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Tema 2 - Intervenção, Estado de Defesa e Estado de Sítio DESCRIÇÃO: Os tipos de elementos de estabilização constitucional para defesa do Estado e das instituições democráticas. PROPÓSITO: Entender as regras e os princípios que fundamentam o funcionamento dos elementos de estabilização constitucional para a promoção da defesa do Estado e das instituições democráticas. PREPARAÇÃO: Antes de iniciar seu estudo, tenha em mãos a Constituição Federal de 1988. OBJETIVOS: MÓDULO 1 MÓDULO 2 MÓDULO 3 Reconhecer as hipóteses e o processo constitucional de intervenção. Identificar as principais características e diferenças do estado de defesa e de sítio. Listar as atribuições das Forças Armadas e da segurança pública. INTRODUÇÃO Levando em consideração o passado autoritário e antidemocrático do Brasil entre os anos 60 e 80, os poderes do Presidente da República em situações de crise e a subordinação das Forças Armadas a ele são temas que a Constituição Federal de 1988 fez questão de regulamentar. Neste conteúdo, entenderemos quais são os instrumentos constitucionais que reestabelecem a ordem constitucional em momentos de crise, os chamados elementos de estabilização constitucional. Veremos também como funciona o processo de intervenção em nível federal e estadual. Por fim, identificaremos as atribuições das Forças Armadas e quais são os órgãos que compõem a segurança pública do país. MÓDULO 1: Reconhecer as hipóteses e o processo constitucional de intervenção INTERVENÇÃO FEDERAL E INTERVENÇÃO ESTADUAL Intervenção: Aspectos Introdutórios Antes de iniciarmos o estudo sobre intervenção federal e intervenção estadual, é necessário entendermos como os Estados são organizados. A partir desse estudo, será mais fácil compreender como os entes federativos brasileiros surgiram, quem são eles, quais são suas principais características e a justificativa constitucional da possibilidade de intervenção. A organização e a estruturação dos Estados são divididas em três: FORMA DE GOVERNO SISTEMA DE GOVERNO FORMA DE ESTADO Caracterizada pelo modelo institucional de administração de uma sociedade. Caracterizada pela forma como o poder político é exercido e dividido na sociedade. Caracterizada pelo modo de exercício do poder político em função do território. As espécies estão presentes no Texto Constitucional nos artigos 1º e 76 da CF/88. Esses artigos estabelecem, respectivamente, a forma republicana de governo, o sistema Presidencialista e a forma federativa de Estado. Aqui, vamos estudar cada um deles começando pela República. A República originou-se como um governo de oposição à Monarquia, objetivando a retirada do poder das mãos do Reino para a nação. Esse sistema de governo surgiu a partir dos ideais de liberdade e igualdade, fundamentados pelos liberais do século XVIII, com a insurgência contra as injustiças dos reis e a ascensão da burguesia. Foi com a Constituição Americana de 1787 e outras do mesmo período que a República se concretizou em um documento formal, servindo de inspiração para outros países. Entre suas principais características, destacam-se a representatividade dos governantes, alternância no poder e a responsabilização política, civil e penal de seus detentores. É possível também, por meio da República, a participação dos cidadãos no governo e na administração pública. O Presidencialismo também é mencionado na Constituição Americana de 1787. O Presidencialismo une as chefias do Estado, do Governo e da administração pública em uma pessoa. Por intermédio da votação popular, o sistema possibilita a implementação de transformações profundas na vida em sociedade por meio do governante eleito. ATENÇÃO Embora tenha a participação popular, esse sistema de governo potencializa o risco de regimes autoritários e crises institucionais pela falta de apoio da maioria do governo, tendo em vista a concentração do poder uma só pessoa. A Federação também é apontada em 1787 pela Constituição Americana. Os Estados norte-americanos uniram-se por meio de um tratado internacional — característica da confederação — para se protegerem contra as ameaças da antiga metrópole inglesa e a secessão dos Estados. Em busca dessa proteção, os Estados Confederados estruturaram as bases para a Federação norte-americana. Essa forma de Estado fazia com que cada um cedesse parcela de sua soberania para um órgão central que seria o responsável pela centralização e unificação, sendo os Estados autônomos entre si. A partir dessa união, surgiu os Estados Unidos da América. Você sabia O modelo federativo brasileiro surgiu com o Decreto n. 1, de 15 de novembro de 1889, sendo consolidado formalmente em uma Constituição no ano de 1891, pela denominada “Constituição Republicana”. Existem diferentes tipos de federalismo, sendo alguns apontados pela doutrina: • Federalismo por Agregação: Embora sejam independentes e autônomos, os Estados abrem mão de parte de sua soberania para se agregarem entre si e formarem um novo Estado, passando a ser autônomo (ex.: Estados Unidos). • Federalismo por Desagregação: Quando o Estado unitário (unidade de poder sobre o território) resolve descentralizar-se em outros Estados (ex.: Brasil). • Federalismo Dual: As atribuições de cada ente federativo são rígidas, não havendo cooperação ou interpenetração entre eles. • Federalismo Cooperativo: As atribuições de cada ente federativo são exercidas de forma concorrente, aproximando-se por meio da atuação conjunta. • Federalismo Simétrico: Tanto a cultura quanto o desenvolvimento dos entes federativos são homogêneos/iguais. • Federalismo Assimétrico: Pluralidade de língua e cultura em um mesmo território (ex.: Canadá). • Federalismo Orgânico: Os Estados fazem parte do mesmo “organismo”, pelo qual a manutenção do todo é feita em detrimento da parte. • Federalismo de Integração: Preponderância do governo central em detrimento dos demais entes. Desse modo, as características do modelo federativo são atenuadas. • Federalismo Equilíbrio: Aqui, busca-se a harmonia entre os entes, reforçada pelas instituições. • Federalismo de Segundo Grau: Feita por meio dos municípios pela observância de dois graus (Constituição Federal e Constituição do respectivo Estado). Embora possua tipologias distintas, o modelo federativo apresenta características comuns e inerentes a cada um, como: 1. Descentralização política: Feita pela Constituição por intermédio dos poderes políticos. 2. Repartição de competências: Garante a autonomia entre todos os entes federativos. 3. Inexistência do direito de secessão: Sendo vedado, após a criação do pacto federativo, que o Estado se separe dos demais. 4. Auto-organização dos Estados: Feita pela elaboração das Constituições Estaduais. 5. Intervenção: Possibilidade de, em situações de crise, que a União ou o Estado intervenha no ente para assegurar o equilíbrio federativo. Os três aspectos da organização e estrutura do Estado brasileiro são a República (forma de governo), Presidencialista (sistema de governo) e Federação (forma de Estado). Tanto a República quanto a Federação foram fundamentados no art. 1º da CF/88, ao disciplinar que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos estados, municípios e do Distrito Federal, além do art. 18, que estabelece a organização político-administrativa do Brasil pela União, estados, Distrito Federal e dos municípios, todos autônomos1. O tema “intervenção” tem relação justamente com a autonomia dos entes que compõem a Federação brasileira. Embora o art. 18 da CF/88 estabeleça que os entes são autônomos, existem hipóteses excepcionais e anormais em que a autonomia pode sofrer interferência com base constitucional. Essas hipóteses devem ser interpretadas de forma restritiva e seu rol é taxativo. A intervenção pode ser feita de duas formas: • Federal: Quando a União intervém nos estados, Distrito Federal (art. 34 daCF/88) ou nos municípios localizados em território federal (art. 35 da CF/88). • Estadual: Quando o estado intervém em seus municípios (art. 35 da CF/88). INTERVENÇÃO FEDERAL A intervenção federal consiste no afastamento temporário da autonomia política dos estados ou municípios em território federal em razão das hipóteses constitucionais taxativas (art. 34 da CF/88). Ao intervir nos entes, a União resguarda a unidade, viabilidade e estabilidade do sistema federativo. ATENÇÃO A intervenção federal nos municípios só é admitida quando eles estiverem localizados em território federal (art. 35 da CF/88). Para a decretação da intervenção federal, é necessário o preenchimento de dois pressupostos: materiais e formais. Os pressupostos materiais dizem respeito às hipóteses autorizadoras de intervenção nos estados e no Distrito Federal. Elas são agrupadas em quatro finalidades: • Defesa e Estado (art. 34, I e II da CF/88): Para manter a integridade nacional ou repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra. 1 A autonomia conferida aos entes federados brasileiros se refere à capacidade de auto-organização (art. 25 da CF/88), autogoverno (art. 27, 28 e 125 da CF/88), autoadministração e auto legislação (art. 18, 25 a 28 da CF/88). Importante destacar que autonomia não é sinônimo de soberania. • Defesa do Princípio Federativo (art. 34, II, III e IV da CF/88): Para repelir a invasão de uma unidade da Federação em outra, pôr termo a grave comprometimento da ordem pública ou garantir o exercício de qualquer Poder da Federação. • Defesa das Finanças Estaduais (art. 34, V da CF/88): Para reorganizar as finanças da unidade da Federação que suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior, ou deixar de entregar aos municípios receitas tributárias fixadas na Constituição Federal, dentro dos prazos estabelecidos em lei. • Defesa da Ordem Constitucional (art. 34, VI E VII da CF/88): Para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial ou assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: forma republicana, sistema representativo e regime democrático, direitos da pessoa humana, autonomia municipal, prestação de contas da administração pública, direta e indireta ou a aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Os pressupostos formais, por outro lado, referem-se ao processo de decretação da intervenção federal. Tanto a decretação quanto a execução da intervenção são competência privativa do Presidente da República (art. 84, X da CF/88). O decreto deverá constar a amplitude, prazo e as condições de execução. Se for o caso, na hipótese de intervenção no Poder Executivo ou no Legislativo, o presidente deverá nomear o interventor (art. 36, § 1º da CF/88). A intervenção pode ser decretada de três maneiras, sendo elas: • Espontânea (art. 34, I, II, III e V da CF/88): Quando a decretação depender da ocorrência de motivos que a autorizam. Nesse caso, o Presidente da República poderá decretá-la de ofício, sem provocação de terceiros. • Solicitada (art. 36, I, §1ª parte da CF/88): Em razão da garantia do livre exercício de qualquer Poder nas Unidades da Federação. A decretação dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou do Executivo coacto ou impedido. Aqui, a decretação é considerada um ato discricionário. • Requisitada (art. 36, I, §2ª parte, II e III da CF/88): Quando depender de requisição de órgão do Judiciário nas seguintes hipóteses: i. Requisição do Supremo, nos casos de coação exercida contra o Judiciário. ii. Requisição do Supremo, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral, no caso de desobediência à ordem ou decisão judiciária. iii. Requisição do Supremo quando o tribunal der provimento à representação do procurador-geral da República, no caso de recusa à execução da lei federal. Em todas as hipóteses, a decretação é um ato vinculado. É possível que a decretação da intervenção seja objeto de controle político ou jurisdicional, feito, respectivamente, pelo Congresso Nacional ou pelo Supremo Tribunal Federal. Controle político (art. 36, §§ 1º, 2º e 3º da CF/88): No prazo de 24 horas, o decreto de intervenção editado pelo Presidente da República será submetido à apreciação do Congresso Nacional. Quando o Congresso não estiver funcionando, a apreciação será feita por meio de convocação extraordinária. O controle será dispensado quando a intervenção for decretada para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial, ou para assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis, devendo o decreto limitar-se a suspender a execução do ato impugnado se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. Controle jurisdicional (art. 36, I a III da CF/88): Controle feito pelo Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “f” da CF/88). O Supremo não poderá fazer análise de mérito do ato de intervenção, já que este possui natureza política. O controle será cabível nas hipóteses em que não forem observados os ditames constitucionais. INTERVENÇÃO ESTADUAL A intervenção estadual consiste no afastamento temporário da autonomia política dos municípios em razão das hipóteses taxativas da Constituição Federal (art. 35 da CF/88). Para o estado intervir no município, é necessário o preenchimento de dois pressupostos. O primeiro refere-se aos pressupostos materiais (art. 35 da CF/88), ou seja, as hipóteses em que será cabível a intervenção: • Deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada (art. 35, I da CF/88). • Não forem prestadas contas devidas, na forma da lei (art. 35, II da CF/88). • Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde (art. 35, III da CF/88). • O Tribunal de Justiça der provimento à representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial (art. 35, IV da CF/88). Além dos pressupostos materiais, o estado deverá atentar-se aos pressupostos formais (art. 36 da CF/88), ou seja, às regras procedimentais para decretação e execução da intervenção, sendo elas as seguintes: COMPETÊNCIA DECRETO O governador do estado detém a competência privativa para decretar e executar a intervenção estadual. O decreto de intervenção deverá conter a amplitude, prazo, condições de execuções e a nomeação do interventor, se necessário (art. 36, § 1º da CF/88). A intervenção estadual também deverá passar pelo controle político, exercido pelas Assembleias Legislativas. Do mesmo modo que, na intervenção federal, o decreto deverá ser submetido à apreciação do legislativo estadual (Assembleia Legislativa), no prazo de 24 horas. O controle será dispensado quando a intervenção for decretada para prover a execução de lei, ordem ou decisão judicial, ou para assegurar a observância dos princípios indicados na Constituição Estadual (art. 35, IV da CF/88). Nesse caso, o decreto deverá limitar-se em suspender a execução do ato impugnado se tal medida bastar ao restabelecimento da normalidade (art. 36, § 3º da CF/88). REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA Como vimos, o processo de intervenção, em regra, tem início com o Presidente da República com posterior controle político pelo Congresso Nacional e, em alguns casos, jurídico pelo Supremo Tribunal Federal. Contudo, existe uma situação excepcional em que o processo é realizado de maneira distinta. Em situação específica, o procurador-geral da República terá competência para requerer a intervenção em um ente federativo por intermédio da representação interventiva2. Essa representação é um mecanismo de controle deconstitucionalidade que tem como finalidade a resolução de conflitos de natureza federativa. Do mesmo modo que os outros processos de intervenção, a representação interventiva também pode ser processada e julgada em nível federal (Supremo Tribunal Federal) ou estadual (Tribunais de Justiça). Nesse 2 A representação interventiva é um mecanismo de controle-concreto de constitucionalidade, pois o Poder Judiciário fará análise da lei estadual em face das possíveis violações aos princípios sensíveis constitucionais ou quando ela se recusar a executar lei federal. sentido, o contraditório será exercido entre a União e Estado-membro/Distrito Federal em nível federal, ou entre estado e município em nível estadual. Primeiramente, vamos estudar a representação interventiva federal. Conforme mencionado, o procurador-geral da República (PGR) detém a legitimidade ativa da representação. Ele agirá como substituto processual na defesa do interesse coletivo quando houver violação dos princípios sensíveis, sendo eles os seguintes: • Forma republicana, sistema representativo e regime democrático (art. 34, VII, “a” da CF/88). • Direitos da pessoa humana (art. 34, VII, “b” da CF/88). • Autonomia municipal (art. 34, VII, “c” da CF/88). • Prestação de contas da administração pública, direta e indireta (art. 34, VII, “d” da CF/88). • Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde (art. 34, VII, “e” da CF/88). ATENÇÃO O PGR também poderá representar pela intervenção federal nos casos de recusa à execução de lei federal (art. 36, III da CF/88). Feita a representação, o Supremo Tribunal Federal processará e julgará a representação interventiva federal. Aqui, o Supremo verificará se a norma estadual viola os princípios sensíveis ou impede a execução de lei federal. Se restar provada que a norma afronta aos princípios ou a execução da lei federal, o presidente do Supremo levará ao conhecimento do presidente a decisão3 para com que ele cumpra o disposto no art. 36, §§ 1º e 3º da CF/88. Em nível estadual, a representação interventiva estadual é proposta exclusivamente pelo procurador-geral de Justiça, cabendo o processo e julgamento ao Tribunal de Justiça do Estado. Essa representação é simétrica à federal (cabimento no caso de inobservância dos princípios indicados na Constituição Estadual ou para prover a execução de lei), embora possua um pressuposto material a mais: provimento de execução de ordem ou decisão judicial (art. 35, IV da CF/88). ATENÇÃO A decisão também tem caráter de natureza político-administrativa e não pode ser combatida por Recurso Extraordinário. Importante destacar que a decretação da intervenção, resultante da representação interventiva estadual, não poderá ser objeto de controle político (art. 36, § 3º da CF/88). VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. Em algumas hipóteses, o decreto de intervenção federal deverá ser objeto de controle político pelo congresso nacional ou controle jurisdicional pelo supremo tribunal federal. Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta: a) O decreto de intervenção será submetido à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 48 horas. b) O decreto de intervenção não será apreciado pelo Congresso Nacional quando este não estiver funcionando. 3 A decisão acima tem natureza político-administrativa, sendo irrecorrível e insuscetível de impugnação por ação rescisória (art. 9ª a 12 da Lei 12.562/11), já que não se trata de uma decisão de caráter jurisdicional. c) O controle exercido pelo Congresso Nacional é dispensado apenas nos casos em que a intervenção for decretada para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial, ou para assegurar os princípios constitucionais sensíveis.4 d) O decreto de intervenção será submetido à apreciação do Supremo Tribunal Federal no prazo de 24 horas. e) O controle jurisdicional pode ser utilizado para a análise do mérito do ato de intervenção. 2. Conhecida como mecanismo de controle concentrado-concreto de constitucionalidade, a representação interventiva possibilita a intervenção federal por intermédio de representação do procurador-geral da república nos estados-membros. Sobre esse tópico, é correto afirmar: a) a legitimidade ativa é atribuída exclusivamente ao procurador-geral da República.5 b) É cabível representação interventiva federal quando a norma estadual violar o sistema Presidencialista. c) A competência para processar e julgar a representação é do Superior Tribunal de Justiça. d) A decisão que julga procedente o pedido de representação é suscetível de impugnação por ação rescisória. e) Se a representação for julgada procedente, o presidente do Supremo decretará a intervenção federal no Estado-membro. MÓDULO 2: Identificar as principais características e diferenças do estado de defesa e de sítio DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Para manter ou restabelecer a ordem constitucional em momentos de anormalidades, de forma excepcional, o Presidente da República poderá decretar estado de defesa ou estado de sítio, dispostos dentro do Título V – Da Defesa de Estado e das Instituições Democráticas, nos arts. 136 a 141 da CF/88. Esses dois instrumentos buscam a proteção da ordem pública e da paz social. SAIBA MAIS: Esses instrumentos são disciplinados pelo sistema constitucional de crises. Esse sistema é ordenado por um conjunto de normas constitucionais que buscam reestabelecer a normalidade constitucional em situações de crises. Essas normas são pautadas pelos princípios da necessidade e temporariedade. É importante destacar que, devido ao perigo contra a ordem constitucional, essas medidas não delegam poder de mando absoluto ao Presidente da República e nem a qualquer outra instituição. Pelo contrário, por serem medidas excepcionais, devem obediência a alguns pressupostos, como os seguintes: • Excepcionalidade: A decretação desses instrumentos deve ocorrer em última hipótese, quando não existirem outros instrumentos mais adequados e menos gravosos para o enfrentamento da crise. • Taxatividade: As hipóteses para decretação devem ser aquelas indicadas na Constituição Federal. • Temporariedade: Esses instrumentos não podem se perpetuar de forma indeterminada no tempo. • Determinação Geográfica: Os instrumentos devem conter determinação do espaço de atuação das medidas restritivas. 4 A alternativa "C" está correta. De acordo com o art. 36, § 3º da CF/88, nos casos do art. 34, VI e VII e art. 35, IV da CF/88, será dispensada a apreciação política pelo Congresso Nacional, devendo o decreto limitar-se a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao reestabelecimento da normalidade. 5 A alternativa "A" está correta. De acordo com o art. 36, III da CF/88, a intervenção dependerá de requisição do procurador-geral da República no caso de recusa à execução de lei federal ou no caso de violação dos princípios sensíveis. O provimento da intervenção será feito por meio do Supremo Tribunal Federal. Com o advento da Emenda Constitucional 45/2004, a competência para processar e julgar a representação interventiva federal é do Supremo Tribunal Federal. • Sujeição a Controle: O controle é justificado pela excepcionalidade da medida, proteção aos direitos afetados e aos princípios da separação dos poderes. • Publicidade: Após a decretação, deverá haver publicidade para os instrumentos implementados, sendo até mesmo exigência da comunidade internacional no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. • Proporcionalidade: Os instrumentos devem ser proporcionalmente justos para o restabelecimento da normalidade. A Constituição Federal determina a obediência desses pressupostos para evitar que o Presidente da República aja arbitrariamente em favor de seus interesses na persecução dealgum objetivo anormal a ordem constitucional, como perseguição política, cultural ou até mesmo ideológica. Esses instrumentos foram utilizados sem a observância desses pressupostos durante o Estado Novo, sob o governo de Getúlio Vargas, e na ditadura militar de 1964. ATENÇÃO Esses instrumentos são excepcionais, pois atuam de forma atípica dentro do Estado Democrático de Direito. A referida “atipicidade” ocorre pela possibilidade de restrição de alguns direitos fundamentais, como o direito de reunião, sigilo de correspondência, comunicação telegráfica e telefônica (art. 136, I da CF/88). Contudo, embora possam ser restringidos, é possível que o Poder Judiciário reprima abusos e ilegalidades cometidos durante o estado de crise contra qualquer cidadão (art. 5º, XXXV da CF/88), por intermédio do mandado de segurança ou habeas corpus, desde que abrangidos nos limites expostos no art. 136, § 1º da CF/88 (restrições de direito). ESTADO DE DEFESA O estado de defesa é um instrumento de medida temporária destinada a preservar ou restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social, ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional, ou atingidas por calamidades de grandes proporções da natureza (art. 136 da CF/88). Para a decretação e exercício do referido mecanismo é necessário o preenchimento de algumas normas procedimentais. Primeiramente, é importante entender que cabe ao Presidente da República (art. 84, IX e 136 da CF/88), por meio de decreto, após ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa, decretar o estado de defesa. ATENÇÃO O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional são órgãos de consulta. Eles devem ser previamente ouvidos pelo Chefe do Executivo. Contudo, as opiniões por eles emitidas, favorável ou desfavoravelmente pela decretação, são meramente opinativas. Logo, não possuem caráter vinculativo. Portanto, o Presidente da República poderá decretar o estado de defesa mesmo sem o “aval” dos dois conselhos. Por meio do decreto, o Presidente da República deverá determinar: • O tempo de duração da medida. • A área que será abrangida. • As medidas coercitivas que devem vigorar durante a sua vigência. Sendo: • Duração (art. 136, § 2º da CF/88): O estado de defesa deverá durar no prazo máximo de 30 (trinta) dias prorrogados por mais 30 (trinta) dias, por uma única vez. • Medidas coercitivas (art. 136, I, “a”, “b” e “c” da CF/88): Restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio das associações, sigilo de correspondência, sigilo de comunicação telegráfica e telefônica e ocupação. Será possível também a ocupação e o uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. Também é possível que haja relativização do art. 5º, LXI da CF/88. Esse artigo determina que a prisão somente poderá ser efetuada em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judicial competente. Ocorre que, enquanto vigente o estado de defesa, é possível que a determinação da prisão — de crimes contra o Estado — seja feita pelo executor da medida e não pela autoridade judicial competente. Após a prisão, de crime contra o Estado, o juiz competente deverá ser imediatamente comunicado, podendo, se ilegal, relaxar a prisão (art. 136, § 3º, I da CF/88). A comunicação ao juiz competente deverá ser acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação (art. 136, 3º, II da CF/88). O prazo da prisão ou detenção não poderá ser superior a 10 (dez) dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário (art. 136, 3º, III da CF/88). Ainda assim, é vedada a incomunicabilidade do preso (art. 136, § 3º, IV da CF/88). Após sua decretação, o estado de defesa poderá ser objeto de controle político imediato, concomitante, sucessivo e controle jurisdicional concomitante ou sucessivo. O controle político imediato é feito pelo Congresso Nacional (art. 136, §§ 4º a 7ª da CF/88). Após a decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação, o presidente deverá, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, submeter o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional. Após a submissão, o Congresso deverá decidir pela maioria absoluta de seus membros sobre a aprovação ou suspensão da decretação do estado de defesa, por meio de decreto legislativo (art. 49, IV da CF/88). Caso o Congresso Nacional esteja em recesso, deverá ser convocado, pelo presidente do Senado Federal, reunião extraordinária no prazo de 5 (cinco) dias. O decreto deverá ser apreciado no prazo de 10 (dez) dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. Se o decreto for rejeitado, a referida medida deverá ser imediatamente cessada. O controle político concomitante é exercido pela Comissão da Mesa do Congresso Nacional para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas do estado de defesa (art. 140 da CF/88). Essa Comissão deverá ser designada após ouvidos os líderes partidários do Congresso, sendo composta por 5 (cinco) de seus membros. O controle político sucessivo é feito pelo Congresso Nacional por meio de um relatório elaborado pelo Presidente da República sobre as medidas aplicadas na vigência do estado de defesa com a especificação e justificação das medidas adotadas e a relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. O Congresso poderá, por meio desse controle, processar o presidente por eventuais crimes de responsabilidade praticados durante a vigência do referido instrumento. O controle jurisdicional concomitante está exposto no art. 136, § 3º da CF/88. Esse artigo destaca a possibilidade de controle judiciário da prisão efetivada pelo executor da medida nos crimes contra o Estado. A prisão não poderá ser superior a 10 (dez) dias, podendo ser majorada apenas pelo Poder Judiciário. Esse controle também permite que o Judiciário reprima abusos ou ilegalidades cometidos durante o estado de defesa contra qualquer pessoa por intermédio de mandado de segurança ou habeas corpus, desde que a essa possibilidade esteja abrangida dentro dos limites estabelecidos no art. 136, § 1º da CF/88 (restrições de direito). O controle jurisdicional sucessivo está descrito no art. 141, caput da CF/88. Esse artigo estabelece que, cessado o estado de defesa e seus efeitos, os executores ou agentes poderão ser responsabilizados pelos ilícitos cometidos durante o estado de crise constitucional. Embora não pacificado pela doutrina ou pela jurisprudência, uma parte da doutrina aponta ser possível o controle jurisdicional imediato. Essa medida admite a possibilidade de o Poder Judiciário controlar judicialmente o ato político da decretação do estado de defesa nas hipóteses de abuso de direito ou desvio de finalidade. O controle deverá ser feito de forma excepcional. Observe no quadro abaixo as características do estado de defesa: CARACTERÍSTICAS DO ESTADO DE DEFESA Hipóteses (art. 136, caput da CF/88) Preservar ou reestabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções da natureza. Decretação (art. 84, IX da CF/88) Presidente da República. Conteúdo do decreto (art. 136, § 1º da CF/88) Tempo de sua duração, áreas a serem abrangidas e indicação, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigoraram. Duração (art. 136, § 2º da CF/88) Máximo de 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação. Medidas coercitivas (art. 136, § 1º I, II e § 3º, I da CF/88) Restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio das associações, sigilo de correspondência, sigilo de comunicação telegráfica e telefônica, ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade púbica,respondendo a União pelos danos e custos decorrentes e restrição à garantia do art. 5º, LXI da CF/88 dada a possibilidade de determinação de prisão pelo executor da medida. Áreas abrangidas (art. 136, caput da CF/88) Locais restritos e determinados. ESTADO DE SÍTIO O estado de sítio também é um instrumento de medida temporária, mas difere do primeiro em relação às hipóteses de decretação, sendo elas as seguintes: • Comoção grave de repercussão nacional. • Ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa. • Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (art. 137, I e II da CF/88). Assim como o estado de defesa, para a decretação do estado de sítio, é necessária a obediência dos ditames constitucionais (arts. 137 a 139 da CF/88). Inicialmente, a Constituição Federal determina o Presidente da República como autoridade competente para decretar o estado de sítio, após oitiva do Conselho da República e de Defesa Nacional (art. 137, caput da CF/88). Contudo, diferentemente do primeiro instrumento, aqui o presidente deverá pedir, previamente, autorização do Congresso Nacional para a decretação do estado de sítio, devendo este órgão decidir pela aprovação ou reprovação da medida por meio de maioria absoluta de seus membros, mediante decreto legislativo (art. 49, IV e 137, parágrafo único da CF/88). Se o Congresso Nacional autorizar o estado de sítio, o Presidente da República poderá ou não decretar a medida (discricionariedade política). Contudo, se o Congresso Nacional reprovar o estado de sítio, o Presidente da República não poderá decretar a medida por aquele mesmo motivo, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade. Quando aprovado, o decreto de estado de sítio deverá conter a duração da medida, as normas necessárias à sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de aprovado, o presidente designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas (art. 138, caput da CF/88). Sobre essas especificações, é necessário destacar os seguintes pontos: 1. ÁREA ABRANGIDA PELO DECRETO: A designação da área abrangida será especificada depois de publicado o decreto. É importante destacar que não há necessidade de o decreto abranger toda a área geográfica do território nacional. Embora tenha como uma das hipóteses a comoção grave de repercussão nacional. 2. DURAÇÃO DA MEDIDA: Aqui existem duas especificidades. No caso de comoção grave de repercussão nacional ou da ineficácia das medidas tomadas durante o estado de defesa, a medida não poderá ser superior a 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogada por quantas vezes forem necessárias pelo mesmo prazo (não superior a trinta dias). Já no caso de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira, a medida poderá perdurar durante toda a guerra ou agressão armada estrangeira (art. 138, § 1º da CF/88). Por ser um instrumento mais grave que o estado de defesa, é possível adotar medidas coercitivas mais duras durante a vigência do estado de sítio. Essas medidas são divididas em razão das hipóteses do art. 137 da CF/88, sendo elas: 1. COMOÇÃO GRAVE DE REPERCUSSÃO NACIONAL OU INEFICÁCIA DAS MEDIDAS TOMADAS DURANTE O ESTADO DE DEFESA (ART. 139, I A VII): Na vigência do estado de sítio, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: obrigação de permanência em localidade determinada; detenção em edifício destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informação e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; suspensão da liberdade de reunião; busca e apreensão em domicílio; intervenção nas empresas de serviços públicos; requisição de bens. 2. DECLARAÇÃO DE GUERRA OU RESPOSTA À AGRESSÃO ARMADA ESTRANGEIRA: Nesse caso, qualquer garantia constitucional poderá ser suspensa desde que, nas restrições, sejam observados os princípios da necessidade e da temporariedade, que tenha havido prévia autorização do Congresso Nacional e desde que o decreto indique a duração, normas necessárias à sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas. Assim como no estado de defesa, a decretação do estado de sítio poderá ser objeto de controle político e jurisdicional. O controle político poderá ser feito de maneira prévia, concomitante ou sucessiva. Já o controle jurisdicional poderá ser feito de maneira concomitante e sucessiva. O controle político prévio é feito pelo Congresso Nacional antes da decretação ou prorrogação da medida excepcional. Para isso, o Chefe do Executivo deverá submeter para aprovação no Congresso o pedido de decretação de estado de sítio. Decretada a medida, o referido órgão permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas (art. 138, § 3º da CF/88). O controle político concomitante é feito pela Mesa do Congresso Nacional. Após ouvidos os líderes partidários, será designado pela Comissão do Congresso um grupo de 5 (cinco) membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de sítio (art. 140 da CF/88). O controle político sucessivo é feito após o período da medida excepcional. Cessado o estado de sítio, o Presidente da República deverá relatar ao Congresso Nacional quais medidas foram aplicadas durante a vigência da medida, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas (art. 141, parágrafo único da CF/88). O controle jurisdicional concomitante é feito pelo Poder Judiciário a partir do julgamento de qualquer lesão ou ameaça a direito, abuso ou excesso de poder durante a execução do estado de sítio, observados os limites constitucionais. Assim como no estado de defesa, esse direito constitucional é fundamentado pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição. O controle jurisdicional sucessivo é feito após o período da medida excepcional. Cessado o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes (art. 141, caput da CF/88). Acompanhe a síntese das características do estado de sítio no quadro abaixo: CARACTERÍSTICAS DO ESTADO DE DEFESA Hipóteses (art. 137, I e II da CF/88) Comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa ou declaração de Estado de guerra, ou resposta a agressão armada estrangeira. Decretação (art. 84, IX da CF/88) Presidente da República. Conteúdo do decreto (art. 138, caput da CF/88) Duração, normas necessárias à sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o presidente designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas. Duração (art. 138, § 1º da CF/88) No caso do inciso I, não poderá ser decretado por mais de 30 (trinta) dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior. No caso do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. Medidas coercitivas (art. 139, I a VII da CF/88) No caso do inciso I, poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: obrigação de permanência em localidade determinada, detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns, restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão na forma da lei, suspensão da liberdade de reunião, busca e apreensão em domicílio, intervenção nas empresas de serviços públicos e requisição de bens. No caso do inciso II, poderão ser restringidas qualquer garantia constitucional desde que tenham sido observados os princípios da necessidade e temporariedade, prévia autorização do CongressoNacional e desde que elas estejam previstas no decreto do estado de sítio. Áreas abrangidas (art. 138, caput da CF/88) Nível nacional, com a devida especificação após a decretação. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. Como medida excepcional, verificadas as hipóteses constitucionais, o presidente da república poderá decretar estado de defesa. Esse instrumento deve observar todo o procedimento exposto na constituição federal para ser colocado em prática. Um dos pressupostos procedimentais é a possibilidade de restrição de direitos. Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta: a) O direito de reunião poderá ser restringido, salvo quando exercido no seio das associações. b) A liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão poderão ser restringidos. c) Vigente o estado de defesa, será lícito ao Poder Público intervir nas empresas de serviços públicos. d) O direito de sigilo de telegráfico poderá ser restringido.6 e) Vigente o estado de defesa, será lícito a detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns. 2. O estado de sítio poderá ser decretado em momentos anormais de instabilidade constitucional, como nos casos de comoção grave de repercussão nacional, ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa ou a declaração de estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira. Como instrumento excepcional, essa medida poderá ser objeto de controle político e jurisdicional. Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta: a) O controle político prévio é feito pelo Congresso Nacional, que deverá aprovar ou rejeitar o pedido de decretação do presidente.7 b) O controle político concomitante é feito pela Mesa do Senado Federal com a designação de 5 (cinco) membros da Casa para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de sítio. c) O controle político sucessivo é feito pelo Congresso Nacional, após submissão do Presidente da República ao Congresso das medidas aplicadas durante a vigência do estado de sítio, sendo facultado ao Chefe do Executivo justificar as providencias adotadas durante o período. d) O controle jurisdicional concomitante é feito pelo Poder Judiciário apenas para reparar lesão ou ameaça de direito. e) O controle jurisdicional sucessivo é feito pelo Poder Judiciário para verificar a responsabilidade dos ilícitos cometidos apenas pelos executores da medida excepcional. MÓDULO 3: Listar as atribuições das Forças Armadas e da segurança pública BREVE ANÁLISE INTRODUTÓRIA As Forças Armadas e a segurança pública, dispostas também no Título V – Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, buscam a defesa do país e da sociedade. Essas instituições defendem o Estado (art. 142 da CF/88) e as instituições democráticas. Neste módulo, compreenderemos as principais características e diferenças entre essas instituições e as suas finalidades estabelecidas pelo Texto Constitucional. FORÇAS ARMADAS As Forças Armadas, instituições nacionais permanentes e regulares, são constituídas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica e tem como finalidade a defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem. Essas instituições são organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob o comando e autoridade suprema do Presidente da República (art. 142, caput da CF/88). De acordo com o art. 84, XIII da CF/88, compete ao Presidente da República, como autoridade suprema das Forças Armadas, nomear os comandantes da marinha, aeronáutica e do exército, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhe são privativos. Conforme mencionado, a base das Forças Armadas são a hierarquia e a disciplina. Por intermédio desses, tanto os superiores hierárquicos quanto a autoridade maior poderão aplicar sanções disciplinares administrativa aos militares de baixa hierarquia. Nesse sentido, é importante destacar que tanto a autoridade 6 A alternativa "D" está correta. De acordo com o art. 136, § 1º da Constituição Federal, o decreto que instituir o estado de defesa deverá determinar, além do tempo de sua duração e as áreas a serem abrangidas, as medidas coercitivas a vigorarem, sendo uma delas a restrição ao direito de sigilo de comunicação telegráfica (art. 136, § 1º, I, “c” da CF/88). 7 A alternativa "A" está correta. De acordo com o art. 137, caput da Constituição Federal, o controle político prévio é realizado pelo Congresso Nacional, pela votação do Congresso Nacional e pela aprovação ou reprovação do pedido de decretação de estado de sítio feito pelo Presidente da República. Caso o Congresso rejeite o pedido, o presidente não poderá decretar a medida excepcional requerida. quanto a responsabilidade dos militares crescem de acordo com o grau hierárquico. Para um estudo aprofundado, seguem os conceitos da base das Forças armadas: Hierarquia militar: Ordenação, dentro das Forças Armadas, da autoridade em diferentes níveis. A ordenação é feita de duas maneiras distintas: I) Postos: Grau hierárquico do oficial, sendo conferido pela autoridade suprema — Presidente da República — ou pelo Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica; II) Graduação: Grau hierárquico da praça, sendo conferido por qualquer autoridade militar competente. Disciplina: Observância e respeito das normas (leis, regulamentos e disposições militares que coordenam o funcionamento regular e harmônico). O acatamento das normas deve ser feito por todos os militares. O art. 142, § 3º da CF/88 denomina como militares os membros das Forças Armadas e estabelece algumas disposições que devem ser, por eles, observadas. Essas disposições têm previsão nos incisos I a X do artigo referido, sendo cada uma delas abordadas nos tópicos a seguir: • Patentes (art. 142, § 3º, I da CF/88): As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas. • Reserva (art. 142, § 3º, II da CF/88): O militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea c (“... acumulação remunerada de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas”), será transferido para a reserva, nos termos da lei. • Militar da Ativa e Concurso Público (art. 142, § 3º, III da CF/88): O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea c, (“... acumulação remunerada de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas”), ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo ,depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei. • Proibições (art. 142, § 3º, IV e V da CF/88): Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; Os movimentos grevistas poderiam atrapalhar e prejudicar o respeito à hierarquia, disciplina e as relações indispensáveis à garantia de manutenção da segurança da sociedade brasileira. • Perda do Posto e da Patente (art. 142, § 3º, VI da CF/88): O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra. • Condenação na Justiça Comum(art. 142, § 3º, VII da CF/88): O oficial condenado na justiça comum ou militar à pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior. • Direitos Aplicáveis (art. 142, § 3º, VIII da CF/88): Aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea c. Os incisos II, III e VIII do art. 142, §3º preveem a possibilidade de acumulação de cargos para os militares. Essa previsão constitucional, além de retratar o princípio da isonomia entre os servidores civis e militares, possibilita que esses profissionais não abandonem as Forças Armadas em decorrência de algum cargo público. • Ingresso nas Forças Armadas (art. 142, § 3º, X da CF/88): A lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. Conforme estudado, cabe as Forças Armadas a defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais e a proteção da lei e da ordem. Desse modo, não compete a essa instituição o cuidado da segurança pública (art. 144 da CF/88). Entretanto, em casos excepcionais, de forma subsidiária e eventual, poderá ser empregado o uso das Forças Armadas na segurança pública (Lei Complementar 97/99 e Decreto 3.897/2001). De acordo com o art. 15, § 2º da LC 97/99, será possível a atuação das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem8, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrendo de acordo com as diretrizes baixadas em ato da autoridade suprema, após esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da CF/88. Essa situação excepcional deverá ser utilizada como última medida, desde que esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da CF/88. De acordo com o art. 15, § 3º da LC 97/99, esses instrumentos serão considerados esgotados quando em determinado momento, forem eles formalmente reconhecidos pelo respectivo Chefe do poder Executivo Federal ou Estadual como indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional. Ainda na hipótese do parágrafo anterior, com base no art. 15, § 3º da LC 97/99, após mensagem do Presidente da República, serão ativados os órgãos operacionais das Forças Armadas, que desenvolverão, de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e repressivo necessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da ordem. Essa hipótese de atuação das Forças Militares “na garantia da lei e da ordem” não se refere à intervenção federal, ao estado de sítio ou ao estado de defesa. Essas operações tratam de uma situação de “não guerra”, não podendo ser aplicados os procedimentos de controles específicos e inerentes aos instrumentos das medidas excepcionais acima mencionadas. Ainda nas disposições constantes do art. 142, § 2º da CF/88, a Constituição Federal prevê que não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Essa disposição é uma exceção de um 8 GLO direito previsto no art. 5º, LXVIII da CF/88, fundamentada pelo princípio da hierarquia. Importante destacar que esse parágrafo não foi adicionado por emenda constitucional pelo Poder Derivado Reformador, sendo, portanto, uma norma elaborada e editada pelo Poder Constituinte Originário. Existe também a previsão constitucional do serviço militar obrigatório, conforme art. 143 da CF/88. Contudo, essa obrigatoriedade possui duas exceções: • Dispensa as mulheres e os eclesiásticos em tempos de paz, sujeitos, porém, a outros encargos previstos em lei (art. 143, § 2º da CF/88). • É possível a atribuição de serviço alternativo de tempo em paz para aqueles que alegarem imperativo de consciência, decorrente de crença religiosa, convicção filosófica ou política no alistamento eleitoral (art. 5º, VIII e 143, §§ 1º e 2º da CF/88). SEGURANÇA PÚBLICA A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, por intermédio da polícia administrativa e judiciária, busca preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio (art. 144, caput da CF/88). Ela é exercida por meio de cinco órgãos, sendo eles: • Polícia Federal (art. 144, I da CF/88) • Polícia Rodoviária Federal (art. 144, II da CF/88) • Polícia Ferroviária Federal (art. 144, III da CF/88) • Polícias civis (art. 144, IV da CF/88) • Polícias militares e corpos de bombeiros militares (art. 144, V da CF/88). Conforme mencionado, a segurança pública é exercida por intermédio da polícia administrativa e judiciária. A polícia administrativa atua de forma preventiva, antes do acontecimento do crime, por meio da polícia federal, rodoviária federal e ferroviária federal e estadual (corpo de bombeiros e polícia militar). Por outro lado, a polícia judiciária atua de forma repressiva, depois do cometimento do crime, por meio da polícia federal e estadual (polícia civil). Cada um desses órgãos é dividido em nível federal e estadual. As polícias da União são divididas em: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal. Em contrapartida, as polícias dos estados são divididas em: Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares. A Polícia Federal (art. 144, § 1º da CF/88), instituída por lei como órgão permanente, é organizado e mantido pela União e estruturado em carreira. A PF também faz parte da estrutura básica do Ministério da Justiça. Entre suas finalidades constitucionais, destacam-se as seguintes: • Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei (art. 144, § 1º, I da CF/88). • Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência (art. 144, § 1º, II da CF/88). • Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras (art. 144, § 1º, III da CF/88). • Exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União (art. 144, § 1º, IV da CF/88). SAIBA MAIS: A carreira de polícia federal é composta pelos cargos de delegado de polícia federal, perito criminal federal, escrivão de polícia federal, papiloscopista policial federal e agente de polícia federal. Esses cargos são de nível superior e o ingresso deverá ocorrer por meio de concurso público, de provas ou de provas e títulos. A Polícia Rodoviária Federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais (art. 144, § 2º da CF/88). O cargo de policial federal é de nível superior e a carreira é estruturada nas classes terceira, segunda, primeira e especial. A Polícia Ferroviária Federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. Contudo, mesmo diante da previsão constitucional, até a presente data, ainda não existe um plano de carreira para a Polícia Ferroviária Federal. Já a segurança pública estadual é atribuída às polícias civis, militares e ao corpo de bombeiros. Todos esses órgãossão organizados e mantidos pelos estados. Contudo, deverão observar as normas gerais da União sobre organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpo de bombeiros militares, tal como sobre a organização, garantias, direitos e deveres das polícias civil (art. 22, XXI e 24, XVI da CF/88). Vale destacar que os policiais civis são reconhecidos como servidores estaduais civis e os policiais militares e o corpo de bombeiros militar como servidores militares dos estados. Sobre esses órgãos, é importante destacar as seguintes características: • Polícia civil estadual: Dirigidas por delegados de polícia de carreira, possuem funções de polícia judiciária e para a apuração de infrações penais. Essa polícia deve subordinação ao governador do estado (art. 144, § 6º da CF/88). • Polícia ostensiva dos estados: A polícia ostensiva ou preventiva dos estados é composta pela polícia militar e pelo corpo de bombeiros. Esses órgãos subordinam-se aos governadores dos estados, do Distrito Federal e dos territórios (art. 144, § 6º da CF/88). ATENÇÃO: A Constituição também consagra polícias para o Distrito Federal e municípios. De acordo com a CF/88, as polícias civis, militares e o corpo de bombeiros militar estão sujeitos à disciplina fixada em lei federal e não distrital, sendo aplicável a eles um regime jurídico híbrido. Vale destacar que essas instituições são subordinadas ao governador do Distrito Federal, porém organizadas e mantidas pela União. Já os municípios, de acordo com o art. 144, § 8º da CF/88, podem constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser em lei. O art. 144, § 10º da CF/88 consagra a segurança viária. Essa é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio das vias públicas. Entre suas finalidades, destacam- se as seguintes: educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente. A CF/88 estabelece a competência dessa segurança aos estados, Distrito Federal e municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em carreira, na forma da lei. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. As forças armadas são uma instituição quem tem como base a hierarquia e disciplina. Em razão disso, os militares precisam observar e respeitar alguns ditames constitucionais e legais na atuação de suas atividades. Sobre esse tema, levando em consideração apenas as disposições constitucionais, assinale a alternativa correta: a) As patentes são conferidas pelo comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, e asseguradas apenas aos oficiais da ativa. b) Ao militar são proibidas as greves, mas não a sindicalização. c) O militar, enquanto em serviço ativo, pode se filiar a partidos políticos. d) O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível.9 e) A lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites da idade, a vitaliciedade e outras condições de transferência do militar para a inatividade. 2. A segurança pública da união é composta pela polícia federal, polícia rodoviária federal e polícia ferroviária federal. A constituição federal de 1988 estabelece a competência de cada um desses órgãos. Sobre esse tema, é correto afirmar que: a) Cabe à Polícia Rodoviária Federal exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. b) Cabe à Polícia Federal o patrulhamento ostensivo das rodovias federais. c) Cabe à Polícia Federal exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.10 d) Cabe à Polícia Ferroviária Federal a apuração de infrações penais, exceto as de militares. e) Cabe à Polícia Ferroviária Federal o patrulhamento ostensivo das rodovias federais e estaduais. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos, as medidas excepcionais para restabelecimento da ordem constitucional e as instituições de defesa do país e da sociedade devem obediência às normas previstas na Constituição Federal de 1988. Como medida excepcional, para a decretação da intervenção federal e estadual, é necessário o preenchimento de dois pressupostos: materiais e formais. Por intermédio desses requisitos, a Constituição Federal de 1988 autoriza ao Presidente da República ou aos governadores de estado a intervenção apenas quando verificado o preenchimento das hipóteses taxativas. Ademais, também é possível que o presidente decrete estado de defesa ou de sítio em situações anormais, sempre que forem preenchidas as hipóteses na Constituição Federal de 1988. Esses instrumentos deixam clara a preocupação do Poder Constituinte Originário em relação aos poderes conferidos ao presidente em situações democráticas delicadas que possam vir a existir no país. As instituições de defesa, divididas em Forças Armadas e segurança pública, protegem o país e a sociedade brasileira. Organizadas pela hierarquia e disciplina, as Forças Armadas defendem a pátria e a garantia dos poderes constitucionais sob o comando do Presidente da República. Por outro lado, a segurança pública objetiva a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio. Essas duas instituições devem obediência maior à Constituição e à essência democrática do Texto Constitucional. 9 A alternativa "D" está correta. De acordo com o art. 142, § 3º, VI da CF/88, o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra. 10 A alternativa "C" está correta. De acordo com o art. 144, § 1º, IV da CF/88, a Polícia Federal destina-se a exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. Cabe à polícia judiciária a atuação repressiva, ou seja, depois de ocorrido o ilícito penal. Neste caso, a PF exercerá atividades de apuração das infrações penais cometidas e a indicação da autoria.
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