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LINGUAGENS, CÓDIGOSLINGUAGENS, CÓDIGOSLINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIASE SUAS TECNOLOGIASE SUAS TECNOLOGIAS 7 MORFOLOGIA DEFINIÇÃO Em lingüística, Morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classifi cação das palavras. A pecu- liaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou clas- ses gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjeti- vo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição. ESTRUTURA DAS PALAVRAS Estudar a estrutura é conhecer os elementos forma- dores das palavras. Assim, compreendemos melhor o signifi cado de cada uma delas. Observe os exemplos abaixo: art-ista brinc-a-mos cha-l-eira cachorr-inh-a-s A análise destes exemplos mostra-nos que as pala- vras podem ser divididas em unidades menores, a que damos o nome de elementos mórfi cos ou morfemas. Vamos analisar a palavra “cachorrinhas”: Nessa palavra observamos facilmente a existência de quatro elementos. São eles: cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele que contém o signifi cado. inh - indica que a palavra é um diminutivo a - indica que a palavra é feminina s - indica que a palavra se encontra no plural Morfemas: unidades mínimas de caráter signifi ca- tivo. Obs.: existem palavras que não comportam divisão em unidades menores, tais como: mar, sol, lua, etc. São elementos mórfi cos: 1) Raiz, radical, tema: elementos básicos e signifi ca- tivos 2) Afi xos (prefi xos, sufi xos), desinência, vogal temá- tica: elementos modifi cadores da signifi cação dos primeiros 3) Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos. Raiz É o elemento originário e irredutível em que se con- centra a signifi cação das palavras, consideradas do ângu- lo histórico. É a raiz que encerra o sentido geral, comum às palavras da mesma família etimológica. Observe o exemplo: Raiz noc [Latim nocere = prejudicar] tem a signi- fi cação geral de causar dano, e a ela se prendem, pela origem comum, as palavras nocivo, nocividade, ino- cente, inocentar, inócuo, etc. Obs.: uma raiz pode sofrer alterações. Veja o exemplo: at-o at-or at-ivo aç-ão ac-ionar Radical Observe o seguinte grupo de palavras: livr- o livr- inho livr- eiro livr- eco Você reparou que há um elemento comum nesse gru- po? Você reparou que o elemento livr serve de base para o signifi cado? Esse elemento é chamado de radical (ou se- mantema). Radical: elemento básico e signifi cativo das pala- vras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático. É encontrado através do despojo dos elementos secun- dários (quando houver) da palavra. Por exemplo: cert-o cert-eza in-cert-eza LÍNGUA PORTUGUESA 8 Afi xos Afi xos são elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema para formar palavras derivadas. Sabemos que o acréscimo do morfema “-mente”, por exemplo, cria uma nova palavra a partir de “certo”: cer- tamente, advérbio de modo. De maneira semelhante, o acréscimo dos morfemas “a-” e “-ar” à forma “cert-” cria o verbo acertar. Observe que a- e -ar são morfemas capa- zes de operar mudança de classe gramatical na palavra a que são anexados. Quando são colocados antes do radical, como acon- tece com “a-”, os afi xos recebem o nome de prefi xos. Quando, como “-ar”, surgem depois do radical, os afi - xos são chamados de sufi xos. Veja os exemplos: Prefi xo Radical Sufi xo in at ivo em pobr ecer inter nacion al Desinências Desinências são os elementos terminais indicativos das fl exões das palavras. Existem dois tipos: Desinências Nominais: indicam as fl exões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes. Exemplos: alun-o aluno-s alun-a aluna-s Observação: só podemos falar em desinências no- minais de gêneros e de números em palavras que admi- tem tais fl exões, como nos exemplos acima. Em pala- vras como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal de gênero. Já em pires, lápis, ônibus não temos desinência nominal de número. Desinências Verbais: indicam as fl exões de número e pessoa e de modo e tempo dos verbos. Exemplos: compr-o compra-s compra-mos compra-is compra- -m compra-va compra-va-s A desinência “-o”, presente em “am-o”, é uma desi- nência número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do singular; “-va”, de “ama-va”, é de- sinência modo-temporal: caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação. Vogal Temática Vogal Temática é a vogal que se junta ao radical, preparando-o para receber as desinências. Nos verbos, distinguem-se três vogais temáticas: A Caracteriza os verbos da 1ª conjugação. Exemplos: buscar, buscavas, etc. E Caracteriza os verbos da 2ª conjugação. Exemplos: romper, rompemos, etc. I Caracteriza os verbos da 3ª conjugação. Exemplos: proibir, proibirá, etc. Tema Tema é o grupo formado pelo radical mais vogal te- mática. Nos verbos citados acima, os temas são: busca-, rompe-, proibi- Vogais e Consoantes de Ligação As vogais e consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada pa- lavra. Exemplo: parisiense (paris= radical, ense=sufi xo, vogal de ligação=i) Outros exemplos: gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e- -tão, etc. FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Existem dois processos básicos pelos quais se for- mam as palavras: a derivação e a composição. A diferen- ça entre ambos consiste basicamente em que, no proces- so de derivação, partimos sempre de um único radical, enquanto no processo de composição sempre haverá mais de um radical. Derivação Derivação é o processo pelo qual se obtém uma pa- lavra nova, chamada derivada, a partir de outra já exis- tente, chamada primitiva. Observe o quadro abaixo: Primitiva Derivada mar marítimo, marinheiro, marujo terra enterrar, terreiro, aterrar Observamos que “mar” e “terra” não se formam de nenhuma outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam a formação de outras, por meio do acréscimo de um sufi xo ou prefi xo. Logo, mar e terra são palavras primi- tivas, e as demais, derivadas. 9 Tipos de Derivação Derivação Prefi xal ou Prefi xação Resulta do acréscimo de prefi xo à palavra primitiva, que tem o seu signifi cado alterado. Veja os exemplos: crer- descrer ler- reler capaz- incapaz Derivação Sufi xal ou Sufi xação Resulta de acréscimo de sufi xo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de signifi cado ou mudança de classe gramatical. Por Exemplo: alfabetização No exemplo acima, o sufi xo -ção transforma em substantivo o verbo alfabetizar. Este, por sua vez, já é derivado do substantivo alfabeto pelo acréscimo do sufi xo -izar. A derivação sufi xal pode ser: a) Nominal, formando substantivos e adjetivos. Por Exemplo: papel - papelaria riso - risonho b) Verbal, formando verbos. Por Exemplo: atual - atualizar c) Adverbial, formando advérbios de modo. Por Exemplo: feliz - felizmente Derivação Parassintética ou Parassíntese Ocorre quando a palavra derivada resulta do acrés- cimo simultâneo de prefi xo e sufi xo à palavra primiti- va. Por meio da parassíntese formam-se nomes (subs- tantivos e adjetivos) e verbos. Considere o adjetivo “ triste”. Do radical “trist-” formamos o verbo entristecer através da junção simul- tânea do prefi xo “en-” e do sufi xo “-ecer”. A presença de apenas um desses afi xos não é sufi ciente para formar uma nova palavra, pois em nossa língua não existem as palavras “entriste”, nem“tristecer”. Exemplos: Palavra Inicial Prefi xo Radical Sufi xo Palavra Formada mudo e mud ecer emudecer alma des alm ado desalmado Atenção! Não devemos confundir derivação parassin- tética, em que o acréscimo de sufi xo e de prefi xo é obrigatoriamente simultâneo, com casos como os das palavras desvalorização e desigualdade. Nessas palavras, os afi xos são acoplados em se- quência: desvalorização provém de desvalorizar, que provém de valorizar, que por sua vez provém de valor. É impossível fazer o mesmo com palavras formadas por parassíntese: não se pode dizer que expropriar pro- vém de “propriar” ou de “expróprio”, pois tais palavras não existem. Logo, expropriar provém diretamente de próprio, pelo acréscimo concomitante de prefi xo e su- fi xo. Derivação Regressiva Ocorre derivação regressiva quando uma palavra é formada não por acréscimo, mas por redução. Exemplos: comprar (verbo) beijar (verbo) compra (substantivo) beijo (substantivo) Saiba que: Para descobrirmos se um substantivo deriva de um verbo ou se ocorre o contrário, podemos seguir a se- guinte orientação: - Se o substantivo denota ação, será palavra deriva- da, e o verbo palavra primitiva. - Se o nome denota algum objeto ou substância, verifi ca-se o contrário. Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo indicam ações, logo, são palavras derivadas. O mesmo não ocorre, porém, com a palavra âncora, que é um ob- jeto. Neste caso, um substantivo primitivo que dá ori- gem ao verbo ancorar. Por derivação regressiva, formam-se basicamente substantivos a partir de verbos. Por isso, recebem o nome de substantivos deverbais. Note que na lingua- gem popular, são frequentes os exemplos de palavras formadas por derivação regressiva. Veja: o portuga (de português) o boteco (de botequim) o comuna (de comunista) Ou ainda: agito (de agitar) amasso (de amassar) chego (de chegar) Obs.: o processo normal é criar um verbo a partir de um substantivo. Na derivação regressiva, a língua pro- cede em sentido inverso: forma o substantivo a partir do verbo. Derivação Imprópria A derivação imprópria ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical. Neste pro- cesso: 10 1) Os adjetivos passam a substantivos Por Exemplo: Os bons serão contemplados. 2) Os particípios passam a substantivos ou adjetivos Por Exemplo: Aquele garoto alcançou um feito passando no con- curso. 3) Os infi nitivos passam a substantivos Por Exemplo: O andar de Roberta era fascinante. O badalar dos sinos soou na cidadezinha. 4) Os substantivos passam a adjetivos Por Exemplo: O funcionário fantasma foi despedido. O menino prodígio resolveu o problema. 5) Os adjetivos passam a advérbios Por Exemplo: Falei baixo para que ninguém escutasse. 6) Palavras invariáveis passam a substantivos Por Exemplo: Não entendo o porquê disso tudo. 7) Substantivos próprios tornam-se comuns. Por Exemplo: Aquele coordenador é um caxias! (chefe severo e exi- gente) Observação: os processos de derivação vistos anteriormente fazem parte da Morfologia porque implicam alterações na forma das palavras. No en- tanto, a derivação imprópria lida basicamente com seu signifi cado, o que acaba caracterizando um processo semântico. Por essa razão, entendemos o motivo pelo qual é denominada “imprópria”. Composição Composição é o processo que forma palavras com- postas, a partir da junção de dois ou mais radicais. Existem dois tipos: Composição por Justaposição Ao juntarmos duas ou mais palavras ou radicais, não ocorre alteração fonética. Exemplos: passatempo, quinta-feira, girassol, couve-fl or Obs.: em “girassol” houve uma alteração na grafi a (acréscimo de um “s”) justamente para manter inaltera- da a sonoridade da palavra. Composição por Aglutinação Ao unirmos dois ou mais vocábulos ou radicais, ocorre supressão de um ou mais de seus elementos fo- néticos. Exemplos: embora (em boa hora) fi dalgo (fi lho de algo - referindo-se a família nobre) hidrelétrico (hidro + elétrico) planalto (plano alto) Obs.: ao aglutinarem-se, os componentes subordi- nam-se a um só acento tônico, o do último componen- te. Redução Algumas palavras apresentam, ao lado de sua for- ma plena, uma forma reduzida. Observe: auto - por automóvel cine - por cinema micro - por microcomputador Zé - por José Como exemplo de redução ou simplifi cação de palavras, podem ser citadas também as siglas, muito frequentes na comunicação atual. (Se desejar, veja mais sobre siglas na seção “Extras” -> Abreviaturas e Siglas) Hibridismo Ocorre hibridismo na palavra em cuja formação en- tram elementos de línguas diferentes. Por Exemplo: auto (grego) + móvel (latim) Onomatopeia Numerosas palavras devem sua origem a uma ten- dência constante da fala humana para imitar as vozes e os ruídos da natureza. As onomatopeias são vocábulos que reproduzem aproximadamente os sons e as vozes dos seres. Exemplos: miau, zumzum, piar, tinir, urrar, chocalhar, cocoricar, etc. SINTAXE Defi nição A Sintaxe é à parte da gramática que estuda a dis- posição das palavras na frase e a das frases no dis- curso, bem como a relação lógica das frases entre si. Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor procura transmitir um signifi cado completo e compreensível. Para isso, as palavras são relacionadas e combinadas entre si. A sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e orações. 11 TIPOS DE FRASES Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser integralmente captados se atentarmos para o contexto em que são empregadas. É o caso, por exem- plo, das situa ções em que se explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase “Que educação!”, usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do que aparentemente diz. A entoação é um elemento muito importante da fra- se falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de ex- pressão. Dependendo de como é dita, uma frase simples como “É ela.” pode indicar constatação, dúvida, surpre- sa, indignação, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais de pontuação podem agir como defi nidores do sentido das frases. Veja: É ela? É ela!!! É ela. É ela... É ela?! Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou menos previsível, de acordo com o sentido que transmitem. São elas: a) Frases Interrogativas: ocorrem quando uma pergunta é feita pelo emissor da mensagem. São empregadas quando se deseja obter alguma informação. A inter- rogação pode ser direta ou indireta. Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta) Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Inter- rogação indireta) b) Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da mensagem dá uma ordem ou conselho ou se faz um pedido, utilizando o verbo no modo imperativo. Po- dem ser afi rmativas ou negativas. Faça-o entrar no carro! (Afi rmativa) Não faça isso. (Negativa) Dê-me uma ajudinha com isso! (Afi rmativa) c) Frases Exclamativas: nesse tipo de frase o emissor exterioriza um estado afetivo. Apresentam entoação ligeiramente prolongada. Por Exemplo: Que prova difícil! É uma delícia esse bolo! d) Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor constata um fato. Esse tipo de frase informa ou de- clara alguma coisa. Podem ser afi rmativas ou nega- tivas. Obrigaram o rapaz a sair. (Afi rmativa) Ela não está em casa. (Negativa) e) Frases Optativas: são usadas para exprimir um de- sejo. Por Exemplo: Deus te acompanhe! Bons ventos o levem! De acordo com a construção, as frases classifi cam-se em: Frase Nominal: é a frase construída sem verbos. Exemplos: Fogo! Cuidado! Beloserviço o seu! Trabalho digno desse feirante. Frase Verbal: é a frase construída com verbo. Por Exemplo: O sol ilumina a cidade e aquece os dias. Os casais saíram para jantar. A bola rolou escada abaixo. OBJETIVOS DA ANÁLISE SINTÁTICA A análise sintática tem como objetivo examinar a es- trutura de um período e das orações que compõem um período. Estrutura de um Período Observe: Conhecemos mais pessoas quando estamos viajando. Ao analisarmos a estrutura do período acima, é pos- sível identifi car duas orações: Conhecemos mais pesso- as e quando estamos viajando. Termos da Oração No período “Conhecemos mais pessoas quando es- tamos viajando”, existem seis palavras. Cada uma delas exerce uma determinada função nas orações. Em aná- lise sintática, cada palavra da oração é chamada de ter- mo da oração. Termo é a palavra considerada de acordo com a função sintática que exerce na oração. Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira, os termos da oração podem ser: 1) Essenciais Também conhecidos como termos “fundamentais”, são representados pelo sujeito e predicado nas orações. 2) Integrantes Completam o sentido dos verbos e dos nomes, são representados por: complemento verbal - objeto direto e indireto; complemento nominal; agente da passiva. 12 3) Acessórios Desempenham função secundária (especifi cam o substantivo ou expressam circunstância). São repre- sentados por: adjunto adnominal; adjunto adverbial; aposto. Obs.: O vocativo, em análise sintática, é um termo à parte: não pertence à estrutura da oração. TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO Certos verbos ou nomes presentes numa oração não possuem sentido completo em si mesmos. Sua signifi - cação só se completa com a presença de outros termos, chamados integrantes. São eles: • complementos verbais (objeto direto e objeto indireto); • complemento nominal; • agente da passiva. COMPLEMENTOS VERBAIS Completam o sentido de verbos transitivos diretos e transitivos indiretos. São eles: 1) Objeto Direto É o termo que completa o sentido do verbo transitivo direto, ligando-se a ele sem o auxílio necessário da prepo- sição. Por exemplo: Abri os braços ao vê-lo. Objeto Direto O objeto direto pode ser constituído: a) Por um substantivo ou expressão substantivada. Exemplos: O agricultor cultiva a terra./ Unimos o útil ao agra- dável. b) Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Exemplos: Espero-o na minha festa. / Ela me ama. c) Por qualquer pronome substantivo. Exemplos: Não veio ninguém à aula hoje. / O menino que co- nheci está lá fora. / Onde você leu isso? ATENÇÃO: Em alguns casos, o objeto direto pode vir acompa- nhado de preposição facultativa. Isso pode ocorrer: - quando o objeto é um substantivo próprio: Adore- mos a Deus. - quando o objeto é representado por um pronome pes- soal oblíquo tônico: Ofenderam a mim, não a ele. - quando o objeto é representado por um pronome substantivo indefi nido: O diretor elogiou a todos. - para evitar ambigüidade: Venceu ao inimigo o nosso colega. Obs.: caso o objeto direto não viesse preposiciona- do, o sentido da oração fi caria ambíguo, pois não pode- ríamos apontar com precisão o sujeito (o nosso colega). Saiba que: Freqüentemente, verbos intransitivos, podem apa- recer como verbos transitivos diretos. Por Exemplo: A criança chorou lágrimas doídas pela perda da mãe. Objeto Direto Complemento Nominal É o termo que completa o sentido de uma palavra que não seja verbo. Assim, pode referir-se a substanti- vos, adjetivos ou advérbios, sempre através de prepo- sição. Exemplos: Cecília tem orgulho da fi lha. substantivo complemento nominal Ricardo estava consciente de tudo. adjetivo complemento nominal A professora agiu favoravelmente aos alunos. advérbio complemento nominal Saiba que: O complemento nominal representa o recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um nome. É regido pelas mesmas preposições do objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa nomes (substanti- vos, adjetivos) e alguns advérbios em -mente. Agente da Passiva É o termo da frase que pratica a ação expressa pelo verbo quando este se apresenta na voz passiva. Vem re- gido comumente da preposição “por” e eventualmente da preposição “de”. Por Exemplo: A vencedora foi escolhida pelos jurados. Sujeito Verbo Agente da Paciente Voz Passiva Passiva Ao passar a frase da voz passiva para a voz ativa, o agente da passiva recebe o nome de sujeito. Veja: Os jurados escolheram a vencedora. Sujeito Verbo Objeto Direto 13 Voz Ativa Outros exemplos: Joana é amada de muitos. Sujeito Paciente Agente da Passiva Essa situação já era conhecida de todos. Sujeito Paciente Agente da Passiva Observações: a) O agente da passiva pode ser expresso por substanti- vos ou pronomes. Por Exemplo: O solo foi umedecido pela chuva. (substantivo) Este livro foi escrito por mim. (pronome) b) Embora o agente da passiva seja considerado um ter- mo integrante, pode muitas vezes ser omitido. Por Exemplo: O público não foi bem recebido. (pe- los anfi triões) SEMÂNTICA Defi nição Em lingüística, Semântica estuda o signifi cado e a in- terpretação do signifi cado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contex- to. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas lingüísticas devido a al- guns fatores, tais como tempo e espaço geográfi co. PREDICAÇÃO DOS VERBOS 1. CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS QUANTO À PREDICAÇÃO Podemos dividir todos os verbos da língua portugue- sa em três categorias: transitivos, intransitivos e de ligação. Os transitivos podem ser: diretos, indiretos e diretos e indiretos. 2. VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS Entende-se por transitivo o verbo que precisa de com- plemento. Vamos observar as seguintes construções: a) Elisa ama a vida. Função de “a vida”: objeto direto. b) Daniela estima as fl ores. Função de “as fl ores”: objeto direto. c) Ele vê os fi lhos uma vez por semana. Função de “os fi lhos”: objeto direto. Os termos em negrito completam, respectivamente, o sentido de amar, estimar e ver. Observe que não há preposição in- termediando os verbos e seus respectivos complemen- tos. Diz-se, então, que os complementos ligam-se aos verbos diretamente, ou seja, sem auxílio de preposição. São, por isso, verbos transitivos diretos. E é lógico, os complementos são chamados de objetos diretos. OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO Se o verbo transitivo direto vier preposicionado, com certeza a preposição não é exigida pelo verbo. O comple- mento recebe, então, o nome de “objeto direto preposicio- nado”. a) Ela ama a mim. Regência do verbo “amar”: transi- tivo direto. Função sintática da expressão “a mim”: objeto dire- to preposicionado. b) Venceu ao pai o fi lho. Regência do verbo “vencer”: transitivo direto. Função sintática da expressão “ao pai”: objeto direto preposicionado. c) No colégio, ele não respeitava a ninguém. Regência do verbo “respeitar”: transitivo direto. Função sintática da expressão “a ninguém”: objeto direto preposicionado. OBJETO DIRETO x PRONOMES ÁTONOS Ao lado de verbos transitivos diretos, na função de complemento, só podem aparecer os seguintes pronomes átonos: a) o, a, os, as– Só podem ser objeto direto. Podem apa- recer antes (próclise), no meio (mesóclise) ou depois (ênclise) do verbo, representando pessoas ou coisas. Exemplos: 1. Sempre as respeitei. 2. Eu a amo. 3. Eu amo-a. 4. Respeitá-la-ei sempre. b) lo, la, los, las – Variantes de o, a, os, as quando en- clíticos (antes do verbo) ou mesoclíticos (no meio do verbo); só podem ser objeto direto. Devem ser acrescentados a verbos transitivos diretos que termi- nem por r, s ou z. Exemplos: 1. Vou respeitá-la sempre. 2. As cartas-proposta? Devolvemo-las ontem. 3. As planilhas de custo? Estão prontas: refi -las à noite. c) no, na, nos, nas – Variantes de o, a, os, as quando enclíticos; só podem ser objeto direto. Devem ser acrescentados a verbos transitivos diretos que termi- nem por ão, õe ou m. Exemplos: 1. Com relação ao dinheiro, ele repõe-no ainda hoje. 2. Lições de esperança? Eles dão-nas todos os dias. 3. Obstáculos da vida? Transpõe-nos naturalmente. VTD X LHE Se o pronome lhe estiver ao lado de verbo transitivo direto, com certeza estará no papel de pronome posses- sivo: pode ser trocado por seu (dele), sua (dela), seus (deles), suas (delas). A função sintática, nesse caso, é de adjunto adnominal. 14 Exemplos: 1. Respeito-lhe muito as opiniões. = Respeito muito as suas opiniões. 2. Conheço-lhe a família há muitos anos. = Conheço a sua família há muitos anos. 3. Doíam-lhe todas as partes do corpo. = Doíam todas as partes do seu corpo. 4. Admiro-lhe muito as atitudes. = Admiro muito as suas atitudes. VTD E VOZ PASSIVA Os verbos transitivos diretos aceitam mudança para a voz passiva. Confi ra: 1. Ela viu todos os fi lmes do festival. (voz ativa) Todos os fi lmes do festival foram vistos por ela. (voz passiva analítica) VTD e ORAÇÃO SUBORDINADA SUBS- TANTIVA OBJETIVA DIRETA O complemento do verbo transitivo direto pode ser uma oração inteira: é a oração subordinada substantiva objetiva direta. 1. Ela queria que todos a vissem nua. 2. Saiu para ver se todos já estavam instalados. VERBOS TRANSOBJETIVOS Os verbos transitivos diretos que formam o predica- do verbo-nominal com predicativo do objeto merecem atenção especial. São conhecidos como verbos tran- sobjetivos. O complemento verbal (objeto direto) vem acompanhado de predicativo. 1. Julgamos Teotônio incapaz dessa atitude. Função sintática de “incapaz”:predicativo do objeto. Classifi cação do predicado: verbo-nominal. 2. Elegeram-na vereadora. Função sintática de “vereadora”: predicativo do ob- jeto. Classifi cação do predicado: verbo-nominal. TESTES COM GABARITO 01. Na frase “Quanto aos seus talentos, não exis- tiam duas opiniões.”, o sujeito é: a) elíptico; b) inexistente; c) simples; d) indeterminado; e) composto 02. Se, na oração anterior, o verbo existir fosse substituído pelo verbo haver, teríamos: a) sujeito simples, com verbo na terceira pes- soa do plural; b) sujeito indeterminado, com verbo na ter- ceira pessoa do plural; c) sujeito simples, com verbo na terceira pes- soa do singular; d) oração sem sujeito, com verbo na terceira pessoa do singular; e) sujeito elíptico, com verbo na terceira pes- soa do singular. 03. Assinale a opção que completa correta- mente as lacunas do texto abaixo: “Eu não tenho � loso� a: tenho sentidos... Se falo na Natureza não é ________ saiba o que ela é, Mas ________ a amo, e amo-a por isso, ________ quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe _______ ama, nem o que é amar...” (Alberto Caieiro) a) porque - porque - por que - por que b) porque - porque - porque - porque c) porque - porque - por que - porque d) porque - porque - porque - por que e) por que - por que - porque - porque 04. Assinale a alternativa que completa correta- mente as lacuna da frase apresentada: “________ dois dias que se ________ inicia- do os trabalhos de contagem dos votos sem que se _________ os resultados. a) Fazia - haviam - previsse b) Faziam - haviam - prevesse c) Fazia - havia - previsse d) Faziam - havia - previssem e) Fazia - haviam - previssem 05. Na frases “Tomarei banhos de mar.”, “Vou refazer minhas malas.” e “Não desobedeça aos sinais de trânsito.”, os complementos verbais podem ser substituídos por: a) los – lhes – os b) los – las – lhes c) lhes – las – lhes d) los – lhes – lhes e) los – las – os 15 06. Assinale a frase gramaticalmente correta. a) Pinte as janelas da sala e às da cozinha também. b) Eis a colega à qual trago na lembrança. c) Sua vista esquerda está ótima; agora vou examinar à direita. d) Não dou valor à tolices dessa espécie. e) A farmácia � ca na próxima rua à direita. 07. Assinale a alternativa que completa com cor- reção as lacunas da frase seguinte: “Ficaram frente _____ frente, _____ se encarar, sem saber o que dizer uma _____ outra.” a) à – à – a; b) à – a – a; c) a – a – à; d) a – à – a; e) à – a – à. 08. Assinale a opção incorreta quanto ao em- prego do pronome pessoal: a) Eu falarei consigo mais tarde, meu amigo. b) O bom pai nunca pensa apenas em si.. c) Leve consigo lápis e borracha, meu � lho. d) Tua mãe sempre cantou para tu dormires? e) Nunca houve acordo entre mim e meu che- fe. 09. “Outrora viajei países imaginários, fáceis de habitar. Ilhas sem problemas”, não obstante exaustivas e convidando ao suicídio.” (Carlos Drummond de An- drade) A locução destacada no texto acima indi- ca circunstância de: a) condição b) modo; c) dúvida; d) concessão; e) causa. 10. “A tarde talvez fosse azul Não houvesse tantos desejos.” (Carlos Drummond de Andrade) Embora a segunda oração do texto acima esteja desprovida de conectivo, ela expri- me circunstância de: a) tempo; b) concessão; c) causa; d) consequência; e) condição. 11. Assinale a opção em que a concordância verbal esteja de acordo com o padrão culto. a) Todos os eleitores têm responsabilidades. b) A sua preocupação constante era os juros altos. c) Alguns de nós trocam o amor pelo ódio. d) Nenhum de nós faremos um acordo desses. e) Falta, neste momento, cinco minutos para o término da aula. 12. Assinale a alternativa que preencha, pela ordem, as lacunas abaixo: I. O verso................ refere-se o poeta é mais belo, mais variado e mais imprevisto. II. O verso................ trata o poeta é mais belo, mais variado e mais imprevisto. III. O verso................ o poeta monta seu po- ema é mais belo, mais variado e mais im- previsto. IV. O verso................ o poeta constrói é mais belo, mais variado e mais imprevisto. a) em que – a que – que – de que; b) com que – que – com que – de que; c) a que – de que – com que – que; d) a que - de que – que – de que; e) que – de que – com que – que. 13. Assinale a frase que contém erro: a) É tranqüila a rua onde moro. b) Não sei onde guardar estes documentos. c) Todos ignoram onde ele mora. d) Ele não sabe onde irá no próximo verão. e) Aquela é a cidade onde nasceu Castro Al- ves. 14. Assinale a alternativa que apresenta período corretamente pontuado. a) De novo, o paciente gemia; mas manso len- tamente, sem desespero. b) De novo, o paciente gemia, mas manso, lentamente, sem desespero. c) De novo, o paciente gemia mas manso, len- tamente, sem desespero. d) De novo o paciente gemia, mas manso, len- tamente, sem desespero. e) De novo o paciente, gemia, mas manso, len- tamente, sem desespero. 16 GABARITO 01-c 02-d 03-d 04-e 05-b 06-e 07-c 8-a 09-d 10-e 11-c 12-c 13-d 14-b MAIS TESTES 01. Assinale o item a seguir em que as duas pa- lavras não são acentuadas em razão da mesma regra:a) público - fábula; b) baía - saúva; c) próprios – responsáveis; d) ausência – critérios; e) séria – parágrafo 02. Assinale a alternativa cujas palavras recebem acento grá� co de acordo com a mes- ma regra: a) hífen - cânon - próton b) caráter - útil - área c) herói - mói - álcool d) juízes - ilhéus - tuiuiú e) pôde - pôr - pô-lo 03. Dirigindo-se à ....... de informações, soube que não haveria a ......... das oito; por isso fez ......... do bilhete para seu amigo. a) sessão - cessão - cessão b) seção - sessão - cessão c) sessão - cessão - seção d) cessão - seção - sessão e) seção - seção - cessão 04. Protestei contra a voz, mandando que se calasse ............ eu não admitia impertinência. O elemento capaz de estabelecer nexo adequa- do entre as duas a� rmativas é: a) porque b) por que c) por isso d) entretanto e) portanto 05. Complete as lacunas das frases seguintes: ( ) .......... você fez isso, companheiro? ( ) Foram muitas as di� culdades ........... pas- sei. ( ) Não � camos sabendo o .......... da questão. ( ) Ficamos felizes ........... você venceu. 1. por que 3. porquê 2. porque 4. por quê A seqüência correta é: a) 1 - 1 - 1 - 1 b) 4 - 1 - 4 - 2 c) 2 - 2 - 4 - 2 d) 1 - 4 - 3 - 4 e) 1 - 1 - 3 - 2 06. Assinale a alternativa em que o acento in- dicativo da crase foi empregado corretamente: a) Venho à pedido do meu superior. b) Escreveu uma carta à lápis. c) Os turistas regressaram à terra antes do ho- rário previsto. d) Dediquei minhas palavras a senhora que nos recepcionou. e) Ficamos à distância de dez metros do aci- dente. 07. Selecione a alternativa que completa corre- tamente as lacunas da seguinte frase: Os alunos do primeiro ano, ........... essas horas, não sairão mais ......... ruas, ......... menos que este- jam acompanhados por um responsável. a) à - às - à; b) à - às - a; c) a - às - a; d) a - às - à; e) a - as - a. 08. Assinale a letra correspondente à alternativa que completa corretamente as lacunas da frase: Ele está ali .......... muitas horas, ......... espera do nascimento do � lho, que deverá ocorrer daqui ......... pouco. a) há - à - a b) há - a - há c) a - a - há d) à - à – a e) há - à - à 09. Veri� que o emprego das formas pronomi- nais nos períodos abaixo: 1. Não há mais ciúmes entre eu e ele. 2. Perante eu e vós o juiz a declarou culpada. 3. Papai deu o carro para mim dirigir. 17 4. Contra os alunos e eu estava o chefe da co- ordenadoria. 5. Sem você e eu ninguém fará nada correto. Assinale a opção correta: a) Todos os períodos estão corretos; b) Todos os períodos estão incorretos; c) Apenas o período 3 está incorreto; d) Apenas o período 1 está incorreto; e) Apenas os períodos 1 e 3 estão incorretos. 10. Destaque a frase em que o pronome relativo está empregado corretamente: a) É um cidadão em cuja honestidade se pode con� ar. b) Feliz o pai cujo os � lhos são ajuizados. c) Comprou uma casa maravilhosa, cuja casa lhe custou uma fortuna. d) Preciso de um pincel delicado, sem o cujo não poderei terminar meu quadro. e) Os jovens, cujos pais conversei com eles, prometeram mudar de atitudes. 11. Completando-se as lacunas das frases: 1. No palco, você deverá � car entre o apresen- tador e ......... 2. Eles chegaram a discutir entre ........, mas não brigaram. 3. Percebi que o plano era para ......... desistir do jogo. 4. Passeando pelo jardim, o velho falava ........, murmurando frases confusas. Obtém-se as formas: a) mim - eles - mim - consigo; b) mim - si - eu - consigo; c) eu - eles - eu - contigo; d) eu - si - eu - consigo; e) mim - si - mim - contigo. 12. ........... a Deus e ao próximo; ............ os seus deveres e não se .......... . As formas verbais que completam corretamente as lacunas da frase acima são, respectivamente: a) ama - cumpra - desanima; b) ame - cumpre - desanime; c) ame - cumpra - desanime; d) ama - cumpre - desanima; e) ame - cumpre – desanima. 13. Assinale a alternativa gramaticalmente cor- reta: a) Não chores, cala, suporta a tua dor. b) Não chore, cala, suporta a tua dor. c) Não chora, cale, suporte a sua dor. d) Não chores, cales, suportes a sua dor. e) Não chores, cale, suporte a tua dor. 14. A forma verbal do imperativo não está cor- reta na frase: a) Tu falas demais! Fala um pouco menos! b) Você fala demais! Fale um pouco menos! c) Nós falamos demais! Falemos um pouco me- nos! d) Vós falais demais! Faleis um pouco menos! e) Eles falam demais! Falem um pouco menos! 15. Completando-se as lacunas com as formas verbais pedidas nos parênteses, tem-se: 1) Finalmente eles se ________ do álcool. (abs- ter) 2) Não me _________ de tanta emoção. (caber) 3) Espera-se que os rebeldes não _________ as � orestas. (incendiar) a) abstiveram - caibo - incendeiem b) absteram - caibo - incendiem c) abstinham - coube - incendiem d) abstiveram - cabo - incendeiem e) absteriam - caibo - incendeiem 16. Em uma das alternativas a seguir, a forma verbal em destaque está incorreta. Assinale-a: a) É preciso que leiais o que vos diz respeito. b) Há alguns males que jamais se remedeiam. c) Não deis ouvidos aos que vos caluniam. d) Apiedamo-nos das pessoas desvalidas. e) Quando ocorreu o motim, a polícia interviu. 17. A forma assinalada em uma das opções se- guintes não é aceita pela norma culta. Aponte-a: a) Não cri em nada que aquele demagogo prometeu. b) Só espero que valha a pena tamanho sacri- fício. c) Eu me precavenho contra os caluniadores. d) Ponde o interesse coletivo acima de vossos interesses. e) Faça somente o que lhe aprouver. 18 18. A aniversariante ............ muito feliz se ........... o carro que lhe ........... . Completando as lacunas com verbos no futuro do presente do indicativo, futuro do subjuntivo e pretérito perfeito do indicativo, tem-se, na ordem: a) � caria - reavesse - roubaram b) � cará - reouver - roubaram c) � cava - reouvesse - roubariam d) � caria - reaver - roubarão e) � cará - reaver - roubaram 19. Nas alternativas seguintes, a frase apresen- tada é convertida na passiva correspondente. Em uma delas, a correspondência é incorreta. Assinale-a: a) A moça olhou o rapaz com languidez. / O rapaz foi olhado pela moça com languidez. b) João ama Maria. / Maria é amado por João. c) A testemunha diria toda a verdade. / Toda a verdade seria dita pela testemunha. d) Nas férias, eles sempre visitavam os avós. / Nas férias, os avós foram visitados por eles. e) Genésio Alfredo escrevera uma belíssima poesia. / Uma belíssima poesia fora escrita por Genésio Alfredo. 20. Marque o item que completa corretamente a frase: Assim que ......... do colégio e ......... Carlos, .......... que preciso falar com ele. a) vires - veres - diga-lhe b) vieres – veres - diga-lhe c) vieres - vires - dize-lhe d) vieres - veres - dize-lhe e) vier - ver - diga-lhe 21. Assinale a opção que completa correta- mente as lacunas da frase apresentada. Se você .......... e seu amigo ........... no caso, talvez ........... esses bens. a) requisesse - intervisse - reavesse b) requeresse- intervisse - reavesse c) requeresse - interviesse - reouvesse d) requeresse - interviesse - reavesse e) requisesse - intervisse - reouvesse 22. Em “Não havia público para os oradores naquela noite”, o sujeito é: a) elíptico b) indeterminado c) inexistente d) simples e) composto 23. Se, na frase anterior, o verbo haver fosse substituído por existir, o sujeito seria: a) simples b) indeterminado c) elíptico d) composto e) inexistente 24. Em “Ele observou-a e achou aquele gesto feio, grosseiro, masculinizado.” , os termos destacados são: a) predicativos do sujeito b) predicativos do objeto c) adjuntos adnominais d) objetos diretos e) adjuntos adverbiaisde modo 25. Os termos destacados estão corretamente classi� cados, exceto em: a) Ficaram encantados com sua gentileza. (objeto indireto) b) Com as mãos no rosto, parecia petri� cado. (predicativo do sujeito) c) Quanto tempo perdido em brincadeira! (adjunto adnominal) d) Procurava alivio para seus sofrimentos. (complemento nominal) e) A mim, pobre infeliz, todos abandonam. (apos- to) GABARITO 01-e 02-a 03-b 04-a 05-b 06-e 07-c 08-a 09-b 10-a 11-b 12-c 13-a 14-d 15-a 16-e 17-c 18-b 19-d 19 01. A) Quanto às características de A jangada de pedra, assinale C, para os itens corretos, e E, para os errados. I. ( ) Discurso criativo e irônico. II. ( ) Escrita narrativa marcada pela oralidade. III. ( ) Obediência à pureza dos gêneros. IV. ( ) Afi nidades com as literaturas latino-americanas. V. ( ) Despersonalização neo-realista dos protagonistas. VI. ( ) Relações intertextuais entre a literatura e outras artes. B) Fundamentando-se no romance, justifi que sua resposta aos itens V e VI do quesito anterior. ____________________________ COMENTÁRIO A primeira parte da questão 1 sonda as caracterís- ticas da escrita romanesca de José Saramago e, em es- pecial, as que estão presentes em A jangada de pedra. O vestibulando deve marcar (C) em “Discurso cria- tivo e irônico”, visto que a fi cção do escritor português é profundamente imaginativa, não se repetindo, ainda que preserve traços constantes como a busca da verda- de e do ser do outro. A criatividade não conduz ao her- metismo, à compreensão reduzida a poucos leitores. As palavras são correntes em sua quase totalidade; as vi- sões de mundo se traduzem em expressões que atingem diferentes planos de compreensão. Freqüentemente a ironia se apresenta como um dos traços mais fortes des- ta escrita, como o vêm ressaltado a crítica e os leitores de José Saramago. Um ( C ) deve ser assinalado em “Escrita narrativa marcada pela oralidade.” O próprio escritor defende a ora- lidade de sua escrita em entrevista concedida a Horácio Costa e publicada na Revista Cult nº 17: “Se você ler em voz alta, vai ver o que acontece. Da mesma forma que, quando nos comunicamos oralmente, não necessitamos nem de travessões, nem de pontinhos, nem nada do que parece necessário usar quando escrevemos”... (p.23) Em entrevista a Zero Hora, Saramago reconhece que sua nar- ração “se confunde muito com a oralidade, tem a ver com essa magia do conto oral. (...) O que eu quero é que o leitor ouça... ouça aquilo que está no livro”. Quanto ao item “Obediência à pureza dos gêneros”, a resposta deve ser ( E ), pois é notável nos romances de José Saramago o deslizamento não só entre os gêne- ros e subgêneros – o ensaio, a crônica, o romance, por exemplo – mas também entre os tons. Na obra, o lírico, o irônico, o mágico, o irreverente se entretecem, sur- preendendo e corroendo as expectativas do leitor. Até recentemente pouco investigado, Saramago foi, ele mesmo, o intérprete e explicador de sua própria obra em entrevistas e textos esparsos publicados em jornais. O romancista disse, por mais de uma vez, que era “um bom ensaísta que escreve romances, porque não teve quem lhe ensinasse a escrever ensaios”. Seu romance é muito singular para se limitar à obediência das regras de um gênero, ainda que seu modo pessoal de conceber e de realizar a literatura possa, no futuro, produzir seguidores. Assinale-se ( C ) em “Afi nidades com as literaturas la- tino-americanas.” Ainda que se identifi que profundamen- te com a cultura portuguesa, A jangada de pedra dialoga com escritores latino-americanos. Desde a epígrafe deste romance - o “Todo futuro es fabuloso” de Alejo Carpen- tier -, as marcas do realismo maravilhoso americano dia- logam com o imaginário ibérico, graças às afi nidades e às diferenças que o texto reconhece. Saramago dialoga com Jorge Luis Borges em O ano da morte de Ricardo Reis, conforme percebeu Vilma Arêas. O vestibulando deve marcar (E) em “Despersonali- zação neo-realista dos protagonistas”, visto que a esté- tica saramaguiana - entre outras diferenças - associa o imaginário mítico-poético às formas do fantástico e do maravilhoso. Seu modo de lidar com os fatos históricos não desenvolve o projeto de literatura social modelado pelo neo-realismo dos anos 40 em Portugal, que pro- punha uma literatura empenhada, social e documental. As primeiras personagens de fi cção do Neo-Realismo eram personagens-grupo e os protagonistas da maioria dos romances do decênio sofriam violenta despersona- lização. PROVA LÍNGUA PORTUGUESA COMENTADA A imaginação e a cartografi a européias do passado povoavam de ilhas as amplitudes desconhecidas do Atlêntico - e a mais famosa delas se chamava Ilha do Brasil. José Saramago imagina uma ilha nova. Naveguemos um pouco em A jangada de pedra, antes de aportarmos no Brasil. 20 O vestibulando também deve marcar (C) em “Re- lações intertextuais entre a literatura e outras artes.” O leitor de A jangada de pedra deve recordar que o narrador se refere a Os pássaros de Alfred Hitchcock, comparando o temperamento dos estorninhos às aves agressivas do fi lme de suspense. O teatro, a ópera e a dramaturgia shakespeareana são igualmente referidos. A intertextualidade ocorre dentro do próprio sistema literário, visto que A jangada de pedra dialoga com textos de Camões, Pessoa, e de outros, aí incluídos o próprio romance saramaguiano. O item B se encontra justifi cado acima. ____________________________ 02. A) No quadro abaixo são apresentadas funções que os fatos incomuns têm em A jangada de pedra. 1. Associar os mitos ao saber contem- porâneo. 2. Ironizar as contradições da integração européia. 3. Criticar as explicações positivistas e o cientifi cismo. 4. Inserir o acontecimento maravilhoso na vida cotidiana. Associe os fatos incomuns transcritos a seguir com o número que corresponde à sua função no romance. ( ) ... “os veterinários combinaram que passariam por alto, no relatório, o intrigante sucesso das cordas vocais desaparecidas. E parece que de- fi nitivamente, porque nessa mesma noite an- dou a rondar Cerbère um enorme cão de três cabeças, alto como uma árvore, mas calado.” (p.10) ( ) ... “depois, se tudo correr bem, mandarão vir o resto dos parentes, e a cama, a arca, a mesa, à falta de mais ricas variedades, nenhum deles se lembrou de que nos hotéis o que mais há é camas e mesas”. (p. 94) ( ) “Arrasta o pé pelo chão, arrasa o risco com uma rasoira, pisa e calca, é como um sacrilégio. No instante seguinte, diante dos olhos assom- brados de todos, o risco refaz-se, recompõe-se exatamente como fora antes”. (p.140-141) ( ) ... “alguns países membros chegaram a manifes- tar um certo desprendimento, palavra sobre todas exacta, indo ao ponto de insinuar que se a Península Ibérica se queria ir embora, então que fosse, o erro foi tê-la deixado entrar.” (p. 42) ( ) ... “não faltou quem viesse propor que doravante todos os fenômenos da psique, do espírito, da alma, da vontade, da criação, passassem a ser explicados em termos físicos, ainda que por simples analogia ou indução imperfeita.” (p. 239) ( ) “Mas Pedro Orce disse, Se afi rmam que parou, será verdade, mas que a terra continua a tremer, essa verdade juro-a eu, por mim e por esse cão.” (p. 283) B) Destaque a idéia central da transcrição. “Passam os tempos, confundem-se as memórias, em quase nada acabam por distinguir-se a verdade e as ver- dades, antes tão claras e delimitadas, e então, querendo apurar o que ambiciosamente denominamos rigor dos factos, vamos consultar os testemunhos da época, do- cumentos vários, jornais, fi lmes, gravações de vídeo, crónicas, diários íntimos, pergaminhos, sobretudo os palimpsestos, interrogamos os sobreviventes,com boa vontade de um lado e do outro conseguimos mesmo acreditar no que diz o ancião sobre o que viu e ouviu na infância, e de tudo haveremos de concluir alguma coi- sa, à falta de convictas certezas faz-se de conta”. ( p.35) C) Sob a perspectiva da identidade cultural, justifi - que o deslocamento da península. ____________________________ COMENTÁRIO Ao responder a segunda questão, o candidato deve numerar os parênteses conforme as opções constantes do quadro. A primeira referência, extraída da página 10 do livro em estudo, deve corresponder à função de número 1: “Associar os mitos ao saber contemporâneo.” A passa- gem transcrita refere-se a Cérbero, cão de três cabeças que, na mitologia grega, guardava a entrada das regiões infernais. Associa-se ao cão o nome da cidade francesa Cerbère, próxima à linha divisória entre França e Espa- nha, onde se dará uma das fraturas que desprenderá a península do resto da Europa. Saramago insere a personagem no contexto histórico atual, permitindo ao leitor refl etir sobre como os veteri- nários e os cirurgiões que realizam a autópsia de Médor lidam com o saber que lhes é próprio. A opção pelo nú- mero 4 pode ser também aceita, visto que a presença do cão mitológico caracteriza a inserção do maravilhoso no cotidiano. A segunda citação deve ser assinalada com o nú- mero 5, pois o narrador analisa o comportamento e os valores do povo português. A passagem se insere no episódio da ocupação dos hotéis de luxo, quando a camada mais pobre da população se organiza por me- lhores condições de moradia e tem de enfrentar a ação policial. O apego à família e aos bens da casa supera a fria compreensão das condições reais imediatas. 21 A resposta seguinte deverá ser 4, pois a transcrição destaca o gesto mágico de Joana Carda inserindo-se na realidade quotidiana das personagens. O candidato sa- berá que os três protagonistas viajam conduzidos por Joana até o lugar do risco, onde submetem a exame o fenômeno. Quanto ao quarto quesito, deve-se numerar com o algarismo 2 do quadro. As relações dos países ibéricos com o resto da Europa são referidas como problemáti- cas. Os países ricos e mais poderosos viam com certo desprezo as nações mais pobres e menos desenvol- vidas, o que gerava queixas nos povos ibéricos. Por várias vezes, a narrativa se refere a este fato. Contudo, um episódio demarca fortemente o sentimento de so- lidariedade, adverso à rejeição: os jovens declaram-se em todas as línguas européias que são também eles ibéricos, contrariando assim os preconceitos vigentes nos mais velhos. A quinta transcrição deve ser interpretada como uma crítica às explicações positivistas e ao cientifi cis- mo, portanto deve receber número 3. O recurso às técnicas da literatura fantástica e ao pensamento mágico vem quebrar o mecanicismo — que tende a explicar os fenômenos universais por re- lações comprovadas, por vezes imediatas, de causa e efeito —, e abala o ideal cientifi cista do positivismo, que examina as criações culturais, fundamentando-se nas leis LÍNGUA PORTUGUESAs e biológicas. A última transcrição deve receber o número 4. En- quanto o tremor da terra passa despercebido por to- dos os demais, Orce e seu amigo, o cão, vivenciam o acontecimento maravilhoso, testemunhando a sua presença na realidade. O item B requer que o candidato demonstre ha- bilidade de identifi car a idéia central do fragmento transcrito: a difi culdade de se atingir as verdades do passado leva à construção imaginária da história. Os meios da pesquisa — consultas, gravações, entrevis- tas —, mesmo ocupando cinco linhas da transcrição, apenas comprovam a difi culdade de se resgatar o “ri- gor dos fatos”. O item C solicita uma justifi cativa para o desloca- mento da jangada de pedra, tomando-se como pers- pectiva o ponto de vista cultural. Saramago reconhe- ce, em entrevista, que a península ibérica tem ligações culturais fortes com as Américas, talvez mais do que com seu próprio continente. Deslocar a península para o Atlântico indica a reserva com que o escritor encara a integração européia, posição também documentada em matéria jornalística, e o reconhecimento da iden- tidade cultural, fundamentada pelos idiomas comuns, pelo longo período de colonização, pelos costumes e valores que os povos das Américas preservaram du- rante séculos e que ainda compartilham com as cul- turas portuguesa e espanhola. O deslocamento indica ainda as afi nidades com as ex-colônias africanas. ____________________________ 03. A) Narre, em poucas palavras, os episódios do ro- mance em que: D. João o Segundo dá a certo fi dalgo um presente. os estorninhos salvam Sassa e Anaiço de um risco iminente. B) Diga com que objetivo José Saramago diferencia o texto literário e o libreto de ópera. C) Apresente uma crítica feita pelo narrador à: política internacional norte-americana. visão maniqueísta das diferenças de classe. ____________________________ COMENTÁRIO A parte A tem por objetivo testar a leitura e o estudo apurado do texto. Para tanto, solicita ao concorrente que narre episódios do romance. O primeiro item pode ser resumido assim: “D. João o Segundo deu uma ilha ima- ginária a certo fi dalgo, que se lançou ao mar à procura desta.” (p. 61) A ilha é um dos motivos composicionais recorrentes no romance, portanto está presente em várias passagem do texto, explorando diferentes planos discur- sivos. Ao percorrer a temática da narrativa, a ilha indica questões fundamentais, como a alienação, a integração política e econômica, o momento histórico da contempo- raneidade, os meios de comunicação, as estruturas sócio- -econômicas, o confl ito entre verdade e conhecimento, entre tantos outros. O segundo item pode ser reportado sinteticamente: “Sassa e Anaiço arriscam-se a ser detidos pela polícia da fronteira entre Portugal e Espanha, quando os estor- ninhos descem do céu e amedrontam os policiais, que correm.” (p.65) Inicialmente, o narrador aproxima do episódio o tratamento maravilhoso de “história de fa- das, embrulhamentos e andantes cavalarias” e as aven- turas homéricas, mas fi nda por lhe dar um tratamento irônico. A parte B pergunta sobre o objetivo de José Sarama- go, ao diferenciar o texto literário e o libreto de ópera. Diz a passagem à página 33: “Aqui teria cabimento a lamentação primeira de não ser libreto de ópera este verídico relato, que se o fosse faríamos avançar à boca de cena um concertante como nunca se ouviu, vinte cantores, entre líricos e dramáticos de todas as colora- turas, garganteando as partes, uma por uma ou em coro, sucessivas ou simultâneas, a saber, a reunião dos gover- nos espanhol e português, o rebentamento das linhas de transporte de eletricidade, a declaração da Comunidade Económica Europeia, a tomada de posição da Organi- zação do Tratado do Atlântico Norte, a pânica deban- dada dos turistas, o assalto aos aviões, o congestiona- mento do trânsito nas estradas, o encontro de Joaquim Sassa e José Anaiço, o encontro deles com Pedro Orce, a inquietação dos touros em Espanha, o nervosismo das éguas em Portugal, o alarme nas costas do Mediterrâ- neo, as perturbações das marés, a fuga dos ricos e dos poderosos capitais, não tarda que comecem a faltar-nos cantores.” (p.33-34) 22 Compreendendo a simultaneidade e a combinação dos fatos que compõem um momento histórico, Saramago faz ver que a linearidade dos discursos – e, portanto, a da narrativa - impõe uma ordem diferente, incapaz de representar a um só tempo a pluralidade do real. O próprio leitor exige do narrador a seqüenciação linear das frases e das ações, para que, no fi nal da leitura, tenha a dimensão de um todo dotado de começo e fi m. A refl exão sobre o processo nar- rativo está, a título de exemplo, também presente nas páginas 134-135, 194,denotando a tendência da fi cção atual de recorrer à metalinguagem e à exposição dos recursos da fi cção. Ao referenciar uma crítica feita pelo narrador à política internacional norte-americana, o vestibulando poderá se lembrar da seguinte passagem: “O que tem causado certa perplexidade é a prudência da Casa Branca, em geral tão pronta a intervir nos negócios do mundo, onde quer que eles tragam vantagens, havendo porém quem sustente que os norte-americanos não estão dispostos a comprometer-se antes de verem aonde é que tudo isso, literalmente falando, vai parar.” (p.158) O narrador de A jangada de pedra critica a atitude mental “infectada de maniqueísmo”, com sua visão idealizante das classes baixas e com sua condenação liminar das classes altas. O escritor considera a rotulação de “ricos e pode- rosos” uma atitude invejosa, que visa a suscitar ódios e antipatias. (p.225) ____________________________ Qual será a visão de Saramago acerca do navegador? E de seus amores? Aproximemo-nos um pouco mais do porto e tiremos nossas conclusões. TEXTO 1 04. Leia as afi rmações constantes do quadro abaixo. 1. As mulheres do cais e os navegadores são seres solitários. 2. Os marinheiros não costumam fazer promessas de reencontro. 3. As mulheres do cais se entregam aos marinheiros por dinheiro. 4. Os marinheiros sempre se aposentam ao completar vinte anos de serviço. 5. O principal motivo do desembarque dos marinheiros é a busca de uma mulher. 23 COMENTÁRIO A questão quatro aborda compreensão textual e re- quer que o candidato distinga as informações que, li- teral ou implicitamente, podem ser comprovadas pelo texto daquelas que não podem. As afi rmações 1 e 2 po- dem ser comprovadas pelo texto, enquanto as de núme- ro 3, 4, 5 e 6, não. A primeira afi rmação se comprova nas linhas 18 a 20, quando o autor diz ser da solidão a culpa de os na- vegadores irem ao porto, e de as mulheres irem ao cais. A segunda afi rmação assegura que os marinheiros não cos- tumam fazer promessas de reencontro. Isso se comprova, no texto, na linha 14: “nunca o navegador solitário lhe disse, Espera por mim”. O autor reforça essa afi rmação, quando diz ser esse um pedido que o navegador não se permitiria fazer (linha 15). A terceira afi rmação não é autorizada pelo texto, pois garante que as mulheres se envolvem com os ma- rinheiros por dinheiro. Na verdade, embora algumas fi - quem no cais à espera de navegadores e até saiam com eles, não se pode afi rmar, com base no texto, que elas o façam em troca de qualquer pagamento. De acordo com o texto, o motivo da ida ao cais é a solidão: “tam- bém ela [a solidão] pode levar o navegador ao porto, e a mulher ao cais.” (linha 19). A quarta afi rmação não tem qualquer embasamento no texto. Em momento algum, o autor menciona apo- sentadoria . A linha 1 desmente a afi rmação 4, quando diz: “Passava de vinte anos que o navegador andava nos mares do mundo.”, ou seja, há mais de vinte anos que ele navegava. A quinta afi rmação também não está no texto. Com- prova-se exatamente o contrário, que “nunca (...) o na- vegador solitário pôs pé em terra com o fi to de levar mulher para ser sua companhia na navegação” (linhas 11/12). O texto assegura que o navegador, quando de- sembarca, é para fazer compras, abastecer a embarca- ção (linhas 8-11). A sexta afi rmação contradiz o texto, pois nele o au- tor assegura que o fato de as canções dizerem que os navegadores têm uma mulher à sua espera em cada por- to, “é uma maneira particularmente optimista de imagi- nar a vida”(linhas 7-8), e acrescenta que isto é negado pelos fatos da vida e pelas atitudes das mulheres. ____________________________ 05. Leia novamente o texto de Saramago, em seguida, responda aos itens abaixo. A) Ponha V ou F, conforme as afi rmações sejam ver- dadeiras ou falsas. I. ( ) O texto atende rigidamente às convenções da língua escrita. II. ( ) O narrador apresenta os fatos sem posicionar- -se a respeito deles. III. ( ) Na linha 13, a forma verbal “acontece” indica que se admite a possibilidade de uma mulher estar à espera do marujo. IV. ( ) A construção “quando desembarca é para...” (linhas 08-09) realça o objetivo do desembar- que contrapondo-se à idéia anterior. B) Justifi que sua resposta à afi rmação II. ____________________________ COMENTÁRIO A questão cinco requer do candidato a aplicação de diferentes conhecimentos lingüísticos. O item I (Falso) focaliza especifi camente conven- ções da língua escrita. A afi rmação é falsa, pois garante que o texto de José Saramago atende rigidamente às convenções da língua escrita. Pela análise do trecho transcrito, o candidato deve perceber a não-indicação convencional da mudança de interlocutor do discurso (“nunca o navegador solitário lhe disse, Espera por mim, que um dia hei-de voltar, não é um pedido que ele se permitisse fazer, Espera por mim, nem ele pode- ria garantir que estará de volta nesse dia ou alguma vez...” – linhas 14-15). Nesse trecho, há fala do narra- dor e do navegador. No texto, não há abertura de novo parágrafo, não há emprego do travessão, sequer aspas para demonstrar a mudança de interlocutor. A) Selecione as que podem ser comprovadas pelo texto 1 e as que não podem e coloque-as no quadro adequado, usando o número a que cada uma corresponde. AFIRMAÇÕES COMPROVADAS PELO TEXTO AFIRMAÇÕES NÃO COMPROVADAS PELO TEXTO B) Com base no texto, justifi que sua escolha quanto às afi rmações 1 e 6. ____________________________ 24 O item II (Falso) explora conhecimento textual. A afi rmação está errada, pois o narrador, além de apresentar os fatos, posiciona-se a respeito deles. Constata-se isso, principalmente, no último período do trecho: “A culpa, se é preciso dizê-lo, não está nas mulheres nem nos navegadores, a culpa está nesta solidão que às vezes não se agüenta, também ela pode levar o navegador ao porto, e a mulher ao cais.”(linhas 18-19). O item III (Verdadeiro) aborda emprego de forma verbal. A afi rmação está correta, pois, ao empregar o presente do indicativo (acontece), está o narrador assegurando a realização do fato (cf. Camara Jr., 1997:169). Se o narrador tivesse empregado o pretérito imperfeito do subjuntivo “se realmente acontecesse”, ele estaria enunciando um fato com dúvida (cf. Camara Jr., 1997:169). Como usou o presente do indicativo, a presença da mulher no cais é admitida. O item IV (Verdadeiro) exige do candidato conhecimento de organização frasal. A afi rmação está correta. No tex- to se diz que são feitas canções “que em cada porto há uma mulher à espera do marujinho” (linha 7). Com o objetivo de contrapor-se a essa idéia, o narrador diz que “o navegador, quando desembarca é para ..” (linha 9). Ao empregar o conectivo “quando” e o verbo “ser”, ele está ressaltando o objetivo do desembarque, que seria unicamente fazer compras, abastecer a embarcação. Exclui, assim, qualquer outra possível razão para o navegador desembarcar. ____________________________ TEXTO 2 06. A) As formas verbais podem indicar, além do tempo, diversas atitudes do falante perante seu enunciado. Por exemplo, quando se diz “Deus te abençoe.”, a forma verbal, presente do subjuntivo, nesse contexto, indica desejo. Com base nisso, diga qual a atitude do falante expressa por cada uma das formas grifadas nas frases abaixo. I. “Esta viagem também seria a primeira da História a passar por quatro continentes.” (Texto 2, linha 5) II. “...absurdo seria que desdenhasse dela...” (Texto 1, linha 13) B) Preencha os parênteses, indicando a relação temporal que se estabelece entre o fato expresso em 2 em relação ao expresso em 1. Para isso, utilize A, para a relação de anterioridade, P para a de posterioridade, e S, para a de simulta- neidade. ( ) Quando navegou1 para o Brasil, Cabral tinha viajado2 apenas até Ceuta, () Eles partiram1 de Lisboa no dia 08 de março. Em 22 de abril, chegariam2 ao Brasil. ( ) Quando a frota aproximou-se1 da terra, o medo rondava2 os marinheiros. ( ) Vasco da Gama já tinha sido escolhido1 para a viagem, quando o Rei mudou2 de idéia. ( ) Como Cabral não abastecera1 o navio na viagem, preocupou-se2 com isso no Brasil. ( ) Documentos que comprovariam1 a hipótese da intencionalidade desapareceram2. ____________________________ 25 COMENTÁRIO A questão seis aborda aspectos gramaticais, es- pecifi camente, tempo e modo verbais. No item A, pede-se que o candidato indique a atitude do falante ao empregar o futuro do pretérito em frases dos tex- tos 1 e 2. Como se sabe, o futuro pode ser emprega- do para expressar diversas modalidades. No texto 2, o futuro do pretérito exprime certeza sobre um fato. O falante, reportando-se a um período anterior, fala de um fato que, na época, ainda iria acontecer. Ou seja, o futuro do pretérito nessa frase assume o seu valor próprio de um futuro do passado. Em relação ao momento da enunciação — o presente, 1999 — o fato já aconteceu, portanto é passado; mas, em rela- ção a um outro fato do passado, é um futuro, acon- teceria depois. Já no texto 1, com a mesma forma verbal expressa-se impossibilidade. Quando usa o futuro do pretérito — “absurdo seria que desdenhas- se dela” — o narrador marca a impossibilidade do desdém. Se tivesse usado o futuro do presente — “absurdo será que desdenhe dele” — teria admitido a possibilidade do desdém. Sobre o assunto, afi r- mam Cunha e Cintra (1985:448 e 451): O futuro do presente emprega-se:(...) nas afi rma- ções condicionadas, quando se referem a fatos de re- alização provável. O futuro do pretérito simples emprega-se:(...) nas afi rmações condicionadas, quando se referem a fatos que não se realizam e que, provavelmente, não se re- alizarão. Também Camara Jr. (1977:169) discute o uso dessa forma verbal: Por outro lado, os tempos verbais do indicativo são usados com valor modal e podem perder toda a expressão temporal em proveito desse valor. Neste caso, há (...) uma oposição entre futuro do presente (expressão da possibilidade) e o futuro do pretérito (expressão da impossibilidade), ex.: “opinião que se- ria muito difícil de sustentar (...)” onde se assinala que tal opinião é inadmissível, ao contrário de uma frase como —...opinião que será muito difícil de sus- tentar, onde fi ca admitida a possibilidade da opinião. No item B, o candidato deve verifi car a relação temporal que se estabelece entre dois fatos. No pri- meiro período, a relação que se estabelece entre o fato 2 (viajar) e o fato 1 (navegar) são de anterioridade. A viagem de Cabral até Ceuta ocorreu antes de ele nave- gar para o Brasil. No segundo, a relação entre o fato 2 — chegar ao Brasil — e o fato 1 — partir de Lisboa, é de posterioridade. A relação temporal existente entre o fato 2 (rondar os marinheiros) e o fato 1 (aproximar- -se da terra) é de simultaneidade. O medo rondava os marinheiros, ao mesmo tempo em que a frota se apro- ximava da terra. No quarto período, a relação entre o fato 2 (mudar de idéia) e o fato 1 (ter sido escolhido) é de posterioridade. A mudança de idéia ocorreu depois da escolha. No quinto período, a relação entre o fato 2 (preocupar-se) e o fato 1 (abastecer) também é de pos- terioridade, pois a preocupação ocorreu depois do fato de não ter abastecido o navio na viagem. No último período, a relação entre o fato 2 (desaparecer) e o fato 1 (comprovar) é de anterioridade. O desaparecimento dos documentos ocorreu antes da possibilidade de a hipótese ser comprovada. Desse modo, os parênteses seriam corretamente preenchidos da seguinte forma, de cima para baixo: A - P - S - P - P - A. ____________________________ 07. A) Cite duas passagens do texto 2 que embasam a hipótese da chegada intencional de Cabral ao Brasil. B) Construa um parágrafo coeso e coerente, seguindo as instruções abaixo. I. Assunto: sentimento dos degredados e dos de- sertores perante o fato de fi car no Brasil. II. Forma de desenvolvimento: comparação e/ou contraste. ____________________________ COMENTÁRIO A questão sete aborda, no item A, compreensão textual e, no item B, produção de texto. O item A requer que o candidato apresente duas passagens do texto 2 que embasam a hipótese da chegada intencio- nal de Cabral ao Brasil. Uma passagem do texto é a que se refere às três incumbências que teria a frota: “a terceira e mais velada, era a de tomar posse de uma terra já conhecida no caminho: o Brasil” (linhas 2-3); quer dizer, era uma missão sua chegar ao Brasil, em- bora fosse algo que ainda não estaria sendo revelado, tornado público, daí “velada missão”. A segunda pas- sagem do texto que também embasa essa hipótese é aquela em que os autores asseguram ter transcorrido a viagem calmamente, sem tempestades (cf.linhas 7-8). No item B, o candidato deve construir um pará- grafo em que aborda o sentimento dos degredados e dos desertores por terem fi cado no Brasil. O parágrafo deve ser organizado por comparação e/ou contraste. Espera-se que o candidato, ao produzir o parágrafo, estabelecendo comparação, quer por similaridade, quer por contraste, entre o sentimento daqueles que, voluntária ou involuntariamente, permaneceram no Brasil depois da volta da armada de Cabral, além de demonstrar conhecer a diferença de signifi cado entre os termos, empregue de forma adequada os elementos coesivos inter e intrafrasais. ____________________________ 26 Agora, 500 anos depois, começam os preparativo para comemorar a chegada de Cabral ao Brasil. TEXTO 3 08. O quadro abaixo contém características dos textos da prova. Referência à descoberta do Brasil Uso de recursos expressivos Narrativa em prosa Referência ao passado Predomínio da função referencial Número de embarcações da frota Referência aos portugueses Objetivo de informar Discurso direto Solidão dos navegadores A) Retire do quadro acima: • uma característica exclusiva de cada um dos textos discriminados abaixo. Texto 1: _____________________________________ Texto 3: _____________________________________ • uma característica comum aos textos 2 e 3. • uma característica comum aos textos 1, 2 e 3. B) A frase “uma regata (...) deve sair (...) de Lisboa” (Texto 3, linhas 1-2 ), lida de forma isolada, permite, pelo me- nos, duas leituras: obrigação e probabilidade. • Qual o elemento responsável por estas duas interpretações? • Para cada leitura possível, construa um período, acrescentando informações à frase “Uma regata deve sair de Lisboa”, de modo que cada período construído permita apenas uma interpretação. OBRIGAÇÃO: ____________________________________________ PROBABILIDADE: ________________________________________ ____________________________ COMENTÁRIO A questão oito aborda leitura e escrita. No item A, o candidato deve, depois de identifi car, dentre as características constantes no quadro, as que pertencem a um ou a mais de um texto da prova e apresentar uma exclusiva do texto 1 e outra, também exclusiva, do texto 3. Em seguida, o candidato deve destacar uma comum aos textos 2 e 3 e outra comum aos três textos. 27 Das características apresentadas, três dizem respei- to ao texto 1: discurso direto (“nunca o navegador so- litário lhe disse, Espera por mim, que um dia hei de voltar”), uso de recursos expressivos (Passava de vinte anos...) e solidão dos navegadores (O navegador soli- tário, quando desembarca... / nunca o navegador so- litário lhe disse); uma é exclusiva do texto 3: número de embarcações da frota (“Uma regata com mais de 50 embarcações ... de lá seguem com mais 100 barcos”); três são comuns aos textos 2 e 3: referência à descober- ta do Brasil, predomínio da função referenciale objeti- vo de informar. Ambos os textos, por terem o objetivo de informar, o 2, a viagem de Cabral ao Brasil há quase 500 anos e o 3, as comemorações desta viagem hoje, quase 500 anos depois, detêm-se na função referencial da linguagem. O foco está na informação a ser transmitida para o lei- tor. Três características são comuns a todos os textos: narrativa em prosa, referência aos portugueses e refe- rência ao passado. O item B trata de modalidade, especifi camente, o uso do verbo modal dever. Uma perífrase com o verbo dever + infi nitivo pode indicar obrigação ou probabilidade : Dever exprime: 1) a obrigação “interna”. Ex.: Devo aceitar o desafi o (meu sentimento de honra o impõe a mim); 2) a obrigação “externa”, imposta seja por um X ani- mado, ex.: Pedro deve trabalhar (dão-lhe a ordem); seja por um X inanimado, ex.: Devo partir (as cir- cunstâncias, a situação, etc. me obrigam a isso); 3) a probabilidade. Ex.: Ele deve ter chegado (é prová- vel que tenha chegado). (Cervoni, 1989:64). Assim, a resposta correta à primeira pergunta do item B é o verbo dever. Em seguida, o candidato deve cons- truir frases, acrescentando informações à frase original “uma regata deve sair de Lisboa”, de modo a permitir uma só leitura: obrigação ou probabilidade. Será con- siderada correta a resposta que não só atenda a esse co- mando, mas também constitua um período coeso, coe- rente, escrito na norma padrão. ____________________________ SEMÂNTICA O estudo das signifi cações das palavras é um assun- to na língua portuguesa exclusivo da Semântica. No que diz respeito ao aspecto semântico da língua, pode-se destacar três propriedades: • Sinonímia • Antonímia • Polissemia SINONÍMIA Sinonímia é a divisão na Semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que possuem signifi ca- do ou sentido semelhante. Vejamos: 1. A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse. 2. A menina recusou energeticamente ao pedido para que comesse. 3. A mocinha rejeitou impetuosamente ao pedido para que comesse. Vemos que os substantivos “garota”, “menina” e “mocinha” têm um mesmo signifi cado, sentido, todos correspondem e nos remete à fi gura de uma jovem. As- sim também são os verbos “renunciou”, “recusou” e “rejeitou”, que nos transmite idéia de repulsa, de “não querer algo” e também os advérbios que nos fala da maneira que a ação foi cometida “veementemente”, “energeticamente” e “impetuosamente”, ou seja, de modo intenso. Podemos concluir, a partir dessa análise, que sino- nímia é a relação das palavras que possuem sentido, signifi cados comuns. O objeto possuidor da maior quantidade de sinoní- mias ou sinônimos que existe é, com certeza, o dicio- nário. ANTONÍMIA Se por um lado sinonímia é o estudo das palavras dos signifi cados semelhantes na língua, antonímia é o contrário dessa defi nição. Vejamos: 1. A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse. 2. A senhora aceitou passivamente ao pedido para que comesse. Percebemos que “garota” tem signifi cado oposto à “senhora” assim como os verbos “renunciou” e “acei- tou” e os advérbios “veementemente” e “passivamen- te”. Assim, quando opto por uma palavra opto também pelo seu signifi cado que de alguma forma remete a ou- tro sentido, em oposição. Por exemplo, se alguém diz: “Ela é bela”, quer dizer o mesmo que, “Ela não é feia”. Ao estudo das palavras que indicam sentidos opos- tos, denominamos antonímia. POLISSEMIA OU HOMONÍMIA Uma mesma palavra na língua pode assumir dife- rentes signifi cados, o que dependerá do contexto em que está inserida. Observe: 1. A menina fez uma bola de sabão com o brinquedo. 2. A mãe comprou uma bola de basquete para o fi lho. 3. O rapaz disse que sua barriga tem formato de bola. 4. A professora falou para desenhar uma bola. Constatamos que uma mesma palavra, “bola”, as- sumiu diferentes signifi cados, a partir de um contexto (situação de linguagem) diferente nas frases, respecti- vamente: o formato que a bolha de sabão fez; o obje- to usado em jogos; o aspecto arredondado da barriga e ainda o sentido de círculo, circunferência na última oração. 28 Polissemia (poli=muitos e semos= signifi cados) é o estudo, a averiguação das signifi cações que uma pala- vra assume em determinado contexto lingüístico. Por Sabrina Vilarinho Graduada em Letras SOBRE OS PRONOMES O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun- ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desempenha função de complemen- to. Vamos entender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que função exerce. Observe as orações: 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar. Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencen- tes ao caso reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo função de complemento, e conseqüentemente é do caso oblíquo. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur- so, o pronome oblíquo “lhe” da segunda oração aponta para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe). Importante: Em observação à segunda oração o em- prego do pronome oblíquo “lhe” é justifi cado antes do verbo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar “) estiver no infi nitivo ou gerúndio. Exemplo: Eu desejo lhe perguntar algo. Eu estou perguntando-lhe algo. Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposi- ção, diferentemente dos segundos que são sempre pre- cedidos de preposição. Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que estava fazendo. Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que eu estou fazendo. COLOCAÇÃO PRONOMINAL De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bel- lezi, a colocação pronominal é a posição que os pro- nomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos. O pronome oblíquo átono pode assumir três posi- ções na oração em relação ao verbo: 1. próclise: pronome antes do verbo 2. ênclise: pronome depois do verbo 3. mesóclise: pronome no meio do verbo Próclise A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: • Palavras com sentido negativo: Nada me faz querer sair dessa cama. Ninguém me falou que tinha prova. • Advérbios: Nesta casa se fala alemão. Naquele dia me falaram que a professora não veio. • Pronomes relativos: A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. Não vou deixar de estudar os conteúdos que me fa- laram. • Pronomes indefi nidos: Quem me disse isso? Todos se comoveram durante o discurso de despe- dida. • Pronomes demonstrativos: Isso me deixa muito feliz! Aquilo me constrangeu a mudar de atitude! • Preposição seguida de gerúndio: Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais indicado à pesquisa escolar. • Conjunção subordinativa: Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. Ênclise A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não aceita orações iniciadas com pronomes oblí- quos átonos. A ênclise vai acontecer quando: • Verbo estiver no imperativo afi rmativo: Amem-se uns aos outros. Sigam-me e não terão derrotas. • O verbo iniciar a oração: Diga-lhe que está tudo bem. Chamaram-me para ser sócio. • O verbo estiver no infi nitivo: Eu não quis vangloriar-me. Gostaria de elogiar-te hoje pelo bom trabalho. • O verbo estiver no gerúndio: Não quis saber o que aconteceu,
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