Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FORRAGICULTURA PROF. DR. DIVANEY MAMÉDIO DOS SANTOS Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Fernando Sachetti Bomfim Marta Yumi Ando Olga Ozaí da Silva Simone Barbosa Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4 1. TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS ......................................................................5 1.1 CLASSIFICAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS ..................................................................................................... 7 1.1.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO CICLO DE VIDA .................................................................................................... 7 1.1.2 CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO AO PERÍODO DE DESENVOLVIMENTO ..........................................................8 2. SELEÇÃO E MELHORAMENTO DE PLANTAS FORRAGEIRAS ..............................................................................9 3. ESCOLHA DAS PLANTAS FORRAGEIRAS .............................................................................................................. 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 13 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PASTAGEM PROF. DR. DIVANEY MAMÉDIO DOS SANTOS ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FORRAGICULTURA 4WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá, aluno! Tudo bem? Vamos dar início ao conteúdo da Unidade 1 da disciplina de Forragicultura. Nos tópicos seguintes, conheceremos alguns aspectos ligados aos termos técnicos utilizados na área de forragicultura e pastagens, bem como os critérios adotados para a escolha de uma determinada forrageira, a partir da finalidade do sistema de produção. Em sistemas de produção com animais ruminantes, a finalidade das pastagens é proporcionar alimento em quantidade, qualidade e que represente um menor custo de produção, sendo a sua escolha um fator decisivo para a rentabilidade e sustentabilidade do sistema. O Brasil é o país em que quase a totalidade da produção animal é feita a pasto, ou seja, aproximadamente 88% desses animais têm todos os seus ciclos produtivos desenvolvidos em cerca de 162,53 milhões de hectares de pastagem (ABIEC, 2020). A diversidade de tipos de solos e climas do nosso território colaboram para que consigamos produzir uma variedade de plantas forrageiras de climas tropicais e subtropicais, com base na finalidade da criação animal, e fazer seleção massal para escolher a forrageira que mais se adapta ao sistema de produção, proporcionando maiores produtividades. A partir dessa conjuntura, aliada às técnicas e tecnologias de manejo, acontece o sucesso que o Brasil tem na produção pecuária, e que lhe confere destaque em nível mundial. Diante desse contexto, você verá a abordagem dos pontos e gargalos da produção de forragens, que servirá de subsídio para discussões mais avançadas de um ambiente tão complexo que é o pastoril. E aí, vamos começar? Aproveite esta oportunidade para aprofundar ainda mais o seu conhecimento! 5WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS Existem termos e terminologias específicos usados na pastagem, que devem ser claramente definidos e empregados para o bom entendimento do assunto abordado, especialmente, dentro da comunidade científica internacional, indústria e produção. Alguns desses termos estão listados no Quadro 1. Terminologia Descrição da terminologia Pastagem área de pasto, geralmente circundada por uma cerca e utilizada para a produção de forragem a ser consumida pelo animal em pastejo. Piquete uma das subdivisões de uma pastagem, quando manejo sob lotação rotativa. Forragem partes comestíveis de plantas, exceto grãos, que podem proporcionar alimento aos animais em pastejo ou serem colhidas para alimentação. Pasto comunidade vegetal monoespecífica ou não, que pode prover alimento para animais em pastejo. Massa de forragem total de forragem, na matéria fresca ou seca, presente acima do nível do solo ou acima de uma altura pré-determinada. Gramínea cespitosa o caule cresce perpendicularmente em relação ao solo, e entouceirado. Gramínea estolonífera colmos rasteiros, superficiais, enraízam nos nós que estão em contatos com solo, originando novas plantas em cada nó. Dossel porção do pasto acima do solo (parte aérea). Índice de área foliar (IAF) total de área de um lado de todas as folhas verdes contidas em 1 m2 de solo. Acúmulo de forragem resultado do balanço entre os processos de produção de forragem, senescência de forragem e o consumo pelo animal em pastejo. Senescência processo de morte de células, tecidos e órgãos de plantas forrageiras, ao final da sua vida útil. Rebrotação processo de crescimento das plantas após a desfolhação. Desfolha remoção de uma porção ou de toda a parte aérea da planta por animais em pastejo, processo de colheita manual ou mecânico. Frequência de desfolhação intervalo de tempo entre duas desfolhações sucessivas. É inversamente proporcional ao período de descanso. 6WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Intensidade de desfolhação razão entre a massa de forragem removida e a massa de forragem original (%), ou seja, altura de corte ou pastejo da planta. Resíduo ou forragem residual massa de forragem remanescente numa dada área, como consequência da colheita. Pastejo processo de colheita da forragem diretamente pelo animal. Sistema de pastejo combinação definida e integrada de solo-planta-animal e de outros componentes do ambiente, método(s) de pastejo e objetivos do manejo para atingir resultados ou metas específicas. Método de pastejo procedimento de alocação do rebanho na pastagem. Os mais usuais são a lotação contínua e a rotativa. Estação de pastejo posição na qual um animal efetua múltiplos bocados sem mover suas patas. Período de pastejo período em que um rebanho em pastejo ocupa uma área de pastagem específica. Período de ocupação período de tempo que uma área específica é ocupada por um ou mais grupos de animais em sucessão.Período de descanso período de tempo em que a área de pastagem está sem utilização. Ciclo de pastejo tempo decorrido entre o início de dois períodos de pastejo sucessivos em um mesmo piquete, numa pastagem manejada sob lotação rotativa. Unidade animal (UA) vaca adulta não lactante, pesando 450 kg e num estado de mantença, ou seu equivalente, expresso em kg PV0,75. Taxa de lotação relação entre o número de animais e a unidade de área utilizada durante um período especificado de tempo (UA/ha). Capacidade de suporte É a taxa de lotação máxima que pode ser colocada na pastagem e que maximiza a produtividade por área com ligeira queda no desempenho individual do animal, garantindo ainda a persistência da pastejo. Varia de estação para estação e de ano para ano (UA/ha × ano, UA/ha × na estação chuvosa, e seca etc.). Pressão de pastejo relação entre o número de UA, em termos de peso vivo ou metabólico, em pastejo e a massa seca de forragem da pastagem (kg PV/kg MS × dia ou kg PV0,75/kg MS × dia). É inversamente relacionada à oferta de forragem e diretamente relacionada à intensidade de desfolhação. 7WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Oferta de forragem relação entre a massa seca de forragem por unidade de área e o número de UA (peso vivo ou metabólico) em um dado ponto no tempo (kg de MS/100 kg PV ou kg de MS/100 kg PV0,75). Também pode ser expressa em termos de porcentagem (e. g. 5 kg de MS/100 kg PV = 5%). Superpastejo pastejo numa intensidade acima da capacidade de suporte da pastagem, acarretando danos à vegetação, com possíveis perdas de espécies forrageiras. Subpastejo pastejo numa intensidade bem inferior à capacidade de suporte da pastagem, o que permite elevada seleção da dieta pelo animal e o acúmulo de forragem e até mesmo a perda de grande parte dessa forragem. Quadro 1 - Terminologia comumente utilizada na área de Forragicultura e Pastagens. Fonte: O autor. 1.1 Classificação de Plantas Forrageiras A divisão das espécies se dá de acordo com o período de desenvolvimento (inverno ou verão), quanto ao ciclo de vida (anual ou perene). 1.1.1 Classificação quanto ao ciclo de vida Anuais: pastos que germinam, crescem, desenvolvem e se reproduzem em menos de um ano, e prioriza a produção de sementes para atravessar períodos desfavoráveis. Comumente, ocorrem em áreas que passam por perturbações naturais como estresse hídrico (seca ou alagamento), geadas e erosões, ou perturbações antrópicas como manejos agrícolas (fogo, lavração, superpastejo, uso de herbicidas etc.). Bianuais: pastagens temporárias, de dois a cinco anos. Normalmente, ocorre rotação com outras culturas. Perenes: pastagens que ocupam o solo em caráter permanente, com duração de seis ou mais anos, não estando inclusa em rotação de culturas. As forrageiras desse grupo apresentam crescimento inicial mais lento, priorizando o acúmulo de reservas na base do colmo e raízes, além de produzir menos sementes que as forrageiras anuais. Pastagens nativas: formadas de espécies anuais ou perenes, podendo ser nativas ou adaptadas, distribuídas naturalmente. Pastagens cultivadas: formadas pelo homem, por meio de espécies adaptadas, podendo ser cultivo solteiro ou consorciado, anual ou perene. 8WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1.2 Classificação em relação ao período de desenvolvimento Hibernais: forrageiras de clima temperado (dias com temperatura amena) geralmente de pequeno crescimento, colmos finos e folhagem tenra. São semeadas no outono (tanto as perenes como as anuais), e colhida durante o inverno e primavera. Apresenta maiores rendimentos no estádio reprodutivo (florescimento), porém com menor valor nutritivo. Estivais: forrageiras de clima tropical, com elevado potencial de crescimento, colmos grossos e folhas largas. Requerem bastante luz e calor, e são sensíveis ao frio intenso, permanecendo com vida apenas os órgãos inferiores (raiz e base da planta), devido ao acúmulo de reservas nutritivas para rebrotar na primavera. São semeadas na primavera, com maior produção no verão e outono, e quando entra o inverno, as perenes entram em estacionalidade (repouso vegetativo) e as anuais morrem. Figura 1 - Exemplo de algumas espécies de gramíneas e leguminosas classificadas de acordo com o período de desenvolvimento e ciclo de vida. Fonte: Adaptado de Pereira e Herling (2016). 9WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. SELEÇÃO E MELHORAMENTO DE PLANTAS FORRAGEIRAS As plantas forrageiras pertencem a duas famílias principais (Gramineae e Leguminosae), sendo que aproximadamente 75% das espécies são de gramíneas (PEREIRA et al., 2001). Dessas forrageiras, origina-se um grande número de gêneros e espécies, sendo que apenas uma pequena porcentagem dessas são utilizadas em larga escala na formação de pastagens, a exemplo dos gêneros Urochloa, Megathyrsus e Pennisetum, os mais utilizados para a formação de pastagens tropicas (VALLE et al., 2013). Grande parte das cultivares disponíveis para a formação de pastagens no Brasil foi selecionada a partir da variabilidade natural coletada ou introduzida de outros centros de origem. Atualmente, temos à disposição uma gama de plantas forrageiras que podem ser usadas nos sistemas de produção, contudo, quando o mercado de comercialização de sementes é analisado, observa-se grande carência de diversidade, já que 60% das sementes comercializadas pertencem à U. brizantha cv. Marandu, lançada no mercado há mais de 30 anos. Ficar refém de monocultivo pode ser desastroso em caso de incidência severa de pragas e doenças, por isso, é tão necessário diversificar as pastagens. Nesse sentido, é imprescindível fazer uso do melhoramento genético para o desenvolvimento de cultivares adaptadas a determinados nichos, ou seja, de acordo com a finalidade de uso da forrageira (pastagens consorciadas ou solteiras, sistemas integrados, cultivos anuais ou perenes, uso em pastejo, colheita manual ou mecânica, sistemas intensivos ou extensivos, fenação ou silagem, sistemas irrigados ou não, categoria, espécie e tipo de produção animal (corte ou leite, tração ou esporte etc.). O desenvolvimento de cultivares forrageiras é um processo relativamente lento, complexo e que demanda muito investimento financeiro, pois exige planejamento, equipes multidisciplinares especializadas e recursos forrageiros. O resultado final desse melhoramento e seleção será uma forrageira que possibilitará a diversificação das pastagens, a diminuição da vulnerabilidade genética, reduzindo o risco de ocorrências de pragas e doenças, e aumento da produtividade animal. Um programa de melhoramento leva mais de 10 anos para lançar um cultivar no mercado, sendo que esses são desenvolvidos para o atendimento de um nicho ou região específica. Se temos à nossa disposição cultivares que possivelmente sejam adequadas para as nossas condições, então, por que será que vemos tantos pecuaristas implantando qualquer forrageira em sua propriedade? 10WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O melhoramento de plantas forrageiras é dependente da relação solo-planta-animal, e tem por objetivo aumentar a produtividade e valor nutritivo, a resistência a pragas e doenças, a produção de sementes de boa qualidade, o uso eficiente de fertilizantes e a adaptação a estresses edafoclimáticos (VALLE et al., 2008), sendo o valor mensurado indiretamente por meio da sua conversão em ganho animal (carne, leite, couro e peles) (VALLE et al., 2009). Para o atendimento desses objetivos, as cultivares a serem desenvolvidas também devem apresentar características como produção de massa de forragem ao longo de todo o ano, boa aceitabilidade pelos animais, alta resistência ao pisoteio e persistência sob pressão de pastejo (ASSIS, 2009). Essas características também permitem, por exemplo, a identificação de característicasimportantes, como o perfilhamento, a capacidade de competição, ressemeadura natural e rebrota (EUCLIDES; EUCLIDES, 1998). As etapas envolvidas no desenvolvimento de novos cultivares estão apresentadas na Figura 2. Figura 2 - Etapas no desenvolvimento de cultivares de gramíneas apomíticas. Fonte: Valle et al. (2008). Para mais informações sobre algumas forrageiras utilizadas em nossas pastagens, estratégias de manejo, adubação, formação e recuperação de pastagens, acessar: COSTA, N. D. L. Formação, manejo e recuperação de pastagens em Rondônia. Embrapa Ron- dônia-Livro-técnico (INFOTECA-E). 2004. 219 p. Disponível em: h t t p s : // w w w. i n f o t e c a . c n p t i a . e m b ra p a . b r / b i t s t re a m / doc/706944/1/livropastagens.pdf. https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/706944/1/livropastagens.pdf https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/706944/1/livropastagens.pdf 11WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. ESCOLHA DAS PLANTAS FORRAGEIRAS Entre todas as etapas adotadas para o planejamento e estabelecimento da pastagem, a escolha da planta forrageira a ser implantada é a mais importante, uma vez que a escolha equivocada comprometerá a capacidade de persistência da pastagem diante das técnicas de manejo, além de não ser possível explorar o potencial produtivo da forragem em questão. No Quadro 2, é possível identificar alguns parâmetros que devem ser avaliados na hora de escolher a forrageira para a sua pastagem. Item Atributos 1 Adaptação às condições de clima 2 Adaptação às condições de solo 3 As forrageiras mais populares 4 Facilidade de propagação e estabelecimento 5 Vida útil da pastagem 6 Produção forrageira 7 Valor nutritivo 8 Exigências nutricionais dos animais 9 Comportamento frente ao ataque de pragas e doenças 10 Se causa distúrbios metabólicos aos animais (fatores antinutricionais) 11 Aceitabilidade pelo animal 12 Forma de propagação (sementes ou mudas) 13 Objetivos da exploração: pastejo ou para a conservação (silagem, pré-secado ou feno) 14 Método de pastoreio adotado: lotação contínua, alternada ou rotacionada. 15 Nível tecnológico da propriedade: extensivo, intensivo sem irrigar ou irrigado, fertilização etc. Isso para refletir no custo/benefício. Quadro 2 - Parâmetros a serem adotados no momento de orientar o pecuarista quanto à escolha da planta forrageira. Fonte: Adaptado de Aguiar (2018). Em síntese, hoje em dia, temos uma infinidade de plantas forrageiras disponíveis no mercado, o que aumenta ainda mais a responsabilidade na escolha correta da planta forrageira para o sistema de produção. A partir do apresentado anteriormente, podemos perceber que tal escolha não depende somente das condições de solo, clima e objetivo do sistema de produção, mas também da capacidade do pecuarista em manejar o sistema. 12WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Uma revisão interessante sobre a escolha de plantas forrageiras pode ser vista no vídeo A escolha de plantas forrageiras. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vuVDbDcVpmo. Acesso em: 23 nov. 2020. https://www.youtube.com/watch?v=vuVDbDcVpmo 13WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS O universo da forragicultura e pastagens é bastante complexo e dinâmico, estando em constante evolução. Um exemplo típico é a constante seleção e melhoramento de plantas que observamos no universo da forragicultura. Essas ações têm o objetivo de oferecer ao pecuarista cultivares de alta performance, que possibilite a diversificação da pastagem, desde quando seja escolhido o melhor cultivar para a condição em específico do empreendimento rural, garantindo o êxito na atividade. 1414WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 16 1. FORMAÇÃO, RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO ........................................................................................................ 17 1.1 PRINCIPAIS CUIDADOS NA FORMAÇÃO (ESTABELECIMENTO) DO PASTO .................................................... 17 1.2 DEGRADAÇÃO, RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO (REFORMA) DE PASTAGENS ................................................ 18 2. MÉTODOS DE PASTEJO .......................................................................................................................................... 21 3. CORREÇÃO E ADUBAÇÃO DAS PASTAGENS .........................................................................................................22 3.1 AMOSTRAGEM DE SOLO E INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DE SOLO ..............................................................22 3.2 CALAGEM E GESSAGEM .......................................................................................................................................23 3.3 ADUBAÇÃO FOSFATADA (P) .................................................................................................................................24 3.4 ADUBAÇÃO POTÁSSICA (K) .................................................................................................................................26 FORMAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MANEJO DO PASTEJO PROF. DR. DIVANEY MAMÉDIO DOS SANTOS ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FORRAGICULTURA 15WWW.UNINGA.BR 3.5 ADUBAÇÃO NITROGENADA (N) ...........................................................................................................................27 3.6 ENXOFRE (S) .........................................................................................................................................................27 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................29 16WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá, aluno! Tudo bem? Vamos dar início ao conteúdo da Unidade 2 da disciplina de Forragicultura. Nesta unidade, abordaremos alguns aspectos ligados ao estabelecimento de área de pastagens por meio da propagação via semente ou mudas, abordando principalmente os principais cuidados a serem tomados para que se obtenha êxito na formação do pasto. Também discutiremos sobre os fatores que levam a pastagem a entrar em processo de degradação, e os passos a serem seguidos na tomada de decisão quanto à recuperação ou renovação da pastagem e, por último, as ferramentas de manejo utilizadas para que se tenha bons ganhos de peso animal, sem comprometer o potencial produtivo e perenidade da pastagem. Atualmente, contamos com uma área de aproximadamente 162,53 milhões de hectares de pastagem, sendo 148,6 mil ha-1 com pastagens exclusivas e 13,9 mil ha-1 com pastagens de uso integrado (ABIEC, 2020). Desse total de área, uma parte considerável se encontra em algum estádio de degradação. A boa notícia é que podemos reverter essa situação e investir na modernização da pastagem e, para isso, basta usarmos de maneira eficiente as tecnologias que temos à nossa disposição. A partir do uso adequado das técnicas para manejar o pasto, é possível incrementar em até cinco vezes a produção animal a pasto, sem a necessidade de abertura de novas áreas. E aí, vamos começar? Aproveite esta oportunidade para aprofundar ainda mais o seu conhecimento! A produção animal a pasto só será uma atividade rentável se forem utilizadas as ferramentas certas de manejo dos componentes do solo-planta-animal e, para isso, o profissional mais indicado é aquele que domina essas técnicas, a exemplo do zootecnista. Todo pecuarista que se preze tem o acompanhamento de sua propriedade por profissionais capacitados. Aqueles que se recusam a modernizar o sistema estão com os dias contados no exercício dessa atividade. 17WWW.UNINGA.BRFO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. FORMAÇÃO, RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO 1.1 Principais Cuidados na Formação (Estabelecimento) do Pasto No estabelecimento de uma pastagem, uma das etapas é a definição da época de plantio, segundo a espécie a ser implantada e a região, com os períodos das águas e da seca bem definidos. O plantio pode se dar via semente ou via propagação vegetativa (mudas), a exemplo de capins do gênero Cynodon (grama-estrela, coastcross-1 e outros), devendo ser feito no início do período das chuvas, com adequada umidade no solo, principalmente no caso das mudas, para não permitir a desidratação do material, garantindo a pega e o seu estabelecimento. Em regiões que têm as condições climáticas propícias ao cultivo de gramíneas hibernais, a exemplo da aveia e azevém, que têm a sua propagação via sementes, a janela para semeadura normalmente vai de março a maio, podendo se estender no máximo até início de junho. Uma vez definida a época de plantio e a área de estabelecimento da pastagem, o próximo passo será manejar o solo, tomando o cuidado para que ele não fique com a camada superficial excessivamente fofa, muito menos, cheio de torrões, de forma a prejudicar o contato da semente/ muda com o solo e comprometer a emergência/rebrotação do material. A profundidade de preparo do solo varia segundo o tipo de solo, práticas de correção e forma de manejo, se é convencional (aração e gradagem) ou conservacionista (plantio/semeadura direta). Se adotado o preparo da área para plantio direto, recomenda-se o rebaixamento da vegetação existente por meio de dessecação com herbicida, pressão de pastejo ou corte mecânico. A profundidade de plantio deve ser cerca de três vezes maior do que o diâmetro do material utilizado. Isso facilitará a emersão do material na superfície e evitará gastos desnecessários das reservas de carboidratos. A prática de enterrio protege o material da incidência direta do sol, contra as altas temperaturas e, por consequência, evita a desidratação, além do ataque de predadores. Estudos realizados com os gêneros Urochloa e Megathyrsus orientam que a profundidade de semeadura de 2-8 cm resulta em maior número de plantas, em comparação às semeaduras superficiais. Se a semeadura for superficial, deve ser feita a incorporação do material ao solo, por meio de grade niveladora e/ou rolo compactador (ZIMMER; VERZIGNASSI; ZIMMER, 2019). O estabelecimento por mudas representa alto custo por demandar equipe de trabalho treinado e maior uso de maquinário para a realização de colheita, transporte de mudas, plantio e incorporação das mudas ao solo (ANDRADE et al., 2016). O material utilizado deve ser de fácil acesso e de qualidade, uma vez que tem grande responsabilidade na garantia do sucesso da formação do pasto. No caso das sementes, deve-se optar pela maior percentagem de sementes puras viáveis ou germináveis (%SPV ou %SPG), ou valor cultural (%VC). A fórmula para a determinação do VC (%) é . Para o plantio via vegetativa, os estolões devem ser maduros, com elevado número de gemas axilares, e colhidos de plantas bem nutridas para que seja garantido um bom suprimento de reservas orgânicas, e que de preferência a colheita seja feita no mesmo dia do plantio. As mudas devem ser mantidas sempre úmidas e na sombra até o momento do plantio. É de extrema importância que a área de obtenção das mudas seja livre de pragas e doenças, e baixa infestação de plantas indesejáveis. 18WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA De forma geral, de 20-60% das sementes viáveis vão germinar, dependendo do VC. Logo, a quantidade a ser utilizada depende de fatores como a pureza da semente, da espécie/cultivar, do tratamento recebido pelas sementes (nuas ou incrustadas). No que se refere à quantidade de mudas, essa varia de acordo com a forma de plantio escolhida (mecanizados, semimecanizados e em plantio direto), se será feito em sulcos e covas, e o espaçamento adotado. Para o manejo pós-plantio, deve-se ter cuidado com o controle de plantas invasoras, de forma a evitar a competição com a cultura alvo. Mesmo se realizada a dessecação dessas plantas antes do período de plantio, ainda assim haverá alguma emergência no pós-plantio, sendo necessária, portanto, a aplicação de herbicidas seletivos, entre a primeira e a terceira semana pós-germinação/rebrotação e, posteriormente, a forrageira tende a aumentar a cobertura do solo, reduzindo o aparecimento de invasoras, devido ao sombreamento. Após o período de estabelecimento, deve-se realizar o primeiro pastejo leve, com o objetivo de uniformizar a altura do pasto, eliminar os pontos de brotação (gema apical), e estimular as gemas basilares e, com isso, o perfilhamento, proporcionando uma rápida e melhor cobertura do solo, com redução da incidência de invasoras na área. O pastejo deve ser feito quando a planta atingir aproximadamente 80% da altura recomendada de manejo. Por exemplo, em capim Tanzânia com altura de entrada de 65-70 cm e saída de 35-40 cm. No primeiro pastejo, deve ser entre 55-40 cm, o que em dias pode representar de 40-70 dias, dependendo das condições climáticas. 1.2 Degradação, Recuperação e Renovação (Reforma) de Pastagens O uso constante das pastagens, sem as devidas práticas de manejo e reposição da fertilidade do solo, tem contribuído para o comprometimento do seu vigor, produtividade, perenidade, incidência de pragas, doenças e plantas indesejáveis no sistema, resultando no avanço dos estádios de degradação do pasto, limitando ou inviabilizando a produção pecuária. Hoje não se sabe ao certo a quantidade de áreas de pastagens degradadas que temos no território nacional, porém, sabe-se que, com a modernização dos sistemas de produção, principalmente com a adoção de sistemas integrados (lavoura- pecuárias-floresta), e outras tipos de produção, essas áreas vêm diminuindo com o tempo, tanto é que já tem estudiosos que defendem que atualmente cerca de 50% das nossas pastagens apresentam algum estádio de degradação, estando a maior parte nos graus de leve a moderado. 19WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Na Figura 1, é possível notar como se dá o processo evolutivo da degradação das pastagens ao longo do tempo. Figura 1 - Representação simplificada dos estádios de degradação de pastagens cultivadas em suas diferentes etapas no tempo. Fonte: Macedo (2011). No topo da escada da representação anterior, a pastagem demanda apenas práticas de manejo e reposição da fertilidade do solo, especialmente, o nitrogênio e o fósforo como adubação de manutenção e os demais nutrientes deficientes apontados na análise de solo. Ao negligenciar as práticas de manutenção do pasto, a degradação fica mais evidente e a sua recuperação se torna cada vez mais cara e complexa devido à necessidade de maior tecnificação para resolver o problema, carecendo, a depender do nível de degradação, fazer a reforma do pasto. Para mais informações sobre estabelecimento e degradação de pastagens e as devidas práticas para reverter os estádios de degradação, ler os textos de Evangelista e Lima (2013) e Zimmer, Verzignassi e Zimmer (2019). 20WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A degradação impacta nos rendimento econômicos do pecuarista, uma vez que ocorre a diminuição da capacidade de suporte do pasto com o passar do tempo, devido à dificuldade em manter os níveis de produção de massa de forragem (oferta), ao passo que, mesmo em período de descanso do pasto, seja ele no intervalo entre pastejo ou método de vedação (diferimento), o acúmulo de massa não é suficiente para a manutenção da taxa de lotação anterior, ou seja, ao longo da vida útil da pastagem, cada vez menor será a quantidade de animais que a mesma suportará. Com base em estudos, foram estabelecidos alguns critérios, em nível de campo, que permitem a avaliaçãodo grau de degradação da pastagem (Tabela 1). ED Parâmetro limitante QCS (%) ND Situação Ação 1 Vigor e solo descoberto Até 20 L PED Rec 2 Estádio 1 agravado + plantas invasoras 21-50 M 3 Estádio 2 agravado ou morte das forrageiras (degradação agrícola) 51-80 F PD Ren 4 Solo descoberto + erosão (degradação biológica) >80 G ND: nível de degradação; L: leve; M: moderado; F: forte; G: grave; PED: pastagens em degradação; PD: pastagens degradadas; Rec: recuperação do pasto; Ren: renovação do pasto. Tabela 1 - Critérios para a avaliação dos estádios de degradação (ED) da pastagem, a partir de indicadores de queda temporal na capacidade de suporte (QCS) e nível de degradação. Fonte: Adaptado de Dias-Filho (2011). A partir do conhecimento da real situação da pastagem, será possível a tomada de decisão para a escolha do melhor programa a ser implementado para devolver a capacidade produtiva do sistema, podendo ser a recuperação, renovação ou Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA). Recuperação tem por definição o reestabelecimento da capacidade produtiva da pastagem, sem trocar a forrageira implantada, levando-se em consideração a condição e o interesse econômico do produtor, uma vez que são empregadas práticas como ressemeadura, correção e fertilização do solo e controle de invasores. A renovação dar-se-á quando a pastagem se encontrar em ED 3 e 4 (Tabela 1), não sendo mais possível recuperar a vegetação existente e, portanto, necessitando do uso de mecanização na área, práticas de manejo do solo (aração e gradagem), controle de invasores, correção e fertilização do solo e a troca da forrageira presente. Para os pecuaristas que optam por modernizar e intensificar o sistema de produção, podem fazer a implementação do SIPA. Esses sistemas trazem como benefícios a conservação do solo e recursos hídricos, aumento da biodiversidade e conforto animal, e contribui com o sequestro de CO2. Contudo, a adoção desse sistema, devido à sua complexidade, implica maior tecnificação da propriedade e maiores investimentos iniciais, em comparação aos menos intensivos. Uma revisão interessante sobre recuperação e manutenção de pastagens pode ser vista em vídeo. Assista no Youtube ao vídeo Recuperação e manutenção de pastagens: https://www.youtube.com/watch?v=MSbBGRIoEus. https://www.youtube.com/watch?v=MSbBGRIoEus 21WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. MÉTODOS DE PASTEJO O método de pastejo nada mais é que a forma de alocação dos animais dentro da pastagem. Esse, por sua vez, pode ser dividido em dois grandes grupos: lotação contínua e lotação intermitente (rotativa). A adoção de qualquer um dos métodos é sempre um ponto divergente na hora de decidir a forma de manejo dos animais, devido à distinta finalidade dada à mesma forrageira. Entretanto, o que já se tem bem claro é que não existe o método que possibilite melhores ganhos animal, pois, desde que bem manejado, os resultados obtidos em ambos tendem a ser semelhantes. Assim, são as vantagens e desvantagens de cada método que servirá de guia de tomada de decisão para a escolha do manejo do pastejo. Alguns fatores como o tipo de forragem a ser utilizada, clima da região, espécie e categoria animal, tipo de solo, dentre outros, servem como norteadores dessa decisão. Lotação contínua – método de pastejo em que o lote de animais tem acesso irrestrito e ininterrupto a toda a pastagem, durante todo o período de pastejo. Se mal manejado, possibilitará maior seletividade ao animal e, por consequência, maior ganho individual, devido à ocorrência de subpastejo. Porém, esse fato ocasiona perda de massa de forragem por falta de colheita. Outra possibilidade é que haja superpastejo e ocasione o desaparecimento das forrageiras ao longo do tempo, devido à maior intensidade de desfolha. Esse comportamento é observado quando se trabalha com taxa de lotação fixa, onde não é possível o total controle da estrutura do pasto, comprometendo as respostas da forragem e do animal. Nesse método, recomenda-se trabalhar com taxa de lotação variável, mantendo a estrutura do pasto através do controle da frequência de desfolha e, tendo a altura como ferramenta, a qual será ajustada pela pressão de pastejo. Essa forma de manejo contribuirá para a maior perenidade do pasto, mediante estabilidade dos processos de crescimento, senescência e consumo, tudo acontecendo ao mesmo tempo. Lotação intermitente (rotativa) – esse método subdivide a pastagem em piquetes, durante o período de ocupação dos animais em pastejo, intercalando os períodos de pastejo e descanso. Se bem manejado, permite o controle da intensidade de desfolha do pasto, preservando a sua estrutura, ao mesmo tempo que contribui para aumento do ganho animal. Geralmente, o uso desse método é mais indicado para pastagens de alta produção (Megathyrsus sp. e Cynodon sp.), com melhores níveis de tecnificação (adubações mais intensivas). Atualmente, buscamos não trabalhar nesse método com dias fixos de ocupação e descanso. Para o manejo do pastejo, adotamos a ferramenta altura do dossel forrageiro, uma vez que essa é mais eficiente em respeitar a fisiologia da planta, sem comprometer o ganho de peso animal. Dentre as modalidades de pastejo sob lotação rotativa, citam-se as principais: • Pastejo creep (creep grazing): pastagem adjacente com acesso exclusivo aos animais jovens (terneiros e cordeiros) sem acesso de suas mães. • Pastejo em dois grupos (primeiro-último): nesse método, dois ou mais grupos de animais com diferentes requerimentos nutricionais pastejam sequencialmente a mesma pastagem (primeiro, vacas em lactação, seguido de vacas secas; animais jovens pastejam primeiro que as mães). • Pastejo diferido (vedação, feno em pé): nesse sistema, os animais não têm acesso à pastagem até a maturação das sementes, ou visando acumular forragem para período estratégico (outono e inverno), ou ainda, visando facilitar a recuperação de áreas em degradação. Também é usado até retornar à normalidade climática (tempo). 22WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Pastejo intensivo (Mob grazing): pastejo por um grupo de animais relativamente grande, densidade alta por um curto período. • Pastejo misto: diferentes classes ou espécies de animais na mesma unidade de pastejo. • Pastejo em faixas: os pastejos são realizados em faixas, dimensionadas para suprir as necessidades diárias do rebanho. A área de pastagem a ser utilizada como referência pode ser a de 100 m2 dia-1 UA. 3. CORREÇÃO E ADUBAÇÃO DAS PASTAGENS Os solos brasileiros, em sua grande maioria, apresentam algum grau de deficiência de nutrientes, limitando, portanto, a expressão do potencial produtivo da forragem. Um exemplo típico é o fósforo (P), cuja deficiência ocasiona redução no rendimento da cultura. O não suprimento dos requerimentos de P pelas pastagens, por exemplo, aliado aos processos erosivos dos solos descobertos, extração dos nutrientes mediante colheita da forragem, e a competição da cultura principal com as plantas indesejáveis, todos esses fatores se constituem na receita infalível para provocar queda de produtividade, seguida do avanço nos estádios de degradação das pastagens. 3.1 Amostragem de Solo e Interpretação da Análise de Solo Com a amostragem do solo, será possível realizar a análise química para conhecer a sua fertilidade. Para que a amostragem seja representativa, deve-se considerar a vegetação do local da coleta, a topografia do terreno, as características do solo e histórico de adubação da área. Posteriormente, a área deve ser dividida em talhões homogêneos e proceder a coleta de amostras simples (volume de solo coletado em um ponto do talhão) em ziguezague, e na profundidade de 0-20 cm. A partir das amostras simples (no mínimo 20 em uma área inferior a 20 ha), fazer uma amostra composta (obtida a partir da mistura homogênea de várias amostras simples coletadasdo mesmo talhão) de cerca de 300 g de solo, acondicioná-la em saco plástico limpo, devidamente identificado com material resistente à umidade, e enviar para um laboratório confiável. No local da coleta, deve ser feita a limpeza da superfície do solo, sem que seja raspada a camada superficial. Para as coletas, devem ser evitadas as áreas próximas a instalações (construções, comedouros, bebedouros, saleiros e currais), excretas de animais (fezes e urinas), cupinzeiros, restos de árvores caídas etc. O ideal é que a análise química básica de rotina seja feita anualmente, e a análise completa do solo (macro e micronutrientes) seja feita pelo menos a cada 2-3 anos. De posse dos resultados, conheceremos a necessidade de correção do solo e a reposição de nutrientes com base nos requerimentos de cada espécie forrageira. É importante que se tenha o completo entendimento desses resultados, de forma a diagnosticar corretamente as condições de fertilidade do solo. Posterior à identificação, podem-se adotar tabelas dos manuais de recomendação de adubações para pastagem, e verificar o nível crítico (NC) de cada nutriente. Essas tabelas geralmente agrupam as forrageiras de acordo com a exigência de fertilidade do solo. 23WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Se o nutriente observado na análise apresentar valor abaixo do NC, será necessária a sua reposição no solo para que não haja limitação da expressão da máxima produtividade da forrageira. Os manuais mais utilizados são: Instituto Agronômico de Campinas – SP - Boletim 100, Manual de Calagem e Adubação do RJ - EMBRAPA, Manual de Adubação e Calagem para o PR - CELA, Manual de Adubação e Calagem para o RS e SC – MAC, e Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em MG - 5ª Aproximação. É importante observar, antes de proceder os cálculos, se as unidades dos elementos expressos na análise de solo são iguais às das tabelas de adubação, pois cada laboratório pode usar uma metodologia específica de extração de nutriente. 3.2 Calagem e Gessagem A calagem como prática de correção se refere à aplicação de calcário na área. A sua utilização visa neutralizar o pH do solo e a toxidez do alumínio, ferro e manganês, para que os demais nutrientes fiquem disponíveis para absorção pelas raízes das plantas forrageiras (Figura 2). Figura 2 - Disponibilidade dos nutrientes em função do pH do solo. Fonte: Malavolta (1981). Dentre os métodos usados para o cálculo da necessidade de calagem (NC), os três mais utilizados se dão com base na neutralização do alumínio, solução tampão Schoemaker, McLean e Pratt – SMP, e Saturação por bases - SB. Vamos apresentar um exemplo a seguir com base na SB. O primeiro passo é reunir os dados que serão utilizados no cálculo da NC, sendo o resultado final apresentado em ton. ha-1. A capacidade de troca catiônica a pH 7 - CTC (T) representa a SB (Ca, Mg e K) com os valores da acidez potencial (H+Al), expressos em cmolc.dm -3, logo, a fórmula ficará: T = SB + H+Al. O valor V2 é a saturação de bases que se deseja elevar e V1 é a saturação atual do solo, através da análise química. 24WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O V1 é calculado da seguinte forma: O V2 é um valor tabelado para as culturas. Para as gramíneas, normalmente varia de 40-70%, sendo que quanto mais exigente em termos nutricionais, maior terá que ser o V% considerado no cálculo. Por último, vamos considerar na fórmula a qualidade do calcário através do poder relativo de neutralização total (PRNT), disponibilizado no rótulo da embalagem. Finalmente, temos condições de montar a nossa fórmula para calcular a NC. Então, NC (ton. ha-1) = . Para que o calcário exerça seu papel, o solo deve estar úmido, e se manejado pelo método convencional, é recomendada a sua incorporação ao solo de 60-80 dias antes do plantio, podendo esse período ser encurtado, a depender do valor de PRNT, ou seja, quanto maior, mais rápido reagirá no solo e mais cedo poderá iniciar o plantio. A gessagem, por sua vez, é considerada como condicionador de solo, e não um corretivo, uma vez que não influencia diretamente no pH do solo e atua na distribuição dos nutrientes nas camadas mais profundas do solo. Sua aplicação se dá quando há necessidade do fornecimento de cálcio e de enxofre, e redução da concentração tóxica do alumínio trocável nas camadas subsuperficiais (20-40 e 30-60 cm), com consequente aumento de cálcio nessas camadas, visando à melhoria do ambiente para o crescimento radicular. A sua recomendação será feita quando nas camadas subsuperficiais a análise apresentar: cálcio menor que 5 mmol.dm-3, alumínio maior que 5 mmol.dm-3, saturação por alumínio (m) entre 20 e 30% e enxofre menor que 15 mg.dm-3. Uma vez constatada a necessidade de se aplicar gesso (NG), a dose pode ser definida de acordo com o teor de argila ou saturação por bases na subsuperfície. O método da argila, por exemplo, considera na equação a NG (ton. ha-1) = , em que o fator a ser utilizado é de 75 para culturas perenes, a exemplo das gramíneas tropicais e 60 para capineiras e áreas de leguminosas. 3.3 Adubação Fosfatada (P) O fósforo é considerado um nutriente essencial para a síntese e degradação de carboidratos, respiração celular, e influencia no armazenamento, transporte e utilização de energia durante o processo fotossintético, além de necessário para a síntese de proteínas e no metabolismo de enzimas (WERNER, 1984). Esse nutriente é indispensável na fase de estabelecimento da pastagem com gramíneas por influenciar no crescimento radicular e no perfilhamento, pois atua no crescimento e divisão celular, proporcionando incrementos na produção de massa de forragem. Nas leguminosas, também promove aumento da produtividade, devido a estimular o desenvolvimento radicular e favorecer a nodulação, com maior aproveitamento do N presente no sistema, e enriquecendo o valor nutritivo da parte aérea da forrageira, o que refletirá melhor desempenho animal. Normalmente, os teores de P nos solos tropicais (200-600 mg kg-1) são considerados altos, contudo, a fração disponível para o crescimento das plantas forrageiras (< 5 mg kg-1) está aquém das suas exigências nutricionais (COSTA, 2004). Isso porque grande parte do P encontra-se adsorvido aos coloides do solo, devido à reação com o Fe, Al, Mn (solos ácidos) e com o Ca (solos alcalinos), ou mesmo com o alto teor de argila, tornando-se insolúveis e, portanto, não disponível para uso pelas plantas. Costa (2004) relatou que o P se encontra mais disponível em pH 5, 5-7, 0. Estima-se que apenas 5 a 20% do P solúvel adicionado ao solo como adubo seja aproveitado pela cultura que o recebeu, e que 95 a 80% dele seja fixado no solo. 25WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A formulação contendo P mais comum é o P2O5, estando mais disponível para uso comercial através do superfosfato simples (SFS) ou triplo (SFT), considerado mais solúvel, e pode ser aplicado em sulco ou a lanço. As demais fontes como os fosfatos naturais reativos (Gafsa, Arad e Carolina do Norte) demonstram eficiência de 75-85% no primeiro ano, fase de formação da pastagem, e 100% a partir do segundo ano. Os fosfatos naturais brasileiros (Araxá e Patos de Minas) têm eficiência de 50% quando comparados aos solúveis, e devem ser aplicados sempre a lanço e incorporados ao solo (VILELA et al., 1998). Os fosfatos naturais demonstram menor custo comercial, em comparação às fontes mais solúveis, além de maior efeito residual no solo, por sua baixa solubilidade. Por isso, recomenda-se a combinação dessas duas fontes de P (alta e baixa solubilidade), visando à liberação mais rápida de P na fase de estabelecimento do pasto, período crítico para formação do sistema radicular e, assim, possibilitar a planta igualdade de competição com as invasoras. A fonte menos solúvel vai disponibilizar o P ao longo dotempo, assegurando maior persistência da pastagem no sistema. A adubação fosfatada garante o sucesso do estabelecimento do pasto, pois o maior requerimento de P se dá na fase inicial (30 dias pós-emergência ou rebrotação). Por isso, a sua aplicação deve ocorrer antes do plantio, em área total e com completa incorporação ao solo, ou aplicado junto com a semeadura, desde quando utilize semeadora/adubadora em linha, para evitar o contato da semente com o adubo. Para a adubação de manutenção, a fonte de P pode ser aplicada a lanço, desde que o solo esteja coberto por algum resíduo vegetal. Uma forma prática de calcular a quantidade de adubo a ser aplicado é por meio da associação da necessidade de P com o teor de argila apontado na análise do solo. Assim, para cada ponto percentual de argila no solo, propomos que sejam aplicados 5 kg de P2O5 ha –1 (CERQUEIRA LUZ et al., 2011). Na Tabela 2, são apresentadas algumas recomendações para a adubação fosfatada, que leva em consideração os teores de P observado no resultado da análise de solo e o teor de argila do solo. Teor de argila (%) Disponibilidade de fósforo/Dose a ser aplicada Baixa Média Adequada Teor (mg dm-3) P2O5 (kg ha-1) Teor (mg dm-3) P2O5 (kg ha-1) Teor (mg dm-3) P2O5 (kg ha-1) > 35 0-3,0 60 3,1-6,0 40 > 6,0 0 15-35 0-4,5 45 4,6-9,0 30 > 9,0 0 < 15 0-6,0 30 6,1-12,0 20 > 12,0 0 Tabela 2 - Recomendação de aplicação de adubação fosfatada (P2O5, kg ha -1) para renovação de pastagens, com base no teor de fósforo (P) disponível no solo (mg dm-3), extraído pelo método Mehlich-1, e percentual de argila no solo (%). Fonte: Adaptado de Andrade et al. (2014). Em pastagem de gramíneas menos exigente ou que é mais eficiente no uso de P do solo, como as gramíneas do gênero Urochloa, não é necessária a aplicação de doses acima de 45 kg de P2O5 ha -1 (BARCELOS et al., 2011). Vale lembrar que essas tabelas ou outras formas práticas para o cálculo de adubação nada substitui a correta interpretação da análise de solo, de forma a repor no solo exatamente a quantidade faltante para atender à necessidade da forrageira. Tenha em mente que a adubação de manutenção deve ser feita, de preferência, no início da estação das águas, visto que o P é pouco móvel no solo e, por isso, necessita da umidade para se deslocar e ser absorvido pelas raízes. 26WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4 Adubação Potássica (K) O potássio é um nutriente essencial para a manutenção e recuperação da produtividade do pasto. Ele participa do metabolismo das forrageiras como ativador de enzimas e contribui nos processos fotossintéticos por meio da transformação da energia luminosa em energia química, maior assimilação de CO2 (conversão de C inorgânico a orgânico), na translocação dos carboidratos produzidos nas folhas para outros órgãos da planta e, a partir desses, maior síntese de sacarose, amido, lipídeos, aminoácidos e proteínas e, ainda, controla a abertura e fechamento dos estômatos, possibilitando maior eficiência no uso de água. A formulação mais comumente usada é o K2O, sendo o cloreto de potássio (KCl) a fonte mais disponível para uso comercial. A sua aplicação no solo se dá, principalmente, em cobertura, 30-40 dias após o plantio, a lanço ou misturado com a adubação fosfatada (VILELA et al., 1998). Nesse caso, levando-se em consideração que a fonte de P não seja aplicada no momento do plantio/semeadura. Normalmente, a aplicação deve ser feita parceladamente, sendo do total, ou até 60 kg de K2O ha -1, aplicado na fase de estabelecimento do pasto, e o restante (~ ), a lanço, para a manutenção das pastagens já estabelecidas. Em solos mais argilosos, recomenda-se a aplicação na ocasião do plantio e, naqueles mais arenosos, recomenda-se adubar cerca de 45 dias após o plantio, em cobertura, ou quando a percentagem de solo descoberto do pasto em formação estiver por volta de 30-40%, no intuito de minimizar as perdas por lixiviação (ANDRADE et al., 2014). Na Tabela 3, serão apresentadas recomendações de adubação potássica. Teor de K no solo Dose de potássio (kg K2O ha -1) mg dm-3 cmolcdm -3 Pasto de gramíneas Pasto consorciado com leguminosas < 25 < 0,06 40 60 25-50 0,06-0,13 20 30 > 50 > 0,13 0 0 Tabela 3 - Recomendação de aplicação de adubação potássica (K2O, kg ha -1) para renovação de pastagens, com base no teor de potássio (K) disponível no solo (mg dm-3) e tipo de pasto a ser formado. Fonte: Adaptado de Andrade et al. (2014). Vale lembrar que essas tabelas ou outras formas práticas para o cálculo de adubação, nada substitui a correta interpretação da análise de solo, de forma a repor no solo exatamente a quantidade faltante para atender à necessidade da forrageira. Para a adubação de manutenção, recomenda-se a reposição desse nutriente, se na análise de solo constar valores inferiores a 0,30 cmolcdm -3 para todos os grupos de plantas forrageiras, de acordo com as exigências em fertilidade do solo, apontado nos estudos de Cerqueira Luz et al. (2011), em sistemas sob pastejo. 27WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.5 Adubação Nitrogenada (N) O nitrogênio é considerado o principal nutriente responsável pelo incremento na produção da massa de forragem, contribuindo para que haja intenso fluxo de renovação de tecidos e, com isso, maior perenidade da pastagem. Ele participa ativamente da síntese de compostos orgânicos (vitaminas, pigmentos fotossintéticos, aminoácidos, proteínas etc.) (MALAVOLTA, 1980), integrantes de componentes morfológicos da forragem como tamanho das folhas e do colmo, aparecimento e desenvolvimento dos perfilhos (NABINGER, 1997), participa da constituição de hormônios e faz parte da molécula de clorofila (COSTA, 2004). A reposição desse nutriente no solo contribui para a melhoria do valor nutritivo (VN) da forragem, devido ao aumento no teor de proteína bruta e, por consequência, diminuição das fibras de menor degradabilidade no rúmen, aumentando a aceitabilidade da forragem pelo animal e proporcionando melhores ganho de peso. O N-fertilizante deve ser fracionado em duas ou mais aplicações, sempre que a quantidade a ser utilizada ultrapassar a dose 50 kg ha-1. O fracionamento diminui a possibilidade da ocorrência de perdas, principalmente por volatilização. Geralmente, a campo, a adubação se dá no final do período das águas, no intuito de reduzir o efeito da estacionalidade na produção de massa de forragem, especialmente no período seco, resultando em produção mais homogênea ao longo do ano. A adubação de formação/estabelecimento deve ser feita na época das águas e quando as plântulas apresentarem sistema radicular desenvolvido, de forma a aproveitar o nutriente disponível no solo. A nível de campo, essa fase se dá a partir do lançamento de cerca de 5 folhas. De forma prática, essa adubação pode ser feita quando o pasto tiver cerca de 45 dias de implantado, ou quando a percentagem de solo descoberto na área for entorno de 30-40%. O uso dessa técnica exige um técnico com olho treinado. Também pode ser observado o teor de matéria orgânica (MO) apontada na análise de solo e, nos casos em que o solo apresentar menos de 20 g kg-1 (2 %) de MO, é recomendada a aplicação de 40 a 80 kg de N ha-1, em cobertura, dois meses após a emergência das plantas, em sistemas menos intensivo, e de 80 a 120 kg de N ha-1 em sistemas de produção mais intensivos (COSTA et al., 2004). Em pastagens formadas, a aplicação se dá na fase de rebrotação do pasto (pós-colheita), que é quando a planta necessitará de disponibilidade de N no solo para o crescimento da lâmina foliar remanescente e surgimento de novos tecidos. Para que a adubação tenha o efeito desejado, sempre deve haver bastante área foliar no pós-pastejo, pois a planta necessitará de área foliar para realizar os processos fotossintéticos e acelerar a sua recuperação. 3.6 Enxofre (S) Apesar de ser um nutriente comumenteesquecido na hora da adubação, esse nutriente tem grande importância para o pasto, pois está associado à formação das proteínas como parte componente dos aminoácidos metionina e cistina, e influencia no metabolismo energético das gorduras e carboidratos, além de estar envolvida na fotossíntese, na fixação de N2 atmosférico etc. Por isso, a sua reposição no solo, além de incrementar a produção de massa de forragem, aumenta a quantidade de aminoácidos sulfurados na dieta animal (COSTA, 2004). O requerimento de S pelo pasto é baixo, sendo a necessidade suprida a partir da adubação fosfatada, pois o SFS contém de 10-12% de S, ou pelo N-fertilizante, se a fonte de N for o sulfato de amônio (22-24% de S) (ANDRADE et al., 2014). Se as fontes de N e P não contiver S, é recomendada a aplicação de 30 kg de S ha-1 na forma de gesso agrícola ou flor de enxofre (COSTA et al., 2004). 28WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para mais informações sobre algumas forrageiras utilizadas em nossas pastagens, estratégias de manejo, adubação, formação e recuperação de pastagens, acessar: COSTA, N. D. L. Formação, manejo e recuperação de pastagens em Rondônia. Embrapa Ron- dônia-Livro técnico (INFOTECA-E). 2004. Disponível em: h t t p s : // w w w. i n f o t e c a . c n p t i a . e m b ra p a . b r / b i t s t re a m / doc/706944/1/livropastagens.pdf. https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/706944/1/livropastagens.pdf https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/706944/1/livropastagens.pdf https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/706944/1/livropastagens.pdf 29WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS A condição em que se encontra a pastagem diz muito sobre a capacidade de gerenciamento de cada propriedade, uma vez que o mau manejo ou a ausência dele acarretará sucessivos prejuízos no sistema de produção pecuário, e a depender de quanto tempo dure esse descaso, dificilmente a reversão da situação se dará de maneira facilitada ou sem que sejam utilizados por muito tempo recursos financeiros e mão de obra técnica e qualificada para solucionar a problemática. Assim, para que tenhamos uma pastagem saudável e perene, devemos nos atentar para o fato de que a adubação da pastagem não deve se dar somente no momento de sua formação, mas, sim, ao longo de toda a sua vida produtiva, mediante adubações de manutenção com N-P-K, principalmente quando em situação de constante colheita pelos animais. Dessa forma, o pasto conseguirá produzir em quantidade e qualidade suficiente para atender necessidade de ingestão diária de nutrientes pelos animais. 3030WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 31 1. MANEJO DA PASTAGEM ..........................................................................................................................................32 1.1 VALOR NUTRITIVO E CONSUMO ANIMAL A PASTO ..........................................................................................33 2. UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS FORRAGEIROS ......................................................................................................35 2.1 SILAGEM .................................................................................................................................................................35 2.2 FENO .......................................................................................................................................................................36 2.3 CAPINEIRA.............................................................................................................................................................38 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................40 MANEJO DA PASTAGEM E UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS FORRAGEIROS PROF. DR. DIVANEY MAMÉDIO DOS SANTOS ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FORRAGICULTURA 31WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá, aluno! Tudo bem? Vamos dar início ao conteúdo da Unidade 3 da disciplina de Forragicultura. Nesta unidade, discutiremos sobre alguns aspectos ligados à produção de plantas forrageiras e taxa de acúmulo de massa de forragem, bem como as ferramentas utilizadas para o manejo da pastagem, as implicações do manejo sobre o valor nutritivo da forragem, o aproveitamento da pastagem pelos animais e a utilização dos recursos forrageiros, com foco em forragens conservadas (silagem e feno) e capineiras, como alternativa na alimentação animal. É de conhecimento geral que, no Brasil, as pastagens se constituem na principal e mais barata fonte de alimentos para os animais ruminantes. No entanto, observamos que, na maioria das vezes, os nossos pecuaristas não veem o pasto como uma lavoura, que precisa ser diariamente observada e cuidada, para que expresse todo o potencial de produção. O simples ato de manejar corretamente a pastagem já implicará maior e melhor qualidade da massa de forragem produzida, o que refletirá aumento na capacidade de suporte das pastagens e, consequentemente, maior produção animal por área. E aí, vamos conhecer um pouco mais sobre esses temas? 32WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. MANEJO DA PASTAGEM As forrageiras lançadas no mercado são cada vez mais produtivas e, para tanto, exigem maior atenção do pecuarista no que diz respeito ao uso adequado das técnicas de manejo, de forma a melhorar a eficiência na colheita da massa de forragem pelos animais. Alguns fatores combinados determinam a eficiência no manejo de pastagens (Figura 1). Figura 1 - Parâmetros que afetam a produção animal em pastagens. Fonte: Mott (1973). Com base na Figura 1, é possível perceber que, dentro da produção a pasto, o sistema solo-planta-animal está todo interligado. Segundo Costa (2004), o animal em pastejo representa a forma mais simples do sistema solo-planta-animal. O solo é a base do sistema e atua como fonte de nutrientes para a pastagem. A planta é a fonte de nutrientes para o animal e agente modificador das condições físico-químicas do solo. Já o animal influencia na dinâmica desses dois componentes do sistema. O manejo da pastagem é realizado com o objetivo de manter a comunidade e a produtividade das plantas forrageiras, visando à utilização uniforme ao longo do ano. Esse pretende aliar a produtividade ao alto valor nutritivo, com base no pastejo controlado, visando à produção econômica por animal e por área, além de suprir os requerimentos nutricionais segundo as diferentes categorias de animal e ciclo de produção. Dentre os fatores referentes ao manejo, a quantidade e qualidade da forragem produzida, o consumo animal, o método de pastejo adotado, o equilíbrio da composição botânica do pasto e a reposição da fertilidade do solo, podem ser completamente controlados pelo manejador do pasto (COSTA, 2004). 33WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Após a desfolha pelo animal, deve restar uma quantidade suficiente de folhagem no dossel forrageiro para que este se regenere rapidamente (rebrotação). A planta utilizará a massa foliar remanescente para fazer a interceptação de luz (IL) e realizar os processos fotossintéticos para a geração de substratos como os carboidratos, usados no crescimento das folhas colhidas parcialmente ou emissão de novas folhas (SILVA, 2011). Contudo, a capacidade e velocidade de rebrotação dependem da frequência e intensidade de desfolha. Por muitos anos, o manejo da pastagem foi feito com base na oferta de forragem (OF). Porém, a OF só fornece dados referentes à quantidadede alimento disponível no dado espaço de tempo, desconsiderando a arquitetura do dossel. Por essa razão, seu uso como ferramenta de manejo tem caído em desuso. Outra ferramenta adotada em pastagens como método é o manejo através de dias fixos de ocupação e descanso (pastejo rotativo). Porém, a ciência tem percebido que essa forma de manejar não condiz com o momento ideal de colheita da planta. Sabe-se que as plantas não seguem o calendário humano, mas, sim, seu próprio calendário fisiológico, que sofre grande influência dos fatores edafoclimáticos e do manejo pelo homem. Ao desconsiderar a fisiologia da planta, corre-se o risco de ofertar pastos muito passados aos animais (pasto fibroso e com grande percentual de material morto), ou fornecer uma forragem de alto valor nutritivo e pouca massa de forragem, não atendendo a quantidade necessária a ser ingerida pelo animal. O período equivocado de entrada e saída dos animais da pastagem pode comprometer o seu vigor e perenidade, contribuindo para o desenvolvimento do estádio de degradação. É por isso que o manejo por meio da ferramenta altura é o que melhor se correlaciona com o equilíbrio do sistema solo-planta-animal. A altura de manejo do pasto é a ferramenta de fácil mensuração e tem alta correlação com a taxa de crescimento das forrageiras, a quantidade de luz interceptada pela lâmina foliar, o índice de folhas remanescentes e estrutura do dossel (SILVA; NASCIMENTO JR., 2007). O arranjo arquitetônico do dossel é um indicativo da massa de forragem produzida, desde que esta esteja em condições saudáveis. Já se tem devidamente documentado que quando o dossel forrageiro atinge 95% de IL, é o momento ideal de colheita do pasto, independentemente da forrageira existente na área e com variação apenas das alturas de manejo mais adequada para cada uma dessas forrageiras (SILVA, 2011). Essa ferramenta, desde que bem utilizada, possibilita maior taxa de acúmulo de forragem, maior razão folha/colmo, menor quantidade de material morto e, portanto, forragem de melhor valor nutritivo e a garantia de maior eficiência de colheita pelos animais. É uma ferramenta de baixo custo de implementação, sendo necessária apenas uma régua milimetrada, gabaritou ou tutor de altura conhecida, além de se aplicar a todos os métodos de pastejo disponíveis. 1.1 Valor Nutritivo e Consumo Animal a Pasto Alguns fatores são importantes no momento de se medir o valor nutritivo da planta forrageira, entre eles, citam-se: o consumo voluntário, a aceitabilidade, a composição química (energia, proteína, minerais), digestibilidade e a eficiência de utilização dos nutrientes pelo animal. O consumo, a aceitabilidade e a composição química da planta estão intrinsicamente relacionados à espécie, e essa, por sua vez, é influenciada pelos fatores edafoclimáticos, topografia do solo, pela comunidade vegetal (cultivo solteiro ou consorciado) e o nível de tecnologia empregado no manejo (correção e fertilização, irrigação, frequência e intensidade de colheita do pasto). 34WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Com relação à digestibilidade, esse é um componente instável com variação dentro da mesma espécie devido aos efeitos do meio, a exemplo da maturidade da planta, a qual é responsável pela mudança na composição químico-bromatológica na planta, principalmente pelo aumento na porção estrutural (espessamento e lignificação da parede celular) em detrimento da redução do conteúdo celular (proteínas, vitaminas, minerais etc.), deixando a forragem com menor digestibilidade, além de dificultar o animal quanto à sua capacidade de preensão, com redução do tamanho de bocado e, por consequência, do consumo. A pastagem deve ser manejada de forma a haver maior acúmulo de folhas em detrimento de colmo, uma vez que as folhas é a porção mais nutritiva da dieta e tem a total preferência dos animais. Por isso, o momento da colheita da massa de forragem é associado a 95% de IL, isso em se tratando de pastejo rotativo (SILVA, 2011), e acima desse ponto, passa a haver maior acúmulo de colmos, reduzindo a digestibilidade, aceitação e o aproveitamento da massa de forragem pelos animais. Todos os fatores que incidem sobre a planta atuam de maneira associada e complementar, modificando a apresentação da forragem ao animal e influenciando-o a exercer o pastejo seletivo, seja por tipo de forrageira ou a colheita de partes específicas das plantas preferidas. Contudo, o pastejo seletivo pode ser controlado pela taxa de lotação, uma vez que maiores pressões de pastejo reduzem a seletividade, obriga o animal a consumir porções de menor qualidade. É claro que essa ação terá impacto direto sobre o desempenho e produtividade do animal. Durante o pastejo, os animais passam por várias estações de pastejo em busca das melhores porções de forragem a serem colhidas para atender os seus requerimentos nutricionais diários. Esse comportamento sofre influência direta da distribuição espacial do dossel forrageiro, comprometendo a facilidade de preensão, colheita e consumo da forragem e ingestão dos nutrientes (SILVA, 2011). A altura do dossel também influencia o consumo animal. A maior altura proporciona maiores taxas de bocados, entretanto, isso pode se tornar um problema se estiver relacionada à maior proporção de colmos e material morto, o que inibirá o consumo. Segundo Silva (2011), a redução do consumo pode se dar por causa de bocados muito grandes, resultando em menor consumo ao final do dia devido ao tempo necessário para diminuir o tamanho das partículas no processo de ruminação. Porém, a campo, os animais buscam consumir a quantidade mínima para a sua saciedade e, caso a característica do dossel não lhe possibilite um consumo mais facilitado, ele aumenta consideravelmente o número de estações de pastejo, a quantidade de bocados e o tempo de pastejo (SILVA, 2011). O ponto negativo desse comportamento do animal é que ele terá maior gasto de energia para buscar o alimento, e isso certamente comprometerá o seu desempenho. A estrutura do dossel forrageiro tem grande influência sobre o acúmulo de massa de forragem e seu valor nutritivo, além de exercer influência sobre o comportamento ingestivo, consumo voluntário e desempenho dos animais. O pasto tem plenas condições de responder ao manejo, porém, o que se busca é que estas respostas sejam positivas e acarretem lucros ao produtor. 35WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS FORRAGEIROS 2.1 Silagem A ensilagem é o processo de conservação de forragem. Esse procedimento consiste na picagem da forragem em partículas menores (2-4 cm) por meio de máquina ensiladora, ou com o auxílio de objeto cortante (manual), para facilitar a distribuição do material no silo (estrutura para estocagem da massa de forragem a ser ensilada), em compactação para a retirada do oxigênio, e na vedação do silo para que ocorra uma fermentação. O ideal é que o processo (desde a colheita à vedação) ocorra todo em 1-2 dias, de acordo com a quantidade de massa a ser ensilada. O atraso na vedação do silo pode levar à redução do suprimento de carboidratos (açucares), essenciais para que ocorra fermentação anaeróbia desejável, promovida pelas bactérias produtoras de ácido láctico (MUCK, 1988), e dificultará a redução do pH da massa ensilada. Desse processo, obtêm-se a silagem, que é um volumoso (forragem verde) de alto valor nutritivo (VN), grande aceitabilidade pelos animais e com capacidade de ser armazenada por um longo período sem perder o VN. O processo de confecção da silagem tem início lá no planejamento forrageiro, quando se busca produzir uma quantidade adequada de massa de forragem para atender um determinado número de animais, como base no consumo de matéria seca, por um dado período de tempo. Esse processo também envolve as etapas de cultivo, colheita, transporte, armazenamento, desabastecimentodo silo e fornecimento aos animais. Quanto à escolha da forragem a ser ensilada, esta deve apresentar um bom estádio de maturidade fisiológica, uma vez que esse processo tem o objetivo de conservar o mesmo VN da planta no momento da sua colheita. Em plantas com idade avançada, ocorre incremento no teor de matéria seca, o que colabora para a ocorrência de fermentação desejável, desde quando essa se apresente de 28-35%. Porém, a maior maturidade implicará na redução da razão folha/ colmo, com significativo incremento em componentes de menor digestibilidade (fibras e lignina) e decremento de conteúdo celular (carboidratos, proteína etc.). Outra característica para a promoção da fermentação desejável é que o material apresente teor de carboidrato solúvel de 6-8%, baixo poder tampão e valores de pH de 3, 8-4, 2 e, dependendo do tipo de material ensilado, valores próximos de 5,0 podem ser considerados uma característica de material bem preservado. O processo de ensilagem é compreendido de quatro fases, a saber: Fase aeróbia: se dá desde o abastecimento do silo até algumas horas após a sua vedação. Nesse intervalo de tempo, ocorre a elevação da temperatura e redução do O2, como resultado da respiração celular da planta e dos microrganismos aeróbios, além do pH do meio se encontrar na faixa de 6-6, 5 (McCULLOUGH, 1977). Fase de fermentação ativa: se dá em ambiente anaeróbio (ausência de oxigênio), com duração de 1-4 semanas, a depender da forragem utilizada e das condições da ensilagem (MUCK; PITT, 1993). Se tudo ocorrer bem, haverá proliferação das bactérias láticas e a dominância do processo fermentativo dentro do silo, devido a estas serem mais eficientes na produção de ácido lático, e que, em conjunto com alguns outros ácidos, provocará queda do pH para valores entre 3, 8-5. Fase estável: se dá pela redução do processo de fermentação, devido à diminuição da presença dos microrganismos produzidos na fase 2, desde que a silagem esteja bem vedada e com ausência de oxigênio (PAHLOW et al., 2003). 36WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Fase de desabastecimento ou abertura: se dá pela exposição da massa ensilada ao ar, com início da degradação de ácidos orgânicos por leveduras e bactérias do ácido acético (microrganismos aeróbios indesejáveis), e elevação da temperatura e pH, favorecendo o crescimento de outros microrganismos indesejáveis como enterobactérias e fungos filamentosos (OUDE ELFERINK; DRIEHUIS; GOTTSCHAL, 2000). 2.2 Feno A fenação é o processo de redução do excesso de umidade da forragem fresca, de 70- 80% para 15-18%, com a conservação do VN do material fenado o mais próximo possível ao material de origem, dado que o baixo conteúdo de água do material que promove a paralisação da atividade respiratória da célula vegetal e dos microrganismos (PEREIRA et al., 2015). O feno pode ser confeccionado a partir do excedente da massa de forragem em áreas de pastejo, ou em campos destinados a esse fim, e sua qualidade está relacionada às características da planta, condições climáticas, devido ao processo de secagem e ao sistema de armazenamento empregado. Esse processo de secagem (tempo de desidratação) é um fator de grande relevância, pois a própria planta e a sua microflora epifítica consomem os compostos solúveis (carboidratos, compostos nitrogenados e minerais), ocasionando o aumento da concentração de componentes fibrosos e decremento do VN da forragem ao final do processo de conservação (ROTZ; MUCK, 1994). O material a ser fenado deve possuir as seguintes características: ótimo VN, elevada produção de massa de forragem, com tolerância a cortes baixos e alta capacidade de rebrotação, facilidade de desidratação, reduzida perda de folhas e colmos mais curtos e finos para facilitar o processo de desidratação. Portanto, faz-se necessário o conhecimento do manejo da cultura. O melhor período para a colheita da forragem é o final do dia (OLIVEIRA et al., 2018), pois a planta apresenta maior acúmulo de carboidratos solúveis, menor teor de fibras e maiores concentrações de energia, devido à realização da fotossíntese no decorrer do dia (ORLOFF, 2013). A rebrotação é dependente de condições edafoclimáticas favoráveis, bem como da posição do meristema apical (ponto de crescimento da planta), uma vez que se posicionado muito alto, corre o risco de ser eliminado no momento da colheita, comprometendo a sobrevivência da planta. As gramíneas com hábito de crescimento cespitoso são mais fáceis para realização do corte do que as estoloníferas, porém essa primeira pode ter seu processo de rebrotação prejudicado em função de danos às touceiras e perfilhos. A maioria das plantas consumidas pelos animais tem condição de ser aproveitada, seja para consumo in natura (por pastejo ou para fazer capineira), ou na forma conservada (silagem e feno). Porém, seja qual for a forma de utilização, por se tratar de uma planta forrageira, toda e qualquer planta dependerá da escolha de um ambiente propício ao seu crescimento e desenvolvimento, com atendimento dos seus requerimentos em termos de fertilidade do solo, condições climáticas, e que os manejos respeitem a sua fisiologia. Portanto, planeje bem qual forrageira você escolherá para a sua propriedade, e qual a sua finalidade. 37WWW.UNINGA.BR FO RR AG IC UL TU RA | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O processo de fenação se dá por etapas, com início do corte (ceifa) da forragem por máquinas segadoras ou ceifadoras, levando em consideração, para isso, a maturidade fisiológica (idade) da forragem e o período do dia a se realizar a ceifa. Deve-se se evitar horário com ocorrência de orvalho para não encarecer o processo de fenação devido à necessidade de vários revolvimentos, para a adequada desidratação. Depois de ceifada, a forragem é concentrada em faixas longitudinais. O revolvimento permite que o material faça trocas gasosas e perca umidade para o ambiente e, desde quando bem executado, acelera a desidratação e alcança o ponto de feno desejado. Esse se dá em três fases (Fase I: 80-90% umidade para 60-65%; Fase II: 60-65% umidade para 45% e Fase III: 45% umidade para ponto de feno (<20%)), as quais diferem na duração, na taxa de perda de água e na resistência à desidratação. No início, a perda de água se dá de forma mais acelerada devido à respiração do tecido vegetal e, nas fases seguintes já se dá de maneira mais lenta, por causa do fechamento dos estômatos e, também, sofrendo influência do adensamento do material e altura da leira, carecendo, portanto, de maior número de viragem e revolvimento da leira. Na última fase, ocorre rápida desidratação novamente, porém a forragem sofre muita influência das condições do meio, tais como reidratação por orvalho ou chuva, lixiviação e queda de folhas. Por isso, recomenda-se que seja evitado o revolvimento para que não ocorra intensa perda de folhas. O ponto de feno pode ser verificado de forma prática, pegando o feixe de forragem nas mãos e realizando uma torção nesse, devendo ser notado ausência de umidade e, quando solto, o material deverá voltar lentamente à posição inicial. Outra forma é fazer o teste primeiro em micro-onda para se ter conhecimento da textura, coloração e peso inicial e final do material após a sua retirada do equipamento, sendo que neste último caso a umidade será determinada por diferença de peso. Após ser concluída a fenação, o material será prensado e enfardado em fardos cúbicos ou cilíndricos, de forma manual ou com enfardadora e, a posteriori, coletados do campo e armazenados em galpões fechados, sem umidade. Para mais informações sobre todas as etapas envolvidas na confecção de feno e silagem, acessar: PEREIRA, L. E. T.; DA SILVA BUENO, I. C.; HERLING, V. R. Tecnologias para conservação de forragens: fenação e ensilagem. Pirassununga: Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Universidade de São Paulo, 2015. 48 p. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4325190/mod_
Compartilhar