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Aula 04
Direito Constitucional p/ PC-PR
(Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital
Autor:
Nelma Fontana
Aula 04
22 de Abril de 2020
 
 
 
 
SUMÁRIO 
Sumário ............................................................................................................................................. 1 
Considerações iniciais ......................................................................................................................... 2 
Intervenção Federal ............................................................................................................................ 3 
1 – Intervenção voluntária (espontânea, de ofício) ....................................................................................... 4 
2 – Intervenção provocada ............................................................................................................................. 8 
Intervenção Estadual ........................................................................................................................ 14 
Defesa do Estado e das Instituições Democráticas ............................................................................... 17 
1 – Estado de Defesa .................................................................................................................................... 18 
2 – Estado sítio ............................................................................................................................................. 22 
Dos Militares .................................................................................................................................... 29 
1. Forças Armadas ........................................................................................................................................ 29 
3.2. Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios .......................................................... 32 
Da Segurança Pública ........................................................................................................................ 36 
Destaques da Legislação .................................................................................................................... 43 
Considerações Finais ......................................................................................................................... 49 
Questões Comentadas ...................................................................................................................... 49 
Lista de Questões ............................................................................................................................. 64 
Gabarito .......................................................................................................................................... 72 
 
 
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INTERVENÇÃO FEDERAL E ESTADUAL 
 
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES 
DEMOCRÁTICAS 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
O Brasil adota o modelo federativo de Estado, cuja principal característica é a organização 
descentralizada, de forma que União, Estados, Distrito Federal e Municípios são todos 
autônomos, todos têm capacidade de auto-organização política, auto-organização administrativa e 
autogoverno. 
Vale dizer que não existe nenhuma hierarquia entre os entes federativos e que faz parte do pacto 
federativo o respeito mútuo à autonomia conferida pela Constituição Federal a todos os entes 
políticos. Dessa forma, a quebra desse princípio norteador do nosso modelo de Estado (a 
autonomia), implica em sua ruína. 
Por outro lado, excepcionalmente, nos casos taxativamente elencados no artigo 34 da 
Constituição Federal, poderá a União intervir na autonomia dos Estados e do Distrito Federal. 
Trata-se de medida extrema, de natureza política, que objetiva isolada ou cumulativamente 
garantir: 1) a ordem constitucional; 2) a defesa do Estado; 3) a defesa das finanças 
estaduais; 4) a defesa de princípio federativo. De igual maneira, nas hipóteses do artigo 35 da 
Lei Maior, o Estado-membro poderá intervir na autonomia de algum de seus Municípios. 
A intervenção, desde que respeitados os pressupostos materiais e formais fixados pela Lei Maior, 
não afronta o Estado Democrático de Direito e nem a Forma Federativa de Estado. É certo que os 
entes federativos são autônomos, mas a existência de governo próprio nos Estados, Distrito 
Federal e Municípios deve estar circunscrita e limitada pela Constituição Federal, de forma a não 
haver ofensa à soberania da República Federativa do Brasil. 
Nesse diapasão, a intervenção (federal ou estadual) não representa supremacia da União em 
face dos Estados, tampouco dos Estados em face dos Municípios, uma vez que nem União e nem 
Estados atuam em defesa de seus próprios interesses, mas para preservar a indissolubilidade e a 
viabilidade da federação. 
Não há falar em violação ao Estado Democrático de Direito, pois a ordem jurídica pátria prevê a 
decretação da intervenção, como medida excepcional, garantidora do cumprimento, por parte de 
todos os entes políticos, da Constituição e das leis. 
 
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INTERVENÇÃO FEDERAL 
O artigo 34 da Constituição Federal enumera sete casos taxativos em que poderá ocorrer a 
intervenção federal na autonomia dos Estados e do Distrito Federal. Nas hipóteses do artigo 35, a 
União poderá intervir na autonomia de Município localizado em Território Federal. 
Perceba alguns pontos: 1) a intervenção federal é exceção e não regra e só poderá ocorrer nas 
hipóteses descritas na Constituição Federal; 2) é vedada a intervenção federal em Município que 
integra Estado. Apenas será possível a intervenção federal em Município se este estiver 
localizado em Território; 3) as hipóteses de intervenção federal em Município não são as mesmas 
de intervenção federal nos Estados e nem no Distrito Federal; 4) a intervenção federal só será 
válida se atender aos pressupostos materiais e formais exigidos pela Constituição. Não observado 
qualquer deles, a medida será inconstitucional e sujeitará os seus executores à 
responsabilização. 
 
 
 
 
 
 
 
Intervenção federal é o mesmo que intervenção militar? 
Não. A intervenção federal é a retirada temporária da autonomia de 
um Estado-membro ou do Distrito Federal. Trata-se de medida 
excepcional, taxativamente elencada no artigo 34 da Constituição 
Federal, tomada pelo Presidente da República, para garantir a 
continuidade e a solidez da federação. 
Por outro lado, a intervenção militar é a tomada de poder por parte 
dos militares, é a assunção do governo do País pelo comando das 
Forças Armadas. A intervenção militar é absolutamente 
inconstitucional. 
As Forças Armadas destinam-se à garantia dos poderes 
constitucionais, à defesa da pátria. Essas instituições estão 
subordinadas a um civil eleito pelo povo: o Presidente da República 
(artigo 142 da CF). 
Hierarquia e disciplina são os pilares de toda a organização militar 
nacional. Exercer o comando supremo das Forças Armadas é 
competência privativa do Presidente da República (artigo 84, XIII, da 
CF). Destarte, é simples a compreensão de que os militares federais, 
independentemente da patente, estão todos subordinados ao Chefe 
do Executivo e, consequentemente, os atos em defesa da lei e da 
ordem, da responsabilidade do Exército, da Marinha e da 
Aeronáutica passam pelo crivo do Presidente da República. 
A insubordinação ao Chefe do Executivo e a tomada de poder pelos 
militares não têm amparo constitucional e implicariam em violação 
ao Estado de Direito. 
 
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73Nos termos do artigo 84, inciso X, da Constituição Federal, a competência para promover a 
intervenção federal é privativa do Presidente da República. Trata-se de prerrogativa indelegável 
do Chefe de Governo exercida por meio de decreto (não há a necessidade de lei ou de medida 
provisória). 
Conforme o motivo que ensejou a intervenção, a medida será classificada como intervenção 
voluntária ou provocada. 
 
1 – INTERVENÇÃO VOLUNTÁRIA (ESPONTÂNEA, DE OFÍCIO) 
A intervenção federal é classificada como “voluntária” quando o Presidente da República age sem 
provocação, por sua própria vontade, a partir da análise pessoal e discricionária do ato ou do 
fato. Evidentemente, o Presidente da República só poderá agir nos estritos limites definidos pela 
Constituição Federal, sob risco de responder por crime de responsabilidade. 
O presidente da República, nos casos de intervenção de ofício, ao lançar mão da extraordinária 
prerrogativa que lhe defere a ordem constitucional, age mediante estrita avaliação discricionária 
da situação que se lhe apresenta, que se submete ao seu exclusivo juízo político, e que se revela, 
por isso mesmo, insuscetível de subordinação à vontade do Poder Judiciário, ou de 
qualquer outra instituição estatal (MS 21.041). 
Quatro são as hipóteses de intervenção voluntária (artigo 34, incisos I, II, III e IV). Veja: 
“I - manter a integridade nacional; 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
(...) 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos 
consecutivos, salvo motivo de força maior; 
Considera-se dívida fundada (ou consolidada), nos termos do Decreto 
93.872/1996, aquela que compreende os compromissos de exigibilidade superior 
a 12(doze) meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a 
financiamento de obras e serviços públicos e que dependam de autorização 
legislativa para amortização ou resgate. A Resolução nº 40/2001 do Senado 
Federal classifica a dívida fundada em dois tipos: a) Dívida Fundada Interna 
(compreende os empréstimos por títulos ou contratos de financiamentos, dentro 
do país) e b) Dívida Fundada Externa (são os empréstimos contratados ou títulos 
lançados no exterior). 
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b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta 
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei.” 
O Presidente da República, para promover a intervenção federal, deve agir por decreto (artigo 36, 
parágrafo 1º, da CF). Note: não há a necessidade de lei e nem de edição de medida 
provisória. 
O decreto interventivo deve especificar a amplitude, as condições de execução, o prazo e a 
nomeação, se for o caso, de interventor. 
 
Do Interventor 
Interventor é pessoa da confiança do Presidente da República designada a cumprir, em nome do 
Presidente, com total subordinação, dentro do Estado-membro, o decreto interventivo. 
Não há nenhuma exigência legal ou constitucional quanto a quem pode assumir esse posto. 
Assim, não há a necessidade de filiação partidária, de idade mínima de governador (30 anos) ou 
de qualquer formação acadêmica específica. Basta ser pessoa da confiança do Presidente. Na 
mesma linha, não há limitação e nem recomendação constitucional de que o interventor seja 
militar. 
É preciso ficar claro que a responsabilidade pela intervenção federal é do Presidente da 
República. Quem está interferindo na autonomia do Estado é o Chefe do Executivo, que 
representa a União. 
Como o Presidente tem uma série de outras atividades, quer seja como Chefe do Governo ou 
como Chefe de Estado, é feita a nomeação de pessoa de sua confiança para cumprir, no Estado-
membro, as designações contidas no decreto interventivo. Essa pessoa está subordinada ao 
Chefe do Executivo. 
O interventor assume o controle do Estado-membro, temporariamente, independentemente de o 
Governador ser afastado, até que se cumpra a missão contida no decreto de intervenção. 
Durante a intervenção, é possível que autoridades locais sejam afastadas de seus cargos ou 
funções (Governador, Deputados estaduais, Secretários de Estado, Conselheiros do Tribunal de 
Contas, Comandantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares), a fim de que a União 
assuma transitoriamente o controle da gestão do ente federativo. 
Uma vez encerrada a intervenção, as autoridades afastadas poderão retornar aos seus cargos, 
desde que, evidentemente, não se constate nenhum impedimento legal (artigo 36, parágrafo 4º, 
da CF). 
Vale destacar que a nomeação de interventor não é obrigatória. Com efeito, a intervenção 
federal poderá atingir diferentes órgãos do ente federativo, tanto do Executivo quanto do 
Legislativo. Se a União intervier no Executivo estadual, a designação de interventor será 
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obrigatória, porque alguém precisará assumir as atribuições do Governador, alguém precisará 
assumir a gestão do Estado. Por outro lado, caso a intervenção alcance apenas o Legislativo, não 
haverá a necessidade de nomeação de interventor se no decreto constar expressamente que a 
função legislativa será assumida pelo Chefe do Executivo estadual. 
 
Intervenção Parcial 
Não se pode olvidar que a intervenção federal é a antítese da autonomia dos Estados e do Distrito 
Federal. Assim, a intervenção é exceção e não regra. 
No decreto interventivo, o Presidente da República ficará vinculado a apenas tomar as medidas 
necessárias à garantia da ordem constitucional. Dessa sorte, a moderação deve nortear as suas 
ações, de forma que se o problema estiver centralizado no Executivo estadual, não haverá razões 
para interferir no funcionamento da Assembleia Legislativa. 
De igual maneira, ainda que o caso esteja focado no Executivo, é possível que seja limitado a 
alguma de suas atribuições. Então, se o ato que precisa ser combatido está sendo praticado 
apenas no âmbito da Secretaria de Segurança Pública, por exemplo, não há razão para interferir 
na Secretaria de Educação ou na Secretaria de Saúde. 
Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro, por exemplo, em 2018 (Decreto 9.288). O decreto 
interventivo restringiu-se ao Executivo, especificamente às atribuições do Governador quanto à 
Segurança Pública. 
A autonomia do ente político é a regra, é princípio federativo, é cláusula pétrea (artigo 60, 
parágrafo 4º, da CF). A intervenção é medida extrema e deve ser utilizada apenas em situações 
excepcionais e com total moderação. 
 
Do prazo 
O decreto interventivo deve fixar o prazo da medida. Não há limitação constitucional quanto ao 
prazo, devendo este ser o bastante para o restabelecimento da normalidade. De igual modo, a 
Constituição Federal também não explicita quais as medidas que poderão ser tomadas pelo 
Presidente da República, de maneira que, conforme a realidade, as condições de execução serão 
delineadas no próprio decreto. 
 
Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional 
O Presidente da República deve convocar o Conselho da República (artigo 90, I, da CRFB/88) e o 
Conselho de Defesa Nacional (artigo 91, § 1º, da CRFB/88) para manifestação a respeito da 
decretação da intervenção federal. Esses órgãos são consultivos e suas manifestações não 
vinculam o Presidente da República. Destarte, caso qualquer deles se manifeste 
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desfavoravelmente à decretação da intervenção federal, ainda assim o Presidente poderá 
decretar a intervenção, não havendo falar em crime de responsabilidade. 
 
Dos procedimentosA intervenção federal não afeta os direitos e garantias individuais dos cidadãos, apenas 
atinge a autonomia do ente federativo, as capacidades de autogoverno e de auto-organização 
político-administrativa. 
O decreto interventivo não autoriza o Presidente da República a restringir direitos e garantias 
fundamentais. Assim, ficam resguardados os direitos de liberdade de reunião, liberdade de 
manifestação de pensamento, inviolabilidade da casa, sigilo de correspondência, sigilo de dados e 
os demais direitos e garantias enumerados na Constituição e nas leis, inclusive tratados 
internacionais. 
Qualquer cidadão que se sentir prejudicado em seus direitos, em razão da medida tomada pelo 
Chefe do Executivo, poderá acionar o Poder Judiciário e requerer a pronta garantia de exercício 
de suas liberdades individuais. 
As autoridades que eventualmente venham a afrontar os direitos e garantias fundamentais dos 
cidadãos, em razão da intervenção federal, responderão por seus atos. A União, a depender da 
circunstância, também responderá civilmente pelos danos que seus agentes causarem a 
terceiros, independentemente de dolo ou culpa. 
Com efeito, a intervenção tem início a partir da publicação do decreto interventivo, não 
havendo que falar em necessidade de autorização do Congresso Nacional e nem do Judiciário 
para que possa o Presidente da República agir. 
É verdade que a decretação da intervenção pode ser objeto de controle político, da 
responsabilidade do Congresso Nacional, ou de controle jurisdicional, exercido pelo Supremo 
Tribunal Federal, caso provocado, mas trata-se de limitação a posteriori. 
O decreto de intervenção será submetido à apreciação do Congresso Nacional, no prazo de 
vinte e quatro horas. Se não estiver funcionando o Congresso Nacional, o Presidente do Senado 
deverá fazer a sua convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. Assim, os 
parlamentares deveriam comparecer em 24 horas e teriam outras 24horas para apreciação do 
decreto. 
Compete ao Congresso Nacional, em sessão bicameral, em um turno de votação em cada Casa 
Legislativa, a começar pela Câmara dos Deputados, por decisão tomada pela maioria simples de 
seus membros (artigo 47 da CRFB/88), aprovar a intervenção federal. Cuidado! Compete ao 
Legislativo aprovar (e não autorizar) a intervenção federal. 
Caso a medida não seja aprovada, cessará imediatamente, podendo o Presidente da República, 
eventualmente, vir a responder por crime de responsabilidade. Se aprovada, persistirão os seus 
efeitos. 
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Não cabe ao Judiciário analisar o mérito da intervenção (se havia ou não a necessidade de se 
decretar a intervenção), porque o ato do Chefe do Executivo tem natureza política. Agora, é 
inegável que o Judiciário poderá ser acionado e provocado a se manifestar se os imperativos 
constitucionais descritos nos artigos 34 e 36 da Constituição Federal não forem respeitados. 
A competência para realização do controle jurisdicional é originária do Supremo Tribunal, 
conforme orientação do artigo 102, inciso I, alíneas “a” e “f”. 
 
2 – INTERVENÇÃO PROVOCADA 
Há algumas hipóteses em que a Constituição Federal condiciona a intervenção federal à 
provocação do próprio ente federativo ou à provocação do Poder Judiciário. Nesses casos, não 
poderá o Presidente da República agir espontaneamente. 
A intervenção provocada pode ocorrer por solicitação ou por requisição. 
 
Intervenção provocada por solicitação 
A intervenção provocada por solicitação acontece no caso do artigo 34, inciso IV, da Constituição 
Federal: 
“Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: 
(...) 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da 
Federação.” 
Caso se constate, no Estado ou no Distrito Federal, violação à Separação de Poderes, de modo 
que as funções típicas de um ente sejam usurpadas ou desrespeitadas por outro, o Poder coacto 
provocará a decretação de intervenção federal. 
Se a violação for contra o Poder Legislativo (Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa) ou o 
Poder Executivo (Governador), o prejudicado solicitará que o Presidente da República decrete a 
intervenção. Entretanto, se a violação for contra o Poder Judiciário, caberá ao Tribunal de Justiça 
do Estado levar o caso ao Supremo Tribunal Federal, que se entender necessário, requisitará a 
intervenção ao Presidente da República. 
Perceba que há duas distintas situações, quando a intervenção federal objetiva a garantia do livre 
exercício dos Poderes nas unidades da federação: a) violação ao Executivo ou ao Legislativo, 
que dá origem à intervenção provocada por solicitação; b) violação ao Poder Judiciário, 
que dá origem à intervenção provocada por requisição. 
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Com efeito, se a intervenção for provocada por solicitação, o Presidente da República não 
estará obrigado a aceitar. Caberá ao Chefe do Executivo avaliar a conveniência e a 
oportunidade e admitir ou não a solicitação. 
Caso admita, decretará a intervenção, tendo ouvido o Conselho da República e o Conselho de 
Defesa Nacional. Uma vez publicado o decreto, o Congresso Nacional fará o controle político 
(aprovar ou não o decreto, em 24 horas. Se estiver em recesso, haverá sua convocação 
extraordinária, no prazo de 24 horas). O decreto deve conter o prazo, os termos e a nomeação ou 
não de interventor, tal qual como já fora estudado acima. 
Por outro lado, se a intervenção for provocada em razão de violação ao Judiciário, tendo feito o 
Supremo Tribunal Federal a requisição ao Presidente da República, o Chefe do Executivo 
deverá decretar a intervenção, sem nenhuma discricionariedade, nos limites da decisão judicial. 
 
Cuidado! Cabe ao Supremo Tribunal Federal (e não ao Tribunal de Justiça) requisitar a 
intervenção ao Presidente da República. 
Vale ainda destacar que a parte interessada, para fazer valer decisão proferida pelo 
Tribunal de Justiça, não poderá endereçar o pedido de intervenção federal diretamente ao 
STF; antes, o requerimento de intervenção deve ser dirigido ao Presidente do Tribunal de 
Justiça, para que este o encaminhe ao STF, se for o caso (STF. IF 105 QO). O pedido de 
intervenção só poderá ser feito diretamente ao STF para garantia de cumprimento de suas 
próprias decisões. 
 
Intervenção provocada por requisição 
A intervenção provocada por requisição do Judiciário acontece nas hipóteses do artigo 34, incisos 
VI e VII, da Constituição Federal: 
“Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: 
(...) 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
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c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
No caso de desobediência à ordem ou decisão judicial (inciso VI, parte B), a intervenção 
dependerá de requisição do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) ou do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cada um em relação ao cumprimento de suas 
próprias ordens ou decisões. 
Define-se a competência pela matéria, cumprindo ao STF o julgamento quando o ato inobservado 
lastreia-se na Constituição Federal; ao STJquando envolvida matéria legal e ao TSE em se 
tratando de matéria de índole eleitoral. 
Caso a negativa de cumprimento seja de ordem ou decisão do Superior Tribunal Militar ou 
do Tribunal Superior do Trabalho, a requisição caberá ao STF, mesmo que a decisão esteja 
embasada unicamente em lei infraconstitucional (STF. IF 230). 
Lado outro, se a decisão descumprida for da Justiça Estadual ou da Justiça Federal, fundada 
exclusivamente em questões legais, a doutrina aponta que a requisição de intervenção cabe ao 
STJ, vez que tal decisão só estaria, em tese, sujeita a recurso especial. Todavia, caso ocorra o 
descumprimento de ordem ou decisão de Tribunal de Justiça ou de Tribunal Regional Federal 
fundada em matéria constitucional, a competência para promover a requisição da intervenção 
será do STF, porque seria cabível, em tese, recurso extraordinário. 
Assim, temos: 
 
TSE 
 
 Descumprimento de suas próprias ordens ou decisões. 
 
 
 
STJ 
 Descumprimento de suas próprias ordens ou decisões. 
  Descumprimento de ordens ou decisões da justiça comum, 
quando fundadas exclusivamente em leis infraconstitucionais. 
 
 
STF  Descumprimento de suas próprias ordens ou decisões. 
  Descumprimento de ordens ou decisões do TST ou do TSE, 
ainda que fundadas apenas em leis infraconstitucionais. 
  Descumprimento de ordens ou decisões da justiça comum, 
quando fundadas em texto da Constituição Federal. 
 
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Convém esclarecer que o descumprimento de ordem ou de decisão judicial, capaz de provocar a 
intervenção federal, segundo posicionamento do Supremo Tribunal Federal, é o 
descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado. Com efeito, a 
ausência de voluntariedade em não pagar precatórios consubstanciada na insuficiência de , 
recursos para satisfazer os créditos contra a Fazenda estadual, no prazo previsto no § 1º do 
artigo 100 da Constituição da República, não legitima a subtração temporária da autonomia 
estatal, mormente quando o ente público, apesar da exaustão do erário, vem sendo zeloso, na 
(IF 1.917). medida do possível, com suas obrigações derivadas de provimentos judiciais 
Há ainda intervenção federal provocada por requisição do Supremo Tribunal Federal quando 
o Estado (ou o Distrito Federal) se recusa a cumprir lei federal (artigo 34, VI, parte A) ou 
fere princípio constitucional sensível (artigo 34, VII). Nesses casos, a intervenção dependerá 
de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da 
República. 
Na hipótese de recusa de cumprimento de lei federal, o Procurador Geral da República 
apresentará ao STF uma ação de executoriedade de lei federal. No segundo caso (princípio 
constitucional sensível), uma ação direta de inconstitucionalidade interventiva. 
Nos termos da Lei 12.562/2011, que dispõe sobre o processo e julgamento da representação 
interventiva, a petição inicial será apresentada em duas vias e deverá conter: a) a indicação do 
princípio constitucional que se considera violado ou, se for o caso de recusa à aplicação de lei 
federal, das disposições questionadas; b) a indicação do ato normativo, do ato administrativo, do 
ato concreto ou da omissão questionados; c) a prova da violação do princípio constitucional ou da 
recusa de execução de lei federal e d) o pedido, com suas especificações. 
O relator indeferirá a petição inicial liminarmente quando não for o caso de representação 
interventiva, faltar algum dos requisitos estabelecidos acima ou for inepta. Dessa decisão, caberá 
agravo, no prazo de cinco dias. 
A representação interventiva admite liminar, por decisão da maioria absoluta dos membros do 
Supremo Tribunal Federal (seis votos). 
Apreciado o pedido de liminar ou, logo após recebida a petição inicial, se não houver pedido de 
liminar, o relator solicitará as informações às autoridades responsáveis pela prática do ato 
questionado, que as prestarão em até dez dias. Sucessivamente, serão ouvidos o Advogado-
Geral da União e o Procurador-Geral da República, que deverão manifestar-se, cada qual, no 
prazo de dez dias. 
A decisão sobre a representação interventiva somente será tomada se presentes na sessão pelo 
menos oito Ministros. O quórum para julgamento da procedência ou da improcedência do pedido 
é o de maioria absoluta (seis votos). 
Julgada a ação procedente, o Supremo Tribunal Federal, após a publicação do acórdão, 
requisitará do Presidente da República a intervenção federal. O Chefe do Executivo terá prazo 
improrrogável de até quinze dias para dar cumprimento à determinação. 
A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido da representação interventiva é 
irrecorrível e não admite impugnação por ação rescisória. 
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Nos casos do artigo 34, VI e VII (hipóteses de intervenção provocada por requisição), fica 
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional, uma vez que nem mesmo o Presidente da 
República está agindo com discricionariedade; antes, o ato do Presidente é vinculado, pois é 
competência privativa do Chefe do Executivo decretar a intervenção federal. O decreto, nesses 
casos, limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao 
restabelecimento da normalidade. 
Com efeito, nas mesmas hipóteses, não há falar em convocação obrigatória dos Conselhos da 
República e de Defesa Nacional. 
 
A Lei Maior elencou no artigo 34 sete casos exaustivos em que a intervenção federal está 
autorizada (pressupostos materiais). De igual modo, a Constituição firmou no artigo 36 os 
pressupostos formais da medida extrema, quais sejam: 
1) nos casos do artigo 34, incisos I, II, III e V, o Presidente da República está autorizado a agir 
espontaneamente; 
2) no caso do inciso IV, o Chefe do Executivo depende da solicitação do Poder Legislativo ou do 
Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal se a coação 
for contra o Poder Judiciário (artigo 36, IV); 
3) na situação da segunda parte do inciso VI (descumprimento de ordem ou decisão judicial), 
caberá ao Supremo Tribunal Federal, ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Tribunal Superior 
Eleitoral requisitar a intervenção federal ao Presidente da República; 
4) em caso de recusa de cumprimento de lei federal (primeira parte do inciso VI) ou de 
infringência a princípio constitucional sensível (inciso VII), a atuação do Presidente da República 
depende de provimento pelo STF de representação interventiva formulada pelo Procurador Geral 
da República. 
5) Nos casos dos incisos VI e VII, fica dispensada a convocação dos Conselhos da República e 
de Defesa Nacional e a aprovação da medida por parte do Congresso Nacional. 
6) Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes 
voltarão, salvo impedimento legal. 
7) A Constituição Federal não poderá ser emendada enquanto perdurar a intervenção federal. 
 
 
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(2018/FCC/Prefeitura de Caruaru – PE/Procurador do Município) Em caso de desobediência 
à ordem ou decisão judiciária, cabe ser decretada intervenção federal mediante requisição 
do 
A) Supremo Tribunal Federal emitida de ofício em face de desobediência de ordem proferida pelo 
Superior Tribunal Militar com base apenas em disposições do Código Penal Militar. 
B) Superior Tribunal de Justiça emitida a pedido do Presidente do Supremo Tribunal Federal em 
face de desobediência de decisão proferida pelo próprio Supremo Tribunal Federal com base 
apenas em disposições do Código de Processo Penal. 
C) Supremo Tribunal Federal emitidaem face da procedência de representação ajuizada pelo 
Procurador-Geral da República. 
D) Superior Tribunal de Justiça emitida de ofício em face de desobediência de ordem proferida 
por Juiz do Trabalho com base apenas em disposições da Consolidação das Leis do Trabalho. 
E) Tribunal Superior do Trabalho emitida de ofício em face de desobediência de decisão proferida 
por Juiz do Trabalho com base apenas em disposições da Consolidação das Leis do Trabalho. 
Gabarito: A 
Comentário: 
Em caso de desobediência à ordem ou decisão judiciária, a decretação da intervenção federal 
dependerá de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do 
Tribunal Superior Eleitoral (artigo 36, II, da CRFB/88). 
O TST e o STM não podem requisitar intervenção federal. Em caso de descumprimento de suas 
ordens ou decisões, ainda que fundadas exclusivamente El leis infraconstitucionais, caberá ao 
STF fazer a requisição da intervenção. 
STJ e TSE requisitam a intervenção para garantia de suas próprias ordens ou decisões. O STF 
em garantia de suas decisões ou de outros tribunais. 
 
 
Quais as diferenças entre intervenção federal, estado de 
defesa e estado de sítio? 
Intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio são 
medidas tomadas pelo Presidente da República para a 
estabilização constitucional, em defesa do Estado e das instituições 
democráticas. 
O estado de defesa está previsto no artigo 136 da Constituição 
Federal e é destinado a amparar a ordem pública e a paz social, 
em áreas restritas e determinadas, ameaçados por instabilidade 
institucional ou afetados por calamidades de grandes proporções 
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na natureza. 
O estado de defesa tem início por meio de decreto do Presidente 
da República e está limitado ao prazo de trinta dias, prorrogável por 
mais trinta dias. Esse decreto deve ser referendado pelo Congresso 
Nacional, em 24 horas, com quórum de maioria absoluta. 
Durante o estado de defesa, os seguintes direitos fundamentais 
poderão sofrer restrições: direito de reunião, sigilo de 
correspondência, sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. 
O estado de sítio é também decretado pelo Presidente da 
República, mas apenas após autorização da maioria absoluta do 
Congresso Nacional, porque se trata de medida excepcionalíssima 
capaz de restringir, como um todo, a depender dos motivos, os 
direitos fundamentais. 
O estado de sítio, nos termos do artigo 137 da Constituição 
Federal, é decretado em duas situações: 1) comoção grave de 
repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a 
ineficácia do estado de defesa; 2) declaração de estado de guerra 
ou resposta a agressão armada estrangeira. 
Na primeira situação, o decreto não pode ter prazo superior a trinta 
dias, mas são admitidas prorrogações, conforme a necessidade. No 
segundo caso, não há prazo previamente estabelecido. 
Por último, a intervenção federal não afeta direitos e garantias 
fundamentais, mas a autonomia do ente federativo. Trata-se de 
medida mais branda que o estado de defesa e o estado de sítio e 
só pode ser decretada pelo Presidente nos casos do artigo 34 da 
Constituição Federal. 
 
 
INTERVENÇÃO ESTADUAL 
Os Estados-membros não podem intervir em seus municípios, sob risco de sofrerem a 
intervenção federal (artigo 34, VII, “c”, da CRFB/88), salvo nas hipóteses taxativamente descritas 
no artigo 35 da Constituição Federal. 
Como dito anteriormente, a União não pode intervir na autonomia de Município, exceto se o 
Município fizer parte de Território (e não de Estado) e ainda observados os casos do artigo 35 
da Lei Maior. 
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Simetricamente como funciona a intervenção federal, tem-se a intervenção estadual. Assim, 
compete ao Governador de Estado decretar a intervenção estadual. 
Nos casos dos incisos I, II e III do artigo 35 da Constituição Federal, a intervenção é voluntária, 
isto é, resulta da análise e da vontade do Governador. Observe: 
“O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios 
localizados em Território Federal, exceto quando: 
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos 
consecutivos, a dívida fundada; 
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos 
de saúde.” 
O decreto de intervenção deverá especificar a amplitude, o prazo, as condições de execução e, 
se for o caso, a nomeação de interventor (assim como na intervenção federal, a nomeação de 
interventor não é obrigatória, salvo quando se dá no âmbito do Poder Executivo). 
O decreto será submetido à apreciação da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e 
quatro horas. Se não estiver funcionando a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação 
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. 
Aprovada a intervenção, por maioria relativa, o decreto terá continuidade. Rejeitada a intervenção, 
cessarão os seus efeitos. 
Na hipótese do artigo 35, inciso IV, da Constituição Federal, tem-se intervenção provocada 
por requisição do Tribunal de Justiça. Nesse caso, o decreto não tem que ser submetido à 
aprovação da Assembleia Legislativa. Note: 
“IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a 
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para 
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.” 
 
 
“Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de 
Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção 
estadual em município.” (STF. Súmula 637). 
 
 
 
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(2019/MPE-SC/Promotor de Justiça) A decretação da intervenção estadual no município, 
quando decorrente de provimento, pelo Tribunal de Justiça, de representação do 
Procurador-Geral de Justiça, submete-se ao controle político. 
Gabarito: Errado. 
Comentário: Na hipótese de o Tribunal de Justiça dar provimento a representação para 
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a 
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial não passa pela aprovação da Assembleia 
Legislativa (artigo 36, § 3º, da CRFB/88). 
 
 
(2019/MPE-PR/Promotor Substituto) Sobre a intervenção é incorreto afirmar: 
A) No sistema constitucional brasileiro, a intervenção é excepcional, limitada e taxativa. 
B) Garantir o livre exercício do Poder Legislativo é hipótese que autoriza de intervenção dos 
Estados nos Municípios. 
C) Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido de 
intervenção estadual em Município. 
D) É inconstitucional a atribuição conferida por Constituição Estadual ao Tribunal de Contas, para 
requerer ao Governador do Estado a intervenção em Município. 
E) A União pode intervir nos Estados para reorganizar suas finanças, quando a unidade da 
federação deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas na Constituição, dentro 
dos prazos estabelecidos em lei, assim como se o Estado estabelecer condições para sua 
liberação. 
Gabarito: B 
Comentário: 
A) Certo. A regra é a autonomia dos entes federativos. A intervenção só pode ocorrer nos casos 
taxativamente descritos na Constituição Federal. 
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B) Errado. A garantia do livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da federação 
autoriza a intervenção federal. Essa hipótese não constano artigo 35 para autorizar a intervenção 
estadual. 
C) Certo. Esse é o teor da Súmula 637 do STF. 
D) Certo. A intervenção estadual deve guardar simetria com a Constituição Federal, razão pela 
qual o Tribunal de Contas Estadual não pode requisitar intervenção, vez que o TCU também não 
possui tal prerrogativa. 
E) Certo. A hipótese está contida no artigo 34, inciso V, da CRFB/88. 
 
 
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS 
O sistema constitucional das crises é instaurado quando se percebe a materialização do 
desequilíbrio institucional e social, provocado pela antijurídica ação de grupos sociais ou por 
graves fenômenos da natureza. 
A Constituição Federal, para restabelecer o Estado Democrático de Direito e a paz social, autoriza 
a aplicação de medidas extremas, de medidas de exceção, capazes de, por meio do aumento do 
poder de repressão do Estado, combater a crise constitucional. 
O conjunto de dispositivos constitucionais ordenados e transitórios, que tem por objeto as 
situações de crises e por finalidade a mantença ou o restabelecimento da normalidade 
constitucional é denominado sistema constitucional das crises (2007, SILVA). 
A Constituição trata do assunto no Título V (Da Defesa do Estado e das Disposições 
Democráticas). A necessidade, a temporalidade e a obediência irrestrita à Constituição Federal 
formam o tripé das medidas de exceção, que são: o estado de defesa e o estado de sítio. 
A necessidade impõe que o Estado apenas haja se as circunstâncias fáticas assim o exigirem, 
dada a gravidade da situação, sob risco de responsabilização do próprio Estado (civil) e das 
autoridades envolvidas (civil, penal e política), vez que as medidas de exceção são capazes de 
impor restrições a certos direitos e garantias fundamentais dos indivíduos. 
As medidas excepcionais são temporárias e só poderão perdurar pelo tempo necessário ao 
restabelecimento da normalidade. 
Por fim, os comandos constitucionais devem cumpridos integralmente, para que se não 
impere o arbítrio do Estado, mas uma legalidade extraordinária, conforme explicitado na 
Constituição Federal. 
 
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1 – ESTADO DE DEFESA 
O estado de defesa é medida excepcional que busca preservar ou prontamente restabelecer, em 
locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e 
iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na 
natureza. 
Compete privativamente ao Presidente da República, por meio de decreto, estabelecer o 
estado de defesa, mas antes deverá ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa 
Nacional. Vale pontuar que embora a convocação dos conselhos seja obrigatória, não estará o 
Presidente da República vinculado às orientações recebidas. Note também que o Presidente não 
depende da autorização do Congresso Nacional para agir. 
No decreto que instituiu o estado de defesa deve constar o tempo de sua duração, a 
especificação das áreas a serem abrangidas e a indicação das medidas coercitivas que vigorarão. 
O tempo de duração do estado de defesa não poderá ultrapassar trinta dias. Caso persistam as 
razões que justificaram a sua decretação, o prazo de duração poderá ser prorrogado uma vez, 
por igual período. 
Cuidado! O prazo de duração da medida não é de 30 dias; é máximo de 30 dias. De maneira 
que poderia o Presidente estabelecer prazo de cinco dias, por exemplo, conforme a 
situação e as medidas necessárias ao restabelecimento da normalidade. Se esse fosse o 
prazo, a prorrogação seria por mais cinco dias (igual período e não 30 dias). 
E se esgotados o tempo de duração e a prorrogação sem que a ordem pública ou a paz social 
tenham sido firmadas? Nesse caso, poderá o Presidente da República tomar uma medida mais 
gravosa: o estado de sítio. 
A especificação das áreas abrangidas pela medida é indispensável, porque o objetivo do decreto 
de estado de defesa é o de reprimir ofensas ou ameaças de ofensas à ordem pública ou à paz 
social, em locais restritos e determinados. 
Não há na Constituição definição do que seja a expressão “locais restritos e determinados” (se um 
Município, se um Estado), mas é fato que as ações que serão combatidas não poderão ter 
alcance nacional, pois a medida tomada na hipótese seria outra: o estado de sítio. 
Uma vez decretado o estado de defesa, medidas coercitivas poderão ser determinadas, inclusive 
para restringir direitos e garantias fundamentais, que não têm caráter absoluto e podem sofrer 
relativizações em situações excepcionais, para resguardar o interesse da coletividade (ordem 
pública/paz social). 
As medidas coercitivas impostas no decreto constam no artigo 136, § 1º, da Constituição 
Federal, quais sejam: 
 
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1. restrições aos direitos de: a) reunião, ainda que exercida no seio das 
associações; b) sigilo de correspondência; c) sigilo de comunicação 
telegráfica e telefônica. 
2. na hipótese de calamidade pública, ocupação e uso temporário de bens e 
serviços públicos, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. 
NãoFrise-se que o rol de restrições acima é taxativo. pode o Presidente da República instituir 
outras medidas, porque como já antes dito, o estado de defesa configura uma situação de 
legalidade extraordinária e não um mero arbítrio estatal. 
Note que duas são as razões para a decretação do estado de defesa: a) grave e iminente 
instabilidade institucional que ameaça a ordem pública ou a paz social; b) a ocorrência de 
calamidades de grandes proporções na natureza, capazes de atingir a ordem pública ou a paz 
social. Em razão de qualquer delas, poderá o Presidente da República, no decreto, restringir os 
direitos de reunião, sigilo de correspondência e sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. 
Entretanto, a ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos só se darão no caso 
de calamidade pública. 
Na vigência do estado de defesa, a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor 
da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente. A autoridade, ao fazer a 
comunicação, deverá declarar o estado físico e mental do detido no momento de sua autuação, o 
que não obsta o preso mesmo assim de requerer exame de corpo de delito à autoridade policial. 
De posse da comunicação da prisão, o juiz competente a relaxará, se não for legal. 
A prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando 
autorizada pelo Poder Judiciário. A incomunicabilidade do preso é vedada. 
A medida tomada pelo Presidente da República está sujeita ao controle político exercido pelo 
Congresso Nacional, de maneira que, uma vez decretado o estado de defesa (ou sua 
prorrogação), o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato 
com a respectiva justificação ao Congresso Nacional. 
O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, 
devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. 
Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, pelo 
Presidente do Senado, no prazo de cinco dias. Os parlamentares necessariamente deverão 
atender à convocação. 
O quórum necessário para aprovação do decreto é o de maioria absoluta. Rejeitado o 
decreto, o estado de defesa cessará imediatamente. Aprovado o decreto, a execução da medida 
extrema persistirá. 
Cabe ainda ao Congresso Nacional acompanhar a execução do estado de defesa. O artigo 140 
da Constituição Federal determina que a Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes 
partidários, designe Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e 
fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa.Nelma Fontana
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Tão logo seja cessado o estado de defesa, os seus efeitos também deverão cessar, sem prejuízo 
da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. 
O Presidente da República, assim que findar o sistema constitucional de crises, deverá enviar 
mensagem ao Congresso Nacional, para relatar as medidas excepcionais aplicadas e as 
suas justificativas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. 
Com efeito, o controle político exercido pelo Congresso Nacional se dá em três distintos 
momentos: a) apreciação inicial (no prazo de dez dias contados do recebimento do decreto); b) 
durante a aplicação da medida (Comissão acompanha e fiscaliza a execução); c) a posteriori 
(análise do relatório encaminhado pelo Presidente da República). 
O controle jurisdicional de legalidade da decretação do estado de defesa e das medidas 
coercitivas aplicadas poderá ocorrer, especialmente por meio da utilização de habeas corpus e de 
mandado de segurança. De igual maneira, após a cessação da medida, o Poder Judiciário poderá 
ser acionado para processar e julgar os executores do estado de defesa por eventuais ilícitos 
praticados. Entretanto, não cabe ao Judiciário intervir na conveniência e na oportunidade de 
decretação da medida, porque tal análise decorre de juízo do Presidente da República. 
 
1. Compete privativamente ao Presidente da República decretar o estado de defesa. Essa 
competência é indelegável. 
2. O estado de defesa somente poderá ser decretado em dois casos: a) grave e iminente 
instabilidade institucional que ameaça a ordem pública ou a paz social; b) ocorrência de 
calamidades de grandes proporções na natureza, capazes de atingir a ordem pública ou a paz 
social. 
3. O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional deverão ser ouvidos. 
4. Uma vez decretado o estado de defesa, o Presidente deverá, no prazo de 24 horas, 
encaminhar o decreto, acompanhado de exposição de motivos, ao Congresso Nacional. 
5. O Congresso Nacional deverá apreciar o decreto no prazo de 10 dias. 
6. Em caso de recesso, o comparecimento dos parlamentares para sessão legislativa 
extraordinária deve ocorrer no prazo de 5 dias. Uma vez reunido o Legislativo, prazo de 10 dias 
para a apreciação da medida. 
7. Não aprovado o decreto, cessará a intervenção. 
8. Aprovado o decreto, por maioria absoluta, a medida persistirá. Comissão do Congresso 
Nacional deverá acompanhar a sua execução. 
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9. Cessado o estado de defesa, deverá o Presidente da República relatar ao Congresso Nacional, 
minuciosamente, as medidas e as pessoas afetadas. 
 
 
(2018/VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia) Suponha que o Presidente da República, depois 
de ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretou estado de 
defesa para restabelecer a paz social ameaçada por grave e iminente instabilidade 
institucional no local X. 
Nesse caso, é certo assinalar que 
A) o estado de defesa poderá ser instituído pelo prazo máximo de 45 dias, prorrogado uma única 
vez por mais 45 dias. 
B) o decreto poderá restringir tanto o sigilo de comunicação telegráfica como telefônica. 
C) o decreto que instituir o estado de defesa poderá se dar por prazo indeterminado em casos de 
grave violação da ordem pública. 
D) na vigência do estado de defesa a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser 
superior a 30 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário. 
E) o direito de reunião poderá ser restringido, excetuando-se naquelas exercidas no seio das 
associações. 
Gabarito: B 
Comentário: 
A) Errado. O estado de defesa poderá ser instituído pelo prazo máximo de 30 dias, prorrogado 
uma única vez por mais 30 dias. 
B) Certo. O decreto que instituir o estado de defesa poderá restringir, dentre outros direitos, o 
sigilo de comunicação telegráfica e o sigilo de comunicação telefônica. 
C) Errado. O decreto que instituir o estado de defesa, em qualquer hipótese, não poderá 
ultrapassar 30 dias, admitida uma prorrogação por igual período. 
D) Errado. Na vigência do estado de defesa, a prisão ou detenção de qualquer pessoa não 
poderá ser superior a 10 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário. 
E) Errado. O direito de reunião poderá ser restringido, inclusive nas situações em que exercido no 
seio das associações. 
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2 – ESTADO SÍTIO 
O estado de sítio caracteriza um instituto bem mais gravoso do que o estado de defesa, tendo em 
vista que a quantidade de direitos fundamentais que podem ser restringidos durante a medida é 
maior. 
Os casos autorizadores do estado de sítio são taxativos e constam do artigo 137 da Constituição 
Federal. São eles: 
1. comoção grave de ou ocorrência de fatos que repercussão nacional 
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; 
2. declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada 
estrangeira. 
Literalmente, sitiar é “fazer o cerco de”, “rodear de tropas para o ataque”. O estado de sítio é um 
verdadeiro “estado de guerra”, um preparo para o conflito bélico em defesa da soberania do 
Estado brasileiro ou de direitos da coletividade. 
Trata-se de medida tomada pelo Presidente da República, por decreto. O Chefe do Executivo, 
ao analisar a situação fática, antes de decretar o estado de sítio, deverá primeiro convocar o 
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. Tendo ouvidos os dois órgãos, mas 
não vinculado à orientação de nenhum deles, o Chefe do Executivo solicitará ao Congresso 
Nacional autorização para decretar o estado de sítio. 
Perceba: diferente do que ocorre no estado de defesa, o Presidente da República não 
poderá decretar o estado de sítio sem que o Congresso Nacional o autorize. 
O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio (ou sua 
prorrogação), deverá explicar detalhadamente as razões do pedido. O Congresso Nacional, uma 
vez recebida a solicitação do Executivo, decidirá por maioria absoluta. 
Caso seja feita a solicitação de autorização para decretar o estado de sítio e o Legislativo esteja 
em recesso, o Presidente do Senado Federal, deverá, de imediato, convocar extraordinariamente 
o Congresso Nacional para se reunir, no prazo de cinco dias, a fim de apreciar o ato. Os 
parlamentares deverão obrigatoriamente aceitar à convocação. 
Se autorizado o decreto de estado de sítio, o Congresso Nacional deverá permanecer em 
funcionamento até o término das medidas coercitivas. 
O Presidente da República, no decreto do estado de sítio, especificará o prazo de duração, as 
normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas. Depois 
de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as 
áreas abrangidas. 
O prazo de duração do estado de sítio depende da razão de sua decretação. No caso artigo 137, 
I, da Constituição Federal (comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que 
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa), o prazo limite é o de 30 
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dias. Esse prazo poderá ser prorrogado, mas não por período superior a trinta dias. São 
admitidas sucessivas prorrogações, até que se restabeleça a normalidade, mas cada uma delas 
deverá ser precedida de autorização do Congresso Nacional. 
 Na hipótese do inciso II do artigo 137 da Constituição (declaração de estado de guerra ou 
respostaa agressão armada estrangeira), o prazo não será previamente fixado em dias, de 
maneira que poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada 
estrangeira. 
Quanto aos direitos e garantias fundamentais, a excepcionalidade da situação justifica sua 
relativização. Os indivíduos, conforme o motivo da decretação do estado de sítio, diretamente, 
sofrerão a redução de direitos, vez que estão em perigo a soberania do Estado brasileiro e o 
interesse de toda a coletividade. 
As medidas coercitivas tomadas contra os indivíduos, com fundamento no artigo 137, I, da 
Constituição (comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a 
ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa) são taxativas e alcançam o direito de 
liberdade, sob variados aspectos (locomoção, informação, reunião), a intimidade e a vida privada, 
e a propriedade. 
Com efeito, as medidas coercitivas aplicadas, nos termos do artigo 139 da Constituição Federal, 
são: 
I - obrigação de permanência em localidade determinada; 
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por 
crimes comuns; 
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das 
comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, 
radiodifusão e televisão, na forma da lei; 
IV - suspensão da liberdade de reunião; 
V - busca e apreensão em domicílio; 
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; 
VII - requisição de bens. 
As restrições à prestação de informações e à radiodifusão não impedem a difusão de 
pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada 
pela respectiva Mesa. 
A respeito da hipótese de estado de sítio contida no artigo 137, II (declaração de estado de guerra 
ou resposta a agressão armada estrangeira), a Constituição Federal não enumerou quais 
medidas coercitivas poderão ser tomadas, de maneira que a conclusão lógica é a de que tantos 
outros direitos fundamentais poderão sofrer reduções, desde que, evidentemente, sejam 
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necessárias e o Presidente da República justifique um a um os seus motivos ao Congresso 
Nacional, quando da solicitação de autorização para editar o decreto. 
Cabe ao Congresso Nacional fazer o controle político da medida extrema, a fim de que o 
Presidente não tenha poderes supremos e não se instaure o arbítrio estatal. Assim, não apenas o 
Legislativo autoriza o estado de sítio, mas também deve acompanhar toda a execução, até que as 
medidas restritivas deixem de ser aplicadas. Além disso, conforme determinação do artigo 140 da 
Constituição Federal, da mesma forma como acontece com o estado de defesa, a Mesa do 
Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de 
seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas. 
 Ao findar o estado de sítio, os seus efeitos também cessarão, sem prejuízo da responsabilidade 
pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. Nesse caso, deverá o Presidente da 
República enviar mensagem ao Congresso Nacional, para relatar as medidas excepcionais 
aplicadas e as suas justificativas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições 
aplicadas. 
Durante o estado de sítio, a atuação do Poder Judiciário não será interrompida. Qualquer pessoa 
que se sentir prejudicada pela imposição de medidas restritivas de direitos poderá acionar o 
Judiciário, especialmente por meio da impetração de mandado de segurança e de habeas corpus. 
Entretanto, convém esclarecer que o controle jurisdicional do estado de sítio não recairá sob o 
porquê da medida extrema, mas sob a sua legalidade. 
 
O sistema constitucional das crises, no âmbito das duas medidas tomadas, tem algumas 
similitudes e algumas diferenças. É preciso ter muito cuidado. Comparemos então as duas 
medidas (estado de defesa e estado de sítio): 
1. Circunstâncias autorizadoras 
Estado de Defesa Estado de Sítio 
Preservar ou prontamente restabelecer, em 
locais restritos e determinados, a ordem 
pública ou a paz social ameaçadas por: 
1. grave e iminente instabilidade institucional; 
2. atingidas por calamidades de grandes 
proporções na natureza. 
1. comoção grave de repercussão nacional; 
2. ocorrência de fatos que comprovem a 
ineficácia de medida tomada durante o estado 
de defesa; 
3. declaração de estado de guerra ou resposta 
a agressão armada estrangeira. 
 
 
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2. Abrangência 
Estado de Defesa Estado de Sítio 
Locais restritos e determinados. O território nacional. 
Após a publicação do decreto, o Presidente 
especificará as áreas alcançadas. 
 
3. Procedimento 
Estado de Defesa Estado de Sítio 
1º. O Presidente da República consulta o 
Conselho da República e o Conselho de 
Defesa Nacional. 
1º. O Presidente da República consulta o 
Conselho da República e o Conselho de 
Defesa Nacional. 
2º. O Presidente da República decreta o 
estado de defesa e envia o decreto ao 
Congresso Nacional para confirmação. 
2º. O Presidente da República solicita ao 
Congresso Nacional autorização para decretar 
o estado de sítio. O Legislativo autorizará ou 
não, por maioria absoluta. 
3º. O Congresso aprova ou não, por maioria 
absoluta, no prazo de 10 dias. Se aprovar, a 
medida persistirá, se rejeitar, a medida 
cessará. 
3º. De posse da autorização do Congresso 
Nacional, o Presidente decreta o estado de 
sítio. 
4º. O decreto especifica o prazo, as normas 
necessárias à sua execução e as medidas 
coercitivas aplicadas. 
4º. O decreto especifica o prazo, as normas 
necessárias à sua execução e as medidas 
coercitivas aplicadas. 
Após a publicação do decreto, o Presidente 
designa o executor das medidas. 
5º. O Congresso Nacional permanece em 
funcionamento. 
5º. O Congresso Nacional permanece em 
funcionamento. 
6º. Cessado o estado de defesa, o Presidente 
envia mensagem ao Congresso Nacional, 
para relatar as medidas aplicadas e as 
providências tomadas, com relação nominal 
dos atingidos. 
6º. Cessado o estado de sítio, o Presidente 
envia mensagem ao Congresso Nacional, 
para relatar as medidas aplicadas e as 
providências tomadas, com relação nominal 
dos atingidos. 
 
4. Prazo limite 
Estado de Defesa Estado de Sítio 
Máximo de 30 dias, admitida uma única 
prorrogação por igual período. 
 
 1. Na hipótese de comoção grave de 
repercussão nacional ou ocorrência de fatos 
que comprovem a ineficácia de medida 
tomada durante o estado de defesa: 
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 máximo de 30 dias, admitindo-se várias 
prorrogações, desde que não 
ultrapasse, cada uma delas, o limite de 
30 dias. 
 
2. Na hipótese de declaração de estado de 
guerra ou resposta a agressão armada 
estrangeira: 
 O tempo que for necessário para 
restabelecer a normalidade. 
 
5. Medidas coercitivas aplicadas 
Estado de Defesa Estado de Sítio 
I - restrições aos direitos de: a) reunião, ainda 
que exercida no seio das associações; b) 
sigilo de correspondência; c) sigilo de 
comunicação telegráfica e telefônica; 
II - ocupação e uso temporário de bens e 
serviços públicos, na hipótese de calamidade 
pública, respondendo a União pelos danos e 
custos decorrentes. 
III – possibilidade de prisão por crime contra o 
Estado, determinada pelo executor da medida, 
o que relativiza a garantia constitucional 
relativa à prisão contida no artigo 5º, inciso 
LXI). 
 
1. Na hipótese de comoção grave de 
repercussão nacional ou ocorrência de fatos 
que comprovem a ineficácia de medida 
tomada durante o estado de defesa: 
 I - obrigação de permanênciaem 
localidade determinada; 
 II - detenção em edifício não destinado 
a acusados ou condenados por crimes 
comuns; 
 III - restrições relativas à inviolabilidade 
da correspondência, ao sigilo das 
comunicações, à prestação de 
informações e à liberdade de imprensa, 
radiodifusão e televisão, na forma da 
lei; 
 IV - suspensão da liberdade de reunião; 
 V - busca e apreensão em domicílio; 
 VI - intervenção nas empresas de 
serviços públicos; 
 VII - requisição de bens. 
 
2. Na hipótese de declaração de estado de 
guerra ou resposta a agressão armada 
estrangeira: 
Direitos fundamentais como um todo, desde 
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que haja a devida fundamentação justificadora 
da restrição e o cumprimento das 
determinações constitucionais a respeito da 
medida. 
 
6. Controle político 
Estado de Defesa Estado de Sítio 
Imediato: decretado o estado de defesa, o 
Congresso Nacional tendo recebido o decreto 
para apreciação, terá 10 dias para apreciá-lo. 
Em caso de recesso, haverá convocação 
extraordinária, com comparecimento 
obrigatório, no prazo de 5 dias. 
Concomitante: Comissão designada pela 
Mesa do Congresso Nacional acompanha e 
fiscaliza a execução das medidas referentes 
ao estado de defesa. 
A posteriori: O Congresso Nacional aprecia a 
legalidade e a constitucionalidade das 
medidas tomadas, após envio de relatório pelo 
Presidente da República, para promover, se 
for o caso, responsabilização por pela prática 
de crime de responsabilidade. 
Prévio: O Congresso Nacional é que autoriza 
o Presidente a decretar o estado de sítio, sem 
prazo estipulado pela Constituição. 
Solicitada autorização para decretar o estado 
de sítio durante o recesso parlamentar, o 
Presidente do Senado Federal, de imediato, 
convocará extraordinariamente o Congresso 
Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a 
fim de apreciar o ato. 
Concomitante: Comissão designada pela 
Mesa do Congresso Nacional acompanha e 
fiscaliza a execução das medidas referentes 
ao estado de sítio. 
A posteriori: O Congresso Nacional aprecia a 
legalidade e a constitucionalidade das 
medidas tomadas, após envio de relatório pelo 
Presidente da República, para promover, se 
for o caso, responsabilização por pela prática 
de crime de responsabilidade. 
 
(2018/VUNESP/PC-BA/Delegado de Polícia) Assinale a alternativa que corretamente trata do 
sistema constitucional de crises. 
A) Na hipótese extrema do estado de defesa, quando medidas enérgicas devem ser tomadas 
para preservar a ordem pública, o preso pode ficar, excepcionalmente, incomunicável. 
B) O Estado de Sítio pode ser defensivo, tendo como pressuposto material a ocorrência de uma 
comoção grave, cuja repercussão é nacional e que não pode ser debelada com os instrumentos 
normais de segurança. 
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C) Logo que cesse o Estado de Defesa ou o Estado de Sítio, as medidas aplicadas em sua 
vigência pelo Presidente da República serão relatadas em mensagem ao Supremo Tribunal 
Federal, pois cumpre ao Judiciário o controle de legalidade dos atos praticados. 
D) Cessado o Estado de Sítio, cessam imediatamente seus efeitos, de modo que os atos 
coercitivos autorizados em decreto, executados pelos delegados do Presidente da República, são 
imunes ao controle judicial. 
E) Os pareceres emitidos pelos Conselhos da República e de Defesa Nacional não são 
vinculantes, cabendo a decretação do estado de defesa ao Presidente da República, que expedirá 
decreto estabelecendo a duração da medida. 
Gabarito: E 
Comentário: 
A) Errado. É vedada a incomunicabilidade do preso (art. 136, § 3º, inciso IV, da CRFB/88). 
B) Errado. Na hipótese de comoção grave de repercussão nacional o Presidente da República 
age repressivamente, para restabelecer a normalidade. 
C) Errado. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, o Presidente deve enviar mensagem 
ao Congresso Nacional, para que faça o controle político das medidas tomadas. 
D) Errado. Os atos praticados por seus executores, durante o estado de defesa e o estado de 
sítio, estão sujeitos tanto a controle político, para apurar eventual prática de crime de 
responsabilidade, quanto a controle judicial. Neste caso, qualquer prejudicado poderá acionar o 
Judiciário, para combater alguma ilegalidade ou abuso, ou ainda, algum prejuízo moral ou 
material sofrido. 
E) Certo. Compete privativamente ao Presidente da República decretar o estado de defesa e o 
estado de sítio. O decreto deve conter o prazo e as medidas restritivas que serão tomadas. Tanto 
no caso de estado de defesa quanto de estado de sítio os Conselhos deverão ouvidos. Nos dois 
casos, as recomendações dos órgãos serão apenas opinativas. 
 
 
 
 
1. Durante o estado de defesa, o estado de sítio e a intervenção 
federal, a Constituição Federal não poderá ser emendada (artigo 
60, § 1º , da CRFB/88). 
2. O examinador poderá, para eliminar candidatos, na prova 
objetiva, fazer a troca de algumas palavras. Fique atento. Cabe ao 
Conselho da República pronunciar-se sobre o estado de defesa, o 
estado de sítio e a intervenção federal (artigo 90, I, da Constituição 
Federal). Cabe ao Conselho de Defesa Nacional opinar sobre os 
mesmos assuntos (artigo 91, § 1º, da CRFB/88). Um se pronuncia e 
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o outro opina. 
3. O Congresso Nacional aprova o estado de defesa e a 
intervenção federal e autoriza o estado de sítio. Todas as 
atribuições são exercidas por decreto legislativo. 
4. O artigo 53, § 8º, da Constituição, garante aos parlamentares 
federais a manutenção de suas imunidades durante o estado de 
sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos 
membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do 
recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a 
execução da medida. 
 
DOS MILITARES 
 
1. FORÇAS ARMADAS 
A Constituição Federal estabelece que as Forças Armadas são instituições nacionais 
permanentes e regulares destinadas à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, 
por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (artigo 142). 
Integram as Forças Armadas a Marinha, o Exército e a Aeronáutica. As três Forças são guiadas 
por dois pilares constitucionais: a hierarquia e a disciplina. 
O Presidente da República exerce o comando Supremo das Forças Armadas (artigo 84, XIII, da 
CRFB/88). Cabe ao Chefe do Executivo conceder aos militares as patentes, com prerrogativas, 
direitos e deveres a elas inerentes. 
Desde a Emenda Constitucional 23/1999, não há mais os antigos Ministérios do Exército, da 
Marinha e da Aeronáutica. Esses Ministérios foram substituídos pelo Ministério da Defesa, cujo 
chefe é civil (Ministro da Defesa), nomeado pelo Presidente da República, dentre cidadãos 
brasileiros natos maiores de 21 anos de idade. Assim, no comando das instituições militares, em 
ordem hierárquica decrescente, há o Presidente da República (civil eleito pelo povo), o Ministro de 
Estado de Defesa (nomeado pelo Presidente da República) e o Chefe de Estado Maior Conjunto 
das Forças Armadas (militar, oficial general de último posto). 
Os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica não são mais formalmente Ministros 
de Estado, mas preservaram o status, de maneira que a competência para julgá-los por crime 
comum e de responsabilidade é originária do Supremo Tribunal Federal, exceto quando o crime 
de responsabilidade é conexo com o do Presidente da República, porque neste caso, a 
competência para julgar os três Comandantes por crime de responsabilidade é do Senado 
Federal (artigos 102, I, “c” e 52, I, da CRFB/88).Nelma Fontana
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73 
Lei complementar, de iniciativa privativa do Presidente da República, estabelecerá as normas 
gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. Os 
integrantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica não são chamados servidores públicos, mas 
militares. 
Cabe à lei (nesse caso, não se exige lei complementar) dispor sobre o ingresso nas Forças 
Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a 
inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais 
dos militares. 
Aos oficiais militares (da ativa, da reserva ou reformados), a Constituição Federal assegura as 
patentes, os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos 
uniformes das Forças Armadas (artigo 142, parágrafo 3º, I, da CRFB/88). 
O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele 
incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de 
tribunal especial, em tempo de guerra. Aquele que for condenado na justiça comum ou militar a 
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será 
submetido ao julgamento por indignidade do oficialato, perante tribunal militar. 
A respeito da competência para julgar os militares, a Lei 13.491/2017 trouxe importantes 
modificações. O militar das Forças Armadas que praticar crime militar doloso contra a vida, em 
tempo de paz (artigo 9º do Código Penal Militar), e cometidos contra civis, serão julgados pela 
Justiça Militar da União, quando o crime for decorrente de cumprimento de atribuições que lhes 
forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; ou de 
ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não 
beligerante; ou de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da 
ordem ou de atribuição subsidiária. 
Diferentemente dos servidores públicos (civis), os militares não têm direito de greve e nem de 
sindicalização, porque de suas atividades dependem a ordem e a segurança pública, de maneira 
que deve prevalecer o interesse público. 
Igualmente, os militares da ativa não podem se filiar a partidos políticos (artigo 142, parágrafo 3º, 
V, da CRFB/88). Isso não significa que militares sejam inelegíveis, vez que o parágrafo 8º, inciso 
II, do artigo 14, da Constituição Federal, expõe que o militar alistável é elegível. O que se tem 
apenas é que a filiação partidária não lhe é exigível como condição de elegibilidade, certo que 
somente a partir do registro da candidatura é que será agregado. 
Alguns direitos/obrigações destinados aos trabalhadores, contidos no artigo 7º da Constituição 
Federal, e alguns destinados aos servidores públicos (artigo 37) foram estendidos aos militares. 
São eles: 
a) décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor 
da aposentadoria; 
b) salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa 
renda nos termos da lei; 
c) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais 
do que o salário normal; 
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d) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a 
duração de cento e vinte dias; 
e) licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
f) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 
5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
g) limitação de remuneração/subsídio, incluídas as vantagens pessoais 
ou de qualquer outra natureza, ao subsídio mensal, em espécie, dos 
Ministros do Supremo Tribunal Federal. 
h) não vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias 
para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. 
i) os acréscimos pecuniários percebidos não serão computados nem 
acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; 
j) irredutibilidade de subsídio/vencimento, com as ressalvas 
constitucionais. 
 
 
“Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração 
inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço 
militar inicial (Súmula Vinculante 6).” 
A CF não estendeu aos militares a garantia de remuneração não 
inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de 
trabalhadores. Aqueles que prestam serviço militar obrigatório 
exercem um múnus público relacionado com a defesa da 
soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos 
limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a adequada 
prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. 
Quanto à possibilidade de o militar exercer outro cargo ou emprego público, a Constituição 
Federal enumerou duas situações, a saber: 
1. militar da ativa que toma posse em cargo ou emprego público civil permanente deverá ser 
transferido para a reserva, nos termos da lei, exceto, se o militar atuar na área de saúde e, 
havendo compatibilidade de horários, acumular cargo ou emprego civil privativo de profissional de 
saúde. 
A transferência para a reserva remunerada de militar aprovado em concurso público subordina-se 
à autorização do Presidente da República ou à do respectivo ministro (RE 601.148 AgR). 
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 1.626, declarou a constitucionalidade de dispositivo 
do Estatuto dos Militares da União que estabelece o dever do oficial militar com menos de cinco 
anos de corporação de indenizar os custos decorrentes de sua formação, no caso de assunção 
de cargo ou emprego civil, vez que o interesse público deve prevalecer. 
2. militar da ativa que toma posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária (não 
eletiva), na Administração Pública Direta ou Indireta, deverá ser agregado ao respectivo quadro e 
somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade. Nesse 
caso, também há a ressalva do artigo 37, XVI, “c”, isto é, caso militar em exercício de atividade 
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privativa de profissional de saúde, poderá acumular com cargo de mesma natureza civil, desde 
que haja compatibilidade de horários. 
Nesse caso, o tempo de serviço, enquanto agregado, apenas será contado para fins de promoção 
por antiguidade e para a transferência para a reserva. Após dois anos de afastamento (contínuos 
ou não), o militar será transferido para a reserva. 
 
 
O § 2º do artigo 142 da Constituição Federal estabelece que não 
cabe habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. 
Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a 
vedação apenas se refere à análise de mérito da punição, porque 
a legalidade da medida restritiva de liberdade de locomoção 
poderá ser feita pelo Judiciário, mormente quanto à hierarquia, ao 
poder disciplinar, ao ato ligado à função e à pena susceptível de 
ser aplicada disciplinarmente (HC 70.648). 
O Supremo Tribunal Federal também não admite habeas corpus 
para atacar decisão que determina perda de posto e patente de 
militar (HC 70.852). 
Nos termos do artigo 143 da Constituição Federal, o serviço militar é obrigatório. Em defesa do 
direito de liberdade de consciência, aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem escusa 
de consciência (artigo 5º, inciso VIII, da CRFB/88) entendendo-se como tal o decorrente de 
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter 
essencialmente militar, as Forças Armadas deverão, na forma da lei, atribuir serviço alternativo. 
Entende-se por serviço alternativo o

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