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Saúde do Trabalhador

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1- A necessidade da evolução da Saúde do Trabalhador focada na figura do médico, para uma equipe multiprofissional;
Resposta: A medicina do trabalho, enquanto especialidade médica, surgiu na Inglaterra na primeira metade do século XIX. Naquele tempo, devido ao acelerado processo de produção e crescimento econômico, as condições de trabalho eram desumanas, advindo, daí, a necessidade iminente de intervenção pela busca de melhores condições para os obreiros.
A estratégia adotada pelos produtores, como sugestão de um médico chamado Robert Becker, foi a de colocar em suas fábricas seus próprios médicos. Dessa forma, estes profissionais poderiam ter livre acesso às salas e aos ambientes de trabalho, com liberdade para terem conversas diretas com os trabalhadores, identificarem seus problemas e fazerem a intermediação entre os obreiros, seus patrões e os consumidores. Assim, após a identificação dos males que acometiam o ambiente de labor, caberia aos médicos de cada empresa fazer cessar as causas dos danos, e tal responsabilidade se restringia apenas a este profissional, portanto, havendo doença relacionada ao ambiente de trabalho, era dever do médico extinguir seus efeitos, pois recairia sobre este a responsabilidade pelos danos causados por estas enfermidades. A crescente necessidade de fiscalização e de implementação de orientações em escala global cominou no nascimento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, havendo sido a primeira recomendação acerca de medicina do trabalho publicada no ano de 1959, dispondo que a medicina do trabalho destina-se a: a) assegurar a proteção dos trabalhadores contra todo o risco que prejudique a sua saúde e que possa resultar de seu trabalho ou das condições em que este se efetue; b) contribuir à adaptação física e mental dos trabalhadores, em particular pela adequação do trabalho e pela sua colocação em lugares de trabalho correspondentes a suas aptidões; c) contribuir ao estabelecimento e manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e mental dos trabalhadores. 
No Brasil as discussões sobre a segurança e saúde do trabalhador acaloraram-se entre as décadas de 70 e 80, na chamada Revolução Sanitária Brasileira, que tinha como ideário a formulação de políticas públicas de saúde – um dos temas para a assembleia constituinte reformadora que seria realizada nos anos 80. Nesse contexto, a cunhagem da expressão Saúde do Trabalhador foi se consolidando ao longo desses anos, principalmente a partir do discurso mais incisivamente reivindicatório e reformista do movimento sindical, mais combativo e sensível as questões da saúde, à base técnica e acadêmica das áreas que lidam com as relações saúde/segurança/trabalho.
Em 1986, a I Convenção Nacional de Saúde do Trabalhador apontou a necessidade da criação de políticas públicas que protegessem o obreiro de todos os males a ele expostos, incorporando tais responsabilidades ao Sistema Único de Saúde (SUS) – ainda nascente –, o que fora, dois anos após, redigido na Carta Magna de 1988, em seu capítulo sobre a saúde.
No entanto, atual sistema tornou-se um tanto defasado diante das mudanças ocorridas, principalmente no que se refere à economia, à necessidade de produção em larga escala, a mercantilização dos serviços (terceirização) e às novas doenças do trabalho que surgiram, quer seja devido à exposição a agentes novos, quer seja devido à pouca quantidade de descanso a que os trabalhadores desfrutam, quer seja pela terceirização desenfreada de mão de obra, ou até mesmo pelos atrasos salariais, maus tratos e humilhações sofridas pelos obreiros nos dias atuais. Todas essas questões capazes de gerar danos na esfera psíquica e consequentemente à saúde daquele que é a força que movimenta o mundo moderno.
Portanto, notou-se necessidade do papel da medicina na saúde do trabalhador para uma equipe multiprofissional, pois com isso, houve a conotação e o respeito que se deu à questão da saúde mental do trabalhador. Vedou-se a exposição do trabalhador a agentes causadores de danos psíquicos, ambientes desumanos e degradantes, além de impor a necessidade de adequar o local de labor às condições e atribuições de cada obreiro, tratando-os de forma diferenciada e respeitosa, vez que estes são “objetos” ou “meios” de destaque na produção, na movimentação econômica e devem ter sua dignidade protegida de forma crucial.
2- Como você percebe a saúde do trabalhador no Brasil e principalmente na sua região. 
Resposta: Na minha percepção, no contexto atual, a promoção da saúde do trabalhador é precária e alarmante. A Previdência Social não possui mais estrutura e capital para atender a todos os segurados, e os casos de acidentes e doenças laborais só crescem. O ambiente de trabalho deveria ser um espaço de promoção da saúde, pela função multiplicadora dos trabalhadores, porém as políticas públicas de prevenção a acidentes e a fiscalização não são compatíveis com o novo sistema em que o mercado e os ganhos econômicos estão em primeiro lugar para os empresários. Estes não possuem mais a mesma preocupação em relação aos seus trabalhadores e não são capazes de vê-los como os responsáveis pelo seu sucesso e acabam visando apenas o lucro.
O estado nordestino com maior índice de acidentes de trabalho é a Bahia. Entre as doenças que mais afastam os trabalhadores de suas atividades, não há grande diferença do Nordeste em relação às outras regiões do país. Como mostrado no artigo na região da Bahia, os resultados mostram que a cobertura do Sinan para acidentes de trabalho graves ainda é insuficiente e inadequada no estado da Bahia. E, a significativa subnotificação compromete as informações geradas e sua utilização no planejamento das ações públicas.

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