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1ª Edição |Dezembro| 2013 Impressão em São Paulo/SP Matemática financeira e estatística Claudia Cristina Soares de Carvalho Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Matemática financeira e estatística Coordenação Geral Nelson Boni Professor Responsável Claudia Cristina Soares de Carvalho Coordenação de Projetos Leandro Lousada Revisão Ortográfica Célia Ferreira Pinto Projeto Gráfico, Dia- gramação e Capa Ana Flávia Marcheti 1º Edição: Dezembro de 2013 Impressão em São Paulo/SP Sumário Unidade 1 1.1 Conceitos fundamentais da matemática financeira 1.2 O cálculo dos juros e do valor presente no sistema simples 1.3 O montante no sistema simples 1.4 Taxas de juros proporcionais 1.5 Desconto racional e comercial no sistema simples 1.6 O valor presente, valor futuro e os juros no sistema composto 1.7 Taxas no sistema compoto 1.8 Desconto racional e comercial no sistema composto Exercícios propostos Gabarito Referências Bibliográficas 9 52 53 Apresentação Prezado estudante, Certamente, você já deve ter ouvido falar que a Matemática é uma ciência muito importante e que usamos Matemática para tudo em nossas vidas. Afir- mações como estas são constantemente proferidas por professores e pais, na intenção de motivar seus alunos e filhos para o estudo. O discurso, geralmen- te, gira em torno da seguinte ideia: “estude Matemá- tica agora, pois no futuro você precisará dela”. Mesmo com todo esforço de professores e pais, para alguns estudantes, estas afirmações são comple- tamente artificiais, uma vez que as aplicações da Mate- mática no dia a dia do cidadão comum restringem-se ao uso de operações aritméticas simples, muito bem compreendidas e solidificadas desde a conclusão do ensino fundamental. Isto quer dizer que a Matemática não é tão importante assim? Eu discordaria totalmen- te de qualquer afirmação neste sentido. A Matemática tem aplicações em quase todas as áreas do conhecimento humano, tais como en- genharia, física, química, biologia, psicologia, me- dicina, publicidade, entre outras. A Matemática vai além de uma porção de números e equações. Ela é a ciência dos padrões, e auxilia o ser humano no pla- nejamento, na previsão de fenômenos e na tomada de decisões. Se você estudar qualquer assunto pro- fundamente, você encontrará uma grande quantida- de de boa Matemática. Neste contexto, caro estudante, este curso pre- tende engajá-lo na aplicação dos conhecimentos matemáticos em duas grandes áreas: a financeira e a estatística. Você terá a oportunidade de utilizar seus conhecimentos matemáticos para compreender os conceitos de juros simples e compostos, investimen- tos e amortizações. Além disso, você verá como a Matemática é utilizada como base para a compreen- são de conceitos estatísticos, tais como as medidas de posição, dispersão e correlação. Neste material, você encontrará explicações contextualizadas, problemas discutidos e resolvidos, e algumas questões para colocar em prática tudo aquilo que foi apreendido. Não tenho dúvidas de que você apreciará ainda mais a Matemática depois desta experiência. Unidade 1 Matemática financeira: Ju- ros simples e compostos Caro (a) Aluno (a) Seja bem-vindo (a)! Nesta primeira unidade, você terá a oportunidade de conhecer e compreender os conceitos fundamentais da Matemática Financeira, percebendo a utilidade desta grande área para o mundo do trabalho. Bons estudos! 1.1. Conceitos fundamentais da matemática financeira A Matemática Financeira é uma área do co- nhecimento que visa compreender o valor do dinheiro no tempo, de modo a maximizar lucros e minimizar prejuízos. O conceito de juro é fundamental nesta área. É por meio dos juros que o dinheiro valo- riza num determinado período. Os juros estão presentes em diversas situações do nosso coti- diano. Vejamos duas delas a título de exemplo. Imagine que uma loja esteja vendendo uma bicicleta nas seguintes condições: 10 15 parcelas de R$ 13,00 ou R$ 150,00 à vista Imaginou? Agora, observe que o preço final da bicicleta no parcelamento é maior do que o preço à vista. No parcelado, pagaremos R$ 195,00 pela bicicleta. Uma diferença de R$ 45,00 sobre o valor original. Esta diferença corresponde a 30% do valor à vista. O preço à vista é diferente do preço a prazo, por- que estão sendo cobrados juros pelo parcelamento da dívida. Neste caso, o juro é uma compensação que a loja recebe por entregar ao comprador um produto pelo qual ele ainda não pagou. Outra situação envolvendo a ideia de juro pode ser encontrada no ambiente bancário. Imagine que uma pessoa investiu R$ 3.000,00 na poupança e que após dois meses esse investimento valorizou de modo que ela passou a ter R$ 3.060,00 em sua conta. Imagi- nou? Nesta situação, podemos dizer que os juros do investimento foram de R$ 60,00, o que corresponde a 2% do valor investido. Aqui, o juro é uma compen- sação que o cliente recebe por deixar seu dinheiro em poder do banco por determinado tempo. Em situações envolvendo empréstimos, dívi- das e investimentos, utilizamos demasiadamente as 11 ideias de juros, taxa de juros, valor presente e valor futuro. Veja a seguir a definição de cada uma: Valor Presente – É o valor de referência utilizado para calcular lucros ou prejuízos. É o valor de um bem na data da compra ou o valor de um capital na data do investimento ou do empréstimo. Algumas pessoas referem-se ao Valor Presente como Princi- pal ou Valor Atual. Na situação da bicicleta, o valor presente correspondia ao valor à vista. Na situação do investimento bancário, correspondia ao valor aplicado inicialmente na poupança. Valor Futuro – É o valor de um bem ou de um ca- pital após a incidência de juros. Corresponde à soma do Valor Presente com os Juros. Ele é também co- nhecido como Montante ou Valor Nominal. No caso da bicicleta, o Valor Futuro correspondia ao valor fi- nal a prazo. No caso do investimento, correspondia à quantia a receber após dois meses de aplicação. Juros – É a compensação recebida por emprestar ou investir um capital, ou ainda, a compensação dada por tomar dinheiro emprestado ou parcelar uma dívida. No caso da bicicleta, correspondia aos R$ 45,00 de aumento no sistema parcelado. No caso do investimento, correspondia aos R$ 60 de acréscimo ao capital após dois meses. 12 Taxa de Juros – É uma porção do Valor Presente. Ela determina o quanto uma quantia vai valorizar por período ao longo do tempo. As taxas de juros são apresentadas na sua forma percentual ou deci- mal. Nos exemplos discutidos, as taxas totais de ju- ros foram de 30% (2% ao mês no sistema simples), no caso da bicicleta, e de 2% (1% ao mês no sistema simples), no caso do investimento. Há duas formas de acrescentar juros ao Valor Presente: a forma SIMPLES e a COMPOSTA. No sistema simples os juros são sempre calculados em relação ao Valor Presente no dia da compra ou na data do investimento, período a período. Assim, o valor dos juros é constante em cada período de tem- po. No sistema composto, os juros são incorporados ao Valor Presente a cada período. São os famosos juros sobre juros. 1.2. O cálculo dos juros e do va- lor presente no sistema simples Como mencionado na seção anterior, no siste- ma simples, os juros são SEMPRE calculados sobre o VALOR PRESENTE INICIAL. Isto quer dizer que a mesma quantia é adicionada ao seu valor de referência a cada período de tempo. Vamos compreender a evolução do Valor Presen- 13 te no sistema simples discutindo a seguinte situação. Suponha que Roberta tenha aplicado R$ 400,00 num fundo de investimentos. Imagine que ela tenha decidido deixar seu dinheiro no banco por três me- ses, rendendo juros simples de 2% a cada mês. Ima- ginou? Nestas condições, qual será o montante que ela resgatará no final deste investimento? Para compreender o que ocorre com o dinheiro no sistema de juros simples, observe a Tabela 1 com os valores do investimento mês a mês. Tabela 1: Evolução dosjuros no sistema simples Mês Valor no início de cada mês Juros do mês Valor no fi- nal de cada mês 1.º 400 2% de 400 = 8 408 2.º 408 2% de 400 = 8 416 3.º 416 2% de 400 = 8 424 Note que o valor investido gerou juros de R$ 8,00 a cada mês. Isto significa que em três meses ele gerou R$ 24,00 de juros. Nestas condições, após três meses, Roberta resgatará um montante de R$ 424,00. No sistema simples, os juros formam uma proporção com o tem- po de investimento, uma vez que os juros de um mês estão para R$ 8,00 assim como os juros de três meses estão para R$ 24,00. 14 Agora, vamos analisar a situação de Roberta por outro ponto de vista. Sabemos que ela receberá 2% de R$ 400,00 a cada mês que seu dinheiro ficar investido. Sabemos também que isto equivale a R$ 8,00 por mês. Mas, como chegamos a este valor? Para calcularmos 2% de R$ 400,00 basta mul- tiplicar 2% por R$ 400,00. Como 2% é equivalente a 0,02 (dois dividido por 100), basta multiplicarmos 0,02 por R$ 400,00. Faça as contas em sua calcu- ladora e veja que o resultado desta multiplicação é igual a 8. 2% de 400=2% ∙400=0,02∙400=8 Sabemos que Roberta deixou seu dinheiro investido por 3 meses. Logo, os juros totais rece- bidos (J) vão corresponder a três vezes R$ 8,00, ou seja, R$ 24,00. Se você observar com cuidado os cálculos que fizemos, você verá que, para determinarmos os juros de um período, multiplicamos o Valor Presente Ini- cial pela taxa e, para determinarmos os juros totais, multiplicamos os juros de um período pela quantida- de de períodos. Voltando à situação, se chamarmos os juros de J, podemos dizer que fizemos: 15 J = 400 . 0,02 . 3} } } Valor Presente taxa de juros na sua forma decimal tempo J = 24 De forma geral, podemos calcular os juros no sistema simples multiplicando-se o Valor Presente Inicial (VP), a taxa de juros na sua forma decimal (i) e o número de períodos (t) na mesma unidade da taxa. J=VP∙i∙t A letra i é usada para representar o valor da taxa de ju- ros porque, em inglês, a palavra juros significa interest. A Equação 1 é também utilizada para determi- nar o Valor Presente Inicial, da taxa de juros e do tempo. Para isso, basta utilizarmos as regras de re- solução de uma equação do primeiro grau. Vamos a um exemplo. Suponha que você tenha aplicado uma quantia num fundo de investimentos que paga 8% de juros simples ao ano. Suponha ainda que, após 5 anos, esta quantia tenha gerado juros de R$ 1.200,00. Qual é o 16 valor da quantia que você aplicou? Nesta situação, queremos determinar o Valor Presente (VP), capaz de gerar um juros (J) de R$ 1.200,00 num período de 5 anos (t) se submetido à taxa de juros (i) de 8% ao ano. Substituindo estes valores na fórmula, temos: J=VP∙i∙t 1.200=VP ∙0,08∙5 1.200=VP∙0,40 VP=3.000 VP = 1.200 0,40 De acordo com os cálculos, o valor investido (VP) foi de R$ 3.000,00. Note que na fórmula utilizamos 8% na sua forma decimal, ou seja, dividimos 8 por 100, que equivale a 0,08. Faremos esta conversão em todas as equações que estudaremos neste curso. 1.3. O montante no sistema simples 17 Em muitas situações relacionadas ao cálcu- lo dos juros no sistema simples é interessante sa- ber determinar o Valor Futuro (Montante) sem que seja necessário calcular os juros em primeiro lugar. Para isso, considere que: O Valor Futuro corresponde ao Valor Pre- sente adicionado aos juros: VF=VP+J E os juros são obtidos fazendo-se: J=VP∙i∙t Se substituirmos a segunda expressão na pri- meira, teremos: VF=VP+J VF=VP+(VP∙i∙t) VF=VP∙(1+i∙t) Perceba que a Equação 2 é uma relação entre o Valor Futuro (VF), o Valor Presente Inicial (VP), a taxa (i) e o tempo (t). Os juros (J) não fazem parte desta expressão. Para notar a utilidade desta expressão, vamos imaginar que um você tenha investido R$ 3.000,00 num fundo com taxa de 2% a.m. por 10 meses. Para 18 determinar o Valor Futuro, não será mais necessá- rio determinar os juros em primeiro lugar. Vamos utilizar diretamente a Equação 2, considerando que o Valor Presente equivale a R$ 3.000,00, a taxa de juros é de 2% ao mês e o tempo é de 10 meses. VF=VP∙(1+i∙t) VF=3.000∙(1+0,02∙10) VF=3.000∙(1+0,20) VF=3.000∙1,2 VF=3.600 Logo, o valor a receber após 10 meses será de R$ 3.600,00. A Equação 2 também pode ser usada para o cálculo do Valor Presente, da taxa e do tempo. Va- mos a um exemplo. Imagine que você tenha resgatado um inves- timento e que na data do resgate você recebeu R$ 1.800,00. Sabendo que o investimento durou 3 anos e foi submetido a uma taxa de juros simples de 4% ao ano, qual foi o valor investido? Nesta situação, sabemos que o valor resgatado corresponde ao Valor Futuro (VF) de R$ 1.800,00, a taxa de juros (i) é de 4% ao ano e o tempo de in- vestimento é de 3 anos. Substituindo estes valores na Equação 2, temos: 19 VF=VP∙(1+i∙t) 1.800=VP∙(1+0,04∙3) 1.800=VP∙(1+0,12) 1.800=VP∙1,12 VP=1.607,14 Logo, o valor investido foi de R$ 1.607,14. 1.4. Taxas de juros proporcionais Em muitas situações relacionadas ao cálculo dos juros no sistema simples trabalhamos com taxas de juros numa unidade de tempo diferente do nú- mero de períodos do investimento. Podemos ajus- tar este tipo de situação modificando a unidade de medida do tempo ou da taxa. A seguir, veremos um exemplo de cada caso. Modificando a unidade de medida do tempo Imagine que João tenha tomado emprestado R$ 1.200,00 numa instituição financeira. Suponha que ele tenha concordado com uma taxa de juros simples de 2% ao mês e que o empréstimo tenha durado dois anos. Imaginou? Após dois anos, qual o valor VP = 1.800 1,12 20 que João deverá devolver? Nesta situação, sabemos que o valor tomado emprestado corresponde ao Valor Presente. Logo, VP equivale a R$ 1.200,00. Sabemos, ainda, que a taxa de juros (i) é de 2% ao mês e que o tempo de empréstimo (t) é de 2 anos. Apesar de termos os valores necessários para determinarmos o Valor Fu- turo (VF) a ser devolvido, temos que observar que a taxa de juros foi dada em meses e que o tempo do investimento foi dado em anos. Para ajustar esta situação, vamos modificar a unidade de medida do tempo fazendo 2 anos corresponder a 24 meses. Sendo assim: VF=VP∙(1+i∙t) VF=1.200∙(1+0,02∙24) VF=1.200∙(1+0,48) VF=1.200∙1,48 VF=1.776 Logo, no final do empréstimo, João deverá de- volver R$ 1.776,00. Modificando a taxa de juros: taxas proporcionais Suponha que você tenha investido R$ 1.000,00 à taxa simples de 6% ao ano, mas tenha mantido o investimento somente por três meses. Quais serão 21 os juros gerados neste investimento? Repare que a taxa acordada está em anos, mas o tempo do investimento foi dado em meses. Para manter a coerência nos cálculos, antes de aplicarmos a fórmula dos juros simples, descobriremos a taxa proporcional mensal relativa à taxa de 6% ao ano. Para isso, basta lembrarmos que 1 ano corres- ponde a 12 meses. Logo, dada uma taxa de juros anual, ao dividirmos a mesma por 12 estaremos de- terminando a taxa de juros mensal. i=6÷12 1=0,5 Assim, uma taxa de 6% ao ano corresponde a uma taxa de 0,5% ao mês. Voltando ao problema, sabemos que o capital é de R$ 1.000,00, o tempo é de três meses e a taxa é de 0,5% ao mês (proporcional a 6% ao ano). Nestas condições, os juros serão: J=VP∙i∙t J=1.000∙0,005∙3 J=15 Então, os juros gerados após três meses de in- vestimento serão de R$ 15,00. 22 Agora, imagine que você tenha tomado empres- tada certa quantia e que tenha concordado em pagar juros simples de 0,3% ao dia. Nestas condições, qual será a taxa mensal de juros deste empréstimo? Nesta situação, devemos lembrar que nos pro- blemas da matemática financeira costumamos consi- derar 1 mês como 30 dias. Assim, se sua taxa é de 0,3% ao dia e o mês tem 30 dias, basta multiplicarmos0,2 por 30 para determinarmos a taxa de juros mensal. i=0,3∙30 i=9 Logo, a taxa de juros do empréstimo é de 9% ao mês. 1.5. Desconto racional e co- mercial no sisema simples Quando estamos analisando nossas próprias finanças ou as finanças da empresa em que tra- balhamos é muito comum nos depararmos com situações, em que temos que pagar uma dívida antes do vencimento ou até mesmo resgatar um investimento antes do prazo. Quando queremos fazer tais operações, temos que pensar na ideia de desconto. 23 No sistema de juros simples, as operações de desconto podem ser calculadas de duas for- mas. Na primeira, conhecida como desconto racional, utilizamos o Valor Presente como re- ferência para calcular o desconto. Na segunda, conhecida como desconto comercial, utilizamos o Valor Futuro como referência. Desconto Racional (DR) Suponha que você tenha investido R$ 1.000,00 e que tenha combinado com o banco de resgatar este investimento após 12 meses. Supo- nha ainda que a taxa de juros vigente na época do investimento seja de 5% a.m. Imaginou? Nes- tas condições, após 12 meses, você receberá R$ 1.600,00 do banco. Veja: VF=VP∙(1+i∙t) VF=1.000∙(1+0,05∙12) VF=1.000∙(1+0,6) VF=1.000∙1,6 VF=1.600 Agora, imagine que após 8 meses você pre- cise resgatar este investimento e que a taxa de juros, no momento do resgate, tenha se alterado para 6% a.m.. Quanto você deverá resgatar? 24 Nesta situação, devemos ter em mente que você quer resgatar o investimento 4 meses an- tes do prazo final. Sendo assim, pensando racio- nalmente, o dinheiro que você está para receber hoje (VP) deve ser aquele que te geraria um Va- lor Futuro de R$ 1.600,00 caso você decidisse aplicá-lo em outra instituição por 4 meses a uma taxa de 6% a.m.. Figura 01: Desconto Racional Para descobrir este valor, podemos utilizar a fórmula do Valor Futuro, considerando que o Valor Presente (VP) será o valor que receberemos com o desconto por termos antecipado o investimento por um período (n) de 4 meses. A taxa utilizada será a taxa vigente no momento do resgate do investimen- to, no caso 6% a.m.. 25 Sendo assim, 1.600=VP∙(1+0,06∙4) 1.600=VP∙1,24 VP=1.290,32 Logo, se você resgatar seu investimento antes do prazo, você receberá uma quantia de R$ 1.290,32. Note que este é o Valor Presente que te geraria o mesmo Valor Futuro de R$ 1.600,00 caso você o in- vestisse por 4 meses a uma taxa de 6% ao mês. E quanto foi descontado do seu investimento? Bom, se você mantivesse o investimento até o fim, você receberia o equivalente a R$ 1.600,00. Entretanto, você recebeu somente R$ 1.290,32. A diferença entre estes dois valores representa o que lhe foi descontado. Neste caso, DR = 1.600 – 1.290,32 DR = 309,68 O banco descontou R$ 309,68 de seu investimento. De forma geral, podemos determinar o valor com desconto (VD), fazendo-se: VP= 1,24 1.600 26 VF=VP∙(1+i∙n) 1+i∙n VFVP = Na Equação 3, VF é Valor Futuro contratado, ou seja, é o valor que você deveria receber caso man- tivesse o investimento ou empréstimo até o fim. VP é o valor pago ou recebido na data do resgate, ou seja, é o Valor Futuro com desconto. A letra n repre- senta o tempo de antecedência, ou seja, o tempo que faltaria para completar o investimento ou emprésti- mo. A letra i representa a taxa de juros vigente no dia do resgate. Conhecendo-se o valor com desconto (VP), pode-se facilmente determinar o Desconto Racional (DR) aplicado calculando-se a diferença entre o Va- lor Futuro (VF) e o Valor Presente (VP). DR=VF-VP Se a taxa de juros (i) não sofresse alteração no momento do resgate do investimento, o valor a receber no dia resgate cor- responderia ao Valor Futuro a ser recebido pelo prazo em que seu dinheiro ficou investido. Neste caso, o desconto corres- ponderia aos juros que você deixou de ganhar. 27 Desconto Comercial (DC) Outro raciocínio utilizado para determinar o Valor Presente de um investimento, empréstimo ou título de crédito, quando os mesmos são resgatados antes do prazo acordado, é aquele em que se calcula do DESCONTO COMERCIAL (DC). Para deter- minar o desconto comercial, descontamos a taxa de juros vigente (i) sobre o Valor Futuro (VF) de seu investimento considerando o período de antecedên- cia ao resgate (n). Usando expressões matemáticas, temos que o desconto comercial é calculado por: DC=VF∙i∙n Note que nas equações envolvendo as operações de desconto utilizou-se a letra n ao invés da letra t para representar o tempo. A letra n representa o tempo de antecipação do investimento ou da dívida. Considere a mesma situação que trabalhamos quando discutimos o desconto racional. Suponha que você tenha investido R$ 1.000,00 por 12 meses a uma taxa de 5% a.m. Nestas condições, sabemos que no final do investimento você deverá receber um montante de R$ 1.600,00. Se você decidisse resgatar seu investimento 4 28 meses antes do prazo, com uma taxa de juros vi- gente de 6% a.m., você receberia menos do que R$ 1.600,00. Se fosse aplicado o DESCONTO CO- MERCIAL (DC), o banco descontaria do seu mon- tante a seguinte quantia, DC=VF∙i∙n DC=1.600∙0,06∙4 DC=384 Você teria R$ 384,00 de desconto sobre o Valor Futuro. Ou seja, o valor a ser resgatado (VP) seria de: VP=1.600-384 VP=1.216 Então, caso o desconto fosse comercial, você teria resgatado R$ 1.216,00 se antecipasse em 4 me- ses o resgate de seu investimento. Na situação envolvendo o Desconto Racional, primeiramente nós calculamos o valor a ser resgatado (VP) e depois determina- mos o Desconto (DR). Na situação envolvendo o Desconto Co- mercial, fizemos o contrário. Primeiramente, determinamos do desconto (DC) e depois calculamos o valor a ser resgatado (VP). 29 1.6. O valor presente, valor futu- ro e os juros no sistema composto No sistema composto, os juros de cada perío- do, quando não são pagos ao final dos mesmos, in- corporam-se ao Valor Presente e, consequentemen- te, passam a render juros. Na Matemática Financeira, este processo também é conhecido como capitaliza- ção composta. No dia a dia, ele é conhecido como “juros sobre juros”. Para que você compreenda o que ocorre com o dinheiro no sistema composto, imagine que uma pessoa tenha investido R$ 2.000,00 num fundo que paga 10% de juros compostos por mês. Imagine ainda que este investimento durasse quatro meses. Agora, observe a Tabela 2 que descreve o que ocorre com o dinheiro desta pessoa mês a mês. Mês Valor no início de cada mês Juros do mês Valor no final de cada mês 1.º 2.000 10% de 2.000 = 200 2.200 2.º 2.200 10% de 2.200 = 220 2.420 3.º 2.420 10% de 2.420 = 242 2.662 Tabela 2: Evolução dos juros no sistema composto 30 4.º 2.662 10% de 2.662 = 266,20 2.928,20 Note que os juros de cada mês foram calcula- dos sobre o valor que se formou no mês anterior. Desta forma, cada período gerou juros maiores que o período anterior. Se observarmos a tabela com cuidado, veremos que o valor no final de cada mês corresponde a 110% do valor no início de cada mês (110% correspondem a 100% do capital mais 10% de juros sobre o capital). Podemos obter 110% do Valor Futuro multipli- cando o valor no início de cada mês por 1,1 (1,1 é 110% na sua forma decimal, ou seja, equivale a 110÷100). Desta forma, observe o que ocorre mês a mês. 110% de 2.000=1,1∙2000=2.200 110% de 2.200=1,1∙2200=2.420 110% de 2.420=1,1∙2420=2.662 110% de 2.660=1,1∙2662=2.928,20 Agora, se pegarmos os valores no início de cada mês e os substituirmos pelos produtos que os correspondem, veremos que este Valor Futuro pode ser obtido fazendo-se 2.000∙(1,1)^4, que é o mes- mo que multiplicar o Valor Presente pela potência (1,1)4. Repare que a base desta potência corresponde 31 a 100% mais 10% de juros (em sua forma decimal) e o expoente representa o tempo do investimento. 2928,20=1,1∙2662 1,1∙2662=1,1∙1,1∙2420 1,1∙1,1∙2420=1,1∙1,1∙1,1∙2200 1,1∙1,1∙1,1∙2200=1,1∙1,1∙1,1∙1,1∙2000De forma geral, o Valor Futuro no sistema com- posto pode ser obtido por meio da seguinte relação, VF=VP∙(1+i)t Na Equação 6, VF é o valor a ser resgatado no final do investimento, VP é o Valor Presente Inicial ou principal, i é a taxa de juros por período e t é a quantidade de períodos (tempo). No sistema composto, é muito importante saber lidar com po- tências. Por isso, lembre-se que, por definição, dado um núme- ro real a e número natural n, chama-se potência o produto de n fatores iguais ao número a. Veja: an = a . a . a . a ... . a n vezes } 32 O número a é chamado de base da potência e o número n é chamado de expoente. Se a for o número 3 e n for o número 4, por exemplo, a po- tência será: 34=3∙3∙3∙3=81 É possível estender a ideia de potenciação para expoentes que não são números naturais. Desta forma, consideramos que , sendo m e n dois números naturais sem divi- sores comuns além do 1. Por exemplo, = = 3 a m n = √ am n 2 2 9 √ 9 2 Vamos utilizar a Equação 4 para resolver qua- tro tipos de problemas. Você verá que esta equação pode ser utilizada para determinar o Valor Futuro, os juros em todo período, o Valor Presente, a taxa e o tempo. Primeiramente, suponha que uma pessoa tenha investido R$ 7.500,00 num fundo, cuja taxa de juros era de 2% ao mês. Suponha ainda que a capitalização fosse feita mês a mês por 18 meses. Ao final deste período, quanto esta pessoa resgatará? Quais foram os juros gerados pelo investimento? Para resolver este problema, basta percebemos que R$ 7.500,00 corresponde ao Valor Presente Ini- 33 cial, a taxa de juros é de 2% ao mês (0,02) e o tempo corresponde a 18 meses. Podemos substituir estes valores na Equação 6. VF=VP∙(1+i)t VF=7.500∙(1+0,02)18 VF=7.500∙(1,02)18 VF=7.500∙1,428246 VF=10.711,85 Logo, ao final de 18 meses será resgatado o equivalente a R$ 10.711,85. Para determinarmos os juros do investimento, basta verificar a diferen- ça entre o Valor Futuro e o Valor Presente. Neste problema, esta diferença corresponde ao valor de R$ 3.211,85. Você pode calcular o valor aproximado das potências utilizan- do a tecla xy numa calculadora científica ou financeira. Para determinar o valor aproximado de (1,02)18 basta digitar, nesta ordem, 1,02; xy; 18. Nos problemas deste curso, representaremos os resultados da potenciação de forma aproximada com seis casas decimais (quando houver). 34 Agora, pense que uma pessoa tenha resgatado R$ 6.678,00 após seis anos de investimento. Imagine que a taxa de juros deste investimento foi de 8% ao ano. Qual foi o valor investido? Para resolver este problema, basta percebemos que R$ 6.678,00 corresponde ao Valor Futuro, a taxa de juros é de 8% ao ano, ou seja, 0,08 e o tempo cor- responde a 6 anos. Podemos substituir estes valores na Equação 6. VF=VP∙(1+i)t 6.678=VP∙(1+0,08)6 6.678=VP∙(1,08)6 6.678=VP∙1,586874 VP=4.208,27 Logo, o valor investido inicialmente foi de R$ 4.208,27. Se uma pessoa investiu R$ 1.600,00 e após 4 meses de investimento resgatou R$ 1.664,97, qual foi a taxa de juros do investimento? Para resolver este problema basta percebemos que R$ 1.600,00 corresponde ao Valor Presente ini- cial, R$ 1.664,97 corresponde ao Valor Futuro, e o tempo de investimento corresponde a 4 meses. Po- VP = 6.678 1,586874 35 demos substituir estes valores na Equação 6. VF=VP∙(1+i)t 1.664,97=1.600∙(1+i)4 1,0406=(1+i)4 1,01=1+i i=1,01-1 i=0,01 Logo, a taxa de juros do investimento foi de 0,01 que equivale a 1% ao mês. Quando as equações envolvem potências, devemos lembrar que a operação inversa da potenciação é a radiciação. Desta forma, se queremos saber qual número que elevado a quarta potência resulta em 16, devemos calcular a raiz quarta deste número. O mesmo vale para qualquer outra potência. Por exemplo, se qui- sermos saber qual é o número que elevado ao cubo resulta em 27, devemos determinar a raiz cúbica deste número. 1.664,97 (1+i)4=1.600 √ 1,0406=1+i 4 x4 =16 x = 2 x = 16 4 √ 36 Quando o expoente da potência é um número par, devemos ter em mente que os resultados obtidos com a operação inversa po- dem ser positivos ou negativos. Neste curso, utilizaremos apenas as respostas positivas. O valor de qualquer raiz também pode ser obtido com o auxílio de uma calculadora científica ou financeira. No último problema, imagine que uma pessoa tenha investido R$ 500,00 num fundo que paga juros compostos de 6% ao final de cada ano. Após quan- tos anos esta pessoa terá R$ 751,82? Para resolver este problema, basta percebemos que R$ 500,00 corresponde ao Valor Presente inicial, R$ 751,82 corresponde ao Valor Futuro, e a taxa de juros é de 6% ao ano (0,06). Podemos substituir es- tes valores na Equação 6. VF=VP∙(1+i)t 751,82=500∙(1+0,06)t 1,5036=(1,06)t log1,5036=log(1,06)t log1,5036=t∙log1,06 0,177132=t∙0,025306 751,82 =(1,06)t 500 0,025306 0,177132t = t = 7 37 Logo, o investimento durou 7 anos. Algumas equações que envolvem potências possuem a incógnita no expoente. Estas equações são chamadas de equa- ções exponenciais. Para resolvermos este tipo de equação precisamos lem- brar-nos do que é um logaritmo. O logaritmo de um número natural a é o expoente x ao qual devemos elevar uma potência de base 10 para obtermos o número a. Veja: loga=x se 10x = a É fácil calcular mentalmente muitos logaritmos como, por exemplo, log 100 e log 10000. O logaritmo de 100 é 2, pois 102 = 100. O logaritmo de 10000 é 5, pois 105 = 10000. Em outros casos, precisamos utilizar a tecla log que exis- te nas calculadoras científicas e financeiras. O logaritmo de 50 é aproximadamente 1,70, pois 101,70 =50. Para resolvermos uma equação exponencial, é importan- te que saibamos algumas propriedades dos logaritmos, como, por exemplo, aquela que aplicamos para resolver o problema anterior: logay = y∙loga. 38 1.7. Taxas no sistema composto No sistema composto, as taxas também podem estar declaradas numa unidade de medida diferen- te daquela utilizada no tempo de investimento. Po- demos ter uma taxa ao mês para um investimento que durou anos, ou ainda, uma taxa anual para um investimento que durou meses ou dias. Em situa- ções como estas, devemos prestar atenção em como ocorre a capitalização. Quando a capitalização ocorre conforme a unidade de medida da taxa Suponha que você tenha investido R$ 3.500,00 num fundo de investimentos que paga 5% de juros compostos ao ano, com capitalização anual. Ima- gine que seu investimento tenha durado 54 meses. Quanto você deverá resgatar após este período? Antes de iniciarmos os cálculos, devemos sa- ber que se a capitalização é anual, então os juros são incorporados ao valor presente somente ao final de um ano. Por isso, devemos converter 54 meses em 4,5 anos. Desta forma, VF=3.500∙(1,05)4,5 VF=3.500∙1,245523 VF=4.359,33 39 Você resgatará R$ 4.359,33 após 54 meses de investimento. Quando a capitalização não ocorre de acordo com a unidade de medida da taxa Nas operações de investimento ou de emprés- timo que ocorrem no dia a dia é muito comum as instituições financeiras apresentarem ao cliente uma taxa de juros anual. Por exemplo, é comum ouvir- mos que o financiamento de um imóvel será feito a uma taxa de 6% ao ano ou que um fundo de inves- timentos renderá juros de 12% ao ano. Entretanto, apesar da taxa de juros ser declarada em períodos anuais, a capitalização geralmente ocorre mês a mês. Em outras palavras, apesar da taxa acordada ser anu- al, todo mês são acrescentados juros ao seu capital. Em situações como estas, as instituições finan- ceiras consideram que uma taxa declarada de 6% ao ano capitaliza 0,5% ao mês e uma taxa declarada de 12% ao ano capitaliza 1% ao mês. De forma geral, a taxa de juros anual declarada é proporcional a taxa de juros mensal utilizada na capitalização. Esta diferença no modo de tratarmosas taxas de juros gera uma discrepância nos montantes obti- dos, quando a taxa é anual e a capitalização também é anual e quando a taxa é anual e a capitalização é mensal. Se fizermos os cálculos, veremos que, na 40 verdade, a taxa anual declarada é diferente da taxa anual que efetivamente vigorou no investimento com capitalização mensal. As taxas anuais declaradas pelas instituições fi- nanceiras são chamadas de taxas nominais. As taxas que realmente vigoram, neste período, são chamadas de taxas efetivas. Vamos ver a diferença entre elas e como é possível obter uma a partir da outra. Suponha que você queira aplicar R$ 1.500,00 num fundo de investimentos que paga 12% de ju- ros compostos ao ano. Se a capitalização ocorrer so- mente ao final de cada ano, em dois anos você terá R$ 1.881,60. Veja: VF=1.500∙(1+0,12)2 VF=1.500∙(1,12)2 VF=1.500∙1,2544 VF=1.881,60 Se na mesma situação a taxa de juros fosse de 12% ao ano, mas a capitalização ocorresse mensal- mente, ao final de dois anos você teria R$ 1.904,60. Isto porque, neste novo caso, devemos considerar que 12% ao ano são proporcionais à taxa nominal de 1% ao mês. Considerando dois anos como 24 meses, teremos que, VF=1.500∙(1+0,01)24 41 VF=1.500∙(1,01)24 VF=1.500∙1,269735 VF=1.904,60 Se invertêssemos a situação e tentássemos des- cobrir qual é a taxa de juros anual que devemos apli- car a R$ 1.500,00 a fim de obtermos R$ 1.904,60 em dois anos, veríamos que esta taxa deveria ser de 12,68% ao ano. Observe: VF=VP∙(1+i)t 1.904,60=1.500∙(1+i)2 1,269733=(1+i)2 1,126824=1+i i=1,126824-1 i=0,126824 Nesta situação, dizemos que a taxa nominal da operação foi de 12% ao ano, mas que a taxa efetiva foi de 12,68% ao ano. Note que, na prática, no sistema de juros com- postos, 1% ao mês não corresponde a 12% ao ano, 0,5% ao mês não corresponde a 6% ao ano e assim por diante. 1.904,60 1.500 = (1+i)2 √1,269733 = 1+i 42 É possível determinar a taxa efetiva anual a par- tir da taxa mensal nominal. Para isso, utilizamos a seguinte relação: ie = (1 + in ) 12-1 Na Equação 7, i_e é a taxa efetiva anual que vigorou na operação e i_n é a taxa nominal mensal (que é proporcional à taxa nominal anual). Vamos usar a Equação 7 para determinar qual é a taxa efetiva de uma operação cuja taxa nominal é de 18% ao ano. Para isto, devemos lembrar que 18% ao ano é proporcional a 1,5% ao mês. Desta forma, ie=(1+in ) 12-1 ie=(1+0,015) 12-1 ie=(1,015) 12-1 ie=1,195618-1 ie=0,195618 Logo, a taxa efetiva é de 19,56% ao ano. Em outras palavras, se você receber 1,5% de juros com- postos por mês, em um ano você terá recebido 19,56% de juros. Para finalizar, imagine que uma pessoa tenha aplicado R$ 40.000,00 na poupança. Sabendo que a taxa de juros era de 6% ao ano, com capitalização mensal, qual será o valor do investimento após três 43 anos? Qual é a taxa efetiva da operação? Nesta situação, devemos considerar que uma taxa de 6% ao ano é proporcional a uma taxa de 0,5% ao mês e que três anos correspondem a 36 me- ses. Desta forma, teremos que: VF=40.000∙(1+0,005)36 VF=40.000∙(1,005)36 VF=40.000∙1,196681 VF=47.867,24 Logo, após três anos esta pessoa terá R$ 47.867,24. A taxa efetiva que vigorou durante o investi- mento pode ser calculada com a Equação 7. ie=(1+0,005) 12-1 ie=(1,005) 12-1 ie=1,061678-1 ie=0,061678 A taxa efetiva foi de 6,17% ao ano. 1.8. Desconto racional e comer- cial no sistema composto 44 As ideias de desconto racional e desconto co- mercial também estão presentes no sistema compos- to e suas definições seguem os mesmos princípios daquelas utilizadas no sistema simples. Desconto Racional (DR) O desconto racional (DR) deve ser calculado de forma que o valor a ser resgatado na data atual (VP) seja aquele que, se submetido à taxa de juros vigente (i) pelo tempo que ainda falta para completar a ope- ração (n), geraria o Valor Futuro contratado (M). Desta forma, podemos escrever que, VF=VP∙(1+i)n Conhecendo-se o valor a ser resgatado (VP), pode-se facilmente determinar o desconto racional (DR) calculando-se a diferença entre o montante (VF) e o valor resgatado (VP). DR = VF-VP Para compreendermos melhor como se calcu- VF (1+i)n 45 la o desconto racional no sistema composto, vamos analisar duas situações. Primeiramente, imagine que você tenha apli- cado R$ 5.000,00 num fundo de investimentos que pagava juros de 6% ao ano caso aplicação durasse 5 anos. Nestas condições, após 5 anos você resgataria deste fundo o equivalente a R$ 6. 691,13. Veja: VF=5.000∙(1+0,06)5 VF=5.000∙(1,06)5 VF=5.000∙1,338226 VF=6.691,13 Entretanto, suponha que você decidiu resgatar este investimento dois anos antes do prazo combi- nado e que a taxa de juros vigente no momento do resgate tenha sido de 8% ao ano. Nesta situação, você resgataria do banco R$ 5.736,57 se o banco aplicasse um desconto racional de R$ 954,56. Veja: 6.691,13 VP = (1+0,08)2 6.691,13 VP = (1,08)2 6.691,13 VP = 1.1664 46 DR = 6.691,13-5.736,57 DR = 954,56 Agora, imagine que uma pessoa deseje pagar uma dívida de R$ 12.000,00 com três meses de antecedên- cia. Suponha que a taxa de juros no momento do paga- mento da dívida seja de 0,5% ao mês. Qual será o valor pago? Qual será o desconto racional aplicado? Neste problema, o valor da dívida na data de vencimento contratada corresponde ao Valor Futu- ro (VF), a taxa de juros vigente (i) é de 0,5% ao mês e o tempo de antecedência (n) é de três meses. Nes- tas condições, temos que: VP = 11.821,79 DR = 12.000-11.821,79 DR = 178,21 Logo, a dívida sofrerá um desconto de R$ 178,21 e esta pessoa pagará o equivalente a R$ 11.821,79. 12.000 VP = (1+0,005)3 12.000 VP = (1,005)3 12.000 VP = 1,015075 47 Desconto Comercial (DC) O desconto comercial (DC) é uma operação pouco utilizada no dia a dia do mercado financeiro. Esta discussão, geralmente, aparece nos livros desta área para fins teóricos, como modelos de descontos que poderiam ser aplicados nos investimentos ou empréstimos interrompidos antes do prazo. O desconto comercial (DC) é calculado de for- ma que a taxa de juros vigente no momento do res- gate da operação (i) seja descontada do Valor Futu- ro contratado (VF) período a período até a data do resgate (n). Valor investido Valor resgatado Valor futuro Desconta-se do montante a taxa de juros vigente período a período até o resgate. Desta forma, o valor resgatado (VP) será: VP=VF∙(1-i)n E o desconto comercial será: DC= VF-VP 48 Para compreendermos a diferença entre o des- conto comercial e o desconto racional, vamos utili- zar uma das situações já discutidas anteriormente. Suponha que uma pessoa deseje pagar uma dívi- da de R$ 12.000,00 com três meses de antecedência. Suponha ainda que a taxa de juros no momento do pagamento da dívida seja de 0,5% ao mês. Qual será o valor pago? Qual será o desconto comercial aplicado? Neste problema, o valor da dívida na data de vencimento contratada corresponde ao Valor Futu- ro (VP), a taxa de juros vigente (i) é de 0,5% ao mês e o tempo de antecedência (n) é de três meses. Nes- tas condições, temos que: VD =12.000∙(1-0,005) 3 VD =12.000∙(0,995 )3 VD =12.000∙0,985075 VD =11.820,90 Sabendo que está pessoa pagará R$ 11.820,90, calculamos o desconto comercial considerando a di- ferença do montante para o valor pago. DC = 12.000 - 11.820,90 DC=179,10 Logo, o desconto comercial aplicado foi de R$ 179,10. 49 Exercícios 1) Paulo aplicou R$ 14.500,00 num fundo de in- vestimentos. A instituição financeira que recebeu a aplicação concordou em reajustar o capital aplicado com uma taxa de juros simples de 0,3% ao mês se Paulo mantivesse o investimento por 3 anos e meio. Sabendo que ambas as partes cumpriram o acordo, qual foi o Montante resgatado por Paulo? 2) Após 5 anos de aplicação, Mariana foi ao banco e resgatou R$ 5. 400,00. Qual foi o valor aplicado por Mariana sabendo que ataxa de juros simples em todo o período foi de 4% ao ano? 3) Ao final de 8 meses, Maria foi ao banco e resga- tou R$ 2.604,00 de um fundo de investimento. Sa- bendo que ela aplicou inicialmente R$ 2.100,00, qual foi a taxa de juros simples contratada? 4) Joana pagou uma dívida de R$ 1.700,00 com 15 dias de antecedência. Determine o desconto racional e o valor que ela deve pagar sabendo que a taxa de juros simples vigente no dia do pagamento era de 50 12% ao mês. 5) Gabriel depositou R$ 18.000,00 num fundo de investimentos que pagava 6% de juros simples ao ano caso o investimento durasse 5 anos. Dezoito meses após o depósito, Gabriel precisou resgatar o dinheiro. Determine o valor resgatado por Gabriel sabendo que a taxa de juros vigente no momento do resgate era de 4% ao ano e que foi aplicado o desconto comercial. 6) Uma empresa toma emprestada a quantia de R$ 60.000,00 numa instituição financeira que cobra uma taxa de juros compostos de 0,6% ao mês. Quais se- rão os juros e o Valor Futuro desta operação se a mesma durar 2 anos? 7) Uma pessoa pretende comprar uma casa no va- lor de R$ 500.000,00 daqui a 6 anos. Para que possa comprar a casa no tempo planejado, quanto ela de- verá aplicar, hoje, no banco se a taxa de juros com- postos vigente é de 15% ao ano? 8) Uma empresa investiu R$ 35.000,00 num fundo 51 cuja taxa de juros nominal é de 9,6% ao ano. Sabendo que a capitalização ocorreu mensalmente. Quanto a empresa resgatará após 18 meses de investimento? 9) Uma dívida de R$ 7.500,00 será saldada com cin- co meses de antecedência. Sabendo que a taxa de ju- ros compostos vigente é de 1% ao mês. Qual será o desconto reacional aplicado? Qual será o valor pago pela dívida? 10) Um título bancário no valor de R$ 15.000,00 será resgatado com 2 anos de antecedência. Sabendo que a taxa de juros compostos vigente é de 9% ao ano. Qual será o desconto comercial aplicado? Qual será o valor resgatado? 52 Gabarito Unidade 1 – Matemática financeira: juros simples e compostos 1. R$ 16.327,00 2. R$ 4.500,00 3. 3% ao mês 4. R$ 96,23 e R$ 1.603,77 5. R$ 20.124,00 6. R$ 9.264,00 e R$ 69.264,00 7. R$ 216.160,13 8. R$ 35.280,00 9. R$ 363,94 e R$ 7.136,06 10. R$ 2.578,50 e R$ 12.421,50 53 Referências Bibliográficas FIELD, A. - Discovering Statistics Using SPSS. 3.ª ed. - SAGE Publications - 2009. GIMENES, C. M. - Matemática Financeira com HP e Excel. 2.ª ed. Pearson, São Paulo, 2010. LEVIN, J.; FOX, J. A. Estatística para Ciências Hu- manas. 9.ª ed. Pearson, São Paulo, 2004. MATHIAS, W. F.; GOMES, J. M. Matemática Finan- ceira: com mais de 600 exercícios resolvidos. 6.ª ed. Atlas, São Paulo, 2010. PUCCINI, A. L.; PUCCINI, A. Matemática Finan- ceira: Objetiva e Aplicada. Edição Compacta. Sarai- va. São Paulo, 2006. TOLEDO, G. L.; OVALLE, I. I. Estatística Básica. 2.ª ed. Atlas, São Paulo, 2010.
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