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A Implantação da Sociologia no Brasil: interpretando a realidade brasileira AUTORIA Ma. Solange Santos de Araujo Me. Josimar Priori Esp. Fúlvio Branco Godinho de Castro Ma. Daiany Cris Silva Dedicada a construir concepções de mundo e a investigar a vida em coletividade, a Sociologia também possuiu uma grande repercussão no território nacional. Um pouco diferente dos clássicos da disciplina, no Brasil, as relações de produção e de trabalho na sociedade industrial não eram o nosso objeto de estudo principal, pelo menos, não inicialmente. Dado a condição de colônia, o Brasil possui outras bases no processo de modernização do país, dentre elas, as principais seriam a escravização e a inferiorização étnica de povos africanos e indígenas. Por isso, a miscigenação foi um tema tão importante para os precursores da Sociologia no Brasil. Como apresentaremos no decorrer desta unidade, a maneira com que construímos as estruturas de poder da sociedade brasileira interfere signi�cativamente em como lidamos com a nossa vida social e em como nos constituímos culturalmente. Para compreender como os teóricos brasileiros abordaram esses processos, teremos que localizar o contexto de consolidação da Sociologia no Brasil. Pode-se perceber, ao analisar o histórico do surgimento da Sociologia como um conhecimento cientí�co, que esta é uma ciência que emerge da modernização durante sua consolidação na Europa, e no Brasil não foi diferente. A implantação da Sociologia brasileira ocorreu quando, no início dos séculos XIX e XX, as transformações sociais rumo à civilização se intensi�caram em nosso país, e uma ciência dedicada ao estudo social se tornou possível. Consideramos, portanto, que: [...] o saber racional �oresce em sociedades estruturalmente diferenciadas e estrati�cadas, nas quais a divisão social do trabalho e a especialização dos papéis de produção intelectual concentram nas mãos de alguns indivíduos toda a atividade criadora na explicação da origem e da composição do mundo (FERNANDES, 1958, p. 179). O saber racional, cientí�co e orientado pela investigação sistematizada só é possível quando há condições sociais e culturais que fornecem um suporte favorável de desenvolvimento. No Brasil, essas condições se consolidaram na decaída do poder colonial. “A ordem social escravocrata e senhorial foi, porém, solapada e desintegrada pela própria força de sua expansão” (FERNANDES, 1958, p. 183). A partir disso, novas concepções de mundo foram impelidas, e a necessidade de interpretar a sociedade brasileira se difundiu entre os intelectuais do país. Segundo o cientista social Octavio Ianni (2000), o Brasil tem, como peculiaridade de seu pensamento social, a preocupação contínua e constante de avaliar os momentos de rupturas históricas no país. É daí que surgem as interpretações que podem priorizar determinados setores da sociedade e formular concepções sobre a sociedade brasileira, buscando compreender as bases do desenvolvimento social e histórico nacional. Sob a perspectiva de Ianni (2000), o pensamento social brasileiro se consolida ao pensar as con�gurações de sua sociedade e cultura, que criam e recriam a complexidade da realidade social. Assim, os intérpretes da realidade brasileira podem ser de�nidos a partir dos temas que os tocam ou por meio de seu pioneirismo e inovação nos processos de análise e investigação. Diante disso, poderíamos destacar que existem três diferentes fases na implantação da Sociologia no Brasil: a primeira é representada por intelectuais que conduzem uma leitura histórica sobre a realidade brasileira, compondo uma produção considerável na literatura; a segunda fase se constitui de trabalhos que valorizam a pesquisa de campo; por �m, a terceira caracteriza-se por uma Sociologia em sua consolidação institucional como disciplina acadêmica, sendo composta por uma geração de sociólogos, pertencentes a diversas universidades, inaugurando estilos e tendências propriamente brasileiros.
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