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TEORIA-E-PRÁTICA-DA-NEUROPSICOPEDAGOGIA-1

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TEORIA E PRÁTICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA 
 
 
1 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................. 2 
UM OLHAR TEORICO ........................................................................... 3 
A Neuropsicopedagogia no Contexto Escolar ......................................... 3 
Alfabetização Com Auxílio da NeuroPsicoPedagogia ......................... 5 
A Contribuição dos Pais na Aprendizagem de Alunos que Apresentaram 
Baixo Rendimento Escolar ............................................................................ 7 
Neurociência: Compreendendo o Funcionamento do Sistema Nervoso
 .................................................................................................................... 10 
UM OLHAR MAIS PRATICO A NEUROEDUCAÇÃO E SUAS 
CONTRIBUIÇÕES ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS ... 13 
SENTIDOS DA INTERVENÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA NAS 
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA PRÉ-ESCOLA ......................... 22 
REFERÊNCIAS .................................................................................... 39 
 
 
 
 
 
2 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
UM OLHAR TEORICO 
A Neuropsicopedagogia no Contexto Escolar 
A Neuropsicopedagogia é um campo do conhecimento que interage de 
modo coerente com outros conhecimentos e princípios de diferentes partes das 
Ciências Humanas: Psicológicas, pedagógicas, sociológicas, antropológicas, 
entre outras, desconstruindo o fracasso escolar, entendendo o erro apresentado 
pelo indivíduo no processo de construção do seu conhecimento, da 
aprendizagem significativa e suas interações como fator importante no 
desenvolvimento das habilidades cognitivas. 
Desta forma, o profissional da Neuropsicopedagogia assume papel de 
importância na abordagem e solução do problema da dificuldade de 
aprendizagem na fase de alfabetização. Como aprender a ler é para a criança 
enfrentar novos desafios em relação ao conhecimento linguístico, esta tarefa se 
torna complexa exigindo um trabalho de equipe multidisciplinar cujo objetivo é 
identificar quais as causas das dificuldades de aprendizagem onde a etiologia da 
problemática pode ser fundamentada nos vários tipos de transtornos biopsico e 
sociofamiliar. 
As dificuldades existentes neste processo são esperadas, pois a relação 
do sucesso na aprendizagem da leitura e das habilidades intelectuais deve ser 
considerada. Crianças que apresentam grandes habilidades intelectuais, com 
certeza terão maiores facilidades para aprender a ler e escrever, ao 
compararmos com as que têm menores habilidades. 
Outro fator a ser considerado é a aprendizagem significativa onde os 
novos conhecimentos que se adquirem relacionam-se com o conhecimento 
prévio que o aluno possui, cabe ressaltar que este é um processo dinâmico em 
que o novo conceito formado passa a ser um novo conhecimento que pode servir 
de futuro ancoradouro para novas aprendizagens (AUSUBEL et al., 1980; 
MOREIRA, 1999a, 1999b). 
https://psicologado.com/abordagens/psicologia-cognitiva/a-neuropsicopedagogia-no-contexto-escolar
 
 
4 
O conhecimento pré-existente na estrutura cognitiva do aluno, Ausubel 
denominou subsunçor, ou seja, subsunçor é todo o conhecimento prévio do 
aprendiz que pode servir de ancoragem para uma nova informação relevante 
para o mesmo; desse modo, existindo uma relação substantiva entre os dois 
temos a aprendizagem significativa, sem dúvida alguma, um procedimento 
pedagógico eficaz a ser utilizado em educação. Alguns educadores defendem 
que os alunos devem aprender significativamente. 
O conhecimento de linguagem oral que a criança já trás consigo é 
extremamente importante para seu aprendizado. Pesquisas bibliográficas 
mostram que este conhecimento deve ser aproveitado pelo educador como 
forma de interação verbal. O aprendizado deve acontecer nos três espaços da 
criança: Escola, família e sociedade. 
Muitas vezes, se supõe, que os problemas socioeconômicos da 
atualidade e a desestrutura familiar (separação/divórcio) impede a presença 
ativa dos pais na escola aumentando assim o índice de indisciplina, dificuldades 
educacionais e, consequentemente a isso, a evasão escolar, problemas que 
poderiam ser amenizados se a família interagisse mais na vida escolar dos filhos. 
Comete-se um erro grave quando se pensa que a aprendizagem começa 
na idade escolar; a verdade é que antes de entrar na escola a criança já 
desenvolve hipóteses e tem certo conhecimento sobre o mundo, apresentando 
assim um conteúdo significativo no contexto da aprendizagem. 
Sabe-se que a influência familiar é fator determinante e decisivo na 
aprendizagem dos alunos. Pais ausentes, que nunca se interessam pelo dia-a-
dia dos filhos, tanto no âmbito escolar como sociofamiliar, expõe estas crianças 
a conviverem com sentimentos de desvalorização e carência afetiva, gerando 
desconfiança, insegurança, improdutividade e desinteresse, e 
consequentemente deixando marcas profundas nestes alunos, que futuramente 
encontrarão mais dificuldades no processo pedagógico da aprendizagem 
escolar. 
 
 
5 
A responsabilidade que a sociedade coloca na escola vem 
desencadeando a inversão de valores. Muitos pais acham que a educação 
familiar não tem relação com a educação escolar, quando na verdade é 
justamente o contrário, ou seja, a educação escolar que é um complemento da 
educação adquirida na família. 
Alfabetização Com Auxílio da NeuroPsicoPedagogia 
O processo da alfabetização engloba o desenvolvimento de um conjunto 
de competências que farão fluir o ler e escrever, obedecendo a uma sequência 
pré-estabelecida por um currículo de alfabetização, que direcionará o aprender 
a aprender (metacognição). 
Segundo Vygotsky, (1988), na etapa inicial da escolarização o aluno está 
aprendendo a ler; a prioridade, a atenção e o esforço se concentram em quebrar, 
decifrar o código alfabético, entender o que significam os sinais gráficos, e que 
palavras querem representar, esta é a etapa do aprender a ler. Na segunda 
etapa o aluno já decodifica as palavras sem esforço e é capaz de lê-las com 
fluência, ele vai ler para aprender: aprender o significado das palavras, os 
conceitos transmitidos num determinado texto, descobrindo novos horizontes. O 
professor possui papel ativo, sendo capaz de desafiar o aluno para que este se 
sinta cada vez mais hábil ao realizar uma tarefa considerada difícil. 
Os educadores detêm o conhecimento, sendo preciso usar diferentes 
estratégias (metodologias) para alcançar os objetivos propostos, pois os 
educandos ao serem alfabetizados se diferenciam no que se refere ao tempo e 
espaço. 
O que Fazer com Alunos que Parecem não Aprender? 
Autores renomados ensinamque vários aspectos merecem ser 
considerados, mas um deles é fundamental: essas crianças precisam de 
acompanhamento diferenciado e próximo. Mesmo que contem com a ajuda dos 
colegas nas propostas em duplas, é indispensável a intervenção direta e 
 
 
6 
constante do professor. O apoio será importante, em certos momentos, para 
incentivá-los a continuar manifestando suas ideias. A relação que se estabelece 
com a criança e com o que ela produz é fundamental para que ela se sinta capaz 
de aprender. Em outros momentos, porém, cabem intervenções mais explícitas 
para que fiquem atentas às características do sistema de escrita. 
A escola como modo de socialização específico e como lugar onde se 
estabelecem as formas específicas de relações sociais; ao mesmo tempo que 
transmite os saberes, os conhecimentos, está fundamentalmente ligada as 
formas de exercício do poder. Isto não é somente verdade da escola: todo modo 
de socialização, toda forma de relação social implica ao mesmo tempo na 
apropriação de saberes (constituídos ou não como tais como saberes 
objetivados, explícitos, sistematizados, codificados) e a aprendizagem de 
relações de poder. (Vincent, 1994, p.14) 
Ainda segundo Gimeno Sacristán (2000, p.211), (...) um método se caracteriza pelas 
tarefas dominantes que propõe a professores e alunos. Um modelo de ensino, quando se 
realiza dentro de um sistema educativo se concretiza numa gama particular de tarefas que 
tem um significado determinado. Uma jornada escolar ou qualquer período de horário diário 
é uma concatenação singular de tarefas dos alunos e do professor. 
Por essa óptica, afirma o autor, o número, a variedade e a sequência de 
tarefas, bem como as peculiaridades na sua aplicação e no sentido que elas 
assumem para professores e alunos, junto com sua coerência dentro da filosofia 
educativa adaptada, definem a singularidade metodológica que se pratica em 
classe. 
Jogos Educativos 
Por que utilizar jogos educativos no processo ensino 
aprendizagem? Piaget e Vygotsky são unânimes em suas teorias sobre a 
importância da utilização dos jogos no processo de ensino aprendizagem. 
Para Piaget (1978, p. 370) os jogos têm dupla função: 
 
 
7 
Consolidam as estruturas já formadas (aprendizagens significativas) 
Dão prazer e/ou equilíbrio emocional à criança. Ele classifica os jogos em várias 
fases de acordo com as estruturas mentais. As crianças do Ensino Fundamental I (6 a 10 
anos) se encontram nas fases pré-operatório e operatório concreto, tornando-se 
imprescindível o contato com o objeto de aprendizagem o que é favorecido através da 
utilização de jogos. 
Vygotsky (2001, p. 59-83 e p. 119-142), realça a influência do lúdico no 
desenvolvimento infantil, por meio deles as crianças aprendem a agir, tem a 
curiosidade estimulada e adquirem iniciativa e autoconfiança, proporcionando o 
desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. 
O processo de compreensão da natureza alfabética do sistema de escrita 
desenvolve nas crianças mecanismos de leitura e de escrita de palavras. Apesar 
de muitas delas aprenderem esses mecanismos com relativa facilidade, o 
desenvolvimento das habilidades relacionadas à leitura e à escrita de palavras 
leva tempo e requer treino por parte das crianças. Para isso, um conjunto de 
atividades de leitura e escrita de palavras e frases deve fazer parte do 
planejamento pedagógico das professoras desde o primeiro ano do Ensino 
Fundamental. 
A Contribuição dos Pais na Aprendizagem de Alunos que 
Apresentaram Baixo Rendimento Escolar 
Sabendo que as dificuldades de aprendizagem e de comportamento vêm 
crescendo assustadoramente nas escolas, muitos pesquisadores têm 
direcionado as suas pesquisas para este tema, enfocando a importância da 
família na aprendizagem escolar. Os resultados obtidos deixam claro que a 
família tem uma influência muito grande no desempenho escolar dos filhos, 
podendo intervir no sentido de motivar os alunos para frequentarem a escola, 
bem como auxiliá-los no desenvolvimento de suas competências e habilidades, 
através de um relacionamento amigável com os colegas e professores. 
 
 
8 
Segundo vários autores, os pais precisam estar envolvidos com os filhos 
e com a escola, tendo conhecimento das dificuldades de aprendizagem 
enfrentadas pelas crianças para poder ajudá-las visando um desenvolvimento 
global, onde esteja incluída e educação escolar, a social e a formação intelectual 
do aluno. FUNAYAMA (2005, p. 27-28) nos diz que existem pais que infantilizam 
a criança e o problema, não se preocupando com as dificuldades dos filhos. 
SMITH; STRICK (2001, p. 17) nos dizem ser extremamente importante 
que o pai de crianças com dificuldades de aprendizagem se alie a escola, para 
que possam trabalhar um plano de desenvolvimento apropriado, voltado para 
estes alunos, no intuito de garantir as necessidades educacionais de seus filhos. 
Acreditando que com o passar dos anos o problema se resolverá 
automaticamente, esses pais só procuram ajuda especializada quando a 
situação se agrava e o nível de conhecimento e aprendizagem se apresentam 
muito abaixo do esperado, podendo ser obrigados a repetir o ano letivo. Os pais 
precisam se conscientizar, que se a criança tem dificuldades para realizar suas 
tarefas, precisando da ajuda ou da confirmação de outras pessoas, e se junto a 
isso apresentar algum problema de relacionamento com os colegas, é 
necessário que procurem ajuda, para que sejam analisados os motivos que 
levam a este comportamento e assim evitar futuros problemas educacionais dos 
filhos. 
Os filhos só seguirão as regras se entenderem o motivo delas. Do mesmo 
modo, só respeitarão os limites que conhecerem. Caso contrário, farão tudo a 
seu modo. Por meio de regras claras e bem estabelecidas em casa, o filho 
saberá exatamente qual é a forma correta de falar, de pensar, de raciocinar e de 
agir em cada caso, isso dará a ele segurança e tranquilidade. Ter limites bem 
definidos fará com que ele saiba até que ponto pode ir, e isso lhe trará 
responsabilidade e caráter. 
As autoras SMITH; STRICK (2001, p. 36) ainda nos dizem que as crianças 
com dificuldades de aprendizagem, podem ser brilhantes, criativas e talentosas 
 
 
9 
em outras áreas, mas em nossa sociedade, onde se valoriza muito o 
desempenho escolar, estas crianças sentem-se fracassadas, principalmente se 
comparando com as crianças que apresentam um melhor desenvolvimento 
cognitivo, criando assim um bloqueio cada vez mais acentuado no seu processo 
de aprendizagem. Paralelo à sociedade, que busca cada vez mais o êxito 
profissional e a competência a qualquer custo, a escola também segue esta 
concepção. Aqueles que não conseguem responder às exigências da instituição 
podem sofrer com um problema de aprendizagem. A busca incansável e 
imediata pela perfeição leva à rotulação daqueles que não se encaixam nos 
parâmetros impostos. 
Para evitar que o aprendizado escolar se torne um paradoxo, os pais têm 
a responsabilidade e o dever de traçar as regras e os limites, em casa, no intuito 
de que seus filhos aprendam o respeito e cresçam conhecendo valores éticos e 
morais. Assim, é preciso entender: há uma grande diferença entre criança “ativa” 
e criança “mal-educada”. Crianças precisam ter vivacidade, devem brincar, 
perguntar e até mesmo fazer bagunça. O problema surge quando essas atitudes 
passam dos limites, quando o filho não respeita aquilo que os pais consideram 
o mais correto para ele. Os pais têm o dever de educar os filhos. Isso significa, 
inicialmente, impor as regras essenciais ao seu bom convívio em casa e, em 
seguida, na sociedade como um todo. Estabelecer horários e agir de modo que 
deixe claro para as crianças a existência de autoridade e de limites dentro de 
casa, ajuda a desenvolver elementos fundamentais na formação do caráter. 
TIBA,(2002, p.183) nos diz que se houver uma parceria entre família e 
escola, se as duas partes falarem a mesma linguagem e apresentarem valores 
semelhantes a criança aprenderá sem grandes conflitos. É importante ressaltar 
que o papel que a família representa na educação da criança é fator primordial 
na formação da autoestima, e consequentemente na aprendizagem do 
educando, oportunizando lhes o crescimento como sujeitos capazes de auxiliar 
na construção de uma sociedade livre e democrática. Quando a família não 
 
 
10 
demonstra interesse nos filhos e na sua vida escolar, a criança não consegue 
progredir nos estudos, portanto, as crianças aprendem a comportar-se em 
sociedade ao conviver com outras pessoas, principalmente com os próprios pais. 
A maioria dos comportamentos infantis é aprendida por meio de imitação, da 
experimentação e da invenção. 
A criança precisa receber regras claras e objetivas, que premiam a boa 
conduta e disciplinam a má, sem gritos nem agressões, apenas fazendo com 
que as regras sejam respeitadas. Existe uma diferença entre castigo e disciplina. 
Castigo é punição, agressão, enquanto disciplina é ensino. Educar é transmitir 
vida. Fazer ameaças às crianças também não resolve, pois nem sempre os pais 
as cumprem, o que acaba ocasionando perda de autoridade. Assumir a 
autoridade não tem nada a ver com gritos ou uso de violência. Não é esse o 
caminho para educar. É preciso ser firme no momento de mostrar os limites às 
crianças, mas também ser amoroso na hora certa para que elas saibam que as 
regras lhe estão sendo impostas porque você as ama. 
Neurociência: Compreendendo o Funcionamento do 
Sistema Nervoso 
A Neurociência busca compreender o funcionamento do sistema nervoso, 
integrando suas diversas funções (movimento, sensação, emoção, pensamento, 
entre outras). Sabe-se que o sistema nervoso é plástico, ou seja, é capaz de se 
modificar sob a ação de estímulos ambientais. Esse processo, denominado de 
plasticidade do sistema nervoso, ocorre graças à formação de novos circuitos 
neurais, à reconfiguração da árvore dendrítica e à alteração na atividade 
sináptica de um determinado circuito ou grupo de neurônios. É essa 
característica de constante transformação do sistema nervoso que nos permite 
adquirir novas habilidades psicomotriciais, cognitivas e emocionais, e 
aperfeiçoar as já existentes. 
O Sistema Nervoso Central é constituído pelo encéfalo e pela medula 
espinhal, tem um papel fundamental no controle dos sistemas do corpo. As 
 
 
11 
principais partes do encéfalo são: cérebro, tálamo, hipotálamo, mesencéfalo, 
ponte, cerebelo e a medula oblonga. O cérebro é o centro de controle do sistema 
nervoso, é a parte mais desenvolvida e a mais volumosa do encéfalo, ele recebe 
aproximadamente 20% de todo o sangue que é bombeado pelo coração. 
Apresenta duas substâncias diferentes: uma branca que ocupa o centro e outra 
cinzenta, que forma o córtex cerebral. O córtex cerebral está dividido em mais 
de 40 áreas funcionalmente distintas, sendo que cada uma delas controla uma 
atividade específica. O cérebro se divide em duas metades, o hemisfério 
esquerdo e o hemisfério direito. O lobo frontal é o responsável pela cognição, o 
aprendizado. 
Segundo a Psicopedagoga Maria Irene Maluf em entrevista a Direcional 
Educador: "O estudo das neurociências deveria ser aplicado nos cursos de 
especialização de professores". Defende que "não existe aprendizagem que não 
passe pelo cérebro, a ciência a neurociência e a neuroaprendizagem, através de 
neuroimagens, são elementos importantes para evitar o fracasso escolar". 
Afirma que conhecer o funcionamento do cérebro e do Sistema Nervoso é 
fundamental para entender o processo da aprendizagem. 
Maluf, (2005), destaca a necessidade de ajustes às características etárias 
especificas dos alunos para atingir o sucesso escolar. A plasticidade neural é 
maior nas regiões cerebrais encarregadas da aprendizagem e as áreas do córtex 
cerebral são simultaneamente ativadas durante a aprendizagem, fatores 
importantes que devem ser conhecidos pelos profissionais da educação. Os 
professores terão mais sucesso na arte de ensinar estudando como o cérebro 
aprende e utilizando estes conhecimentos na educação (grifos da autora). 
Maluf, (2005), defende que o sucesso escolar depende do apoio familiar 
como sustentáculo biológico, social e emocional da criança. O apoio aos 
professores e à escola é indispensável para ajudar no desenvolvimento da 
capacidade de aprender e alcançar a condição de autonomia, objetivo maior da 
educação. 
 
 
12 
Conhecer o funcionamento cerebral é fundamental para compreender como se dá a 
aprendizagem de todas as pessoas, em todas as idades e situações, especialmente na 
escola, frente à educação formal. Mas é importante ressaltar que como a Neurociência 
cognitiva objetiva estudar e estabelecer relações entre cérebro e cognição principalmente 
em áreas relevantes para a educação, o diagnóstico precoce de transtornos de 
aprendizagem está entre as prioridades da Neuroaprendizagem, o que revelará também 
melhores métodos pedagógicos de desenvolver a aquisição de informações e 
conhecimentos em crianças com transtornos e dificuldades do aprender, assim como a 
identificação de seus estilos individuais de aprendizagem no contexto escolar. Isso tudo se 
deve primordialmente às descobertas neurocientíficas em torno de como se desenvolvem 
a atenção, a memória, a linguagem, a emoção e cognição, o que traz valiosas contribuições 
para se alcançar a educação. (MALUF, 2005). 
Diante desse complexo sistema neural é que a estrutura pedagógica 
escolar deve apresentar seu conteúdo programático, sua dinâmica de grupo com 
a classe e sua dinâmica individual com alunos que apresentam diversidade 
cognitiva à maioria dos alunos. A didática deve ser direcionada e seletiva 
procurando compreender se a dificuldade de aprendizagem tem alguma ligação 
com o ambiente sociofamiliar ou trata-se de um fator de distúrbio neurológico. 
Considerando a teoria e a dinâmica pedagógica apresentada pelas obras 
literárias dos autores consultados, cresce a necessidade de reconhecer a 
importância e incorporar o conhecimento do funcionamento do sistema nervoso 
e seu desenvolvimento, na prática pedagógica do educador. Analisar a utilização 
dos recursos Neurocientíficos da Neuropsicopedagogia como fator de 
identificação das dificuldades na aprendizagem escolar, verificando junto aos 
professores e coordenadores a estruturação pedagógica, material e 
metodológica, respeitando o desenvolvimento e as diferenças cognitivas dos 
alunos. 
Nessa perspectiva, as experiências, saberes e conhecimentos 
construídos na educação infantil, supõe-se, sobretudo, servir de parâmetro para 
as práticas e as intervenções pedagógicas que se pretende construir no novo 
Ensino Fundamental. Uma questão a ser considerada refere-se ao respeito a 
 
 
13 
essa criança e a seu tempo de vida. Segundo os autores consultados, a 
escolarização obrigatória não pode dar excessiva centralidade aos conteúdos 
pedagógicos em detrimento do sujeito e de suas formas de socialização. Essa 
proposição ganha especial destaque, principalmente se considerarmos as 
características das sociedades contemporâneas onde a aprendizagem 
significativa (subsunções) propicia maior desenvolvimento cognitivo. 
Por outro lado, não podemos perder de vista o direito desse segmento da 
população ao conhecimento, em particular, o direito de acesso à linguagem 
escrita. A criança é um sujeito que interage com outros grupos sociais e com 
suas produções simbólicas, e a linguagem escrita é uma dessas produções com 
as quais as crianças têm, desde muito pequenas, uma familiaridade e uma 
curiosidade para conhecer e dela se apropriar. 
Entretanto, as famílias e os profissionais da educação sabem que 
assegurar o aprendizadoda leitura e da escrita tem sido um dos maiores 
desafios para a escola, principalmente considerando que a educação integral 
deve acontecer nos três espaços da criança: escola, família e sociedade. 
 
UM OLHAR MAIS PRATICO 
A NEUROEDUCAÇÃO E SUAS CONTRIBUIÇÕES ÀS 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS 
A tarefa de educar dentro da modernidade tem exigido de seus 
educadores cada vez mais esforços para atender a demanda que lhe é proposta, 
desde uma boa preparação teórica, ou seja, sua formação, até a incessante 
busca de atualização profissional e dedicação ao seu respectivo trabalho. 
O processo de aprendizagem é imprescindível em qualquer etapa na vida 
do ser humano, bem como, vem se desenvolvendo desde os primórdios de sua 
vida. A neurociência tem demonstrado o quão promissora pode ser uma parceria 
 
 
14 
com a educação, trazendo todo o seu conjunto de saberes sobre o Sistema 
Nervoso Central, local onde tudo acontece, desde os comportamentos, 
pensamentos, emoções e movimentos, e é a partir dos conhecimentos desta 
área que a educação pode ter um salto quando se fala em efetividade e eficácia, 
levando em consideração que a partir do surgimento e avanço da neurociência 
foi possível fornecer melhorias na qualidade de vida da sociedade atual, 
disponibilizando tratamentos efetivos para variados distúrbios neurológicos, ou 
seja, contribuiu e tem contribuído significativamente para o desenvolvimento de 
soluções de diversos transtornos e doenças, incluindo os problemas 
educacionais. 
Diante dos avanços tecnológicos e o aumento das pesquisas em 
neurociência cognitiva, os pesquisadores têm feito descobertas promissoras de 
como são feitas as conexões neurais que possibilitam o processo de 
aprendizagem, trazendo também conceitos de plasticidade cerebral que é 
inerente a este processo, como afirma Rotta (2007), a aprendizagem modifica o 
sistema nervoso central, e isso nos faz pensar em plasticidade cerebral que é 
um processo adaptativo dando ao indivíduo possibilidades de aprender, mesmo 
frente às novas situações ambientais; o que, além disso, tem trazido 
contribuições de como a mesma pode ser estimulada de forma mais efetiva 
dentro da educação. 
Em suma, o princípio básico que rege o neurocientista é a compreensão 
da maneira como se desenvolvem, a partir de estímulos externos, os 
mecanismos cerebrais, provendo o desenvolvimento de novas potencialidades. 
Em geral, esse profissional investiga a dinâmica de integração do sujeito ao 
ambiente externo, observando e detectando os processos bioquímicos e 
moleculares internos resultantes desta relação, e as respostas decorrentes disto. 
Mediante a emergência da neuroeducação na atualidade, o estudo foi 
realizado como meio de constatar se a mesma pode direcionar de forma eficaz 
a aprendizagem infantil, tendo também em vista a necessidade de refletir sobre 
 
 
15 
a urgência de disseminar suas potencialidades, fundamentando a pesquisa 
educacional baseada em metodologia científica. Objetivou-se apontar quais 
contribuições que a neuroeducação pode oferecer para os processos de ensino-
aprendizagem, não como uma forma mágica de acabar com todos os problemas 
relacionados a educação, mas como uma ferramenta útil que traga o 
embasamento teórico-científico que possa melhorar o aprendizado, assim como, 
estimular de forma adequada e diferenciada as potencialidades da criança que 
cada dia se transforma dentro da modernidade a qual está inserida. 
A pesquisa foi realizada a partir de uma análise sistemática de livros e 
periódicos publicados na base de dados Scielo com as palavras chaves: 
neuroeducação, neurociências e psicologia educacional, sendo de caráter 
qualitativo, pois acreditamos que através da análise e compreensão dos estudos 
realizados em livros e periódicos que tratam deste tema, proporcionaremos um 
esclarecimento maior sobre a questão, de modo a oferecer melhorias no 
desempenho profissional. 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Com as transformações percebidas ao longo dos anos, como a 
diversidade de alunos com diferentes crenças e etnias; as mudanças culturais; 
os avanços tecnológicos; as mudanças na estrutura familiar, as quais podem 
promover ou não para um bom desempenho cognitivo, poder-se-ia perceber 
desde então os reflexos dessas transformações dentro do âmbito escolar, e 
consequentemente a necessidade de atualização das práticas educacionais, 
tanto para que a aprendizagem fosse de fato efetiva dentro das salas de aula, 
como para preparar estes alunos para as transformações dentro da 
contemporaneidade. 
A psicologia foi uma das ciências que começou a contribuir para o 
processo educacional de aprendizagem, trazendo seu rico arcabouço teórico 
sobre o comportamento humano, aspectos motivacionais, emocionais, afetivos, 
 
 
16 
e a importância da formação de vínculos, entre outros processos envolvidos na 
aprendizagem. 
Quando a psicologia estabeleceu pontes com as neurociências, trazendo 
abordagens diferenciadas, tanto a pedagogia, como as outras áreas envolvidas 
no processo educacional, percebendo a necessidade de reanalisar os processos 
educacionais, começaram a pensar no ser humano a partir de um olhar 
sistêmico. As áreas que antes agiam independentes uma das outras, 
começaram a fazer ricas interlocuções, formando uma interdisciplinaridade que 
mais tarde adquiriu o nome de neuroeducação. 
A Neuroeducação começa a ganhar corpo, se caracterizando como um 
campo multi e interdisciplinar, que oferece novas possibilidades tanto à 
docência, como a pesquisa educacional com a finalidade de abordar o 
conhecimento e a inteligência, integrando três áreas: a Psicologia, a Educação 
e as Neurociências, incluindo as áreas que se formaram com a junção dos 
campos, como a: Neuropsicopedagogia, Neuropsicologia e Psicopedagogia. 
A NEUROEDUCAÇÃO COMO INTERVENÇÃO 
A compreensão de como se dá o processo de construção do 
conhecimento oferece a possibilidade de ações que promovam o 
desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Entender todos os mecanismos 
envolvidos neste processo, significa se implicar em uma tarefa que por vezes, 
não é fácil, mas produtiva e gratificante. Para que a aprendizagem seja possível, 
é necessário ter bem estabelecidos e estimulados mecanismos de atenção, 
memória e esquecimento, linguagem, ter uma boa alimentação e sono de 
qualidade, entre outros, esse movimento leva em consideração todos os 
aspectos do indivíduo, o biológico, social, psicológico, cognitivo. A psicologia 
cognitiva desde seus primórdios vem tratando destes conceitos, avançando em 
pesquisas que investigam suas variações e como podem ser estimuladas. A 
compreensão dos mecanismos do cérebro que estão na base da aprendizagem 
e da memória, e dos efeitos da genética, do ambiente, das emoções e da idade 
 
 
17 
em que se aprende, pode ser transformada em estratégias educacionais 
(BLAKEMORE; FRITH, 2009, p. 11). 
[...] enquanto milhares de estudos foram devotados para explicar vários 
aspectos da neurociência (como animais, incluindo humanos, aprendem), 
apenas uns poucos estudos neurocientíficos tentaram explicar como os 
humanos deveriam ser ensinados, para maximizar o aprendizado. (...) das 
centenas de dissertações devotadas ao ‘ensino baseado no cérebro’, ou 
‘métodos neurocientíficos de aprendizado’, nos últimos cinco anos, a maioria 
documentou a aplicação destas técnicas, ao invés de justificá-las” (ESPINOSA, 
2008, p. 117). 
São postulados por Espinosa (2008) 14 princípios da neuroeducação, nos 
quais articulariam diretrizes das respectivas áreas estruturadoras, psicologia, 
neurociências e educação: 
[...] estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que 
quando não têm motivação; stress impacta aprendizado; ansiedade bloqueia 
oportunidades de aprendizado; estados depressivos podem impedir 
aprendizado;o tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro 
como ameaçador ou não-ameaçador; as faces das pessoas são julgadas quase 
que instantaneamente (i.e., intenções boas ou más); feedback é importante para 
o aprendizado; emoções têm papel-chave no aprendizado; movimento pode 
potencializar o aprendizado; humor pode potencializar as oportunidades de 
aprendizado; nutrição impacta o aprendizado; sono impacta consolidação de 
memória; estilos de aprendizado (preferências cognitivas) são devidas à 
estrutura única do cérebro de cada indivíduo; diferenciação nas práticas de sala 
de aula são justificadas pelas diferentes inteligências dos alunos (ESPINOSA, 
2008, p. 78). 
Para Seixas (2014) uma clarificação sobre os processos, fases, 
mecanismos de como realmente acontece o desenvolvimento cerebral e os 
processos diretamente envolvidos na aprendizagem, ou seja, as descrições dos 
 
 
18 
principais estágios de desenvolvimento cerebral, incluindo as fases da formação 
(neogênese) e migração neuronal, da proliferação dos axónios e dendritos, da 
sinaptogênese (que permite a comunicação entre neurónios), da mielinização 
(que permite agilizar a comunicação entre os neurónios), da poda sináptica 
(onde, face ao excesso de sinapses inicial, as sinapses inúteis são, 
posteriormente, “podadas”) e, por fim, da apoptose (conhecida como morte 
celular), se fazem imprescindíveis (SEIXAS, 2004). Guerra (2011) centrada nos 
desafios e possibilidades de articulação entre as neurociências e a educação, e 
realçando os avanços na produção de conhecimento ao nível do funcionamento 
do sistema nervoso, defende que uma prática pedagógica que respeita a forma 
como o cérebro funciona, se evidencia mais eficiente. 
 A partir dos estudos pôde-se tomar conhecimento do que passou a ser 
chamados períodos sensíveis, ou janelas de oportunidades, ou seja, são épocas 
em que o cérebro está orientado para aprendizagem, há um favorecimento para 
o estabelecimento de conexões entre as distintas áreas cerebrais, imbricadas 
nos processos cognitivos. O conhecimento destes períodos e exploração de 
suas respectivas habilidades podem ter resultados surpreendentes a curto, 
médio e longo prazo. 
Bartoszeck (2009) ressalta que o termo janelas de oportunidades em 
muitas mídias tem aparecido de maneira inadequada, sendo consideradas 
janelas que poderiam se fechar caso não fossem tomadas medidas urgentes 
nestes períodos ou que não haveria mais possibilidade de ocorrer o aprendizado. 
Esse período ao qual foi disseminada a ideia errônea em que o cérebro só 
poderia ser estimulado naquela fase de vida, era denominado período crítico do 
desenvolvimento. Quando a habilidade não é estimulada no período sensível, 
não significa dizer que isso não será mais possível, mas sim que será necessário 
mais empenho para o desenvolvimento da respectiva capacidade. 
O cérebro adulto não tem a mesma capacidade que o cérebro das 
crianças, no entanto, estudo da plasticidade neural demonstrou que mesmo 
 
 
19 
diminuída, a capacidade de aprendizagem se mantém pela vida inteira 
(CONSENZA E GUERRA, 2011). Bartoszeck (2007), pautado nos estudos de 
Doherty (1997), apresenta as seguintes funções que podem ser estimuladas em 
determinadas faixas etárias. 
Peruzzolo e Costa (2015) destacam como algumas estratégias essenciais 
a serem alcançadas nos períodos sensíveis são: 
A representação de entretenimentos e jogos que promovam a motivação 
e interesse da criança a participar de forma ativa; conter elementos de 
diferenciação que possam prender a atenção da criança durante o processo; 
possibilitar a estimulação das áreas mais comprometidas da criança, utilizando-
se das mais desenvolvidas a fim de tornar a intervenção mais completa possível; 
eliminação de fatores inibitórios que possam bloquear a estimulação programada 
(PERUZZOLO; COSTA, 2015, p.7). 
Estratégias que promovam em sala de aula atividades que desenvolvam 
o Sistema nervoso central, por meio de estímulos externos, a fim de facilitar as 
sinapses como o uso de jogos e de músicas em sala de aula, que estimulem 
várias funções mentais, frisando que atividades prazerosas, lúdicas e 
desafiadoras também fortalecem as sinapses. 
Existem ainda alguns empasses no que concerne a uma boa interlocução 
entre os campos que integram a neuroeducação, ou seja, as neurociências e a 
educação, e um dos problemas que impedem a comunicação das distintas áreas 
é a linguagem utilizada por ambas Seixas (2014, p. 51) afirma, “enquanto que a 
teoria e os dados da educação se referem à esfera comportamental, os dados e 
a teoria das neurociências assumem diferentes características, condicionadas 
pela própria natureza do sistema nervoso (elétrica, química, espacial, temporal, 
etc.)”. 
Por fim, tem se visto cada vez mais a necessidade de renovação das 
práticas pedagógicas, pesquisas e mais pesquisas revelando a dificuldade de 
 
 
20 
aprendizagem dos alunos. Educadores que frequentemente tem resultados 
negativos em relação as suas práticas em sala, o que se constata imprescindível 
conhecer o funcionamento cerebral normal, para que assim seja possível 
entender o que está acontecendo com o cérebro lesado, assim como, 
aperfeiçoar as técnicas para com o cérebro saudável, observando as formas e o 
momento mais pertinente de estimulação. 
Dentro de todo o contexto mencionado ressalta-se a importância do 
respeito da singularidade de cada indivíduo, sua respectiva forma de aprender, 
levando em consideração suas condições neuroanatomias, fisiológicas, 
emocionas e cognitivas, que indicarão o melhor e mais adequado caminho a ser 
trilhado, o que permite ver o indivíduo ali presente como único, e que mesmo 
com uma dinâmica de funcionamento diferente, seu aprendizado se faz possível 
com formas alternativas e mais adequadas de abordagem. 
Sendo assim, percebe-se que a neuroeducação pode trazer variadas 
contribuições para educação, por exemplo: a formulação e aplicação de 
programas educacionais como a implementação de atividades e demais projetos 
de intervenção mais efetivos, na medida em que se demonstram mais focais e 
interventivos naquilo em que se propõem; provisões para indivíduos com 
necessidades educacionais especiais de natureza física e/ou sensorial, 
oferecendo possibilidades de intervenções precoces que visem o 
desenvolvimento pleno das capacidades cognitivas e emocionais; orientações e 
entendimento do papel da alimentação no sucesso educacional, orientando 
como uma nutrição adequada aumenta o potencial de nossa capacidade 
cognitiva, e como uma inadequada traz limitações e até prejuízos cognitivos; 
esclarecimento quanto aos neuromitos disseminados pela mídia e demais meios 
de comunicação, que são equívocos quanto aos conhecimentos das 
neurociências, informações errôneas que infelizmente ainda circulam 
constantemente dentro da sociedade e frequentemente no próprio âmbito 
educacional; prescrições para indivíduos com necessidades educacionais 
 
 
21 
especiais de natureza comportamental e/ou emocional e a investigação inicial 
para apontar problemas de aprendizagem; a apreensão de técnicas de 
reforçamento para alunos “difíceis de lidar”, cuja aprendizagem se faz 
comprometida; o entendimento dos processos motivacionais envolvidos dentro 
do ensino-aprendizagem, o que está diretamente ligado a liberação de 
neurotransmissores, a sistemas específicos como o de recompensa e límbico e 
regiões hipocampos. 
O surgimento deste campo de conhecimento traz consigo um leque 
imenso de possibilidades, principalmente quando se fala em educação inclusiva, 
e que por vezes não é tão inclusiva quanto se fala. Não se trata de afirmar que 
tudo estará “salvo” a partir disso, mas é o começo de um novo tempo em que 
caminhos alternativos poderão ser tomados com base científica de efetividade, 
criançasque possuem empasses em sua constituição cognitiva poderão ter as 
chances de alcançar níveis intelectuais que até então não era possível se 
chegar, segundo Cosenza e Guerra (2011, p.139): 
As neurociências não propõem uma nova pedagogia e nem prometem 
solução para as dificuldades da aprendizagem, mas ajudam a fundamentar a 
prática pedagógica que já se realiza com sucesso e orientam ideias para 
intervenções, demonstrando que estratégias de ensino que respeitam a forma 
como o cérebro funciona tendem a ser mais eficientes. 
Algumas pesquisas afirmam sobre uma grande receptividade por parte 
dos educadores quanto a inserção dos conhecimentos neurocientíficos, e a 
implementação de suas intervenções, no entanto é necessária uma estruturação 
mais concreta para que estas práticas sejam inseridas desde a formação do 
educador, onde o mesmo será capaz de considerar o aluno em sua 
individualidade, percebendo suas dificuldades, a causa delas e como agir sobre 
elas. Neste sentido Cosenza (2011, p. 136) aponta que: 
Os avanços das neurociências possibilitam uma abordagem mais 
científica do processo ensino-aprendizagem, fundamentada na compreensão 
 
 
22 
dos processos cognitivos envolvidos. Devemos ser cautelosos, ainda que 
otimistas em relação às contribuições recíprocas entre neurociências e 
educação[...]descobertas em neurociências não autorizam sua aplicação direta 
e imediata no contexto escolar, pois é preciso lembrar que o conhecimento 
neurocientífico contribui com apenas parte do contexto em que ocorre a 
aprendizagem. Embora ele seja muito importante, é mais um fator em uma 
conjuntura cultural bem mais ampla. 
Ainda se sabe que o caminho para a perfeição está longe, e talvez nunca 
chegue, mas o essencial é a persistência e engajamento para que “voos” 
maiores sejam alcançados. 
A principal finalidade da Educação é o pleno desenvolvimento do ser 
humano em sua dimensão social. Define-se como sendo o veículo das culturas 
e dos valores, como construção de um espaço de socialização e consolidador 
de um projeto comum. A educação tem como missão permitir a todos, sem 
exceção, a frutificação dos talentos e da capacidade de criação, o que implica a 
responsabilização individual por si mesmo e a realização de seu próprio projeto 
pessoal (DELORS, 1996, apud ZABALA & ARNAU, 2010, p.60). 
Diante de tudo o que foi mencionado, abraçar as possibilidades de avanço 
é fundamental para que a educação na contemporaneidade se torne cada vez 
mais produtiva e digna de orgulho na sociedade. 
SENTIDOS DA INTERVENÇÃO 
NEUROPSICOPEDAGÓGICA NAS DIFICULDADES DE 
APRENDIZAGEM NA PRÉ-ESCOLA 
“Não devemos ter medo dos confrontos Até os planetas se chocam e do 
caos nascem as estrelas”. (Charles Chaplin) 
A escola da contemporaneidade é o espaço da diferença e da confluência 
de culturas e da diversidade. Sob este quadro social, a ampliação e redimensão 
dos saberes e das práticas educativas com vistas à identificação dos problemas 
 
 
23 
de aprendizagem escolar na pré-escola e as possíveis intervenções 
especializadas, que levem a recuperação de aprendizagens fragilizadas e evitem 
um fracasso escolar nas séries futuras, configuram-se como questões 
fundamentais nas discussões epistemológicas da educação. 
No campo interventivo, a neuropsicopedagogia desponta como campo 
epistemológico do saber, advindo da leitura integrada entre pedagogia, 
psicologia, neuropsicologia psicopedagogia e trabalho clínico. Sua contribuição 
se dá pela relação estabelecida entre o cérebro e a aprendizagem, como vias 
dúbias no processo cognitivo. Seus estudos abrangem um vasto conhecimento 
das bases neurológicas da aprendizagem e do comportamento humano, por 
meio de estímulos contextuais que deem respostas positivas ao processo de 
formação do indivíduo, tomando como foco as relações intrínsecas entre 
atenção, funções motoras, linguagem, memória, cognição e aspectos 
emocionais, psicológicos e cerebrais. Ela busca ainda, compreender o processo 
cognitivo do sujeito aprendente, desde os primeiros anos de vida, seus impasses 
e as principais implicações na aprendizagem humana. 
A natureza do ser humano é marcada pela individualidade e “cada criança 
é diferente, mas se detectada precocemente e devidamente ajudada, pode vir a 
ser um adulto sem problemas” (CORREIA; MARTINS, 2006, p. 01). Partindo 
desta realidade, entende-se que todos os alunos são diferentes, tanto em 
capacidades, quanto em motivações, interesses, ritmos evolutivos e estilos de 
aprendizagem; e todas as dificuldades de aprendizagem são em si mesmas, 
contextuais e relativas, por isso é necessário intervir no processo de ensino e 
aprendizagem, considerando que a criança constrói seu conhecimento através 
de estímulos e o professor é um dos responsáveis em proporcionar meios 
interventivos que venham sanar as dificuldades que possam surgir no processo 
de aprendizagem. 
Nesta perspectiva, este estudo objetiva analisar as dificuldades de 
aprendizagem que surgem o processo educativo da pré-escola, avaliando a 
 
 
24 
importância da prática docente e da intervenção neuropsicopedagógica, como 
fator preponderante no desenvolvimento da criança na faixa etária entre quatro 
e cinco anos, nos aspectos cognitivo, afetivo, social e físico. 
Este estudo justifica-se pela relevância dada ao trabalho docente e às 
dificuldades de aprendizagem na pré-escola, buscando construir um referencial 
teórico-reflexivo para o pensar e o repensar às práticas e ações neste âmbito, 
contribuindo, assim, para que as intervenções neuropsicopedagógicas sejam 
compreendidas, planejadas, articuladas e desenvolvidas, como fator positivo no 
desenvolvimento integral da criança atendida por esse segmento da Educação 
Infantil, pois segundo Smith; Strick (2001, p. 30), “as condições [...] na escola, na 
verdade, podem fazer a diferença entre uma leve deficiência e um problema 
verdadeiramente incapacitante”. 
O esclarecimento sobre esta temática é favorável ao trabalho do professor 
(pedagogo, principalmente), com formação em neuropsicopedagogia, na medida 
em que seu olhar deve ser criterioso e sistêmico, consciente de sua 
responsabilidade na mediação de situações intencionais, analisando quais 
metodologias devem ser adotadas, como forma de contribuir positivamente para 
a superação das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas crianças. 
A estrutura textual deste estudo atende a seguinte ordem: primeiro, 
caracteriza-se a pré-escola como espaço que se constrói entre o cuidar, o brincar 
e o educar; segundo, contextualiza-se a questão das dificuldades de 
aprendizagem na pré-escola, apontando para aquelas de maior incidência; 
terceiro, aponta-se para a importância da intervenção neuropsicopedagógica nas 
dificuldades de aprendizagem, com foco nos processos metodológicos e os 
reflexos na aprendizagem das crianças; quarto, conclui-se reforçando a 
importância da intervenção na superação das dificuldades de aprendizagens 
como questão de preocupação coletiva no âmbito da Educação Infantil. 
Pré-escola: aprendizagem entre o cuidar, o brincar e o educar 
 
 
25 
A pré-escola caracteriza-se como um espaço de motivação, de desafios 
e construção de aprendizagens que levem a criança a perceber o contexto 
escolar como possibilidade de criação, de oportunidades e crescimento pessoal 
no mundo que a cerca. Constitui-se como uma fase repleta de descobertas e 
adaptações, tanto para as crianças, quanto para os pais, pois significa o 
rompimento com um ciclo: o familiar; e o ingresso em outro: a vida escolar, em 
que a criança vivenciará novas dinâmicas e experiências, com o intuito de 
desenvolver suas habilidades básicas para a alfabetização formal e a interação 
social. 
A educação de crianças baseia-se no princípio teórico de uma 
aprendizagem ativa, como elemento fundamental para o desenvolvimentopleno 
do potencial humano e que essa aprendizagem ocorre mais efetivamente, em 
ambientes que promovam oportunidades apropriadas ao desenvolvimento. 
Entende-se por aprendizagem ativa, o processo dinâmico e interativo da criança 
com o mundo, garantindo-lhe a apropriação de conhecimentos e estratégias 
adaptativas, a partir de suas iniciativas e interesses e dos estímulos que recebe 
de seu meio social. Portanto, o principal objetivo da educação é o de estabelecer 
um modelo operacional flexível, com uma estrutura aberta, que garanta o suporte 
a uma aprendizagem significativa no desenvolvimento da criança, em qualquer 
ambiente em que ela esteja. 
Os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil 
(BRASIL, 2006a), apontam a caracterização específica dos ciclos básicos de 
formação do indivíduo: creche, pré-escola e escola. Porém, a principal diferença 
está no sujeito, no objeto e nas relações estabelecidas por estes: 
Enquanto a escola tem como sujeito o aluno, e como objeto fundamental 
o ensino nas diferentes áreas através da aula; a creche e a pré-escola têm como 
objeto as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo que tem 
como sujeito a criança de 0 até 6 anos de idade (BRASIL, 2006a, p.17) 
 
 
26 
O documento ainda aponta para a importância de respeitar as 
singularidades e individualidades de cada criança: diferenças sociais, cognitivas, 
econômicas, culturais, étnicas e religiosas; no processo de cuidar, brincar e 
educar, que é o alicerce da Educação Infantil: 
Assim, “educar” significa propiciar situações de cuidado, brincadeiras e 
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o 
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar 
com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito, confiança, e o 
acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e 
cultural. “Cuidar” significa ajudar o outro a se desenvolver como ser humano, 
valorizar e ajudar a desenvolver capacidades (BRASIL, 1998, p. 23). 
A pré-escola é, portanto, um dos primeiros espaços sociais 
sistematizados que a criança convive fora do ambiente familiar, por isso a 
preocupação deve está centrada na interação, socialização e aprendizado, de 
forma dinâmica e criativa. A ação da escola precisa objetivar a promoção do 
desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo, através de situações que 
promovam autonomia, confiança e segurança para comunicar-se e expressar-se 
no meio em que vive e para que a criança se sinta livre e espontânea em seu 
processo de crescimento, ao invés de apresentar-se como barreira de excesso 
de disciplina e práticas exaustivas e metódicas. 
Em linhas gerais, espera-se que a escola, enquanto instituição 
sistematizadora do saber, e neste caso, a pré-escola, cumpra com a função 
básica de oportunizar a criança, situações de acesso à aprendizagem de 
maneira formal, institucionalizada e apoiada nos referenciais de ética, cidadania 
e dignidade, ampliando a cultura trazida pelo aluno e a própria cultura da 
instituição escolar. 
Dificuldades de aprendizagem na pré-escola: contextualizando o 
tema 
 
 
27 
As dificuldades de aprendizagem apresentam-se como um sintoma 
constante e real no quadro da educação brasileira e toma cada vez maiores 
dimensões e acentuadas discussões nas pautas de reuniões e planejamentos 
de ações educativas e escolares. A sociedade precisa estar atenta e acolher, 
com respeito e maturidade, esta realidade socioeducativa que se apresenta. Isto 
só será possível, mediante práticas pedagógicas interventivas e eficientes, que 
tornem o ensino uma proposta nova e inovadora, com sentido e significado social 
na vida das crianças que apresentam alguma dificuldade. 
A causa das dificuldades de aprendizagem (Das) costuma ser atribuída a 
condições intrínsecas a pessoa, como: a herança, a disfunção cerebral mínima, 
ou os atrasos maturativos; circunstâncias ambientais nas quais se dá o 
desenvolvimento e/ou a aprendizagem, ambientes familiares e educativos, 
projetos instrucionais inadequados; a combinação das anteriores em que as 
condições pessoais são influenciadas de forma positiva ou negativa, pelas 
circunstâncias ambientais, entre outras. 
Desse modo, é possível identificar as diferentes formas de entender as 
dificuldades de aprendizagem. As explicações mais comuns, afirmam que a 
causa é nada mais que o resultado da influência entre a pessoa e o ambiente. 
De acordo com Fonseca (1995, p. 71): 
Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo 
heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na 
aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e 
do raciocínio matemático. 
Na pré-escola, as dificuldades de aprendizagem evidenciam-se pelas 
alterações comportamentais, psicológicas e linguísticas, que podem se 
manifestar através de dificuldades nos conteúdos pedagógicos, na relação com 
o professor e com os colegas de turma e em uma menor participação nas 
atividades escolares, o que poderá inclusive, se transformar em um fracasso 
escolar nas séries seguintes, caso não haja uma intervenção eficiente, pode 
 
 
28 
gerar uma exclusão social, visto que o próprio sistema social do mundo 
capitalista de hoje, 
[...] busca cada vez mais o êxito profissional, a competência a qualquer 
custo e a escola segue esta concepção. Aqueles que não conseguem responder 
às exigências da instituição podem sofrer com um problema de aprendizagem. 
A busca incansável e imediata pela perfeição leva à rotulação daqueles que não 
se encaixam nos parâmetros impostos (BOSSA, 1992 apud PORTO, 2007, p. 
16). 
Evitar o agravamento de tal quadro, requer a participação e apoio da 
família, daí a importância de sua presença na infância e no desenvolvimento da 
criança, pois ela continua sendo a principal instituição no processo de 
socialização e indispensável no desenvolvimento e equilíbrio de seus membros, 
principalmente no acompanhamento as crianças com dificuldades de 
aprendizagem na fase da pré-escola, período de especial cuidado e atenção 
para o desenvolvimento das habilidades cognitivas. 
O trabalho com crianças com dificuldades de aprendizagem ou 
necessidades educativas especiais é tarefa dúbia: da família e da escola, pois 
“as condições em casa e na escola, na verdade, podem fazer a diferença entre 
uma leve deficiência e um problema verdadeiramente incapacitante” (SMITH; 
STRICK, 2001, p. 30). 
A parceria família e escola favorece o sucesso no processo de ensino e 
aprendizagem das crianças, como uma interface dialógica, um trabalho de 
parceria, compromisso e responsabilidade para o desenvolvimento de 
competências e habilidades, na busca por estratégias e condições favoráveis, 
que minimizem as dificuldades e favoreçam uma aprendizagem significativa. 
Em qualquer nível de ensino, as dificuldades de aprendizagem precisam 
ser enxergadas, levadas em consideração, não como fracassos, mas como 
oportunidades desafiadoras e instigantes de serem enfrentadas por todos, na 
 
 
29 
busca, não apenas de um ensino melhor, mas da qualidade de vida de cada 
criança, promovendo condições para que elas possam ser independentes e 
protagonistas de suas histórias de vida, pois para Freire (2003), o espaço 
pedagógico é como um texto, que deve ser constantemente “lido”, interpretado, 
“escrito” e “reescrito”, e nesta leitura, deve haver espaço também, para uma 
releitura da questão das dificuldades de aprendizagem. 
A escola não pode ser um mecanismo de construção de insucesso, 
fracassados, mas de expectativas, esperanças, que precisam contagiar as 
crianças, através do amor, do carinho e do respeito, pois do contrário, as 
dificuldades só aumentarão e serão determinantes para uma trajetória de 
fracassodo aluno. Não se deve pensar em culpados, pois ao se procurar os 
culpados por não conseguir sanar as dificuldades de aprendizagem, a família e 
a escola não percebem que os únicos que não têm culpa nenhuma, são as 
próprias crianças, as quais ficam na expectativa de aprender mais e melhor. 
Uma dificuldade de aprendizagem não pode ser considerada uma 
deficiência, pois há um potencial para o aprender, necessitando apenas de uma 
intervenção adequada. Essa diferença é explicitada por uma definição publicada 
pela Learning Disabilitties Association of Ontário, Canadá, (2000, p. 01 apud 
CORREIA, 2004): “As dificuldades de aprendizagem são discapacidades 
específicas e não discapacidades globais e, como tal, são distintas da deficiência 
mental”. 
Conforme Fortes (2003, p. 12), “isoladas por altos muros e grades, ao 
invés de se tornarem espaço de cooperação entre as pessoas, de construção de 
identidades, de respeito ao pluralismo e às especificidades culturais, as escolas 
por vezes se transformam em espaço alheios à comunidade e aos alunos”. De 
modo que, se não houver uma intervenção eficaz, ainda na pré-escola, este 
quadro pode representar um abismo para a criança, que se sente alheia e 
resistente ao novo modelo de vida social que lhe é apresentado, gerando assim 
conflitos e dificuldades em seu processo de interação social e aprendizagem. 
 
 
30 
Portanto, as dificuldades de aprendizagem podem ser reconhecidas e 
identificadas como uma maneira diferenciada da criança comportar-se diante do 
meio no qual interage. As causas para que isso aconteça são muitas, e podem 
está associadas a diversos fatores, o que suscita o investimento em práticas 
pedagógicas interventivas e especializadas, de forma a compreender e buscar 
alternativas para sanar as possíveis dificuldades apresentadas pelas crianças da 
pré-escola, fase crucial no desenvolvimento saudável de toda a vida escolar. 
Principais dificuldades de aprendizagem identificadas na pré-escola 
As crianças que apresentam dificuldades da aprendizagem na pré-escola 
têm características próprias, que requerem um estudo e intervenção diferenciada 
das crianças maiores, que já frequentam os níveis mais avançados da educação 
básica, de forma a compreender suas causas, as “raízes” do problema, que 
desvelarão os rumos e as prioridades de ações a serem tomadas para, então, 
melhorar o processo de ensino e aprendizagem. 
Na pré-escola, as dificuldades se acentuam pela expressão singular de 
cada criança, em sua forma de ser, estar e relacionar-se com o mundo. Cada 
uma em situação de dificuldade de aprendizagem requer um olhar e uma 
atenção mais apurada, que valorize e respeite seu tempo de aprendizagem, 
como sujeito sociocultural e determinado pelo contexto em que vive. 
Em via desta realidade, o Ministério da Educação (MEC), tem promovido 
nas últimas décadas, políticas de educação especial, que buscam atender às 
demandas da realidade de alunos com necessidades educativas especiais, por 
apresentarem alguma dificuldade de aprendizagem. A resolução nº. 2/2001 
(BRASIL, 2001, p. 2), aponta os grupos que constituem a categoria de 
necessidades especiais, de acordo com as características e dificuldades de 
aprendizagem observadas pela escola no desenvolvimento de suas atividades: 
Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os 
que, durante o processo educacional, apresentarem: 
 
 
31 
I – Dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo 
de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades 
curriculares, compreendidas em dois grupos: 
a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; 
b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou 
deficiências; 
II – Dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais 
alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis; 
III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem 
que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. 
Esta definição ampliada de necessidades educacionais especiais é 
reformulada e adota-se uma ainda mais restrita, que delimita apenas a “alunos 
com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas 
habilidades/superdotação” (BRASIL, 2008, p. 1; 2009, p. 1). 
Segundo Correia e Martins (2006), as dificuldades de aprendizagem 
podem ser explicadas por duas vias: uma focada nos aspectos orgânicos e outra 
nos aspectos educacionais. A primeira explicação é entendida como desordens 
neurológicas que interferem no desenvolvimento, como recepção, integração ou 
extensão da informação, caracterizando-se, em geral, por uma discrepância 
significativa no potencial estimado do aluno e aquilo que ele realmente consegue 
realizar. A segunda, relacionada aos aspectos mais educacionais, diz respeito a 
uma incapacidade ou impedimento para as habilidades de leitura, de escrita, de 
cálculo ou aptidões e interações sociais diversas. O conceito em uma concepção 
mais objetiva e aceita internacionalmente, é assim expresso pelos autores: 
Dificuldades de aprendizagem específica significa uma perturbação num 
ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou 
utilização da linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se por uma 
aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar, ou fazer cálculos 
 
 
32 
matemáticos. O termo inclui condições como problemas perceptivos, lesão 
cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afazia de desenvolvimento. O 
termo não engloba as crianças que têm problemas de aprendizagem resultantes 
principalmente de deficiências visuais, auditivas ou motoras, de deficiência 
mental, de perturbação emocional ou de desvantagem ambientais, culturais ou 
econômicas (CORREIA; MARTINS, 2006, p. 65). 
De acordo com Maluf (2011, p. 2), na pré-escola existem alguns sintomas 
que podem ajudar os profissionais da escola a identificarem as principais 
dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas crianças. A saber: 
- Persistentes problemas na área da Linguagem: de articulação, 
aquisição lenta de vocabulário, restrito interesse em ouvir histórias, dificuldade 
em seguir instruções orais, soletração empobrecida, dificuldade em argumentar, 
problemas em redigir e resumir, etc.; 
- Problemas com a Memória: dificuldades na aprendizagem de 
números, dos dias da semana, em recordar fatos, em adquirir novas habilidades, 
em recordar conceitos, na memória imediata e de longo tempo, etc.; 
- Atenção: dificuldade em concentrar-se em algo que não seja de seu 
interesse pessoal, de planejar, de autocontrole, impulsividade, atenção 
inconstante, etc.; 
- Problemas com a Motricidade: problemas na aquisição de 
comportamentos de autonomia (ex. amarrar os cordões do tênis); 
relutância para desenhar; problemas grafo-motores da escrita (forma da 
letra, pressão do traço, etc.); escrita ilegível, lenta ou inconsistente; relutância 
em escrever; 
- Lentidão na aquisição das noções de espaço e tempo, domínio pobre de 
conceitos abstratos; dificuldade na planificação de tarefas; dificuldades na 
realização de tarefas acadêmicas, provas, etc.; dificuldade de aquisição de de 
novas aprendizagens cognitivas; problemas sociais. 
 
 
33 
A identificação destas características é responsabilidade de todos que 
fazem parte da escola, mas geralmente é o professor que logo observa estes 
comportamentos na criança, já que a relação docente e discente é mais próxima, 
acontece na dinâmica do dia a dia, através das diferentes tarefas feitas na aula. 
Ao perceber algum desses comportamentos, o docente deve procurar uma 
orientação para saber como lidar. A equipe técnica e pedagógica precisa intervir, 
buscando junto à família, o apoio de profissionais especializados de outras 
áreas, para traçar um diagnóstico, quando necessário, demodo que a prática 
pedagógica possa ser revista e readaptada a nova realidade. 
Estas práticas devem centrar-se no trabalho individual e coletivo. No 
primeiro caso, onde a criança possa sozinha, desenvolver as atividades, 
superando desafios e sentindo-se capaz e integrante do processo. No segundo 
caso, a interação social e o convívio com os colegas é o principal objetivo, que 
a fará compreender a dinâmica de aprendizagem coletiva e a convivência em 
grupo, criando vínculos de respeito e cidadania, não apenas só para a criança 
com dificuldade, mas para as demais, que aprenderão a conviver com a 
diferença e diversidade cultural. 
Visto as variáveis que interferem na própria delimitação do conceito de 
dificuldades de aprendizagem e aquelas que têm maior incidência na fase da 
pré-escola, destaca-se a importância do desenvolvimento de estratégias de 
intervenções pedagógicas eficientes, que oportunize a todas as crianças o 
brincar, o aprender e o desenvolver com dignidade e igualdade de 
oportunidades, através da assimilação do real e da experiência vivida. 
Intervenção neuropsicopedagógica às dificuldades de aprendizagem 
A pesquisa das neurociências, em especial da neuropsicopedagogia, é de 
fundamental importância na busca por entender os processos 
neuropsicobiológicos, tomando o cérebro como a fonte do aprendizado humano, 
todavia, mesmo em face disso, as formulações teóricas acerca da temática ainda 
são escassas. Por isso, cabe ressaltar que a Neuropsicopedagogia, tanto Clínica 
 
 
34 
como institucional, é um conhecimento que se origina, principalmente da 
Psicopedagogia, e agregando-se a esta, como uma ciência que atua em diversos 
contextos sociais, buscando compreender o processo cognitivo do sujeito 
aprendente, desde os primeiros anos de vida, seus impasses e as principais 
implicações na aprendizagem humana. 
Depois de identificadas as dificuldades enfrentadas pela criança na pré-
escola, uma intervenção deve ter como objetivos: prevenir e minimizar o fracasso 
nas séries seguintes, considerando que o aluno não é culpado pela não 
aprendizagem; e assim, fazendo um chamamento para que a escola repense 
sua atuação, pois 
Há o perigo de a Escola, diante de qualquer comportamento divergente 
de seus alunos, encaminhar essas crianças para as classes especiais, sem 
antes realizar uma reflexão profunda sobre as mesmas. Qualquer rotulação é 
uma tendência reducionista, pois muitas vezes rotula-se a criança sem que 
sejam pesquisadas as condições em que o problema ocorreu [...] não se pode, 
portanto, colocar crianças em classes especiais, sem a indicação da equipe 
multiprofissional, cuja orientação é imprescindível (BOLETIM DE EDUCAÇÃO, 
1998, p. 12). 
Por esse motivo é cada vez mais frequente o surgimento de “crianças 
problemas”, rotuladas como incapazes e fracassadas, e esses problemas 
passam a fazer parte do histórico de vida da criança, e estas passam a enfrentar 
sérias dificuldades em qualquer ambiente em que se inseriram. Muitas vezes, as 
crianças com necessidades especiais, passam a ser identificadas pela 
característica especial, tendo assim sua identidade negada como sujeito. 
Em relatório entregue ao Ministério da Educação, Correia (2006), da 
Universidade do Minho, enfatiza que “os alunos que apresentam dificuldades de 
aprendizagem são totalmente entregues à sua sorte, culminando o seu percurso 
escolar num insucesso total”. 
 
 
35 
A prática pedagógica na pré-escola com crianças que apresentam 
dificuldades de aprendizagem, envolvendo crianças entre quatro e cinco anos de 
idade, deve ser diferenciada, adaptada ao tempo e espaço que cada um 
aprende. Para tanto, é necessário que o professor tenha o conhecimento e 
domínio de diferentes métodos e formas de ensinar, levando em consideração 
as múltiplas dificuldades apresentadas em uma sala de aula heterogênea, em 
que cada sujeito já traz consigo uma convivência de mundo - mundos diferentes. 
Visto essa diversidade, cabe ao professor promover constantes atividades 
de interação e respeito ao outro, que permitam o entrelaçamento entre 
conteúdos didáticos e experiências de vida, fazendo com que a criança sinta-se 
inserida e participante do processo de aprendizagem, pois a “interação entre o 
mestre e o estudante é essencial para a aprendizagem, e o mestre consegue 
essa sintonia, levando em consideração o conhecimento das crianças, fruto de 
seu meio” (FREINET, 2002, p. 14). 
O trabalho docente deve está voltado para as potencialidades de cada 
criança, e não para as dificuldades, pois desta forma, acaba por rotular a criança, 
numa fase em que isso é injustificável, visto que estas dificuldades podem ser 
apenas transitórias, e se forem identificadas e houver um trabalho interventivo 
eficiente, logo serão superadas, pois “o mais importante e bonito do mundo é 
isto: que as pessoas não são sempre iguais, ainda não forma terminadas, mas 
que vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior, é o que a vida 
me ensinou”, poetiza João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas (2001, 
p. 24-25). 
Dentro do espaço escolar, o neuropsicopedagogo tem uma visão sobre 
as relações entre aprendizagem e as estruturas cerebrais, que danificadas, 
provocarão alguma dificuldade de aprendizagem. A priori, ele realiza as mesmas 
atividades estabelecidas para o profissional da Psicopedagogia, mas como sua 
formação vai além, ele busca intervir, através da compreensão das estruturas 
cerebrais envolvidas na aprendizagem humana, percebendo de que forma o 
 
 
36 
cérebro gerencia a construção do saber humano, do comportamento emocional, 
o mapeamento dos transtornos neuropsiquiátricos e estímulo a novas sinapses 
para uma aprendizagem significativa. 
A intervenção neuropsicopedagógica contribuirá para a melhoria na ação 
do professor e na aprendizagem da criança. Ambas devem ser dinâmicas e 
próximas da realidade, fazendo com que teoria e prática se firmem e tenha 
sentido para o sujeito que aprende, de maneira articulada e simultânea, 
buscando, através da exploração de diferentes atividades, desenvolver as 
habilidades necessárias, promovendo a descoberta e a inserção da criança no 
mundo, sem que sofra nenhuma marginalização social. 
Uma intervenção eficiente deve levar em consideração, portanto, o nível 
de aprendizagem em que o aluno está e as possíveis condições para uma 
intervenção significativa, que deve ser feita coletivamente, por todos que fazem 
parte da escola, através de ações pedagógicas investigativas e intencionais, de 
modo que as situações de aprendizagem devam ser organizadas pela 
construção de oficinas interativas, que atraiam a atenção das crianças às 
múltiplas possibilidades dos conteúdos que estão sendo ensinados, fazendo 
com que elas encontrem sentido, possibilidades e formas de atingirem o 
conhecimento. 
Processos metodológicos e mediação docente 
O trabalho pedagógico na pré-escola requer muita competência e 
compromisso por parte do professor. Exige a capacidade de instrumentalizar o 
conteúdo, tornando-o acessível e coerente com a realidade do aluno, levando 
em consideração as funções de brincar, cuidar e educar da Educação Infantil, 
em que as crianças devem: “ser auxiliadas nas atividades que não puderem 
realizar sozinhas: ser atendidas em suas necessidades básicas físicas e 
psicológicas; ter atenção especial por parte do adulto em momentos peculiares 
de sua vida” (BRASIL, 2006a, p.18). 
 
 
37 
A aprendizagem deve representar momentos de descoberta, riqueza e 
alegria para criança, para que ela possa desenvolver-se de maneira livre e 
espontânea. Aprender é um processo cultural construído pela interação e pelo 
diálogo entre os integrantes do processo de ensinar e aprender (professor e 
aluno), pois a construção do conhecimento não é transmissão ou reprodução de 
informações prontas,mas a problematização destas, de maneira questionadora 
e inquieta, levantando hipóteses, reformulando ideias, numa proposta de criar e 
solucionar problemas aparentemente simples, mas que podem ser 
reinterpretados, conforme a criticidade e leitura de mundo inerente a cada leitor, 
que ao realizar tal ação, gera novos posicionamentos. 
O processo de ensino e aprendizagem a crianças com dificuldades de 
aprendizagem na pré-escola deve estar pautado numa perspectiva de mudança, 
de transformação social, no respeito as diversidade de raça, classe, gênero ou 
qualquer outra distinção, como forma de legitimar um fazer pedagógico 
democrático. O ensino como construção social, precisa contribuir para a 
formação integral do ser humano, em seus aspectos físicos, motores, cognitivos, 
psicológicos, entre outras dimensões. 
A formação de novos valores deve partir do respeito às diferenças e do 
aprender a conviver com o diferente. A igualdade não é o “normal”: todos somos 
diferentes. Há necessidade de se ver a pessoa como um todo, respeitar suas 
diferenças e utilizá-las para a construção de uma sociedade na qual o somatório 
das diferenças resulte na construção de um todo mais harmonioso e feliz. Assim 
sendo, todos têm a contribuir uns com os outros para a construção de um novo 
homem (BRASIL, 2006, p. 12). 
Apoiado neste fundamento apresentado pela Coleção “Educação infantil: 
saberes e práticas da inclusão”, conclui-se, que a legitimidade dos processos de 
ensino e aprendizagem na pré-escola deve pautar-se na ética e respeito, como 
forma de levar o educando a interpretar o mundo em que vive, dando novos 
rumos àquilo que vê, a partir do próprio pensamento e da linguagem; e a escola 
 
 
38 
deve ser o lugar para esta provocação e inquietação sobre os problemas sociais 
que fazem parte e enriquecem a realidade de cada criança. 
Quando detectada a dificuldade de aprendizagem da criança, o professor 
precisa agir de maneira ética em relação ao caso, buscando criar estratégias 
didático-pedagógicas que respondam com eficiência a dificuldade, que na 
maioria das vezes, pode ser transitória, visto que a criança está em fase de 
formação, ou seja, tudo ainda é muito indefinido. 
O trabalho do professor da pré-escola deve está voltado para a efetiva 
construção de aprendizagens, que tenha sentido e significado para o sujeito que 
aprende. No caso das crianças com dificuldades de aprendizagem, as situações 
de aprendizagem devem ser diversificadas, adaptadas às especificidades do 
aluno, construindo assim, um modo heterogêneo de facilitar a aprendizagem. 
A proposta que se impõe é a igualdade de possibilidades, como forma de 
promover a inclusão de todos e em todos os setores sociais, pensando na 
formação de um homem capaz de apreender o mundo em que vive em condições 
de transformá-lo e não somente de reproduzi-lo, e essa formação perpassa pela 
obtenção de habilidades, atitudes e valores, que são oferecidas pelo professor, 
por isso é tão importante o seu processo contínuo de formação. 
Em vias das leituras fomentadoras desta escrita, aponta-se para a 
importância da intervenção neuropsicopedagógica nas dificuldades de 
aprendizagem na pré-escola, considerando a criança como um ser social, 
histórico e psicológico, e que o trabalho pedagógico nesta etapa deve basear-se 
numa teoria construtivista, que conceba sua cultura adjacente, articulando-a com 
os saberes teóricos da escola, como ponto principal para a construção de uma 
educação democrática e transformadora da realidade do educando. 
O fazer docente deve considerar as particularidades e as razões que 
causam algum déficit na aprendizagem da criança na pré-escola, fase tão 
importante e determinante na vida estudantil, buscando desenvolver estratégias 
 
 
39 
que deem sentido a aprendizagem, conduzindo o aprendiz pelo caminho da 
descoberta de novos rumos do saber e potencialidades. 
As breves e ainda tímidas referências sobre a atuação do 
neuropsicopedagogo dão, portanto, um direcionamento para sua importância no 
processo de ensino e aprendizagem. Reconhecida a sua relevância para a 
compreensão dos problemas e dificuldades de aprendizagem escolar, vislumbra-
se cada vez mais, um investimento na valorização e legitimação deste 
profissional no âmago das ciências educativas, pois que, educar é um processo 
sensível e complexo, que envolve a interface de saberes múltiplos e a (des) 
construção de modelos pré-construídos ao longo do domínio de um sistema de 
ensino linear, burocrático e unilateral, e requer a participação das diferentes 
cadeias sociais. Este pensamento vai de encontro há uma “necessidade de 
passar a visão centrada só nos problemas (e, portanto, nas dificuldades) de 
aprendizagem às dificuldades de ensino, centrando a reflexão nos contextos 
para modificar objetivos e estratégias de nossa maneira de trabalhar” 
(ALBERTINI, 2012, p. 1), perspectiva que cunha lugar nos discursos 
educacionais contemporâneos. 
Deste modo, é fundamental a adesão a novos conceitos e propostas de 
ensino e aprendizagem, com foco no atendimento as crianças com dificuldades 
de aprendizagem na pré-escola. É preciso superar um modelo de ensino 
autoritário, baseado em metodologias mecânicas e tradicionais e buscar 
transformar as práticas pedagógicas em caminhos livres e potencializadores, 
para que as crianças possam manifestar suas reais condições de aprendizagem, 
apoiadas em princípios e valores comprometidos com a formação integral. 
 
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