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Laura Costa tutoria FPS MED20 2022.1 Página 1 de 5 Asma e Rinite Objetivos: 1- Definir asma e rinite, explicando o papel da inflamação, da alergia e os diferentes fenótipos. 2- Entender a epidemiologia da asma e da rinite, descrevendo os principais fatores de risco 3- Discutir o quadro clínico da asma e da rinite, classificando-as de acordo com os sintomas e a gravidade 4- Interpretar os principais exames complementares, comparando com a gravidade. 5- Explicar o manejo da asma e da rinite de acordo com a gravidade e persistência, planejando o seu tratamento. Resumo: ASMA Doença das vias aéreas inferiores, que tem pro característica inflamação crônica do músculo liso dos brônquios, vias aéreas hiper-reativas e episódios de broncoespasmos que limitam o fluxo de ar. Manifesta-se com: episódios de recorrentes sibilâncias, dispneia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar. The National Asthma Education and Prevention Program (NAEPP) do The National Institutes of Health (NIH), em conjunto com a OMS, redefiniram a asma em função de suas três principais características: 1. Inflamação crônica das vias aéreas 2. com pelo menos uma parcial reversibilidade da obstrução das vias aéreas 3. hiper-responsividade brônquica a uma variedade de estímulos. EPIDEMIOLOGIA Brasil- prevalência em torno de 10% (DATASUS) (2008) 3ª causa de internação hospitalar pelo SUS, cerca de 300mil ao ano Portadores de asma grave não controlada procuram 15 vezes mais as unidades de emergência médica e são hospitalizados 20 vezes mais que os asmáticos moderados. O principal fator de risco identificável para asma é a atopia. A doença é incomum na ausência de atopia, porém, o inverso não é verdadeiro – somente cerca de 1/3 dos atópicos desenvolvem asma. fatores de risco para o desenvolvimento de resposta inflamatória são: • exposição a alérgenos, principalmente nos primeiros anos de vida; • Infecções virais na infância; • Ausência de amamentação com leite materno; • Exposição ambiental domiciliar à fumaça do tabaco de pais fumantes; • Poluição atmosférica (sem evidências convincentes); • Dietas com baixos teores de antioxidantes ou ácidos graxos poliinsaturados. FISIOPATOLOGIA Imunoglobulinas E (IgE) são produzidas após uma exposição inicial a um alérgeno. Sua está relacionada ao aumento da resposta de linfócitos T do tipo Th2 sendo essa maior do que o tipo Th1. Acredita-se que isso ocorre por combinações de fatores ambientais e genéticos. Com a produção e a síntese de IgE, ocorre sua ligação de alta afinidade com os mastócitos presentes nos pulmões. Dessa maneira, quando um alérgeno é novamente inalado, ele é ligado pelos IgE presentes na superfície dos mastócitos ocorrendo uma rápida degranulação e liberação de mediadores. Isso é conhecido como reação de fase inicial ou imediata. Esses mediadores, incluindo histamina, prostaglandina D2 e cisteinil leucotrienos (LTC4, D4 e E4), contraem diretamente o músculo liso das vias aéreas e podem estimular as vias neurais reflexas. Após a fase inicial, pode ocorrer uma tardia broncoconstrição várias horas depois. A resposta da fase tardia é caracterizada pelo recrutamento de células inflamatórias e imunológicas, particularmente as células T de memória, eosinófilos, basófilos, neutrófilos e auxiliares, para locais de exposição a alérgenos. As citocinas produzidas pelos linfócitos Th2 desempenham papéis críticos na asma e nas respostas alérgicas, destacam-se: IL-3 que é um fator de sobrevivência para eosinófilos e basófilos; a IL-5, principal citocina hematopoiética que regula a produção e sobrevivência de eosinófilos; a IL-13, a qual contribui para a eosinofilia das vias aéreas, hiperplasia das glândulas mucosas, fibrose das vias aéreas e remodelação. Os eosinófilos são as células mais características que se acumulam na asma e na inflamação alérgica; sua presença está frequentemente relacionada à gravidade da doença. Os eosinófilos ativados produzem mediadores lipídicos, como leucotrienos e fator de ativação plaquetária, que mediam a contração do músculo liso; produtos granulados tóxicos que podem danificar o epitélio e os nervos das vias aéreas; e citocinas, como fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos (GM- CSF), fatores de crescimento transformador (TGF) alfa e beta e interleucinas que podem estar envolvidas no remodelamento das vias aéreas e fibrose. Laura Costa tutoria FPS MED20 2022.1 Página 2 de 5 QUADRO CLÍNICO Manifestações clínicas importantes: sibilos, a dispneia, a tosse (especialmente em crianças) e a sensação de opressão torácica. Sibilância é o sintoma chave, e o pediatra deve estar atento que frequentemente os pais e até mesmo os profissionais de saúde, confundem o sintoma com roncos e estridor. Os sibilos podem ser apenas expiratórios e geralmente são difusos. Quando a obstrução brônquica é mais intensa, auscultam-se sibilos também na fase inspiratória. A tosse (geralmente não produtiva) é quase que constante na asma, podendo por vezes ser sua única manifestação. Geralmente é pior à noite e após grandes esforços. A sensação de opressão torácica, ou constrição, provém da estimulação de receptores vagais nas vias aéreas. Exame físico: • Taquipneia; • Taquicardia; • Tiragem intercostal (retração inspiratória dos espaços intercostais, fossa supra-esternal, regiões supraclaviculares e subcostais devido a obstrução); • Utilização da musculatura acessória, principalmente nas grandes dispneias, mobilizando os músculos inspiratórios auxiliares como os esternocleidomastóideos e escalenos; • Tempo expiratório forçado, prolongando a expiração ao mesmo tempo em que aperta os lábios, deixando apenas uma pequena fenda central na comissura labial (posição de “assovio”); • Pulso paradoxal (PP): consiste na diminuição acentuada da amplitude do pulso e até mesmo o seu desaparecimento, associado a uma diferença de pressão sistólica entre a inspiração e a expiração. DIAGNÓSTICO -Diagnóstico clínico: anamnese completa, incluindo um histórico ambiental detalhado, com a descrição dos potenciais desencadeantes das crises. -Diagnóstico funcional: A avaliação da função pulmonar tem importante papel no diagnóstico da asma nas crianças maiores e nos adultos. A espirometria é útil para diagnóstico, avaliação da gravidade, monitorização e avaliação da resposta ao tratamento. A espirometria deve ser utilizada a partir dos 5 anos. O volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) pós-broncodilatador é o melhor parâmetro espirométrico para avaliar mudanças em longo prazo na função pulmonar, sendo um indicador de progressão da doença. A medida do pico de fluxo expiratório (PFE) serve para avaliar a variabilidade da obstrução; auxilia a monitorização clínica e a detecção precoce de crises, especialmente em pacientes com baixa percepção dos sintomas de obstrução. CRISE ASMÁTICS OU EXARCEBAÇÃO Deterioração aguda dos sintomas clínicos. Deve-se prestar atenção em crianças com idade inferior a 5 anos, pois a exacerbação pode vir a ser fatal CLASSIFICAÇÃO Classificação clínica: Leve: fala em frases, pode estar agitada, tem dispneia com atividade (por exemplo, caminhar), frequência ventilatória aumentada e sibilância expiratória final moderada. Moderada: fala em frases, prefere sentar-se, geralmente é agitada, geralmente usa músculos acessórios e tem uma taxa ventilatória aumentada. Chiado alto pode ser ouvido durante a expiração. Grave: geralmente está sem fôlego em repouso e fala com palavras, geralmente fica na posição vertical e pode ser curvado para a frente, geralmente é agitada, geralmente usa músculos acessórios e tem um aumento da taxa de ventilação. Chiado alto pode ser ouvido através da inspiração e expiração. Laura Costa tutoria FPS MED20 2022.1 Página 3 de 5Classificação quanto a gravidade da doença: leve intermitente, leve persistente, moderada persistente e severa persistente A diretriz da Global Initiative for Asthma 2019 (GINA) para a gravidade é baseada na retrospecção no conjunto da terapêutica adotada e nos sintomas, podendo a asma ser controlada, parcialmente controlada ou não controlada. TRATAMENTO (manejo) Por ser uma doença complexa, multifatorial, múltiplas abordagens são necessárias para o seu controle, todas passando em primeiro lugar, pela compreensão do paciente acerca de sua doença, possibilitando um manuseio mais seguro dela. -Tratamento não medicamentoso A educação do paciente é parte fundamental da terapêutica da asma e deve integrar todas as fases do atendimento ambulatorial e hospitalar medidas para redução da exposição aos fatores desencadeantes (incluindo alérgenos/irritantes respiratórios - tabagismo), e adoção de plano de autocuidado baseado na identificação precoce dos sintomas. -Tratamento medicamentoso RINITE Rinite é a inflamação e ou disfunção da mucosa de revestimento nasal. sintomas: obstrução nasal, rinorreia anterior e posterior, espirros, prurido nasal e hiposmia. -Pelo agente etiológico, são classificadas em quatro fenótipos: • Rinite alérgica: mais comum, causada pela inalação de alérgenos. • Rinite infecciosa: são quadros agudos, autolimitados, causados principalmente por vírus. Laura Costa tutoria FPS MED20 2022.1 Página 4 de 5 • Rinite não alérgica não infecciosa: rinite induzida por drogas, rinite do idoso, rinite hormonal, rinite da gestação, rinite ocupacional não alérgica, rinite gustatória e rinite idiopática • Rinite mista: pacientes com rinite crônica com mais de um agente etiológico. Endotipos: Os endotipos são os mecanismos envolvidos na patogênese dos subtipos de rinite. São eles: 1) Com resposta imunológica tipo 2 (rinite alérgica) 2) Com resposta imunológica tipo 1 (rinite infecciosa) 3) Rinite neurogênica (rinite gustativa, do idoso e idiopática) 4) Disfunção epitelial: decorrente da resposta tipo 1 ou 2, ocorrendo disfunção ciliar ou na barreira. RINITE ALÉRGICA Forma mais comum de rinite O diagnóstico é clínico, através da história clínica, antecedentes pessoais e familiares de atopia, exame físico e exames complementares. Os sintomas cardinais incluem espirros em salva, prurido nasal intenso, coriza clara e abundante e obstrução nasal. A rinite alérgica em geral acompanha-se de prurido ocular e de lacrimejamento, podendo ocorrer também prurido no conduto auditivo externo, palato e faringe. Respiração oral, roncos, voz anasalada e alterações no olfato também podem ocorrer. Características faciais típicas estão presentes em grande número de pacientes com rinite alérgica, tais como: olheiras, dupla linha de Dennie- Morgan (inferior ao olho) e prega nasal horizontal. FATORES DESENCADEANTES Os sintomas da rinite alérgica podem ser de dois tipos: sazonais (ocorrem em determinadas estações do ano e estão relacionados à exposição a pólen) e perenes (a exposição ao alérgeno ocorre durante o ano inteiro, como no caso da poeira). Os principais fatores desencadeantes são os aeroalérgenos DIAGNOSTICO Os exames mais importantes quanto a especificidade e sensibilidade são os testes cutâneos de hipersensibilidade imediata (TCHI) e avaliação dos níveis séricos de IgE alérgeno- específica. O teste cutâneo apresenta baixo custo e resultados semelhantes ao IgE. Ele serve para orientar medidas de higiene do ambiente e imunoterapia específica quando clinicamente relevantes. Há indicadores indiretos de atopia, tais como: dosagem de IgE total elevada, eosinofilia no sangue periférico e na secreção nasal, mas é importante recordar que estes exames podem ser alterados em consequência de processos não alérgicos. A citologia nasal pode ser útil no diagnóstico diferencial entre rinite alérgica e outras formas clínicas de rinite crônica, como a rinite vasomotora e infecciosa. É um método não invasivo e de baixo custo. TRATAMENTO Medidas de controle ambiental: • Dormir em quarto ventilado e ensolarado. Se possível, forrar colchão com material plástico ou em capas impermeáveis aos ácaros. Trocar roupas de cama regularmente. • Evitar carpete, tapetes, cortinas e almofadões. Eliminar mofo e umidade da casa. Manter filtro do ar-condicionado e ventilador sempre limpo. • Evitar animais de pelo e pena em casa. • Evitar bichos de pelúcia e estante de livros, ou qualquer outro local que possa formar colônia de ácaros. • Evitar uso de vassouras, espanadores e aspirador de pó comum. Passar pano úmido diariamente na casa e usar aspiradores de pó com filtros especiais. Não usar perfumes e sprays na limpeza da casa. Medidas farmacológicas • Lavagem nasal com salina isotônica ou hipertônica: indicada principalmente quando há coriza. Além de melhorar os sintomas, reduz a necessidade de utilizar outras medicações. • Anti-histamínicos (H1): São a primeira linha de tratamento da rinite alérgica. Interferem na ação da histamina nas terminações nervosas sensoriais, na estimulação reflexa Laura Costa tutoria FPS MED20 2022.1 Página 5 de 5 parassimpática das secreções glandulares e na vasodilatação e aumento da permeabilidade pós-capilar. Lista de anti-histamínicos H1: Cetirizina Levocetirizina Loratadina Desoloratadina Esbastina Epinastina Fexofenadina Ruptadina Bilastina • Descongestionantes: Os descongestionantes são medicações que estimula o sistema adrenérgico, produzindo vasoconstricção e alívio rápido do bloqueio nasal. o Descongestionante sistêmico: pseudoefedrina (anfetamina) deve ser usada com cautela por sua ação psicotrópica e potenciais efeitos cardiovasculares. Não são recomendadas para menores de 4 anos. o Descongestionante nasal: deve ser usado até no máximo 7 dias pelo risco de rinite medicamentosa de rebote. • Corticoides: o Sistêmicos: a princípio não são indicados para o tratamento de sintomas de rinite alérgica. Tem a vantagem de atingir o nível terapêutico tanto para a área nasal quanto os seios paranasais. o Nasais: Reduz a inflamação na mucosa nasal e seios paranasais, reduzindo a sintomatologia da RA. Têm se mostrado mais efetivos para o tratamento da RA do que os anti-H1 e anti- receptores de leucotrienos. Lista de corticosteroide: Beclometasona Bedesonida Propopnato de Fluticasona Mometasona Ciclesonida Fluroato de fluticasona Antagonistas de receptores de leucotrienos: Os leucotrienos provocam vasodilatação, exsudação plasmática, secreção de muco, além de inflamação eosinofílica, com consequente obstrução nasal. O montelucaste de sódio (MS) é o único composto desta classe disponível no Brasil.
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