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TRAFICO HUMANO PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL

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Belo Horizonte 
2017 
 
 
 
 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
Graduação em Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Larissa Simões Mello dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRÁFICO DE SERES HUMANOS PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 
 
Belo Horizonte 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Larissa Simões Mello dos Santos 
 
 
 
 
 
 
TRÁFICO DE SERES HUMANOS PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Direito da 
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como 
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel 
em Direito. 
 
Orientador: Prof. Daniel Augusto Arouca Bizzotto 
 
Larissa Simões Mello dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRÁFICO DE SERES HUMANOS PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Direito da 
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como 
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel 
em Direito. 
 
Área de concentração: 
 
 
 
 
 
 
 
___________________________________________________________________ 
Prof. 
___________________________________________________________________
Prof. 
___________________________________________________________________
Prof 
 
 
Belo Horizonte, de 2017 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos 
meus queridos e amados pais 
Ewerton e Margaret e a minha 
irmã Talita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Meus agradecimentos primeiramente ao Deus onipotente, pela força 
maior, sem a qual nada seria possível. 
Aos meus pais Ewerton e Margaret, que são o meu porto seguro. 
A Talita minha querida irmã. 
Ao Professor Daniel Bizzotto, meu orientador e amigo de todas as 
horas, que contribuiu de maneira ímpar na elaboração deste trabalho. 
Aos professores da PUC do São Gabriel, que me ensinaram a 
importância do saber, me auxiliando e guiado com os seus ensinamento. 
A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a 
elaboração do presente trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RE
SU
M
O 
Est
e 
est
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, 
na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à 
desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com 
desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e 
não igualdade real. 
Rui Barbosa 
 
 
 
 
 
 
 
udo tratar do tráfico de seres humanos para fins de exploração sexual, um problema 
global que atinge todos os países do mundo, em especial o Brasil. A metodologia 
utilizada foi a revisão bibliográfica que se utiliza de fontes primárias e secundárias, 
com o objetivo de analisar a dimensão do tráfico de pessoas nos dias atuais. A 
proposta de analisar o problema do tráfico de seres humanos para fins sexuais teve 
como motivação a necessidade de compreender e debate, este ilícito penal que viola 
diretamente os direitos fundamentais do homem. Neste sentido, a pesquisa consiste 
em apontar o conceito do tráfico de pessoas, analisar os sujeitos ativos e passivos, 
identificar as principais causas do tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, 
descrever as modalidades de exploração sexual a qual as vítimas são submetidas, 
bem como, expor a legislação a respeito do tema e, por fim, estabelece a 
responsabilidade do Estado. Portanto, demonstrar que é uma escravidão moderna 
que precisa ser represado pelo Brasil. 
 
 
Palavras-chave: Tráfico de Pessoas. Exploração sexual. Responsabilidade do 
Estado 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
Deve ser feita a tradução do resumo para a língua estrangeira. 
 
 
 
 
 
 
Deixe um espaço entre o abstract e as key-words. 
 
 
Key-words: Word 1. Word 2. Word 3. Word 4. Word 5. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ABNT 
CBO 
MJ 
NETPs 
OAB 
OIT 
OMT 
ONU 
PAAHMs 
PNETP 
SNJ 
UNOCC 
 
Associação Brasileira de Normas Técnicas 
Classificação Brasileira das Ocupações 
Ministério da Justiça e Segurança Pública 
Organização Mundial do Turismo 
Ordem dos Advogados do Brasil 
Organização Internacional do Trabalho 
Organização Mundial do Turismo 
Organização das Nações Unidas 
 
 
Secretaria Nacional de Justiça 
United Nations Office on Drugs and Crime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 199 
 
2 TRÁFICO DE SERES HUMANOS E SUAS PECUALIDADESErro! Indicador não 
definido. 
2.1 O mundo das falsas ilusões ................................... Erro! Indicador não definido. 
 
3 EXPLORAÇÃO SEXUAL ........................................ Erro! Indicador não definido. 
3.1 Prostituição............................................................ Erro! Indicador não definido. 
3.1.1 Prostituição de crianças e adolescentes ............. Erro! Indicador não definido. 
3.2 Turismo Sexual ..................................................... Erro! Indicador não definido. 
3.3 Pornografia infantil ................................................. Erro! Indicador não definido. 
 
4 LEGISLAÇÃO SOBRE O TRÁFICO DE SERES HUMANOSErro! Indicador não 
definido. 
4.1 A legislação brasileira perante o tráfico de pessoas para fins de exploração 
sexual ......................................................................... Erro! Indicador não definido. 
 
5 RESPONSABILIDADE DO ESTADO ...................... Erro! Indicador não definido. 
5.1 Politicas de prevenção ao trafico de pessoas ........ Erro! Indicador não definido. 
5.2 Campanhas nacionais .......................................... Erro! Indicador não definido. 
5.3 Assistência a vítima ............................................... Erro! Indicador não definido. 
 
6 CONCLUSÃO .......................................................................................................43 
 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................46 
 
 
ANEXOS ..................................................................... Erro! Indicador não definido. 
ANEXO A – Título do anexo ........................................ Erro! Indicador não definido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
1 INTRODUÇÃO 
O tráfico de seres humanos está presente deste dos primórdios da 
história do homem, porém nas últimas décadas tem ganhado destaque por ter se 
tornado o meio de escravizar a liberdade física e moral. 
Segundo dados da ONU, o tráfico de pessoas movimenta 
anualmente 32 bilhões de dólares em todo o mundo. Desse valor, 85% provêm da 
exploração sexual. 
Assim, o tráfico de pessoas para fins de exploração é a finalidade 
mais frequente e tem como principal alvo mulheres, adolescentes e crianças devido 
vulnerabilidade social. 
Portanto, o tráfico de pessoas é um problema global que atinge o 
Brasil a séculos que precisa ser conhecido e debatido por toda sociedade, tendo em 
vista que é um crime que viola diretamente os direitos fundamentais, em destaque a 
dignidade da pessoa. A Constituição assegura como direito fundamental a dignidade 
da pessoa humana, portanto toda ação que violar esse preceito deve ser modificado 
para garantir os preceitos estipulados. 
Considerando a relevância do tema, o objetivo geral a ser alcançado 
é o estudo do tráfico de seres humanos para fins de exploração sexual no Brasil. Em 
relação aos objetivos específicos, foram estabelecidos: a definição do tráfico de 
pessoas; a análise do perfil das vítimas e dos aliciadores; as condições sociais que 
favorece o tráfico; a definição de exploração sexual e suas modalidades; oestudo da 
legislação nacional a respeito do tema; a análise da responsabilidade do Estado, em 
relação às políticas de prevenção ao tráfico de pessoas, as campanhas nacionais e 
a assistência à vítima. 
A metodologia utilizada no presente trabalho é de cunho qualitativo, 
sendo assim foi realizado um extenso levantamento bibliográfico. Entretanto, devido 
à escassez de livros nacionais que abordassem o tema, foi realizada uma coleta de 
dados e informações presente em relatórios produzidos pela UNOCC (United 
Nations Office on Drugs and Crime), Ministério da Justiça e Segurança Pública e 
ONU (Organização das Nações Unidas), além de estudos em cartilhas e manuais do 
Ministério Público e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). 
Assim, no primeiro capítulo, foi definido o conceito de tráfico de 
pessoas segundo o Protocolo de Palermo e analisado os elementos constitutivos do 
20 
 
crime de tráfico de pessoas. Em seguida, demostrou o perfil das vítimas e os 
problemas sociais que possibilitam o tráfico de pessoas. Também foi abortado o 
perfil dos aliciadores e forma que eles utiliza para atrair as vítimas. Foram 
abordadas, ainda, a principal finalidade do tráfico de pessoas, que é a exploração 
sexual foco do presente trabalho. Por fim, o primeiro capítulo trata de forma geral o 
tema apontando os principais elementos. 
No segundo capítulo, foi exposta a definição de exploração sexual e 
suas modalidades; prostituição, turismo sexual e pornografia infantil. Sendo assim, 
foram apresentadas as principais características de cada modalidade. 
O terceiro capítulo aborda a legislação sobre o tráfico de pessoas 
com enfoque na legislação nacional. Sendo assim, inicialmente o capitulo discorre 
sobre o principal documento internacional que trata do tema e posteriormente da 
evolução histórica da legislação nacional em relação ao tráfico de pessoas. Por fim, 
o capítulo sobre a última mudança na legislação que ampliou o bem jurídico 
tutelado. 
O quarto capítulo analisa a responsabilidade do Estado em relação 
aos problemas causado pelo tráfico de pessoas. Assim, o capítulo analisa as 
políticas de prevenção ao tráfico de pessoas e assistência que o governo e as 
entidades devem fornecer a vítima e todos os envolvidos. Em síntese, o presente 
trabalho visa demostrar a relevância de se discutir o tráfico de pessoas para fins de 
exploração sexual. 
 
 
 
21 
 
2 TRAFICO DE SERES HUMANOS E SUAS PECUALIDADES 
O tráfico de pessoas é uma atividade ilícita que movimenta pessoas 
no mundo inteiro no âmbito nacional ou internacional, com o objetivo de aquisição de 
lucro, em que as vítimas são predominante mulheres, crianças e adolescentes para 
mercado sexual. 
O Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra a 
Criminalidade Organizada Transnacional relativo à Prevenção, Repressão e Punição 
do Tráfico de Pessoas, em especial Mulheres e Crianças, nos termos do artigo 3° 
definiu o Tráfico de pessoas: 
O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o 
acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras 
formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade 
ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos 
ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha 
autoridade sobre outra para fins de exploração. A exploração incluirá, no 
mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de 
exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas 
similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos. (BRASIL, 
2004). 
O Protocolo determina três elementos constitutivos do crime de 
tráfico de pessoas: ato/ação; os meios; e objetivo de exploração. Portanto, para que 
o seja considerado tráfico de pessoas deve haver a combinação dos três elementos 
constitutivos. 
Além dos três elementos básicos é importante enfatizar que o tráfico 
de pessoas envolve no mínimo duas pessoas, o aliciante e a vítima. Neste sentido, 
Damásio de Jesus ressalta que o “ilícito se inicia com o aliciamento e termina com a 
pessoa que explora a vítima” (DAMASIO, 2003, p. 131-132). 
O crime do tráfico de pessoas tem maior êxito em relação as 
mulheres, crianças e adolescente, pelo fato destes seres muita das vezes os 
hipossuficiente na sociedade da qual está inserido. Na maior parte do mundo e em 
particular no Brasil as mulheres, crianças e adolescentes são vítimas de problemas 
sociais graves, como violência, pobreza, desigualdade de oportunidade e renda, 
discriminação, escolaridade, baixa inclusão nas políticas sociais entre outros. 
Estes fatores sociais é o que possibilitar o crescimento do tráfico de 
pessoas, haja vista que os aliciadores tiram proveito da vulnerabilidade econômica e 
social da vítima e de sua família, ou aproveita dos sonhos pessoais, para conquistar 
as suas vítimas. Os aliciadores acena um mundo de oportunidades, de ganho de 
22 
 
dinheiro, carreira profissional, entre outras vantagens, levando a vítimas acreditar 
que é uma chance ímpar para a conquista de uma vida digna. As oportunidades 
oferecidas pelos aliciadores “é o canto da sereia. Eles prometem tudo: vida melhor, 
bons salários, viagem para o exterior, tudo com pouco trabalho”. (Secretário de 
Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão). Assim, as vítimas tem o 
imaginário manipulado e não percebe os riscos por trás das propostas atraentes. 
Entretanto, algumas vítimas aceita as propostas do aliciador já tendo 
o consentimento de que realizara determinada atividade, porém acreditando que em 
troca receberá uma boa remuneração. Este consentimento viciado não afasta a 
configuração do crime de tráfico de pessoas, haja vista que o Protocolo de Palermo 
no artigo 3 “b” prevê que se houve qualquer tipo de exploração, o aval dado pela 
vítima, será considerado irrelevante. 
 
O consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas tendo em vista 
qualquer tipo de exploração descrito na alínea a) do presente Artigo será 
considerado irrelevante se tiver sido utilizado qualquer um dos meios 
referidos na alínea a) ;(BRASIL,2004) 
Destarte, existem dois perfis de vítimas do tráfico de pessoas, a 
pessoa que é totalmente enganada e a outra que é parcialmente enganada. A 
Organização Internacional do Trabalho fez essa distinção: 
Uma parte dessas vítimas é completamente enganada, embarcando com a 
crença de que encontrará trabalho digno e com boa remuneração. Já outra 
parcela tem consciência de que foi arregimentada para a indústria do sexo 
ou para algum tipo de trabalho braçal. Estas vão descobrir ao chegar que 
as condições de trabalho, o pagamento e o grau de liberdade pessoal não 
são os mesmos que haviam sido combinados. (OIT, 2006, p.57) 
Neste mesmo sentindo Damásio E. de Jesus explanou: 
Em resumo, há dois perfis de mulheres traficadas: o da mulher que viaja a 
procura de um emprego com bom salário, mas que na verdade é 
enganada, pois o objetivo real da viagem é a exploração; e o da mulher 
que já estava inserida na prostituição antes mesmo de fazer a viagem ao 
exterior. (DAMÁSIO, 2003, p.129) 
 
Enfim no tráfico de pessoas o aliciador aproveita da imaturidade, 
falta de experiência, condição financeira, ingenuidade ou qualquer vulnerabilidade 
da vítima para explorá-los comercialmente como se fossem mercadoria. 
23 
 
2.1 O MUNDO DAS FALSAS ILUSÕES 
Atualmente, lamentável que mulheres e adolescentes do sexo 
feminino, são as principais vítimas do tráfico de pessoas para o mercado sexual. 
Segundo “dados coletados pela UNODC em 2014 as mulheres e adolescente do 
sexo feminino representaram cerca de setenta por cento das vítimas detectadas” 
(UNODC,2016). 
As vítimas são aliciadas pelas diferentes formas e são geralmente 
enganadas com falsas promessas, haja vista que “a exploração no mercado do sexo 
é disfarçada como se fosse o recrutamento de modelos, babás, garçonetes, 
dançarinas ou,ainda, a atuação de agências de casamentos.” (TRAFICO DE 
PESSOAS MERCADO DE GENTE, cartilha Reporte Brasil 2012- PAG 12). 
As mulheres e meninas vítimas do tráfico para fins de exploração 
sexual são geralmente aliciadas por familiares, amigos, pelas redes sociais ou por 
pessoas que se esconde atrás de atividades licitas. Segundo o Conselho Nacional 
de Justiça, os aliciadores apresenta as seguintes peculiaridade: 
Os aliciadores, homens e mulheres, são, na maioria das vezes, pessoas 
que fazem parte do círculo de amizades da vítima ou de membros da 
família. São pessoas com que as vítimas têm laços afetivos. Normalmente 
apresentam bom nível de escolaridade, são sedutores e têm alto poder de 
convencimento. Alguns são empresários que trabalham ou se dizem 
proprietários de casas de show, bares, falsas agências de encontros, 
matrimônios e modelos. As propostas de emprego que fazem geram na 
vítima perspectivas de futuro, de melhoria da qualidade de vida. (CNJ, 
BRASIL,2017) 
 Neste contexto Damásio E. de Jesus 2003, p. 131-132) explica as 
formas que os aliciadores utilizam: 
Outras formas de recrutamento relacionam-se mais diretamente com a 
presença de aliciadores em casas de prostituição, boates, hotéis e, 
sobretudo, para a exploração de meninas, bares e restaurantes de beira de 
estrada. Em muitos casos, o aliciamento ocorre de boca em boca, por 
intermédio de mulheres que foram traficadas para trabalhar em boates no 
exterior e retornam com a incumbência de fornecer vítimas ao negócio. Em 
muitos casos, os aliciadores procuram “consentimento” dos próprios 
familiares para o início da empreitada, sem revelar os muitos detalhes 
sórdidos e perigosos da oportunidade. 
 
As propostas feitas pelos traficantes causa deslumbramento nas 
vítimas, porém ao chegarem ao destino as vítimas encontram uma realidade oposta 
do que foi lhe prometido. Vivenciam uma realidade desumana, tendo em vista que 
elas passam a ser consideradas clandestinas, tem os passaportes retidos pelos 
24 
 
traficantes, muitas das vezes não conhece o idioma do país para qual foi enviado, 
tem jornadas de trabalho exaustivas, são privadas de qualquer meio de 
comunicação, além de ser obrigadas a se relacionar sexualmente com várias 
pessoas. 
A título de ilustração, há o relato de Ana Lúcia Furtado, uma vítima 
do tráfico de pessoas. 
 
Ana Lúcia Furtado era empregada doméstica e sustentava três filhos quando, 
aos 24 anos, recebeu uma proposta para o que sonhava ser um futuro melhor: 
trabalhar como garçonete em Israel. Mas acabou virando prostituta numa 
boate. 
Vítima do tráfico de mulheres, ela relata Como foram os três meses em que 
ficou em poder da quadrilha e a morte de sua prima, Kelly Fernanda Martins, 
com quem viajou para Israel. 
G1 — O que você fazia antes de tudo isso acontecer? 
 Ana Lúcia— Antes de receber o convite pra ir pra Israel eu tinha três filhos: 
minha filha de 1 ano e pouco, um filho de 7 e outro de 10. E trabalhava de 
empregada doméstica. Criava meus filhos com a ajuda da minha mãe. Eu era 
muito próxima a Kelly, que era prima minha de segundo grau. A gente era 
amiga, ia para a balada juntas e foi quando, em uma dessas saídas, a gente 
conheceu a Rosana, em um pagode em Madureira. Ficamos amigas, ela saía 
com a gente, frequentava a nossa casa. Foi quando ela fez a proposta pra 
gente. 
G1 — Como foi a proposta? 
 Ela falou: viajei [para Israel], cheguei agora, eu comprei essa casa, uma 
belíssima casa, comprei carro. Estou cheia de dinheiro. Lá fora está dando 
dinheiro legal. “E o que você faz lá fora”, perguntei. “Ah, a gente trabalha em 
lanchonete, pizzaria, e ganha US$ 1,5 mil por mês”. Poxa, você estava vivendo 
uma situação difícil, com três filhos pra criar, sozinha, morando na casa da sua 
mãe. Precisando tanto eu quanto a Kelly, que tinha dois filhos, morava com a 
mãe também. A gente querendo ter a própria independência, casa e dar futuro 
melhor pros filhos. Chega alguém dizendo que viajou, ganha US$ 1,5 mil por 
mês, e é fácil assim. E as pessoas oferecem passagem, tiram seu passaporte 
e tudo. E a gente se interessou, né?! Foi quando ela ligou pra essa pessoa em 
Israel, que no caso era a Célia, aí ela entrou em contato com a gente e falou 
que mandava uma passagem pra gente pra trabalhar em uma lanchonete lá 
em Tel Aviv. 
G1 — Vocês só falavam com a Rosana? 
Ana Lúcia— Só depois de um tempo a gente passou a falar com a Célia, daqui 
do Brasil. Ela disse que tinha várias lanchonetes, que era brasileira e que havia 
várias meninas trabalhando, que dava um dinheiro legal. Aí a gente ficou 
radiante, ficou feliz, achando: a gente vai pra lá, fica seis meses e quando voltar 
compra a nossa casa. Esse era o nosso sonho. Tanto que teve mais meninas 
interessadas também, inclusive duas meninas que conheceram através da 
gente e foram na nossa frente. 
G1 — Vocês em nenhum momento desconfiaram de nada? 
Ana Lúcia— Não, não desconfiamos de nada porque é tudo muito verdadeiro o 
que a Rosana apresentava pra gente aqui no Brasil. Vinha na nossa casa, 
sentava, almoçava. E a mãe dela também falava que aquilo era tudo verdade, 
25 
 
que ela ia pra lá, trabalhava de garçonete lá e voltava com dinheiro. Já tinha 
comprado casa, carro e estava dando pra sobreviver, estava com uma vida 
bem melhor. E a gente frequentava a casa dela. E acreditou, né? Foi quando 
começaram a agir, tiraram o passaporte, tiraram passagem, compramos roupa. 
E a Rosana ainda falava pra gente: “Lá é um lugar em que vocês não podem 
andar com roupa muito pelada. Tem que levar umas roupas cobrindo o corpo”. 
E a gente, inocente, levava. 
G1 — E vocês não tiveram mais notícia das duas que foram antes? 
Ana Lúcia— Não tivemos mais contato com elas, porque elas foram em uma 
semana e nós fomos em outra. Porque não podiam ir quatro de uma vez, tinha 
que ir de duas em duas pra poder passar na fronteira de lá. Isso era o que a 
Rosana falava pra gente. Então foram essas duas meninas. E depois fomos eu 
e Kelly, garimpando de país em país. Passamos por Espanha, Alemanha e 
depois França. Quando chegamos na França tinha dois israelenses da máfia 
nos esperando. Quando chegamos, dormimos no hotel do aeroporto da 
França. Eles levaram a gente pra jantar, passeamos, conhecemos algumas 
coisas lá em Paris. E depois, no outro dia, fomos pra Tel Aviv. Mas quando 
chegamos na França, eles já pegaram nosso passaporte e passagem, e 
disseram: “Tem que ficar com a gente pra passar na fronteira de Israel”. 
Quando chegamos em Tel Aviv, já tinha mais duas pessoas esperando a gente 
com carro. 
G1 — Em Tel Aviv vocês foram levadas para onde? 
Ana Lúcia— Eu e Kelly fomos numa boa, entramos no carro. Quando nós 
chegamos em Tel Aviv, primeiro eles foram pra boate onde ia ficar a Kelly, que 
era a Playboy. Quando chegamos lá na porta, a Kelly era mais desaforada, 
mais agitada, mais brigona, tipo o que a Carolina está fazendo no papel, e 
falou: “Ana Lúcia, que lugar estranho, pra trabalhar. Uma casa velha, que lugar 
feio”. O rapaz disse assim: “Entra”. Nós entramos e quando chegamos na sala, 
havia um sofá, onde estavam muitas meninas, todas brasileiras, com roupas 
íntimas, sutiã e um shortinho íntimo que se usa por baixo da roupa. Entre as 
meninas sentadas ali tinha uma que tinha ido na nossa frente. E a Kelly falou 
assim: “Gente, que lugar é esse?”. Aí a Rita falou assim: “Psiu, não fala nada, 
depois eu te falo”. A Kelly falou: “Eu não vou ficar aqui, não. Ana Lúcia, a gente 
não vai ficar aqui. A gente vai embora. Você me trouxe pra me prostituir? Pra 
me prostituir eu me prostituía no meu país”. Ela era mais desaforada. Eu fiquei 
morrendo de medo. Porque aí essa menina disse pra gente: “Olha só, não faz 
escândalo e faz o que eles querem, porque aqui é isso que vocês estão 
vendo”. Aí um dos rapazes que foi buscar a gente em Paris falou: “Você vai 
ficar aqui, pra Kelly, e você vem comigo, pra mim”. Aí eu fui, estava morrendo 
de medo. Aí eu fui pra Eliá (boate). 
G1 — Como foinesse local? 
Ana Lúcia — Quando cheguei encontrei a outra menina, que foi na minha 
frente. Aí ela me pegou na cozinha e me disse o que era. Aí já dava pra ver os 
quartos, a sala onde as meninas ficavam sentadas e a recepção com a 
gerente. Aí me explicaram: “Ana Lúcia, hoje mesmo você começa a trabalhar”. 
A Célia me levou pra um quarto pra trocar de roupa e conversou comigo. Eu 
era mais medrosa. A Kelly era mais brigona, tinha mais atitude. Eu falei que 
tinha que falar com minha família, porque já fazia três dias que eu não falava 
com minha família. Aí ela falou que à noite deixava falar com a minha família. 
Aí eu fui pro salão junto com as outras meninas, muitas meninas brasileiras. O 
tráfico de mulheres pra lá é mais de brasileiras. Você só vê brasileira. Mas 
realmente existem muitas meninas trabalhando em lanchonetes. 
G1 — E não era pra se prostituir? 
 Ana Lúcia— Não, era só para trabalhar mesmo. 
26 
 
G1 — E você em algum momento chegou a dizer: “Não, eu não quero fazer”? 
 Ana Lúcia— Chegamos. Todo mundo chega falando isso. 
G1 — E aí? 
Ana Lúcia— Eles dizem: “Não, agora você vai ter que pagar o que me deve”. 
“E quanto eu lhe devo”. “Você me deve R$ 1,5 mil de passagem, R$ 1 mil pra 
entrar no país, cabelo, roupa, você me deve muita coisa. Quando você me 
pagar tudo o que me deve, eu te mando de volta pro teu país”. Mentira, né?! 
Porque você nunca consegue pagar a dívida com eles. Porque a dívida sempre 
está aumenta cada vez mais. E a gente quase não comia. A gente comia 
quando fugia, normalmente na sexta-feira. 
G1 — Pra onde? 
 Ana Lúcia— Pra lanchonete que era na beira da praia. 
G1 — E vocês não procuraram a polícia? 
 Ana Lúcia— Não, porque a gente fugia, mas eles sabiam onde a gente estava. 
Por isso a Kelly foi morta. Os seguranças seguiam a gente. 
G1 — E eles ameaçavam? 
Ana Lúcia— Ameaçavam. Diziam que se a gente saísse de lá, do lucro que 
estava dando pra eles, eles vinham para o Brasil matar nossa família, matar 
nossos filhos. E falavam que tinham endereço, que tinha foto, que sabia onde 
eles estudavam, como eles viviam. E realmente sabiam de tudo, porque a 
menina frequentou a nossa casa. Saía com a gente, comia e bebia. Eles 
sabiam tudo. E você vai arriscar? 
G1 — Como foi a primeira experiência sua? 
Ana Lúcia— Foi horrível. Num primeiro momento, você sentada ali exposta no 
sofá, chega um homem que você nunca viu na vida, fala assim: “É essa”. Aí te 
pega, te leva lá pra dentro do quarto, tem relação sexual contigo e depois sai 
com você e paga. Você se sente uma mercadoria. Depois é exposta a outro 
traficante, a um policial, é exposta a isso tudo. Você não tem querer. O teu 
querer é o deles. É chato, é ruim, você chora, esperneia, mas não adianta. 
Você tenta fugir. Tentamos fugir várias vezes, mas não conseguimos. 
G1 — Como? 
 Ana Lúcia— A gente tentava, porque a gente saía, né?! A gente não sabia que 
estava sendo seguida, estava sendo seguida por dois carros. Foi quando eles 
botaram o carro na frente e atrás, e “sai”, “sai”, “sai”, botaram a gente dentro do 
carro e levaram de volta pro abrigo. Então eles foram ameaçando a gente o 
tempo todo, que sumiam do país, que nossa família não ia mais saber da 
gente. E realmente isso acontece muito. Muitas meninas morreram lá, estão 
presas desde a minha época e nunca mais conseguiram sair do país. É uma 
máfia, uma máfia russa, uma máfia muito perigosa. Aí não tentamos mais fugir. 
(G1, 2013) 
 
Assim, chegando ao destino as vítimas são submetidas a 
degradação, agressões psicológicas e físicas. Elas são “mantidas em cativeiro em 
locais insalubres e expostas a qualquer tipo de doença; são vigiadas a todo o 
momento e recebem alimentação de péssima qualidade que mal serve para a 
sobrevivência.” (SILVA, A.M.F; SILVA, C.K; BIZZOTTO,2016, p.8). Os traficantes 
27 
 
também ameaçam as vítimas usando muito das vezes os familiares como alvo. 
 
É imprescindível destacar que os traficantes cobram de suas vítimas 
de forma abusiva todas as despesas que eles tiveram com elas: passagens, 
alimentação e moradia. 
 
Enfim a o tráfico de pessoas é uma atividade censurada, em que a 
vítima é movida de um lugar para o outro com ou sem o consentimento, com a 
privação de exercer seus direitos, de agir conforme sua vontade. Além de ser uma 
atividade mercantil que envolve a vida de uma pessoa de forma degradante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3 EXPLORAÇÃO SEXUAL 
A exploração sexual caracteriza-se pela relação de mercantilização, 
em que uma pessoa (aliciador) obtém lucro ou alguma vantagem ao se utilizar de 
atividades sexuais de um terceiro. 
Assim, o autor Vicente Faleiros no estudo A Exploração Sexual 
Comercial de Meninos, Meninas e Adolescentes na América Latina e Caribe, de 
1998, descreve que a exploração sexual comercial é uma violência sexual 
sistemática que se apropria comercialmente do corpo como mercadoria para auferir 
lucro. 
“A exploração sexual, caracterizada pela relação mercantil por meio 
do comércio do corpo (sexo), inclui também o turismo sexual, o tráfico e a 
pornografia” (PIOVESAN. KAMIURA, p.111). 
Em síntese a exploração sexual é o ato em que o aliciador aproveita 
da imaturidade, falta de experiência, condição financeira, ingenuidade ou qualquer 
vulnerabilidade da vítima para explorá-los comercialmente como se fossem 
mercadoria, fazendo com que troque a liberdade sexual por dinheiro. Portanto é uma 
atividade mercantil que envolve as vítimas de forma desumana. 
3.1 PROSTITUIÇÃO 
A prostituição comercial é uma das modalidades de exploração 
sexual, tendo em vista que “trata-se da prestação de favores sexuais, em geral, 
exercida por mulheres, crianças e adolescentes, em troca de determinada soma em 
dinheiro ou outra forma de compensação”. (SILVA, A.M.F; SILVA, C.K; 
BIZZOTTO,2016, p.94). 
“Assim, a prostituição, importando em venda, em tráfico, significa o 
comércio do corpo, a venda pública do corpo para satisfação dos prazeres dos 
homens, sem escolha.” (PÉRIAS, 2009, p. 107). 
Portanto a prostituição em análise é a que envolve exploração 
sexual, no qual o “terceiro obtém ou tenta obter alguma espécie de vantagem, seja 
financeira ou não, decorrente da prática sexual de outrem”. (SALGADO, 2013, 
p.288) 
É importante destacar que a prostituição em si não é reprimida, uma 
29 
 
vez que é reconhecida na Classificação Brasileira das Ocupações (CBO), instituída 
em 2002 por portaria do Ministério do Trabalho e Emprego, como profissionais do 
sexo. Porém o profissional deve realizar a atividade consciente e por sua mera 
vontade, caso contrário o que ocorre é a prostituição para fins exploração sexual. 
3.1.1.1 Prostituição de crianças e adolescentes 
A prostituição de crianças e adolescentes não existe, tendo em vista 
que qualquer ato sexual em relação a criança é considerado abuso ou exploração 
sexual. 
O Protocolo Opcional à Convenção sobre Venda de Crianças, 
Prostituição e Pornografia Infantis de 1999 denominou que a “Prostituição infantil é o 
uso de uma criança em atividades sexuais mediante remuneração ou qualquer outra 
forma de consideração”. 
Segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT, a 
prostituição infanto-juvenil está listada entre as cinco piores formas de trabalho 
infantil (Convenção 182). 
 
Visando proteger as crianças e adolescentes contra a violação dos 
direitos sexuais o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê no artigo 244 que 
qualquer pessoa que submeter criança ou adolescente, à prostituição ou à 
exploração sexual, será punida com pena de reclusão de quatro a dez anos, e multa. 
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo de proteção integral de que trata 
esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as 
oportunidade e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, 
mental, moral, espiritual e social, em condiçõesde liberdade e de 
dignidade. (VERONESE; SILVEIRA, 2011, p.32) 
 Em suma, a prostituição é a modalidade mais explorada pelos 
criminosos atualmente, considerando que ela envolve crianças e adolescentes em 
atividades sexuais inadequadas para idade cronológica ou desenvolvimento físico, 
psicológico e social. 
3.2 TURISMO SEXUAL 
 O Brasil é um país que atrair turistas do mundo inteiro devido a sua 
30 
 
beleza natural, diversidade regionais, culinária e beleza da população em especial 
das mulheres. 
“A sensualidade da mulher brasileira é ainda vendida normalmente 
pelas agências de turismo do mundo inteiro” (DAMASIO, p.158), pois a imagem da 
mulher brasileira como símbolo sexual, com samba no pé, curvas volumosas 
perpetua no imaginário do turista nacional ou estrangeiro. Estes fatores ocasiona o 
turismo sexual que foi definido pela a Organização Mundial do Turismo da seguinte 
forma: 
Viagens organizadas dentro do seio do setor turístico ou fora dele, 
utilizando, no entanto, as suas estruturas e redes, com a intenção primária 
de estabelecer contatos sexuais com os residentes do destino (OMT – 
Organização Mundial do Turismo, 1995, s/p). 
Visando atender o turismo sexual os aliciadores aliciar em sua 
maioria mulheres, crianças e adolescentes para ir de forma ilegal para os centros 
turísticos, para prestar serviços sexuais. 
3.3 PORNOGRAFIA INFANTIL 
A pornografia infantil é uma das modalidades de exploração sexual 
que “envolve atos como produzir ou reproduzir, filmar ou fotografar imagens de sexo 
ou qualquer material pornográfico envolvendo crianças e adolescentes”. (DAMASIO, 
p.45). 
Neste contexto no artigo Perspectivas e desafios enfrentados pelos 
direitos humanos no mundo globalizado: um panorama conceitual de proteção à vida 
e a problemático do tráfico de pessoas para fins de exploração sexual os autores 
expõe que: 
A pornografia infantil define-se pela utilização de e-mails, comunicadores 
instantâneos, redes sociais ou qualquer outro meio que envolva crianças e 
adolescentes, com o objetivo de apresentar, produzir, vender, fornecer, 
divulgar ou publicar fotografias, imagens ou cenas que revelem atividades 
sexuais. (SILVA, A.M.F; SILVA, C.K; BIZZOTTO,2016, p.96). 
 
Sendo assim, em regra a pornografia infantil tem fins comercias e 
tem como principal aliada à internet, haja vista ser um meio de comunicação 
acessível a todos em especial as crianças. 
É importante salientar que conforme artigo 3° do Protocolo de 
Palermo o termo “criança” significa qualquer pessoa com idade inferior a dezoito 
31 
 
anos. 
A pornografia infantil visa um público especifico, ou seja, pedófilos 
que segundo a Organização Mundial de Saúde são pessoas adultas (homens e 
mulheres) que têm preferência sexual por crianças – meninas ou meninos - do 
mesmo sexo ou de sexo diferente, geralmente pré-púberes (que ainda não atingiram 
a puberdade) ou no início da puberdade. 
A Organização Mundial de Saúde classifica a pedofilia como 
transtornos da preferência sexual, portanto para a medicina os pedófilos são 
considerados doentes e deve ser tratados em relação ao transtorno. 
Apesar da pedofilia ser considerada doenças o Código Penal 
criminaliza a pornografia infantil no artigo 241-b do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, 
vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou 
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 
11.829, de 2008). 
Portanto a pornografia infantil é a modalidade de exploração sexual 
em que os atos têm vítimas específicas, crianças e adolescentes. Além deste fato a 
pornografia infantil está diretamente ligada à pedofilia. 
 
 
 
 
 
32 
 
4 LEGISLAÇÃO SOBRE O TRÁFICO DE SERES HUMANOS 
O tráfico de pessoas atualmente é um problema global que “envolve 
milhões de vítimas e gera bilhões de dólares para redes criminosas” (Yury Fedotou, 
2013). Segundo dados do UNODC o tráfico de pessoas é o terceiro crime mais 
lucrativo do mundo. 
Tendo em vista que, “nenhum país consegue escapar desse crime 
terrível que viola diretamente os mais fundamentais direitos humanos” (Yury 
Fedotou, 2013), a Assembleia Geral da ONU aprovou em 15 de novembro de 2000, 
a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, mais 
conhecido como Convenção de Palermo. 
 A Convenção é o principal instrumento legislativo de âmbito 
internacional, pois é através deste que os Estados membros pactuaram criar 
políticas de prevenção, proteção e criminalização em relação ao tráfico de pessoas. 
Os Estados-membros que ratificaram este instrumento se comprometem a 
adotar uma série de medidas contra o crime organizado transnacional, 
incluindo a tipificação criminal na legislação nacional de atos como a 
participação em grupos criminosos organizados, lavagem de dinheiro, 
corrupção e obstrução da justiça. A convenção também prevê que os 
governos adotem medidas para facilitar processos de extradição, 
assistência legal mútua e cooperação policial. Adicionalmente, devem ser 
promovidas atividades de capacitação e aprimoramento de policiais e 
servidores públicos no sentido de reforçar a capacidade das autoridades 
nacionais de oferecer uma resposta eficaz ao crime organizado. 
(UNODC,2017) 
É imprescindível destacar que a principal definição do tráfico de 
pessoas encontra-se no artigo terceiro do Protocolo de Palermo. Em suma, a 
Convenção tem como finalidade a cooperação internacional ao enfrentamento no 
tráfico de pessoas. 
4.1 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PERANTE O TRÁFICO DE PESSOAS PARA 
FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 
O tráfico de pessoas no Brasil para fins de exploração sexual é um 
problema antigo na sociedade. Assim, a legislação brasileira vem buscando 
criminalizar este crime desde 1890, quando criminalizou pela primeira vez o tráfico 
internacional de mulheres no Código Penal Republicano, no artigo 278: 
Art. 278. Induzir mulheres, quer abusando de sua fraqueza ou miséria, 
quer constrangendo-as por intimidações ou ameaças a empregarem-se no 
tráfico da prostituição. (...) 
33 
 
Penas — de prisão celular, por um a dois anos, e multa de 500$000 a 
1.000$000. 
Segundo Damásio de Jesus, a Consolidação das Leis Penais de 
1932 foi o segundo texto legislativo a tratar do assunto. Porém, este dispositivo legal 
tratou do assunto de forma indireta nos §§ 1. ° e 2. ° do art. 278: 
Art. 278. (...) 
§ 1.0Aliciar, atrair ou desencaminhar, para satisfazer as paixões lascivas 
de outrem, qualquer mulher menor, virgem ou não, mesmo com o seu 
consentimento; aliciar, atrair ou desencaminhar, para satisfazer as paixões 
lascivas de outrem, qualquer mulher maior, virgem ou não, empregando 
para esse fim, ameaça, violência, fraude, engano, abuso de poder, ou 
qualquer outro meio de coação; reter, por qualquer dos meios acima 
referidos, ainda mesmo por causa de dívidas contraídas, qualquer mulher 
maior ou menor, virgem ou não, em casa de lenocínio, obrigá-la a 
entregar-se à prostituição: Penas — as do dispositivo anterior. 
§ 2º Os crimes de que tratam este artigo e o seu § 1.0 serão puníveis no 
Brasil, ainda que um ou mais atos constitutivos das infrações neles 
previstas tenham sido praticados em país estrangeiro. 
 
A terceira previsão legal em relação a criminalização do tráfico de 
mulheres para fins de exploração sexual, foi no Código Penal vigente no artigo 231. 
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de mulher 
que nele venha exercer a prostituição, ou a saída de mulher que vá 
exercê-la no estrangeiro: (...) 
Apesar da previsão legal estar normatizada no Código Penal 
vigente, nos últimos anos o marco legal mais importante sobre a matéria ora em 
comento, foi a ratificação do Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas 
contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e 
Punição do Tráficode Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças, pelo Brasil com o 
Decreto nº 5.017 de 12 de março de 2004. 
O reconhecimento do Protocolo de Palermo pelo Brasil ocasionou a 
alteração do artigo 231 do Código Penal vigente, pois o artigo mencionado passou a 
incluir além das mulheres, homens, crianças e jovens. Também passou a 
caracterizar o tráfico para fins de exploração sexual dentro do território nacional. 
 Sendo assim, a redação do o artigo 231 e 231-A do Código 
Penal após a alteração, ficou assim: 
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém 
que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração 
sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro: Pena - 
reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
 
34 
 
§ 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a 
pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, 
transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 
§ 2º A pena é aumentada da metade se: 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato; 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, 
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da 
vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, 
proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, 
aplica-se também multa. (BRASIL, 1940) 
 
Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do 
território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de 
exploração sexual: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou 
comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa 
condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 
§ 2º A pena é aumentada da metade se: 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato; 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, 
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da 
vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, 
proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, 
aplica-se também multa. (BRASIL, 1940) 
Salientando que estas alterações ocorreram devido a Constituição 
da República Federativa do Brasil “assegura que o país cumprirá todas as 
orientações de acordos internacionais ratificados”. (Cartilha tráfico de pessoas 
mercado de gente) 
Embora as mudanças na legislação brasileira em 2005 ter sido 
relevantes, elas não atendiam as exigências internacionais. Sendo assim, buscando 
“constitui harmonização da lei brasileira ao Protocolo Adicional à Convenção das 
Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, 
Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas (Protocolo de Palermo)” (MJSP, 2016), 
em outubro de 2016 foi publicada a Lei nº 13.344/2016 que potencializou o 
35 
 
enfrentamento ao tráfico de pessoas no Brasil. 
A Lei n° 13.344/2016 ocasionou modificações pontuais, haja vista 
que com a entrada em vigor desta os artigos 231 e 231-A do Código Penal foram 
revogados e o crime de tráfico de pessoas passou a ser considerado crime contra 
liberdades individual acrescido no artigo 149-A. 
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar 
ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou 
abuso, com a finalidade de: 
I – remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
II – submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
III – submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
IV – adoção ilegal; ou 
V – exploração sexual. 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
I – o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas 
funções ou a pretexto de exercê-las; 
II – o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou 
com deficiência; 
III – o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de 
coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade 
ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo 
ou função; ou 
IV – a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. 
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não 
integrar organização criminosa. 
 
Deste modo, o crime de tráfico de pessoas deixou de ser vinculado 
apenas a exploração sexual, passando a ser vinculado ao trabalho escravo, adoção 
ilegal e remoção de órgãos. Portanto, o bem jurídico tutelado pela norma foi 
ampliado. 
Ainda convém destacar que a nova “legislação torna mais rigorosa 
as penalidades e inclui medidas de atenção e proteção às vítimas” (MJSP, 2016). 
Segundo Cláudio Péret (2016), diretor de Políticas de Justiça do 
36 
 
Ministério da Justiça e Cidadania, a nova norma que tratar o crime de tráfico de 
pessoas “vai ao encontro do que há de mais moderno na legislação internacional 
para prevenir, reprimir e dar atenção às vítimas desse crime”. 
Em síntese, a legislação brasileira tenta reprimir o tráfico de pessoas 
para fins de exploração sexual a séculos, pelo fato de ser o principal alvo dos 
traficantes. Entretanto, no último ano a legislação sofreu uma mudança significativa, 
tornando mais rigorosa em relação ao tráfico para fins de exploração sexual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
38 
 
5 RESPONSABILIDADE DO ESTADO 
O Estado brasileiro têm obrigações de reconhecer e proteger os 
direitos fundamentais de todos, tendo em vista que estas garantias estão 
preconizadas na Constituição e em convenções internacionais. 
Sendo assim, o Estado deve ter políticas públicas de prevenção e 
repressão em relação ao tráfico de pessoas, haja vista que é um crime desumano 
que atinge não só a vítima. 
5.1 POLÍTICAS DE PREVENÇÃO AO TRÁFICO DE PESSOAS 
O Brasil visando mudar o cenário do tráfico de pessoas em seu 
território publicou em 2006 a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de 
Pessoas e após dois anos o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de 
Pessoas (PNETP). Ambos são de significativa importância, haja vista que por meio 
destes o Estado reconheceu que o tráfico de pessoas é um problema grave em que 
é imprescindível a intervenção do Estado por meio de políticas públicas. 
 
A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas foi 
promulgada por meio do Decreto Presidencial nº 5.948, de 26 de outubro 
de 2006. Ela foi elaborada por um Grupo de Trabalho44 formado por 
representantes do Poder Executivo Federal, do Ministério Público Federal 
e do Ministério Público do Trabalho. ( +++,2012 p.38) 
O Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP) foi 
promulgado pelo Decreto nº 6.347, de 8 de janeiro de 2008. (+++,2012 
p.39) 
A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas é “um 
marco normativo inovador, que traz um conjunto de princípios, diretrizes e ações 
orientadoras da atuação do Poder Público” (SNJ, 2008, p.6 ). 
 
A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas dividiu 
a atuação do Estado em três grandes eixos: prevenção ao tráfico; repressão ao 
crime e responsabilização de seus autores e atenção às vítimas. 
 O primeiro Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de 
Pessoas (PNETP) foi elaborado e promulgado para efetivar as Políticas Nacionais. O 
PNETP objetivou “prevenir e reprimir o tráfico de pessoas, responsabilizar os seus 
autores e garantir atenção às vítimas, nos termos dalegislação em vigor e dos 
39 
 
instrumentos internacionais de direitos humanos”. (TRÁFICO DE PESSOAS EM 
PAUTA. Guia para jornalistas com referências e informações sobre enfrentamento ao tráfico 
de pessoas, 2014,p. 82) 
O Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas deu um passo 
adiante em relação à Política, pois transformou os princípios e as diretrizes 
da Política Nacional em prioridades (objetivos), ações e metas específicas 
e bem definidas a serem cumpridas pelo Estado Brasileiro em dois anos. 
Assim, o Plano transformou os discursos em políticas públicas efetivas. 
(+++, 2012, p.39) 
O Plano foi dividido em três áreas: Eixo Estratégico 1 - Prevenção ao 
Tráfico de Pessoas 2) Eixo Estratégico 2 - Atenção às Vítimas 3) Eixo Estratégico 3 - 
Repressão ao Tráfico de Pessoas e Responsabilização de seus Autores. 
Cumpre assinar que “para cada um dos três eixos, o Plano traz um 
conjunto de prioridades (objetivos), ações, atividades, metas específicas, órgão 
responsável, além de parceiros e prazos de execução”. (SNJ, 2008, p.10) 
No âmbito da Prevenção, a intenção é diminuir a vulnerabilidade de 
determinados grupos sociais ao tráfico de pessoas e fomentar seu 
empoderamento, bem Como engendrar políticas públicas voltadas para 
combater as reais causas estruturais do problema. 
Quanto à Atenção às Vítimas, foca-se no tratamento justo, seguro e não-
discriminatório das vítimas, além da reinserção social, adequada 
assistência consular, proteção especial e acesso à Justiça. E se entende 
como vítimas não só os(as) brasileiros (as), mas também os (as) 
estrangeiros(as) que são traficados(as) para o Brasil, afinal este é 
considerado um país de destino, trânsito e origem para o tráfico. Sobre o 
Eixo 3, Repressão e Responsabilização, o foco está em ações de 
fiscalização, controle e investigação, considerando os aspectos penais e 
trabalhistas, nacionais e internacionais desse crime. (SNJ, 2008, p.10) 
Os Núcleos Estaduais de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de 
Pessoas (NETPs) e os Postos Avançados de Atendimento Humanizado ao Migrante 
(PAAHMs) foram criados no primeiro plano com o propósito de fornecer um amparo 
às vítimas. 
Tendo em vista que Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de 
Pessoas tem prazo determinado de encerramento, em 2013 entrou em vigor o 
segundo Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas com vigência até 
2016. 
Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública do 
Governo Federal o segundo plano “contemplou um total de 115 metas e 14 
atividades, desenvolvidas ao longo dos últimos quatro anos”. (MJ, 2017) 
 
 Por fim, as políticas de enfrentamento ao tráfico de pessoas é 
40 
 
imprescindível para combater o ciclo do tráfico de pessoas. Assim “as políticas 
públicas de enfrentamento ao tráfico de pessoas devem fomentar o empoderamento 
dos indivíduos, tanto do ponto de vista individual como coletivo, e combater as 
causas estruturais que conduzem à vulnerabilidade” (SNJ, 2008, p.16). 
5.2 CAMPANHAS NACIONAIS 
A informação é o meio mais eficaz de combater o tráfico de pessoas, 
sendo assim no “ dia 09 de maio de 2013, o Ministério da Justiça da República 
Federativa do Brasil iniciou uma imensa campanha de sensibilização para combater 
o tráfico de pessoas denominada Coração Azul”.(MJ,2017) 
Cumpre assinalar que a campanha Coração Azul é derivada da Blue 
Heart Campaign, que é promovida pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas 
e Crime –UNODC no âmbito internacional 
Segundo o Ministério de Justiça e Segurança, o Brasil aderiu à 
campanha da UNODC por possuir uma Política Nacional de Enfrentamento ao 
Tráfico de Pessoas alinhada às diretrizes da ONU. 
[…] iniciativa brasileira em aderir à Campanha do Coração Azul almeja 
fomentar a difusão de informações sobre o enfrentamento ao tráfico de 
pessoas entre os mais diversos estratos da sociedade brasileira, de forma 
a divulgar boas práticas, promover a sua prevenção e o incremento da 
justiça criminal. A campanha serve ainda para conscientizar e inspirar 
aqueles que detêm poder de decisão a promover as mudanças 
necessárias para acabar com esse crime. (MJ, 2017) 
 A campanha tem objetivos delineados, sendo eles: 
Tornar o símbolo “Coração Azul” um ícone de reconhecimento da 
Campanha de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas; Promover ações 
promocionais e intervenções, com o objetivo de sensibilizar a sociedade, 
ONGs, Órgãos Governamentais, mídia e formadores de opinião para esse 
problema social; Despertar na população a consciência social, utilizando o 
símbolo do Coração Azul para tangibilizar a Campanha, incentivando 
assim a busca pela informação e denúncia. (MJ, 2017) 
Em suma, as campanhas nacionais tem o propósito de informar as 
pessoas sobre o tráfico de pessoas, para que elas tenham conhecimento dos fatos e 
das consequências. Além de informar sobre serviços e programas de prevenção, 
atendimento e repressão. 
5.3 ASSISTÊNCIA A VÍTIMA 
As pessoas afetadas pelo tráfico de pessoas têm seus direitos 
41 
 
básicos feridos, portanto necessitam de uma assistência múltipla que envolve 
assistência jurídica, médica, psicológica e financeira. 
Segundo Damásio de Jesus (2003, p. 11) visando garantir os direitos 
fundamentais das vítimas do tráfico de pessoas algumas ONGs internacionais tais 
como a Aliança Global contra o Tráfico de Mulheres, a Fundação contra o Tráfico de 
Mulheres e o Grupo Jurídico Internacional de Direitos Humanos, vêm definindo, 
desde 1999, os Padrões de Direitos Humanos (PDH) para o Tratamento de Pessoas 
Traficadas, a partir dos instrumentos internacionais de direitos humanos. 
Os Padrões protegem os direitos das pessoas traficadas na medida em 
que lhes proporcionam assistência e proteção legais, tratamento não- 
discriminatório e restituição, compensação e recuperação: 
1) princípio da não-discriminação: os Estados não devem discriminar as 
pessoas traficadas no Direito Material ou Processual, nas políticas públicas 
ou em suas práticas; 
2) segurança e tratamento justo: os Estados devem reconhecer que as 
pessoas traficadas são vítimas de graves abusos de direitos humanos, 
tutelar seus direitos e protegê-las contra represálias e perigo; 
3) acesso à Justiça: a polícia, os promotores de justiça e as cortes devem 
assegurar que seus esforços para punir os traficantes sejam 
implementados num sistema que respeite e salvaguarde os direitos de 
privacidade, dignidade e segurança das vítimas. Um julgamento adequado 
dos traficantes deve incluir julgamento, quando aplicável, por estupro, 
agressão sexual ou outras formas de agressão (incluindo assassinato, 
gravidez forçada e abortos), rapto, tortura, tratamento cruel, desumano ou 
degradante, escravidão ou práticas análogas à escravidão, trabalho 
forçado ou compulsório, cativeiro por dívida ou casamento forçado; 
4) acesso a ações civis e a reparações: os Estados devem assegurar que 
as pessoas traficadas tenham direito a procurar reparações contra 
traficantes, assim como assistência ao moverem tais ações; 
5) estatuto de residente: os Estados devem providenciar às pessoas 
traficadas vistos de residência temporária (incluindo direito a trabalhar) 
durante a pendência de qualquer ação criminal, civil ou outra e devem 
proporcionar a elas o direito de procurar asilo ou avaliar o risco 
considerável de retaliação a que a vítima está exposta em qualquer 
procedimento de deportação; 
6) saúde e outros serviços: os Estados devem proporcionar às pessoas 
traficadas serviços de saúde adequados ou outros serviços sociais durante 
o período de residência temporária; 
7) repatriação e reintegração: os Estados devem assegurar que as 
pessoas traficadas retomem às suas casas em segurança, se elas assim 
desejarem e quando se sentirem em condições de proceder dessa forma. 
A recuperação inclui cuidados médicos e psicológicos, bem como serviços 
legais e sociais para assegurar o bem-estar das pessoas traficadas; 
8) cooperação entreEstados: os Estados devem trabalhar coo- 
perativamente para assegurar a plena implementação desses padrões. 
(DAMASIO, 2003, p. 11-12). 
 
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Neste mesmo sentido determina o artigo 25 da Convenção contra a 
Criminalidade Organizada Transnacional: 
Artigo 25 - Assistência e proteção às vítimas 
1. Cada Estado Parte adotará, segundo as suas possibilidades, medidas 
apropriadas para prestar assistência e assegurar a proteção às vítimas de 
infrações previstas na presente Convenção, especialmente em caso de 
ameaça de represálias ou de intimidação. 
2. Cada Estado Parte estabelecerá procedimentos adequados para que as 
vítimas de infrações previstas na presente Convenção possam obter 
reparação. 
3. Cada Estado Parte, sem prejuízo do seu direito interno, assegurará que 
as opiniões e preocupações das vítimas sejam apresentadas e tomadas 
em consideração nas fases adequadas do processo penal aberto contra os 
autores de infrações, por forma que não prejudique os direitos da defesa. 
 
Assim, Estado, entidades governamentais e organizações sociais 
em cooperação devem buscar a reparação das violações sofrida pela vítima e seus 
familiares. A “assistência às vítimas devem assegurar um tratamento justo, seguro e 
não discriminatório”. (CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E TRÁFICO DE 
PESSOAS Manual para Promotoras Legais Populares 2ª edição revisada e 
ampliadap.38) 
Em síntese o Estado tem o dever de prestar assistência a vítima, 
buscando sempre resguardar a dignidade e autoestima. 
 
 
 
 
 
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6 CONCLUSÃO 
Somente através do estudo do tráfico de pessoas, foi possível 
perceber que este é um problema global que vem obtendo destaque no cenário 
internacional e nacional, por ser uma grave violação aos direitos humanos. O tráfico 
de seres humanos degenera a dignidade da pessoa, viola o direito de ir e vir, o 
direito à vida e a saúde da vítima. 
Atualmente, embora se reconheça que o tráfico de pessoas tem 
diversos propósitos, a mais significativa é para fins de exploração sexual, tendo em 
vista a margem de lucro e o baixíssimo risco, além de se confundido com a 
prostituição. 
Tendo em vista que as garantias constitucionais não chegam de 
forma plena aos grupos mais vulneráveis da sociedade, mulheres e crianças, estes 
são as vítimas predominantes no tráfico para o mercado sexual. 
 O tráfico é considerado um fenômeno de difícil identificação, bem 
organizado e plurifacetado, o que tem dificultado a criação de soluções eficaz para a 
sua exterminação. 
Entretanto cabe reconhecer o quanto o Brasil avançou em direção a 
prevenção e repressão ao tráfico de pessoas, pois, hoje, a legislação é mais rigorosa 
e há uma intensa busca na prevenção. Entretanto, essas iniciativas do Estado ainda 
não provocaram mudanças efetivas em relação ao tráfico de pessoas. 
É essencial, que a sociedade obtenha informações a respeito do 
tráfico de pessoas e suas consequências, para assim poder abordar criticamente o 
problema e auxiliar no combate. 
Por fim, acredita-se que é possível, sim, combater o tráfico de 
pessoas para fins sexuais nacionalmente e intencionalmente, porém deve uma 
cooperação entre o governo, entidades não governamentais e sociedade. Assim, em 
força conjunta têm que buscar ferramentas eficazes que auxiliem a vítima no 
processo de ressocialização social e econômica e punição dos infratores. Além 
disso, deve se buscar uma igualdade de gêneros, condições e oportunidade na 
sociedade para que mulheres e crianças deixam de ser vulneráveis ao tráfico de 
pessoas. 
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REFERÊNCIAS

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