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AULA 12 - PENAL II

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AULA 12 – ERRO DE TIPO (CONTINUAÇÃO) E INTRODUÇÃO À ANTIJURIDICIDADE
1. Erro de tipo (continuação): 
	ERRO SOBRE A PESSOA
	ERRO SOBRE A EXECUÇÃO
	RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO
	ERRO SOBRE A CULPA
	ERRO SOBRE O OBJETO
	Error in persona
	Aberratio ictus
	Aberratio criminis/ aberratio delicti
	Aberratio causae
	Error in objecto
	Art. 20, § 3º, CP
	Art. 73, CP
	Art. 74, CP
	X
	X
	Atinge pessoa diversa da pretendida.
	Atinge pessoa diversa da pretendida.
	Atinge bem jurídico diverso do pretendido (coisa x pessoa).
	Atinge bem jurídico pretendido, mas por meio diverso do planejado.
	Atinge coisa diversa da pretendida.
	Porque o agente confundiu as vítimas. Ex: confunde A com B.
	Porque houve acidente ou erro na execução. Ex: mirou em A, mas atingiu B.
	Porque houve um acidente ou erro na execução. Ex: O agente queria atingir coisa, mas acertou pessoa (A). 
	Porque houve um acidente no erro da execução. Ex: Agente queria matar A por asfixia, mas matou por tiro (casos semelhantes aos envolvendo Isabela Nardoni e Marcos Matsunaga). 
	Seja porque tenha confundido as coisas, seja porque tenha ocorrido um acidente (tanto faz). Ex: Agente queria furtar ouro e furtou bijuteria. 
	O agente responde como se tivesse atingido a vítima pretendida.
	O agente responde como se tivesse atingido a vítima pretendida. 
Se casou ambos os resultados (atingiu A e B), tem-se um concurso de crimes. 
	O agente responde pela forma culposa do crime contra a pessoa. 
	A aberratio causae é chamada de erro sucessivo ou de dolo geral. 
O agente responde pela forma dolosa do crime praticado, pois o erro sucessivo não exclui o seu dolo geral. 
	O agente responde pela forma dolosa do crime praticado. 
Caso prático 01: O dono de um mercadinho tinha, constantemente, o seu estabelecimento assaltado durante a noite. Certo dia, o dono resolveu inserir veneno nos produtos pouco tempo antes de fechar o mercado. Um indivíduo entrou e furtou um achocolatado. O agente responsável pelo furto do achocolatado envenenado vendeu para um senhor. O senhor, que já sabia da origem do produto furtado, levou o achocolatado para a sua residência, onde entregou para a sua esposa, a qual sequer sabia da origem furtada do produto. A esposa colocou na mochila do filho o achocolatado envenenado e este, no momento de consumi-lo, durante o intervalo escolar, morreu na hora. 
Analise a responsabilidade penal para 
a) Mãe: Não responde por crime algum, tendo em vista um erro de tipo escusável (invencível, inevitável e justificável...); 
b) Pai: Não responde pelo crime de receptação em virtude da incidência do princípio da bagatela e, em relação ao homicídio, não responde por causa do erro de tipo escusável. O pai não responderia por homicídio culposo consumado omissivo impróprio, pois, embora seja evidente sua inobservância do dever de cuidado para com o filho (art. 121, § 3º c/c Art. 13, § 2º, a), não houve previsibilidade do resultado é inimaginável que dar um achocolatado levaria à morte, no máximo podia ocorrer a previsão de um mal-estar);
c) Ladrão do achocolatado: Não responde pelo crime de furto em virtude da incidência do princípio da bagatela (é desprezível um achocolatado em comparação ao estoque do mercado) e não responde pelo crime de homicídio em virtude de um erro de tipo escusável; 
d) Dono do mercadinho: Responde por homicídio doloso combinado com erro sobre a execução (art. 121, CP c/c art. 73, CP). Poderia ser defendido a partir da sustentação dos seguintes argumentos: exercício regular de um direito; por inter criminis (ato preparatório impunível); ou pela teoria da imputação objetiva; 
Caso prático 02: X queria matar Y a tiros. X atinge a vítima com tiros e, supondo ela estar morta, enterra o corpo. Perícia constata morte por asfixia. 
X responde por tentativa de homicídio e X responde por homicídio culposo no momento que mata a vítima enterrando ela, sem saber que estava enterrando ela. Essa visão não é a adotada majoritariamente pela doutrina. O que importa, destarte, é a vontade geral de matar, pouco importando a causa mortis. Assim, X responde por homicídio doloso consumado pois havia um dolo geral de matar. 
2. Erro de tipo permissivo (discriminante putativa por erro de tipo) – noções introdutórias:
Trata-se de espécie de erro de tipo e, como tal, pressupõe uma má interpretação dos fatos/da realidade. Nesse caso, o agente pressupõe estar vivenciando uma situação que, se de fato existisse, tornaria a sua ação legítima. Portanto, trata-se de um erro que recai sobre os pressupostos fáticos que autorizam as lesões praticadas mediante excludentes de ilicitude. Exemplo: Legítima defesa putativa, estado de necessidade putativo, consentimento putativo, estrito cumprimento de um dever legal putativo, exercício regular de um direito putativo...
Putativo significa imaginário. 
Ex: A, estava andando em uma rua escura, quando avistou o seu inimigo portando um objeto metálico na mão. Acreditando estar na iminência de ser atingido, A atira contra o seu inimigo com a intenção de matar e consuma o delito. Entretanto, foi constatado, posteriormente, que o objeto metálico, na verdade, era um celular. Destarte, em nenhum momento houve um risco de morte. Tem-se um erro de fato, uma modalidade do erro de tipo que gera consequências jurídicas.
3. Consequências jurídicas da discriminante putativa por erro de tipo: 
	ERRO DE TIPO
	Invencível/ Inevitável/ Justificável/ Escusável: Exclui-se dolo e culpa (o agente não responde por crime nenhum). 
	Vencível/ Evitável/ Injustificável/ Inescusável: Exclui-se o dolo e pune-se por culpa se tipo culposo houver.
· Daniela, caminhando desatenta (...): erro de tipo vencível, evitável, injustificável e inescusável;
· Daniela, mesmo olhando atentamente, não percebeu que (...): erro de tipo invencível, inevitável, justificável, escusável; 
Ex: Os seguranças públicos foram alertados que criminosos vestidos de carteiros estavam realizando assaltos. Certo dia, um carteiro, andando próximo a um carro forte, foi alertado por um segurança para não se aproximar. O segurança atirou e matou o carteiro acreditando se tratar de um criminoso disfarçado. Esse indivíduo pode:
· Não ser responsabilizado, em virtude de um erro de tipo invencível, inevitável, justificável e escusável (tese defensiva);
 
· Ser responsabilizado por homicídio culposo (culpa imprópria – houve intenção de matar); 
Ex (caso real): No Rio de Janeiro, dois sujeitos estavam sobre uma moto e um deles (o carona) estava com uma furadeira nas mãos para ajudar um amigo a realizar uma reforma na casa. Um policial, avistando a cena, acreditou que o sujeito estava rendendo o motorista. O policial disparou e matou o indivíduo. Posteriormente, ele foi inocentado em virtude de um erro de tipo invencível, inevitável, justificável e escusável. 
4. Observações:
	LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA
	LEGÍTIMA DEFESA REAL
	Exclui o crime;
A conduta é atípica;
Erro de tipo é uma excludente de tipicidade;
	Exclui o crime;
A conduta é típica, porém lícita; 
Excludente de ilicitude; 
5. Ilicitude: 
	CONCEITO ANALÍTICO TRIPARTIDO DE CRIME
	FATO TÍPICO (“TIPICIDADE”)
	ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE
	CULPABILIDADE
	· Conduta;
· Resultado;
· Nexo de causalidade;
· Tipicidade; 
	Não estar em:
· Estado de necessidade;
· Legítima defesa;
· Estrito cumprimento de um dever legal; 
· Exercício regular de um direito;
· Consentimento do ofendido (doutrina – extralegal);
	· Imputabilidade;
· Potencial consciência da ilicitude;
· Exigibilidade de conduta diversa; 
(situando-se na tabela da aula 01)
O Código Penal brasileiro discorre sobre a antijuricidade a partir de um viés excludente. Dessa forma, não há ilicitude quando o agente se encontra no estado de necessidade, atuando em legítima defesa, no estrito cumprimento de um dever legal, no exercício regular de um direito ou atuando a partir do consentimento do ofendido (causa supralegal/extralegal)
 
6. Observações gerais – antijuridicidade: 
O nosso Código Penal adota a teoria da ratio cognoscendi: A tipicidade (no sentido amplo,de “fato típico”). A tipicidade é indiciária da ilicitude, ou seja, no geral, todo fato típico é ilícito. 
Matar alguém, em princípio, é uma ação ilícita, a não ser que, por exemplo, o indivíduo tenha agido em legítima defesa.
Subtrair coisa alheia, em princípio, é uma ação ilícita, a não ser que seja comprovado, por exemplo, atuação sob estado de necessidade ou sob o exercício regular de um direito. 
A teoria da ratio cognoscendi se opõe à teoria da ratio essendi. Para essa segunda teoria, não adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, ilicitude integra a essência da própria tipicidade (elementos negativos do tipo).
7. Análise de caso prático (para a próxima aula):
João, caminhando desatento, ao ver andando em sua direção seu inimigo portando algo semelhante a uma arma. Acreditando estar na iminência de ser atingido, atira contra o seu inimigo com o objetivo de matá-lo. Após o primeiro disparo, populares percebem o erro de João e interrompem-no contra a sua vontade. Apesar dos ferimentos, a vítima sobrevive ao incidente. João comete crime? Justifique.

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