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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU MÉRCIA ALVES DE SOUZA FREITAS RA 2964934 TURMA 3108A04 A LGPD e a importância do consentimento à proteção de dados principalmente em relação às crianças e adolescentes Prof.: Irineu Barreto São Paulo 2022 A LGPD E A IMPORTÂNCIA DO CONSENTIMENTO À PROTEÇÃO DOS DADOS PRINCIPALMENTE EM RELAÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES. JUSTIFICATIVA A Lei Geral de Proteção de Dados, mais conhecida como LGPD, foi promulgada pelo Presidente Michel Temer em 14 de agosto de 2018 (Lei 13.709/2018), com prazo estabelecido para adaptação às novas regras de dezoito meses, tanto para a iniciativa pública como para a privada, para que fosse feito todo o processo de entendimento e adequação da lei, e no fim desse prazo, fosse dado início às aplicações das penalidades previstas na lei. Foi inspirada no Regulamento Europeu de Proteção Dados Pessoais, também conhecida como GDPR. Nesse meio tempo foi alterada pela lei 13.853, de 08 de julho de 2019, sendo criado a ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados), órgão responsável por fiscalizar a aplicar a sanções e multas previstas pela LGPD. Fundamentalmente, a lei visa proteger os direitos fundamentais da personalidade da pessoa natural, fazendo se cumprir uma série de princípios para a aplicação dos tratamentos de dados pessoais, proteção essa que em 10 de fevereiro de 2022, se tornou um direito fundamental, quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 115, incluindo o inciso LXXIX ao artigo 5º da Constituição Federal, com a seguinte redação: "Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios digitais.” Esse trabalho tem por base demonstrar a importância do consentimento ao tratamento dos dados, como se dá esse consentimento através da lei, e principalmente em relação às crianças e adolescentes quando do fornecimento indevido dos dados através dos seus aparelhos que não são, na grande maioria das vezes, controlados pelos pais, nem há o consentimento dos mesmos para essa autorização. Antes de analisar sobre o consentimento é importante destacar que os dados pessoais, ou melhor dizendo, os tratamentos de dados pessoais, englobam diversas operações como a coleta, o acesso, distribuição, armazenamento, eliminação desses dados, como dispõe o inciso X do artigo 5º da Lei e que para essas operações possam ser realizadas, observa-se dez hipóteses taxativas que legitimam o tratamento dos dados, bastando uma delas para que o tratamento possa ser considerado legítimo (incisos I a X do artigo 7º da lei), as quais são independentes do consentimento. Como consta do artigo 5º, XII da lei, consentimento é toda manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada, não sendo, o consentimento, o único motivo que autoriza o tratamento de dados mas, uma das hipóteses. A legislação não foi específica quanto ao que se entende por “livre, informado e inequívoco”, o que se pode ser feito sob o entendimento expresso na GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados Europeus). Para que o consentimento possa ser considerado livre, não pode haver vício, tem que ter livre escolha sobre a escolha dos dados a serem tratados. Para que o consentimento seja “livre”, os titulares devem ter escolha efetiva sobre quais tipos de dados serão tratados em cada operação. Se houver qualquer tipo de pressão para a entrega do consentimento, sob pena de consequências negativas exageradas, o consentimento não será tido como lícito, uma vez que não terá sido manifestado “livremente”. (LIMA, 2019, p. 202) Em relação ao consentimento informado, acontece quando antes da coleta dos dados pessoais, os titulares são informados sobre qual será o caminho dos seus dados, isto é, de forma clara e ostensiva quais as finalidades, a forma e duração do tratamento; a identificação e informação de contato do controlador; as informações acerca do uso compartilhado de dados pelo controlador e a finalidade; as responsabilidades dos agentes que realizarão o tratamento e por fim, os direitos do titular. Ademais, o consentimento deve ser inequívoco, o que será alcançado por meio de demonstração do controlador, no sentido de que o titular de fato manifestou a autorização para que ocorresse o tratamento dos seus dados pessoais. Isso pode se dar por meio de clique em botão marcando opção em caixa de texto (a qual deve vir desmarcada por padrão), gravando áudio ou vídeo confirmando a aceitação dos termos. (LIMA, 2019, p. 204) A pesquisa se torna relevante para a sociedade em geral, pois o consentimento nas operações para o tratamento dos dados se torna complexa aos olhos do leigo, sendo necessária uma análise mais aprofundada sobre o tema. O ato de consentir deve ser dado pela pessoa titular dos dados, e quando das crianças e adolescentes, por seu representante legal, manifestada de maneira evidente e inequívoca, por escrito, através de métodos tradicionais (contratos ou formulários em papel) ou por ferramentas digitais (assinatura eletrônica ou digital). No caso de dados sensíveis ou de dados de crianças e adolescentes, que nesse caso é obrigatório o assentimento dos pais, o consentimento deve ser manifestado de forma específica e destacada. Sendo necessário para o entendimento dessa proteção, o esclarecimento do que são criança e adolescente de acordo com a Lei 8069/1990 (Estatuto da Criança e Adolescente), é considerada criança a pessoa com até 12 (doze) anos incompletos; e adolescente, aquela entre 12(doze) e 18 (dezoito) anos incompletos. Assim, quando se fala em tratamento de dados de pessoas desse grupo, deve ser sempre levado em conta seu melhor interesse, conforme previsto no caput do artigo 14 da LGPD, bem como na legislação pertinente (ECA) onde prevalece a necessidade de proteção integral. Há expresso na lei, em seu § 4º do artigo 14, a restrição ao mínimo necessário o tratamento de dados de crianças em jogos e internet, sendo estendido também aos adolescentes, se tratando de natural extensão dos princípios da finalidade, necessidade e adequação. Ao relacionar as crianças e os adolescentes com a tecnologia, temos que ter a clareza que a inserção delas no ambiente cibernético é um movimento inevitável, pois eles nasceram em um mundo digital, convivem desde o nascimento com os aparelhos digitais, trazendo para eles tanto oportunidades quanto perigos. Em relação às oportunidades, pode-se dizer que há a interação, a socialização e tem acesso a uma fonte inesgotável de informações, por outro lado as crianças são mais vigiadas, potencializando os riscos à privacidade, podendo ser facilmente manipuladas e expostas a situações como isolamento social, vícios em jogos, bullying e pedofilia, estando relacionados, muitas vezes, à exposição dos dados pessoais. É preciso um estudo mais aprofundado sobre o consentimento em relação às crianças e os adolescentes, pois eles não têm discernimento e tem muita liberdade com a tecnologia. Atribuir exclusivamente o consentimento aos pais pode acarretar na retirada do direito de escolha da criança, além da dificuldade de se obter e comprovar a existência do consentimento parental. Existe uma discussão infinita em relação ao consentimento, tanto do seu entendimento, quanto da sua aplicação efetiva. Muitas vezes os pais não dominam a tecnologia como seus filhos e não há eficácia no próprio mecanismo do consentimento, quando na maioria das vezes as pessoas não tem o hábito de ler ostermos, condições e políticas de privacidade. É de extrema importância o estudo da lei para o conhecimento e conscientização da população em relação à LGPD no que tange principalmente ao consentimento. Referências BEZERRA, Lucas Augusto Martins. Lei geral de proteção de dados (LGPD) e o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil: por que o tratamento de dados pessoais de adolescentes dispensa o consentimento parental? FIDES, Natal, v. 11, n. 2, ago./dez. 2020; BRASIL. 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Acesso em 17 abr. 2022; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm https://ibdfam.org.br/artigos/1673/Tratamento+de+dados+pessoais+de+crian%C3%A7as+e+adolescentes%3A+prote%C3%A7%C3%A3o+e+livre+desenvolvimento+do+menor+cercados+pela+LGPD+e+responsabilidade+parental https://ibdfam.org.br/artigos/1673/Tratamento+de+dados+pessoais+de+crian%C3%A7as+e+adolescentes%3A+prote%C3%A7%C3%A3o+e+livre+desenvolvimento+do+menor+cercados+pela+LGPD+e+responsabilidade+parental https://ibdfam.org.br/artigos/1673/Tratamento+de+dados+pessoais+de+crian%C3%A7as+e+adolescentes%3A+prote%C3%A7%C3%A3o+e+livre+desenvolvimento+do+menor+cercados+pela+LGPD+e+responsabilidade+parental LIMA, Caio César C.. Do tratamento dos dados pessoais. In: MALDONADO, Viviane Nóbrega; BLUM, Renato Ópice (coords). LGPD: Lei Geral de Proteção de Dados Comentada. 2 ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020; PECK, Patrícia. Proteção de Dados Pessoais: Comentários à Lei n. 13.709/2018. 2 ed.. São Paulo. Saraiva Educação. 2020; SILVA, Laura Regian Echeverria; MAZIN, Marcelo; CARMO, Valter Moura. O tratamento de dados das crianças e adolescentes conforme a lei nº 13.709/2018 e a problemática dos brinquedos conectados. Rev. de Direito, Governança e Novas Tecnologias, e-ISSN: 2526-0049, Evento Virtual, v. 6, n. 1, p. 80-100, Jan/Jun. 2020; SOARES, Pedro. A questão do consentimento na lei de proteção de dados. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-mai-11/pedro-soares-questao- consentimento-lei-protecao-dados?msclkid=7a193717c1ab11eca48c45c993821ffe. Acesso em: 21 abr. 2022; TEFFÉ, Chiara A. Spadaccini; TEPEDINO, Gustavo. O consentimento na circulação dos dados pessoais. IBDCivil. Belo Horizonte. V. 25, p. 83-116, jul/set. 2020.
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