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O Direito egípcio, mesopotâmico e hebraico Pontos relevantes - Três fatores que permitiram a transição das formas mais arcaicas para as primeiras civilizações da Antiguidade: escrita, as cidades e o comércio. - Os mais antigos documentos de escrita jurídica surge por volta de 3.000 a.C., tanto no Egito quanto na Mesopotâmia, isso denota que a transmissão oral já não era mais suficiente para a preservação das tradições, sejam elas religiosas, políticas, econômicas ou jurídicas. Egito - Remete a mais de 4000 a.C., era uma monarquia absoluta e teocrática regida pelo faraó (visto como uma espécie de divindade viva, sucessor de Hórus). - Desde cedo os egípcios já se projetaram em diversos ramos, como a medicina, agricultura, matemática, religião, engenharia mas mesmo assim não temos muitas contribuições na área jurídica. É claro que podemos estar equivocados, visto que não temos como saber muito deste assunto, já que era dificultoso a análise de documentos concretos. Assim, no que tange ao direito egípcio, sempre trabalharemos no campo das hipóteses e especulações. - Uma coisa podemos ter certeza: Direito era manifestação da religião (faraó tinha um papel essencial nesse mecanismo) e justiça era uma princípio traduzido como ordem e verdade. Mas, para não passarmos em branco, podemos destacar que o Direito criminal egípcio tinha penas bizarras. Mesopotâmia (terra entre dois rios: tigres e Eufrates) - O direito na Mesopotâmia, até então, era basicamente restrito a oralidade, é nessa região que surgem as primeiras formas escritas do Direito — o que se dá periodicamente em algumas cidades nas margens dos rios, como, por exemplo, na forma cuneiforme. - Eram sociedades politeístas, extremamente ligadas a religião e se utilizavam dela para justificar acontecimentos e explicar fenômenos. Até por isso, sintetiza-se que separar o jurídico do pessoal/familiar era completamente inviável a essa realidade e, sendo assim, os ordálios cabiam como forma de legitimação. - As leis eram repassadas as pessoas por meio de anúncios do rei/chefe/ancião em locais públicos ou por meio de provérbios. Ainda assim, o “direito penal primitivo” continuava a se basear na “Lei do Talião” e eram decididas pelo chefe de Estado — figura que delimitava regras que automaticamente assumiam caráter generalizado. - Ademais, é irretorquível enfatizar o principal marco das sociedades mesopotâmias: o desenvolvimento de códigos escritos. - O mais antigo dos códigos é o “ Código de Ur- Nammu” com cerca de 2 040 a.C. E, o mais popular dos códigos é o “Código de Hamurabi” criado e estabelecido por volta do século XVIII a.C. Enquanto o primeiro surgiu na Suméria, o segundo foi obra da primeira dinastia babilônica, se baseia principalmente na “Lei do Talião”, com decisões arbitrárias e penas rígidas. Em suma, podemos destacar também que os códigos mesopotâmicos eram compilações de casos concretos. - Todas as leis do Código de Hamurabi são predominantemente criminais e baseadas no principio do Talião, mas podemos ver também regras escritas para adoção, divórcio, contratos, sucessão, casamento, arrendamento e até títulos de crédito. Os mesopotâmicos nos deram boas e seguras fontes jurídicas e históricas. Hebreus - O direito hebraico é um direito religioso baseado na religião judaica e possui também caráter monoteísta, bem diferente das outras civilizações da antiguidade. - O deus único – Javeh- deu as leis ao seu povo escolhido, logo são imutáveis, apenas o deus podia modificá-las. Os doutores da lei, chamados de professores ou rabinos, podem adaptá-las as transformações sociais, todavia sem modificar seus fundamentos básicos. Como o direito hebraico é de concepção teológica, o sistema de aplicação da pena se fundamenta em “leis divinas” estando positivadas em livros sagrados. - Qualquer transgressão, seja contra pessoas ou ao próprio Deus, era considerada um ato de violação das leis divinas. Pois, havia dois grandes grupos de leis: as que regulavam as relações de indivíduo com outros e outras que estabelecia uma relação para com Deus (Iahweh). - Conforme se deduz da leitura do livro de Levítico, o apedrejamento era o modo ordinário de se aplicar a pena capital prescrita pela lei dos hebreus: “Aquele que proferir blasfêmias contra o nome do Senhor, será punido com a morte e toda a congregação o apedrejará. Quer seja estrangeiro, quer seja natural do país, se proferir blasfêmias contra o nome do Senhor, será punido com a morte” (Lv 24:15- 16). - Havia também outras formas de aplicação de pena como a lapidação, o enforcamento, a pena capital pela espada, a queima do acusado em fogueira, a indenização e a pena de multa. Estas duas últimas são a manifestação da elevada evolução que o Direito Hebraico sofreu no decorrer de sua existência. Não havia um sistema de prisão, segundo alguns autores,e a explicação se dá porque tratava-se de um povo que não possuía uma permanência em um mesmo local (semi nômades). - O Direito dos Hebreus possuía uma espécie de constituição hebraica chamada de Decálogo, as demais normas eram seguimentos destes dez dispositivos normativos. - As leis hebraicas eram classificadas em apodíticas: que se subdividem em imperativas negativas e imperativas positivas, e o segundo conjunto: causuísticas que traziam um relato e uma sanção ao fato descrito. Atualmente não há mais uma força coercitiva na vida das pessoas pelas normas hebraicas, mas ainda prevalecem na concepção moral e religiosa dos cristãos. - Seus principais institutos jurídicos versavam sobre a família, com uma estrutura patriarcal, sobre o casamento, sucessões e direito penal. - Os hebreus criaram os primeiros tribunais com a ideia de magistratura suprema, que tinham a função de interpretar a lei e julgar a sociedade, as cidades, tribos, etc. Os princípios das leis hebraicas foram tão influentes que podem ser encontrados em praticamente todas as legislações ocidentais modernas e historicamente foram responsáveis por servir de suporte fático e filosófico para o direito canônico e ao direito muçulmano. - A moderna organização policial do ocidente também deve sua origem nas instituições hebraicas. Em suma, podemos destacar quatro pontos importantes desse conteúdo. - Primeiro: o Egito não nos transmitiu códigos ou livros jurídicos, mas foi a primeira civilização da humanidade que desenvolveu um sistema jurídico que se pode chamar de individualista. - Segundo: A Mesopotâmia foi a região que conheceu as primeiras formulações do Direito, e dali saíram os textos jurídicos chamados ‘’códigos’’, trazendo as primeiras regras de Direito mais ou menos abstratas. - Terceiro: os hebreus não atingiram um desenvolvimento jurídico tão grande, mas registraram em seus textos sagrados um conjunto de regras morais e legais que foram preservadas e seguidas através dos séculos, principalmente pelos dos direitos supracitados.
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