Buscar

Tireoidite Subaguda Granulomatosa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
 
 
 
 
 
 
 Paciente G.M.A., 35 anos, deu entrada no 
pronto socorro, queixando-se de dor cervical intensa há 
2 dias, associado a mialgia, febre aferida de 38ºC, 
palpitações, mal-estar, sensação de morte, agitação 
intensa. Relata que estava com amigdalite aguda há 1 
semana, que foi tratada apenas com anti-inflamatórios e 
que quando melhorou apareceram estes sintomas e está 
apavorada não sabe mais o que fazer. Nega 
comorbidades, alergias e vícios. Faz uso de selene. 
DUM: 10/012018. 1 cesariana prévia há 3 anos. 
 Ao exame físico, encontrava-se em Regular 
estado geral, com fascies de dor, com agitação 
psicomotora, acianótica, anictérica, febril 37.9ºC, 
corada, desidratada +/4+, lúcida e orientada em tempo e 
espaço. 
Oroscopia: sem sinais inflamatórios. 
 Otoscopia: sem sinais inflamatórios. 
 Vermelhidão em região anterior do pescoço, 
quando palpado região apresentou intensa dor, com 
múltiplos linfonodos cervicais e tireoide de consistência 
mais endurecida, sem nódulos. 
 Taquipneica, FR 26irpm, com murmúrio 
vesicular presente bilateralmente sem ruídos 
adventícios, SatO2 (98 %). 
 Taquicardica, FC 135 bpm, com bulhas rítmicas 
normofonéticas em 2 tempos sem sopro. 
 Abdome plano, ruído hidroaéreo presente, 
flácido e indolor. 
 Membros inferiores, simétricos, sem edema, 
com pulsos palpáveis e panturrilhas livres. 
 
 
 
Você colocou o paciente na emergência para 
monitorização, solicitou exames laboratoriais, 
eletrocardiograma. 
 
Hb:14,2 / Ht:45 / Leucócitos: 17.580 (Bastonetes 1 %) / 
Plaquetas 250.000/ Ureia 20/ Creatinina 0,8/ Na 138/ K 
4.2 / Troponina <0.003/ CKMB 15/ TGO 32/ TGP 12/ 
PCR 8.9/ VHS 50 /. 
Radiografia de tórax: dentro do limite esperado para 
normalidade. 
ECG: taquicardia sinusal com FC 135 bpm. 
 
Qual principal hipótese diagnóstica (Sindrômica, 
Anatômica e Etiológica)? 
 A principal hipótese diagnóstica é a de 
Tireoidite subaguda granulomatosa. 
É uma inflamação tireoidiana caracterizada por 
uma evolução trifásica de tireotoxicose transitória, 
seguida por hipotireoidismo, seguido por um retorno ao 
eutireoidismo. Sua etiologia é principalmente por 
infecções virais, como caxumba, influenza, adenovírus, 
ecovírus ou Coxsackie. É um quadro inflamatório mais 
comum em mulheres na faixa de 30 a 50 anos. 
Raramente pode haver hipotireoidismo definitivo com 
necessidade de reposição de hormônio tireóideo. 
A fase tireotóxica inicial, decorrente do dano 
folicular tireoidiano e da liberação de hormônio pré-
formado, é associada a dor na tireoide, altos níveis 
séricos de hormônio tireoidiano com uma baixa 
captação de radioiodo, velocidade de 
hemossedimentação (VHS) elevada, proteína C-reativa 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
 
elevada e uma doença sistêmica semelhante à gripe 
(influenza), com febre, mialgia e mal-estar. 
 A dor e a sensibilidade à palpação da 
tireoide, que podem ser migratórias e afetar diferentes 
áreas da glândula em diferentes momentos, são típicas 
da fase tireotóxica. A tireoide se encontra geralmente 
aumentada, firme e sensível à palpação. 
 
Como você poderia confirmar seu diagnóstico? 
(Quais exames deverão ser solicitados? E quais os 
resultados esperados?) 
 Num primeiro momento, o exame clínico é 
realizado com palpação da glândula tireóidea, 
procurando aumento da glândula e dor à palpação,a 
presença ou não de eritema cervical associado. Após o 
exame clínico, a confirmação pode ser feita mediante 
achados laboratoriais, como: hormônio estimulante da 
tireoide (TSH); T4 total; T3 total; captação de T3 em 
resina; índice de tiroxina livre; proporção T3:T4; 
captação de iodo radioativo; VHS; PCR. 
 Além desses exames, o médico pode considerar 
a realização de um biópsia, caso os exames laboratorias 
sejam inespecíficos. Além disso, ultrassonografia da 
tireoide pode ser um bom indicativo de tireoidite já que 
a glândula estará com morfologia globosa e textura 
marcadamente heterogénea de forma difusa. O 
acompanhamento dos níveis de T3 e T4 serve para 
acompanhar as fases da doença, em que há um 
hipertireoidismo na fase inicial ( maiores níveis de T4 e 
baixos níveis de TSH, seguida de hipotireoidismo, com 
baixos níveis de T4 e altos níveis de TSH.) 
 
 
 
 
Esta paciente necessita de internação neste 
momento? Como ela deverá ser tratada? 
 No momento a paciente não necessita de 
internação, pois a tireoidite subaguda é condição 
autolimitada, e geralmente nenhum tratamento 
específico é necessário. O que geralmente é feito é o 
alívio dos sintomas, até que os níveis de hormônios 
tireoidianos retornem ao normal. 
Para o alívio da dor e inflamação: AINES 
(antiinflamatórios não-esteróides); Corticosteróides: 
usado como alternativa ao AINES. Prednisona é um 
exemplo de corticosteroides usados. 
Para alívio dos sintomas do hipertireoidismo: Beta-
bloqueadores: ajuda a reduzir a pressão arterial e a 
frequência cardíaca. 
Para o hipotireoidismo (segunda fase da 
doença): Levotiroxina: hormônio sintético que substitui 
as necessidades do corpo, enquanto a tireóide recupera. 
 
Ela precisará de acompanhamento? Justifique. 
 Sim, o acompanhamento é essencial para um 
bom prognóstico. Como já é de conhecimento, a 
tireoidite é dividida em três fases (hipertireoidismo, 
hipotireoidismo e eutireoidismo). Para que essas fases 
sejam superadas, sem maiores lesões à tireoide é 
fundamental que o paciente seja acompanhado 
frequentemente, para que sejam identificadas suas 
necessidades hormonais e, assim, evitado o 
hipotireoidismo. 
 
Este quadro aumenta o risco de câncer no futuro? 
 Não, os fatores conhecidos que aumentam o 
risco de câncer na tireóide são: Gênero e idade; 
condições hereditárias; Câncer Medular de Tireoide; 
histórico familiar; dieta pobre em Iodo; exposição à 
radiação ionizante.

Continue navegando