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DESCRIÇÃO Estudo das características dos sistemas pneumáticos e suas partes componentes e dos princípios físicos aplicados à pneumática. PROPÓSITO O conhecimento sobre sistemas pneumáticos e seu funcionamento é importante para o engenheiro no contexto do trabalho com máquinas e equipamentos, bem como com projetos de automação, permitindo a realização de projetos, instalação e manutenção desses equipamentos. PREPARAÇÃO Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora ou use a calculadora de seu smartphone/computador. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer os sistemas pneumáticos e os princípios físicos aplicados à pneumática MÓDULO 2 Identificar as principais características e propriedades dos sistemas pneumáticos MÓDULO 3 Reconhecer a geração de ar comprimido e os sistemas utilizados na produção do ar comprimido MÓDULO 4 Identificar os sistemas de distribuição de ar comprimido e sua utilização nos projetos pneumáticos INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS PNEUMÁTICOS AVISO: orientações sobre unidades de medida. AVISO javascript:void(0) Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. MÓDULO 1 Reconhecer os sistemas pneumáticos e os princípios físicos aplicados à pneumática OS PRINCÍPIOS FÍSICOS APLICADOS À PNEUMÁTICA FUNCIONAMENTO DE SISTEMAS PNEUMÁTICOS Equipamentos pneumáticos apresentam vantagens que possibilitam seu emprego em uma vasta gama de aplicações. Esses equipamentos podem ser utilizados em locais com temperaturas elevadas e atmosferas potencialmente explosivas, ambientes inflamáveis, por não produzirem faíscas. Para compreender melhor o funcionamento dos sistemas pneumáticos é desejável que se conheçam as noções de força e pressão, além de outras características importantes para a utilização de fluidos em sistemas mecânicos. Alguns princípios físicos como a Lei Geral dos Gases e o Princípio de Blaise-Pascal são fundamentais para a correta compreensão do funcionamento de sistemas pneumáticos. PRESSÃO Essencialmente, o conceito de pressão é definido como a aplicação de uma força (perpendicular à superfície ou força normal) sobre uma determinada unidade de área, como pode ser visto na Equação 1: P = F A Equação 1 Dessa maneira, para se entender o conceito de pressão, é fundamental que a ideia de força seja compreendida. Algumas unidades de pressão são: atmosfera atm ; bar; psi; kgf / cm2 ; Torr; mmHg e mH2O . ATENÇÃO De forma simplificada, essas grandezas podem ser relacionadas por: 1ATM≅ 1KGF / CM2 = 1BAR = 14 , 5PSI = 760TORR = 760MMHG = 10 , 33MH2O Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal ( ) FORÇA O conceito de força é um dos fundamentos da mecânica Newtoniana (mecânica clássica, derivada das três Leis de Newton). É UMA GRANDEZA PROPORCIONADA POR UM AGENTE FÍSICO E COM CAPACIDADE PARA VENCER A INÉRCIA DE UM CORPO, COLOCANDO-O EM MOVIMENTO OU CESSANDO SEU MOVIMENTO, OU SEJA, PROMOVENDO ALGUMA ALTERAÇÃO NA SUA VELOCIDADE. A força pode ser exercida de maneira horizontal ou vertical, dependendo da direção de sua aplicação. Quando ela possui as duas direções, é chamada de oblíqua. Como a força é um agente capaz de alterar o estado de repouso ou movimento de um corpo, ela é definida pela segunda Lei de Newton, conforme a equação 2: F = M · A Equação 2 onde F é a força; m é a massa do corpo e a é a aceleração do corpo. Dessa maneira, é possível perceber que a massa de um corpo, quando submetida a uma aceleração, apresenta uma força. ATENÇÃO Especificamente, quando se trata da pressão, é considerada a força aplicada perpendicularmente ao corpo. O PESO DO AR Como tudo que é feito de matéria, o ar também tem peso. Uma maneira simples de mostrar isso consiste na utilização de uma balança com dois balões, hermeticamente fechados e cheios de ar. Suponha que, em um primeiro momento, os dois balões estejam em condições iguais, ou seja, com a mesma pressão e a mesma temperatura. Ao colocá-los na balança, seria esperada uma situação de equilíbrio, como pode ser visto na Figura 1: Imagem: Extraída de Parker Hannifin, 2000, p. 9, adaptada por Raphael de Souza dos Santos Figura 1 – Equilíbrio entre 2 balões de ar Ao retirar-se o ar de um dos balões (utilizando-se uma bomba de vácuo, por exemplo), será possível observar um desequilíbrio provocado pela falta do ar, como pode ser visto na Figura 2: Imagem: Extraída de Parker Hannifin, 2000, p. 9, adaptada por Raphael de Souza dos Santos Figura 2 – Desequilíbrio entre 2 balões: um com ar e outro em vácuo VOCÊ SABIA Um litro de ar, a 0°C e ao nível do mar (1atm), pesa 1,293 × 10 - 3kgf. PRESSÃO ATMOSFÉRICA De maneira similar, constantemente, sentimos o peso do ar que forma a atmosfera do planeta Terra sobre nós, como pode ser visto na Figura 3. Os gases que compõem a atmosfera (oxigênio, nitrogênio, entre outros) são responsáveis por formar as várias camadas da atmosfera que nos envolvem. Mesmo que não sejamos capazes de perceber, essas camadas de ar exercem um peso sobre nós. Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 3 – Atmosfera terrestre O ar, como tudo que é formado por matéria, tem massa. Por esse motivo, é possível encher uma bola de aniversário, uma bola de futebol ou um pneu de carro. Tudo aquilo que está presente na atmosfera do planeta Terra está submetido à aceleração da gravidade (g). A ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE É A INTENSIDADE DA ATRAÇÃO QUE O CAMPO GRAVITACIONAL DA TERRA EXERCE EM TUDO AQUILO QUE POSSUI MASSA E ESTÁ AO SEU ALCANCE. Dessa maneira, como o ar possui massa (mar) e está sob a ação da aceleração da gravidade, pela segunda Lei de Newton pode-se perceber que (equação 3): F = M . A = MAR . G Equação 3 Toda força produzida exclusivamente pela aceleração da gravidade ocorre no sentido do centro da Terra e é conhecida como força peso. Como as forças na direção do centro da Terra são perpendiculares à superfície terrestre, caso sejam aplicadas sobre qualquer corpo (incluindo os seres humanos), elas exercem uma pressão, como pode ser visto na Figura 4: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 4 – Peso da coluna de ar Se for considerado que um corpo, grande ou pequeno, possui uma área, a aplicação da força peso sobre esse corpo, como definido pela equação 1, produz uma pressão. Essa pressão exercida pela coluna de ar sob a aceleração da gravidade chama-se pressão atmosférica. É INTERESSANTE OBSERVAR QUE A SUPERFÍCIE DA TERRA APRESENTA DIFERENÇAS GRANDES EM SEU RELEVO. SENDO ASSIM, A PRESSÃO NA SUPERFÍCIE DO MAR É DIFERENTE DA PRESSÃO NO TOPO DE UMA MONTANHA. ISSO ACONTECE PORQUE, AO NÍVEL DO MAR, A COLUNA DE AR É MAIOR E, CONSEQUENTEMENTE, TAMBÉM SERÁ MAIOR A FORÇA EXERCIDA PELA COLUNA. NO TOPO DA MONTANHA, A FORÇA É MENOR (POIS A MASSA DE AR DA COLUNA É MENOR). Se for considerado o mesmo corpo ao nível do mar e no topo da montanha e, logicamente, a mesma área, obtém-se: FMAR > FMONTANHA Como a área (A) é a mesma: FMAR A > FMONTANHA A PRESSÃOMAR > PRESSÃOMONTANHA Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Assim, é possível perceber claramente que a pressão atmosférica varia proporcionalmente à altitude considerada, como pode ser visto na Figura 5. Essa percepção da variação da pressão com a altitude é fundamental na medida em que as pessoas confundem a redução na disponibilidade de oxigênio (nível de oxigênio no ar) com a ideia de pressão. Muitos acreditam que, ao subirem uma montanha, o cansaço excessivo que sentem vem do aumento da pressão e não da redução da quantidade de oxigênio disponível para a respiração. Quanto mais alto subirmos, em relaçãoà superfície da Terra, mais rarefeita fica a atmosfera. Uma atmosfera rarefeita representa uma atmosfera com baixa pressão atmosférica e pouca concentração de gases, dentre eles, o oxigênio. Imagem: Extraída de Parker Hannifin, 2000, p. 10, adaptada por Raphael de Souza dos Santos Figura 5 – Relação entre a pressão e a altitude Dessa maneira, é possível estender o conceito de pressão para outros sistemas, como, por exemplo, os sistemas pneumáticos. Quando um compressor injeta uma coluna de ar dentro de uma tubulação, essa coluna de ar exerce uma pressão sobre a área da seção reta da tubulação e, consequentemente, uma pressão é exercida: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 6 – Pressão da coluna de ar LEI DOS GASES PERFEITOS As Leis de Boyle-Mariotte, Charles e Gay-Lussac relacionam as três variáveis físicas do gás, fazendo referência às transformações de estado dos gases, dependendo das variáveis físicas temperatura, volume e pressão. ATENÇÃO Essas leis levam em consideração que uma das variáveis permanecerá constante durante o processo. Em geral, as transformações entre estados físicos (de um estado para o outro) envolvem uma relação entre todas as três variáveis. Sendo assim, é possível estabelecer a lei geral dos gases perfeitos como a equação 4: P1 · V1 T1 = P2 · V2 T2 Equação 4 Por essa relação, é possível notar que as três variáveis apresentam dependência entre si e que, caso qualquer uma delas que sofra alteração, o efeito será percebido nas outras e, pela equação 4, poderá ser previsto. A Figura 7 ilustra a situação em que a temperatura em um balão de gás é mantida constante. Caso seu volume seja reduzido V1 > V2 , sua pressão sofrerá uma alteração no sentido contrário: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 7 - Lei dos gases - temperatura constante ( ) Por meio da equação dos gases, é possível perceber que, com a temperatura constante, a relação estabelecida será: P1V1 = P2V2 Com essa relação, é possível observar que um aumento na pressão P1 promove uma redução no volume V1. E que o volume V2 reduzido é acompanhado de um aumento na pressão P2. Caso o volume seja mantido constante, a pressão e a temperatura terão uma relação direta entre si, ou seja, caso a temperatura aumente, a pressão aumentará e vice-versa, como pode ser visto na Figura 8: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 8 - Lei dos gases - volume constante A equação dos gases permite definir a relação entre a temperatura e a pressão quando o volume for constante: P1 T1 = P2 T2 A relação estabelecida permite observar que, com o aumento da temperatura T1 ocorre um aumento da pressão P1. Caso a temperatura T2 seja maior que a temperatura T1, a pressão P2 será maior do que a pressão P1. Por fim, a relação em que a pressão é mantida constante. Nessa situação, especificamente, a relação entre a temperatura e o volume pode ser observada na Figura 9: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 9 - Lei dos gases - pressão constante Nessa situação, é possível observar que, caso haja um aumento na temperatura (T2 maior do que T1), o volume V2 será maior do que o volume V1. Como pode ser observado na equação: V1 T1 = V2 T2 Outras características relacionadas aos gases são importantes e precisam ser conhecidas por serem fundamentais em sistemas pneumáticos. PRINCÍPIO DE BLAISE-PASCAL O princípio de Blaise-Pascal diz que: A PRESSÃO EXERCIDA EM UM FLUIDO CONFINADO EM FORMA ESTÁTICA (EM REPOUSO) ATUA EM TODOS OS SENTIDOS E DIREÇÕES, COM A MESMA INTENSIDADE, EXERCENDO FORÇAS IGUAIS EM ÁREAS IGUAIS. Na Figura 10, é possível observar uma aplicação do princípio de Pascal: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 10 - Princípio de Pascal O sistema a seguir ilustra que uma força (F1) aplicada sobre uma área (A1) exerce uma pressão ( F1 A1 ) que se distribuirá igualmente por todo o fluido e igualmente será aplicada sobre a área A2 produzindo a força F2. F1 A1 = F2 A2 COMPRESSIBILIDADE O ar, assim como todos os gases, ocupa todo o volume disponível em dado recipiente, por não possuir forma própria. Assim, é possível preencher determinado recipiente com dado fluido e, depois, comprimi-lo por uma força externa F, reduzindo seu volume, conforme pode ser observado na Figura 11: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 11 - Princípio de compressibilidade ATENÇÃO É possível observar que, com uma força F sendo aplicada sobre o recipiente, uma redução no volume pode ser observada ( V2 < V1 . Essa redução no volume é acompanhada de um aumento na pressão P2 > P1 . Como existe um limite no quanto a compressibilidade pode ser exercida, no princípio de Pascal, a força F1 promoverá a compressão do fluido até o limite permitido e, então, começará a exercer a força F2. ELASTICIDADE Esse princípio permite que o volume original seja retomado quando a força externa (F) exercida sobre o recipiente é removida, como pode ser visto na Figura 12: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 12 - Princípio da elasticidade DIFUSIBILIDADE Essa propriedade permite que o ar seja misturado com qualquer meio gasoso, desde que este não esteja saturado, conforme pode ser visto na Figura 13: ) ( ) Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 13 - Princípio da difusibilidade Com a abertura da válvula, todo o ar contido no volume V1 é misturado ao gás do volume V2. EXPANSIBILIDADE É devido a essa propriedade que o ar pode ocupar totalmente o volume de qualquer recipiente e, por esse motivo, adquirir o formato desse recipiente, como pode ser visto na Figura 14: Imagem: Extraída de Parker Hannifin, 2000, p. 8, adaptada por Raphael de Souza dos Santos Figura 14 - Princípio da expansibilidade Com a abertura da válvula, o gás contido no reservatório se expande e ocupa todos os recipientes conectados ao reservatório, igualmente. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. POR SER UMA FONTE DE ENERGIA LIMPA E DE FÁCIL IMPLEMENTAÇÃO, OS SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO SÃO EXTENSAMENTE UTILIZADOS NO MEIO INDUSTRIAL. A PERCEPÇÃO DE PRESSÃO DO AR COMPRIMIDO ESTÁ ATRELADA À APLICAÇÃO DA FORÇA DA COLUNA SOB PRESSÃO À ÁREA DA SEÇÃO TRANSVERSAL DA TUBULAÇÃO. UMA DAS CARACTERÍSTICAS DOS FLUIDOS UTILIZADOS NA PNEUMÁTICA É SUA DISTRIBUIÇÃO DE MANEIRA UNIFORME EM TODOS OS SENTIDOS E DIREÇÕES, EXERCENDO A MESMA FORÇA EM ÁREAS IGUAIS. SENDO ASSIM, CONSIDERE UM ELEVADOR PNEUMÁTICO COMO O DA FIGURA ABAIXO. APLICANDO-SE UMA FORÇA F1 IGUAL A 10N SOBRE UMA ÁREA A1 IGUAL A 2CM², A FORÇA PERCEBIDA NA OUTRA EXTREMIDADE DO ELEVADOR PNEUMÁTICO, QUE POSSUI UMA PLATAFORMA COM O DOBRO DO TAMANHO (A2=2.A1), SERÁ IGUAL A A) 20N. B) 10N. C) 5N. D) 1N. E) 4N. 2. A LEI DOS GASES PERFEITOS DEFINE A RELAÇÃO ENTRE AS TRÊS VARIÁVEIS FÍSICAS, QUE SÃO FUNDAMENTAIS NA ANÁLISE DOS GASES, UTILIZADOS NOS SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO. A TEMPERATURA, A PRESSÃO E O VOLUME DE UM GÁS SÃO RELACIONADOS ENTRE SI DE TAL MANEIRA QUE, QUANDO UMA DESSAS VARIÁVEIS É MANTIDA CONSTANTE, AS DEMAIS PODEM VARIAR DE UMA MANEIRA QUE PODERÁ SER PREVISTA. SENDO ASSIM, É CORRETO AFIRMAR QUE A) mantendo-se a temperatura constante, o aumento no volume V1 promoverá uma redução na pressão P2. B) mantendo-se a temperatura constante, o aumento no volume V1 não promoverá alterações na pressão P2. C) mantendo-se o volume constante, o aumento na temperatura V1 promoverá uma redução no volume V2. D) mantendo-se a pressão constante, o aumento no volume V1 promoverá uma redução na pressão P2. E) mantendo-se a pressão constante, o aumento no volume V2 promoverá um aumento na temperatura T2. GABARITO 1. Por ser uma fonte de energia limpa e de fácil implementação, os sistemas de ar comprimido são extensamente utilizados no meio industrial. A percepção de pressão do ar comprimido está atrelada à aplicação da força da coluna sob pressão à área da seção transversal da tubulação. Uma das características dos fluidos utilizados na pneumática é sua distribuição de maneira uniformeem todos os sentidos e direções, exercendo a mesma força em áreas iguais. Sendo assim, considere um elevador pneumático como o da figura abaixo. Aplicando-se uma força F1 igual a 10N sobre uma área A1 igual a 2cm², a força percebida na outra extremidade do elevador pneumático, que possui uma plataforma com o dobro do tamanho (A2=2.A1), será igual a A alternativa "A " está correta. Considerando o princípio de Blaise-Pascal, é possível considerar que a pressão será igual nas duas extremidades do elevador. Sendo assim: P1=P2 Então, pela definição de pressão: P1A1=P2A2 Como a relação entre as áreas é definida por A2=2.A1, então: P1A1=P22A1 Assim: 2.P1=P2 Como P1=10N 2.10=P2 P2=20N 2. A Lei dos Gases Perfeitos define a relação entre as três variáveis físicas, que são fundamentais na análise dos gases, utilizados nos sistemas de ar comprimido. A temperatura, a pressão e o volume de um gás são relacionados entre si de tal maneira que, quando uma dessas variáveis é mantida constante, as demais podem variar de uma maneira que poderá ser prevista. Sendo assim, é correto afirmar que A alternativa "E " está correta. Observando-se a Lei dos Gases Perfeitos, é possível notar que: P1·V1T1=P2·V2T2 A condição de pressão constante leva a uma relação direta entre a pressão e a temperatura: V1T1=V2T2 Dessa maneira, é fácil notar que a relação entre o volume V2 e a temperatura T2 é diretamente proporcional, ou seja, um aumento no volume promoverá um aumento na temperatura, desde que a pressão seja mantida constante. Isso é possível porque um volume maior permite maior grau de agitação das moléculas do gás, o que, fisicamente, corresponde a um aumento da temperatura. MÓDULO 2 Identificar as principais características e propriedades dos sistemas pneumáticos CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA PNEUMÁTICO A IMPORTÂNCIA DO AR COMPRIMIDO PARA OS SISTEMAS PNEUMÁTICOS O ar comprimido é uma forma de energia de grande importância que já é conhecida pela humanidade desde a Antiguidade. Desde o conhecimento da existência do ar e do uso do ar comprimido como fonte de energia, o uso de suas propriedades e sua aplicação como fonte de energia data de 2550 a.C., com a utilização de foles e órgãos que empregavam o uso do ar na produção de sons baseados no escoamento desse ar sob pressão em tubos com furos. O primeiro relato da utilização do ar comprimido em um equipamento vem da Grécia, com o desenvolvimento de uma catapulta que utilizava o ar comprimido na transmissão da energia. VOCÊ SABIA As catapultas são equipamentos utilizados para lançamentos de objetos a grandes distâncias. As mais antigas trabalhavam com a propriedade elástica dos materiais. Mas Ctesíbio, há mais de 2000 anos, construiu uma versão mais moderna da catapulta, e sua evolução passou a utilizar ar comprimido para lançamento, dando origem aos sistemas balísticos usados até hoje. CTESÍBIO Foi um matemático e engenheiro grego que viveu cerca de 285-222 a.C. em Alexandria. Foi o primeiro engenheiro da história que inventou uma série de aparelhos. Pelo seu trabalho sobre a elasticidade do ar Ctesíbio, é chamado pai da pneumática. javascript:void(0) A origem da palavra pneumática vem da expressão "pneuma", que significa fôlego ou vento, em grego, dando origem ao estudo dos movimentos e usos do ar e dos gases. De maneira simplificada, a pneumática é a ciência que estuda a aplicação do uso do ar comprimido e de outros gases de instrumentação, como o nitrogênio. Essa ciência estuda a utilização do ar comprimido na atuação de dispositivos mecânicos ou eletromecânicos, produzindo movimentos lineares (vai e vem), rotacionais ou combinados. EXEMPLO Um caso simples e bastante ilustrativo do ar comprimido consiste no abrir e fechar das portas de ônibus e outros transportes coletivos. Um acionamento manual (especificamente muscular, pois depende da ação direta do operador que, nesse caso, é o motorista) é responsável pela liberação ou não do ar sob pressão que faz com que a porta abra ou feche, dependendo da lógica utilizada no sistema pneumático. É possível observar que os movimentos são acompanhados do som (ruído) característico do movimento de escape do ar. Essa tecnologia também é utilizada nos sistemas de freio a ar e em brinquedos de grande porte, como os de parques de diversões. PRIMEIRAS APLICAÇÕES DOS SISTEMAS PNEUMÁTICOS O ar comprimido era originalmente produzido pelos pulmões, por meio do sopro direcionado por bambus (semelhante ao sopro dentro de um canudo). A limitação da capacidade pulmonar foi compensada pelo desenvolvimento de sistemas mecânicos como foles e grande balões, permitindo o desenvolvimento de sistemas de fundição de metais e outros O desenvolvimento das máquinas a vapor tornou possível o aproveitamento da energia produzida pelo vapor sob pressão. As máquinas a vapor foram utilizadas originalmente na substituição dos sistemas impulsionados por cavalos, que apresentavam baixa eficiência. James Watt (1736-1819) aperfeiçoou as máquinas que revolucionaram a atividade industrial, culminando na Revolução Industrial. FUNCIONAMENTO DE UMA MÁQUINA A VAPOR O funcionamento de uma máquina a vapor consiste na evaporação da água por transferência de calor. Isso é possível através da queima de um material combustível (carvão, lenha, óleo, entre outros), conforme a Figura 15: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 15 - Produção de vapor A queima desse combustível produz calor, que transfere energia para a água do reservatório. A água aquecida muda de estado e se transforma em vapor. O vapor produzido é injetado em um cilindro com um pistão. A movimentação desse pistão é promovida pelo acúmulo do vapor dentro do cilindro. Quanto mais vapor é colocado dentro do pistão, sem que a saída desse vapor seja liberada, maior é o deslocamento do pistão, como pode ser visto na Figura 16: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 16 - Movimento do pistão Quando o pistão atinge o máximo de sua excursão, o vapor é liberado de dentro do cilindro e o pistão recua até a origem. Então, um novo movimento é iniciado, conforme a Figura 17: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 17 - Esquema de uma máquina a vapor Na figura 17, é possível observar uma máquina a vapor responsável pela movimentação de uma roda. Um sistema similar pode ser utilizado na movimentação das rodas de uma locomotiva a vapor ou de uma bomba de água. O vapor sob pressão é responsável pelo funcionamento do sistema. A partir daí, o ar comprimido começou a ser utilizado como principal forma de energia para o funcionamento de um conjunto de sistemas mecânicos, sendo produzido por compressores e conduzido até atuadores, tais como cilindros e motores pneumáticos. Desde então, o uso do ar comprimido como fonte de energia para o desenvolvimento de trabalho passou a ser explorado em diversos segmentos, tais como: Imagem: Shutterstock.com NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA Por meio dos freios a ar, acionamento de portas, entre outros. Imagem: Shutterstock.com NOS PROCESSOS INDUSTRIAIS Sendo empregado na movimentação de máquinas, prensagem, elevadores de carga, controle etc. Imagem: Shutterstock.com NA INDÚSTRIA MARÍTIMA No acionamento de válvulas pneumáticas e sinais sonoros. Imagem: Shutterstock.com NAS INDÚSTRIAS PROVIDAS DE ÁREAS CLASSIFICADAS Para controle de fluidos e acionamento de equipamentos em ambientes potencialmente explosivos. Imagem: Shutterstock.com NA ÁREA MÉDICA E CIENTÍFICA Com equipamentos de menor porte e outros que envolvem vácuo. Algumas características tornam o ar comprimido um fluido propício para fornecimento de energia e produção de trabalho. PROPRIEDADES DO AR COMPRIMIDO As propriedades do ar comprimido o tornam propício para aplicação em diferentes meios, seja no fornecimento de energia seja na produção de trabalho. Entre as principais propriedades do ar comprimido, podem ser destacadas: Suprimento Como o ar éabundante na atmosfera do planeta Terra, é fácil de conseguir em grande quantidade. Transporte O ar comprimido pode ser transportado ao longo de grandes distâncias por meio de tubulações. Armazenamento O ar comprimido pode ser facilmente armazenado, para uso convencional ou emergencial, sem apresentar grandes riscos. Uma exceção é o armazenamento sob alta pressão que, nos casos de escape, pode provocar danos. Temperatura Os sistemas de ar comprimido apresentam baixa sensibilidade às variações de temperatura, podendo funcionar em situações de temperaturas extremas. Segurança O ar comprimido, apesar de ser um comburente, não é combustível, não apresentando índice de inflamabilidade ou risco de explosão. Escape O ar comprimido é limpo, com exceções para utilização de lubrificantes aspersos ou borrifados, empregados para redução do efeito da umidade nas partes mecânicas do sistema pneumático. Dessa maneira, o escape utilizado no funcionamento dos sistemas pneumáticos não precisa ser direcionado, podendo ser descartado no ar. Velocidade O ar comprimido é rápido, permitindo alcançar altas velocidades durante as atividades. Regulagem de força e velocidade A força e a velocidade com que o ar comprimido interage com os sistemas pode ser regulado por meio da pressão e da vazão (fluxo). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Entretanto, algumas características negativas também podem ser apontadas quanto ao uso do ar comprimido em determinadas atividades. Entre elas, destacam-se: Produção A produção do ar comprimido para uso requer alguns cuidados específicos. A remoção de impurezas e do máximo da umidade (partículas de água em suspensão) é fundamental para a boa conservação dos equipamentos e tubulações, evitando obstruções, corrosões, entre outros problemas. Compressibilidade Essa característica do ar e dos gases torna bastante complicado o uso do ar comprimido em determinadas atividades, além de limitar a velocidade disponível. Força Para determinadas cargas, a compressibilidade do ar pode tornar o uso desse sistema inviável. Seu relativo baixo custo é considerável até determinadas forças e velocidades. Escape de ar O escapamento é ruidoso, tornando necessário o uso de silenciadores para amenizar o problema. Custo Dependendo da localidade, a produção do ar comprimido pode ser muito cara, levando à necessidade de utilização de peças de aço inoxidável para redução dos efeitos da corrosão, entre outros. Contudo, esse custo pode ser atenuado com o baixo custo de outras partes da instalação e a rentabilidade da produção. Viscosidade O ar comprimido possui baixa viscosidade, sendo bastante difícil a contenção de vazamentos. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Sendo assim, as características dos sistemas pneumáticos precisam ser cuidadosamente analisadas antes de seu efetivo uso. EXEMPLO A presença de vapor de água (umidade) pode representar um grande limitador na utilização desse tipo de sistema. A água em suspensão pode limitar o uso do ar comprimido em determinadas temperaturas, pois pode haver condensação da água ao longo da linha pneumática, dependendo das condições de temperatura e pressão. Além disso, a presença das partículas de água em suspensão pode promover a corrosão dos equipamentos e de tubulações. Para evitar tal problema, utilizam-se depuradores e drenos. A baixa viscosidade do ar comprimido (a viscosidade representa a facilidade de um fluido em escoar) permite que ele flua por orifícios mesmo que muito pequenos, tornando complicada a redução de vazamentos. No funcionamento de um sistema pneumático, a compressibilidade aparece como um dos limitadores de seu uso, não apenas na força e na velocidade. Em virtude dessa característica, não é possível o desenvolvimento de sistemas intermediários. Ou seja, na utilização de um pistão, ele só apresentará as posições recuado e avançado, não sendo possível o seu posicionamento em pontos intermediários. Isso ocorre porque, em um sistema acionado por ar comprimido, o esforço na haste do pistão comprime o ar em seu interior promovendo seu deslocamento da posição inicial para a posição final. SISTEMAS PNEUMÁTICOS Uma das maiores aplicações dos sistemas pneumáticos é na automatização de processos. A utilização de sistemas pneumáticos permite a redução do esforço humano na execução de atividades, reduzindo significativamente a carga de trabalho sobre operadores humanos. Uma maneira simples de transformar o esforço do ar comprimido em trabalho consiste na utilização de pistões, como já mencionado nas máquinas a vapor. Outra utilização dos pistões é nas bombas de ar para bolas e pneus. VANTAGENS NO USO DO AR COMPRIMIDO Existem vantagens significativas na utilização de sistemas pneumáticos para automatização de processos, tais como: Imagem: Shutterstock.com Aumento da produtividade com baixo custo de implementação. Esse aumento da produtividade se reflete no aumento do ritmo de trabalho através do rápido movimento dos cilindros pneumáticos. Baixa sensibilidade a vibrações devido à compressibilidade do ar. Facilidade de implementação pela simples adaptação dos sistemas ao uso de ar comprimido. Resistência a ambientes hostis, podendo ser utilizado inclusive em determinadas áreas classificadas. Simplicidade de manipulação, não necessitando de alta capacitação para os operadores. A instalação e operação são consideradas seguras para equipamentos e operadores. Redução do esforço repetitivo por parte dos operadores, o que, inclusive, tornou o desenvolvimento das máquinas a vapor uma das grandes revoluções da era industrial. LIMITAÇÕES QUANTO AO USO DO AR COMPRIMIDO Algumas limitações também são impostas à utilização dos sistemas pneumáticos e ao uso do ar comprimido de maneira geral. Entre elas, pode-se destacar: A elevada presença de umidade e impurezas pode danificar, desgastar e/ou obstruir os sistemas, tornado indispensável a adoção de um sistema de condicionamento do ar antes e após a compressão. Grandes esforços são quase inviáveis, devido à necessidade de uma pressão excessiva para o sistema, o que limita sua aplicação quanto ao uso com cargas mais elevadas. O controle de velocidade, principalmente para velocidades muito baixas, é bastante difícil, tornando necessário para uso em velocidades mais baixas o emprego de um sistema misto, ou seja, um sistema hidráulico e pneumático. Imagem: Shutterstock.com COMPOSIÇÃO DE UM SISTEMA PNEUMÁTICO De maneira geral, um sistema pneumático é composto por: COMPRESSOR Um sistema capaz de comprimir o ar disponível na atmosfera e direcioná-lo para armazenamento. TANQUE Responsável pelo armazenamento do ar comprimido para sua posterior utilização. SISTEMA DE CONDICIONAMENTO Capaz de tratar o ar comprimido de maneira a permitir sua utilização com o mínimo de impurezas e umidade. Como os sistemas pneumáticos podem atuar com baixa ou alta pressão, a versatilidade de seu custo é grande, tendo em vista poderem ser utilizados equipamentos e materiais mais finos e menos robustos, ou mais delicados. Existem diversas aplicações dos sistemas pneumáticos em atividades como: Calibração Fixação Lixamento Pintura Pulverização Rosqueamento Foto: Shutterstock.com Esses sistemas podem ser empregados em ferramentas diversas, tais como: Britadeiras Esmerilhadeiras Grampeadoras Parafusadeiras Talhadeiras Foto: Shutterstock.com VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OS SISTEMAS A AR COMPRIMIDO SÃO UTILIZADOS DESDE A ANTIGUIDADE. A POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO AR COMPRIMIDO COMO FONTE DE ENERGIA REVOLUCIONOU O DESENVOLVIMENTO DAS MÁQUINAS E PERMITIU A IMPLEMENTAÇÃO DA REVOLUÇÃO DAS MÁQUINAS NO MEIO INDUSTRIAL. DENTRE AS PRINCIPAIS VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PODE-SE DESTACAR A) o transporte e a distribuição. B) a produção, visto não requerer muitos cuidados. C) a compressibilidade, que facilitao uso do ar comprimido. D) o escape, que é silencioso e limpo. E) a viscosidade, que facilita a contenção de vazamentos. 2. O USO DE SISTEMAS PNEUMÁTICOS APRESENTA ALGUMAS DESVANTAGENS EM RELAÇÃO À SUA APLICAÇÃO EM UM PROCESSO PRODUTIVO. EMBORA A UTILIZAÇÃO DE MÁQUINAS PNEUMÁTICAS POSSA CONTRIBUIR PARA O PROCESSO PRODUTIVO, EXISTEM ALGUMAS DESVANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DO AR COMPRIMIDO COMO PRINCIPAL FONTE DE ENERGIA, COMO, POR EXEMPLO, A) alta presença de umidade. B) alta sensibilidade a vibrações. C) dificuldade de implementação. D) aumento da produtividade com baixo custo. E) elevada complexidade na manipulação. GABARITO 1. Os sistemas a ar comprimido são utilizados desde a antiguidade. A possibilidade de utilização do ar comprimido como fonte de energia revolucionou o desenvolvimento das máquinas e permitiu a implementação da revolução das máquinas no meio industrial. Dentre as principais vantagens na utilização do ar comprimido pode-se destacar A alternativa "A " está correta. O transporte e a distribuição do ar comprimido podem ser realizados em longas distâncias, por meio de tubulações e mangueiras flexíveis, aproveitando-se as características de expansibilidade do ar. 2. O uso de sistemas pneumáticos apresenta algumas desvantagens em relação à sua aplicação em um processo produtivo. Embora a utilização de máquinas pneumáticas possa contribuir para o processo produtivo, existem algumas desvantagens na utilização do ar comprimido como principal fonte de energia, como, por exemplo, A alternativa "A " está correta. A presença de umidade (partículas de água em suspensão) pode danificar, promover abrasão ou obstruir as tubulações (pela formação de condensado), dificultando a distribuição ou até mesmo inviabilizando o processo produtivo. Por outro lado, esses sistemas são de simples implantação e operação, resistentes à vibração e proporcionam aumento da produtividade a baixo custo. MÓDULO 3 Reconhecer a geração de ar comprimido e os sistemas utilizados na produção do ar comprimido A IMPORTÂNCIA DO CONDICIONAMENTO DO AR COMPRIMIDO A IMPORTÂNCIA DO CONDICIONAMENTO DO AR COMPRIMIDO O ar atmosférico é, basicamente, uma mistura de gases, entre eles: oxigênio, nitrogênio, ozônio e hélio. Além dos gases que compõem a atmosfera, é possível encontrar em suspensão no ar alguns tipos de poluentes ou contaminantes. ENTRE OS POLUENTES OU CONTAMINANTES MAIS COMUNS ENCONTRADOS NO AR, PODE- SE DESTACAR A POEIRA, OS RESÍDUOS DE ÓLEO E A ÁGUA. Foto: Shutterstock.com POEIRA A poeira suspensa no ar pode se acumular nas tubulações de ar comprimido e provocar obstruções, além do entupimento de filtros e a abrasão das estruturas, na medida em que as partículas de poeira, em suspensão no ar, circulando em alta velocidade quando em contato com os equipamentos, podem provocar seu desgaste pela fricção (desgaste por abrasão). Foto: Shutterstock.com RESÍDUOS DE ÓLEO Os resíduos de óleo, provenientes da queimada dos óleos lubrificantes utilizados no compressor, podem promover a contaminação do ar comprimido e gerar a contaminação da produção ou a mancha dos produtos produzidos. Foto: Shutterstock.com ÁGUA A água representa um dos grandes problemas a serem contornados na utilização do ar comprimido. Esses contaminantes e poluentes são preocupantes quando o compressor, no momento da aspiração do ar, carrega essas partículas com o ar de instrumentação e, na compressão, esses componentes podem mudar de estado físico. EXEMPLO Os gases tendem a permanecer em seu estado gasoso nas temperaturas e pressões normais. Entretanto, durante a compressão, partículas de água podem sofrer condensação, ou seja, podem mudar do estado gasoso para o estado líquido. Esse problema aumenta quanto maior for a umidade relativa do ar, ou seja, quanto maior for a presença de partículas de água em suspensão no ar atmosférico. A presença das partículas de água presentes no ar comprimido, seja pela compressão seja pela redução da temperatura (resfriamento), pode produzir consequências severas, tais como: Oxidação (ferrugem) da estrutura (tubulação e equipamentos). Destruição da película lubrificante, presente em toda a estrutura e que é utilizada para redução do efeito do atrito entre as partes mecânicas e consequente redução no seu desgaste prematuro. Variações nas pressões durante o processo produtivo e na vazão, o que causa uma perturbação que não pode ser controlada, conhecida como golpe de aríete. VOCÊ SABIA Enquanto a contaminação produzida por água ou poeira é promovida pelo próprio ar atmosférico, a contaminação provocada pelo óleo é gerada pelo próprio equipamento. PARTES QUE COMPÕEM UM SISTEMA DE AR COMPRIMIDO Existe a necessidade de um condicionamento na produção do ar comprimido, antes que o mesmo possa ser fornecido para os sistemas pneumáticos. De modo simplificado, as partes que compõem um sistema de ar comprimido podem ser vistas na Figura 18: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 18 - Sistema de produção de ar comprimido Na Figura 18, é possível observar um sistema de compressão de ar comprimido. Esse sistema é composto de diversas etapas distintas, cada uma com uma função específica na produção do ar comprimido a ser utilizado pelo sistema pneumático. Entre as partes que compõem o sistema, podem ser destacadas: filtro de entrada, compressor, válvula de escape, resfriador, dreno, receptor de ar, secador, distribuição e tomadas de ar. Veremos mais sobre cada uma dessas partes a seguir: FILTRO DE ENTRADA É o filtro instalado no ponto de entrada do sistema, onde ocorre a captação do ar. Ele é responsável pela remoção de impurezas contaminadoras presentes no ar drenado pelo compressor (Figura 19). Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 19 - Filtro de entrada COMPRESSOR É o coração do sistema. Principal parte do sistema de produção do ar comprimido, é responsável por comprimir o ar aspirado, reduzindo seu volume e, consequentemente, aumentando a pressão sobre ele (Figura 20): Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 20 - Compressor VÁLVULA DE ESCAPE Responsável pela manutenção da operação segura do compressor. Em condições de pressão acima do permitido pelo compressor (especificado pelo fabricante), permite que o ar escape, promovendo a redução na pressão (Figura 21). Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 21 - Válvula de escape VALE DESTACAR QUE ALGUNS COMPRESSORES SÃO EQUIPADOS COM PRESSOSTATOS, TAMBÉM CONHECIDOS COMO CHAVES DE PRESSÃO. ESSAS CHAVES SÃO RESPONSÁVEIS POR DETECTAR QUANDO A PRESSÃO ULTRAPASSA UM DETERMINADO LIMITE SUPERIOR E DESARMAM O COMPRESSOR. DESSA MANEIRA, O COMPRESSOR PERMANECERÁ DESLIGADO ATÉ QUE A PRESSÃO FIQUE ABAIXO DE UM VALOR MÍNIMO. Também é interessante observar que alguns compressores são equipados com chaves de temperatura ou relés térmicos em seus motores. Dessa maneira, quando os compressores permanecem ligados por muito tempo, ou são ligados e desligados sucessivas vezes, a chave térmica desarma, e o compressor permanecerá impossibilitado de ser ligado até que a sua temperatura fique abaixo de um valor mínimo. RESFRIADOR Durante o processo de compressão, enquanto a pressão do ar aumenta, sua temperatura também sobe (relação direta estabelecida pela Lei dos Gases). Dessa maneira, é fundamental que seja realizada a refrigeração do ar após a compressão (Figura 22). Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 22 - Resfriador Esse resfriador também é chamado de after cooler e é utilizado prioritariamente na tentativa de redução da água presente no ar comprimido. SAIBA MAIS O resfriador consiste, basicamente, em um trocador de calor. Ele pode ser utilizado para permitir a redução média de cerca de 75% a 90% das partículas de água contidas no ar, além das partículas de óleo. Também é possível apontar que a maior temperatura do ar comprimido é na descarga do compressor. Assim, o resfriador evita a dilataçãoda tubulação pela elevada temperatura na descarga do compressor. DRENO Vale destacar que a redução da temperatura do ar pode provocar a condensação das partículas de água presentes no ar. Por esse motivo, um dreno é adicionado próximo ao resfriador, permitindo a remoção da água condensada pelo resfriador (Figura 23): Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 23 - Dreno RECEPTOR DE AR Também chamado de tanque de estocagem (armazenamento) ou reservatório, é utilizado para permitir o acúmulo do ar comprimido, que será disponibilizado para o sistema pneumático (Figura 24). Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 24 - Receptor de ar Esse reservatório possui funções como: Armazenar o ar comprimido. Auxiliar na remoção da água condensada. Ajudar na redução das flutuações de pressão (amortecimento). Estabilizar o fluxo de ar. SAIBA MAIS Os reservatórios são construídos de acordo com a norma ABNT (PNB-109) e não devem operar acima da pressão máxima de trabalho permitida (PMTP). Para isso, são equipados com uma válvula de segurança. Dependendo das dimensões do reservatório, ele deve possuir diversos drenos, conexões e aberturas de inspeção. Os reservatórios devem ser equipados com: Manômetros para indicação da pressão em seu interior. Válvulas de bloqueio. Entrada de ar. Saída de ar. Válvula de alívio. Dreno. Janela de visita (para inspeção), dependendo das dimensões do reservatório. ATENÇÃO O reservatório não deve ser enterrado ou mantido em local de difícil acesso. Preferencialmente, deve ser localizado fora do local em que o compressor está instalado e abrigado do sol (para facilitar a condensação). SECADOR Mesmo após a etapa de drenagem, o ar acumulado no receptor ainda carrega certa quantidade de umidade. Esse ar pressurizado pode conter uma quantidade razoável de partículas de água e de contaminantes que precisa ser eliminada antes que seja disponibilizado para utilização pelo sistema de pneumático. Por esse motivo, antes de sua utilização, o ar passa por um secador (Figura 25): Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 25 - Secador É interessante observar que, antes e após o secador, são utilizados dois drenos. Um para remoção de partículas de água condensada que tenham se acumulado no tanque de armazenamento e que sejam carregadas (por arraste) na direção do secador e outro para as que tenham conseguido ultrapassar a etapa de secagem. VOCÊ SABIA O ar seco industrial não é o ar totalmente isento de água, mas o ar que passou por um processo de desidratação (secagem). O custo associado com a instalação de um secador é compensando pela redução: Na substituição de trechos de tubulação oxidados (enferrujados). Na substituição de partes dos equipamentos pneumáticos. No aumento da produtividade. Na redução ou eliminação dos golpes de aríete. Entre as formas mais comuns de secagem, destacam-se: SECAGEM POR REFRIGERAÇÃO SECAGEM POR ABSORÇÃO SECAGEM POR ADSORÇÃO SECAGEM POR REFRIGERAÇÃO O ar é submetido a uma temperatura suficientemente baixa, de maneira a promover a condensação das partículas de água para sua posterior remoção. Também pode auxiliar na remoção do óleo em suspensão. SECAGEM POR ABSORÇÃO A secagem do ar ocorre por reações químicas. O ar é injetado em um tanque, e substâncias higroscópicas (cloreto de cálcio, cloreto de lítio, entre outras) absorvem esse vapor de água e se liquefazem, permitindo sua remoção. SECAGEM POR ADSORÇÃO Similar ao processo de absorção, entretanto é regenerativo. Uma substância adsorvente (sílica gel, por exemplo) absorve a água até sua saturação. Depois, ela é aquecida e libera a água para sua eliminação. DISTRIBUIÇÃO E TOMADAS DE AR Após a etapa de secagem, o ar é direcionado por tubulações que permitem que seja conduzido para diversas áreas do parque industrial, sendo disponibilizado nos pontos de uso. Essa distribuição pode conter ainda válvulas abre e fecha, drenos, filtros, entre outras unidades de conservação (Figura 26). Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 26 - Distribuição e tomadas de ar As tomadas de ar ou pontos de uso são os locais em que os equipamentos serão conectados. Geralmente, possuem conexões para encaixe dos equipamentos ou mangueiras flexíveis que permitirão a utilização do ar comprimido disponibilizado. Também podem possuir reguladores que permitem que a pressão do ar seja regulada pelo usuário. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A PRODUÇÃO DE AR COMPRIMIDO PARA SUA UTILIZAÇÃO EM SISTEMAS PNEUMÁTICOS DEMANDA CERTOS CUIDADOS FUNDAMENTAIS PARA A GARANTIA DA QUALIDADE DO AR COMPRIMIDO. A REMOÇÃO DE IMPUREZAS INDESEJÁVEIS NA CAPTAÇÃO DO AR A SER COMPRIMIDO É REALIZADA PELO(A) A) secador. B) resfriador. C) válvula de escape. D) dreno. E) filtro de entrada. 2. A REMOÇÃO DAS PARTÍCULAS DE ÁGUA É UMA DAS PRINCIPAIS ETAPAS DO CONDICIONAMENTO DO AR COMPRIMIDO. A PRINCIPAL ETAPA RESPONSÁVEL POR ESSA REMOÇÃO É A SECAGEM. ELA É REALIZADA LOGO APÓS A ESTOCAGEM DO AR, DEVIDO À PRECIPITAÇÃO DA ÁGUA EM SUSPENSÃO. UMA DAS FORMAS MAIS COMUNS DE SECAGEM E QUE UTILIZA A REDUÇÃO DA TEMPERATURA PARA REMOÇÃO DAS PARTÍCULAS DE ÁGUA É CHAMADA DE A) secagem por absorção. B) secagem por adsorção. C) secagem por refrigeração. D) secagem com sílica gel. E) secagem com cloreto de cálcio. GABARITO 1. A produção de ar comprimido para sua utilização em sistemas pneumáticos demanda certos cuidados fundamentais para a garantia da qualidade do ar comprimido. A remoção de impurezas indesejáveis na captação do ar a ser comprimido é realizada pelo(a) A alternativa "E " está correta. A presença de partículas em suspensão (poeiras e contaminantes) pode provocar inúmeros problemas ao sistema de ar comprimido, desde a obstrução da tubulação até danos severos às partes que compõem o sistema, ocasionados por abrasão. Dessa maneira, a utilização de filtros na entrada do compressor é de grande utilidade, na medida em que auxiliam na remoção dessas partículas e protegem o sistema. 2. A remoção das partículas de água é uma das principais etapas do condicionamento do ar comprimido. A principal etapa responsável por essa remoção é a secagem. Ela é realizada logo após a estocagem do ar, devido à precipitação da água em suspensão. Uma das formas mais comuns de secagem e que utiliza a redução da temperatura para remoção das partículas de água é chamada de A alternativa "C " está correta. No processo de secagem por refrigeração, o ar é submetido a uma significativa redução de temperatura de maneira a produzir a condensação das partículas de água suspensas no ar, possibilitando sua remoção por uma filtragem simples. MÓDULO 4 Identificar os sistemas de distribuição de ar comprimido e sua utilização nos projetos pneumáticos O PROCESSO DE DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO As redes de distribuição do ar comprimido para equipamentos e máquinas são fundamentais para o bom desempenho de um sistema pneumático. Caso não haja uma rede disponível ou funcional de ar comprimido, é necessária a utilização de um compressor para cada equipamento, o que pode tornar o processo altamente custoso não apenas na implementação, como também em sua manutenção. Por esse motivo, o processo mais comum é a utilização de um sistema de produção de ar comprimido, capaz de produzir um volume razoável de ar comprimido, suficiente para atender à demanda de toda a planta industrial. Esse sistema deve ser equipado com vários pontos de distribuição, com pontos de conexão para os equipamentos facilmente acessíveis. UMA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO ENGLOBA DESDE AS TUBULAÇÕES QUE SAEM DO TANQUE PRINCIPAL (RESERVATÓRIO DE AR) E PASSAM PELO SECADOR, ATÉ SUA CHEGADA AOS PONTOS DE UTILIZAÇÃO PELOS OPERADORES DOS EQUIPAMENTOS. Os tubos da rede de distribuição são, geralmente, fabricados de aço carbono ou aço galvanizado. Em alguns casos, é possível a utilização de redes de ar comprimido com conexões e tubos de PVCespeciais para essa finalidade e polímeros específicos, como o polipropileno copolímero random (PPR). A conexão entre o sistema de produção de ar comprimido e os equipamentos. Sua utilização como reserva local, no atendimento de necessidades que demandem pouco volume de ar. CARACTERÍSTICAS DE UMA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO Uma rede de distribuição de ar comprimido bem estruturada e pronta para atender às demandas do processo industrial deve ser capaz de: Apresentar uma pequena perda de pressão entre o compressor e a tomada de ar, de maneira que seja possível manter a pressão dentro de limites toleráveis, de acordo com as exigências do processo industrial. Não apresentar vazamentos ou escapes de ar, pois podem ser os principais responsáveis pela perda de energia. Apresentar filtros adequados (em modelo e quantidade) para a remoção eficiente do condensado. VOCÊ SABIA O desenvolvimento de uma rede de distribuição sem levar em consideração os pontos listados pode representar um prejuízo ao processo produtivo, ao invés de um ganho. Isso ocorre porque uma grande quantidade de energia pode ser desperdiçada sem que a planta atenda à demanda do processo industrial. DOCUMENTAÇÃO Entre os documentos apresentados para as redes de distribuição de ar comprimido está o layout da rede de distribuição. Esse diagrama apresenta toda a rede principal, suas ramificações, os pontos de consumo e as possíveis alterações para expansão. Também é informada a pressão dos pontos de consumo, a posição das válvulas de fechamento, as conexões, curvaturas e os separadores de condensados. TIPOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO O tipo de rede de distribuição pode ser em anel fechado ou circuito aberto. Cada situação deve levar em consideração as instalações e o processo industrial a que se deseja atender. A instalação mais comum é a rede de distribuição do tipo circuito fechado (com formato de anel). Os pontos de consumo (tomadas de ar) partem de ramificações originadas desse anel. Entre as vantagens da instalação em circuito fechado, pode-se destacar: Manutenção de uma pressão constante. Distribuição uniforme do ar comprimido, no caso de consumos intermitentes. Contudo, essa instalação apresenta maior dificuldade na remoção da umidade, tendo em vista que o ar circula em diferentes caminhos, podendo percorrer mais de uma direção (consumos em pontos diferentes). DICA A instalação em circuito aberto é indicada para pontos isolados ou muito distantes. Dois exemplos de layouts de redes de distribuição em anel podem ser vistos na Figura 27: Imagem: Extraída de Parker Hannifin, 2000, p. 23 Figura 27 - Layouts de redes de distribuição: (a) rede com derivações do anel e (b) rede com derivações transversais MEDIDAS DE SEGURANÇA As válvulas de bloqueio localizadas na linha de transmissão são previstas na rede de distribuição de maneira a permitir que seja feita a divisão em seções devidamente isoladas. Essa medida é particularmente importante para grandes instalações, facilitando as atividades de inspeção, modificações e manutenções, pois permitem o isolamento de uma seção da outra (Figura 28). Imagem: Extraída de Parker Hannifin, 2000, p. 24 Figura 28 - Válvulas de bloqueio para isolamento de uma rede de distribuição CONEXÕES E RAMIFICAÇÕES As conexões entre trechos de tubulações e derivações são realizadas por rosca, solda, flanges, engates rápidos, entre outros componentes. O mais importante é que tais conexões apresentem uma boa vedação, sem perda de energia. Veremos mais sobre essas conexões a seguir: CONEXÕES DO TIPO ROSCA As conexões do tipo rosca são as mais comuns. Apresentam custo reduzido e fácil montagem e desmontagem. A vedação é realizada com fita do tipo teflon. JUNÇÕES DO TIPO SOLDADAS As junções do tipo soldadas são menos propícias ao vazamento. Contudo, o custo é um pouco maior quando comparado ao das roscas. As etapas de montagem e desmontagem são mais complexas, pois cuidados particulares devem ser tomados para que uma solda bem-feita seja realizada. CONEXÕES COM FLANGE As conexões com flange também são bastante utilizadas, sendo necessários os anéis de vedação para a garantia de uma boa vedação, como pode ser visto na Figura 29: Imagem: Raphael de Souza dos Santos Figura 29 - Tubulação com solda e flange Em alguns casos, a instalação pode ser integralmente feita em PPR, apresentando também conexões em solda e com rosca (Figura 30): Foto: arglobal.com Figura 30 - Rede de ar comprimido em PPR CURVATURA As curvas na rede de distribuição devem possuir o maior raio possível, evitando perdas excessivas de energia. A curvatura mínima deve possuir um raio mínimo de duas vezes o diâmetro externo do tubo (Figura 31): Imagem: Extraída de Parker Hannifin, 2000, p. 24 Figura 31 - Curvatura da tubulação INCLINAÇÃO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO As tubulações devem possuir uma inclinação, no sentido do fluxo, de 0,5 a 2%. Essa inclinação tem por objetivo direcionar os condensados para os pontos de coleta, evitando a formação de pontos de acumulação. Esses pontos de coleta são denominados de drenos. Eles são conectados a pontos mais baixos na tubulação de maneira a permitirem a remoção do condensado. Se possível, devem ser automáticos. Casos as redes sejam muito grandes, pontos regulares de coletas devem ser instalados (20 ou 30 metros de distância entre si), conforme a Figura 32: Imagem: Extraída de Parker Hannifin, 2000, p. 25 Figura 32 - Inclinação da rede de distribuição e pontos de coleta TOMADAS DE AR COMPRIMIDO É fundamental que os pontos de fornecimento de ar comprimido (pontos de conexão com os equipamentos pneumáticos) sejam derivados da parte superior da tubulação principal de suprimento de ar. Isso é necessário para evitar que os pontos de suprimento acabem funcionando como coletores de condensados ou drenos. Essa derivação é popularmente chamada de pescoço de cisne (Figura 33). Imagem: Extraída de Parker Hannifin, 2000, p. 25 Figura 33 - Tomadas de ar tipo pescoço de cisne. PERDAS DE ENERGIA Os vazamentos de ar comprimido representam grandes perdas de energia. Mesmo em pequenos furos, acoplamentos malfeitos, folgas em vedações, anéis de vedação defeituosos, representam grandes vazamentos de ar comprimido e, consequentemente, grandes perdas de energia. É estimado que, mesmo em redes com boa manutenção, esses "pequenos problemas" podem apresentar uma perda considerável de energia. Essa perda torna-se economicamente relevante quando a perda de ar comprimido afeta o desempenho de equipamentos na realização de uma determinada tarefa. ATENÇÃO Eliminar todos os vazamentos é praticamente impossível, mas é fundamental reduzi-los ao máximo. TIPOS DE TUBOS Os tubos podem ser metálicos ou não metálicos, cada tipo sendo adequado a um tipo de instalação e uma funcionalidade específica. METÁLICOS Foto: shutterstock.com Figura 34 - Tubos metálicos - tubos de cobre São tubos do tipo latão, aço inoxidável, cobre e aço trefilado. Possuem até 1 polegada de diâmetro, quando utilizados em instalações especiais. São montados em estruturas rígidas, como pode ser visto na Figura 34. Seu uso mais comum é em locais com alta temperatura, elevada pressão, possível agressão química, abrasão, choque mecânico, entre outros. ATENÇÃO Vale destacar que os tubos de cobre e latão possuem certo grau de flexibilidade. MATERIAIS PARA TUBOS METÁLICOS Os tubos metálicos podem ser fabricados em diversos materiais. Alguns são formados por combinações de metais, as chamadas ligas. Alguns exemplos de materiais para tubos são: aço carbono e aços de alta liga. Os aços de alta liga de cromo/níquel, também chamados de aço inoxidável, são divididos principalmente em: AISI 304. AISI 304L - muito parecido com o AISI 304, mas com menor teor de carbono. AISI 316 - muito parecido com o AISI 304, mas com adição de molibdênio (maior resistência a corrosão). AISI 316Ti - muito parecido com oAISI 304, mas com adição de titânio (maior resistência a corrosão intergranular). AISI 310S - tolerância a altas temperaturas. AISI 317 - maior resistência a corrosão que o AISI 316. AISI 446 - toleram temperaturas acima de 700° C. NÃO METÁLICOS Foto: Shutterstock.com Figura 35 - Tubos não metálicos Também conhecidos como mangueiras, são confeccionados em materiais sintéticos, como polietileno, poliuretano, nylon e borracha revestida com lona. Apresentam alta flexibilidade e boa resistência química e ao estresse mecânico, como pode ser visto na Figura 35. Apresentam diâmetros que variam entre 4 e 16mm. São largamente utilizados em montagens complexas. CONEXÕES As conexões são os terminais nas tomadas de ar nos quais serão conectados os equipamentos. Para tubos metálicos, essas conexões costumam ser de solda, rosca ou de cravação (extremidades para roscas diversas). Para tubos não metálicos, essas conexões são mais comumente de engate rápido, o que facilita o processo de montagem e desmontagem, auxilia manutenção e apresenta grande durabilidade.Essas conexões podem ser de materiais sintéticos, aço inoxidável, alumínio e ligas de cobre (Figura 36). Foto: Festo, s.d., p. 8. Figura 36 - Conectores do tipo engate rápido. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO DEVEM SER CAPAZES DE ATENDER A TODA A PLANTA INDUSTRIAL, FORNECENDO AR COMPRIMIDO O SUFICIENTE PARA TODOS OS EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS UTILIZADOS NA EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS. ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO PODE-SE DESTACAR A) a elevada perda de pressão entre o compressor e as tomadas de ar. B) a manutenção dos níveis de pressão bem acima de limites toleráveis. C) os escapes de ar constantes para alívio da pressão. D) a não necessidade de filtros para remoção do condensado. E) a boa vedação para evitar vazamentos de ar. 2. A DOCUMENTAÇÃO DE UMA PLANTA INDUSTRIAL PRECISA SER O MAIS COMPLETA POSSÍVEL, DE MANEIRA A PERMITIR SUA CORRETA OPERAÇÃO, ALÉM DE GARANTIR A SEGURANÇA DOS OPERADORES E MAQUINÁRIOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO. TAMBÉM É IMPORTANTE QUE AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NAS PLANTAS AUXILIEM AS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO E POSSIBILITEM SUA EXPANSÃO. ENTRE AS INFORMAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA UMA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO, PODE-SE DESTACAR A) o tipo de válvula de fechamento utilizada. B) o material utilizado nas ramificações. C) a pressão dos pontos de consumo. D) o tipo de conexão utilizada nos equipamentos. E) a frequência de remoção de condensado dos filtros. GABARITO 1. Os sistemas de distribuição de ar comprimido devem ser capazes de atender a toda a planta industrial, fornecendo ar comprimido o suficiente para todos os equipamentos e ferramentas utilizados na execução das atividades desenvolvidas. Entre as características das redes de distribuição de ar comprimido pode-se destacar A alternativa "E " está correta. Os escapes ou vazamentos de ar são responsáveis por causarem perdas de energia entre o compressor e as tomadas de ar. Esses vazamentos são provocados por furos, roscas mal vedadas, anéis de vedação gastos, ou conexões mal presas. A demais alternativas não representam relevantes de sistemas de ar comprimido. A perda de energia é indesejável para as redes de distribuição de ar e devem ser tomados todos os cuidados para eliminá-la. 2. A documentação de uma planta industrial precisa ser o mais completa possível, de maneira a permitir sua correta operação, além de garantir a segurança dos operadores e maquinários envolvidos no processo. Também é importante que as informações contidas nas plantas auxiliem as atividades de manutenção e possibilitem sua expansão. Entre as informações fundamentais para uma rede de distribuição de ar comprimido, pode-se destacar A alternativa "C " está correta. Algumas informações, como a pressão das tomadas de ar e a posição de filtros e separadores de condensadores, são fundamentais, tendo em vista sua importância para a operação segura do processo e para a manutenção da unidade. Contudo, a temperatura do ar no interior da tubulação não pode ser especificada no layout da planta, tendo em vista que ela varia com as condições ambientes e com a temperatura do ar puxado pelo compressor. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos os conceitos básicos aplicáveis a sistemas pneumáticos e suas funcionalidades. Tratamos dos princípios físicos, específicos para o correto entendimento da pneumática e para a compreensão de como o ar pode ser comprimido. Apresentamos os efeitos e as alterações nas características do ar promovidas pela compressão, como as mudanças no volume, na pressão e na temperatura, com o objetivo de elucidar a importância das etapas de tratamento e dos cuidados a serem adotados com a compressão do ar. Além disso, compreendemos as etapas para geração de ar comprimido, desde a produção ao condicionamento. Por fim, discutimos sobre a distribuição do ar comprimido e os detalhes pertinentes ao projeto das redes de distribuição, bem como sobre os cuidados necessários para evitar danos estruturais, obstrução e formação de condensado. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BOLLMANN, A. Fundamentos de Automação Industrial Pneutrônica. São Paulo: ABHP, 1997. BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluidos. 2. ed. revisada. São Paulo: Pearson Universidades, 2008. FESTO. Painel Simulador de Pneumática e Eletropneumática. (s.d.). Consultado na internet em 5 jul. 2021. PARKER HANIFIN. Manual de Eletropneumática Industrial. São Paulo: Parker Training, 2005. Consultado na internet em 5 jul. 2021. PARKER HANIFIN. Tecnologia Hidráulica Industrial. São Paulo: Parker Training, (s.d.). Consultado na internet em 5 jul. 2021. PARKER HANIFIN. Tecnologia Pneumática Industrial - Apostila M1001 BR. São Paulo: Parker Training, 2000. Consultado na internet em 5 jul. 2021. PARKER HANIFIN. Tecnologia Pneumática Industrial - Apresentação M1001-1 BR. São Paulo: Parker Training, 2000. Consultado na internet em 5 jul. 2021. EXPLORE+ Leia o artigo O uso eficiente do ar comprimido na indústria, de João de Souza Silva, Walkyria Krystie Arruda Gonçalves e Ronan Marcelo Martins. Aprenda mais sobre a Lei dos Gases Ideais, consultando o livro Físico-química, volumes 1 e 2, de Walter John Moore, da editora Blucher, 1976. Para conhecer melhor os sistemas pneumáticos, leia o livro Sistemas pneumáticos, de Ilo da Silva Moreira, da editora Senai-SP, 2012. CONTEUDISTA Raphael de Souza dos Santos
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