
Defi nição
A Sintaxe é à parte da gramática que estuda a dis-
posição das palavras na frase e a das frases no dis-
curso, bem como a relação lógica das frases entre si. 
Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor procura 
transmitir um signifi cado completo e compreensível. 
Para isso, as palavras são relacionadas e combinadas 
entre si. A sintaxe é um instrumento essencial para o 
manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que 
existem para combinar palavras e orações. 
11
TIPOS DE FRASES
Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só 
podem ser integralmente captados se atentarmos para o 
contexto em que são empregadas. É o caso, por exem-
plo, das situa ções em que se explora a ironia. Pense, por 
exemplo, na frase “Que educação!”, usada quando se vê 
alguém invadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. 
Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do que 
aparentemente diz.
A entoação é um elemento muito importante da fra-
se falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de ex-
pressão. Dependendo de como é dita, uma frase simples 
como “É ela.” pode indicar constatação, dúvida, surpre-
sa, indignação, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais 
de pontuação podem agir como defi nidores do sentido 
das frases. Veja:
É ela?
É ela!!!
É ela.
É ela...
É ela?!
Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais 
ou menos previsível, de acordo com o sentido que 
transmitem. São elas:
a) Frases Interrogativas: ocorrem quando uma pergunta 
é feita pelo emissor da mensagem. São empregadas 
quando se deseja obter alguma informação. A inter-
rogação pode ser direta ou indireta.
Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta)
Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Inter-
rogação indireta)
b) Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da 
mensagem dá uma ordem ou conselho ou se faz um 
pedido, utilizando o verbo no modo imperativo. Po-
dem ser afi rmativas ou negativas.
Faça-o entrar no carro! (Afi rmativa)
Não faça isso. (Negativa)
Dê-me uma ajudinha com isso! (Afi rmativa)
c) Frases Exclamativas: nesse tipo de frase o emissor 
exterioriza um estado afetivo. Apresentam entoação 
ligeiramente prolongada.
Por Exemplo: 
Que prova difícil!
É uma delícia esse bolo!
d) Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor 
constata um fato. Esse tipo de frase informa ou de-
clara alguma coisa. Podem ser afi rmativas ou nega-
tivas.
Obrigaram o rapaz a sair. (Afi rmativa)
Ela não está em casa. (Negativa)
e) Frases Optativas: são usadas para exprimir um de-
sejo. 
Por Exemplo:
Deus te acompanhe!
Bons ventos o levem! 
De acordo com a construção, as frases classifi cam-se em:
Frase Nominal: é a frase construída sem verbos.
Exemplos: Fogo! 
Cuidado!
Beloserviço o seu!
Trabalho digno desse feirante.
Frase Verbal: é a frase construída com verbo.
Por Exemplo: 
O sol ilumina a cidade e aquece os dias.
Os casais saíram para jantar.
A bola rolou escada abaixo.
OBJETIVOS DA ANÁLISE SINTÁTICA
A análise sintática tem como objetivo examinar a es-
trutura de um período e das orações que compõem um 
período.
Estrutura de um Período
Observe: 
Conhecemos mais pessoas quando estamos viajando. 
Ao analisarmos a estrutura do período acima, é pos-
sível identifi car duas orações: Conhecemos mais pesso-
as e quando estamos viajando.
Termos da Oração
No período “Conhecemos mais pessoas quando es-
tamos viajando”, existem seis palavras. Cada uma delas 
exerce uma determinada função nas orações. Em aná-
lise sintática, cada palavra da oração é chamada de ter-
mo da oração. Termo é a palavra considerada de acordo 
com a função sintática que exerce na oração.
Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira, os 
termos da oração podem ser:
1) Essenciais
Também conhecidos como termos “fundamentais”, 
são representados pelo sujeito e predicado nas orações. 
2) Integrantes
Completam o sentido dos verbos e dos nomes, são 
representados por:
complemento verbal - objeto direto e indireto;
complemento nominal;
agente da passiva.
12
3) Acessórios
Desempenham função secundária (especifi cam o 
substantivo ou expressam circunstância). São repre-
sentados por:
adjunto adnominal;
adjunto adverbial;
aposto.
Obs.: 
O vocativo, em análise sintática, é um termo à parte: 
não pertence à estrutura da oração. 
TERMOS INTEGRANTES 
DA ORAÇÃO
Certos verbos ou nomes presentes numa oração não 
possuem sentido completo em si mesmos. Sua signifi -
cação só se completa com a presença de outros termos, 
chamados integrantes. São eles:
• complementos verbais (objeto direto e objeto 
indireto);
• complemento nominal;
• agente da passiva.
COMPLEMENTOS VERBAIS 
Completam o sentido de verbos transitivos diretos e 
transitivos indiretos. São eles:
1) Objeto Direto 
É o termo que completa o sentido do verbo transitivo 
direto, ligando-se a ele sem o auxílio necessário da prepo-
sição. Por exemplo:
Abri os braços ao vê-lo. 
 Objeto Direto 
O objeto direto pode ser constituído:
a) Por um substantivo ou expressão substantivada.
Exemplos: 
O agricultor cultiva a terra./ Unimos o útil ao agra-
dável.
b) Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, 
vos.
Exemplos: 
Espero-o na minha festa. / Ela me ama.
c) Por qualquer pronome substantivo.
Exemplos: 
Não veio ninguém à aula hoje. / O menino que co-
nheci está lá fora. / Onde você leu isso?
ATENÇÃO:
Em alguns casos, o objeto direto pode vir acompa-
nhado de preposição facultativa. Isso pode ocorrer:
- quando o objeto é um substantivo próprio: Adore-
mos a Deus.
- quando o objeto é representado por um pronome pes-
soal oblíquo tônico: Ofenderam a mim, não a ele. 
- quando o objeto é representado por um pronome 
substantivo indefi nido: O diretor elogiou a todos.
- para evitar ambigüidade: Venceu ao inimigo o nosso colega.
Obs.: caso o objeto direto não viesse preposiciona-
do, o sentido da oração fi caria ambíguo, pois não pode-
ríamos apontar com precisão o sujeito (o nosso colega).
Saiba que:
Freqüentemente, verbos intransitivos, podem apa-
recer como verbos transitivos diretos. 
Por Exemplo: 
A criança chorou lágrimas doídas pela perda da mãe.
Objeto Direto
Complemento Nominal
 É o termo que completa o sentido de uma palavra 
que não seja verbo. Assim, pode referir-se a substanti-
vos, adjetivos ou advérbios, sempre através de prepo-
sição.
Exemplos:
Cecília tem orgulho da fi lha.
 substantivo complemento nominal 
Ricardo estava consciente de tudo.
 adjetivo complemento nominal
A professora agiu favoravelmente aos alunos.
 advérbio complemento nominal
Saiba que: O complemento nominal representa o 
recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa 
por um nome. É regido pelas mesmas preposições do 
objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de 
complementar verbos, complementa nomes (substanti-
vos, adjetivos) e alguns advérbios em -mente.
Agente da Passiva
 É o termo da frase que pratica a ação expressa pelo 
verbo quando este se apresenta na voz passiva. Vem re-
gido comumente da preposição “por” e eventualmente 
da preposição “de”. 
Por Exemplo:
 A vencedora foi escolhida pelos jurados.
 Sujeito Verbo Agente da 
 Paciente Voz Passiva Passiva
Ao passar a frase da voz passiva para a voz ativa, o 
agente da passiva recebe o nome de sujeito. Veja:
Os jurados escolheram a vencedora.
 Sujeito Verbo Objeto Direto
13
Voz Ativa
Outros exemplos:
 Joana é amada de muitos.
Sujeito Paciente Agente da Passiva
 Essa situação já era conhecida de todos.
Sujeito Paciente Agente da Passiva
Observações: 
a) O agente da passiva pode ser expresso por substanti-
vos ou pronomes.
Por Exemplo: O solo foi umedecido pela chuva. 
(substantivo)
Este livro foi escrito por mim. (pronome)
b) Embora o agente da passiva seja considerado um ter-
mo integrante, pode muitas vezes ser omitido.
Por Exemplo: O público não foi bem recebido. (pe-
los anfi triões)
SEMÂNTICA
Defi nição
Em lingüística, Semântica estuda o signifi cado e a in-
terpretação do signifi cado de uma palavra, de um signo, de 
uma frase ou de uma expressão em um determinado contex-
to. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças 
de sentido que ocorrem nas formas lingüísticas devido a al-
guns fatores, tais como tempo e espaço geográfi co. 
PREDICAÇÃO DOS VERBOS 
1. CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS QUANTO 
À PREDICAÇÃO 
Podemos dividir todos os verbos da língua portugue-
sa em três categorias: transitivos, intransitivos e de ligação. 
Os transitivos podem ser: diretos, indiretos e diretos e indiretos. 
2. VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS 
Entende-se por transitivo o verbo que precisa de com-
plemento. Vamos observar as seguintes construções: 
a) Elisa ama a vida. 
Função de “a vida”: objeto direto. 
b) Daniela estima as fl ores. 
Função de “as fl ores”: objeto direto. 
c) Ele vê os fi lhos uma vez por semana. 
Função de “os fi lhos”: objeto direto. Os termos 
em negrito completam, respectivamente, o sentido de 
amar, estimar e ver. Observe que não há preposição in-
termediando os verbos e seus respectivos complemen-
tos. Diz-se, então, que os complementos ligam-se aos 
verbos diretamente, ou seja, sem auxílio de preposição. 
São, por isso, verbos transitivos diretos. E é lógico, os 
complementos são chamados de objetos diretos. 
OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO 
Se o verbo transitivo direto vier preposicionado, com 
certeza a preposição não é exigida pelo verbo. O comple-
mento recebe, então, o nome de “objeto direto preposicio-
nado”. 
a) Ela ama a mim. Regência do verbo “amar”: transi-
tivo direto. 
Função sintática da expressão “a mim”: objeto dire-
to preposicionado. 
b) Venceu ao pai o fi lho. Regência do verbo “vencer”: 
transitivo direto. 
Função sintática da expressão “ao pai”: objeto direto 
preposicionado. 
c) No colégio, ele não respeitava a ninguém. 
 Regência do verbo “respeitar”: transitivo direto. 
Função sintática da expressão “a ninguém”: objeto 
direto preposicionado. 
OBJETO DIRETO x PRONOMES ÁTONOS 
Ao lado de verbos transitivos diretos, na função de 
complemento, só podem aparecer os seguintes pronomes 
átonos: 
a) o, a, os, as– Só podem ser objeto direto. Podem apa-
recer antes (próclise), no meio (mesóclise) ou depois 
(ênclise) do verbo, representando pessoas ou coisas. 
Exemplos: 
1. Sempre as respeitei. 
2. Eu a amo. 
3. Eu amo-a. 
4. Respeitá-la-ei sempre.
b) lo, la, los, las – Variantes de o, a, os, as quando en-
clíticos (antes do verbo) ou mesoclíticos (no meio 
do verbo); só podem ser objeto direto. Devem ser 
acrescentados a verbos transitivos diretos que termi-
nem por r, s ou z. 
Exemplos: 
1. Vou respeitá-la sempre. 
2. As cartas-proposta? Devolvemo-las ontem. 
3. As planilhas de custo? Estão prontas: refi -las à noite. 
c) no, na, nos, nas – Variantes de o, a, os, as quando 
enclíticos; só podem ser objeto direto. Devem ser 
acrescentados a verbos transitivos diretos que termi-
nem por ão, õe ou m. 
Exemplos: 
1. Com relação ao dinheiro, ele repõe-no ainda hoje. 
2. Lições de esperança? Eles dão-nas todos os dias. 
3. Obstáculos da vida? Transpõe-nos naturalmente. 
VTD X LHE 
Se o pronome lhe estiver ao lado de verbo transitivo 
direto, com certeza estará no papel de pronome posses-
sivo: pode ser trocado por seu (dele), sua (dela), seus 
(deles), suas (delas). A função sintática, nesse caso, é 
de adjunto adnominal. 
14
Exemplos: 
1. Respeito-lhe muito as opiniões. = Respeito muito as 
suas opiniões. 
2. Conheço-lhe a família há muitos anos. = Conheço a 
sua família há muitos anos. 
3. Doíam-lhe todas as partes do corpo. = Doíam todas 
as partes do seu corpo. 
4. Admiro-lhe muito as atitudes. = Admiro muito as 
suas atitudes. 
VTD E VOZ PASSIVA 
Os verbos transitivos diretos aceitam mudança para 
a voz passiva. Confi ra: 
1. Ela viu todos os fi lmes do festival. (voz ativa) 
Todos os fi lmes do festival foram vistos por ela. 
(voz passiva analítica) 
VTD e ORAÇÃO SUBORDINADA SUBS-
TANTIVA OBJETIVA DIRETA 
O complemento do verbo transitivo direto pode ser 
uma oração inteira: é a oração subordinada substantiva 
objetiva direta. 
1. Ela queria que todos a vissem nua. 
2. Saiu para ver se todos já estavam instalados. 
VERBOS TRANSOBJETIVOS 
Os verbos transitivos diretos que formam o predica-
do verbo-nominal com predicativo do objeto merecem 
atenção especial. São conhecidos como verbos tran-
sobjetivos. O complemento verbal (objeto direto) vem 
acompanhado de predicativo. 
1. Julgamos Teotônio incapaz dessa atitude. 
Função sintática de “incapaz”:predicativo do objeto. 
Classifi cação do predicado: verbo-nominal. 
2. Elegeram-na vereadora. 
Função sintática de “vereadora”: predicativo do ob-
jeto. Classifi cação do predicado: verbo-nominal.
TESTES COM GABARITO
01. Na frase “Quanto aos seus talentos, não exis-
tiam duas opiniões.”, o sujeito é:
a) elíptico;
b) inexistente;
c) simples;
d) indeterminado;
e) composto 
02. Se, na oração anterior, o verbo existir fosse 
substituído pelo verbo haver, teríamos:
a) sujeito simples, com verbo na terceira pes-
soa do plural;
b) sujeito indeterminado, com verbo na ter-
ceira pessoa do plural;
c) sujeito simples, com verbo na terceira pes-
soa do singular;
d) oração sem sujeito, com verbo na terceira 
pessoa do singular;
e) sujeito elíptico, com verbo na terceira pes-
soa do singular.
03. Assinale a opção que completa correta-
mente as lacunas do texto abaixo:
“Eu não tenho � loso� a: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é ________ saiba o 
que ela é,
Mas ________ a amo, e amo-a por isso,
________ quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe _______ ama, nem o que é amar...”
 (Alberto Caieiro)
a) porque - porque - por que - por que
b) porque - porque - porque - porque
c) porque - porque - por que - porque
d) porque - porque - porque - por que
e) por que - por que - porque - porque
04. Assinale a alternativa que completa correta-
mente as lacuna da frase apresentada:
 “________ dois dias que se ________ inicia-
do os trabalhos de contagem dos votos 
sem que se _________ os resultados.
a) Fazia - haviam - previsse
b) Faziam - haviam - prevesse
c) Fazia - havia - previsse
d) Faziam - havia - previssem
e) Fazia - haviam - previssem
05. Na frases “Tomarei banhos de mar.”, “Vou 
refazer minhas malas.” e “Não desobedeça aos 
sinais de trânsito.”, os complementos verbais 
podem ser substituídos por:
a) los – lhes – os b) los – las – lhes
c) lhes – las – lhes d) los – lhes – lhes
e) los – las – os 
15
06. Assinale a frase gramaticalmente correta.
a) Pinte as janelas da sala e às da cozinha também.
b) Eis a colega à qual trago na lembrança.
c) Sua vista esquerda está ótima; agora vou 
examinar à direita.
d) Não dou valor à tolices dessa espécie.
e) A farmácia � ca na próxima rua à direita.
07. Assinale a alternativa que completa com cor-
reção as lacunas da frase seguinte:
“Ficaram frente _____ frente, _____ se encarar, 
sem saber o que dizer uma _____ outra.”
a) à – à – a;
b) à – a – a;
c) a – a – à;
d) a – à – a;
e) à – a – à.
08. Assinale a opção incorreta quanto ao em-
prego do pronome pessoal:
a) Eu falarei consigo mais tarde, meu amigo.
b) O bom pai nunca pensa apenas em si..
c) Leve consigo lápis e borracha, meu � lho.
d) Tua mãe sempre cantou para tu dormires?
e) Nunca houve acordo entre mim e meu che-
fe.
09. “Outrora viajei países imaginários, fáceis de 
habitar. Ilhas sem problemas”, não obstante 
exaustivas e convidando ao suicídio.” 
 (Carlos Drummond de An-
drade)
 A locução destacada no texto acima indi-
ca circunstância de:
a) condição
b) modo;
c) dúvida;
d) concessão;
e) causa.
10. “A tarde talvez fosse azul
 Não houvesse tantos desejos.” 
 (Carlos Drummond de Andrade)
 Embora a segunda oração do texto acima 
esteja desprovida de conectivo, ela expri-
me circunstância de:
a) tempo;
b) concessão;
c) causa;
d) consequência;
e) condição.
11. Assinale a opção em que a concordância 
verbal esteja de acordo com o padrão culto.
a) Todos os eleitores têm responsabilidades.
b) A sua preocupação constante era os juros 
altos.
c) Alguns de nós trocam o amor pelo ódio.
d) Nenhum de nós faremos um acordo desses.
e) Falta, neste momento, cinco minutos para o 
término da aula.
12. Assinale a alternativa que preencha, pela 
ordem, as lacunas abaixo:
 I. O verso................ refere-se o poeta é mais 
belo, mais variado e mais imprevisto.
 II. O verso................ trata o poeta é mais 
belo, mais variado e mais imprevisto.
 III. O verso................ o poeta monta seu po-
ema é mais belo, mais variado e mais im-
previsto.
 IV. O verso................ o poeta constrói é mais 
belo, mais variado e mais imprevisto.
a) em que – a que – que – de que;
b) com que – que – com que – de que;
c) a que – de que – com que – que;
d) a que - de que – que – de que;
e) que – de que – com que – que.
13. Assinale a frase que contém erro:
a) É tranqüila a rua onde moro.
b) Não sei onde guardar estes documentos.
c) Todos ignoram onde ele mora.
d) Ele não sabe onde irá no próximo verão.
e) Aquela é a cidade onde nasceu Castro Al-
ves.
14. Assinale a alternativa que apresenta período 
corretamente pontuado.
a) De novo, o paciente gemia; mas manso len-
tamente, sem desespero.
b) De novo, o paciente gemia, mas manso, 
lentamente, sem desespero.
c) De novo, o paciente gemia mas manso, len-
tamente, sem desespero.
d) De novo o paciente gemia, mas manso, len-
tamente, sem desespero.
e) De novo o paciente, gemia, mas manso, len-
tamente, sem desespero.
16
GABARITO
01-c 02-d 03-d 04-e 05-b 06-e 07-c
8-a 09-d 10-e 11-c 12-c 13-d 14-b
MAIS TESTES
01. Assinale o item a seguir em que as duas pa-
lavras não são acentuadas em razão da mesma 
regra:a) público - fábula;
b) baía - saúva;
c) próprios – responsáveis;
d) ausência – critérios;
e) séria – parágrafo
 02. Assinale a alternativa cujas palavras 
recebem acento grá� co de acordo com a mes-
ma regra:
a) hífen - cânon - próton
b) caráter - útil - área
c) herói - mói - álcool
d) juízes - ilhéus - tuiuiú
e) pôde - pôr - pô-lo
03. Dirigindo-se à ....... de informações, soube 
que não haveria a ......... das oito; por isso fez 
......... do bilhete para seu amigo.
a) sessão - cessão - cessão
b) seção - sessão - cessão
c) sessão - cessão - seção
d) cessão - seção - sessão
e) seção - seção - cessão
04. Protestei contra a voz, mandando que se 
calasse ............ eu não admitia impertinência.
O elemento capaz de estabelecer nexo adequa-
do entre as duas a� rmativas é:
a) porque
b) por que
c) por isso
d) entretanto
e) portanto
05. Complete as lacunas das frases seguintes:
(   ) .......... você fez isso, companheiro?
(   ) Foram muitas as di� culdades ........... pas-
sei.
(   ) Não � camos sabendo o .......... da questão.
(   ) Ficamos felizes ........... você venceu.
1. por que     3. porquê 
2. porque        4. por quê
A seqüência correta é:
a) 1 - 1 - 1 - 1
b) 4 - 1 - 4 - 2
c) 2 - 2 - 4 - 2
d) 1 - 4 - 3 - 4
e) 1 - 1 - 3 - 2
 06. Assinale a alternativa em que o acento in-
dicativo da crase foi empregado corretamente:
a) Venho à pedido do meu superior.
b) Escreveu uma carta à lápis.
c) Os turistas regressaram à terra antes do ho-
rário previsto.
d) Dediquei minhas palavras a senhora que 
nos recepcionou.
e) Ficamos à distância de dez metros do aci-
dente.
07. Selecione a alternativa que completa corre-
tamente as lacunas da seguinte frase: 
Os alunos do primeiro ano, ........... essas horas, 
não sairão mais ......... ruas, ......... menos que este-
jam acompanhados por um responsável.
a) à - às - à;
b) à - às - a;
c) a - às - a;
d) a - às - à;
e) a - as - a.
08. Assinale a letra correspondente à alternativa 
que completa corretamente as lacunas da frase:
Ele está ali .......... muitas horas, ......... espera do 
nascimento do � lho, que deverá ocorrer daqui 
......... pouco.
a) há - à - a
b) há - a - há
c) a - a - há
d) à - à – a
e) há - à - à
09. Veri� que o emprego das formas pronomi-
nais nos períodos abaixo:
1. Não há mais ciúmes entre eu e ele.
2. Perante eu e vós o juiz a declarou culpada.
3. Papai deu o carro para mim dirigir.
17
4. Contra os alunos e eu estava o chefe da co-
ordenadoria.
5. Sem você e eu ninguém fará nada correto.
Assinale a opção correta:
a) Todos os períodos estão corretos;
b) Todos os períodos estão incorretos;
c) Apenas o período 3 está incorreto;
d) Apenas o período 1 está incorreto;
e) Apenas os períodos 1 e 3 estão incorretos.
10. Destaque a frase em que o pronome relativo 
está empregado corretamente:
a) É um cidadão em cuja honestidade se pode 
con� ar.
b) Feliz o pai cujo os � lhos são ajuizados.
c) Comprou uma casa maravilhosa, cuja casa 
lhe custou uma fortuna.
d) Preciso de um pincel delicado, sem o cujo 
não poderei terminar meu quadro.
e) Os jovens, cujos pais conversei com eles, 
prometeram mudar de atitudes.
11. Completando-se as lacunas das frases:
1. No palco, você deverá � car entre o apresen-
tador e .........
2. Eles chegaram a discutir entre ........, mas 
não brigaram.
3. Percebi que o plano era para ......... desistir 
do jogo.
4. Passeando pelo jardim, o velho falava ........, 
murmurando frases confusas.
Obtém-se as formas:
a) mim - eles - mim - consigo;
b) mim - si - eu - consigo;
c) eu - eles - eu - contigo;
d) eu - si - eu - consigo;
e) mim - si - mim - contigo.
12. ........... a Deus e ao próximo; ............ os seus 
deveres e não se .......... . 
As formas verbais que completam corretamente 
as lacunas da frase acima são, respectivamente: 
a) ama - cumpra - desanima;
b) ame - cumpre - desanime;
c) ame - cumpra - desanime;
d) ama - cumpre - desanima;
e) ame - cumpre – desanima.
13. Assinale a alternativa gramaticalmente cor-
reta:
a) Não chores, cala, suporta a tua dor.
b) Não chore, cala, suporta a tua dor.
c) Não chora, cale, suporte a sua dor.
d) Não chores, cales, suportes a sua dor.
e) Não chores, cale, suporte a tua dor.
14. A forma verbal do imperativo não está cor-
reta na frase:
a) Tu falas demais! Fala um pouco menos!
b) Você fala demais! Fale um pouco menos!
c) Nós falamos demais! Falemos um pouco me-
nos!
d) Vós falais demais! Faleis um pouco menos!
e) Eles falam demais! Falem um pouco menos!
15. Completando-se as lacunas com as formas 
verbais pedidas nos parênteses, tem-se:
1) Finalmente eles se ________ do álcool. (abs-
ter)
2) Não me _________ de tanta emoção. (caber)
3) Espera-se que os rebeldes não _________ as 
� orestas. (incendiar)
a) abstiveram - caibo - incendeiem
b) absteram - caibo - incendiem
c) abstinham - coube - incendiem
d) abstiveram - cabo - incendeiem
e) absteriam - caibo - incendeiem
16. Em uma das alternativas a seguir, a forma 
verbal em destaque está incorreta. Assinale-a:
a) É preciso que leiais o que vos diz respeito.
b) Há alguns males que jamais se remedeiam.
c) Não deis ouvidos aos que vos caluniam.
d) Apiedamo-nos das pessoas desvalidas.
e) Quando ocorreu o motim, a polícia interviu.
17. A forma assinalada em uma das opções se-
guintes não é aceita pela norma culta. Aponte-a:
a) Não cri em nada que aquele demagogo 
prometeu.
b) Só espero que valha a pena tamanho sacri-
fício.
c) Eu me precavenho contra os caluniadores.
d) Ponde o interesse coletivo acima de vossos 
interesses.
e) Faça somente o que lhe aprouver.
18
18. A aniversariante ............ muito feliz se ........... 
o carro que lhe ........... . Completando as lacunas 
com verbos no futuro do presente do indicativo, 
futuro do subjuntivo e pretérito perfeito do 
indicativo, tem-se, na ordem:
a) � caria - reavesse - roubaram
b) � cará - reouver - roubaram
c) � cava - reouvesse - roubariam
d) � caria - reaver - roubarão
e) � cará - reaver - roubaram
19. Nas alternativas seguintes, a frase apresen-
tada é convertida na passiva correspondente. 
Em uma delas, a correspondência é incorreta. 
Assinale-a:
a) A moça olhou o rapaz com languidez. / O 
rapaz foi olhado pela moça com languidez.
b) João ama Maria. / Maria é amado por João.
c) A testemunha diria toda a verdade. / Toda a 
verdade seria dita pela testemunha.
d) Nas férias, eles sempre visitavam os avós. / 
Nas férias, os avós foram visitados por eles.
e) Genésio Alfredo escrevera uma belíssima 
poesia. / Uma belíssima poesia fora escrita 
por Genésio Alfredo.
20. Marque o item que completa corretamente 
a frase: Assim que ......... do colégio e ......... Carlos, 
.......... que preciso falar com ele.
a) vires - veres - diga-lhe
b) vieres – veres - diga-lhe
c) vieres - vires - dize-lhe
d) vieres - veres - dize-lhe
e) vier - ver - diga-lhe
21. Assinale a opção que completa correta-
mente as lacunas da frase apresentada. Se você 
.......... e seu amigo ........... no caso, talvez ........... 
esses bens.
a) requisesse - intervisse - reavesse
b) requeresse- intervisse - reavesse
c) requeresse - interviesse - reouvesse
d) requeresse - interviesse - reavesse
e) requisesse - intervisse - reouvesse
22. Em “Não havia público para os oradores 
naquela noite”, o sujeito é:
a) elíptico b) indeterminado
c) inexistente d) simples
e) composto
23. Se, na frase anterior, o verbo haver fosse 
substituído por existir, o sujeito seria:
a) simples b) indeterminado
c) elíptico d) composto
e) inexistente
24. Em “Ele observou-a e achou aquele gesto feio, 
grosseiro, masculinizado.” , os termos destacados 
são:
a) predicativos do sujeito
b) predicativos do objeto
c) adjuntos adnominais
d) objetos diretos
e) adjuntos adverbiaisde modo
25. Os termos destacados estão corretamente 
classi� cados, exceto em:
a) Ficaram encantados com sua gentileza. 
(objeto indireto)
b) Com as mãos no rosto, parecia petri� cado. 
(predicativo do sujeito)
c) Quanto tempo perdido em brincadeira! 
(adjunto adnominal)
d) Procurava alivio para seus sofrimentos. 
(complemento nominal)
e) A mim, pobre infeliz, todos abandonam. (apos-
to)
GABARITO
01-e 02-a 03-b 04-a 05-b 06-e 07-c 08-a 09-b 10-a
11-b 12-c 13-a 14-d 15-a 16-e 17-c 18-b 19-d
19
01. A) Quanto às características de A jangada de 
pedra, assinale C, para os itens corretos, e E, para os 
errados.
 I. ( ) Discurso criativo e irônico.
 II. ( ) Escrita narrativa marcada pela oralidade.
 III. ( ) Obediência à pureza dos gêneros.
 IV. ( ) Afi nidades com as literaturas latino-americanas.
 V. ( ) Despersonalização neo-realista dos protagonistas.
 VI. ( ) Relações intertextuais entre a literatura e outras 
artes.
B) Fundamentando-se no romance, justifi que sua 
resposta aos itens V e VI do quesito anterior.
____________________________
COMENTÁRIO
A primeira parte da questão 1 sonda as caracterís-
ticas da escrita romanesca de José Saramago e, em es-
pecial, as que estão presentes em A jangada de pedra. 
O vestibulando deve marcar (C) em “Discurso cria-
tivo e irônico”, visto que a fi cção do escritor português 
é profundamente imaginativa, não se repetindo, ainda 
que preserve traços constantes como a busca da verda-
de e do ser do outro. A criatividade não conduz ao her-
metismo, à compreensão reduzida a poucos leitores. As 
palavras são correntes em sua quase totalidade; as vi-
sões de mundo se traduzem em expressões que atingem 
diferentes planos de compreensão. Freqüentemente a 
ironia se apresenta como um dos traços mais fortes des-
ta escrita, como o vêm ressaltado a crítica e os leitores 
de José Saramago.
Um ( C ) deve ser assinalado em “Escrita narrativa 
marcada pela oralidade.” O próprio escritor defende a ora-
lidade de sua escrita em entrevista concedida a Horácio 
Costa e publicada na Revista Cult nº 17: “Se você ler em 
voz alta, vai ver o que acontece. Da mesma forma que, 
quando nos comunicamos oralmente, não necessitamos 
nem de travessões, nem de pontinhos, nem nada do que 
parece necessário usar quando escrevemos”... (p.23) Em 
entrevista a Zero Hora, Saramago reconhece que sua nar-
ração “se confunde muito com a oralidade, tem a ver com 
essa magia do conto oral. (...) O que eu quero é que o leitor 
ouça... ouça aquilo que está no livro”. 
Quanto ao item “Obediência à pureza dos gêneros”, 
a resposta deve ser ( E ), pois é notável nos romances 
de José Saramago o deslizamento não só entre os gêne-
ros e subgêneros – o ensaio, a crônica, o romance, por 
exemplo – mas também entre os tons. Na obra, o lírico, 
o irônico, o mágico, o irreverente se entretecem, sur-
preendendo e corroendo as expectativas do leitor. 
Até recentemente pouco investigado, Saramago foi, 
ele mesmo, o intérprete e explicador de sua própria 
obra em entrevistas e textos esparsos publicados em 
jornais. O romancista disse, por mais de uma vez, que 
era “um bom ensaísta que escreve romances, porque 
não teve quem lhe ensinasse a escrever ensaios”. Seu 
romance é muito singular para se limitar à obediência 
das regras de um gênero, ainda que seu modo pessoal 
de conceber e de realizar a literatura possa, no futuro, 
produzir seguidores.
Assinale-se ( C ) em “Afi nidades com as literaturas la-
tino-americanas.” Ainda que se identifi que profundamen-
te com a cultura portuguesa, A jangada de pedra dialoga 
com escritores latino-americanos. Desde a epígrafe deste 
romance - o “Todo futuro es fabuloso” de Alejo Carpen-
tier -, as marcas do realismo maravilhoso americano dia-
logam com o imaginário ibérico, graças às afi nidades e às 
diferenças que o texto reconhece. Saramago dialoga com 
Jorge Luis Borges em O ano da morte de Ricardo Reis, 
conforme percebeu Vilma Arêas. 
O vestibulando deve marcar (E) em “Despersonali-
zação neo-realista dos protagonistas”, visto que a esté-
tica saramaguiana - entre outras diferenças - associa o 
imaginário mítico-poético às formas do fantástico e do 
maravilhoso. Seu modo de lidar com os fatos históricos 
não desenvolve o projeto de literatura social modelado 
pelo neo-realismo dos anos 40 em Portugal, que pro-
punha uma literatura empenhada, social e documental. 
As primeiras personagens de fi cção do Neo-Realismo 
eram personagens-grupo e os protagonistas da maioria 
dos romances do decênio sofriam violenta despersona-
lização. 
PROVA LÍNGUA PORTUGUESA COMENTADA
A imaginação e a cartografi a européias do passado povoavam de ilhas 
as amplitudes desconhecidas do Atlêntico - e a mais famosa delas se chamava 
Ilha do Brasil. José Saramago imagina uma ilha nova.
Naveguemos um pouco em A jangada de pedra,
antes de aportarmos no Brasil.
20
O vestibulando também deve marcar (C) em “Re-
lações intertextuais entre a literatura e outras artes.” 
O leitor de A jangada de pedra deve recordar que o 
narrador se refere a Os pássaros de Alfred Hitchcock, 
comparando o temperamento dos estorninhos às aves 
agressivas do fi lme de suspense. O teatro, a ópera e a 
dramaturgia shakespeareana são igualmente referidos. 
A intertextualidade ocorre dentro do próprio sistema 
literário, visto que A jangada de pedra dialoga com 
textos de Camões, Pessoa, e de outros, aí incluídos o 
próprio romance saramaguiano.
O item B se encontra justifi cado acima.
____________________________
02. A) No quadro abaixo são apresentadas funções 
que os fatos incomuns têm em A jangada de pedra.
1. Associar os mitos ao saber contem-
porâneo.
2. Ironizar as contradições da integração 
européia.
3. Criticar as explicações positivistas e o 
cientifi cismo.
4. Inserir o acontecimento maravilhoso na 
vida cotidiana.
Associe os fatos incomuns transcritos a seguir com 
o número que corresponde à sua função no romance.
( ) ... “os veterinários combinaram que passariam 
por alto, no relatório, o intrigante sucesso das 
cordas vocais desaparecidas. E parece que de-
fi nitivamente, porque nessa mesma noite an-
dou a rondar Cerbère um enorme cão de três 
cabeças, alto como uma árvore, mas calado.” 
(p.10)
( ) ... “depois, se tudo correr bem, mandarão vir o 
resto dos parentes, e a cama, a arca, a mesa, à 
falta de mais ricas variedades, nenhum deles 
se lembrou de que nos hotéis o que mais há é 
camas e mesas”. (p. 94) 
( ) “Arrasta o pé pelo chão, arrasa o risco com uma 
rasoira, pisa e calca, é como um sacrilégio. 
No instante seguinte, diante dos olhos assom-
brados de todos, o risco refaz-se, recompõe-se 
exatamente como fora antes”. (p.140-141)
( ) ... “alguns países membros chegaram a manifes-
tar um certo desprendimento, palavra sobre 
todas exacta, indo ao ponto de insinuar que se 
a Península Ibérica se queria ir embora, então 
que fosse, o erro foi tê-la deixado entrar.” (p. 
42) 
( ) ... “não faltou quem viesse propor que doravante 
todos os fenômenos da psique, do espírito, da 
alma, da vontade, da criação, passassem a ser 
explicados em termos físicos, ainda que por 
simples analogia ou indução imperfeita.” (p. 
239)
( ) “Mas Pedro Orce disse, Se afi rmam que parou, 
será verdade, mas que a terra continua a tremer, 
essa verdade juro-a eu, por mim e por esse cão.” 
(p. 283)
B) Destaque a idéia central da transcrição.
“Passam os tempos, confundem-se as memórias, em 
quase nada acabam por distinguir-se a verdade e as ver-
dades, antes tão claras e delimitadas, e então, querendo 
apurar o que ambiciosamente denominamos rigor dos 
factos, vamos consultar os testemunhos da época, do-
cumentos vários, jornais, fi lmes, gravações de vídeo, 
crónicas, diários íntimos, pergaminhos, sobretudo os 
palimpsestos, interrogamos os sobreviventes,com boa 
vontade de um lado e do outro conseguimos mesmo 
acreditar no que diz o ancião sobre o que viu e ouviu na 
infância, e de tudo haveremos de concluir alguma coi-
sa, à falta de convictas certezas faz-se de conta”. ( p.35)
C) Sob a perspectiva da identidade cultural, justifi -
que o deslocamento da península. 
____________________________
COMENTÁRIO
Ao responder a segunda questão, o candidato deve 
numerar os parênteses conforme as opções constantes 
do quadro.
A primeira referência, extraída da página 10 do livro 
em estudo, deve corresponder à função de número 1: 
“Associar os mitos ao saber contemporâneo.” A passa-
gem transcrita refere-se a Cérbero, cão de três cabeças 
que, na mitologia grega, guardava a entrada das regiões 
infernais. Associa-se ao cão o nome da cidade francesa 
Cerbère, próxima à linha divisória entre França e Espa-
nha, onde se dará uma das fraturas que desprenderá a 
península do resto da Europa. 
Saramago insere a personagem no contexto histórico 
atual, permitindo ao leitor refl etir sobre como os veteri-
nários e os cirurgiões que realizam a autópsia de Médor 
lidam com o saber que lhes é próprio. A opção pelo nú-
mero 4 pode ser também aceita, visto que a presença do 
cão mitológico caracteriza a inserção do maravilhoso no 
cotidiano.
A segunda citação deve ser assinalada com o nú-
mero 5, pois o narrador analisa o comportamento e 
os valores do povo português. A passagem se insere 
no episódio da ocupação dos hotéis de luxo, quando a 
camada mais pobre da população se organiza por me-
lhores condições de moradia e tem de enfrentar a ação 
policial. O apego à família e aos bens da casa supera a 
fria compreensão das condições reais imediatas. 
21
A resposta seguinte deverá ser 4, pois a transcrição 
destaca o gesto mágico de Joana Carda inserindo-se na 
realidade quotidiana das personagens. O candidato sa-
berá que os três protagonistas viajam conduzidos por 
Joana até o lugar do risco, onde submetem a exame o 
fenômeno. 
Quanto ao quarto quesito, deve-se numerar com o 
algarismo 2 do quadro. As relações dos países ibéricos 
com o resto da Europa são referidas como problemáti-
cas. Os países ricos e mais poderosos viam com certo 
desprezo as nações mais pobres e menos desenvol-
vidas, o que gerava queixas nos povos ibéricos. Por 
várias vezes, a narrativa se refere a este fato. Contudo, 
um episódio demarca fortemente o sentimento de so-
lidariedade, adverso à rejeição: os jovens declaram-se 
em todas as línguas européias que são também eles 
ibéricos, contrariando assim os preconceitos vigentes 
nos mais velhos. 
A quinta transcrição deve ser interpretada como 
uma crítica às explicações positivistas e ao cientifi cis-
mo, portanto deve receber número 3. 
O recurso às técnicas da literatura fantástica e ao 
pensamento mágico vem quebrar o mecanicismo — 
que tende a explicar os fenômenos universais por re-
lações comprovadas, por vezes imediatas, de causa e 
efeito —, e abala o ideal cientifi cista do positivismo, 
que examina as criações culturais, fundamentando-se 
nas leis LÍNGUA PORTUGUESAs e biológicas.
A última transcrição deve receber o número 4. En-
quanto o tremor da terra passa despercebido por to-
dos os demais, Orce e seu amigo, o cão, vivenciam 
o acontecimento maravilhoso, testemunhando a sua 
presença na realidade.
O item B requer que o candidato demonstre ha-
bilidade de identifi car a idéia central do fragmento 
transcrito: a difi culdade de se atingir as verdades do 
passado leva à construção imaginária da história. Os 
meios da pesquisa — consultas, gravações, entrevis-
tas —, mesmo ocupando cinco linhas da transcrição, 
apenas comprovam a difi culdade de se resgatar o “ri-
gor dos fatos”.
O item C solicita uma justifi cativa para o desloca-
mento da jangada de pedra, tomando-se como pers-
pectiva o ponto de vista cultural. Saramago reconhe-
ce, em entrevista, que a península ibérica tem ligações 
culturais fortes com as Américas, talvez mais do que 
com seu próprio continente. Deslocar a península para 
o Atlântico indica a reserva com que o escritor encara 
a integração européia, posição também documentada 
em matéria jornalística, e o reconhecimento da iden-
tidade cultural, fundamentada pelos idiomas comuns, 
pelo longo período de colonização, pelos costumes e 
valores que os povos das Américas preservaram du-
rante séculos e que ainda compartilham com as cul-
turas portuguesa e espanhola. O deslocamento indica 
ainda as afi nidades com as ex-colônias africanas.
____________________________
03. A) Narre, em poucas palavras, os episódios do ro-
mance em que:
D. João o Segundo dá a certo fi dalgo um presente.
os estorninhos salvam Sassa e Anaiço de um risco 
iminente.
B) Diga com que objetivo José Saramago diferencia 
o texto literário e o libreto de ópera.
C) Apresente uma crítica feita pelo narrador à:
política internacional norte-americana. 
visão maniqueísta das diferenças de classe.
____________________________
COMENTÁRIO
A parte A tem por objetivo testar a leitura e o estudo 
apurado do texto. Para tanto, solicita ao concorrente que 
narre episódios do romance. O primeiro item pode ser 
resumido assim: “D. João o Segundo deu uma ilha ima-
ginária a certo fi dalgo, que se lançou ao mar à procura 
desta.” (p. 61) A ilha é um dos motivos composicionais 
recorrentes no romance, portanto está presente em várias 
passagem do texto, explorando diferentes planos discur-
sivos. Ao percorrer a temática da narrativa, a ilha indica 
questões fundamentais, como a alienação, a integração 
política e econômica, o momento histórico da contempo-
raneidade, os meios de comunicação, as estruturas sócio-
-econômicas, o confl ito entre verdade e conhecimento, 
entre tantos outros.
O segundo item pode ser reportado sinteticamente: 
“Sassa e Anaiço arriscam-se a ser detidos pela polícia 
da fronteira entre Portugal e Espanha, quando os estor-
ninhos descem do céu e amedrontam os policiais, que 
correm.” (p.65) Inicialmente, o narrador aproxima do 
episódio o tratamento maravilhoso de “história de fa-
das, embrulhamentos e andantes cavalarias” e as aven-
turas homéricas, mas fi nda por lhe dar um tratamento 
irônico. 
 A parte B pergunta sobre o objetivo de José Sarama-
go, ao diferenciar o texto literário e o libreto de ópera. 
Diz a passagem à página 33: “Aqui teria cabimento a 
lamentação primeira de não ser libreto de ópera este 
verídico relato, que se o fosse faríamos avançar à boca 
de cena um concertante como nunca se ouviu, vinte 
cantores, entre líricos e dramáticos de todas as colora-
turas, garganteando as partes, uma por uma ou em coro, 
sucessivas ou simultâneas, a saber, a reunião dos gover-
nos espanhol e português, o rebentamento das linhas de 
transporte de eletricidade, a declaração da Comunidade 
Económica Europeia, a tomada de posição da Organi-
zação do Tratado do Atlântico Norte, a pânica deban-
dada dos turistas, o assalto aos aviões, o congestiona-
mento do trânsito nas estradas, o encontro de Joaquim 
Sassa e José Anaiço, o encontro deles com Pedro Orce, 
a inquietação dos touros em Espanha, o nervosismo das 
éguas em Portugal, o alarme nas costas do Mediterrâ-
neo, as perturbações das marés, a fuga dos ricos e dos 
poderosos capitais, não tarda que comecem a faltar-nos 
cantores.” (p.33-34) 
22
Compreendendo a simultaneidade e a combinação dos fatos que compõem um momento histórico, Saramago faz 
ver que a linearidade dos discursos – e, portanto, a da narrativa - impõe uma ordem diferente, incapaz de representar 
a um só tempo a pluralidade do real. O próprio leitor exige do narrador a seqüenciação linear das frases e das ações, 
para que, no fi nal da leitura, tenha a dimensão de um todo dotado de começo e fi m. A refl exão sobre o processo nar-
rativo está, a título de exemplo, também presente nas páginas 134-135, 194,denotando a tendência da fi cção atual de 
recorrer à metalinguagem e à exposição dos recursos da fi cção. 
Ao referenciar uma crítica feita pelo narrador à política internacional norte-americana, o vestibulando poderá se 
lembrar da seguinte passagem: “O que tem causado certa perplexidade é a prudência da Casa Branca, em geral tão 
pronta a intervir nos negócios do mundo, onde quer que eles tragam vantagens, havendo porém quem sustente que os 
norte-americanos não estão dispostos a comprometer-se antes de verem aonde é que tudo isso, literalmente falando, 
vai parar.” (p.158) 
O narrador de A jangada de pedra critica a atitude mental “infectada de maniqueísmo”, com sua visão idealizante 
das classes baixas e com sua condenação liminar das classes altas. O escritor considera a rotulação de “ricos e pode-
rosos” uma atitude invejosa, que visa a suscitar ódios e antipatias. (p.225)
____________________________
Qual será a visão de Saramago acerca do navegador? E de seus amores?
Aproximemo-nos um pouco mais do porto e tiremos nossas conclusões.
TEXTO 1
04. Leia as afi rmações constantes do quadro abaixo. 
1. As mulheres do cais e os navegadores são seres solitários.
2. Os marinheiros não costumam fazer promessas de reencontro. 
3. As mulheres do cais se entregam aos marinheiros por dinheiro.
4. Os marinheiros sempre se aposentam ao completar vinte anos de serviço.
5. O principal motivo do desembarque dos marinheiros é a busca de uma mulher.
23
COMENTÁRIO
A questão quatro aborda compreensão textual e re-
quer que o candidato distinga as informações que, li-
teral ou implicitamente, podem ser comprovadas pelo 
texto daquelas que não podem. As afi rmações 1 e 2 po-
dem ser comprovadas pelo texto, enquanto as de núme-
ro 3, 4, 5 e 6, não.
A primeira afi rmação se comprova nas linhas 18 a 
20, quando o autor diz ser da solidão a culpa de os na-
vegadores irem ao porto, e de as mulheres irem ao cais. 
A segunda afi rmação assegura que os marinheiros não cos-
tumam fazer promessas de reencontro. Isso se comprova, no 
texto, na linha 14: “nunca o navegador solitário lhe disse, Espera 
por mim”. O autor reforça essa afi rmação, quando diz ser esse 
um pedido que o navegador não se permitiria fazer (linha 15).
A terceira afi rmação não é autorizada pelo texto, 
pois garante que as mulheres se envolvem com os ma-
rinheiros por dinheiro. Na verdade, embora algumas fi -
quem no cais à espera de navegadores e até saiam com 
eles, não se pode afi rmar, com base no texto, que elas 
o façam em troca de qualquer pagamento. De acordo 
com o texto, o motivo da ida ao cais é a solidão: “tam-
bém ela [a solidão] pode levar o navegador ao porto, e 
a mulher ao cais.” (linha 19).
A quarta afi rmação não tem qualquer embasamento 
no texto. Em momento algum, o autor menciona apo-
sentadoria . A linha 1 desmente a afi rmação 4, quando 
diz: “Passava de vinte anos que o navegador andava 
nos mares do mundo.”, ou seja, há mais de vinte anos 
que ele navegava.
A quinta afi rmação também não está no texto. Com-
prova-se exatamente o contrário, que “nunca (...) o na-
vegador solitário pôs pé em terra com o fi to de levar 
mulher para ser sua companhia na navegação” (linhas 
11/12). O texto assegura que o navegador, quando de-
sembarca, é para fazer compras, abastecer a embarca-
ção (linhas 8-11).
A sexta afi rmação contradiz o texto, pois nele o au-
tor assegura que o fato de as canções dizerem que os 
navegadores têm uma mulher à sua espera em cada por-
to, “é uma maneira particularmente optimista de imagi-
nar a vida”(linhas 7-8), e acrescenta que isto é negado 
pelos fatos da vida e pelas atitudes das mulheres.
____________________________
05. Leia novamente o texto de Saramago, em seguida, 
responda aos itens abaixo.
A) Ponha V ou F, conforme as afi rmações sejam ver-
dadeiras ou falsas.
 I. ( ) O texto atende rigidamente às convenções da 
língua escrita.
 II. ( ) O narrador apresenta os fatos sem posicionar-
-se a respeito deles.
 III. ( ) Na linha 13, a forma verbal “acontece” indica 
que se admite a possibilidade de uma mulher 
estar à espera do marujo.
 IV. ( ) A construção “quando desembarca é para...” 
(linhas 08-09) realça o objetivo do desembar-
que contrapondo-se à idéia anterior. 
B) Justifi que sua resposta à afi rmação II.
____________________________
COMENTÁRIO
A questão cinco requer do candidato a aplicação de 
diferentes conhecimentos lingüísticos.
O item I (Falso) focaliza especifi camente conven-
ções da língua escrita. A afi rmação é falsa, pois garante 
que o texto de José Saramago atende rigidamente às 
convenções da língua escrita. Pela análise do trecho 
transcrito, o candidato deve perceber a não-indicação 
convencional da mudança de interlocutor do discurso 
(“nunca o navegador solitário lhe disse, Espera por 
mim, que um dia hei-de voltar, não é um pedido que 
ele se permitisse fazer, Espera por mim, nem ele pode-
ria garantir que estará de volta nesse dia ou alguma 
vez...” – linhas 14-15). Nesse trecho, há fala do narra-
dor e do navegador. No texto, não há abertura de novo 
parágrafo, não há emprego do travessão, sequer aspas 
para demonstrar a mudança de interlocutor.
A) Selecione as que podem ser comprovadas pelo texto 1 e as que não podem e coloque-as no quadro adequado, 
usando o número a que cada uma corresponde. 
AFIRMAÇÕES COMPROVADAS 
PELO TEXTO
AFIRMAÇÕES NÃO 
COMPROVADAS PELO TEXTO
B) Com base no texto, justifi que sua escolha quanto às afi rmações 1 e 6. 
____________________________
24
O item II (Falso) explora conhecimento textual. A afi rmação está errada, pois o narrador, além de apresentar os 
fatos, posiciona-se a respeito deles. Constata-se isso, principalmente, no último período do trecho: “A culpa, se é 
preciso dizê-lo, não está nas mulheres nem nos navegadores, a culpa está nesta solidão que às vezes não se agüenta, 
também ela pode levar o navegador ao porto, e a mulher ao cais.”(linhas 18-19). 
O item III (Verdadeiro) aborda emprego de forma verbal. A afi rmação está correta, pois, ao empregar o presente 
do indicativo (acontece), está o narrador assegurando a realização do fato (cf. Camara Jr., 1997:169). Se o narrador 
tivesse empregado o pretérito imperfeito do subjuntivo “se realmente acontecesse”, ele estaria enunciando um fato 
com dúvida (cf. Camara Jr., 1997:169). Como usou o presente do indicativo, a presença da mulher no cais é admitida. 
O item IV (Verdadeiro) exige do candidato conhecimento de organização frasal. A afi rmação está correta. No tex-
to se diz que são feitas canções “que em cada porto há uma mulher à espera do marujinho” (linha 7). Com o objetivo 
de contrapor-se a essa idéia, o narrador diz que “o navegador, quando desembarca é para ..” (linha 9). Ao empregar 
o conectivo “quando” e o verbo “ser”, ele está ressaltando o objetivo do desembarque, que seria unicamente fazer 
compras, abastecer a embarcação. Exclui, assim, qualquer outra possível razão para o navegador desembarcar. 
____________________________
TEXTO 2
06. A) As formas verbais podem indicar, além do tempo, diversas atitudes do falante perante seu enunciado. Por 
exemplo, quando se diz “Deus te abençoe.”, a forma verbal, presente do subjuntivo, nesse contexto, indica desejo. 
Com base nisso, diga qual a atitude do falante expressa por cada uma das formas grifadas nas frases abaixo.
I. “Esta viagem também seria a primeira da História a passar por quatro continentes.” (Texto 2, linha 5)
II. “...absurdo seria que desdenhasse dela...” (Texto 1, linha 13)
B) Preencha os parênteses, indicando a relação temporal que se estabelece entre o fato expresso em 2 em relação ao 
expresso em 1. Para isso, utilize A, para a relação de anterioridade, P para a de posterioridade, e S, para a de simulta-
neidade.
( ) Quando navegou1 para o Brasil, Cabral tinha viajado2 apenas até Ceuta, 
() Eles partiram1 de Lisboa no dia 08 de março. Em 22 de abril, chegariam2 ao Brasil.
( ) Quando a frota aproximou-se1 da terra, o medo rondava2 os marinheiros.
( ) Vasco da Gama já tinha sido escolhido1 para a viagem, quando o Rei mudou2 de idéia.
( ) Como Cabral não abastecera1 o navio na viagem, preocupou-se2 com isso no Brasil.
( ) Documentos que comprovariam1 a hipótese da intencionalidade desapareceram2. 
____________________________
25
COMENTÁRIO
A questão seis aborda aspectos gramaticais, es-
pecifi camente, tempo e modo verbais. No item A, 
pede-se que o candidato indique a atitude do falante 
ao empregar o futuro do pretérito em frases dos tex-
tos 1 e 2. Como se sabe, o futuro pode ser emprega-
do para expressar diversas modalidades. No texto 2, 
o futuro do pretérito exprime certeza sobre um fato. 
O falante, reportando-se a um período anterior, fala 
de um fato que, na época, ainda iria acontecer. Ou 
seja, o futuro do pretérito nessa frase assume o seu 
valor próprio de um futuro do passado. Em relação 
ao momento da enunciação — o presente, 1999 — o 
fato já aconteceu, portanto é passado; mas, em rela-
ção a um outro fato do passado, é um futuro, acon-
teceria depois. Já no texto 1, com a mesma forma 
verbal expressa-se impossibilidade. Quando usa o 
futuro do pretérito — “absurdo seria que desdenhas-
se dela” — o narrador marca a impossibilidade do 
desdém. Se tivesse usado o futuro do presente — 
“absurdo será que desdenhe dele” — teria admitido 
a possibilidade do desdém. Sobre o assunto, afi r-
mam Cunha e Cintra (1985:448 e 451):
O futuro do presente emprega-se:(...) nas afi rma-
ções condicionadas, quando se referem a fatos de re-
alização provável.
O futuro do pretérito simples emprega-se:(...) nas 
afi rmações condicionadas, quando se referem a fatos 
que não se realizam e que, provavelmente, não se re-
alizarão.
Também Camara Jr. (1977:169) discute o uso dessa 
forma verbal:
Por outro lado, os tempos verbais do indicativo 
são usados com valor modal e podem perder toda a 
expressão temporal em proveito desse valor. Neste 
caso, há (...) uma oposição entre futuro do presente 
(expressão da possibilidade) e o futuro do pretérito 
(expressão da impossibilidade), ex.: “opinião que se-
ria muito difícil de sustentar (...)” onde se assinala 
que tal opinião é inadmissível, ao contrário de uma 
frase como —...opinião que será muito difícil de sus-
tentar, onde fi ca admitida a possibilidade da opinião. 
No item B, o candidato deve verifi car a relação 
temporal que se estabelece entre dois fatos. No pri-
meiro período, a relação que se estabelece entre o fato 
2 (viajar) e o fato 1 (navegar) são de anterioridade. A 
viagem de Cabral até Ceuta ocorreu antes de ele nave-
gar para o Brasil. No segundo, a relação entre o fato 
2 — chegar ao Brasil — e o fato 1 — partir de Lisboa, 
é de posterioridade. A relação temporal existente entre 
o fato 2 (rondar os marinheiros) e o fato 1 (aproximar-
-se da terra) é de simultaneidade. O medo rondava os 
marinheiros, ao mesmo tempo em que a frota se apro-
ximava da terra. No quarto período, a relação entre o 
fato 2 (mudar de idéia) e o fato 1 (ter sido escolhido) é 
de posterioridade. A mudança de idéia ocorreu depois 
da escolha. No quinto período, a relação entre o fato 2 
(preocupar-se) e o fato 1 (abastecer) também é de pos-
terioridade, pois a preocupação ocorreu depois do fato 
de não ter abastecido o navio na viagem. No último 
período, a relação entre o fato 2 (desaparecer) e o fato 
1 (comprovar) é de anterioridade. O desaparecimento 
dos documentos ocorreu antes da possibilidade de a 
hipótese ser comprovada. Desse modo, os parênteses 
seriam corretamente preenchidos da seguinte forma, de 
cima para baixo: A - P - S - P - P - A.
____________________________
07. A) Cite duas passagens do texto 2 que embasam a 
hipótese da chegada intencional de Cabral ao Brasil.
B) Construa um parágrafo coeso e coerente, seguindo 
as instruções abaixo.
I. Assunto: sentimento dos degredados e dos de-
sertores perante o fato de fi car no Brasil.
II. Forma de desenvolvimento: comparação e/ou 
contraste.
____________________________
COMENTÁRIO
A questão sete aborda, no item A, compreensão 
textual e, no item B, produção de texto. O item A 
requer que o candidato apresente duas passagens do 
texto 2 que embasam a hipótese da chegada intencio-
nal de Cabral ao Brasil. Uma passagem do texto é a 
que se refere às três incumbências que teria a frota: “a 
terceira e mais velada, era a de tomar posse de uma 
terra já conhecida no caminho: o Brasil” (linhas 2-3); 
quer dizer, era uma missão sua chegar ao Brasil, em-
bora fosse algo que ainda não estaria sendo revelado, 
tornado público, daí “velada missão”. A segunda pas-
sagem do texto que também embasa essa hipótese é 
aquela em que os autores asseguram ter transcorrido a 
viagem calmamente, sem tempestades (cf.linhas 7-8).
No item B, o candidato deve construir um pará-
grafo em que aborda o sentimento dos degredados e 
dos desertores por terem fi cado no Brasil. O parágrafo 
deve ser organizado por comparação e/ou contraste. 
Espera-se que o candidato, ao produzir o parágrafo, 
estabelecendo comparação, quer por similaridade, 
quer por contraste, entre o sentimento daqueles que, 
voluntária ou involuntariamente, permaneceram no 
Brasil depois da volta da armada de Cabral, além de 
demonstrar conhecer a diferença de signifi cado entre 
os termos, empregue de forma adequada os elementos 
coesivos inter e intrafrasais.
____________________________
26
Agora, 500 anos depois, começam os preparativo 
para comemorar a chegada de Cabral ao Brasil.
TEXTO 3
08. O quadro abaixo contém características dos textos da prova. 
Referência à descoberta do Brasil Uso de recursos expressivos
Narrativa em prosa Referência ao passado 
Predomínio da função referencial Número de embarcações da frota
Referência aos portugueses Objetivo de informar 
Discurso direto Solidão dos navegadores
A) Retire do quadro acima: 
• uma característica exclusiva de cada um dos textos discriminados abaixo. 
 Texto 1: _____________________________________
 Texto 3: _____________________________________
• uma característica comum aos textos 2 e 3.
• uma característica comum aos textos 1, 2 e 3.
B) A frase “uma regata (...) deve sair (...) de Lisboa” (Texto 3, linhas 1-2 ), lida de forma isolada, permite, pelo me-
nos, duas leituras: obrigação e probabilidade. 
• Qual o elemento responsável por estas duas interpretações?
• Para cada leitura possível, construa um período, acrescentando informações à frase “Uma regata deve sair 
de Lisboa”, de modo que cada período construído permita apenas uma interpretação. 
OBRIGAÇÃO: ____________________________________________
PROBABILIDADE: ________________________________________
____________________________
COMENTÁRIO
A questão oito aborda leitura e escrita. No item A, o candidato deve, depois de identifi car, dentre as características 
constantes no quadro, as que pertencem a um ou a mais de um texto da prova e apresentar uma exclusiva do texto 1 
e outra, também exclusiva, do texto 3. Em seguida, o candidato deve destacar uma comum aos textos 2 e 3 e outra 
comum aos três textos.
27
Das características apresentadas, três dizem respei-
to ao texto 1: discurso direto (“nunca o navegador so-
litário lhe disse, Espera por mim, que um dia hei de 
voltar”), uso de recursos expressivos (Passava de vinte 
anos...) e solidão dos navegadores (O navegador soli-
tário, quando desembarca... / nunca o navegador so-
litário lhe disse); uma é exclusiva do texto 3: número 
de embarcações da frota (“Uma regata com mais de 50 
embarcações ... de lá seguem com mais 100 barcos”); 
três são comuns aos textos 2 e 3: referência à descober-
ta do Brasil, predomínio da função referenciale objeti-
vo de informar. 
Ambos os textos, por terem o objetivo de informar, 
o 2, a viagem de Cabral ao Brasil há quase 500 anos e o 
3, as comemorações desta viagem hoje, quase 500 anos 
depois, detêm-se na função referencial da linguagem. 
O foco está na informação a ser transmitida para o lei-
tor. Três características são comuns a todos os textos: 
narrativa em prosa, referência aos portugueses e refe-
rência ao passado.
O item B trata de modalidade, especifi camente, o uso 
do verbo modal dever. Uma perífrase com o verbo dever 
+ infi nitivo pode indicar obrigação ou probabilidade :
Dever exprime:
1) a obrigação “interna”. Ex.: Devo aceitar o desafi o 
(meu sentimento de honra o impõe a mim);
2) a obrigação “externa”, imposta seja por um X ani-
mado, ex.: Pedro deve trabalhar (dão-lhe a ordem); 
seja por um X inanimado, ex.: Devo partir (as cir-
cunstâncias, a situação, etc. me obrigam a isso);
3) a probabilidade. Ex.: Ele deve ter chegado (é prová-
vel que tenha chegado). (Cervoni, 1989:64).
Assim, a resposta correta à primeira pergunta do item 
B é o verbo dever. Em seguida, o candidato deve cons-
truir frases, acrescentando informações à frase original 
“uma regata deve sair de Lisboa”, de modo a permitir 
uma só leitura: obrigação ou probabilidade. Será con-
siderada correta a resposta que não só atenda a esse co-
mando, mas também constitua um período coeso, coe-
rente, escrito na norma padrão.
____________________________
SEMÂNTICA 
O estudo das signifi cações das palavras é um assun-
to na língua portuguesa exclusivo da Semântica. 
No que diz respeito ao aspecto semântico da língua, 
pode-se destacar três propriedades: 
 • Sinonímia 
 • Antonímia
 • Polissemia 
SINONÍMIA 
Sinonímia é a divisão na Semântica que estuda as 
palavras sinônimas, ou aquelas que possuem signifi ca-
do ou sentido semelhante. Vejamos: 
1. A garota renunciou veementemente ao pedido para 
que comesse. 
2. A menina recusou energeticamente ao pedido para 
que comesse. 
3. A mocinha rejeitou impetuosamente ao pedido para 
que comesse. 
Vemos que os substantivos “garota”, “menina” e 
“mocinha” têm um mesmo signifi cado, sentido, todos 
correspondem e nos remete à fi gura de uma jovem. As-
sim também são os verbos “renunciou”, “recusou” e 
“rejeitou”, que nos transmite idéia de repulsa, de “não 
querer algo” e também os advérbios que nos fala da 
maneira que a ação foi cometida “veementemente”, 
“energeticamente” e “impetuosamente”, ou seja, de 
modo intenso. 
Podemos concluir, a partir dessa análise, que sino-
nímia é a relação das palavras que possuem sentido, 
signifi cados comuns. 
O objeto possuidor da maior quantidade de sinoní-
mias ou sinônimos que existe é, com certeza, o dicio-
nário. 
ANTONÍMIA 
Se por um lado sinonímia é o estudo das palavras 
dos signifi cados semelhantes na língua, antonímia é o 
contrário dessa defi nição. Vejamos: 
1. A garota renunciou veementemente ao pedido para 
que comesse. 
2. A senhora aceitou passivamente ao pedido para que 
comesse. 
Percebemos que “garota” tem signifi cado oposto à 
“senhora” assim como os verbos “renunciou” e “acei-
tou” e os advérbios “veementemente” e “passivamen-
te”. 
Assim, quando opto por uma palavra opto também 
pelo seu signifi cado que de alguma forma remete a ou-
tro sentido, em oposição. Por exemplo, se alguém diz: 
“Ela é bela”, quer dizer o mesmo que, “Ela não é feia”. 
Ao estudo das palavras que indicam sentidos opos-
tos, denominamos antonímia. 
POLISSEMIA OU HOMONÍMIA 
Uma mesma palavra na língua pode assumir dife-
rentes signifi cados, o que dependerá do contexto em 
que está inserida. Observe: 
1. A menina fez uma bola de sabão com o brinquedo. 
2. A mãe comprou uma bola de basquete para o fi lho. 
3. O rapaz disse que sua barriga tem formato de bola. 
4. A professora falou para desenhar uma bola. 
Constatamos que uma mesma palavra, “bola”, as-
sumiu diferentes signifi cados, a partir de um contexto 
(situação de linguagem) diferente nas frases, respecti-
vamente: o formato que a bolha de sabão fez; o obje-
to usado em jogos; o aspecto arredondado da barriga 
e ainda o sentido de círculo, circunferência na última 
oração. 
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Polissemia (poli=muitos e semos= signifi cados) é o 
estudo, a averiguação das signifi cações que uma pala-
vra assume em determinado contexto lingüístico.
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
SOBRE OS PRONOMES
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun-
ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso 
oblíquo quando desempenha função de complemen-
to. Vamos entender, primeiramente, como o pronome 
pessoal surge na frase e que função exerce. Observe as 
orações: 
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. 
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia 
lhe ajudar. 
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e 
“ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencen-
tes ao caso reto. Já na segunda oração, observamos o 
pronome “lhe” exercendo função de complemento, e 
conseqüentemente é do caso oblíquo. 
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur-
so, o pronome oblíquo “lhe” da segunda oração aponta 
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não 
sabia se devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe). 
Importante: Em observação à segunda oração o em-
prego do pronome oblíquo “lhe” é justifi cado antes do 
verbo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo 
pode estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o 
verbo principal (no caso “ajudar “) estiver no infi nitivo 
ou gerúndio. 
Exemplo: Eu desejo lhe perguntar algo. 
Eu estou perguntando-lhe algo. 
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos 
ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposi-
ção, diferentemente dos segundos que são sempre pre-
cedidos de preposição. 
Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que 
estava fazendo. 
Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim 
o que eu estou fazendo. 
COLOCAÇÃO PRONOMINAL 
De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bel-
lezi, a colocação pronominal é a posição que os pro-
nomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em 
relação ao verbo a que se referem. 
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, 
as, lhe, lhes, nos e vos. 
O pronome oblíquo átono pode assumir três posi-
ções na oração em relação ao verbo: 
1. próclise: pronome antes do verbo 
2. ênclise: pronome depois do verbo 
3. mesóclise: pronome no meio do verbo 
Próclise 
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: 
• Palavras com sentido negativo: 
Nada me faz querer sair dessa cama. 
Ninguém me falou que tinha prova. 
• Advérbios: 
Nesta casa se fala alemão. 
Naquele dia me falaram que a professora não veio. 
• Pronomes relativos: 
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. 
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me fa-
laram. 
• Pronomes indefi nidos: 
Quem me disse isso? 
Todos se comoveram durante o discurso de despe-
dida. 
• Pronomes demonstrativos: 
Isso me deixa muito feliz! 
Aquilo me constrangeu a mudar de atitude! 
• Preposição seguida de gerúndio: 
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site 
mais indicado à pesquisa escolar. 
• Conjunção subordinativa: 
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. 
Ênclise 
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma 
culta não aceita orações iniciadas com pronomes oblí-
quos átonos. A ênclise vai acontecer quando: 
• Verbo estiver no imperativo afi rmativo: 
Amem-se uns aos outros. 
Sigam-me e não terão derrotas. 
• O verbo iniciar a oração: 
Diga-lhe que está tudo bem. 
Chamaram-me para ser sócio. 
• O verbo estiver no infi nitivo: 
Eu não quis vangloriar-me. 
Gostaria de elogiar-te hoje pelo bom trabalho. 
• O verbo estiver no gerúndio: 
Não quis saber o que aconteceu,

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