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Filariose Linfática: Caso Clínico e Aspectos Epidemiológicos

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FILARIOSE LINFÁTICA (ELEFANTÍASE) 
HELMINTOS 
 
• CASO CLÍNICO: 
- Paciente sexo feminino, 53 anos, procurou 
a Unidade Básica de Saúde da cidade em 
que reside, relatando dor em membro 
inferior direito e inchaço. Havia 
extravasamento de transudato no membro 
e dificuldade para deambular. Relatou que 
possuía diagnóstico de “elefantíase” 
(forma crônica da filariose) havia vinte e 
quatro anos. Devido ao edema e ao 
extravasamento de líquido foi feita 
drenagem no local. Após, a lesão se 
manteve e com o tempo aumentou, 
abrangendo toda a parte posterior da 
perna. Resultou em uma úlcera, além do 
linfedema. Do aparecimento da lesão até o 
momento apresentou infecções no local e 
utilizou antibióticos, por vezes, 
apresentando melhora. Atualmente, a 
ferida ainda está exposta. A doença 
crônica restringe seus movimentos, 
inclusive tem questionado sobre 
amputação de sua perna a fim de melhorar 
a mobilidade. Como comorbidades, 
apresenta obesidade, diabetes mellitus e 
hipotireoidismo controlados. Paciente 
queixa febre, iniciada há aproximadamente 
1 mês, de caráter intermitente, 
acompanhada de sudorese, calafrios, 
mialgia generalizada e cefaleia 
holocraniana. No exame aumento do 
escroto acompanhado de linfadenopatia 
inguinal bilateral. 
 
• CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITOS 
CAUSADORES DA FILARIOSE 
LINFÁTICA: 
- REINO: 
Animalia 
- FILO: 
Nematoda (fio) 
- ORDEM: 
Rhabditida 
- FAMÍLIA: 
Onchocercidae 
- SUBFAMÍLIA: 
Onchocercinae 
- GÊNEROS: 
Wuchereria Brugia 
- ESPÉCIES: 
Wuchereria bancrofti 
Brugia malayi 
Brugia timori 
 
• CLASSIFICAÇÃO DO HOSPEDEIRO 
INVERTEBRADO (CULEX): 
- REINO: 
Animalia 
- FILO: 
Arthropoda 
- ORDEM: 
Díptera 
- FAMÍLIA: 
Culicidae 
- SUBFAMÍLIA: 
Culicinae 
- GÊNERO: 
Culex 
- ESPÉCIES: 
Culex quinquefasciatus 
- Hematófagos 
- Fêmeas 
- Pica durante à noite (22 e 2hrs) 
- Parasitados com larva L3 na probóscide 
- Água rica em matéria orgânica: fezes, lixo 
jogado em córregos. Cidades e vilas onde 
há pobreza 
 
 
• ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS: 
- Importante antroponose 
- É negligenciada 
- Endêmica em regiões de pobreza, países 
de clima tropical e subtropical 
▫ Sério problema de saúde pública: 
China, Índia, Indonésia e África 
▫ Brasil: um foco ativo no estado de 
Pernambuco que pode estar perto da 
interrupção da transmissão da doença 
- 120 milhões de pessoas infectadas (WHO-
2000) 
- 856 milhões de pessoas em 52 países 
ameaçados (WHO), necessitando 
quimioterapia preventiva (reduzir 
transmissão) 
- 40 milhões desfiguradas ou incapacitadas 
 
• MECANISMO DE TRANSMISSÃO: 
- Picada do mosquito Culex 
quinquefasciatus inoculando formas 
larvárias em estádio L3, infectantes (única 
forma) 
- Repasto sanguíneo e penetração na pele 
do indivíduo (ciclo: 20 dias -hábito noturno) 
 
 
• FORMAS DE VIDA: 
- Vermes adultos: 
▫ Macho (3,5 a 4cm e 0,1mm diâmetro) 
▫ Fêmea (7 a 10cm e 0,3 mm diâmetro) 
 
▫ Vasos e gânglios linfáticos humanos (8 
a 10 anos) 
▫ Regiões do corpo: pélvica (pernas e 
escroto), braços e mamas 
▫ Vasos linfáticos do cordão espermático 
- Embriões (microfilárias) - Diagnóstico: 
® Fêmea grávida faz a postura das 
microfilárias 
® Microfilárias eliminadas pelas fêmas 
® Saem dos ductos linfáticos 
® Circulação sanguínea do hospedeiro 
(diagnóstico) 
▫ Microfilaremia (meia noite) 
 
▫ Membrana de revestimento delicada 
(bainha flexível) 
▫ 250 a 300µm de comprimento 
▫ Bainha de revestimento (critério 
diagnóstico) 
▫ Movimento ativo na corrente sanguínea 
(noturno) 
 
- Larvas: 
▫ Localizadas no inseto vetor 
▫ Larvas L1, L2 e L3 (infectante) 
 
• PERIODICIDADE: 
- Durante o dia: 
Capilares profundos (pulmão) 
- Durante a noite: 
Sangue periférico 
- Pico da microfilaremia: 
Meia noite 
 
• CICLO BIOLÓGICO: 
- Heteroxênico 
 
• FORMAS CLÍNICAS: 
- Presença dos vermes adultos no sistema 
linfático e resposta imune do hospedeiro 
- Período de incubação: em torno de 1 mês 
- Microfilaremia: 6 a 12 meses 
- Formas: 
▫ Assintomática ou doença subclínica: 
§ Microfilaremia presente 
§ Sem sintomas 
§ Exames de imagem demonstram 
lesões em vasos linfáticos ou no 
sistema renal (hematúria 
evidenciada na microscopia) 
§ Pacientes necessitam de atenção 
▫ Aguda: linfangite (lesão de vasos 
linfáticos), adenite (infecção de 
gânglios linfáticos), febre e mal estar 
§ Linfagite de curta duração (vasos) 
§ Linfadenite (gânglios) 
§ Febre 
§ Mal-estar 
§ Funiculite (inflamação do funículo 
espermático) 
§ Orquiepididimite (testículos e 
epidídimo) 
 
▫ Crônicas: 
§ Linfedema 
§ Hidrocele (acúmulo de líquido no 
escroto pela ruptura ou fistulização 
de vasos linfáticos para o interior do 
sistema excretor urinário) 
§ Quilúria (gordura na urina) 
§ Elefantíase (MI e região escrotal) 
Ø Linfagite (vasos) 
Ø Linfadenite (ganglios) 
Ø Linfangiectasia (obstrução) 
Ø Linforragia 
Ø Linfedema 
Ø Esclerose da derme 
Ø Hipertrofia da hipoderme 
Ø Aumento de volume (pernas, 
escroto ou mamas) 
 
Hipertrofia da epiderme com queratinização e 
rugosidade 
▫ Eosinofilia pulmonar tropical: sintomas 
de asma brônquica (raro) 
 
• PATOGENIA: 
- Resposta imune do hospedeiro aos 
vermes adultos 
- Reação inflamatória (presença do 
parasito) 
- Morte dos vermes adultos: 
▫ Fase inflamatória 
▫ Linfagite aguda (inflamação dos vasos) 
▫ Linfadenite (inflamação e hipertrofia 
dos gânglios linfáticos) 
▫ Febre 
▫ Cefaleia 
▫ Mal-estar 
▫ Dor local 
▫ Vermelhidão 
- Ação mecânica: 
▫ Estase linfática com linfangiectasia 
(dilatação dos vasos linfáticos) 
▫ Derramamento linfático 
- Ação irritativa: 
▫ Processo inflamatório (antígenos do 
verme) 
- Fenômenos imunológicos: EPT 
 
• ELEFANTÍASE: 
- Aumento do órgão ou segmento 
acometido: 
É uma sequência de eventos: linfagite (vasos), 
adenite (gânglios), linfangiectasia (dilatação dos 
vasos linfáticos), linforragia (derrame persistente 
de linfa), linfedema, esclerose da derme (aumento 
da espessura, maior produção de fibras), 
hipertrofia da derme e aumento do órgão 
- Causas: 
▫ Hanseníase 
▫ Micoses 
▫ Sífilis 
▫ Tuberculose 
▫ Infecções estafilo e estreptocócica 
▫ Malformações congênitas 
▫ Filariose 
 
• DIAGNÓSTICO: 
- Clínico: 
▫ Não conclusivo no início da infecção 
▫ História clínica e epidemiológica 
▫ Áreas endêmicas 
▫ História de febre recorrente 
▫ Associação com adenolinfagite e 
posterior linfedema 
▫ Alteração pulmonar 
▫ Eosinofilia 
▫ Níveis elevados de IgE (eosinofilia 
pulmonar tropical) 
 
 
• LABORATORIAL: 
- Parasitológico: 
▫ Pesquisa de microfilárias no sangue 
(respeitando período noturno: 22 às 
2hrs) 
▫ Gota espessa 
▫ Técnicas de concentração: knott 
▫ Aspirado de líquido da hidrocele, urina 
▫ Biópsia: pouco utilizado (detecta verme 
adulto) 
- Imunológico: 
▫ Imunocromatografia (Ag de vermes 
adultos) 
▫ Detecção de antígenos solúveis 
(ELISA-microfilária-Og4C3) 
▫ Avaliação da terapia 
- Exames de imagem: 
▫ Ultrassonografia: 
§ Identificação dos vermes adultos 
§ Avaliação da eficácia da 
terapêutica 
§ Demonstrar e avaliar a obstrução 
dos linfáticos (inguinais e escrotais) 
Estruturas ecogênicas: mostram movimento ativo 
peculiar chamado de sinal da dança da filária 
(SDF), o que corresponde à presença de vermes 
adultos vivos de W. bancrofti no interior de vasos 
linfáticos 
▫ Radiografia de tórax: 
§ Lesões pulmonares (EPT) 
▫ Linfocintigrafia: 
§ Avaliar alterações anatômicas e 
funcionais dos vasos 
▫ Molecular: 
§ PCR 
Ø Importante em regiões onde pretende-
se eliminar Filariose 
- Sorológico: 
▫ Inadequada 
▫ Não distingue indivíduos parasitados 
daqueles já curados ou aqueles não-
infectados, mas constantemente 
expostos a antígenos do parasito na 
área endêmica (baixa sensibilidade e 
especificidade) 
▫ Reações cruzadas com outros 
helmintos 
 
• TRATAMENTO: 
- Específico (quimioterápico): 
▫ Infecção ativa 
▫ Com ou sem manifestação clínica 
▫ Reduçãoda morbidade 
▫ Correção das alterações linfáticas 
▫ Interrupção da transmissão 
1. Citrato de dietilcarbamazina (DEC) 
tratamento de escolha contra o parasito, 
via oral 
▫ Utilizado na EPT 
▫ Diminui significativamente os quadros 
agudos 
▫ Reduz as lesões linfáticas (fase inicial) 
▫ Tratamento em massa (regiões de 
grande endemicidade) 
▫ Dose única de 6 em 6 meses 
▫ Pode ser repetido até desaparecimento 
de parasitemia 
▫ Mecanismo de ação não é bem 
conhecido 
2. Redução da microfilaremia: 
▫ Ivermectina (não atua em vermes 
adultos) 
3. Coinfecção com outros helmintos: 
▫ DEC + Ivermectina ou albendazol 
- Inespecífico (morbidade): 
▫ Tratamento do linfedema (esteroides, 
redução do inchaço) 
▫ Antibacterianos e antifúngicos 
(infecções secundárias) 
▫ Higiene do membro afetado 
▫ Repouso 
▫ Uso de compressas frias, meias 
elásticas, elevação do membro 
▫ Exercitar o membro afetado (retorno 
linfático) 
▫ Tratamento cirúrgico da hidrocele e 
quilocele 
- Monitorização de longo prazo (12 meses): 
▫ Assegurar a adesão ao tratamento 
▫ Avaliação do sangue periférico 
(pesquisa de microfilárias) 
▫ Monitorar possível infecção com outras 
parasitoses 
 
• PROFILAXIA: 
- Tratamento de indivíduos parasitados 
(DEC ou DEC + Ivermectina) 
- Combate ao inseto vetor 
- Saneamento básico 
- Áreas endêmicas: Tratamento em massa 
(DEC- 6/6 meses) 
- Áreas de baixa endemicidade: busca ativa 
e tratamento seletivo 
- Eliminação de criadouros peridomiciliares 
e combate as larvas 
▫ Bactérias entomopatogênicas 
- Medidas de proteção individual 
- Educação em saúde e saneamento 
ambiental 
- OMS: Eliminação da filariose linfática no 
Brasil Quimioterapia preventiva 
▫ Controle de vetor 
▫ Manejo da morbidade 
▫ Prevenção da incapacidade 
▫ Alagoas, Bahia, Pará, Rio Grande do 
Sul e Santa Catarina já eliminado

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