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APOSTILA Anatomia e Cinesiologia Aplicadas.pdf

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anatomia e Cinesiologia 
Aplicada 
Bases Morfofuncionais 
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSCA 
ENAD - Apostila de Estudos - 2017 
Paulo Cesar Esteves 
Professor da Universidade Cidade de São Paulo 
Fisioterapeuta 
Professor de Educação Física 
Mestre em Atividade Física e Saúde 
 
 
2 
 
Sumário 
 
Tópico 1 (O Esqueleto) pag. 04 
 Introdução pag. 04 
 Estrutura do tecido ósseo pag. 05 
 Funções do esqueleto pag. 07 
 Revestimento ósseo e sua estrutura arquitetônica pag. 09 
 Formação e remodelagem do osso pag. 11 
 Divisão do esqueleto pag. 14 
Tópico 2 (As Articulações) pag. 15 
 Introdução pag. 15 
 Tipos de Articulações pag. 15 
 Quanto a característica de movimento pag. 15 
 Quanto a permanência pag. 16 
 Quanto a fixação pag. 16 
 Quanto ao tipo de tecido interposto pag. 17 
 Articulações fibrosas pag. 17 
 Articulações cartilagíneas pag. 18 
 Articulações sinoviais pag. 19 
 Classificação das articulações sinoviais pag. 22 
 Planos e eixos de movimento pag. 25 
 Flexibilidade pag. 27 
Tópico 3 (Os Músculos Esqueléticos) pag. 31 
 Introdução pag. 31 
 Função dos músculos pag. 31 
 Organização topográfica dos músculos esqueléticos pag. 35 
 Componentes estruturais de um músculo esquelético pag. 36 
 
 
3 
 
 Propriedades mecânicas dos músculos esqueléticos pag. 38 
 Ações musculares pag. 39 
 Papéis desempenhados pelos músculos esqueléticos pag. 41 
Tópico 4 (Fundamentos Biomecânicos e Cinesiológicos) pag. 44 
 Noções de mecânica aplicada pag. 44 
 Inércia pag. 45 
 Força pag. 45 
 Torque e sistemas de alavancas pag. 49 
Referências Bibliográficas pag. 53 
Anexos pag. 54 
 Questões para testar os conhecimentos pag. 54 
 
 
4 
 
Tópico 1 
O Esqueleto 
 
Introdução 
 
O esqueleto de um indivíduo adulto pode ser compreendido como sendo um conjunto de 206 ossos. 
Entretanto, este número deve ser considerado de forma relativa pois, de fato, cada indivíduo terá uma 
quantidade maior de ossos que irá variar em número, para cada um de nós, obedecendo um critério que 
chamamos de variação anatômica. 
O osso é um órgão de coloração esbranquiçada com alto grau de dureza e unidos uns aos outros, por meio 
de conexões denominadas de articulações. Estas junções, dependendo do local do esqueleto, apresenta 
diferentes características quanto a sua estrutura e aos tecidos que as constitui. Deste modo, dependendo da 
estrutura da respectiva articulação, os ossos relacionados a elas, permanecerão unidos de forma plenamente 
rígida, parcialmente móveis ou amplamente móveis. O que, neste último caso, garantirá nossa ampla e 
diversa capacidade de movimentos corporais. 
O osso é um tipo especializado de tecido conjuntivo cuja principal característica é a mineralização 
(cálcio/fosfato) de sua matriz óssea (fibras colágenas e proteoglicanas). Esta característica faz, deste tecido, 
uma estrutura “viva”, dinâmica e com alto grau de complexidade cujo contínuo processo de remodelamento 
constitui-se pela produção de osso novo e degradação de osso velho. Esta estrutura altamente especializada 
é o principal elemento de apoio do nosso corpo e sustentação dos demais órgãos e estruturas que formam 
nosso organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Estrutura do Tecido Ósseo 
 
Constituição Histológica 
 
Fração Orgânica (35%) 
✓ Componente fibroso (fibras de colágeno tipo I (95%), fibras de elastina e reticulares) 
✓ Substância fundamental amorfa (Gag’s = glicoproteínas e proteoglicanas) 
✓ Água 
✓ Componente celular (osteócito, osteoblasto e osteoclasto) 
Fração Inorgânica (65%) 
✓ Cálcio e fosfato (hidroxiapatita) = Ca10 (PO4)6 (OH)2 
✓ Potassio , magnesio , citrato , sodio e bicarbonato 
Matriz Óssea 
Substância do tecido ósseo caracterizada pela presença de diminutos espaços denominados de lacunas. 
Nestes espaços observa-se a presença das células ósseas, sobretudo os osteócitos. A matriz óssea apresenta 
uma porção orgânica e outra inorgânica. 
A porção orgânica constitui-se fundamentalmente por elementos fibrosos, dos quais, as fibras colágenas do 
tipo I, representam cerca de 95% de todo volume fibroso e de uma pequena quantidade de substância 
fundamental amorfa formada por glicoproteínas e proteoglicanas. 
A porção inorgânica é principalmente constituída por íons de cálcio e fósforo, entretanto, outros minerais 
como: potássio, magnésio, citrato, sódio, flúor, zinco e bicarbonato também estão presentes. O cálcio e o 
fosfato se associam formando cristais hexagonais denominados de hidroxiapatita que se fixam aos feixes de 
fibras colágenas tipo I, garantindo a dureza e resistência do osso. 
Células Ósseas 
✓ Osteócitos- localizados dentro da matriz óssea, nas lacunas das quais partem canalículos. Cada lacuna 
contém um osteócito; há comunicação entre os osteócitos, por onde passam pequenos íons; essa 
característica é essencial para a manutenção da matriz. Quando esta célula morre há reabsorção pela 
matriz. 
 
 
6 
 
✓ Osteoblastos- responsáveis pela produção da parte orgânica da matriz, ou seja, colágeno tipo 
I, proteoglicanas e glicoproteínas. Concentram fosfato de cálcio e participam da mineralização óssea. 
Na formação da matriz, ao redor do osteoblasto e quando não está calcificada ainda, chama-
se osteoide. Diversos hormônios e outros sinalizadores estão intrinsecamente relacionados com a 
atividade dos osteoblastos. 
✓ Osteoclastos- células gigantes intensamente ramificadas, irregulares e multinucleadas (de 6 a 50 
núcleos). É um conjunto de macrófagos e localizam-se em depressões do tec. ósseo (Lacunas de 
Howship). Elas secretam para dentro da matriz óssea íons de hidrogênio, colagenases e hidrolases, 
digerindo a matriz óssea e dissolvendo os cristais de sais de cálcio. A atividade desta célula é 
comandada pela calcitonina e paratormônio. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Funções do Esqueleto 
 
✓ Sustentação e Suporte- sua rigidez garante a função mecânica de sustentar estruturalmente o corpo, 
como por exemplo, ficar em pé, suportar e sustentar diferentes posturas ao longo do dia durante 
nossas atividades de vida diária e servir de pondo de fixação para vários órgãos, como no caso dos 
650 músculos esqueléticos do nosso corpo além da sustentação indireta das nossas vísceras. 
✓ Conformação do Corpo- nosso endoesqueleto (esqueleto interno) constitui o arcabouço rígido do 
corpo humano que além de dar apoio ao corpo define sua forma e arquitetura. 
✓ Proteção de Órgãos- o arranjo arquitetônico deste arcabouço rígido garante a proteção de órgãos 
vitais, como o encéfalo alojado na cavidade craniana; a medula espinal alojada dentro da coluna 
vertebral (canal vertebral); o coração e os pulmões alojados na cavidade torácica delimitada pelas 
costelas, vértebras e osso esterno, além de uma proteção relativa aos órgãos alojados na cavidade 
abdominopélvica. 
 
✓ Armazenamento de Saís Minerais- os íons são minerais que além de constituírem a porção inorgânica 
do osso, são extremamente importantes nos diversos processos metabólicos que ocorrem em 
diferentes tecidos do nosso corpo, para tal, vários destes minerais são armazenados no osso 
sobretudo cálcio (Ca) e fosfato (PO4). Outros minerais como potassio, magnesio, citrato, sodio e 
bicarbonato também estão armazenados no osso em quantidades menos expressivas. 
✓ Alavancas para os Movimentos Corporais- os ossos formam sistemas de alavancas rígidas que podem 
ser movimentadas pela força dos músculos esqueléticos inseridos em sua estrutura. Este sistema 
pode ser definido como uma haste relativamente rígida (osso) que pode girar ao redor de um eixo de 
 
 
8 
 
rotação (articulação sinovial) por meio da aplicação de força (contração muscular)sobre a haste. Ao 
realizar movimentos dos seus segmentos corporais, o aparelho locomotor (ossos, articulações e 
músculos esqueléticos), em uma ação conjunta, produz um sistema de alavanca, que, por meio da 
contração muscular (que gera força) gira o osso ao redor de um eixo imaginário dentro da articulação 
sinovial desencadeando o movimento pretendido. 
 
✓ Hematopoese- consiste na formação das células sanguíneas (glóbulos vermelhos, brancos e 
plaquetas), processo este, que ocorre dentro do osso em uma região chamada de medula óssea 
vermelha. Este processo tem início no osso por volta do 6º/8º mês de gestação e até os cinco anos 
de idade aproximadamente, a medula óssea vermelha de todos os ossos cumpre função 
hematopoiética. À medida que os anos avançam, ocorre uma substituição gordurosa na porção 
medular dos ossos longos diminuindo as áreas do nosso esqueleto para produção das células 
sanguíneas que passam a ser denominadas de medula óssea amarela. Na vida adulta somente os 
ossos da pelve, esterno, ossos do crânio, úmero, fêmur e costelas continuam a gerar células 
sanguíneas. 
 
 
 
 
 
9 
 
Revestimento Ósseo e sua Estrutura Arquitetônica 
 
O Periósteo 
Fáscia que envolve o osso externamente com exceção das superfícies articulares. Formado por tecido 
conjuntivo denso modelado, apresenta-se em duas camadas: uma camada fibrosa externa importante para 
sustentação dos vasos sanguíneos e nervos que penetram os ossos e uma camada osteogênica interna rica 
em osteoblastos que dependendo das exigências mecânicas e condições metabólicas estimulam a 
mineralização do osso. 
 
O Endósteo 
Tecido conjuntivo frouxo extremamente delgado que reveste todos os espaços internos do osso esponjoso, 
canal medular e os canais de Havers e Volkmann. Esta camada é frequentemente ocupada por osteoblastos 
e osteoclastos. 
 
Arquitetura do Osso 
De arquitetura bastante complexa, o osso, pode ser comparado a uma magnífica obra de engenharia. 
Internamente possui uma intensa atividade celular dentro dos espaços lacunares e uma enorme área de 
irrigação sanguínea que permite, de forma eficaz, assimilar elementos nutritivos e materiais plásticos ao 
longo desta rede canalicular garantindo assim, a perfusão adequada e o aporte de todos os elementos 
necessários ao correto metabolismo ósseo. Além disso, pode-se verificar que os ossos são constituídos por 
dois setores com características diferentes: uma porção periférica evidentemente mais compacta (o osso 
cortical), portanto, maior densidade óssea por unidade de área e uma porção esponjosa mais profunda (o 
osso trabecular), cujo aspecto visual, lembra a porosidade de uma esponja, daí seu nome; entretanto, devido 
a esta porosidade mais marcante, a densidade óssea por unidade de área é menor do que a porção cortical. 
✓ A Substância compacta- constitui-se por lâminas ósseas paralelas e extremamente próximas entre si, 
sua estrutura é muito rígida e compacta conferindo resistência ao osso. Encontra-se na camada 
exterior dos ossos (córtex óssea) e sua espessura é variável de osso para osso e ao longo da vida do 
indivíduo. Esta camada do osso é externamente é revestida pelo periósteo. No osso longo, além da 
camada cortical sua diáfise também possui outro tipo de estrutura compacta organizada em várias 
 
 
10 
 
unidades estruturais (Ósteon ou Sistema de Havers). Cada Ósteon é formado por anéis de lamelas 
ósseas dispostas concentricamente em torno de um canal de Havers com capilares sanguíneos em 
seu interior. Cada um destes sistemas, está disposto ao longo do eixo longitudinal da diáfise e 
paralelos entre si. Este arranjo arquitetônico permite que a diáfise do osso longo possua alta 
resistência às forças verticais, entretanto, não têm a mesma capacidade para suportar grandes 
tensões transversais diretas sobre esta região. 
✓ A Substância Esponjosa (Trabecular)- ocupa as regiões internas do osso. Suas lâminas ósseas estão 
irregularmente dispostas nos vários sentidos, deixando espaços livres entre si que são, em grande 
parte dos ossos, comumente ocupados pela medula óssea vermelha. Por esta razão o osso trabecular 
possui uma menor densidade óssea quando comparado com o osso compacto na mesma relação de 
área. Em alguns ossos como acontece, por exemplo, na cabeça do fêmur, as trabéculas adoptam uma 
disposição linear específica, afim de orientarem a dispersão das forças (tração, torção, impacto etc.) 
que agem internamente no osso conferindo, ao mesmo, uma melhor capacidade para resistir às 
cargas de stress mecânico do cotidiano. 
Ao analisarmos cada osso como um todo, podemos verificar que a quantidade de substância esponjosa ocupa 
uma área superior à de substância compacta, assim sendo, o osso consegue alta resistência ao stress 
mecânico com baixo peso. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Formação e Remodelagem do Osso 
 
O processo de formação dos ossos é chamado de ossificação e existem dois processos distintos de ossificação: 
✓ Ossificação intramembranosa (formada a partir de uma membrana conjuntiva)- ocorre nos ossos 
do crânio. Este processo inicia-se na fase fetal quando o neurocrânio possui uma camada 
membranosa (mesênquima), o tecido ósseo surge aos poucos em uma membrana de natureza 
conjuntiva, não cartilaginosa. 
 
 
 
 
 
 
 
✓ Ossificação endocondral (formada a partir de um modelo cartilaginoso existente que lembra o 
formato do futuro osso)- ocorre na maioria dos ossos do esqueleto e tem seu início na vida 
intrauterina a partir de uma estrutura de cartilagem hialina que é substituída gradualmente por 
tecido ósseo até sua maturação total que ocorrerá comumente no final da puberdade. Este processo 
de ossificação é bem mais lento e nos ossos longos está fortemente atrelado ao nosso crescimento 
longitudinal (estatura). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pele 
Tecido conjuntivo 
Tecido conjuntivo 
Osso esponjoso 
Ossificação endocondral do osso longo 
1- Os condrócitos se hipertrofiam e morrem na diáfise 
iniciando a calcificação; 
2- No local forma-se uma cavidade (morte dos 
condrócitos) e os vasos do periósteo começam a invadir 
este local (trazem células indiferenciadas); 
3- Aparece um anel de tecido ósseo no centro da futura 
diáfise; 
4- A cavidade irá originar a medula óssea. 
5- Este processo evolui e forma-se um tecido cartilaginoso 
entre a diáfise e a epífise, o Disco Epifisário ou cartilagem 
de conjugação. É a partir desse disco que o osso cresce. 
 
 
12 
 
 
 
A Remodelagem Óssea 
A quantidade de massa óssea presente no nosso esqueleto é o resultado de um processo cíclico contínuo e 
perpétuo de formação (mineralização/ossificação) e reabsorção deste material. Este ciclo de remodelagem 
óssea está diretamente relacionado à necessidade corporal de manter uma concentração fisiológica de cálcio 
ionizado nos fluidos orgânicos além da manutenção estrutural do próprio esqueleto. No metabolismo 
fisiológico normal, a reabsorção óssea (osteoclastose: ação controlada pelos osteoclastos) e a formação óssea 
(osteoblastose: ação controlada pelos osteoblastos) estão intimamente relacionadas em tempo, grau e 
espaço. Desta forma, a formação óssea só será ativada depois que estiver estabelecida uma área de absorção 
e nesse controle, além das células responsáveis pela remodelação que são conhecidas como unidade 
multicelular básica, estão envolvidos diversos outros elementos, tais como: paratormônio, calcitonina, 
hormônio do crescimento, vitamina D3, esteroides e diversas citocinas e fatores de transcrição derivados 
da medula óssea (como; M-CSF, RANKL, VEGF e IL-6). Outros fatores como: a ação do stress mecânico (forças 
do ambiente, sobretudo a gravidade), de situações comportamentais (hábitos de vida diárias), além de 
fatores locais (tensões eletromagnéticas que agem no interior dos ossos), também contribuem na 
remodelação do osso, cujomecanismo é relativamente rápido no osso trabecular e um pouco mais lento no 
osso cortical. 
No primeiro ano de vida, quase 100% do esqueleto é renovado, enquanto que nos adultos estima-se uma 
remodelagem de 10% a 30% da sua massa óssea a cada ano. 
Tais processos controlam o formato e a substituição de material ósseo após danos como fraturas, mas 
também controlam micro lesões que ocorrem durante atividades normais. 
Zona de cartilagem em 
repouso 
Zona de cartilagem seriada 
Zona de cartilagem hipertrófica 
Zona de cartilagem calcificada 
Zona de ossificação 
Detalhe mostrando a epífise óssea e 
a região do disco epifisário 
 
 
13 
 
O Ciclo de Remodelagem Óssea 
Os osteoclastos são recrutados para a superfície (processo chamado de ativação) e reabsorvem uma 
quantidade de mineral, criando uma cavidade - lacuna de Howship - no osso trabecular. Essa fase dura em 
torno de duas semanas e é seguida por um período de aparente inatividade no sítio da reabsorção. Durante 
essa fase, os osteoclastos desaparecem e são substituídos por macrófagos, cuja função não está inteiramente 
elucidada, mas que parece ser a de depositar uma substância que inicia a cimentação. Como esse processo 
ocorre entre a remoção do osso e sua subsequente substituição, ele é chamado de fase de reversão. Por um 
sinal desconhecido, os osteoblastos - células que sintetizam a nova matriz - aderem-se à superfície da 
cavidade. Essas células sintetizam colágeno e outras proteínas não colagenosas, que são secretadas dentro 
da cavidade para formar o osteoide, uma matriz não mineralizada, que o será mais tarde transformada no 
osso novo. Essa fase de formação pode levar vários meses para se estabelecer. Sob condições normais, a 
quantidade de osso novo sintetizado em cada sítio de remodelação é exatamente igual àquela que foi 
removida pelos osteoclastos. 
Desbalanços na regulação desse processo podem resultar em doenças do metabolismo ósseo, como 
a osteoporose. 
 
Remodelação Óssea e Fratura 
Nos casos de fratura do osso ocorre uma intensa proliferação do periósteo levando a formação de um anel 
(calo ósseo), que envolve os fragmentos da fratura. Simultaneamente, os osteoclastos iniciam a remoção de 
células ósseas mortas e do coágulo formado pelo processo hemorrágico da lesão. O periósteo fornecerá 
células osteogênicas unindo provisoriamente os fragmentos e que com o passar do tempo, ocorrerá uma 
remodelação do calo ósseo e refazendo gradativamente o osso até que a fratura esteja consolidada. 
 
 
 
14 
 
Divisão do Esqueleto 
 
O nosso esqueleto é dividido em duas porções. Uma porção central formada pelos ossos da cabeça (22 ossos), 
ossos do pescoço (8 ossos), ossos do tórax (37 ossos), ossos do abdome e parte da pelve (7 ossos), além dos 
3 ossículos de cada ouvido médio. Esta porção por ter um arranjo longitudinal e formar o eixo central do 
esqueleto é denominada de esqueleto axial. A outra porção do esqueleto está fixada à porção axial de forma 
a formar 2 pares de apendesses, daí seu nome: esqueleto apendicular. O esqueleto apendicular é dividido 
em superior e inferior. 
A porção superior do esqueleto apendicular e formada pelos 4 ossos da cintura ou cíngulo escapular (raiz) e 
pela parte livre (1 par). Cada parte livre é formada pelo osso do braço, os 2 ossos do antebraço e os 27 ossos 
da mão. 
A porção inferior do esqueleto apendicular e formada pelos 2 ossos da cintura ou cíngulo pélvico e pela parte 
livre (1 par). Cada parte livre é formada pelo osso da coxa, pela patela (osso sesamoide do joelho), os 2 ossos 
da perna e os 26 ossos do pé. 
 
 Esqueleto axial Esqueleto Apendicular Superior Esqueleto Apendicular Inferior 
 
 
 
15 
 
Tópico 2 
As Articulações 
 
Introdução 
 
A articulação também chamada de juntura ou artrose é o elemento de conexão entre dois ou mais ossos, 
entre osso e cartilagem ou entre osso e dente podendo ou não, permitir movimento entre os segmentos 
conectados. Suas funções estão relacionadas as suas características, pois existem tipos diferentes de uniões 
de acordo com a natureza do material interposto entre os ossos. Assim sendo, de modo geral suas funções 
são: união entre os segmentos conectados, movimento entre ossos, crescimento dos ossos e absorção parcial 
de choques (forças de impacto). 
 
Tipos de Articulações 
 
Quanto a Característica de Movimento 
✓ Imóveis (sinartroses)- são uniões ósseas sem a presença de movimento. Uma sinartrose carece de 
cavidade e cápsula articular. Ao não ter movimento a sua função costuma estar relacionada com a 
proteção e a servir de ponto de suporte para inserção de ligamentos e músculos. As sinartroses 
também podem ser consideradas como o ponto que permite o crescimento dos ossos e neste caso 
são temporárias, ou seja, não estão presentes no esqueleto adulto. Este tipo de articulação pode ser 
encontrada unindo os ossos do crânio a exceção da mandíbula e em outras regiões do esqueleto axial 
como na porção inferior da coluna vertebral. 
✓ Semimóveis (anfiartroses)- este tipo de união óssea permite uma movimentação pouco expressiva 
entre as estruturas que se articulam e em alguns casos, a movimentação é tão pequena que não pode 
ser observada visualmente. Estas articulações também desprovidas de cápsula e cavidade articular, 
geralmente estão associadas às articulações amplamente móveis como é o caso da porção móvel da 
coluna vertebral, cuja união entre as vertebras, se dá por articulações móveis e semimóveis, 
 
 
16 
 
permitindo assim uma movimentação ampla. A principal função destas articulações é a manutenção 
da estabilidade entre a união das estruturas. 
✓ Móveis (diartroses)- são as articulações amplamente móveis. Também conhecidas como articulações 
sinoviais são formadas por cartilagem hialina no encontro que se articulam. Estas articulações 
possuem cavidade preenchida por líquido sinovial (água com proteoglicanos e glicosaminoglicanos 
similar ao plasma) mantido por uma membrana sinovial interna e cápsula fibrosa externa. São 
encontradas tanto no esqueleto axial como apendicular e a mobilidades dos nossos segmentos 
corporais estão diretamente atrelados à estas articulações. 
 
Quanto a Permanência 
✓ Temporárias- presentes no nosso corpo durante determinado período de tempo. A grande maioria 
destas articulações está associada ao período de crescimento e desaparecem quando os indivíduos 
finalizam esta fase. Esta é a razão pela qual as crianças possuem um número maior de ossos que o 
adulto. O processo de fusão da articulação de crescimento é chamado de sinostose (união completa 
de dois ossos por ossificação da zona fibrosa ou cartilaginosa que os separa – podendo ser fisiológico 
ou patológica). 
✓ Permanentes- presentes no indivíduo durante toda a sua vida. Algumas articulações do crânio podem 
sofrer, com o envelhecimento, processo fisiológico de sinostose, contudo as demais articulações 
permanentes caso, venham a sofrer processo de sinostose, este fato é considerado de ordem 
patológica. 
 
Quanto a Fixação 
✓ Por Continuidade- o elemento conectivo que faz a união da articulação está localizado entre os ossos 
e fixado diretamente neles estabelecendo assim, uma relação de continuidade. Este tipo de tecido 
pode ser fibroso, cartilaginoso ou fibrocartilaginoso. Articulações com esta característica podem ser 
tanto imóveis, quanto semimóveis. 
 
 
 
17 
 
✓ Por Contiguidade- o elemento conectivo que faz a união da articulação é externo formando uma 
cápsula fibrosa ao redor da borda dos ossos da respectiva articulação. Este tipo de fixação externa 
permite a presença de um espaço interno entre os ossos (cavidade articular), que é preenchido por 
líquido sinovial. Este tipo de união garante uma maior movimentação entre os ossos, assim sendo, 
todas as articulações comesta característica são móveis. 
 
 
Quanto ao Tipo de Tecido Interposto 
Articulações Fibrosas (Sinfibrose) 
União por tecido conjuntivo fibroso rico em fibras elásticas e sem a presença de cavidade articular. São 
subdivididas em: suturas, sindesmoses, gonfoses. 
✓ Suturas: São compostas por fina camada de tecido conjuntivo fibroso denso e encontradas no crânio. 
Quanto ao formato da união podem apresentar quatro tipos 
• Serrátil- superfícies articulares tem a forma de dentes de serrote (ex: interparietal). 
• Escamosa- superfícies articulares tem a forma de escama de peixe (ex: temporo-parietal). 
• Plana- superfícies articulares são planas (ex: internasal). 
• Esquindilese- superfícies articulares se assemelham a crista e vale (ex: vômero-esfenoidal). 
 Serrátil Escamosa Plana Esquindilese 
 
 
 
18 
 
✓ Sindesmose (sindesmo = feixe, ligamento): Composta por fina camada de tecido conjuntivo fibroso 
denso. Há uma distância maior entre os ossos da articulação. O tecido conjuntivo fibroso pode estar 
disposto como um feixe (ligamento) ou uma lâmina (membrana interóssea). 
 
 
✓ Gonfose: Há uma cavilha coniforme (dente) que se ajusta a uma concavidade (osso). Os únicos 
exemplos são os dentes e seus alvéolos nos ossos das maxilas e da mandíbula. 
 
 
Articulações Cartilagíneas 
União óssea por cartilagem hialina ou fibrosa e sem a presença de cavidade articular. As articulações mantidas 
por tecido conectivo fibrocartilaginoso (cartilagem fibrosa) são semimóveis apresentando pequenos 
movimentos elásticos na zona de conexão. São subdivididas em: sincondroses e sínfises. 
✓ Sincondroses: São de característica temporária e composta por cartilagem hialina. Estão presentes 
no nosso corpo durante o período de crescimento. A medida que o indivíduo avança no crescimento 
longitudinal, esta porção de cartilagem, que une as partes já ossificadas do esqueleto, cresce e 
paralelamente sofre ossificação (ossificação endocondral), até que toda extensão da cartilagem seja 
mineralizada. Este fato ocorre, pois, com o passar dos anos a velocidade de crescimento da cartilagem 
hialina diminui em relação ao processo de ossificação da mesma. Neste momento nosso crescimento 
 
 
19 
 
em estatura é interrompido. A exceção dos ossos de formação intramembranosa, as sincondroses 
são observadas em todo esqueleto, como por exemplo, entre as epífises e a diáfise dos ossos longos 
(lâmina epifisial), as divisões do osso do quadril, do osso sacro, etc. Este processo de selamento da 
cartilagem é conhecido como sinostose. Entretanto, as articulações entre as dez primeiras costelas e 
as cartilagens costais se mantêm ao longo da vida adulta e são chamadas de sincondroses 
permanentes. 
 
 
✓ Sínfise: Articulações semimóveis de característica permanente, mas com baixa mobilidade, pois 
possuem pouca elasticidade, porém são resistentes e estáveis. Os ossos são unidos por um disco largo 
e plano de fibrocartilagem. Ocorrem na linha mediana do corpo como por exemplo: a sínfise púbica, 
os discos intervertebrais, a sínfise entre o manúbrio e o corpo esterno, etc. 
 
 
 
Articulações Sinoviais (Diartroses) 
A união entre as peças ósseas é mantida por uma cápsula articular externa de característica fibrosa. Há 
presença de cavidade articular preenchida por líquido sinovial. A descontinuidade entre os ossos torna a 
articulação livremente móvel. As articulações sinoviais são responsáveis pelos movimentos dos nossos 
 
 
20 
 
segmentos corporais, ou seja, são elas que efetivamente garantem nossa mobilidade e flexibilidade 
(capacidade de realizar movimentos em grandes amplitudes). Devido à variedade de elementos estruturais 
que constituem este tipo de união óssea, este tipo de articulação possui grande complexidade e seus 
componentes estruturais podem ser agrupados da seguinte forma: 
✓ Componentes comuns: 
• Superfície articular- partes do esqueleto que se articulam; 
• Cavidade articular- cavidade delimitada pelas superfícies articulares e cápsula articular, podendo 
estar total ou parcialmente dividida por disco, menisco ou orla (lábio articular); 
• Cartilagem articular- revestem as superfícies articulares (cartilagem hialina); 
• Cápsula articular- dispositivo que envolve a articulação, se estende de um osso ao outro e é contínuo 
com o periósteo fibroso de cada osso formando um manguito contentor. A cápsula deve possuir um 
certo grau de frouxidão a fim de permitir a amplitude normal de movimento da articulação e firme o 
suficiente para limitar o movimento excessivo. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa 
(externa) e a membrana sinovial (interna); 
• Membrana fibrosa (cápsula fibrosa)- é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos por 
feixes também fibrosos, que constituem os ligamentos capsulares, destinados a aumentar sua 
resistência; 
• Membrana sinovial- reveste a superfície interna da cápsula articular e forma um saco fechado 
denominada delimitando o espaço cavitário da articulação. É abundantemente vascularizada e 
inervada sendo encarregada da produção e secreção de líquido sinovial; 
• Ligamentos- além dos ligamentos capsulares (engrossamentos da cápsula fibrosa), observa-se nas 
articulações sinoviais cordões de fibras paralelas independentes que se estendem de um osso a outro 
e reforçam a cápsula fibrosa nos pontos de maior tensão por tração. Quando observados 
externamente à cápsula articular denominados de ligamentos extra-capsulares ou acessórios e em 
algumas, como na articulação do joelho, aparecem também ligamentos intra-articulares, dentro da 
cavidade articular. Os ligamentos assessoram a cápsula articular a manter a união entre os ossos e 
impedir o movimento em planos indesejáveis limitando a amplitude dos movimentos dentro dos 
parâmetros considerados normais. 
• Líquido sinovial- Incolor, transparente e de consistência pouco viscosa, tem por finalidade nutrir a 
cartilagem articular e hidratar as superfícies articulares além de manter uma força de aproximação 
 
 
21 
 
entre os ossos (ação coaptadora); formado por um ultrafiltrado do plasma (possui essencialmente a 
mesma composição bioquímica do plasma) através da membrana sinovial, cujas células secretam um 
mucopolissacarídeo contendo ácido hialurônico e pequena quantidade de proteínas de alto peso 
molecular (tais como fibrinogênio e globulinas). 
 
 
✓ Componentes acessórios: 
• Discos e Meniscos- constituídos por fibrocartilagem, são encontrados em várias articulações sinoviais 
e estão interpostos às superfícies articulares, dentro da cavidade. Como funções, tornam as 
superfícies articulares mais congruentes, agem como atenuadores das violentas pressões que 
incidem sobre as respectivas articulações, além de facilitarem os movimentos de deslizamento entre 
estas superfícies. Os meniscos, com sua característica em forma de meia lua, são encontrados na 
articulação do joelho, enquanto que os discos articulares pode ser observado nas articulações 
esternoclavicular e temporomandibular. 
• Orla (lábio articular)- localizado na borda de uma das superfícies articulares da articulação do ombro 
(cavidade glenóide) e do quadril (acetábulo), têm o formado de um anel constituído por 
fibrocartilagem. Sua função é expandir a área de contato e deslizamento da respectiva superfície 
articular, além de melhorar o encaixe entre os ossos (função coaptadora). 
 
 
 
 
DISCO 
MENISCO 
ORLA 
 
 
22 
 
• Bainha Sinovial dos Tendões- facilitam o deslizamento de tendões que passam através de túneis 
fibrosos e ósseos minimizando os efeitos de desgaste destas estruturas por ocasionadas pelo atrito 
entre as partes deslizantes. No punho e no tornozelo formam os retináculos dos flexores e extensores. 
 
 
 
• Bolsas Sinoviais (Bursas)- são fendas notecido conjuntivo entre os músculos, tendões, ligamentos e 
ossos. São constituídas por sacos fechados de tecido fibroso e revestido internamente por membrana 
sinovial preenchidos pelo líquido sinovial. Facilitam o deslizamento de músculos ou de tendões sobre 
proeminências ósseas ou ligamentosas impedindo o desgaste destas estruturas por excesso de atrito. 
 
 
Classificação das Articulações Sinoviais 
 
Podem ser classificadas de acordo com alguns critérios: 
✓ Quanto a característica das superfícies articulares 
• Simples- união entre apenas dois ossos. 
• Composta- união entre três ou mais ossos. 
 
 
23 
 
• Complexa- união simples ou complexa com presença de elementos acessórios tais como: menisco, 
orla ou disco. 
 
 
 
 
 
 
✓ Quanto ao número de eixos de movimento 
• Anaxial ou não axial- não há eixo de movimento, permitindo apenas a presença de deslizamento 
entre os ossos. 
• Uniaxial ou Monoaxial- esta articulação realiza seus movimentos em torno de um único eixo 
primário. 
• Biaxial- esta articulação realiza seu movimento em torno de até dois eixos primários. 
• Triaxial ou Multiaxial- esta articulação realiza seus movimentos em torno de até três eixos 
primários, entretanto este tipo de articulação sinovial, também permite a realização de 
movimentos em infinitos eixos secundários (eixos diagonais). 
 
 
 
 
 
 
 
✓ Quanto à forma geométrica das superfícies articulares. 
A forma das superfícies articulares é considerada um critério base para a classificação morfológica 
das articulações sinoviais. Contudo, às vezes, é difícil fazer esta correlação. Além disto, existem 
divergências entre anatomistas quanto não só à classificação de determinadas articulações, mas 
também quanto à denominação dos tipos. De acordo com a Terminologia Anatômica, os tipos 
morfológicos de articulações sinoviais são: 
SIMPLES 
COMPOSTA COMPLEXA 
 
Anaxial 
Biaxial 
Art. Interfalângica 
Uniaxial 
Art. Coxo-femural 
Multiaxial Art. Radiocárpica 
Art. Intercárpica 
 
 
24 
 
• Plana ou Artródia (não axial - movimentos de deslizamento) as superfícies articulares são planas 
ou ligeiramente curvas, permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer 
direção, mas sem movimentação axial (movimento em torno de um eixo). O deslizamento nas 
articulações planas é geralmente discreto, caracterizando uma amplitude de movimento 
significativamente reduzida. Entretanto, deve-se ressaltar que pequenos deslizamentos entre 
vários ossos articulados em uma mesma região permitem apreciável variedade e amplitude de 
movimento como é possível observar nas articulações entre os ossos curtos do carpo e do tarso e 
articulações Interapofisárias da coluna vertebral. 
• Gínglimo (uniaxial - movimentos axiais – eixo látero-lateral) sua morfologia assemelha-se ao tipo 
de encaixe de uma dobradiça e os movimentos de flexão e extensão, são típicos desta articulação. 
No cotovelo, a articulação úmero-ulnar é um bom exemplo de gínglimo, na qual, a superfície 
articular da tróclea (formato de carretel) do úmero, que entra em contato com a incisura troclear 
da ulna, conferindo a esta estrutura um aspecto de dobradiça. Entretanto, as articulações 
interfalangeanas também classificadas como gínglimo posuem superfície mais aplainada 
descaracterizando o formado de dobradiça. 
• Trocóide (uniaxial - movimentos axiais – eixo longitudinal) as superfícies articulares possuem 
aspecto cilíndrico (cilindroides), tanto na face convexa quanto côncava, o que permite, uma 
rotação em torno de um eixo longitudinal. Um exemplo típico é a articulação rádio-ulnar proximal, 
na região do cotovelo e responsável pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. 
Outro exemplo é a articulação atlanto-axial entre o osso atlas e áxis da coluna vertebral, contudo, 
neste caso, o movimento é denominado de rotação (movimento típico do eixo longitudinal) para 
direita e para esquerda. 
• Condilar (biaxial - movimentos axiais – dois eixos primários perpendiculares) as superfícies 
articulares são de forma semiesférica em algumas articulações e em outras relativamente elíptica. 
Estas articulações permitem movimentos de flexão e extensão, abdução e adução, mas não a 
rotação, pois não são dotadas de eixo longitudinal. Como exemplo podemos citar a articulação 
temporomandibular (ATM) e as articulações metacarpofalangeanas do 2º ao 5º metacarpo. A 
articulação radiocarpal na região do punho é, das articulações deste grupo, que mais se assemelha 
ao formato elíptico (formato da bola de futebol americano), e por está característica é classificada 
comumente como Elipsóide. 
 
 
25 
 
• Selar (biaxial - movimentos axiais – dois eixos primários perpendiculares) a superfície articular 
tem o formato de uma sela de cavalo, com uma das faces (concavidade) em uma direção e a outra 
face (convexidade) posicionada transversalmente a primeira. A articulação carpometacarpiana do 
1º metacarpo é um exemplo típico. Esta articulação permite movimentos de flexão e extensão, 
abdução e adução e uma sutil rotação, além da consequentemente circundução (movimento 
combinado que ocorre em articulações que realizam movimentos, no mínimo, nos eixos lateral e 
ântero-posterior). Contudo sua característica é biaxial, pois a rotação isolada não pode ser 
realizada ativamente pelo polegar sendo só possível com a combinação dos outros movimentos. 
Isto também ocorrerá na articulação esternoclavicular, a qual, possui a mesma classificação 
quanto a forma. 
• Esferóide ou Enartrose (multiaxial - movimentos axiais – três eixos primários perpendiculares e 
infinitos eixos diagonais secundários) apresenta superfícies articulares que são segmentos de 
esferas e se encaixam em receptáculos ocos. Os três eixos primários de movimento atravessam 
este tipo de articulação, entretanto, somente neste tipo, um número ilimitado de eixos 
secundários (diagonais), também cruzam a articulação, portanto efetivamente, são multiaxiais. As 
articulações: escápulo-umeral e coxofemoral são os únicos exemplos no corpo humano e seus 
movimentos são: flexão e extensão, adução e abdução, rotação medial e lateral, flexão tranversal 
e extensão transversal, além é claro, da circundução. O nome enartrose é devido ao fato deste 
tipo de articulação apresentar múltiplas possibilidades de movimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Planos e Eixos Primários de Movimentos 
✓ Eixo Ântero-posterior- movimentos de abdução/adução (movimentos descritos no plano frontal, 
havendo afastamento ou aproximação do plano mediano do corpo). 
Selar 
Gínglimo 
Plana 
Esferóide 
Trocóide 
Condilar 
 
 
26 
 
✓ Eixo Látero-lateral- movimentos de flexão/extensão (movimentos descritos no plano sagital). 
✓ Eixo Longitudinal- movimentos de rotação lateral/medial (movimentos descritos no plano 
transversal). 
 
 
 
Flexibilidade 
Como é possível observar, nosso corpo possui uma grande quantidade de junções entre os inúmeros ossos 
do esqueleto. Estas, por sua vez, se diferenciam quanto à possibilidade ou não de propiciar movimentos entre 
estes ossos. Entretanto, esta mesma possibilidade de movimento, também é muito variada, principalmente 
se levarmos em conta, a amplitude destes movimentos, assim como os tipos de movimento observado. Um 
dos fatores que efetivamente determinam estas características são os diferentes tipos tecidos que formam 
estas articulações, além das suas diversas formas. 
Quando avaliamos os movimentos dos segmentos corporais em relação aos demais segmentos; em relação 
ao corpo como um todo e em relação ao espaço, estamos analisando especificamente os movimentos das 
articulações do tipo diartrose, ou seja, as sinoviais. Devido a sua complexidade e características individuais, 
seus movimentos podem apresentar um maior grau de estabilidade ou de liberdade de movimento. 
 
 
27 
 
A estabilidade de uma articulaçãoestá relacionada à capacidade que a mesma tem de resistir ao 
deslocamento de uma extremidade óssea em relação à outra, sem que ocorra lesão nas estruturas cápsulo-
ligamentares que sustentam a respectiva articulação; os músculos e tendões que cruzam a articulação; além 
de demais estruturas do entorno articular. 
Ao relacionar estabilidade com a amplitude de movimento, pode-se associar uma maior estabilidade a 
movimentos menos amplos e vice-versa. Múltiplos fatores podem afetar a estabilidade articular, dentre eles 
podemos destacar os principais: o formato das superfícies articulares, a organização e resistência dos tecidos 
fibrosos que formam as estruturas cápsulo-ligamentares, além é claro, da tensão de compressão articular 
proporcionada pela ação dos músculos que atuam na articulação. 
As superfícies articulares das extremidades dos ossos de uma articulação sinovial nem sempre apresentam 
extremidades compatíveis para um encaixe perfeito (coaptação articular). Nestes casos, quando a coaptação 
anatomicamente é mais prejudicada, a própria articulação desenvolve, durante o crescimento, elementos 
acessórios que irão favorecer estas condições de encaixe entre as superfícies articulares. Estas estruturas, 
normalmente de fibrocartilagem, não só criam condições de coaptação como também favorecem os 
movimentos de deslizamento dentro da cavidade articular, além de melhorar a estabilidade das mesmas. 
Quando analisamos os movimentos de uma articulação sinovial, devemos levar em conta duas situações de 
análise distintas: a) os movimentos chamados de osteocinemáticos, que são aqueles, os quais observamos o 
indivíduo realizar e que quantificam a sua flexibilidade, também denominada como amplitude de movimento 
e avaliada através da mediada angular (goniometria), de cada movimento articular; b) os movimentos 
chamados de artrocinemáticos, que não são observados, pois são intra-articulares e podem ser descritos 
como rolamentos, deslizamentos e giros que ocorrem entre as superfícies articulares durante a 
movimentação osteocinemática (flexão, extensão, abdução, adução etc.). 
 MOVIMENTOS ARTROCINEMÁTICOS MOVIMENTOS OSTEOOCINEMÁTICOS 
 
 
 
28 
 
Os movimentos artrocinemáticos estão relacionados com as forças de atrito entre as superfícies articulares 
e outras manifestações tais como: velocidade e amplitude dos movimentos osteocinemáticos, forças como 
compressão intra-articular, os efeitos gravitacionais sobre as articulações, exposição repetitiva ao 
movimento, sobrecarga adicional nos segmentos corporais que se movem, entre outros tipos de tensões e 
estresse mecânico. Todas estas particularidades, se não bem dosadas e observadas, poderão provocar 
inúmeras lesões relacionadas ao desgaste da superfície articular e a respectiva cartilagem articular. 
Apesar do fato de que a maioria das superfícies articulares possuem formatos côncavos e convexos, o que 
facilita o encaixe, já foi descrito anteriormente que essas superfícies não são plenamente simétricas, 
permitindo assim, certas irregularidades que fazem com que sempre exista uma posição de maior coaptação 
na qual, a área de contato entre as superfícies seja máxima. Este momento é conhecido como posição de 
travamento (posição de coaptação fechada), que por consequência, garante a maior estabilidade naquela 
posição articular, como por exemplo, quando o joelho está em extensão total. Qualquer movimento 
osteocinemático partindo da posição de coaptação fechada, tenderá a diminuir a área de contato entre as 
superfícies articulares, portanto qualquer posto da área articular que não seja a posição de travamento será 
uma posição destravada (posição de coaptação aberta) que, consequentemente, resultará em uma menor 
estabilidade articular, como por exemplo, qualquer movimento do joelho que não seja sua extensão plena. 
A estabilidade de uma articulação sinovial conta sobretudo com sua estrutura cápsulo-ligamentar, cuja 
responsabilidade maior, é garantir o limite máximo de amplitude de movimento (ADM), dentro dos limites 
de normalidade, impedindo assim os extremos e evitando a desarticulação (luxação da articulação), 
entretanto estes tecidos são de origem conjuntiva fibrosa, o que não confere a eles capacidade contrátil, 
portanto exercem uma “tensão passiva”. Para contrapor a esta carência, entram em ação as outras estruturas 
fundamentais na estabilidade de uma articulação sinovial, que são os músculos esquelético que cruzam a 
respectiva articulação. Visto que os músculos geram tensão a partir de contração, estes, são os verdadeiros 
estabilizadores, pois exercem uma “tensão ativa”, garantindo uma maior aproximação das superfícies 
articulares, minimizando os movimentos artrocinemáticos e consequente movimentação osteocinemática 
mais estável, pois, graças a tensão ativa da musculatura ocorrerá menos oscilações articulares durante os 
movimentos osteocinemáticos. 
Vale lembrar, que o desgaste excessivo das superfícies articulares de uma articulação sinovial é gerado pela 
relação entre a taxa de atrito nestas superfícies e a amplitude da movimentação artrocinemática. Portanto, 
é fundamental para saúde e integridade destas estruturas que o conjunto dos elementos estabilizadores 
 
 
29 
 
funcionem em perfeito sinergismo e que a quantidade de estresse mecânico sobres as articulações seja 
compatível com a capacidade de resistência das suas estruturas, tanto em intensidade, quanto em volume 
de exposição as fontes de estresse mecânico. Destacando ainda, fatores individuais tais como: nível de 
aptidão física e habilidade motora geral e específica dos indivíduos; características morfológicas relativas a 
constituição geral e local dos indivíduos; condição geral de saúde entre outros. 
Enfim, vale ressaltar que, da mesma forma que ser ativo fisicamente aumenta capacidade de resistência às 
fontes de estresse mecânico sobre as articulações e melhora a capacidade estabilizadora da musculatura 
esquelética, os tecidos muscular e cápsulo-ligamentar tendem a enfraquecer com o desuso o que contribui 
para uma menor estabilidade articular. 
Outro ponto importante com relação a estabilidade, está relacionado a condição de momento de um 
indivíduo após sua prática de exercícios físicos, pois, músculos fatigados após o exercício extenuante 
encontram-se momentaneamente mais fracos, algo que também contribui para uma menor estabilidade 
articular naquele momento. Atentar para este detalhe, poupando as articulações após esforço intenso de 
movimentos amplos, é prudente. 
A flexibilidade é uma variável da aptidão física fundamental para nossa qualidade de vida e dependemos 
diretamente dela para realizar nossas atividades de vida diária com mais eficiência, conforto e economia de 
energia. Podemos, portanto, entender a flexibilidade como a capacidade de amplitude de movimento 
articular e dos tecidos corporais, sobretudo, músculos, fáscias e pele distenderem durante estes movimentos 
em relação a amplitude sem sofrerem danos ou lesões, principalmente em decorrência das grandes 
amplitudes numa articulação ou grupos de articulações. 
Esta capacidade física tem seu limite normal de amplitude determinado pela característica morfológica das 
articulações e das estruturas cápsulo-ligamentares. Este padrão de normalidade, no indivíduo adulto, é 
comum a todos indivíduos independente do sexo, entretanto, as mulheres tendem a realizar amplitudes 
ligeiramente maiores que os homens, sobretudo na região de cintura pélvica e adjacências, mas de modo 
geral, podemos considerar que a ADM dos indivíduos adultos, independente do sexo é semelhante. Contudo, 
não é o que realmente observamos na população em geral, pois temos a tendência de perder amplitude de 
movimento ao longo da vida, ora por desuso, ora por habitualmente não realizarmos movimentos amplos 
em todas as nossas articulações sinoviais. Aflexibilidade não se apresenta de modo uniforme nas diversas 
articulações e nos movimentos corporais, sendo comum, em um dado indivíduo, que sua amplitude máxima 
 
 
30 
 
seja boa para determinados movimentos e limitada para outros, este fato está diretamente relacionados com 
seus hábitos cotidianos, baseados no seu “estilo de vida”. 
O fator mais influente e comum na diminuição da flexibilidade nos indivíduos é o encurtamento do ventre 
muscular sobretudo, por não o estimular frequentemente aos estiramentos (alongamentos), durante a 
execução das grandes amplitudes articulares. Com o tempo, isto aumentará a tensão passiva do músculo, 
refletindo diretamente na sua capacidade de alongamento. 
A flexibilidade pode ser dividida em ativa e passiva: 
• Flexibilidade ativa- é a maior amplitude de movimento alcançada usando apenas a contração dos 
músculos agonistas e sinergistas, enquanto os antagonistas são distendidos (alongados). A 
manutenção de uma amplitude máxima, neste tipo de ação pode ser mais difícil pois requer, além da 
flexibilidade passiva para assumir a posição máxima, contar com a capacidade da musculatura ativa 
(a qual realiza o movimento), para gerar força suficiente a fim de vencer a resistência de retração 
elástica da musculatura antagonista que está sendo alongada. Algumas atividades que necessitam do 
desenvolvimento deste tipo de flexibilidade são: ginástica rítmica, ginástica artística, ballet, lutas 
marciais, entre outras. 
• Flexibilidade passiva- é a maior amplitude de movimento que se pode assumir utilizando forças 
externas para realizar os movimentos articulares, como por exemplo: a utilização do peso do próprio 
seguimento corporal ou outra parte do corpo agindo na mesma direção e sentido do movimento 
articular; o auxílio de outra pessoa para realizar o movimento; o uso de aparelhos específicos para 
este fim etc. A flexibilidade passiva permite uma maior amplitude quando comparada com a 
flexibilidade ativa, e a diferença entre elas é conhecida como "reserva de movimento". 
 
 
 
 
 
 
31 
 
Tópico 3 
Os Músculos Esqueléticos 
 
Introdução 
 
Os músculos esqueléticos são estruturas individualizadas (órgãos), que cruzam uma ou mais articulações. Por 
meio de contração, são capazes de gerar força e transmiti-la através de seus tendões e/ou aponeuroses para 
as inserções ósseas. Desta forma, os músculos esqueléticos aplicam força de tração no osso e este, poderá 
ou não, se mover em torno da articulação sinovial adjacente, dependendo da magnitude de força de tração 
que os músculos responsáveis pela respectiva ação irão produzir. Está capacidade provem das células 
musculares (fibra muscular) que são dotadas de organelas especializadas em realizar contração. Este 
processo transforma energia química armazenada na molécula de adenosina trifosfato (ATP), contida dentro 
da célula, em energia mecânica (contração da fibra muscular), como nenhum sistema de conversão de 
energia é totalmente perfeito, parte desta energia é liberada na forma de calor (energia térmica). Este 
complexo mecanismo, desde os processos bioquímicos que ocorrem dentro da fibra muscular, para subsidiar 
a contração, até o complexo sistema de alancas que se traduz em movimento articular ou tensão 
estabilizatória para manutenção postural é controlado, pelo sistema nervoso. 
Os músculos esqueléticos representam cerca de 40% a 50% da massa corporal total. A coloração dos nossos 
músculos é vermelha, pois além da existência de pigmento que constitui a molécula de mioglobina (retém o 
oxigênio intramuscular), abundante nos músculos de mamíferos, há uma de grande quantidade de sangue 
no tecido muscular. 
 
Funções dos Músculos 
 
A característica mais peculiar e exclusiva do músculo é sua capacidade de contrair e desta forma, produzir 
tensão (gerar força). Entretanto, para um bom entendimento das funções dos músculos no corpo humano é 
preciso salientar que existe uma diferença quando falamos do músculo enquanto um órgão (sistema 
 
 
32 
 
muscular), objetivo do estudo deste capítulo, e o tecido muscular, presente em vários outros órgãos do nosso 
corpo. O órgão, músculo esquelético, está fixado no periósteo dos ossos por meio de tendões e/ou 
aponeuroses, daí a origem do seu nome. Temos cerca de 650 destes músculos distribuídos ao longo do 
esqueleto em várias camadas sobrepostas (a quantidade de camadas varia de região para região). Este 
número não é exato, pois alguns destes músculos, como por exemplo, o palmar longo e o fibular terceiro, 
enquanto alguns indivíduos possuem, outros não (variação anatômica), contudo esta característica 
morfológica é compatível com os critérios de normalidade, pois não implica em nenhum prejuízo funcional, 
tampouco alteração estética. 
De modo geral, os músculos desempenham inúmeras funções que são de fundamental importância para o 
funcionamento pleno do organismo, e sob este aspecto, é importante esclarecer as diferenças entre os tipos 
de tecido muscular encontrados no nosso corpo e que são divididos em: 
✓ Tecido muscular liso- compõe a maioria dos órgãos localizados na cavidade abdominopélvica 
(sistemas digestório, urinário e genital), a parede dos vasos sanguíneos, as estruturas das vias aéreas, 
ou seja, os órgãos ocos (ditos cavitários). O controle neural da contração deste tipo de tecido 
muscular é involuntário e controlado pelo sistema nervoso autônomo. A característica da contração 
é fraca e lenta. As células deste tecido são fusiformes e mononucleares, geralmente organizadas em 
folhas ou fascículos. Ao contrair promove movimentação transversal desencadeando uma onda que 
caminha longitudinalmente nos órgãos tubulares (movimentos peristálticos), deslocando em um 
único sentido, os conteúdos destes órgãos. 
 
✓ Tecido muscular estriado cardíaco- esse tecido é encontrado apenas no coração e forma a parede 
intermediária do órgão, denominada de miocárdio. Constituído por células pequenas, estriadas 
(contém miofibrilas típicas, com filamentos de actina e miosina semelhantes aos encontrados na 
musculatura esquelética) e ramificadas que estão intimamente unidas entre si por estruturas 
especializadas e típicas (discos intercalares - que fazem a conexão elétrica entre todas as células do 
 
 
33 
 
coração). A célula muscular cárdica pode possuir um ou dois núcleos centrais e sua contração é 
involuntária, entretanto, diferentemente do tecido muscular liso, além de produzir uma contração 
vigorosa e rítmica, estas células são capazes de auto estimulação, não dependendo de um estímulo 
nervoso central para iniciar a contração. As contrações rítmicas do coração são geradas e conduzidas 
por uma rede de células musculares cardíacas modificadas que se localizam logo abaixo do 
endocárdio (endotélio de revestimento interno do coração). Apesar de existirem numerosas 
terminações nervosas no coração o sistema nervoso autônomo apenas regula de maneira auxiliar o 
ritmo cardíaco atendendo às demandas e necessidades diárias do organismo. 
 
 
✓ Tecido muscular estriado esquelético- é o tecido muscular que dará origem ao músculo esquelético. 
É formado por células cilíndricas e com aspecto de uma fibra afilada, são longas, contínuas e com 
muitos núcleos situados na sua periferia e são chamadas de fibra muscular ou miócito. Cada fibra 
muscular pode ter vários centímetros de comprimento e uma delgada membrana de tecido fascial 
conjuntivo as envolve (endomísio), separando fisicamente uma fibra da outra. Em toda sua extensão, 
pode ser observado faixas alternadas de coloração clara e escura dispostas no sentido transversal 
(estrias), estas, são resultado do arranjo paralelo de filamentos muitos finos (actina e miosina), que, 
organizados em unidades funcionais contráteis (sarcômero), formam organelas (miofibrilas) 
arranjadas paralelamente uma as outras e ordenadas no mesmo sentido longitudinal da fibra 
muscular que as contém. Estascélulas são capazes de contrair de forma rápida e vigorosa, a partir de 
 
 
34 
 
um comando voluntário, entretanto, também podem ser acionadas involuntariamente (contração 
reflexa) e, no caso de alguns músculos, como por exemplo, o diafrágma (músculo inspiratório da 
ventilação pulmonar), recebe comando do sistema nervoso autônomo. 
 
 
 
Resumo das Funções dos Músculos 
✓ Produção dos movimentos corporais- em conjunto com os ossos e principalmente as articulações 
sinoviais, comandam nossos movimentos, tanto os de características globais, como andar e correr, 
até um simples movimentar da ponta de um dedo, ou seja, os músculos são os agentes ativos 
(consomem energia para contrair), da nossa motricidade e para tal, são comandados voluntariamente 
(intencionalmente), entretanto, isto não significa que não possam responder à estímulos autônomos 
ou reflexos, ambos de controle involuntário. 
✓ Estabilização das posições corporais- a grande maioria (dois terços aproximadamente) dos músculos 
esqueléticos estão, ao longo da fase ativa do dia, contraindo, não de modo dinâmico, mas sim 
estaticamente (sem gerar movimento articular), apenas para manter nossas mais variadas posições 
cotidianas (posturas), estabilizando assim, as articulações móveis do corpo. Um bom exemplo disso: 
é o que ocorre quando ficamos em pé, pois, apesar de não darmos muita atenção para o que está 
 
 
35 
 
ocorrendo, vários músculos da região posterior do tronco, pescoço, e dos membros inferiores estão 
envolvidos com este controle postural, e não nos preocuparmos com este tipo de atividade, pois, seu 
controle é involuntário, controlado principalmente pelo cerebelo. Portanto, todo movimento 
corporal, por mais simples que seja, dependerá de outros músculos que farão a estabilização de 
partes do corpo para que outra se movimente, e esta ação estabilizatória não é controlada, 
necessariamente, de modo voluntário. 
✓ Regulação do volume dos órgãos- a contração sustentada das faixas anelares dos músculos 
esfíncteres, como por exemplo: no ânus e na uretra pode impedir a saída dos conteúdos destes 
órgãos ocos, os mantendo “cheios”. Para estes dois casos temos os esfíncteres de controle 
involuntário (músculo liso), e os de controle voluntário (músculo estriado esquelético). 
✓ Movimento de substâncias dentro do corpo- as tensões geradas pelos músculos lisos das paredes 
dos vasos arteriais, regulam a intensidade do fluxo sanguíneo auxiliando na manutenção da pressão 
arterial, assim como, a musculatura lisa das vísceras, movem por peristaltismo, seus conteúdos 
internos (alimentos, urina, esperma etc.), além de destacar o controle do fluxo de linfa nos vasos 
linfáticos e o retorno venoso do sangue para o coração através da tensão produzida pela musculatura 
esquelética. 
✓ Produção de calor- quando o tecido muscular contrai, ocorre produção de calor, pois o processo 
bioquímico de conversão de energia química em energia mecânica (trabalho), que ocorre dentro do 
músculo, libera energia térmica aquecendo o músculo, que por sua vez, auxilia na manutenção da 
temperatura corporal. 
 
Organização Topográfica dos Músculos Esqueléticos 
 
Os músculos esqueléticos estão organizados topograficamente em relação ao esqueleto e ao corpo como 
um todo, agrupados em regiões e dispostos por camadas justapostas. 
Em relação a distribuição regional, podemos agrupá-los em oito regiões distintas: cabeça; pescoço; tórax; 
abdome; dorso (região posterior do tronco); membros superiores; membros inferiores e períneo (assoalho 
pélvico). Quanto as camadas, estas podem ser: 
✓ Superficiais ou Cutâneos- estes músculos estão localizados imediatamente abaixo do tecido 
gorduroso subcutâneo e em contato direto com a fáscia superficial. No caso da musculatura 
 
 
36 
 
superficial da cabeça (crânio e face), sua relação de inserção com a camada profunda da derme, 
apesar de não gerar movimento articular, uma vez que nesta região, as articulações são imóveis 
(exceção da ATM), estes músculos quando contraem, corrugam a pele e desta forma promovem as 
expressões faciais (mímica facial). 
✓ Profundos- são os músculos que não apresentam relações diretas com a fáscia superficial, e estão em 
baixo da musculatura superficial, que, dependendo da região onde estão localizados, formam várias 
camadas justapostas. Representam a maioria dos músculos esqueléticos. 
 
Componentes Estruturais de um Músculo Esquelético 
 
Do ponto de vista da arquitetura de um Músculo Esquelético, pode-se dizer que a organização dos seus 
elementos estruturais é muito simples, caracterizando um conjunto paralelo de centenas ou milhares de 
fibras musculares (célula muscular), organizadas em fascículos (feixes musculares). Para organizar esta 
estrutura arquitetônica o músculo conta com vários níveis de tecido conjuntivo fascial (envoltórios), que 
organizam da seguinte forma: a) cada fibra muscular que o compõe é, individualmente, revestida por uma 
delgada fáscia de tecido conjuntivo chamada de Endomísio; b) as fibras musculares ao se agruparem 
paralelamente uma com as outras, formam feixes (fascículos musculares), que também são envolvidos 
individualmente por uma fáscia conjuntiva, porém, um pouco mais espessa que o endomísio chamada de 
Perimísio; c) cada músculo é um conjunto formado por uma grande quantidade de fascículos musculares (o 
número de fascículos depende do tamanho do músculo), agrupados também de forma paralela e revestido 
na sua superfície por outra fáscia conjuntiva ainda mais espessa que o perimísio, chamada de Epimísio. 
 
 
 
37 
 
Macroscopicamente, o músculo esquelético, como um todo, pode ser dividido em duas porções distintas: 
✓ Ventre Muscular- região central do músculo, é formada por tecido muscular estriado esquelético e 
por tecido conjuntivo. É a porção carnosa e constitui o corpo do músculo. A contração ocorre 
exclusivamente no ventre, assim como o alongamento a partir do seu comprimento de repouso. 
✓ Tendão ou Aponeurose: constituem as extremidades do músculo e são formados exclusivamente por 
tecido conjuntivo rico em fibras colágenas. Os tendões possuem aspecto morfológico fusiforme, se 
assemelhando a uma fita ou corda e são responsáveis pela fixação dos músculos nos ossos. As 
aponeuroses possuem aspecto morfológico de uma bainha (membrana), e além de fixar o músculo 
no osso é o meio, pelo qual, o músculo se fixa no tecido subcutâneo (músculos da face e crânio) ou 
em outro músculo. Vale ressaltar que tendões e aponeuroses não são passíveis de contração, nem 
tampouco de alongamento, cuja principal função é a transmissão das forças e tensões geradas pela 
contração do ventre muscular. Enquanto as tensões transmitidas pelos tendões convergem para um 
único ponto; no caso das aponeuroses, as tensões são distribuídas de forma divergente, abrangendo 
uma linha e permitindo assim, uma melhor distribuição destas forças, daí o motivo das aponeuroses 
servirem para fixar os músculos na derme ou em outro músculo. 
 
Em cada segmento do nosso corpo, os músculos esqueléticos se organizam em conjuntos paralelos 
denominados de grupos musculares. Cada um destes grupos é delimitado por uma membrana de tecido 
conjuntivo, a Fáscia Muscular e o número destes grupos, por segmento corporal, varia para cada região, com 
exceção dos músculos da expressão facial que não possuem este tipo de organização. 
 
 
 
38 
 
Outro ponto importante com relação ao aspecto estrutural de um músculo esquelético é o posicionamento 
das fibras musculares em relação ao eixo de produção de força do músculo (eixo longitudinal). Apesar do fato 
de todas as fibras musculares, de qualquer músculo esquelético, estarem alinhadas uma em relação as outras 
de modo paralelo, em relação ao eixo de força, as fibras podem se alinhar de duas maneiras: 
✓ Arranjo Paralelo- são chamados de músculos fusiformes, pois a disposição das fibras é paralela emrelação a linha de força do músculo. Este tipo de músculo, possui fibras musculares longas, maior 
amplitude contrátil, velocidade de contratilidade alta e maior poder de extensibilidade (sofrer 
alongamento a partir do comprimento de repouso). 
✓ Arranjo Oblíquo- são chamados de peniformes, pois a disposição das fibras é diagonal em relação a 
linha de força do músculo. Este tipo de músculo possui fibras musculares mais curtas, menor 
amplitude contrátil, velocidade de contratilidade lenta e menor poder de extensibilidade. Músculos 
penados quando comparados com músculos fusiformes de mesmo tamanho, geralmente conseguem 
gerar mais força, pois irão apresentar uma maior quantidade de fibras musculares por área de secção 
transversal. Estes músculos ainda podem ser unipenados, bipenados ou multipenados. 
 
 
Propriedades Mecânica dos Musculo Esquelético 
 
Os músculos possuem propriedades mecânicas que conferem a eles suas múltiplas características funcionais. 
Dentre elas podemos destacar quatro de suma importância: 
✓ Irritabilidade- capacidade de um músculo de responder a estímulos, sejam internos por estimulação 
nervosa (efeito eletroquímico) ou externos por estimulação mecânica (efeito de um golpe a uma 
porção muscular). 
 
 
39 
 
✓ Contratilidade- capacidade de um músculo desenvolver tensão e contrair a partir da sua condição de 
irritabilidade. 
✓ Extensibilidade- capacidade de um músculo distender (alongar) a partir do seu comprimento original 
de repouso, por ação de uma força de tração externa e retornar posteriormente ao seu comprimento 
original sem ter sofrido dano estrutural. 
✓ Elasticidade- é a capacidade de um músculo voltar ao comprimento de repouso original após ter 
sido alongado por força de tração externa o mais rápido possível. 
 
 
Ações Musculares 
 
Como sabemos, os músculos esqueléticos são os agentes do movimento, pois é a partir da sua capacidade de 
contração que os movimentos corporais irão acontecer. Por mais simples que seja o movimento, sempre 
ocorrerá a participação de vários músculos no processo e quanto mais complexa for a tarefa motora, maior 
será a quantidade e o grau de exigência sinérgica entre os músculos ativos responsáveis pelo respectivo 
movimento. Deste modo, podemos dizer que, para um dado movimento, músculos diferentes realizarão 
papéis diferentes para que o movimento ocorra de forma plena e coordenada. Outro fato importante com 
relação a este aspecto, é que as contrações musculares também assumem, mecanicamente, características 
diferentes, dependendo das condições do ambiente onde ocorre o movimento (forças externas que agem 
sobre o nosso corpo em movimento ou parado), e dos tipos de movimento que serão realizados. 
Sendo assim, as diferentes ações musculares podem ser divididas em: a) tipos de contração e b) tipos de 
papéis desempenhados pelos músculos. 
 
Tipos de Contrações Musculares 
As contrações musculares podem ser: a) Dinâmicas (ação de movimento articular), quando a intenção for 
produzir uma força de impulso, (tendência de aceleração), ou produzir uma força de frenagem (tendência de 
desaceleração) e b) Estática, quando a intenção for a de proporcionar estabilidade articular e/ou postural. 
✓ Contração Concêntrica- a intenção deste tipo de contração é produzir uma ação dinâmica positiva, 
ou seja, quando a força de contração do grupo muscular ativo, produz tensão suficiente para gerar 
 
 
40 
 
um torque de potência maior do que o torque de resistência, desencadeando assim, o encurtamento 
do ventre muscular do músculo esquelético ativo. Neste caso o movimento sempre ocorrerá no 
sentido oposto à tendência da resistência de oposição. Este tipo de contração está relacionado a 
intenção muscular de gerar força de impulso (aceleração), entretanto, como somos capazes de 
controlar a velocidade do movimento voluntário, podemos, quando assim desejarmos, manter uma 
velocidade constante no movimento. 
✓ Contração Excêntrica- a intenção deste tipo de contração é produzir uma ação dinâmica negativa, ou 
seja, quando a força de contração do grupo muscular ativo, produz uma tensão que gera um torque 
de potência menor do que o torque de resistência, ocorrendo assim, o “alongamento” do ventre 
muscular do músculo esquelético ativo, que já se encontrava encurtado. Neste caso o movimento 
sempre ocorrerá no mesmo sentido à tendência da resistência de oposição. Este tipo de contração 
está relacionado a intenção muscular de gerar força de frenagem (desaceleração). Importante 
destacar que este tipo de contração, sempre ocorrerá após uma contração concêntrica, pois o 
músculo que se encontra encurtado, irá retornar (“alongar”) ao seu comprimento de repouso original, 
apenas gerando uma tensão suficiente para reposicionar o seguimento corporal ao ponto inicial do 
movimento anterior (aquele realizado de forma concêntrica), controlando assim, sua velocidade 
(ação de frenagem). 
✓ Contração Isométrica- a intenção deste tipo de contração é manter uma determinada posição 
articular, ou seja, ocorre quando a força de contração do grupo muscular ativo, produz uma tensão 
apenas suficiente para gerar um torque de potência que se iguala ao torque de resistência, sem que 
ocorra, durante todo o tempo da contração, alteração no comprimento do ventre muscular ativo. 
Este tipo de contração é utilizado para fixar uma articulação em determinada posição, para que outras 
possam se mover, ou para manter uma determinada postura. Portanto, neste tipo de contração, 
nenhum movimento articular será observado, como por exemplo, manter parado o cotovelo em 
qualquer ângulo de flexão, enquanto segura com a mão um halter. Apesar de não estar ocorrendo 
movimento entre o braço e o antebraço, os músculos flexores do cotovelo estão ativados 
isometricamente. 
Uma dica para entender o que está ocorrendo nas contrações dinâmicas é relacionar o tipo de contração e o 
respectivo movimento articular observado, como por exemplo: a) na ação concêntrica, quando os músculos 
flexores estiverem ativos, ocorrerá uma flexão e quando os músculos extensores estiverem ativos, ocorrerá 
 
 
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uma extensão e assim por diante; b) já na ação excêntrica, quando os músculos flexores estiverem ativos, 
ocorrerá uma extensão e quando os músculos extensores estiverem ativos, ocorrerá uma flexão e assim por 
diante. 
Um outro termo associado as ações musculares é o termo Isocinético. Esse tipo de ação muscular ocorre se 
a resistência de oposição aplicada sobre o músculo ativo for variável de maneira a tornar o movimento da 
articulação com uma velocidade constante. Para ocorrer esse tipo de resistência é necessário um 
equipamento específico, projetado para este fim. Na ação muscular isocinética a velocidade de movimento 
é então predeterminada, sem variação durante a execução do movimento, pois este equipamento 
isocinético, possui um sistema de variação de resistência, que na medida em que, o executante, aplica mais 
força muscular, o equipamento oferecerá mais resistência; se o executante aplicar menos força, o 
equipamento oferecerá menos resistência mantendo assim, um movimento articular com velocidade 
constante. Tais equipamentos são mais utilizados na avaliação, treinamento, reabilitação e prevenção de 
lesões, sobretudo nos atletas. Pode-se utilizar a avaliação isocinética para estimar riscos de lesão por 
desequilíbrios ou fraquezas musculares, analisando parâmetros comparativos de potência muscular, 
velocidade angular e de contração, assim como resistência à fadiga. 
 
Papéis Desempenhados pelos Músculos Esqueléticos 
 
Em relação a uma mesma articulação, podemos observar várias ações musculares diferentes, tanto para 
produção de movimento (ações concêntricas e excêntricas), quanto para gerar estabilização (ação Isomérica). 
Entretanto nossos músculos, dependendo do tipo de movimento (gesto motor), sua complexidade e 
intenção; exigirá dos músculosenvolvidos na respectiva tarefa motora, executar diferentes papéis (funções), 
a fim de garantir a precisão coordenativa destes movimentos. Estes papéis nunca são específicos, ou seja, um 
mesmo músculo, quando ativado, pode desempenhar um papel em determinada articulação e um outro em 
outra articulação, deste modo, um mesmo músculo pode exercer diferentes funções no movimento humano, 
cujo propósito é, além de gerar movimentos desejados, também eliminar movimentos indesejados. 
Dentro deste conceito de sinergismo muscular, os papéis desempenhados pelos músculos podem ser 
divididos da seguinte forma: 
✓ Agonistas- grupo muscular responsável pela realização do movimento desejado e atuando 
diretamente neste movimento, ou seja, são ativados de forma voluntária (consciente). Neste grupo 
 
 
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existe dois níveis de participação: a) os Agonistas Primários, aqueles músculos que atuam 
diretamente no movimento, desempenhando a maior magnitude da tensão (capacidade de força 
produzida), para a respectiva ação; b) os Agonistas Acessórios, são músculos de ação secundária e 
apenas auxiliam os agonistas primários, nunca disponibilizando sua máxima capacidade de gerar 
tensão no respectivo movimento. 
Músculos primários para um determinado movimento em uma dada articulação, na maioria das 
vezes, são acessórios em outra articulação, sobretudo, no caso de músculos bi ou poliarticulares. A 
ação agonista pode ser tanto por meio de contração concêntrica quanto excêntrica. 
✓ Antagonistas- localizados topograficamente em oposição aos agonistas é o grupo muscular 
responsável por frenar e/ou tornar o movimento mais lento, ou seja, atuando predominantemente 
por contração excêntrica. É comum associar que este grupo muscular relaxa quando os agonistas 
estão atuando, entretanto, esta é uma consideração equivocada, pois há de fato, tensão gerada pelos 
antagonistas, cujo papel é fundamental para o controle coordenativo da tarefa motora. A função 
antagonista é responsável pelo equilíbrio do movimento e modulação da velocidade, garantindo, 
deste modo, a precisão e direção da intensão do movimento. Quando o antagonista e agonista se 
contraem simultaneamente de forma concêntrica, o resultado será uma co-contração, cuja ativação 
muscular simultânea indesejada, resulta em incoordenação no movimento ou até mesmo um quadro 
de rigidez. 
✓ Estabilizadores- são músculos que estão, indiretamente, garantindo a perfeita execução da tarefa 
motora, como um todo. Sem a ação dos estabilizadores, os movimentos praticamente seriam 
impossíveis de serem realizados. O papel estabilizador pode ser dividido em três tipos diferentes: 
• Fixadores, atuam de forma isométrica fixando um determinado segmento corporal ou vários 
segmentos, enquanto outros estão em movimento, como por exemplo, quando uma pessoa na 
posição ortostática, realiza movimentos com seus membros superiores, enquanto que os músculos 
posteriores a cabeça, o tronco e os membros inferiores, fixam o sujeito na postura em pé; 
• Estabilizadores Dinâmicos, atuam na mesma articulação de movimento, como por exemplo 
movimentar o ombro em flexão horizontal na posição em pé, pois neste caso, enquanto o membro 
superior desliza no plano transversal é, ao mesmo tempo, impedido de “desabar” na vertical 
(tendência da ação da gravidade sobre o membro superior que se move no plano transversal); 
 
 
43 
 
• Neutralizadores, quanto um músculo agonista que executa movimentos diferentes em uma 
mesma articulação ou em outra articulação é inibido, pela contração isométrica dos músculos 
neutralizadores, de realizar os demais movimentos que, naquele momento, não devem ocorrer, 
como por exemplo, o caso do músculo bíceps braquial (agonista primário da flexão do cotovelo e 
supinação do antebraço), que será neutralizado na ação de supinação, pelo músculo pronador 
redondo quando, apenas o movimento de flexão do cotovelo é desejado. 
Como vemos, analisar os movimentos corporais não é tarefa simples, pois existe uma quantidade muito maior 
de músculos envolvidos no movimento observado, do que apenas aqueles relacionados com a intenção do 
gesto motor, sem contar com a complexidade do controle coordenativo de todos estes músculos esqueléticos 
e seus respectivos papeis. Nossa intenção de movimento (ação voluntária consciente), apenas ativa a 
musculatura agonista, enquanto os inúmeros outros músculos sinergistas são controlados, sobretudo pelo 
cerebelo e dependem, não só, dos estímulos (sensações) visuais, como também das informações dos 
proprioceptores (receptores mecânicos localizados nos músculos e articulações) e do sistema 
vestibulococlear (conjunto de estruturas localizadas no ouvido interno, responsáveis pela detecção de 
movimentos do corpo, a partir do posicionamento da cabeça em relação ao espaço e que contribui para a 
manutenção do equilíbrio). 
 
 
 
44 
 
Tópico 4 
Fundamentos Biomecânicos e Cinesiológicos 
 
Noções de Mecânica Aplicada 
 
Durante toda nossa vida, estamos em constante interação com forças que atuam interna e externamente no 
nosso corpo. Esta interação é necessária, tanto para nossa sobrevivência no ambiente que vivemos, como é 
condição para nosso crescimento e desenvolvimento, mas que também, estará relacionada com nosso 
envelhecimento e morte. Considerando os diversos tecidos corporais, bem como, as estruturas que 
constituem nosso aparelho locomotor, a capacidade de contração dos nossos músculos esqueléticos é nossa 
mais expressiva fonte geradora e aplicadora de força interna. Estas forças musculares atuam diretamente 
sobre os ossos e, consequentemente, sobre as articulações, além, de forma indireta, agirem sobre os demais 
tecidos do nosso corpo. Com relação as forças externas que, cotidianamente e initerruptamente interagem 
com nosso corpo, a gravidade é sua maior expressão. Além da gravidade outras tensões e estresses 
mecânicos de diversas ordens, podem atuar sobre o nosso corpo, inclusive ao mesmo tempo, assim sendo, a 
resultante dessas forças (somatória de todas as forças que agem num dado momento), podem ou não 
ocasionar lesões, não só, nos tecidos relacionados ao aparelho locomotor, como também, em outras 
estruturas e/ou tecidos corporais. 
Refletindo sobre este fato, podemos destacar as diversas situações do esporte (tanto na recreação quanto 
no rendimento), a pratica sistemática de exercício físico, ou até mesmo, uma simples atividade física como 
caminhar. Nestas diversas situações, forças internas de contração muscular são geradas para produzir os 
movimentos articulares (movimentos nas articulações sinoviais), ao mesmo tempo que estamos sob o efeito 
da gravidade e neste caso, se estivermos caminhando, estaremos sofrendo os efeitos do estresse mecânico 
provocado pela compressão frente aos impactos gerados a partir desta situação. Outro exemplo pode ser 
analisado com base na disputa de bola entre dois jogadores de futebol, que, ao colidirem um contra o outro, 
poderão sofrer contusões (tipo de trauma por contato e consequente impacto). 
 
 
45 
 
Desta forma, podemos perceber que a compreensão de alguns conceitos relacionados a mecânica (ramo da 
física que tem por objeto de estudo o movimento dos corpos, das forças que produzem esses movimentos e 
do equilíbrio das forças sobre um corpo em repouso), são fundamentais para uma compreensão global sobre 
nosso corpo e suas relações cotidianas, independente do contexto destas relações. Assim sendo, 
discutiremos a seguir, alguns destes conceitos. 
 
Inércia 
Propriedade geral da matéria (e segundo a Relatividade, também da energia). Este conceito da mecânica, foi 
proposto pela primeira vez por Galileu Galilei (Italiano: 1564 – 1642) e, posteriormente, confirmado por Issac 
Newton (Britânico: 1643 – 1727). Conhecido como primeiro princípio da Dinâmica (1ª lei de Newton) 
ou princípio da Inércia. Este princípio considera que um corpo não submetido à ação de forças

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