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5 semestre de biomedicina


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1 ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO 
CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 
E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br 
 
LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA 
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS 
 
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O processo inflamatório consiste em uma resposta protetora do organismo aos 
danos causados tanto por microrganismos quanto por lesões celulares, como a necrose. 
Trata-se de uma reação complexa nos tecidos, consistindo, principalmente, de uma 
alteração na permeabilidade vascular, presença de proteínas plasmáticas específicas, 
células do sistema imune (macrófagos, neutrófilos, células dendríticas, linfócitos) e de 
fibroblastos. Agentes infeciosos, como os microrganismos, as células necróticas 
(independentemente da causa de morte) e a hipóxia celular podem disparar a produção 
de medidores inflamatórios (citocinas), que iniciarão o processo. Esses mediadores 
amplificam a resposta inflamatória, determinando o seu padrão, severidade e 
manifestações clínicas e patológicas. 
O tipo de inflamação pode ser agudo ou crônico, dependendo da natureza do 
estímulo e da efetividade da reação inicial em eliminar a causa. O processo inflamatório 
acaba quando o agente agressor é eliminado. Após a eliminação do agente agressor, a 
permeabilidade vascular é restaurada e outras células do sistema imune, como linfócitos 
e macrófagos, são recrutadas para finalizar o processo inflamatório, seguidas pelos 
processos de limpeza e reparo (regeneração) do tecido injuriado. O processo de 
inflamação possui efeitos benéficos ao organismo, pois seu objetivo principal é eliminar 
o patógeno ou célula necrótica que está causando a injúria tecidual. No entanto, em 
algumas situações, ele é responsável por causar reações subjacentes às doenças 
crônicas comuns, tais como doenças autoimunes, artrite reumatoide e aterosclerose, 
assim como reações de hipersensibilidade (picadas de inseto, fármacos e toxinas), que 
podem causar risco à vida do paciente. 
 
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LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA 
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS 
2. INFLAMAÇÃO AGUDA 
 
A inflamação aguda é uma resposta rápida do organismo que tem por finalidade 
recrutar as células do sistema imunológico e as proteínas plasmáticas, como os 
anticorpos, para o sítio de infecção ou tecido danificado. Ela é acelerada no início e tem 
curta duração, persistindo por horas ou poucos dias. Suas principais características são 
a formação de edema, pelo acúmulo de exsudato proveniente de fluido de proteínas do 
plasma, a migração de leucócitos, como macrófagos, mastócitos, células dendríticas, e 
a predominância de neutrófilos (também denominados polimorfos nucleares). 
O processo inflamatório agudo possui quatro principais fases: reconhecimento 
do patógeno ou célula necrótica; extravasamento leucocitário; resolução; e recuperação 
do tecido. A fase de reconhecimento do patógeno ocorre através da ativação da 
fagocitose dos macrófagos após o primeiro contato, sendo o desfecho a morte do 
agente agressor e a liberação de restos celulares no endotélio. Na fase do 
extravasamento leucocitário, ocorre alteração no calibre vascular, provocando 
afrouxamento das células do endotélio, a fim de facilitar a entrada dos neutrófilos no 
tecido e a eliminação do agente agressor. Nesse momento, também há o aumento do 
fluxo sanguíneo, o qual irá causar calor e eritema local. Essa entrada leucocitária é 
realizada através do movimento de rolamento, que consiste no reconhecimento das 
moléculas de adesão endoteliais (quimiotaxia). A resolução é a fase em que há o 
término do processo inflamatório e o processo de recuperação do tecido lesado é 
iniciado. Nesse momento, o endotélio vascular volta ao seu estado normal 
(homeostasia), para que não haja o extravasamento de células circulatórias e proteínas 
plasmáticas. Os restos celulares do agente agressor presentes no tecido são eliminados 
pelos macrófagos e células dendríticas. A recuperação tecidual pode ter como 
consequência a fibrose; a formação de fibrose se dá quando o dano é maior e não é 
possível restabelecer a estrutura normal do tecido ou órgão lesado, sendo a área de 
necrose substituída por uma cicatriz fibrosa. 
As características histopatológicas do tecido injuriado são as seguintes: infiltrado 
de leucócitos (neutrófilos) nas regiões de inflamação aguda, congestão vascular 
ocasionada pelo aumento do fluxo e das células sanguíneas, resultando em estase, áreas 
de necrose e ulceração, exsudato e pouca fibrose (Figura 1). 
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LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA 
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS 
 
Figura 1 – A: micrografia (40x) apresentando corte histológico de pulmão humano saudável, sem alterações 
celulares e morfológicas (ID da foto: 797494915) – 1 e 2: espaços brônquio-alveolares limpos e sem alterações 
celulares e 3: vaso sanguíneo sem congestão. B: micrografia (40x) apresentando corte histológico de pulmão 
humano com inflamação aguda causada por pneumonia (ID da foto: 1054509680) — 4: invasão do lúmen brônquio-
alveolar por neutrófilos, macrófagos e proteínas plasmáticas; 5 e 6: congestão e aumento da permeabilidade 
vascular. Coloração por H&E (hematoxilina e eosina). 
 
3. INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
 
A inflamação crônica é o processo inflamatório de duração prolongada, ou seja, 
pode persistir por semanas, meses ou até anos, sendo a injúria tecidual e as tentativas 
de reparo coexistentes em variadas combinações. Ela pode ocorrer após a inflamação 
aguda ou surgir como uma resposta de baixo grau e latente ao agente agressor, sem 
nenhuma manifestação aguda. Esse tipo de processo inflamatório sem manifestação 
aguda anterior é a causa de dano tecidual em algumas patologias, como artrite 
reumatoide, aterosclerose, tuberculose e fibrose pulmonar. 
As características morfológicas contrastam com a manifestação aguda, cujas 
ocorrências são mudanças vasculares, edema e infiltração de neutrófilos. O processo 
inflamatório segue semelhante ao da inflamação aguda em suas fases, porém o agente 
agressor não é imediatamente destruído ou o material necrótico não é reabsorvido ou 
eliminado, causando, por exemplo, a formação de abscessos. Com a persistência do 
estímulo nocivo, há predominância de células (macrófagos, linfócitos e fibroblastos), 
tanto para tentar eliminar a causa como para realizar o reparo tecidual. Quando 
persistente, esse tipo de inflamação causa destruição do tecido acometido e fibrose. 
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ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS 
A inflamação crônica geralmente surge em três seguintes situações: infecção 
persistente, doenças autoimunes e exposição prolongada a determinadas substâncias. 
A infecção persistente é provocada por um microrganismo que não é eliminado pelo 
sistema imune, como o bacilo da tuberculose, cuja resposta, algumas vezes, apresenta 
um padrão específico chamado de reação granulomatosa. Nas doenças autoimunes, o 
processo inflamatório crônico possui um papel importante na ativação excessiva ou 
inapropriada do sistema imunológico, fazendo com que ele ataque as células e os 
tecidos do próprio indivíduo (exemplo: lúpus eritematoso sistêmico). Essas doenças 
podem apresentar padrões morfológicos de inflamação aguda e crônica misturados, 
pois são caracterizadas pelos processos inflamatóriosrepetidos, assim como a fibrose 
pode dominar os estágios tardios. A exposição prolongada ocorre quando o indivíduo 
permanece em constante contato com agentes irritantes e potencialmente tóxicos, 
como a sílica particulada inalada por períodos prolongados. 
As características histopatológicas do tecido injuriado são: infiltrado de 
macrófagos, linfócitos e fibroblastos; destruição do parênquima (exemplo: alvéolo 
pulmonar normal substituído por espaços revestidos por epitélio cuboide) e substituição 
do tecido conjuntivo (fibrose) (Figura 2). 
 
 
Figura 2 – A: micrografia (40x) apresentando corte histológico de fígado humano saudável, sem alterações celulares 
e morfológicas - 1: espaço porta entre os lóbulos hepáticos; 2: veia centrolobular; 3: sinusoides com células de 
Kupffer e 4: hepatócitos sem alterações (ID da foto:1817584823); B: micrografia (40x) apresentando corte 
histológico de fígado humano apresentando inflamação crônica causada por Schistosoma mansoni (ID da foto: 
1468314308) — 5: infiltrado de linfócitos e eosinófilos; 6: formação de granuloma causado pela calcificação do ovo 
do parasita e área de fibrose ao redor; 7: destruição do parênquima e células gigantes. Coloração por H&E 
(hematoxilina e eosina). 
 
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ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e Molecular. 8ª 
edição. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2015. 
 
ROBINS & CONTRAN. Bases Patológicas das Doenças. 8ª edição. São Paulo: Elsevier 
Editora Ltda, 2010. 
 
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LABORATÓRIO DE ANÁLISES CITOPATOLÓGICAS E ANATOMIA PATOLÓGICA 
NEOPLASIAS 
 
NEOPLASIAS 
 
 
 
O termo neoplasia sig ifica ovo cresci e to , se do represe tativo de u 
processo proliferativo morfologicamente atípico e desordenado de células. As 
neoplasias podem ser classificadas em benignas ou malignas, de acordo com distintas 
características patológicas que assumem nos tecidos. Na literatura, assim como na 
prática clínica, o termo tumor pode ser utilizado com a mesma classificação em benigno 
e maligno. No entanto, torna-se relevante ressaltar que tumor significa edema, estando 
relacionado ao processo inflamatório desenvolvido nos tecidos lesados, e não à 
proliferação celular característica das neoplasias. Outro termo utilizado é câncer, que 
pode se referir a carcinomas, quando as neoplasias malignas são iniciadas em tecidos 
epiteliais, ou sarcomas, quando a origem ocorre em tecidos conjuntivos (Kumar et al., 
2016). 
O desenvolvimento de uma neoplasia ocorre devido a mutações em genes que 
são chave dentro do processo de controle da sobrevivência celular. Os agentes 
responsáveis por essas alterações ou lesões genéticas são denominados de 
carcinogênicos, sendo classificados em três categorias: químicos (tabaco, poluição), 
físicos (raios X, raios UV) ou biológicos (papiloma vírus humano, vírus da hepatite B e C). 
Outros fatores devem ser considerados no processo de carcinogênese, tais como idade 
mais avançada, predisposição genética, aspectos ambientais e culturais, riscos 
ocupacionais, nutrição e comportamento (Brasileiro Filho, 2018). 
As bases moleculares da neoplasia demonstram que as mutações devem ocorrer 
predominantemente em genes reguladores do ciclo celular, genes de reparo de DNA, 
genes reguladores da apoptose e proto-oncogenes. Alterações nesses genes promovem 
proliferação e crescimento celular intenso, desregulação do ciclo celular, perda da 
capacidade de realizar apoptose e independência quanto a estímulos fisiológicos de 
crescimento (Kumar et al., 2018). 
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NEOPLASIAS 
As neoplasias benignas apresentam parênquima com baixo número de células 
neoplásicas e estroma formado por tecido conjuntivo consistente capaz de formar uma 
capa fibrosa espessa, que promove o encapsulamento das células neoplásicas. 
Morfologicamente, essas células apresentam-se diferenciadas e, portanto, com a 
arquitetura celular muito semelhante à do tecido normal. Esses achados devem ser 
devidamente diagnosticados e acompanhados, pois, dependendo do tamanho e da 
localização anatômica, podem causar importantes alterações funcionais. Como 
exemplos de neoplasias benignas temos adenoma mamário, leiomioma de útero, 
adenoma hepático (Kumar et al., 2016). 
Em contraste, neoplasias malignas apresentam parênquima com elevado 
número de células neoplásicas de crescimento progressivo e errático. Essas células 
demonstram intenso pleomorfismo (formas variadas) e são atípicas, indiferenciadas, 
com irregularidades nucleares e citoplasmáticas (hipercromasia e multinucleação). O 
estroma é formado por vasos sanguíneos, cuja angiogênese é induzida por fatores de 
crescimento vascular produzidos pelas próprias células malignas. A vascularização 
permite intensa expansão clonal, que direcionará a invasão de outros tecidos, assim 
como as vias sanguíneas e linfáticas, levando ao desenvolvimento de metástases. A área 
neoplásica, normalmente, irá apresentar importante infiltrado de leucócitos, que 
estarão no local desenvolvendo um processo inflamatório. São exemplos de neoplasias 
malignas carcinoma esofágico, carcinoma renal e adenocarcinoma mamário (Kumar et 
al., 2018). 
O diagnóstico laboratorial é essencial para a identificação dos subtipos 
histológicos de neoplasia, mas também para o desenvolvimento de novos agentes 
terapêuticos. Assim, a abordagem diagnóstica por meio da microscopia óptica permite 
obter amostras de tecido adequadas, processá-las em um laboratório de patologia, 
classificá-las em subtipos histológicos e preservar materiais para testes moleculares 
(Capitanio; Montorsi, 2016). 
Com base nesses conceitos, pode-se seguir a realização da aula prática de 
visualização, em microscópio óptico, de lâminas histológicas de neoplasia maligna renal 
e carcinoma esofágico. Devem ser observadas alterações compatíveis com neoplasia 
maligna, como morfologia variável (pleomorfismo), número aumentado (clones 
neoplásicos) e núcleos atípicos e com hipercoloração (hipercromasia). Observando-se 
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NEOPLASIAS 
as lâminas em maior aumento microscópico, será possível visualizar infiltrado 
leucocitário e metástase. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo Patologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2018. 
 
CAPITANIO, U.; MONTORSI, F. Renal Cancer. The Lancet, v. 387, n. 10.021, p. 894-906, 
2016. 
 
KUMAR, V.; ABBAS, A.; ASTER, J. Robbins e Cotran Patologia: bases patológicas das 
doenças. 9. ed. Elsevier, 2016. 
 
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. Robbins Patologia básica. 10. ed. Elsevier, 2018. 
 
 
 
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DEFINIÇÃOCitologia inflamatória: padrões citológicos durante a inflamação, principais infecções, reparações, lesões pré-
cancerosas e carcinoma.
PROPÓSITO
Compreender que a Citologia cervicovaginal apresenta como objetivos análise de lesões pré-cancerosas e
reconhecimento e análise dos processos inflamatórios. Analisar os padrões citológicos durante a inflamação
possibilita, na maioria das vezes, estabelecer a natureza do agente causador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Analisar os padrões citológicos durante a inflamação
MÓDULO 2
Distinguir as infecções
MÓDULO 3
Descrever as reparações, lesões pré-cancerosas e carcinoma
INTRODUÇÃO
Vamos estudar agora a Citologia inflamatória, analisando os padrões celulares encontrados durante os processos
inflamatórios. Você sabe a importância da Citologia inflamatória?
A partir da Citologia inflamatória, é possível avaliar a intensidade de reação inflamatória, acompanhar a evolução do
processo e, na maioria das vezes, determinar a natureza do agente causador da inflamação.
Você imagina quais são as modificações nos padrões celulares encontradas na Citologia inflamatória? Como
diferenciar o padrão celular encontrado nos esfregaços para chegar a uma conclusão diagnóstica? Alguns fenômenos
fisiológicos (gravidez, menopausa, parto) alteram o perfil de células encontradas nos esfregaços, mas será que
outros também podem alterar, como a exposição sexual e a colocação do DIU?
Ao longo deste tema, vamos juntos estudar a Citologia inflamatória e construir os caminhos para interpretar as
lâminas provenientes dos esfregaços cervicovaginais durante os processos inflamatórios.
MÓDULO 1
 Analisar os padrões citológicos durante a inflamação
O trato genital feminino apresenta uma grande suscetibilidade às inflamações e infecções. Isso está relacionado aos
seguintes fatores: atividade sexual, número de parceiros, fase do ciclo menstrual, imunidade, fator socioeconômico,
posição anatômica do trato genital feminino e idade. Em mulheres na fase reprodutiva, o epitélio escamoso altamente
proliferativo serve de barreira contra lesões. De forma diferente, em mulheres na pós-menopausa e em crianças, o
epitélio atrófico diminui essa proteção e aumenta a probabilidade do desenvolvimento de inflamações.
INFLAMAÇÕES
A inflamação é uma resposta de tecidos vascularizados a uma infecção e a uma lesão tecidual. Essa resposta é
caracterizada pelo recrutamento de células e moléculas da circulação para o local da lesão para eliminar os agentes.
Divide-se em aguda (resolução mais rápida) e crônica (resolução mais lenta).
Os processos inflamatórios no trato genital feminino são desencadeados por agentes físicos: calor, trauma e
irradiação; diminuição e interrupção do fluxo sanguíneo, presença de patógenos, e agentes tóxicos.
A inflamação pode ser aguda ou crônica, específica (quando o agente agressor é identificado, nesse caso, recebe o
nome de “Vaginite”) ou inespecífica (quando a causa não é conhecida, mas as células apresentam alterações
inflamatórias, recebe o nome de “vaginose”).
Vamos agora conhecer algumas nomenclaturas de inflamações no trato genital feminino:
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CERVICITE Processo inflamatório do colo uterino. COLPITE Processo inflamatório localizado
exclusivamente na mucosa vaginal. ENDOCERVICITE Processo inflamatório localizado na mucosa
glandular. CERVICOCOLPITE Processo inflamatório que se estende ao canal vaginal.
A inflamação pode ser detectada nos esfregaços cervicovaginais pela presença de leucócitos, modificação na
morfologia das células do epitélio (alterações nucleares e citoplasmáticas), como também pela identificação do
agente causador. As lesões inflamatórias na mucosa cervical e vaginal estão associadas ao corrimento branco ou
cinza; ou amarelo-esverdeado excessivo, fétido ou inodoro, com ou sem formação de espuma e sintomas como dor
abdominal baixa, dor lombar, prurido e dispareunia (dor genital após a atividade sexual).
Neste módulo, vamos iniciar abordando algumas características citológicas que podem ser encontradas nos
esfregaços cervicovaginais durante os processos inflamatórios.
EXSUDATO LEUCOCITÁRIO E PRESENÇA DE
HEMÁCIA
Durante os processos inflamatórios, é comum encontrar nos esfregaços vaginais leucócitos polimorfonucleares
neutrófilos, piócitos histiócitos e bactérias, configurando o exsudato leucocitário. Nas inflamações agudas, há o
predomínio de exsudatos com numerosos piócitos e neutrófilos; e na crônica são frequentes os linfócitos, plasmócitos
e histiócitos. Em inflamações crônicas, em resposta à tuberculose e aos corpos estranhos (como fios de sutura), pode
aparecer histiócitos epitelioides e células gigantes multinucleadas. Um exsudato linfocitário é característico da
condição patológica conhecida como cervicite crônica folicular.
EXSUDATO LEUCOCITÁRIO
Às vezes, o exsudato é tão extenso que se sobrepõe às células epiteliais, impossibilitando ou dificultando a análise
das lâminas. Essas amostras são classificadas como insatisfatórias ou satisfatórias, mas com limitações na análise.
 ATENÇÃO
Às vezes, o exsudato é tão extenso que se sobrepõe às células epiteliais, impossibilitando ou dificultando a análise
das lâminas. Essas amostras são classificadas como insatisfatórias ou satisfatórias, mas com limitações na análise.
VOCÊ SABE O QUE É UM EXSUDATO E O QUE É UM
PIÓCITO?
Exsudato
É o fluido extracelular com elevada concentração de proteínas e restos celulares (como leucócitos, hemácias e restos
de bactérias), formado durante o processo inflamatório. No início do processo inflamatório, há aumento da
permeabilidade vascular que permite a saída de plasma, proteínas e células (leucócitos) da circulação, dando origem
ao exsudato ou transudato (fluido extracelular com baixa concentração de proteína).

Piócito
É o neutrófilo que sofreu apoptose após a fagocitose dos agentes agressores, chamado também de neutrófilo
degenerado.
A ausência de um exsudato leucocitário não elimina a existência de um processo inflamatório. Ademais, a presença
de piócitos e neutrófilos pode não ser indicativo de um processo inflamatório, como acontece na fase secretória do
ciclo menstrual (fase com alta produção de progesterona). Situação em que são encontrados inúmeros neutrófilos
nos esfregaços cervicovaginais, em condições normais.
 ATENÇÃO
Durante a leitura das lâminas, é essencial estar com pedido médico, o qual tem de completar dados essenciais (como
data da menstruação, indicação clínica e suspeita diagnóstica) para auxiliar na interpretação dos achados e gerar
resultados fidedignos e confiáveis.
Nos processos inflamatórios severos, podem aparecer nos esfregaços cervicovaginais hemácias bem ou mal
conservadas. As hemácias também são encontradas nas infecções por Trichomonas vaginalis (vamos estudar no
próximo módulo). No entanto, mulheres na menopausa, podem apresentar hemácias em condições normais, pois são
mais suscetíveis a sangramentos.
Você imagina por qual motivo as mulheres na menopausa apresentam mais riscos de sangramento?
 RESPOSTA
Mulheres na menopausa apresentam atrofia do epitélio de revestimento da ectocérvice, devido à queda nos níveis de
estrogénio. No início da menopausa, há o predomínio de células intermediárias, podendo aparecer células
parabasais. Quando as taxas de estrogênio estão baixíssimas, há predomínio de células parabasais. Diminui também
a capacidade de secreção desse epitélio, causando maior risco de sangramento.
Na figura 01, demonstra-se o padrão citológico das células que compõem os exusdatos leucocitários (neutrófilos,
piócitos, linfócitos e histiócitos) e as hemácias que são encontradas nos esfregaços cervicovaginais durante o
processo inflamatório.
 Figura 01 – Exsudato leucocitário e hemácias presentes em esfregaços cervicovaginais durante um processo
inflamatório. Coloração de Papanicolau.
ALTERAÇÃO DO PADRÃO CELULAR
Em um processo inflamatório, como nas inflamações genitais severas, ocorre modificação da estrutura dos epitélios,
com umaintensa descamação celular. Isso ocasiona uma mudança no padrão citológico encontrado de acordo com a
idade do paciente.
Vamos agora analisar uma situação: a análise do esfregaço cervicovaginal de uma mulher na fase reprodutiva
revelou o predomínio de células escamosas parabasais; como interpretar esse achado?
Na idade reprodutiva, a presença de células parabasais nos esfregaços cervicovaginais é anormal. Esse padrão
celular alterado pode ser indicativo de erosão (inflamação restrita à mucosa epitelial) ou ulceração (inflamação que
ultrapassa os limites da lâmina basal atingindo o epitélio subepitelial) do epitélio de revestimento com a destruição
das camadas superficiais e intermediárias (Figura 2).
 Figura 02 – Ilustração da diferença entre erosão e ulceração.
Agora vamos analisar uma segunda situação: durante a leitura de uma lâmina, foram encontradas numerosas células
escamosas superficiais em uma mulher que está na pós-menopausa sem reposição hormonal. A presença de células
escamosas superficiais é normal?
 RESPOSTA
Nas mulheres pós-menopausa, onde não existe reposição hormonal, os níveis de estrogênio estão muito baixos, há
atrofia do epitélio com predomínio das células parabasais. A presença de células superficiais pode ocorrer devido a
um aumento da vascularização, geralmente, nas infecções por Trichomonas vaginallis. Nesse caso, há uma falsa
impressão de uma reposição hormonal.
RESPOSTA CELULAR ÀS AGRESSÕES: ALTERAÇÕES
DEGENERATIVAS E ALTERAÇÕES REATIVAS
A retroplasia consiste em uma diminuição na atividade metabólica celular. Esse processo pode estar relacionado ao
próprio envelhecimento fisiológico da célula ou então surge em resposta a uma agressão desencadeada por agentes
físicos (calor, irradiação e trauma), microrganismos patógenos, diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo,
agentes químicos. A agressão tecidual por esses fatores gera uma inflamação que pode levar a alterações
degenerativas e necrose nas células do epitélio de revestimento.
Nas células degeneradas, o citoplasma apresenta acúmulo de água, vacuolização, menor concentração de
proteínas, que torna o citoplasma mais pálido e pode levar a um aumento da basófila, o citoplasma cora em tons de
cinza ou avermelhado ou um rosa intenso (pseudoeosinofilia) e pode apresentar duas cores diferentes (anfofilia).
Além disso, o citoplasma tem halo perinuclear e bordas citoplasmáticas mal definidas. Em alguns casos, a membrana
celular se rompe e há perda de conteúdo citoplasmático que resulta no aparecimento de núcleos desnudos e no
aumento da relação nucleocitoplasmática. No núcleo, pode ocorrer tumefação ou retração, hipo ou hipercromasia,
perda da demarcação das bordas nucleares e dos detalhes da cromatina, conferindo uma aparência homogênea ao
núcleo. Quando a cromatina se degenera, torna-se viscosa, aderente e se agrupa em massas maiores (Figura 03).
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ACÚMULO DE ÁGUA
O acúmulo de água ocorre devido ao comprometimento nas trocas de água pela membrana plasmática. No núcleo, a
perda de água pode levar a uma diminuição do volume e a um enrugamento da membrana nuclear, que é visto como
um pregueamento dessa membrana.
HIPO OU HIPERCROMASIA
Existe degeneração do DNA e desnaturação das proteínas ligadas ao DNA (histonas). A desnaturação dessas
proteínas pode gerar uma maior ou menor afinidade ao corante (hematoxilina), conferindo núcleos mais
(hipercromasia) ou menos corados (hipocromasia), respectivamente.
 Figura 03 – Esquema ilustrando as alterações celulares nas reações degenerativas.
Nas células que sofreram necrose, pode ser observado como sinal de morte celular a picnose (cromatina
condensada), cariorrexe (fragmentação do núcleo) e cariólise (dissolução nuclear).
Será que nas alterações degenerativas ocorrem as mesmas alterações que nas alterações reativas? Vamos
descobrir?
Durante os processos inflamatórios e em resposta à radioterapia, podem ocorrer algumas alterações celulares
reativas. Nessas células, de forma diferente das células que sofrem degeneração, há um aumento da atividade
celular em resposta ao dano.
As células com alterações reativas apresentam hipercromasia, espessamento uniforme da borda nuclear, cromatina
com granulação mais grossa, presença de mais de um núcleo (bi ou multinucleadas) e nucléolos proeminentes.
Normalmente, a presença de vários núcleos e do nucléolo é observada em células endocervicais.
Vamos observar com atenção na figura a seguir (Figura 04) as modificações celulares encontradas nas alterações
degenerativas, reativas e necrose. Essas alterações podem ser observadas durante os processos inflamatórios.
 Figura 04 – Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau (aumento de 40x),
mostrando alterações degenerativas e reativas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Distinguir as infecções
Até agora, verificamos alguns padrões citológicos encontrados nos processos inflamatórios de uma forma geral.
Vamos investigar essas alterações quando a inflamação é desencadeada por uma infecção, conhecendo os principais
patógenos.
Como abordamos anteriormente, o trato genital feminino apresenta grande suscetibilidade às inflamações e
infecções. As infecções consistem na entrada de um patógeno (fungo, bactéria, vírus e protozoário) no organismo. Os
principais sintomas das infecções são secreção vaginal anormal, prurido, dor e sangramento.
Mas será que todos os microrganismos encontrados nos esfregaços cervicovaginais são considerados patógenos?
O trato genital feminino apresenta diferentes mecanismos de defesa para evitar a instalação das infecções, como o
pH ácido da vagina, presença de pelos pubianos, a barreira epitelial e a presença da microbiota bacteriana normal.
Na vagina e no colo uterino, existe uma grande variabilidade de microrganismos que colonizam e formam
comunidade complexa, conhecida como microbiota. A maioria dessas espécies é saprófitas e sua presença no
esfregaço não significa uma infecção. Para que exista cercicovaginites, é necessário ter uma série de alterações
gerais e citológicas.
Vamos agora conhecer os microrganismos que compõem a microbiota do trato genital feminino.
SAPRÓFITAS
Microrganismos saprófitos são espécies que se alimentam da matéria orgânica em decomposição. Essas espécies
apenas colonizam a região, não sendo capaz de causar doença.
 COMENTÁRIO
As glândulas de Bartholin e Skene, a cavidade uterina, as tubas uterinas, os ovários e as estruturas anexas são
estéreis em condições de normalidade.
Os órgãos genitais externos apresentam a microbiota semelhante à da pele, apresentando como principais
microrganismos o Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Corynebacterium spp. Na vagina, nas mulheres na idade
fértil, o ecossistema é polimicrobiano, composto de uma grande variedade de microrganismos aeróbios, anaeróbio
obrigatórios e facultativos, dentre eles: Lactobacillus spp.; Corynebacterium spp.; Streptococcus spp.; Fusobacterium
spp.; Staphylococcus epidermidis; Clostridium spp.; Bacteroides spp.; Escherichia coli; Gardnerella vaginalis (em 40-
70% das mulheres normais); Candida spp. Além dessas bactérias, também estão presentes algumas espécies de
fungos, como a Candida Albicans.
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 ATENÇÃO
Alguns estudos de Biologia molecular mostram a presença de outros microrganismos constituintes da microbiota
como Atopobium vaginae, Megasphaera spp. E Bifidobacterium spp., dentre outros.
A composição dessa microflora vaginal não é constante, pois sofre inúmeras variações em respostas a fatores, como:
fisiológicos (parto, gravidez, menopausa), patológicos (insuficiência hepática, distúrbios hormonais, distúrbios
metabólicos como diabete), medicações (antibióticos e anticoncepcionais) locais (DIU, diafragma, exposição sexual).
GESTAÇÃO Elevação da progesterona, ocasiona intensa descamação do epitélio, principalmente das células
intermediárias com inúmeros grânulos de glicogênio (células naviculares) quefavorecem o crescimento de
lactobacilos. Os lactobacilos são produtores de ácido láctico a partir do glicogênio, que acidifica mais o pH vaginal,
favorecendo o crescimento de leveduras (que crescem bem em pH ácido). PARTO A depressão hormonal
seguida de atrofia do epitélio alcaliniza o pH vaginal e diminui a população de lactobacilos, que pode favorecer as
infecções. MENSTRUAÇÃO Uma depressão hormonal leva à descamação endometrial, diminuindo a
acidez da vagina. MENARCA E MENOPAUSA A presença do epitélio escamoso vaginal atrófico,
que é fino, diminui a população de lactobacilos e outros microrganismos. Isso torna o pH vaginal mais alcalino.
Essa microbiota representa sem dúvida um dos mais importantes mecanismos de defesa, mantendo o meio saudável
e impedindo a proliferação de outros microrganismos estranhos. Além disso, a presença de microrganismos que
produzem ácido láctico parece ser essencial para manter o pH ácido da vagina e impedir a proliferação de
microrganismos.
Deve-se considerar a microbiota vaginal muito dinâmica que, sob certas condições, pode se tornar patógena. Vamos
agora conhecer algumas dessas bactérias da microbiota normal e responsáveis pelas infecções cervicais. Além
delas, vamos estudar outros microrganismos (vírus, fungos e protozoários) que são capazes de causar doença.
Vamos agora conhecer os microrganismos que compõem a microbiota do trato genital feminino.
BACTÉRIAS
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As bactérias são divididas em dois grandes grupos, as bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Essa
classificação está relacionada às diferenças encontradas na principal coloração utilizada em microbiologia (a
coloração de Gram). As bactérias Gram-positivas retêm o cristal violeta devido à presença de uma espessa camada
de peptidoglicano (polímero constituído por açúcares e aminoácidos que originam uma espécie de malha na região
exterior à membrana celular das bactérias) em suas paredes celulares, apresentando-se na cor roxa. As bactérias
Gram-negativas apresentam uma fina camada de peptidioglicano e assim não retêm o cristal violeta e ficam coradas
de púrpura (fucsina, o corante de fundo). As bactérias, além de Gram-positivas e Gram-negativas, são classificadas
de acordo com a forma, podendo ser cocos, bastonetes, bacilos, diplococos, cocobacilos, espiroquetas.
Essa microbiota representa sem dúvida um dos mais importantes mecanismos de defesa, mantendo o meio saudável
e impedindo a proliferação de outros microrganismos estranhos. Além disso, a presença de microrganismos que
produzem ácido láctico parece ser essencial para manter o pH ácido da vagina e impedir a proliferação de
microrganismos.
INFECÇÕES BACTERIANAS
LACTOBACILLUS VAGINALIS (BACILOS DE DÖDERLEIN)
Os Lactobacillus spp. são bacilos gram-positivos, aeróbios ou anaeróbios, considerados os principais componentes
da microbiota vaginal. São identificados na mucosa vaginal diferentes espécies de Lactobacillus conhecidos como
Bacilos de Döderlein, são elas: L. jensenii, L. gasseri, L. acidophilus, L. fermentum, L. plantarum, L. casei, L.
cellobiotus, L. oris, L. reuteri, L. ruminis, L. crispatus, L. iners, L. vaginalis e L. crispatus, sendo L. acidophilus a
espécie mais conhecida.
Essas espécies apresentam enzimas capazes de causar a destruição proteolítica (Citólise) das células escamosas
intermediárias rica em glicogênio (naviculares). Esses microrganismos convertem o glicogênio em glicose e depois
em ácido láctico. O ácido láctico é o responsável por manter o pH vaginal ácido (entre 3,8 a 4,5). O baixo pH evita
proliferação de outros microrganismos. A presença de algumas espécies de lactobacillus são benéficas, pois
produzem peróxido de hidrogênio e bacteriocinas que são tóxicos a algumas espécies como Gardnerella vaginalis. É
importante ressaltar que as células parabasais e superficiais são resistentes à citólise por esses microrganismos.
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Nos esfregaços cervicovaginais, o padrão de citólise provocado pelos lactobacilos é observado pela presença de
restos citoplasmáticos e núcleos desnudos, presença dos lactobacilos e poucos leucócitos.
CÉLULAS PARABASAIS E SUPERFICIAIS
Essas células apresentam no citoplasma baixo nível de glicogênio.
 COMENTÁRIO
Não é certo que os lactobacilos, por si só, possam causar vaginite, embora sejam responsáveis por corrimento
vaginal quando a citólise é pronunciada. Esse achado chama-se Vaginose Citolítica.
Quando teremos o predomínio desses microrganismos?
O predomínio ocorre nas fases em que há células com acúmulo de glicogênio, como na fase secretória do ciclo
menstrual, na gravidez e durante a administração de alguns hormônios, especialmente os que mimetizam a ação da
progesterona. Na Figura 05, podemos observar o padrão citológico encontrado na citólise provocadas pelos
lactobacilos.
 Figura 05 – Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau (aumento de 40x),
mostrando as alterações da citólise e presença de lactobacilos.
Na imagem, a citólise é observada pela presença de núcleos desnudos (seta preta). Também podemos observar
numerosos lactobacilos que recobrem as células epiteliais, alguns estão sinalizados (seta azul).
BACILOS E COCOS
Em mulheres que apresentem no epitélio predomínio de células parabasais, na pré-menarca, pós-menopausa ou
pós-parto, há a colonização por diferentes espécies bacterianas, configurando a microbiota mista. Nessas mulheres,
é comum o aparecimento de cocos Gram-positivos, tais quais Staphylococcusspp., Streptococcus spp.; Bacilos
Gram-negativos, como alguns representantes da família Enterobacteriaceae, especialmente Escherichia coli. Além de
diversas espécies de cocos ou bacilos anaeróbios, Bacilos Gram-positivos, como: Corynebacterium spp; Cocos
Gram-negativos, Neisseria spp., Acinetobacter, spp., Moraxella spp. e espécies anaeróbias, como Veilonella spp. e
Megasphaera spp.
 ATENÇÃO
Normalmente, esses achados não são considerados manifestações inflamatórias, mas elas podem ser encontradas
durante um processo inflamatório ou infeccioso relacionado a outras etiologias, com exceção da Neisseria
gonorrhoeae, agente etiológico de cervicite gonocócica.
Nos esfregaços cervicovaginais, verifica-se uma mistura de cocos e bacilos. A identificação da espécie só é realizada
pela cultura microbiológica. Na figura a seguir (Figura 06), podemos ver o padrão citológico da microbiota mista.
 Figura 06 – Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau (aumento de 40x),
mostrando a presença de cocos Gram-Positivos e Bacilos Gram-Negativos.
Agora que conhecemos alguns microrganismos presentes na microbiota normal, vamos estudar alguns responsáveis
pelas principais vaginites cervicais.
CHLAMYDIA TRACHOMATIS
A infecção urogenital por Chlamydia trachomatis é incluída como uma das principais doenças sexualmente
transmissíveis (DST), na qual a transmissão acontece pelo parceiro com uretrite, prostatite ou epididimite por C.
trachomatis. A Chlamydia trachomatis é uma bactéria Gram-Negativa e intracelular obrigatória (Essa bactéria
necessita dos nutrientes da célula hospedeira para sobreviver). Na maioria dos casos, a infecção por essa bactéria é
assintomática, mas pode desencadear um processo inflamatório no colo do útero, endométrio, vagina, na vulva e nas
trompas. No entanto, o sítio primário da infecção é o epitélio colunar da endocérvice, contaminando as células da
JEC e metaplásicas, além de outras células epiteliais constituintes do trato genital.
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PARCEIRO
Nos homens, o sítio primário de infecção é o epitélio urogenital. A infecção por essa bactéria causa uretrite não
gonocócica e epididimite.
 COMENTÁRIO
Os sintomas da Chlamydia trachomatis são: dor ou ardor ao urinar; corrimento vaginal, semelhante a pus; dor ou
sangramento durante o contato íntimo; dor pélvica; sangramento fora do período menstrual. Pode haver infertilidade
tubária, gravidez. Além disso, em mulheres grávidas, há oaumento do risco de aborto espontâneo e essa bactéria
pode passar para o neonato no momento do parto, provocando conjuntivite de inclusão e pneumonia.
Essas bactérias são intracelulares obrigatórios. Como vamos observá-las nos esfregaços cervicovaginais?
Essa bactéria se apresenta em inclusões citoplasmáticas de tamanho uniforme e distribuição perinuclear. As
inclusões clamídias podem ser divididas em corpos elementares, corpos reticulares e corpos agregados (Figura 07),
de acordo o estágio de desenvolvimento.
Os corpos elementares consistem em grânulos cocoides finos, esinofílios e basofílios que estão distribuídos no
citoplasma finamente poroso ou são localizados na região perinuclear. Os corpos reticulares são inclusões maiores
circundadas por vacúolos de paredes finas (inclusões em alvos) que tendem a ser cianofílicas.
Os corpos granulares são grandes vacúolos citoplasmáticos que aparecem com grandes conjuntos de partículas
finamente granulares eosinofílicas ou cianofílicas, e ocupam a maior parte do citoplasma. Esse método é considerado
pouco preciso e apresenta baixa sensibilidade. O padrão ouro para o diagnóstico dessa bactéria é o isolamento em
cultura celular. No entanto, 50% dos casos Cervicite crônica folicular (presença de um exsudato linfocitário) está
relacionado a Chlamydia trachomatis (Figura 07).
 Figura 07 – Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau mostrando as
inclusões citoplasmáticas da Chlamydia trachomatis e as características citológicas dos esfregaços na cervicite
crônica folicular.
GARDNERELLA VAGINALIS
A Gardnerella vaginalis são cocobacilos Gram-negativos ou Gram-variáveis que, normalmente, estão associados a
outras bactérias anaeróbicas e aeróbias, como Mobiluncus bacteroides e Mycoplasma hominis. A infecção por essa
bactéria também é considerada uma DST. Cerca de 40-50% das mulheres são assintomáticas, mas quando
sintomáticas são caracterizadas por um corrimento vaginal branco-acinzentado ou amarelo, fluido e homogêneo, com
o odor de peixe estragado e, às vezes, com aspecto bolhoso.
BACTÉRIAS ANAERÓBICAS E AERÓBIAS
Neste caso, recebe o nome de Vaginose bacteriana. A Gardnerella vaginalis é isolada em mais de 90% dos casos de
vaginoses bacterianas, confirmando a sua relação com a etiologia da doença. O pH vaginal nessa condição é
alcalino, maior que 4,8.
 COMENTÁRIO
Na proliferação maciça de G. vaginalis associada a bactérias anaeróbias, há um aumento na produção de aminas
derivadas do metabolismo das bactérias. Quando o pH vaginal aumenta, as aminas volatilizam e produzem o odor
anormal, semelhante ao do peixe ou da amônia, principalmente depois das relações sexuais e menstruação. As
aminas têm características citotóxicas, ocasionando o corrimento genital.
Essa bactéria tem a capacidade de aderir ao citoplasma de células escamosas intermediárias e superficiais,
chamadas de células-guia. Nos esfregaços cervicovaginais, os microrganismos são facilmente verificados na
superfície celular em suas bordas, sobrepondo a membrana celular.
As células raramente apresentam alterações degenerativas e apresentam um citoplasma com aparência normal,
cianofílico ou esinofílico, mas com aspecto granular. Nesses esfregaços, há ausência ou escassez de lactobacilos e
neutrófilos, porém o fundo pode apresentar um aspecto turvo ou nublado pela presença de outras bactérias.
Na Figura 08, podemos analisar as alterações citológicas encontradas nos esfregaços cervicovaginais de mulheres
infectadas por Gardnerella vaginalis.
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 Figura 08 – Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau mostrando as
alterações citológicas na infecção por Gardnerella vaginalis.
INFECÇÕES VIRAIS (HERPES-VÍRUS)
Você já teve Herpes labial? Sabia que existe Herpes genital e que essa doença está incluída nas DST? Será que
ambas as doenças são causadas pelo mesmo tipo de vírus?
Os vírus são organismos intracelulares obrigatórios. O vírus Herpes são vírus de DNA, com capsídeo icosaédrico e
com um envoltório lipídico. Essa família engloba vários tipos de vírus, mas apenas 6 tipos patogênicos ao homem. Os
Herpes-simplex do tipo 01 (HSV-1) acometem, principalmente, faces e lábios e raramente o trato genital; de forma
diferente, o HSV-2 acomete, predominantemente, a região genital. A infecção ocorre, normalmente, no início da idade
reprodutiva, mostra vesículas na pele e mucosa da região genital que rompem com aparecimento de úlceras rasa.
Essas lesões curam de forma espontânea entre 2-4 semanas. Pode haver também febre, mialgia e indisposição. É
comum a recorrência de infecções, pois o vírus fica em latência nas raízes dos nervos dorsais da medula espinhal,
normalmente relacionado à baixa imunidade e ao estresse.
Na região genital, o vírus acomete as células escamosas parabasais e superficiais, metaplásica imaturas e
endocervicais, e ocorrem diferentes alterações morfológicas. Inicialmente, é observado citomegalia e cariomegalia.
Em seguida, devido à degeneração, a cromatina se torna rarefeita, os núcleos com uma coloração fosca, há acúmulo
da cromatina no folheto interno da membrana nuclear, revelando uma membrana nuclear espessa. É muito comum
multinucleação com núcleos sobrepostos e, em alguns casos, pode haver inclusões intranucelares grandes.
O citoplasma apresenta-se opaco e denso, devido à necrose por coagulação das proteínas e alterações no
citoesqueleto da célula.
Na figura a seguir (Figura 09), podemos analisar as alterações citológicas causadas pelas infecções pelo Herpes-
simples, a demonstração da estrutura do vírus e as principais alterações citológicas causadas.
 Figura 09 – As alterações citológicas causadas pelo vírus Herpes-simples e fotos dos esfregaços cervicovaginais
mostrando o padrão citológico encontrado nessas infecções.
INFECÇÕES MICÓTICAS (CANDIDA SP.)
Algumas leveduras, como a Candida sp., são microrganismos que fazem parte da microbiota vaginal. No entanto, as
infecções micóticas pela Candida sp. são muito comuns, principalmente pela Candida albicans. Outras espécies
também podem causar vaginite, como: C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis e C. pseudotropicalis.
Essa infecção acomete mulheres com baixa imunidade (como aquelas em tratamento com corticoides, HIV
quimioterapia ou diabetes) e na gravidez.
C. GLABRATA
Única espécie que não forma pseudo-hifas e se apresenta sob a forma de macroconídias (microesporos).
 SAIBA MAIS
As leveduras presentes na microbiota vaginal são, na maioria das vezes, provenientes do trato gastrointestinal. Elas
passam da região anal para a vaginal por autoinoculação. Na região vaginal, elas se adaptam e desenvolvem. Além
disso, as leveduras produzem enzimas hidrolases que possibilitam a penetração no epitélio escamoso, onde
participam da microbiota ou podem causar inferiores, imediatos ou posteriores. A transmissão sexual também é
aceita.
Outras espécies além da Candida sp. podem causar infecções mitóticas, mas, para identificação, é necessária a
cultura.
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Você imagina por que na gravidez pode acontecer uma infecção por leveduras?
 RESPOSTA
Na gestação, o aumento da produção de progesterona ocasiona uma intensa descamação do epitélio, principalmente
das células intermediárias, com inúmeros grânulos de glicogênio (células naviculares) que favorecem o crescimento
de lactobacilos. A citólise pelos lactobacilos libera o glicogênio que é metabolizado ao ácido láctico e, assim, diminui
o pH vaginal. As leveduras, como a Candida sp., apresentam a capacidade de crescer em pH ácido (inferior a 3,8).
A infecção por Candida sp. pode ser assintomática ou sintomática com a presença de uma secreção vaginal espessa,
branca (semelhante à nata de leite) associada a prurido e à dor. Com frequência, a vulva e vagina estão
edemaciadas e hiperemiadas, algumas vezes associadas à dor e à queimação ao urinar. As lesões acometem a
vulva, a vagina e algumas vezes o colodo útero. Na parede vaginal e no colo do útero, podem aparecer pequenos
pontos branco-amarelados.
Na análise dos esfregaços cervicovaginais, a infecção demostra células com algumas alterações degenerativas,
apresentando vacúolos citoplasmáticos, pseudoeosinofilia, halos perinucleares e núcleo com retração da borda
nuclear. No entanto, algumas vezes, são observadas alterações reativas com a tumefação nuclear. No fundo da
lâmina, encontram-se neutrófilos, piócitos e podem identificar hifas, pseudo-hifas e esporos redondos ou ovais com 3
a 7 micrômetros de diâmetro. Essas estruturas coram normalmente em vermelho ou marrom. Na figura a seguir
(Figura 10), podemos observar a presença dessas estruturas nos esfregaços cervicovaginais.
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
Durante a leitura das lâminas, para identificar as infecções mitóticas, faz-se necessário que ocorra uma busca
minuciosa na lâmina, uma vez que as hifas, os esporos e as pseudo-hifas são dispostos embaixo das células
escamosas, sendo difícil visualizá-los. Assim, é importante analisar as extremidades dos esfregaços, pois essa área
tem agrupamentos mais frouxos de células e a leve dessecação comum nessas áreas facilita o reconhecimento,
especialmente dos esporos que se mostram maiores que aqueles presentes nos setores bem fixados da amostra.
 Figura 10 – Fotos dos esfregaços cervicovaginais corados por Papanicolau (aumento de 40x), mostrando a
presença de pseudo-hifas e esporos de fungos.
PROTOZOÁRIOS - TRICHOMONAS VAGINALIS
Trichomonas vaginalis é um protozoário exclusivamente humano, anaeróbio facultativo, flagelado, unicelular e provido
de mobilidade. Esse protozoário causa infecção do sistema geniturinário no homem e na mulher, a tricomoníase. A
transmissão desse patógeno é sexual. Em metade das mulheres, a infecção é assintomática; quando sintomática,
causa corrimento vaginal abundante, purulento, de cor verde-amarelada, bolhoso e odor desagradável. O exame
ginecológico evidencia sinais de irritação vulvar, hiperemia e edemas nas paredes vaginais, que apresentam aspecto
característico de “morango.”
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
No momento da coleta, é importante realizar a análise de todo o trato genital para observar possíveis alterações
macroscópicas. Essas alterações devem estar contempladas no pedido médico.
Nas mulheres, o local de alojamento é na vagina, mas pode permanecer na uretra, bexiga, glândulas acessórias, no
canal cervical e na cavidade uterina. Esse protozoário apresenta a capacidade de destruir de forma direta as células
escamosas. Como você imagina que essa destruição das células será observada nos esfregaços cervicovaginais?
Nos esfregaços cervicovaginais de mulheres infectadas por T. vaginalis, a análise citológica apresenta alterações
degenerativas, com pseudoeosinofilia, halos perinucleares e tumefação nuclear. Além disso, pode ocorrer necrose
celular observado por cariólise e cariorrexe.
O fundo do esfregaço é caracterizado pela presença de muco, exsudato purulento, com acúmulo de neutrófilos se
sobrepondo às células epiteliais degenerativas, conhecidos como “balas de canhão”. Os protozoários também são
observados como estruturas ovais ou redondas, com tamanho entre 5 a 20 micrômetros, com o citoplasma corado de
cinza-azulado e apresenta grânulos castanho avermelhados.
O núcleo é excêntrico, redondo ou oval, semitransparente, levemente basofílico e mal definido. Raramente, são
observados os flagelos do parasita, apenas o núcleo. Importante ressaltar que, para a diferenciação dos restos
citoplasmáticos, é essencial a visualização do núcleo do parasita.
Vamos agora conhecer a estrutura dos parasitas e como são observados nos esfregaços cervicovaginais (Figura 11).
 Figura 11 – O protozoário Trichomonas vaginalis e as alterações citológicas causadas nos esfregaços
cervicovaginais.
Observe com atenção: no fundo dos esfregaços de mulheres infectadas com T. vaginalis, é comum a associação (em
quase 85% dos casos) com uma bactéria anaeróbia de Leptothrix vaginalis. Essa bactéria é comum na mucosa
intestinal, oral e, ocasionalmente, na vagina. Aparece como uma estrutura filamentosa, em forma de “S”, “U”.
Vamos conhecer um pouco mais do padrão citológico dessa bactéria na Figura 12.
 Figura 12 – Esfregaços cervicovaginais corados pelo Papanicolau, aumento de 40x. Na imagem, podemos
observar a presença de bactérias em forma de filamentos em “U”, característico de Leptothrix vaginalis (seta preta).
Essas bactérias estão associadas a T. vaginalis (seta azul).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
 Descrever as reparações, lesões pré-cancerosas e carcinoma
Vimos que, independente da origem dos processos inflamatórios, há alterações estruturais nas células. Essas
alterações podem colocar em risco a estrutura e o funcionamento normal do epitélio escamoso e da endocérvice. As
células podem proliferar ou diferenciar em uma tentativa de minimizar os estragos, garantindo assim a sobrevida e
manutenção do funcionamento normal das células nesses tecidos.
Esses processos são chamados de reações proliferativas benignas. Eles podem ser didaticamente divididos em:
processos de proteção, destrutivos e reparação.
PROCESSOS DE PROTEÇÃO
Quando o epitélio estratificado escamoso cervicovaginal está sofrendo a influência de estimulação crônica, ele sofre
um processo de hiperdiferenciação. Esse processo pode ser:
Acantose consiste no aumento de células e da espessura do epitélio para aumentar seu poder de proteção.
Hiperqueratose consiste no espessamento do estrato córneo associado à produção anormal da queratina nas
células da camada superficial do epitélio escamoso. Nesse caso, as células superficiais são maduras e
anucleadas.
Paraqueratose é outro tipo de queratinização com produção anormal da queratina pelo epitélio estratificado
escamoso superficial, mas as células nesse caso não perdem os núcleos.
Metaplasia: metaplasia consiste em fenômeno adaptativo que resulta em um novo tipo celular mais bem
preparado para suportar um ambiente adverso.
PROCESSOS DESTRUTIVOS
Inflamação. Como visto anteriormente, os mecanismos iniciais de defesa compreendem: barreira epitelial, síntese de
muco protetor, pH vulvar e vaginal, microbiota vaginal e componentes inespecíficos inerentes à imunidade inata
(células fagocitárias e reação inflamatória).
PROCESSOS DE REPARAÇÃO TECIDUAL
Você imagina como acontece a reconstrução do tecido lesado? Quais as alterações celulares podem ser observadas
nos esfregaços cervicovaginais que identificam um processo de reparação? Quando devemos identificar uma lesão
para evitar o desenvolvimento do câncer?
O processo de reparação tecidual consiste na substituição do tecido lesado por células viáveis. Inicia-se quando há a
destruição dos epitélios causados por processos inflamatórios severos, biópsias cauterização ou radioterapia,
desenvolvendo um processo de reparação. A reparação tecidual pode ocorrer através da regeneração (nesse caso,
ocorre a substituição da célula lesada por outra do mesmo tipo, restabelecendo a integridade do tecido) ou por fibrose
(a lesão é grande e não é possível a regeneração das células. Assim, as células lesadas são substituídas por tecido
conjuntivo, ou seja, fibroblastos e colágeno).
A reparação tecidual na endocérvice acontece a partir das células de reserva e na ectocérvice pelas células
basocelulares localizadas na camada basal do epitélio escamoso. Quando ocorre a reparação por regeneração,
essas células proliferam e migram para cobrir a lesão. Em um primeiro momento, verifica-se uma única camada de
células com aumento na atividade biológica, depois, essas células se diferenciam. A maioria das células epiteliais
de reparação é derivada das células glandulares ou metaplásicas imaturas, sendo menos comuns as células
escamosas.
CÉLULAS DE RESERVA
Células do epitélio colunar endocervical. São células basais, pequenas, triangulares e intercaladas.
A MAIORIA DAS CÉLULAS EPITELIAIS DE REPARAÇÃOÉ
DERIVADA DAS CÉLULAS GLANDULARES OU
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METAPLÁSICAS IMATURAS, SENDO MENOS COMUNS AS
CÉLULAS ESCAMOSAS
Por isso, na análise citopatológica, é muito difícil verificar a origem das células.
Quando a lesão se estende também para o tecido fibroconjuntivo, a reparação tecidual acontece por fibrose. O
mecanismo pelo qual o tecido lesionado é substituído por tecido conjuntivo, sintetizado pelos fibroblastos, pode ser
observado na figura a seguir (Figura 13).
 Figura 13 – Esquema mostrando as principais fases do processo de reparação na fibrose.
É possível observar que, (A) após a destruição do tecido epitelial e do tecido fibroconjuntivo por diferentes fatores
(processos inflamatórios severos, biopsias cauterização ou radioterapia), há o recrutamento de células inflamatórias
para o local da lesão (primeiro neutrófilo e depois macrófago) a fim de eliminar o agente agressor e os restos
celulares. (B) Em seguida, no local da lesão, há uma neoformação de capilares, repondo aqueles que se perderam
durante a agressão. (C) As células epiteliais da borda da lesão se proliferam (células de reparação epitelial) e migram
para cobrir a lesão. Em um primeiro momento, verifica-se uma única camada de células com aumento na atividade
biológica. Junto às células epiteliais, os fibroblastos se proliferam (célula de reparação mesenquimal) e migram para a
área da lesão. (D) As células epiteliais se proliferam e diferenciam-se formando as células idênticas ao tecido; os
fibroblastos também se proliferam e sintetizam as fibras colágenas. Finalmente, há a formação da cicatriz (fibrose),
reconstituindo as condições normais do tecido fibroso adulto.
Podemos observar no quadro 01 o padrão citológico encontrado nos esfregaços cervicovaginais das células de
reparação epitelial e mesenquimal. Ressalta-se que, no início do processo de reparação, pode ocorrer um exsudato
inflamatório, com hemácias integras, diferentemente do que acontece no câncer invasivo, em que se apresentam
hemácias lisadas (assunto que será abordado nos próximos tópicos deste tema).
Em alguns casos, as células de reparação apresentam alterações nucleares difíceis de diferenciar das encontradas
nas neoplasias malignas (como carcinoma escamoso não queratinizante e adenocarcinoma endocervical). Nessa
situação, o processo de reparação é chamado de atípico e está incluído na categoria de atipias de células escamosas
de significado indeterminado (ASC).
No quadro 01, também vemos as características das células de reparação atípicas.
Como podemos diferenciar as neoplasias de uma reparação celular atípica?
Durante o exame citopatológico, podemos verificar alguns fatores que ajudam no diagnóstico diferencial da reparação
celular atípica, como: a idade e a história do paciente (incluindo a verificação de traumatismo recente, cauterização
ou infecção), ausência de material necrótico (restos celulares e fibras), maior coesão celular e orientação
unidirecional do núcleo quando as células estão agrupadas. Nas neoplasias, as células isoladas são numerosas e há
a sobreposição nuclear e presença de material necrótico.
Células Citoplasma Núcleo Arranjo Celular
Células de
reparação
epitelial
(típica)
Abundante, de
coloração
pálida a
bosofílico
(produção de
RNA e
proteínas); as
bordas
citoplasmáticas
são
geralmente
indistintas.
Volumosos, redondos ou ovais,
únicos ou múltiplos, com bodas
regulares. Cromatina finamente
granular. Nucléolo típico às
vezes. Macronucléolo
eosinofílico (relacionado ao
aumento de síntese proteica).
Células com boa coesão,
aparecendo em
agrupamentos
monoestratificados. Pode
apresentar prolongamentos,
com limites geralmente mal
definidos. Células isoladas
são raras. Orientação nuclear
na mesma direção (polaridade
nuclear conservada).
Células de
reparação
mesenquimais
(origina
fibroblastos)
Citoplasma
alongados e
cianofílico.
Essas células
podem
apresentar-se
reativas
(apresentam
uma maior
coloração)
Núcleos com bordas regulares,
cromatina finamente granular e
nucléolos. O núcleo acompanha
a forma da célula.
Isolados e agrupados.
Células de
reparação
epitelial
atípica
Citoplasma
abundante
Anisocariose (variação no
tamanho dos núcleos das células
que constituem o agrupamento)
mais significativa, hipercromasia
e cromatina com granulação
Grupos celulares mais
desorganizados, às vezes
pseudosincícios (polaridade
nuclear alterada) e eventuais
células isoladas.
mais grosseira, às vezes
irregularmente distribuída.
Nucléolo pode ser atípico
(múltiplo ou com alteração da
forma).
฀ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 01: Características citológicas das células de reparação. Fonte: Elaborado pela autora.
Analisaremos agora como esse padrão citológico é observado nos esfregaços cervicovaginais, a partir da Figura 14.
 Figura 14 – Fotos dos esfregaços cervicovaginais corados por Papanicolau mostrando Citologia das células de
reparação.
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS NAS
CARACTERÍSTICAS CITOLÓGICAS
Durante algumas exposições, como a radioterapia, colocação do DIU e deficiências do organismo, por exemplo,
vitamina B12/ácido fólico, as células encontradas nos esfregaços cervicovaginais apresentam modificações nucleares
e citoplasmáticas características e que podem permanecer durante longos anos.
Essas alterações são importantes, pois podem ajudar a avaliar se o tratamento radioterápico funcionou na eliminação
das células malignas ou no diagnóstico precoce de algumas doenças, como acontece na deficiência de vitamina B12/
ácido fólico.
A radioterapia é utilizada para o tratamento do câncer e, em especial, do carcinoma escamoso do colo do útero. O
exame cervicovaginal é de suma importância, pois o encontro de células malignas que persistem ou o reaparecem
após o tratamento indica a necessidade imediata de intervenção cirúrgica e clínica. A análise para verificar a
persistência de células malignas deve ser realizado após 4-8 semanas do início do tratamento.
Nesse período, ainda existe uma grande quantidade de material necrótico, de células inflamatórias e ainda podem ser
vistas células malignas. Depois, há atrofia do epitélio, essas alterações podem ser agudas (persistem até 6 meses
do final do tratamento) ou crônicas (persistindo durante anos).
DIFERENÇA ENTRE CÉLULAS IRRADIADAS MALIGNAS E
BENIGNAS
VISTAS CÉLULAS MALIGNAS
Após a radiação, as células malignas que persistem apresentam alterações morfológicas provocadas pela radiação e
pela malignidade da doença. A viabilidade das células malignas deve ser avaliada através da visualização de mitoses
nessas células.
CÉLULAS MALIGNAS
Alteração da relação núcleo-citoplasma; membrana nucelar espessada; cromatina preservada, grosseira, distribuída
irregularmente.
CÉLULAS BENIGNAS
Relação núcleo-citoplasma preservada; cromatina granular ou de aspecto “borrado”; hipercromosia quando ocorre
picnose.
Podemos ver as alterações morfológicas (núcleo e citoplasma) do efeito da radiação nas células da radioterapia no
Quadro 2 e Figura 15.
Alterações citoplasmáticas Alterações nucleares
Outras
alterações
Alterações
associadas
à
radioterapia
(fase
aguda)
Vacuolização; citomegalia;
coloração bifásica
(anfofilia/policromasia); Formas
bizarras com prolongamento;
fagocitose (pseidocaninalismo);
bordas citoplasmáticas mal
definidas; células gigantes
multinuceladas.
Aumento nuclear e na relação
núcleo/citoplasma; cromatina
finamente regular;
hipercromasia/normocromasia;
bi/multinucleação; vacúolos
instranucelares; cariorrexe e
picnose.
Numerosos
histiócitos,
podendo estar
multinucleados;
presença de
células
reparação.
Alterações Células de diferentes tamanhos Multinucleação e a Presença de
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associadas
à
radioterapia
(fase
crônica)
com o citoplasma anfofílico ou
policromático.
vacuolização citoplasmática
são menos persistentes.
macrócitos.
Padrão
atrófico, sem
inflamaçãoe
células de
reparação.
฀ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 02: Alterações associadas à radioterapia. Fonte: adaptado de BRASIL, 2012a.
 Figura 15 – Fotos dos esfregaços cervicovaginais corados por Papanicolau (aumento de 40x) mostrando
alterações relacionadas à radioterapia.
Algumas deficiências nutricionais, como de vitamina B12/ácido fólico, podem causar alterações morfológicas nas
células do trato genital que são observadas muito antes das alterações megaloblásticas da medula óssea. Essas
alterações são semelhantes àquelas encontradas durante a radioterapia. A deficiencia é comum nas mulheres
grávidas, usuárias de contraceptivos orais e na lactação.
 VOCÊ SABIA
A vitamina B12 e o ácido fólico são coenzimas importantes para a síntese de DNA e a divisão dessa molécula. A
deficiência dessa vitamina e do ácido fólico causa anemia, com as hemácias em um tamanho maior do que o normal.
Essa anemia é conhecida como Anemia Megaloblástica.
Além disso, o uso do DIU por longos períodos causa irritação mecânica crônica e alterações reativas nas células
glandulares endometriais, endocervicais e metaplásicas escamosas. As alterações envolvendo os núcleos podem ser
significativas e confundidas com o adenocarcinoma. Devemos estar atentos aos dados clínicos dos pacientes no
pedido médico.
Vamos agora conhecer as alterações celulares nessas duas condições. O quadro 03 mostra as principais alterações
associadas ao uso do DIU e à deficiência de vitamina B12. Na Figura 16, podemos analisar as alterações nas células
durante a deficiência de B12 e provocadas pelo uso do DIU.
Alterações
citoplasmáticas
Alterações nucleares Outras alteraçõesr
Alterações
associadas à
deficiência de
vitamina B12/
ácido fólico
Citoplasma pálido, às vezes
com anfolia; vacuolização;
formas bizarras, às vezes
com projeções
citoplasmáticas.
Cariomegalia.
Aumento do núcleo
(mantem a relação
núcleo/citoplasma). Podem
aparecer bi ou
multinucelação. Prega
longitudinal e projeções
citoplasmáticas.
Presença de
neutrófilos
hipersegmentados
(com seis ou mais
lobos).
Alterações
associadas
ao uso do
DIU
(contraceptivo
intrauterino)
Células endocervicais:
podem aparecer como
células colunares grandes,
hipervacuolizadas, às
vezes com neutrófilos e
intracitoplasmáticos. 
Células endometrias:
revela grandes vacúolos
citoplasmáticos, às vezes
infiltrados por neutrófilos
(leucofagocitose)
Células endocervicais:
núcleos aumentados de
volume com variação do
tamanho e hipercromasia. 
Células endometriais:
aumento nuclear com leve
hipercromasia, cromatina
condensada e nucléolo.
Células
endometriais: são
observadas em
qualquer época do
ciclo menstrual. 
As células
gandulares: podem
estar isoladas ou
agrupadas
(normalmente de 5-
15 células) em um
fundo limpo.
฀ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 03: Alterações citológicas associadas à deficiência da vitamina B12/ácido fólico e ao uso do DIU. Fonte:
Elaborado pela autora.
 Figura 16 – Alterações relacionadas à deficiência de vitamina B12/ácido fólico e ao uso do DIU.
LESÕES PRÉ-CANCEROSAS, LESÕES
INTRAEPITELIAIS ESCAMOSAS E CARCINOMA
ESCAMOSO DO COLO UTERINO “IN SITU” E INVASOR
O câncer do colo do útero é o segundo tumor mais frequente nas mulheres. Vamos iniciar estudando a infecção pelo
papilomavírus humano (HPV). Estudos demonstram uma intensa relação entre a infecção pelo HPV e o câncer na
região anogenital, que corresponde ao carcinoma cervical, vulvar, vaginal, do pênis e ânus, sendo que, no câncer do
colo do útero, a prevalência da infecção pelo HPV é de 75-100%.
O HPV é um vírus de DNA com dupla hélice circular, com capsídeo icosaédrico, não envelopado e que possui
tropismo para o epitélio estratificado da pele, cavidade oral e anatogenital. Até a presente data, são descritas mais de
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150 espécies de HPV, sendo 15 espécies com alto poder carcinogênico (como HPV do tipo 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45,
51, 52, 56, 58, 59 e 61) e outras de baixo risco (como HPV do tipo 6 e 11).
O contágio pelo HPV ocorre após o contato sexual em 99% dos casos, podendo ocorrer também de forma vertical
(0,5%), ou seja, no momento do parto, e a partir de fomentos (0,5%) como: toalhas, brinquedos, motel e sabonetes. A
infecção ocorre após a entrada do vírus por pequenas lesões na mucosa.
VÍRUS
Os vírus são organismos intracelulares obrigatórios.
HPV DO TIPO 6 E 11
As mulheres infectadas por esse sorotipo raramente desenvolvem lesões progressivas.
 SAIBA MAIS
O HPV tipo 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, são responsáveis por 80% dos canceres genitais. Atualmente, está disponível
pelo SUS a vacinação contra o HPV dos tipos 16 e 18 para pessoas entre 9-26 anos. O esquema vacinal é realizado
em 3 doses nos intervalos de 0,3 e 6 meses.
Vamos agora entender como essas células penetram o epitélio escamoso do trato genital assistindo ao vídeo a
seguir.
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As manifestações da infecção pelo HPV podem ser clínicas com o aparecimento de verrugas (condilomas) na região
vulvar ou perianal. Essas verrugas são chamadas popularmente de “crista de galo”, “figueira” ou “cavalo de cristais” e
são infecções documentadas em 30% dos casos. Tais infecções podem ser subclínicas (que correspondem a 70%
dos casos), ou seja, não vistas a olho nu, e são apenas diagnosticadas pelas alterações na morfologia celular,
verificadas no exame citopatológico, histopatológico e pelo exame colposcópico.
As características citológicas das infecções pelo HPV de baixo grau incluem algumas alterações que podem ser
observadas no quadro 4 e na Figura 17. Importante ressaltar que a infecção latente pelo HPV não é detectada pelos
métodos tradicionais, apenas por testes histopatológicos e de Biologia molecular.
Tipo de
alteração
Alterações
citoplasmáticas
Alteração nucleares Observações
Coilocitose
Células escamosas
intermediárias e
superiores com
cavitação perinuclear
bem demarcada com
condensação periférica
do citoplasma.
Aumento do tamanho
e hipercromasia
nuclear, às vezes bi e
multinucleação, além
de cromatina de
aspecto “borrado” ou
granular.
Importante distinguir o coilócito de
células naviculares, células com
halos inflamatórios e células
metaplásicas com citoplasma
diferenciado em endo e
ectoplasma. No coilócito, o halo
perinuclear é mais claro.
Disqueratose
Disqueratócitos podem
ocorrer na superfície
do epitélio. São células
escamosas em
miniatura ou do
tamanho padrão com
queratinização
anormal.
Aumento nuclear,
hipercromasia,
cromatina
condensada e leves
irregularidades da
borda nuclear.
Não são específicas da infecção
pelo HPV.
Macrócitos Células muito grandes,
com citoplasma
eosinofílico, cianofílico
ou policromático,
Células muito
grandes, com
citoplasma
eosinofílico,
Essas células podem ser
observadas também na deficiência
de B12/ácido fólico, como efeito
de radioterapia e quimioterapia.
contendo às vezes
neutrófilos ou outras
células escamosas.
cianofílico ou
policromático,
contendo às vezes
neutrófilos ou outras
células escamosas.
฀ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 04: Alterações citológicas associadas à infecção pelo HPV. Fonte: Elaborado pela autora.
 Figura 17 – Alterações citológicas associadas à infecção pelo HPV.
Como mencionado, a infecção pelo HPV é a primeira causa das lesões pré-cancerosas que podem evoluir para o
câncer. A infeção pelo HPV é incluída no sistema Bethesda como lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (NIC-1).
As lesões intraepiteliais são divididas em 3 tipos (NIC 1, NIC 2 e NIC 3) e, histologicamente, são classificadas de
acordo com o grau de diferenciação, maturação e estratificação das células e anormalidades nucleares. A proporção
da espessura do epitélio representada por células indiferenciadas é utilizada para a graduação das lesões (Figura
18).
 Figura 18– Esquema mostrando a evolução das lesões pré-cancerosas.
O diagnóstico histológico pelo NIC é observado pela proliferação, perda de diferenciação, perda da polaridade celular
e atipias nucleares (núcleos aumentados, maior relação núcleo/citoplasma, maior intensidade de coloração, variação
do tamanho e forma do núcleo). À medida que se aumenta a gravidade da lesão, há um aumento do aparecimento de
mitoses e de células indiferenciadas. O grau de displasia é medido pela espessura do epitélio, que é composto por
tais células. Na figura, observa-se que, conforme é aumentado o grau de displasia, o epitélio normal é substituído por
células indiferenciadas e, no NIC 3, ele é totalmente substituído, só estando presente células desse teor.
Como é feito o diagnóstico citológico nas lesões pré-cancerosas?
Devemos observar as alterações nucleares das células descamadas da superfície epitelial. Nas lesões intraepiteliais
escamosas de baixo grau (LSIL), existem alterações nucleares, mas essas células ainda apresentam grande volume
citoplasmático. De forma diferente, nas lesões de alto grau (HSIL), o citoplasma encontra-se escasso. No carcinoma
in situ, só são observadas células indiferenciadas. Para a classificação citológica dessas lesões, devemos observar a
maturidade citoplasmática (verificar a relação da quantidade de núcleo em relação ao citoplasma – relação
núcleo/citoplasma -, em que quanto maior a relação em células normais, maior é a displasia) e a intensidade de
alterações nucleares (aumento de tamanho, alterações na forma, e na borda nuclear e modificação da coloração e da
cromatina).
 SAIBA MAIS
Como no sistema Bethesda, as lesões conhecidas como displasia moderada/NIC 2 e carcinoma in situ (NIC 3) são
incluídas na mesma classificação de lesão intraepitelial escamosa de alto grau, pela dificuldade de diferenciação no
diagnóstico citológico dos dois tipos, elas são apresentadas nesse quadro juntas. No entanto, podemos observar
algumas alterações citopatológicas, como:
NIC 2:células similares àquelas da displasia leve, acompanhadas por células anormais mais imaturas. Essas células
têm relação nucleocitoplasmática aumentada e citoplasma menos abundante, que, geralmente, é denso e lembra em
textura e configuração aquele das células metaplásicas. Os núcleos são hipercromáticos, podendo exibir maior
número de cromocentros e maiores irregularidades da membrana nuclear do que nas células da displasia leve.
NIC 3 (carcinoma in situ): os esfregaços contêm habitualmente grande número de células primitivas, imaturas, que
podem variar de tamanho de caso a caso, porém sempre exibindo elevada relação nucleocitoplasmática. As células
podem se mostrar isoladas ou em agrupamentos sinciciais com bordas celulares indistintas e núcleos desordenados,
com sobreposição. As bordas nucleares são irregulares e podem ter uma aparência interrompida. Podem ocorrer
raras figuras de mitose anormais. Quando as células alteradas são muito pequenas e se mostram isoladas, são mais
difíceis de identificar na rotina, principalmente nos esfregaços contendo abundante exsudato purulento ou sangue.
Os sinais de gravidade da lesão são: aumento do número de células anormais, diminuição da maturação
citoplasmática, irregularidade das bordas nucleares, aumento do tamanho dos grânulos da cromatina e sem o
aparecimento dos coloides.
Conheceremos agora um pouco mais das diferenças entre as lesões escamosas de baixo e alto grau que estão
descritas Quadro 05 e Figura 19.
 Figura 19 – Padrão citológico das lesões intraepiteliais escamosas de baixo e alto grau.
 Quadro 05: Alterações histológicas e citológicas associadas às lesões intraepitelial escamosas de baixo e alto
grau.
Em infecções persistentes pelo HPV, as lesões de baixo grau podem evoluir para lesões de alto grau, que
rompem a membrana basal e invadem o estroma adjacente, evoluindo assim para o carcinoma escamoso invasivo.
Esse tipo de neoplasia corresponde a 75% dos tumores malignos do colo do útero.
Como vamos diferenciar durante um exame citopatológico um carcinoma in situ de um carcinoma invasor? Existem
algumas condições que podem simular carcinoma escamoso invasivo.
BAIXO GRAU PODEM EVOLUIR PARA LESÕES DE ALTO
GRAU
Nem sempre ocorre dessa forma, há casos que no início há o aparecimento de uma lesão de alto grau.
Característica Carcinoma in situ
Carcinoma
invasor
Forma
Aspecto
relativamente
monótono das
células.
Variação do
tamanho e a forma
das células.
Núcleo
Aumentado
(graduação +/++++)
Aumentado
(graduação
++/++++)
Citoplasma Mais escasso. Mais abundante.
Cromatina Regular Irregular.
Nucléolo Ausente. Proeminente.
Diátese tumoral (Sangue, fibrina. Células inflamatórias,
restos celulares presentes no fundo da lâmina) Ausente.
Presente.
Ausente. Presente.
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฀ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 06: Diferença do padrão citológico entre o carcinoma in situ e o carcinoma escamoso invasor. Fonte:
Adaptado de Brasil, 2012a
Existem algumas condições que podem simular carcinoma escamoso invasivo. Vamos agora ver como podemos
diferenciá-las:
LESÕES INTRAEPITELIAIS ESCAMOSAS, ESPECIALMENTE AS
QUERATINIZANTES
Ausência de diátese tumoral;
Ausência de “espaços claros” nos núcleos caracterizando a distribuição irregular da cromatina;
Ausência de nucléolo em outras células anormais não queratinizadas.
PROCESSO DE REPARAÇÃO
Células isoladas raras;
Menor relação nucleocitoplasmática;
Anormalidades menos significativas na distribuição da cromatina;
Ausência de diátese tumoral.
ATROFIA
Ausência de irregularidade das bordas nucleares;
Ausência de irregularidades na distribuição da cromatina.
ALTERAÇÕES CITOPÁTICAS PELO HERPES-VÍRUS
Multinucleação;
Amoldamento nuclear e rarefação da cromatina em outras células.
EFEITO DE RADIOTERAPIA/QUIMIOTERAPIA
Macrocitose;
Policromasia;
Vacuolização citoplasmática;
Cromatina de aspecto “borrado”.
ADENOCARCINOMA POUCO DIFERENCIADO ENDOCERVICAL OU
ENDOMETRIAL
Arranjos glandulares, arranjos esféricos;
Células colunares no adenocarcinoma endocervical;
Vacuolização frequente e infiltração neutrofílica comum no adenocarcinoma endometrial;
Núcleos às vezes excêntricos, com menor hipercromasia e nucléolos mais frequentes e proeminentes;
Ausência de células queratinizadas.
ADENOCARCINOMA METASTÁTICO
Características similares às descritas no item acima.
As principais manifestações clínicas dos carcinomas invasores são sangramento anormal, hematúria, dor que irradia
para a região sacral, fraqueza, perda de peso. Os carcinomas invasores podem ser classificados em 3 tipos
diferentes de acordo com o padrão histopatológicos: carcinoma escamoso de células não queratinizantes de grandes
células (mais comum), carcinoma escamoso de células queratinizantes e carcinoma escamoso de células não
queratinizantes pequenas (mais raros). Podemos observar essas diferenças no Quadro 07 e na Figura 20.
 Quadro 07: Alterações histológicas e citológicas associadas às lesões intraepitelial escamosas de baixo e alto
grau.
 Figura 20 – Padrão citológico dos carcinomas escamosos invasores.
LESÕES GLANDULARES INTRAEPITELIAIS (GIL)
A segundo maior neoplasia do colo uterino é o adenocarcinoma endocervical. A infecção pelo HPV também é capaz
de desenvolver o adenocarcinoma. As lesões glandulares são de difícil diagnóstico, pois não existem sinais clínicos e
a maioria das lesões encontra-se dentro do canal endocervical, o que dificulta a coleta das amostras.
Histologicamente, o adenocarcinoma é um tumor maligno com células com a aparência das células glandulares
endocervicais. A neoplasia infiltra o estroma do colo, sob a forma de glândulas que apresenta diferentes tamanhos e
exibem forma irregular. Essas estruturas são revestidas por uma ou mais camadas de células tumorais cuboides ou
colunares.
Segundo o Sistema Bethesda 2001 e a nomenclatura brasileira para laudos cervicais (2006), as anormalidades
citológicas