Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
� A reaç�o mais caracter�stica de alde�dos e cetonas � a adiç�o nucleof�lica à ligaç�o dupla carbono-oxig�nio. Os alde�dos e cetonas s�o especialmente suscet�veis à adiç�o nucleof�lica por causa das caracter�sticas estruturais que abordamos na Seç�o 12.1, que s�o � � � 1. mostradas a seguir. O arranjo trigonal plano dos grupos em torno do átomo de carbono da carbonila significa que o átomo de carbono da carbonila está relativamente aberto ao ataque por cima ou por baixo do plano do grupo carbonila (veja anteriormente). A carga positiva no átomo de carbono da carbonila significa que ele � especialmente suscet�vel ao ataque por um nucle�filo. A carga negativa no oxig�nio da carbonila significa que a adiç�o nucleof�lica � suscet�vel à catálise ácida. A adiç�o nucleof�lica à ligaç�o dupla carbono–oxig�nio ocorre, portanto, em uma de duas maneiras gerais. Quando� o� reagente� �� um� nucle�filo� forte� (Nu�–), a adiç�o geralmente ocorre da seguinte maneira (veja o mecanismo a seguir): convertendo o alde�do ou a cetona trigonal plana em um produto tetra�drico. Nesse tipo de adiç�o, o nucle�filo utili�a seu par de el�trons para formar uma ligaç�o com o átomo de carbono da carbonila. � medida que isso acontece, o par de el�trons da ligaç�o � carbono–oxig�nio se desloca para o átomo de oxig�nio eletronegativo da carbonila e os estados de hibridi�aç�o tanto do carbono quanto do oxig�nio mudam de sp2 para sp3. ��aspecto��mportante�dessa�etapa���a�capac�dade�do átomo�de�ox�g�n�o�da�carbon�la�em�acomodar�o�par�de�el�trons�da l�gaç�o�dupla�carbono�ox�g�n�o. 2. Na segunda etapa, o átomo de oxig�nio recebe um pr�ton. Isso acontece porque o átomo de oxig�nio � agora muito mais básico� ele tem uma carga negativa completa como um ânion alc�xido. Quando�um�catalisador��cido� est��presente� e� o�nucle�filo� �� fraco, a reaç�o do oxig�nio da carbonila com o ácido aumenta a eletrofilicidade do grupo carbonila. Esse mecanismo opera quando os compostos carbon�licos s�o tratados com ácidos� fortes na presença de nucle�filos� fracos. Na primeira etapa, o ácido doa um pr�ton a um par de el�trons do átomo de oxig�nio da carbonila. O composto carbon�lico protonado resultante, um c�tion� ox�nio, � muito reativo frente ao ataque nucleof�lico ao átomo de carbono da carbonila porque o átomo de carbono da carbonila possui mais carga positiva do que � � ele possui no composto n�o protonado. Muitas adições nucleof�licas às ligações duplas carbono–oxig�nio s�o revers�veis� os resultados globais dessas reações dependem, portanto, da posiç�o de um equil�brio. Isto contrasta enormemente com a maioria das adições eletrof�licas às ligações duplas carbono-carbono e com as substituições nucleof�licas em átomos de carbono saturados. As �ltimas reações s�o basicamente irrevers�veis, e os resultados globais s�o funç�o das velocidades relativas das reações. Em geral, os alde�dos s�o mais reativos nas adições nucleof�licas do que as cetonas. Tanto os fatores est�ricos quanto os eletrônicos favorecem os alde�dos. Fatores� Est�ricos Nos alde�dos, onde um grupo � um átomo de hidrog�nio, o carbono central do produto tetra�drico formado a partir do alde�do � menos impedido e o produto � mais estável. A formaç�o do produto, consequentemente, � favorecida no equil�brio. Com as cetonas, os dois substituintes alquila no carbono da carbonila provocam maior impedimento est�rico no produto tetra�drico e o tornam menos estável. Portanto, uma concentraç�o menor do produto está presente no equil�brio. Fatores� Eletr�nicos Uma ve� que os grupos alquila s�o doadores de el�trons, os alde�dos s�o mais reativos em termos eletrônicos tamb�m. Os alde�dos t�m apenas um grupo doador de el�trons para neutrali�ar parcialmente e, com isso, estabili�ar a carga positiva no seu átomo de carbono da carbonila. As cetonas t�m dois grupos doadores de el�trons e s�o mais estabili�adas. A maior estabili�aç�o da cetona (o reagente) em relaç�o ao seu produto significa que a constante de equil�brio para a formaç�o do produto tetra�drico a partir de uma cetona � menor e a reaç�o � menos favorável: Por outro lado, substituintes retiradores de el�trons (por exemplo, grupos —CF3 ou —CCl3) fa�em com que o carbono da carbonila seja mais positivo (e o composto de partida se torne menos estável) fa�endo com que a reaç�o de adiç�o seja mais favorável. A adiç�o nucleof�lica a uma ligaç�o dupla carbono-oxig�nio pode levar a um produto que � estável sob as condições de reaç�o que empregamos. Se esse � o caso somos ent�o capa�es de isolar os produtos com a seguinte estrutura geral: Em outras reações o produto formado inicialmente pode ser instável e sofrer reações subsequentes espontaneamente. Uma reaç�o subsequente comum � uma reaç�o�de�eliminaç�o, especialmente a desidrataç�o. Mesmo � � se o produto de adiç�o inicial � estável podemos reali�ar deliberadamente uma reaç�o subsequente atrav�s da nossa escolha das condições de reaç�o. Alde�dos e cetonas reagem com álcoois para formar hemiacetais e acetais atrav�s de uma reaç�o de equil�brio. As caracter�sticas estruturais essenciais de um hemiacetal s�o um grupo —OH e um grupo —OR ligados ao mesmo átomo de carbono. O hemiacetal resulta da adiç�o nucleof�lica do oxig�nio de um álcool ao carbono da carbonila do alde�do ou cetona. � Muitos hemiacetais de cadeia aberta n�o s�o suficientemente estáveis para permitir o seu isolamento. No entanto, os hemiacetais c�clicos com an�is de cinco ou seis membros s�o geralmente muito mais estáveis: A maior parte dos aç�cares simples (Cap�tulo 22) existe basicamente em uma forma hemiacetal c�clica. A glicose � um exemplo: Independentemente se a carbonila reagente � um alde�do ou uma cetona, � o produto com um grupo —OH e um grupo —OR � chamado um hemiacetal. A formaç�o de hemiacetais � catalisada por ácidos e bases. Hidratos�de�Alde�dos��gem-Di�is A dissoluç�o de um alde�do, como o acetalde�do, em água provoca o estabelecimento de um equil�brio entre o alde�do e o seu hidrato. Esse hidrato � na realidade um 1,1-diol, chamado de um diol geminado (ou, de maneira mais simples, um gem-diol). O gem-diol resulta de uma adiç�o nucleof�lica de água ao grupo carbonila do alde�do. O equil�brio para a adiç�o de água à maioria das cetonas � desfavorável, enquanto alguns alde�dos (por exemplo, o formalde�do) existem principalmente como o gem-diol em soluç�o aquosa. N�o � poss�vel isolar a maioria dos gem-di�is das soluções aquosas nas quais eles s�o formados. A evaporaç�o da água, por exemplo, simplesmente desloca o equil�brio global para a direita e o gem-diol (ou hidrato) reverte-se ao composto carbon�lico: Os compostos com fortes grupos retiradores de el�trons ligados ao grupo carbonila podem formar gem-di�is estáveis. Um exemplo � o composto chamado de hidrato de cloral: � Um acetal possui dois grupos —OR ligados ao mesmo átomo de carbono. Se tomarmos uma soluç�o alco�lica de um alde�do (ou cetona) e passarmos atrav�s dela uma pequena quantidade de HCl gasoso, forma-se o hemiacetal e, ent�o, o hemiacetal reage com um segundo equivalente molar do álcool para produ�ir um acetal. � � O mecanismo para a formaç�o do acetal envolve a formaç�o do hemiacetal catalisada por ácido e, ent�o, uma eliminaç�o de água catalisada por ácido, seguida por uma segunda adiç�o do álcool e a perda de um pr�ton. Todas as etapas na formaç�o de um acetal a partir de um alde�do s�o revers�veis. Se dissolvermos um alde�do em um grande excesso de um álcool anidro e adicionarmos uma pequena quantidade de um ácido anidro (por exemplo, HCl gasoso ou H2SO4 concentrado), o equil�brio favorecerá fortemente a formaç�o de um acetal. Ap�s o equil�brio ser estabelecido, podemos isolar o acetal neutrali�ando o ácido e evaporando o excesso de álcool. Se colocarmos, ent�o, o acetal na água e adicionarmos uma quantidade catal�tica de ácido, todas as etapas se invertem. Sob essas condições (um excessode água), o equil�brio favorece a formaç�o do alde�do. O acetal sofre h�dr�l�se: Acetais�C�clicos � � A formaç�o do acetal c�clico � favorecida quando uma cetona ou um alde�do � tratado com um excesso de um 1,2-diol e traços de ácido: Essa reaç�o tamb�m pode ser invertida pelo tratamento do acetal com ácido aquoso: A formaç�o do acetal n�o � favorecida quando cetonas s�o tratadas com álcoois simples e HCl gasoso. Apesar de os acetais serem hidrolisados a alde�dos e cetonas em ácido aquoso, eles�s�o�estáve�s�em�soluções�bás�cas: � Acetais s�o usados para proteger grupos alde�dos e cetonas de reações indesejadas em soluções básicas. Podemos converter um alde�do ou cetona em um acetal, reali�ar uma reaç�o em alguma outra parte da mol�cula e, ent�o, hidrolisar o acetal com ácido aquoso. Como exemplo, vamos considerar o problema de converter Os grupos cetônicos s�o mais facilmente redu�idos do que os grupos �steres. Qualquer agente redutor (por exemplo, LiAlH4 ou H2/Ni) que pode redu�ir o grupo �ster em A tamb�m redu� o grupo cetônico. Mas se “protegermos� o grupo cetônico convertendo-o em um acetal c�clico (o grupo �ster n�o reage), podemos redu�ir o grupo �ster em soluç�o básica sem afetar o acetal c�clico. Depois de terminarmos a reduç�o do �ster, podemos hidrolisar o acetal c�clico e obter nosso produto desejado, B: � � Alde�dos e cetonas reagem com ti�is para formar tioacetais: Os tioacetais s�o importantes em s�nteses orgânicas porque eles reagem com o n�quel de Raney para produ�ir hidrocarbonetos. O n�quel de Raney � um catalisador especial de n�quel que cont�m hidrog�nio adsorvido. A formaç�o de tioacetal com subsequente “dessulfuri�aç�o� com hidrog�nio e n�quel de Raney nos fornece um m�todo adicional para a convers�o de grupos carbonila de alde�dos e cetonas em grupos — CH2–: � Outro m�todo que estudamos � a reduç�o�de�Clemmensen (Seç�o 15.9). Os alde�dos e cetonas reagem com aminas primárias para formar iminas e com aminas secundárias para formar enaminas. As iminas possuem uma ligaç�o dupla carbono-nitrog�nio. As enaminas possuem um grupo amino unido a uma ligaç�o dupla carbono-carbono (elas s�o alqueno-aminas). Uma equaç�o geral para a formaç�o de uma imina a partir de uma amina primária e de um alde�do ou cetona � mostrada aqui. A formaç�o de imina � catalisada por ácido e o produto pode se formar como uma mistura de isômeros (E) e (�): A formaç�o de imina geralmente ocorre de maneira mais rápida entre pH 4 e 5 e � lenta em pH muito baixo ou muito alto. Podemos entender por que um catalisador ácido � necessário se considerarmos o mecanismo que foi proposto para a formaç�o de imina. A etapa importante � aquela na qual o aminoálcool protonado perde uma mol�cula de água para tornar-se um �on im�nio. Atrav�s da protonaç�o do grupo álcool, o ácido converte um grupo de sa�da ruim (um grupo —OH) em um bom grupo de sa�da (um grupo — OH2 +). A reaç�o avança mais lentamente se a concentraç�o de �on hidrônio � muito alta, porque a protonaç�o da pr�pria amina ocorre at� uma extens�o considerável� isso tem o efeito de diminuir a concentraç�o do nucle�filo necessário na primeira etapa. Se a concentraç�o do �on hidrônio � muito baixa, a reaç�o torna-se mais lenta porque a concentraç�o do aminoálcool protonado será mais baixa. Um pH entre 4 e 5 � um compromisso adequado. A formaç�o de imina ocorre em muitas reações bioqu�micas porque as en�imas geralmente utili�am um grupo —NH2 para reagir com um alde�do ou uma cetona. A formaç�o de uma ligaç�o do tipo imina � importante na bioqu�mica de fosfato piridoxal (que � relacionado à vitamina B6� veja em “A Qu�mica de…� a seguir) e em uma etapa das reações que ocorrem durante o processo da vis�o (veja “A Fotoqu�mica da Vis�o�, Seç�o 13.9). As iminas tamb�m s�o formadas como intermediários em uma s�ntese de laborat�rio �til de aminas que estudaremos na Seç�o 20.4. � Os compostos tais como a hidroxilamina (NH2OH), a hidra�ina (NH2NH2) e as hidra�inas substitu�das, tais como a fenil-hidra�ina (C6H5NHNH2) e a 2,4-dinitrofenilhidra�ina, formam derivados C=N de alde�dos e cetonas. Esses derivados s�o chamados de oximas, hidra�onas, fenil-hidra�onas e 2,4- dinitrofenilhidra�onas, respectivamente. Os mecanismos pelos quais esses derivados C=N se formam s�o semelhantes ao mecanismo para a formaç�o de uma imina a partir de uma amina primária. Da mesma forma que com as iminas, a formaç�o de isômeros (E) e (�) � poss�vel. A Tabela 16.2 mostra exemplos gerais dessas reações. As oximas e os vários derivados da hidra�ona de alde�dos e cetonas s�o algumas ve�es utili�ados para identificar alde�dos e cetonas desconhecidos. Esses derivados geralmente s�o s�lidos relativamente insol�veis que t�m pontos de fus�o definidos e caracter�sticos. O ponto de fus�o do derivado de um composto desconhecido pode ser comparado com o ponto de fus�o para o mesmo derivado de um composto conhecido ou com dados encontrados em uma tabela de refer�ncia e, com base nisso, pode-se propor uma identidade para o composto desconhecido. A maioria dos livros-texto de laborat�rio de qu�mica orgânica incluem tabelas extensas de pontos de fus�o de derivados. O m�todo de comparaç�o de pontos de fus�o somente � �til, no entanto, para compostos que t�m pontos de fus�o de derivados previamente relatados na literatura. M�todos espectrosc�picos (especialmente espectroscopia no IV, de RMN e espectrometria de massas) geralmente s�o mais aplicáveis para a identificaç�o de compostos desconhecidos (Seç�o 16.13). Fosfato�piridoxal�(�itamina�B6). Os alde�dos e cetonas reagem com aminas secundárias para formar enaminas. A seguinte equaç�o � uma equaç�o geral para a formaç�o de enamina: Um mecanismo para a reaç�o � apresentado no boxe a seguir. Observe a diferença entre o mecanismo descrito anteriormente para a formaç�o de imina e esse mecanismo para a formaç�o de enamina. Na formaç�o de enamina, que envolve uma amina secundária, n�o existe pr�ton no nitrog�nio para remoç�o no cátion im�nio intermediário. Logo, uma imina neutra n�o pode ser formada. Em ve� disto, um pr�ton � removido de um carbono adjacente ao antigo grupo carbonila, resultando em uma enamina. Veremos no Cap�tulo 18 que as enaminas s�o muito �teis para a formaç�o de ligaç�o carbono–carbono (Seç�o 18.9). As aminas terciárias n�o formam produtos de adiç�o estáveis com alde�dos e cetonas porque, com a formaç�o do intermediário tetra�drico, a carga formal positiva resultante n�o pode ser neutrali�ada pela perda de um pr�ton. � O cianeto de hidrog�nio � adicionado aos grupos carbonila de alde�dos e da maioria das cetonas para formar compostos chamados de cianoidrinas. (Cetonas nas quais o grupo carbonila � altamente impedido n�o sofrem essa reaç�o.) As cianoidrinas formam-se mais rapidamente sob condições onde os ânions cianetos est�o presentes para agir como o nucle�filo. A utili�aç�o de cianeto de potássio, ou qualquer base que possa gerar ânions cianeto a partir do HCN, aumenta a velocidade da reaç�o em comparaç�o à utili�aç�o do HCN so�inho. A adiç�o do pr�prio cianeto de hidrog�nio a um grupo carbonila � lenta porque a fraca acide� do HCN (pKa � 9) fornece apenas � uma pequena concentraç�o do ânion cianeto nucleof�lico. A seguir vemos um mecanismo para a formaç�o de uma cianoidrina. As cianoidrinas s�o intermediários �teis em s�ntese orgânica porque podem ser convertidas em diversos outros grupos funcionais. A hidr�lise ácida converte as cianoidrinas em α-hidroxiácidos ou em ácidos α, β-insaturados. O mecanismo para essa hidr�lise � abordado na Seç�o 17.8H. A preparaç�o de α-hidroxiácidos a partir de cianoidrinas � parte da s�ntese de Kiliani- Fischer de aç�cares simples (Seç�o 22.9A): � A reduç�o de uma cianoidrina com hidreto de alum�nio e l�tio fornece um β-aminoálcool:
Compartilhar