Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 O QUE SÃO ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM? .............. 3 3 A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL .................... 5 4 COGNIÇÃO E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES ...................................................................................................... 8 4.1 Sistema nervoso e cognição ................................................................ 9 5 O PSICOPEDAGOGO E OS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM .......... 13 6 AS INTERVENÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NA REDUÇÃO DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM ........................................................................ 15 7 A PSICOPEDAGOGIA E A FAMÍLIA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM ...................................................................................................... 21 8 O QUE É DÉFICIT COGNITIVO? ............................................................. 25 9 NEUROCIÊNCIA COGNITIVA: A CIÊNCIA DA APRENDIZAGEM E DA EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 28 9.1 O QUE É NEUROCIÊNCIA COGNITIVA? ......................................... 29 9.2 COMO A NEUROCIÊNCIA PODE AJUDAR NO APRENDIZADO ..... 30 10 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA ................................................................ 31 11 ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM E A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM ...................................................................................................... 33 12 A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO DA COGNIÇÃO SOCIAL PARA APRENDIZAGEM ESCOLAR .................................................................................... 41 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 44 14 BIBLIOGRAFIA ......................................... Erro! Indicador não definido. 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 O QUE SÃO ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM? Os aspectos cognitivos atuam como motor no processo de aprendizagem. É importante que tenhamos em mente que existem muitas coisas envolvidas nesse desempenho cerebral. No entanto, não é possível falar sobre o ato de aprender sem relembrarmos alguns conceitos, dentre eles a cognição. O que é cognição? Bom, a cognição é o ato que consiste em processar as informações. A função dessa habilidade é o de perceber, integrar, compreender e responder adequadamente a todos os estímulos do ambiente de uma pessoa. Vale ressaltar que isso leva o indivíduo a pensar e avaliar como é, e o que fazer para cumprir uma tarefa ou uma atividade social. Além disso, vale salientar que para processar, torna-se necessário o envolvimento de várias regiões cerebrais, que são responsáveis por abrigar determinadas funções que expressam uma habilidade específica. Outro detalhe que merece ser destacado é que estas partes devem estar íntegras, maduras de acordo com a idade e se interconectarem de maneira adequada para que ocorra uma boa resposta do cérebro aos estímulos do ambiente, a concretização da aprendizagem e a evolução adaptativa para novas aprendizagens. Dentro do processo de aprendizagem ocorre o que conhecemos por desenvolvimento cognitivo, que pode ser definido como o aprimoramento dessas habilidades, cuja evolução constante tende a propiciar uma vida de autonomia ao indivíduo. Sendo assim, é importante ficar atento a algum sinal que denote um possível atraso. Aspectos cognitivos da aprendizagem no autismo Podemos citar como exemplo uma criança que conviva com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Quando ela estuda em uma turma com alunos regulares, a educadora deve compreender que nem todo estímulo poderá ser suficiente para 4 conduzir o estudante em questão a ser participativo durante as aulas, pois alguma parte da cognição pode se encontrar um déficit. Não são poucas as vezes que a linguagem verbal pode apresentar algumas carências em detrimento de algumas funções executivas da mesma criança. Para ficar mais esclarecido, vale reiterar também que a depender do grau do transtorno e até mesmo do tempo em que o pequeno recebe as intervenções de especialistas, dois estudantes com TEA podem manifestar sinais completamente diferentes. Importante visar que esse aspecto é único e que cada pessoa apresenta uma determinada característica. Sendo assim, podemos dizer que a aprendizagem no autismo tem como marca o aspecto fragmentado. Isso significa que o raciocínio de uma criança com TEA pode não completar diferentes partes de um todo. Isso não é algo integral, o que pode ser notado também pela tendência desse público específico a preferir atividades que apostam mais na rotina e aquelas que são completamente repetitivas. A cognição e o cérebro Devemos relembrar que o cérebro, em sua totalidade, é dividido em regiões no qual cada parte atua com uma função predominante, porém interligada e integrada com outras áreas. Com isso, vale ressaltar que que estas conexões costumam se aprofundar e se interconectar formando unidades funcionais, cujo papel preponderante na geração ocorre, além da coordenação e manutenção das funções cerebrais em rede. Devemos ressaltar que estas, em conjunto com outras partes funcionais, coordenarão o processamento das mais variadas informações no cérebro, são elas: ler, escrever, pensar, perceber sons/estímulos visuais, entender símbolos, perceber a face de seu semelhante e sentir algo resultante, etc. Por fim, vale salientar que a aprendizagem infantil e todos os atos que são executados pelo ser humano dependem inteiramente dessa conexão que mencionamos anteriormente. 5 3 A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL Nessa reflexão podemos notar o que é e do que se trata a Psicopedagogia. Teve a sua origem no século XIX na Europa como atuação na área da saúde com deficiências e na educação com crianças com comportamento inadequados e dificuldade de aprendizagem, tem a sua atuação caracterizada na reeducação, segundo o contexto histórico social o cientificismo que tinha como foco a crença na ciência e no positivismo. Fonte: domboscoead.com.br Em um primeiro momento foi organizada numa visão organicista sobre os problemas de desenvolvimento e aprendizagem detendo com isso uma visão patológica do ente da aprendizagem, mesmo antes dessa ciência chegar ao Brasil chegou primeiro na Argentina em meados da década de setenta, tendo sido criado em Buenos Aires os primeiros cursos de Psicopedagogia primeiramente entendido como Centros de Saúde Mental, as razões para a sua criação foi a grande demanda nos problemas da aprendizagem. Nessa década com forte influência da Argentina a Psicopedagogia chegou ao Brasil como uma oportunidade deresolução das demandas dos grandes problemas da aprendizagem, deste modo surgiu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul o Centro 6 de estudos Psicopedagógicos que inicialmente estudou com bases nos princípios europeus se utilizando do Método Terapêutico da Pedagogia Curativa fechando-se a sua atuação no campo clínico que tinha como denominação Pedagogia Terapêutica, Em 1979 foi criado e fundado o Curso de Formação Clínica e Institucional de Psicopedagogia formulado no instituto SEDES SAPIENTIAE no estado de São Paulo, nessa época houve uma grande procura por intervenções educacionais daí a necessidade de criação do instituto para lidar com problemas da aprendizagem, com isso surgiram os cursos de especialização e pós graduação em várias instituições. O que é psicopedagogia A Psicopedagogia é um campo de estudo que se preocupa com a aprendizagem humana, geralmente temos a concepção que psicopedagogia é apenas a junção da psicologia com a pedagogia. A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda - o problema de aprendizagem, colocado em um território pouco explorado, situado além dos limites da psicologia e da própria pedagogia – e evoluiu devido a existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo- se assim, em uma prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem. Portanto, vemos que a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprender, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e a preveni-las. (BOSSA, 2007, p. 24, Apud ANGELO J. S. 2018) Normalmente se pensa na aprendizagem apenas num conjunto de criança e escola, essa relação na verdade existe, mas não somente essa, pois, não se pode medir a idade da aprendizagem, num sentido de quando a criança aprende, pois aprendemos a vida toda e em todos os lugares não necessariamente na escola, nesse sentido o leque de atuação de um psicopedagogo não se prenderá apenas na criança mais em todo aquele que tiver dificuldade no processo de aprender. Existem duas grandes áreas de atuação do psicopedagogo, a área clínica e a institucional, contudo independente da área o que voga é o processo de aprendizagem, porém dependendo de onde está o sujeito do processo ficará diferente, se na área clínica será necessário fazer um trabalho individualizado, resultando em uma intervenção se assim for necessária, geralmente esse profissional atua em um consultório, por isso algumas escolas ao invés de ter no seu quadro um profissional 7 com essa habilitação contrata-o em sua clínica cabendo ao mesmo se deslocar a escola para uma avaliação de um respectivo aluno ou grupo de alunos. Já o psicopedagogo institucional trabalhará semelhante ao clínico pois os processos são os mesmos, o diferencial é que a resolução dos problemas da aprendizagem se dará em um espaço mais coletivo, sendo qualquer empresa, loja, instituição, hospital entre outros locais é uma instituição onde poderá trabalhar, desta forma o trabalho do psicopedagogo na escola segundo Bossa (2007) é necessário, pois, no primeiro nível o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de diminuir a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho incide nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de professores, além de fazer aconselhamento aos pais. No segundo nível o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de aprendizagens já instalados. Para tanto cria-se plano diagnóstico da realidade institucional, e elaboram-se planos de intervenção baseados nesses diagnósticos a partir do qual se procura avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam tais transtornos. No terceiro nível o objetivo é eliminar transtornos já instalados em um procedimento clínico com todas as suas implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros. Em se tratando da escola o psicopedagogo tem como foco trabalhar com o aluno, o pedagogo, orientadores e professores. Para (SANTOS, 2011, p. 02), o trabalho na instituição escolar apresenta duas naturezas: O primeiro diz respeito a uma psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que apresentam dificuldades na escola. O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula, possibilitando o respeito às necessidades e ritmos. Tendo como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem dos conceitos conforme os objetivos da aprendizagem formal. O segundo tipo de trabalho refere-se à assessoria junto a pedagogos, orientadores e professores. Tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos e as diferentes áreas do conhecimento. O Psicopedagogo tem como instrumento de trabalho: a atenção concentrada e a capacidade de tomada de decisão. Estas são habilidades que a pessoa humana 8 precisa ter e se não tem deve-se analisar os porquês, ou seja, pode ser uma dificuldade por parte do aluno para expressar aquilo que ele sabe, tomar uma decisão e usar o conhecimento de uma maneira mais rápida são qualidades a serem desenvolvidas no processo de intervenção do psicopedagogo. 4 COGNIÇÃO E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES O individuo através da constante interrelação com o meio constrói sua aprendizagem, mas sabemos que nesse meio termo vários fatores podem influenciar ou prejudicar a aprendizagem do mesmo. Entre as dificuldades podem-se destacar alguns distúrbios ou dificuldades de aprendizagem como: Dislexia, Discalculia, Autismo, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), entre outros. A aprendizagem do indivíduo depende de suas experiências, é portanto, um processo pessoal e individual. Tem fundo genético segundo algumas teorias da aprendizagem, mas também dependem de vários fatores como: Esquemas de ação inatos do indivíduo; estágio de maturação do sistema nervoso; tipo psicológico (introvertido e extrovertido) e do seu esforço e interesse. Vale ressaltar, que há fatores fundamentais para que a aprendizagem seja efetivada, tais como: motivação; saúde física e mental; maturação; inteligência; concentração e atenção; memória entre outros. O processo pelo qual o individuo passa depende da integração, das funções neurológicas que precisam de exercícios para amadurecimento das bases neurológicas, ou seja, são necessários estímulos visual, tátil, auditivo, sinestésico (movimentos), além disso, há também estímulos da linguagem gestual (mímica) e os movimentos articulatórios essenciais para à aquisição da fala. Para que a aprendizagem ocorra devemos compreender o funcionamento do centro nervoso, da articulação da palavra e o centro da articulação da escrita que só entram em atividade pelo ensinamento com a aprendizagem de sinais ou códigos e regras. Entende-se que os nervos e o sistema nervoso funcionam com as experiências com determinada fase de maturação e não com o ensino e aprendizagem, pois nos primeiros anos de vida o individuo só aprende a memorizar com a prática. 9 Diante disso, quando ocorre a má-formação, distúrbio ou interrupção do cérebro, medula nervosa e nos nervos, prejudica os estímulos e consequentemente a aprendizagem. O desenvolvimento mental da criança é gradativo e vai progredindo e a educação contribui para sua capacidade do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. Fonte: br.guiainfantil.com 4.1 Sistema nervoso e cogniçãoO Sistema Nervoso Central é compreendido pelo cérebro, cerebelo e medula espinhal. O primeiro está localizado no final da coluna vertebral. Todos os nossos movimentos durante o dia como caminhar, correr, saltar entre outras exigem energia e nosso cérebro necessita de uma dieta balanceada, pois uma dieta desequilibrada pode desencadear sintomas negativos. A conexão do cérebro que existe entre uma célula e outra por onde viajam as mensagens por meio de substâncias químicas são chamados de neurotransmissores. Esta substância química é responsável de carregar mensagens entre diferentes células estes são chamados de sinapses. As sinapses podem ser divididas em três tipos: químicas, elétricas e mistas. Na química um neurônio se comunica com outro por meio de uma substancia química, ou seja, um neurotransmissor. Na elétrica duas membranas se encontram coladas e as 10 informações são transmitidas diretamente. Já na mista que é a junção da química e elétrica os neurônios comunicam-se de duas formas descritas anteriormente. O nosso cérebro possui duas regiões importantes o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo. Estes hemisférios apresentam cada um, quatro lobos: frontal, parietal, temporal e occipital. O corpo caloso é uma estrutura do cérebro que une os dois hemisférios. O cérebro é formado por matéria branca e cinzenta. A matéria branca é formada por axônios (no centro do cérebro) e a matéria cinzenta por corpos neurais (no córtex e nos gânglios da base do cérebro). O cérebro conta também com dois tipos de proteção: Óssea, que forma uma barreira física e a líquida, que serve como amortecedora. A caixa craniana ou crânio que recobre o cérebro é uma proteção óssea, além disso, temos o líquido cefalorraquidiano que está presente e fora do sistema nervos, permitindo que o cérebro seja comprimido e amorteça-se sem sofre danos. O cerebelo pode ser encontrado abaixo do lobo occiptal e tem como funções manter o equilíbrio do corpo e a coordenação dos movimentos, além disso, serve como a conexão entre a medula e o cérebro, além de desempenhar papel importante no processamento cognitivo, coordenando os pensamentos, memória, sentidos e emoções. Já a medula espinhal é formada por células nervosas, conectada com o cerebelo e transmite mensagens do cérebro ao corpo e do corpo ao cérebro. A coluna vertebral é sua proteção que é formada por anéis ósseos que giram uns sobre os outros permitindo mobilidade. Segundo Fonseca (2007), cognição é compreendida como um ato de captar, conhecer, exprimir e elaborar informações. Dá interação multifacetada, entre o corpo, o cérebro, e os vários ecossistemas ocorrem o desenvolvimento cognitivo pelo qual nos adaptamos ao meio exterior que nos envolve. Desta forma, o transformamos à nossa medida. O individuo necessita de condições necessárias para aprender, por isso, é de suma importância focar não somente nas funções cerebrais e sua relação com os processos cognitivos, mas entender que cada pessoa tem sua particularidade de aprender e processar as informações que não depende só do cérebro, mas também da estrutura psíquica que geralmente chamamos de afetividade. Entende-se que o desenvolvimento cognitivo é resultado de constantes transformações e reestruturações que ocorrem nas diversas interações que o individuo estabelece. Para que haja um bom funcionamento do cérebro e da mente 11 não somente do biológico, mas também das suas experiências vivenciadas. Vale ressaltar também, a cerca da dimensão cognitiva que se trata do desenvolvimento das funções cognitivas que permitem a pessoa realizar movimentos, ou seja, o domínio das relações espaciais e simbólicas. A aprendizagem desempenha papel central no desenvolvimento humano, sendo sua principal característica os processos de mudança que acontecem como resultado da experiência. Aprendizagem, portanto, é o resultado já maduro de um processo que se expressa diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência. Pode-se também afirmar que esse termo tem um sentido muito amplo, pois abrange os hábitos que os indivíduos formam os aspectos de sua vida afetiva e a assimilação de seus valores culturais. (KATO, 2009, Apud CUNHA M. V. L. 2019). Compreende-se que uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela que não consegue aprender com os métodos que aprendem a maioria dos alunos, seu rendimento escolar esta abaixo de suas capacidades. Em alguns casos são encontrados indicadores neurológicos que podem ser base de um problema de aprendizagem. Acredita-se que um dos grandes desafios do século XXI é a socialização e integração das crianças com dificuldades de aprendizagem causadas por diferenças no funcionamento cerebral e da maneira como o cérebro processa as informações. A compreensão acerca dos transtornos relacionados ao desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem exige abordar uma concepção sistêmica. Para que haja um desenvolvimento nas habilidades das crianças com problemas de aprendizagem é de suma importância a participação dos pais, professores e profissionais especializados proporcionando recursos necessários para melhoria na qualidade de vida. Segundo Luculano (2008), algumas crianças apresentam baixo desempenho em Cognição Numérica e isso é justificado pela literatura como por um empobrecimento do processamento e da compreensão de símbolos numéricos e esse empobrecimento tem sido relacionado a uma falta de automatização do conhecimento matemático (fatos numéricos) adquirido durante a aprendizagem. Em suma, o desempenho em cálculos exige aspectos de processamento numérico. Vale ressaltar, para que aprendizagem seja significativa, deve-se dá tempo aos alunos, pois a matemática é aprendida de forma gradual, o estudante deve ter um tempo adequado para organizar o pensamento para integrar novas aprendizagens às 12 anteriores, isto é indispensável, e desta forma estará estimulando o raciocínio dedutivo do aluno. Compreende-se que nos dias atuais os estudantes não devem apenas fazer operações, mas também passem e comecem a raciocinar acerca destes. Os discentes devem participar e os jogos e problemas devem motivá-los a buscar soluções. O docente precisa usar de estratégias adequadas que aguce a curiosidade do aluno e assim ajudá-los a chegar ás respostas. A linguagem das operações matemáticas ou termos usados nas operações devem ser compreendidos pelos alunos, a compreensão é de suma importância, assim, como associar essa linguagem aos processos. Deve haver também a organização de espaço e tempo, pois algumas crianças com dificuldade de organização espaço-temporal apresentam erros na resolução de operações matemáticas. Há algumas áreas que podem interferir na aprendizagem da matemática como: Perseverança: alunos que apresentam dificuldades em pensar mentalmente; Habilidades espaciais: dificuldade em relações espaciais, distância, relações de tamanho, e formas de sequencia; Linguagem: dificuldade em compreender termos matemáticos como primeiro, último, seguinte, maior que, menor que, etc; Memória: dificuldade de relembrar informações que lhes foram apresentadas; Processamento perceptivo: dificuldades nessa área podem apresentar problemas na leitura e escrita de quantidades, na realização de operações e às vezes na resolução de problemas. Compreende-se, que a aprendizagem é uma sequencia de eventos internos que representa o processamento das informações e, por conseguinte, na construção do conhecimento por meio da organização, estruturação e compreensão das informações, estas características possuem um significado ativo, construtivo, cognitivo, além da interação entre o sujeito e a tarefa para que haja uma aprendizagem significativa. 13 5 O PSICOPEDAGOGO E OS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM Para Soares (2014, p. 87) na prática,o psicopedagogo tem como modelo, papéis assumidos tanto pelo psicólogo no que tange a atuação clínica, como do pedagogo, no trabalho com aprendizagem. Historicamente é a partir destes modelos que surge a identidade do psicopedagogo com uma especificidade que lhe é própria. Fonte: understood.org A ação dos profissionais que lidam com os problemas de aprendizagem, a partir da cotidianidade construiu sua práxis, estabelecendo novos ideais, dando assim elementos que possibilitam a revisão da atuação educacional. Nas instituições o psicopedagogo cumpre a importante função de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de normas de conduta inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar, contrabalançar a necessidade de repressão. Agindo assim, a maioria das questões poderão ser tratadas de forma preventiva, antes que se tornem verdadeiros problemas e/ou também interventiva, se a dificuldade de aprendizagem já estiver evidente. Polity (2016, p. 54), faz menção 14 com respeito à importância da prevenção e da intervenção psicopedagógica, mas enfatizam também que não podemos ignorar a fase que precede a essas ações. A Psicopedagogia sendo um trabalho preventivo e terapêutico, não deixa de resultar em um trabalho teórico. Ou seja, tanto na prática preventiva como clínica, o profissional procede sempre embasado no referencial teórico adotado. Acreditamos que a teoria poderá contribuir para tal referencial por se atentar ao desempenho das crianças em idade escolar. No pensar de Pain (2014, p. 93) O problema de aprendizagem não é um termo para referência de um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que afetam o rendimento e a vida escolar do aluno. É atribuído a várias causas e aspectos diferentes que podem prejudicar o funcionamento cerebral. Às vezes, as dificuldades de aprendizagem são tão sutis que essa criança não apresentam anormalidades, mas podem apresentar uma inteligência na média ou superior e serem excepcionais em algumas áreas. Bossa (2014, p. 64) afirma que: “Os distúrbios de aprendizagem são compreendidos como termo utilizado para explicar comprometimento neurológico que interferem na percepção e no processamento de informações pelo aluno impedindo sua aprendizagem.” Já Pain (2014, p. 65) considera a dificuldade para aprender como um sintoma, que tem uma função positiva, tão integrativa como o aprender, e que pode ser determinado por: Fatores orgânicos: relacionados com aspectos do funcionamento anatômico, como o funcionamento dos órgãos dos sentidos e do sistema nervoso central; Fatores específicos: relacionados à dificuldades especificas do individuo, os quais não são passíveis de constatação orgânica, mas que se manifestam na área da linguagem ou na organização espacial e temporal, dentre outros; Fatores psicógenos: é necessário que se faça a distinção entre dificuldades de aprendizagem decorrentes de um sintoma ou de uma inibição. Quando relacionado a um sintoma, o não aprender possui um significado inconsciente; quando relacionado a uma inibição, trata-se de uma retração intelectual do ego ocorrendo uma diminuição das funções cognitivas que acaba por acarretar os problemas para aprender; Fatores ambientais: relacionados às condições objetivas ambientais que podem favorecer ou não a aprendizagem do indivíduo. 15 Destaca-se assim que um indivíduo com dificuldades de aprendizagem não apresenta necessariamente baixo ou alto QI, significa apenas que ele está trabalhando abaixo da sua capacidade devido a um fator com dificuldade, em áreas como, por exemplo, o processamento visual ou auditivo. As dificuldades de aprendizagem normalmente são identificadas na fase de escolarização, por profissionais como psicólogos, através de avaliações específicas de inteligência, conteúdos e processos de aprendizagem SOARES, 2014. De modo geral, a criança com dificuldades de aprendizagem, apresenta uma linha desigual em seu desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem não são causadas por pobreza ambiental e/ ou por atraso mental ou transtornos emocionais. Portanto, Fonseca, 2015 diz que a criança com dificuldade da aprendizagem não deve ser “classificada” como deficiente, e sim como uma criança normal que aprende de uma forma diferenciada, a qual apresenta uma discrepância entre o potencial atual e o potencial esperado. Não pertencendo a nenhuma categoria de deficiência, não sendo sequer uma deficiência mental, pois possui um potencial cognitivo que não é realizado em termos de aproveitamento educacional. O risco está em não se detectar esses casos, não se proporcionar, no momento propício, às intervenções pedagógicas preventivas nos períodos de maturação. Se não detectados cedo, a escola pode influenciar e reforçar a inadaptação, culminando, muitas vezes, mais tarde, no atraso mental, na delinquência ou em sociopatias. 6 AS INTERVENÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NA REDUÇÃO DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM Segundo Medina, 2016 as atividades interventivas sempre devem começar com as crianças, pois nesta fase elas estão em pleno desenvolvimento dos diferentes aspectos da aprendizagem. Assim, quando uma criança apresenta dificuldades para aprender, é comum que o professor, ou os pais, esperem por um “despertar” ou que a criança, mais cedo ou mais tarde passe a aprender igual aos colegas. Portanto, o trabalho do psicopedagogo implica em compreender a situação de aprendizagem do sujeito dentro do seu próprio contexto. Tal compreensão requer uma 16 modalidade particular de atuação para a situação em estudo, o que significa que não há procedimentos predeterminados. Para Sanchez, 2014 a atuação do psicopedagogo tem como objeto central de estudo em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos. Para Polity, 2016 “[...] seus padrões evolutivos normais e patológicos bem como a influência de meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento.” A Psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta a realidade interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos. Complementando o pontuado acima, Scoz, 2014 afirma que o psicopedagogo estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. E de acordo com Bossa, 2014 o campo de atuação do psicopedagogo refere-se não apenas o espaço físico onde se dá esse trabalho, como também ao espaço epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar deste campo de atividade e o modo de abordar o seu objeto de estudo. Observa Soares (2014, p. 107), O diagnóstico precoce do transtorno de aprendizagem é um ponto fundamental para a superação das dificuldades escolares. Para o mesmo autor o psicopedagogo tem a função de orientar os educadores e pais sobre a melhor forma de lidar com a criança, direciona a elaboração de programas de reforço escolar e a adoção de estratégias clínicas e/ou educacionais que auxiliam a criança no desenvolvimento escolar. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o que é aprender; como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas estruturais que intervêm no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar. (Apud MOURA A. A. 2019) Pelo exposto acima, para o psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ação diferentes sistemas que intervêm em todo sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora à sociedade. A atuação do Psicopedagogo refere-sea um saber e a um saber-fazer, às condições subjetivas e relacionais, em especial familiares e escolares, às inibições, atrasos e desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O conhecimento do psicopedagogo não se cristaliza numa delimitação fixa, nem nos déficits e alterações 17 subjetivas do aprender, mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade afetiva de saber e de fazer, reconhecendo que o saber é próprio do sujeito. Então, Fernández, 2013 acrescenta que: A “escuta” da psicopedagogia não se situa no aluno, no professor, na sociedade ou família, e sim nas múltiplas relações entre eles. Em direção a uma síntese preliminar, a atuação do psicopedagogo, refere- se ao estabelecimento do marco fundante da ação terapêutica a definição do universo da relação clínica e que, portanto, englobam elementos como tempo, lugar, frequência, duração, material de trabalho e estabelecimento da atividade, nessa modalidade de tratamento que tem como objetivo, sempre, solucionar os problemas de aprendizagem. Podemos observar que, a atuação do psicopedagogo busca ter, uma visão integrada e integradora da aprendizagem humana, considerando seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como as influências do meio social (família, escola e sociedade), determinantes do seu desenvolvimento. O trabalho clínico do Psicopedagogo tem função preventiva na medida em que, ao tratar determinados problemas, pode prevenir o aparecimento de outros bem como amenizar ou sanar os já existentes. O psicopedagogo verifica as características da família, da escola, ou até mesmo do professor, pois, eles podem ser a causa desencadeante do problema de aprendizagem. Assim, essas características que constituem a causa problemática influenciam também na forma de abordagem do profissional. Ainda que o psicopedagogo desejasse, seria impossível negar a família, a escola, o professor ou mesmo a comunidade. Na opinião de Fernández, 2013 e Paín, 2014, sobre o exposto acima, as autoras consideram que: O problema de aprendizagem pode ser gerado por causas internas ou externas à estrutura familiar e individual, ainda que sobrepostas. Os problemas ocasionados pelas causas externas são chamados por essas autoras de problemas de aprendizagem reativos, e aqueles cujas causas são internas à estrutura de personalidade ou familiar do sujeito denominam-se inibição ou sintoma, ambos os termos emprestados da Psicanálise. Para resolver o fracasso escolar, quando provém de causas ligadas à estrutura individual e familiar da criança, vai ser requerida uma intervenção psicopedagógica especializada. Para procurar a remissão desta problemática, deveremos apelar a um tratamento psicopedagógico clínico que busque libertar a inteligência e mobilizar a circulação patológica do conhecimento em seu grupo familiar FERNÁNDEZ, 2013. 18 Nessa Perspectiva Weiss, 2015 afirma que a prática psicopedagógica deve considerar o sujeito como um ser global, composto pelos aspectos orgânico, cognitivo, afetivo, social e pedagógico. Fonte: br.pinterest.com O aspecto orgânico diz respeito à construção biológica do sujeito, portanto, a dificuldade de aprender de causa orgânica estaria relacionada ao corpo. O aspecto cognitivo está relacionado ao funcionamento das estruturas cognitivas. Nesse caso, o problema de aprendizagem residiria nas estruturas do pensamento do sujeito. Para Scoz, et al., 2014 o aspecto afetivo diz respeito à afetividade do sujeito e de sua relação com o aprender, com o desejo de aprender, pois o indivíduo pode não conseguir estabelecer um vínculo positivo com a aprendizagem. O aspecto social referese à relação do sujeito com a família, com a sociedade, seu contexto social e cultural. E, portanto, um aluno pode não aprender porque apresenta privação cultural em relação ao contexto escolar. Por último, o aspecto pedagógico, que está relacionado à forma como a escola organiza o seu trabalho, ou seja, o método, a avaliação, os conteúdos, a forma de ministrar a aula, entre outros. De tal modo que os professores devem realizar uma reflexão psicopedagógica para analisar o porquê de seu aluno não aprender ou demonstrar dificuldade em aprender o que lhe é proposto no processo de alfabetização. 19 Neste sentido, Fernandez, 2015 afirma que as contribuições da Psicopedagogia, vão muito mais além do que saber ler e escrever, a criança deve trazer consigo vivencias de seu espaço social e ao chegar à sala de aula estará se comunicando com outras crianças e outras vivências diferentes das suas, onde haverá interação simultânea e aprendizagem de uma com a outra. Por isso, é de suma importância haver uma interação entre família e escola, professor conhecendo os pais ou responsáveis e vice-versa. É importante ressaltar que a confiança que os pais devem adquirir na escola e no professor são fundamentais para que os pais se sintam mais seguros e confortáveis em deixar o filho na instituição. É a escola, indubitavelmente, a principal responsável pelo grande número de crianças encaminhadas ao consultório por problemas de aprendizagem. Assim é extremamente importante que a Psicopedagogia dê a sua contribuição à escola, seja no sentido de promover a aprendizagem ou mesmo tratar de distúrbios nesse processo PAÍN, 2014. Portanto, seja o campo de atuação do psicopedagogo, a saber, clínico ou institucional, visa promover uma compreensão integral da criança e do contexto escolar que ela está inserida, proporcionando o desenvolvimento da mesma, tanto individualmente como no coletivo, sob uma perspectiva interventiva e preventiva. Para respaldar essa informação, nos estudos de Vallet, 2015 o autor afirma que: Sob esta ótica o psicopedagogo vem atuando com muito sucesso nas Instituições Escolares, onde o seu papel principal é o de analisar os fatores que favorecem, intervém ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o desenvolvimento dos projetos favoráveis a mudanças. Pode- se verificar que, o objetivo do psicopedagogo é o de: Conduzir a criança ou a Instituição a reinserir-se, reciclar-se numa escolaridade normal e saudável, de acordo com as possibilidades e interesses dela; Promover a aprendizagem, garantindo o bem estar das crianças em atendimento profissional, valendo-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação Inter profissional; Atender as crianças que apresentem dificuldades para aprender por diferentes causas, estando assim, inadaptados social ou pedagogicamente; Encorajar a criança que aprende à tornar-se cada vez mais autônomo em relação ao meio, em interagir com os colegas e resolver os conflitos entre eles mesmos; a ser independente e curioso; a usar iniciativa própria; Ter confiança na habilidade de formar ideias próprias das coisas; a exprimir suas ideias com convicção e conviver construtivamente com medos e angústias. O 20 Psicopedagogo é um profissional que tem muito a ensinar sobre o vínculo professor/aluno, professor/escola e sua incidência na construção do conhecimento e na constituição subjetiva de alunos e educadores. Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito como meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio. Por tudo isso, o psicopedagogo deve ser um profissional que tenha conhecimentos multidisciplinares, pois sua atuação é um processo de avaliação diagnóstica, e é necessário estabelecer e interpretar dados em várias áreas. O conhecimento dessas áreas fará com que o profissional psicopedagogo compreenda o quadro diagnóstico do aprendente e com isso, favorecerá a escolha da metodologia mais adequada, ou seja, o processo corretor,com vista à superação das dificuldades do aprendente. Ao finalizarmos a temática, ratificamos que área de conhecimento multidisciplinar do profissional Psicopedagogo busca compreender como ocorrem os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste movimento. De forma semelhante Soares, 2014 destaca que: A Psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta a realidade interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos. Já para Scoz et al., 2014 o psicopedagogo estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando- os e sintetizando-os. Enfatiza Bossa, 2014 que o campo de atuação do psicopedagogo refere-se não apenas ao espaço físico onde se dá esse trabalho, como também ao espaço epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar deste campo de atividade e o modo de abordar o seu objeto de estudo. Observa Fonseca, 2014 que: O diagnóstico precoce do transtorno de aprendizagem é um ponto fundamental para a superação das dificuldades escolares. Para o mesmo autor o psicopedagogo tem a função de orientar os educadores e pais sobre a melhor forma de lidar com a criança, direciona a elaboração de programas de 21 reforço escolar e a adoção de estratégias clínicas e/ou educacionais que auxiliam a criança no desenvolvimento escolar. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e ainda, o que é aprender; como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas estruturais que intervêm no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar, devem fundamentar a constituição de uma teoria psicopedagógica. Embora, nenhuma dessas áreas surgiu especificamente para responder à problemática da aprendizagem humana. Elas, no entanto, nos fornecem meios para refletir cientificamente e operar no campo psicopedagógico. 7 A PSICOPEDAGOGIA E A FAMÍLIA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM (A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NESTE CONTEXTO) A Psicopedagogia introduz valiosa contribuição no enfoque pedagógico. Para o psicopedagogo o processo de aprendizagem da criança é abrangente, implicando componentes de vários eixos de estruturação: afetivos, cognitivos, motores, sociais, políticos, etc. A causa do sucesso de aprendizagem, bem como de suas dificuldades passa a ser vista com inúmeras variáveis que precisam ser apreendidas com bastante cuidado pelo professor e psicopedagogo. O psicopedagogo atua nas escolas promovendo intercâmbios e mediações entre a escola e as famílias. Oliveira, 1995 revela alguns dos aspectos fundamentais deste processo. Segundo a autora, o fundamental “é perceber o aluno em toda a sua singularidade, captá-lo em toda a sua especificidade em um programa direcionado a atender as suas necessidades especiais”. O processo de ensino-aprendizagem inclui também a não aprendizagem, onde o aluno pode se recusar a aprender em um determinado momento. O chamado fracasso escolar constitui lado inverso do ato de aprender. Dessa forma, o processo de ensino-aprendizagem, do ponto de vista psicopedagógico, apresenta sempre uma face dupla: de um lado, a aprendizagem, e do outro, a não aprendizagem. 22 Segundo Fernández, 1991 “o jogo do saber-não-saber, conhecer-desconhecer e suas diferentes articulações, circulações e mobilidades, próprias de todo ser humano ou seus particulares nós e travas presentes no sintoma, é o que nós tratamos de decifrar no diagnóstico”. Ao entender a aprendizagem como um processo articulado ao momento do aprendiz, a sua história e as suas possibilidades sob o aspecto cognitivo, afetivo e social, a Psicopedagogia, segundo Silva, 1998. Rompe a ligação ensino-aprendizagem, porque, tanto o aprender como processo quanto o processo de construção do conhecimento não têm relação necessária com o ensinar e, finalmente, porque ambos os processos antecedem e ultrapassam o ensinar. (SILVA, 1998, P.59, Apud COSTA T. C. O. 2018) Assim faz-se necessário que o psicopedagogo investigue com profundidade os contextos do aprendiz e fazendo um diagnóstico que retrate o momento desse aprendiz, ao mesmo tempo que viabilize a aprendizagem. Na aquisição da aprendizagem o aprendente precisa estar apto a fazer um investimento pessoal aperfeiçoando-se com o conhecimento. Para isso requer a utilização dos recursos cognitivos mesclados com os processos internos, e também com suas possibilidades sócio afetivas. Dessa forma a aprendizagem acontece gradativamente, à medida que o educando constrói uma sucessão de significados resultantes das interações que ele faz em seu contexto social. Num trabalho na instituição escolar, o psicopedagogo, além das dificuldades de aprendizagem ocasionadas por diversas razões já citadas, encontra outros tipos de resistência, pois essa ação exige mudanças no sentido de avaliar as propostas de ensino, a partir do acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno. Neste contexto o psicopedagogo se depara com famílias disfuncionais onde o ambiente é tomado por sentimentos negativos, como ódio, medo, culpa e remorso, relações conjugais conflituosas e cabe ao profissional que trabalha com as dificuldades de comunicação e de aprendizagem, compreender a estrutura familiar na qual a criança está inserida e procurar fazer um trabalho não só com a criança, mas também com sua família, compreendendo assim o significado das dificuldades e das questões interferentes, colaborando de maneira mais efetiva no processo de desenvolvimento de seu filho. 23 As crianças que apresentam problemas relacionados a fracassos escolares em geral, desenvolvem o sentimento de baixa auto-estima, o que frequentemente induz a problemas de conduta. As consequências advindas do fracasso escolar são imensas, como pressão da escola e da família. Fonte: blog.psiqueasy.com.br E assim os fatores que geram as dificuldades de aprendizagem precisam ser detectados, para que a intervenção proceda de forma positiva. A criança e/ou a família poderão ser encaminhadas a profissionais de outras áreas para um diagnóstico mais preciso e, eventualmente, detectar se a necessidade de outro caminho terapêutico. É importante que a família compreenda o que a criança está passando, para que possa ajudá-la a enfrentar e a superar suas dificuldades. Há pais que anulam os filhos, fazendo-os acreditar que são incapazes de realizar as tarefas e criando uma relação de dependência, podem estar causando ou reforçando as dificuldades da criança. Diante dessas situações o psicopedagogo deve intervir, sensibilizando- os que eles necessitam transmitir à criança a confiança no seu potencial de desenvolvimento, tendo atitudes positivas diante da aprendizagem, mostrando do que ela é capaz; mostrar aos pais a relevância saber ouvir os filhos, que devem permitir e incentivar que se expressem de forma honesta e clara a respeito dos próprios sentimentos, frustrações e dificuldades. 24 No caso de falta de limites ou indisciplina dos alunos, cabe aos pais fazê-los compreender e respeitar as regras de disciplina e organização, se quiserem que seus filhos aprendam e adquiram hábitos adequados de estudo. Os pais devem exercer sua autoridade e dar os limites para que seus filhos se sintam seguros, sabendo com clareza o que podem e devem e o que não podem e não devem fazer. O psicopedagogo deve intervir na escola estabelecendo limites, tornando as regras claras. “Uma das melhores maneiras de perceber a educação de um adolescente, é quando ele está com uma turma, sob o efeito da embriaguez relacional” (TIBA, 1998). É preciso redefinir as regras. É preciso que a escola recorraa profissionais especializados (psicólogo, psicopedagogo etc.). Compreender que não é mais tolerável a apatia de alunos e professores. Além das outras funções do psicopedagogo na escola, como realizar orientação educacional, propor a intervenção no currículo, no projeto político pedagógico, na metodologia de ensino do professor, nas formas de aprender do professor, pode contribuir para a boa comunicação entre escola e família, favorecendo a um clima de confiança e estabelecendo um elo construtivo. Para auxiliar na aprendizagem do aluno, faz-se necessário que os pais estejam integrados à escola. “Uma das contribuições da psicopedagogia é no contexto familiar, ampliando a percepção sobre os processos de aprendizagem de seus filhos, resgatando a família no papel educacional complementar à escola, diferenciando as múltiplas formas de aprender, respeitando as diferenças dos filhos (BOSSA, 1994) Mas o que se observa na contemporaneidade é que muitas das famílias estão sem norte, não estão sabendo lidar com situações novas: pais trabalhando fora o dia inteiro, desemprego, brigas, drogas, separações, mães solteiras, outras constituições familiares, entre outras. Essas famílias acabam transferindo suas responsabilidades para a escola, e por esse motivo a escola acaba se desviando de suas funções para suprir essas necessidades. Cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma entrevista e de uma anamnese com essa família para tomar conhecimento de informações sobre a sua vida orgânica, cognitiva, emocional e social. O que a família pensa, seus anseios, seus 25 objetivos e expectativas com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de grande importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico. Portanto na atuação escolar, o psicopedagogo contribui para o esclarecimento das dificuldades escolares, que podem ser decorrentes da organização administrativa do sistema escolar e familiar, das exigências pedagógicas inadequadas, das expectativas familiares, das formas de circulação do conhecimento do professor e da família e das modalidades de aprendizagem que, segundo Alicia Fernandez, são passadas de pai para filho, determinando como serão as relações do sujeito aprendente com o saber, levando em consideração as crenças, os mitos, as mensagens repassadas na comunicação familiar. 8 O QUE É DÉFICIT COGNITIVO? Esse é um termo que se refere ao modo como o nosso cérebro é capaz de perceber, aprender, recordar e também processar as informações que foram captados pelos sentidos: visão, audição, paladar, tato e olfato. Assim, o déficit cognitivo se configura como uma dificuldade nesse processo, sobretudo no aprendizado. O que ocorre é uma limitação da capacidade mental de assimilar informações. É importante lembrar que não existe um único padrão de déficit cognitivo, mas que a sua presença cria entraves em processos como a capacidade de raciocínio lógico, concentração, comunicação e aprendizagem. Como identificar o déficit cognitivo? Atualmente, a identificação do déficit cognitivo é feita a partir da aplicação dos chamados testes neuropsicológicos. O objetivo é entender o nível de limitação envolvido e de que maneira ela se manifesta.É como um grande escaneamento do cérebro utilizado na compreensão de todos os seus processos e também para localizar eventuais lesões. 26 Investigação neuropsicológica Para identificar um possível déficit, são realizados inúmeros testes, todos focados em entender e avaliar habilidades cognitivas. A investigação é baseada ainda em dados recolhidos durante a anamnese (como é chamada a entrevista inicial por um profissional da saúde) e nos questionários. O desenvolvimento de uma avaliação neuropsicológica, considerando todas as suas ferramentas e níveis, tem como objetivo principal a coleta de dados para ajudar na compreensão de qual é a extensão das perdas e também de quais pontos permanecem intactos. É essa avaliação que permite traçar um planejamento específico de intervenção, de acordo com as características do indivíduo e as informações apuradas. Quais funções mentais são avaliadas na identificação do déficit cognitivo? Entre as funções avaliadas para identificar um déficit cognitivo, estão as seguintes: Memória: tanto de curto quanto de longo prazo e incluindo memória auditiva, visual, contextual e não verbal Raciocínio lógico: avaliação da velocidade de processamento, da capacidade de planejar e contextualizar informações Atenção: atualização, enfoque, atenção dividida e inibição Coordenação: capacidade de desenvolver ações específicas de maneira concomitante e tempo de resposta Percepção: tanto visual quanto de espaço, estimativa e capacidade de exploração visual. Quais são os sintomas do déficit cognitivo? Doenças como Alzheimer e Parkinson estão entre as mais conhecidas quando o assunto é o déficit cognitivo. 27 Em comum, ambas possuem a incidência mais frequente em idosos. Por conta disso, é comum que as pessoas associem o surgimento de dificuldades cognitivas com o envelhecimento. Mas a verdade é que os sintomas podem aparecer muito antes, até mesmo ainda na infância, estando relacionados aos mais variados quadros. Por isso, é recomendável estar atento aos sintomas e buscar ajuda especializada caso algum deles seja identificado com uma intensidade maior do que o comum. Dificuldades relacionadas a todos os campos que citamos anteriormente, como na comunicação ou no raciocínio lógico, por exemplo, podem servir como indicativos. Existe tratamento para o déficit cognitivo Não existe cura, mas o déficit cognitivo pode ser tratado de diversas formas, sempre de acordo com origem do problema. De maneira geral, todo o tratamento é desenvolvido de maneira multidisciplinar. Ou seja, envolvendo profissionais de diferentes campos da saúde desde médicos e fonoaudiólogos até psicopedagogos. O foco é trabalhar as limitações identificadas a partir de estímulos que ajudem a desenvolver as habilidades cognitivas. Com isso, a expectativa é que o indivíduo possa melhorar a sua autoconfiança e também consiga alcançar maior qualidade de vida. Orientação profissional para crianças com déficit cognitivo No caso das crianças, o acompanhamento desde cedo é a melhor abordagem. Ou seja, é preciso trabalhar a prevenção. Esse, inclusive, é um alerta que tem sido repetido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) há bastante tempo. A orientação é ficar de olho nas possibilidades de distúrbios ou atrasos no desenvolvimento infantil. Quando ignorados na infância, existe a chance de que os sinais se intensifiquem e até mesmo deem origem a quadro mais graves, como transtornos mentais e problemas no processo de aprendizagem. 28 Nesse sentido, construir um ambiente familiar que seja aberto ao diálogo e ao incentivo do desenvolvimento individual é uma boa forma de reduzir as possibilidades de preocupações lá na frente. Além disso, identificar precocemente traços que possam indicar um déficit cognitivo abre espaço para que sejam feitas intervenções propositivas, capazes de proporcionar a construção de habilidades e competências que poderiam não se desenvolver sem a abordagem adequada. 9 NEUROCIÊNCIA COGNITIVA: A CIÊNCIA DA APRENDIZAGEM E DA EDUCAÇÃO A mente humana, há anos, é e continua sendo alvo de estudos e pesquisas, que têm como principais objetivos compreender suas nuances, seu funcionamento, suas interações, bem como as reações que tem, de uma forma geral, e que fazem com que cada indivíduo seja único em suas características e personalidade. Memórias, pensamentos, ações, sentimentos, imaginação, linguagem, percepção, entre diversos outros elementos, que têm a sua origem na mente humana, sãoincansavelmente analisados, com o objetivo de entender porque reagimos de determinada forma a alguns estímulos e não de outras. Nos últimos anos, inúmeros estudos foram realizados com o intuito de se entender, de forma mais assertiva, as atividades cerebrais e como as mesmas influenciam no comportamento humano. E é justamente nesse contexto que se encaixa a Neurociência. (Apud MARQUES J. R. 2019) Ela corresponde à área que estuda o sistema nervoso central, bem como suas funcionalidades, estrutura, fisiologia e patologias. Esse sistema é responsável por estruturar as atividades do corpo humano, sejam elas voluntárias ou não. De forma resumida, as experiências e a maneira como o ser humano lida com as mesmas, afetam seu cérebro e seu desenvolvimento. Nesse sentido, a neurociência diz respeito à inteligência, aos sentimentos, à capacidade de tomar decisões, além de gerar entendimento sobre o funcionamento do sistema nervoso e como agir sobre ele. Para que todo este estudo seja realizado, os cientistas levam em consideração os processos a nível cognitivo, ou seja, como o ser humano adquire conhecimento 29 (seja por meio da atenção, da associação, da memória, da imaginação, do pensamento, da linguagem, entre outros), através dos cinco sentidos, resultando assim, em seu desenvolvimento intelectual, comportamentos, interações e adaptação ao meio. Fonte: www.revistadigital.com.br 9.1 O QUE É NEUROCIÊNCIA COGNITIVA? Dentre as subdivisões da Neurociência, uma delas é a Neurociência Cognitiva, ela tem como foco, o estudo a respeito das capacidades mentais do ser humano, como seu pensamento, aprendizado, inteligência, memória, linguagem e percepção. Com base nisso, as sensações e a percepção do indivíduo são o que norteiam os estudos da Neurociência Cognitiva, ou seja, como uma pessoa adquire conhecimento a partir das experiências sensoriais a que é submetida; uma música, um aroma, o gosto de uma comida, uma imagem ou uma sensação corporal, tudo isso engloba as experiências sensoriais e são elas as responsáveis por captar os dados do ambiente e levá-las ao cérebro. Verifica-se então, que a Neurociência Cognitiva não diz respeito apenas ao sistema nervoso, mas também, como as experiências sensoriais adquiridas ao longo da vida, são processadas pelo cérebro e são transformadas em conhecimento. 30 9.2 COMO A NEUROCIÊNCIA PODE AJUDAR NO APRENDIZADO Você já parou para pensar em como o cérebro processa as informações que recebe? Em como tal ação reflete no aprendizado e na vida como um todo? É justamente através da Neurociência que tais perguntas podem ser respondidas, pois seus estudos compreendem como uma pessoa processa as informações adquiridas pelo ambiente e as transforma em aprendizado. A partir daí, é possível definir estratégias assertivas de ensino, o que garante à pessoa, uma melhor absorção do conteúdo. Segue abaixo algumas áreas em que a Neurociência pode auxiliar no aprendizado: Emoção A inteligência humana está intimamente ligada à emoção, ou seja, o aspecto emocional interfere na nossa cognição: quanto mais um evento contenha emoção, mais a pessoa se lembrará dele e isso afeta na obtenção de conhecimento (de forma positiva ou negativa). Nesse sentido, a emoção da pessoa precisa ser instigada (quando ela for positiva) ou desestimulada (quando ela for negativa), para que o desenvolvimento intelectual não seja prejudicado. Motivação A motivação é o que fomenta o aprendizado, quando a pessoa se depara com uma interferência positiva, isso mobiliza a atenção da mesma, o que gera a motivação. Da mesma forma, se o indivíduo encontra uma tarefa muito difícil, sua mente se frustra e ele acaba desmotivado, e isso interfere na sua aprendizagem. A pessoa deve então, no decorrer do desenvolvimento intelectual, não apenas entrar em contato com inúmeros conteúdos, como também, realizar atividades que despertem a sua curiosidade, proponham desafios e a motivem. Atenção A atenção é fundamental para que o conhecimento seja adquirido, pois o sistema nervoso só absorve a informação quando a pessoa está atenta a mesma. O indivíduo presta atenção em alguma coisa, quando aquilo é entendido, ou seja, tem significado. 31 Nesse sentido, a falta de atenção muitas vezes não ocorre por indisciplina, mas sim, por falta de estímulo. Por conta disso, para que a pessoa dê atenção a uma informação, a interação entre a mesma e o indivíduo precisa ocorrer. Socialização As experiências sociais do ser humano e o ambiente ao qual ele está inserido, formam a sua cognição, ou seja, o cérebro se modifica e se desenvolve durante a vida. Através da socialização, é possível que a pessoa consiga aprimorar a sua linguagem verbal e não verbal, interaja com outras pessoas, reconheça e expresse emoções, exerça suas potencialidades e tenha empatia. Memória A memória se dá através de repetições, quando a pessoa decora uma informação e através de associações, quando existem vínculos e relações com o conteúdo. Nesse sentido, o ato de aprender não ocorre apenas quando se grava informações, mas também, quando o conteúdo afeta a pessoa. Com isso, o indivíduo deve identificar pontos de ancoragem para que o conteúdo aprendido tenha sentido e fique na sua memória. 10 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA Sabemos que o processo de aprendizagem ocorre ao longo da vida e em todas as fases do desenvolvimento humano. Na infância, ocorre em períodos definidos, com estimulação adequada às necessidades para determinadas aprendizagens e com ênfase nos aspectos motores, visuais, cognitivos e afetivos. Na adolescência, o foco da aprendizagem está direcionado às atividades e tarefas acadêmicas, cognitivas e sócio-emocionais. E, na idade adulta, a manutenção das funções executivas. 32 Pensando desta forma, se o processo de aprendizagem ocorre ao longo da vida, que importância e benefícios possue a estimulação cognitiva? Ela é necessária? As atividades de estimulação cognitiva, seja qual for a idade, tem como objetivo melhorar as competências para o desenvolvimento das funções cognitivas superiores e permitir a evolução de habilidades e capacidades individuais para que o ser humano possa construir uma trajetória de sucesso e prevenir dificuldades futuras. Estimular as funções das habilidades cognitivas como por exemplo, a memória e a atenção, demanda intensidade e duração prolongadas para que os resultados sejam significativos e, ainda, são de suma importância para o desenvolvimento da aprendizagem acadêmica, da linguagem e também para a aquisição de controle do comportamento. Habilidades referentes à capacidade de usar as operações mentais para a elaboração de estratégias, argumentos e resolução de problemas são chamadas de inteligência fluida, pois estas operações mentais envolvem transformação, classificação, seriação, relações, construção de conceitos, compreensão, elaboração de hipóteses e estímulo ao pensamento indutivo e dedutivo. Relações primordiais para que seja possível estabelecer relações entre objetos e o meio. E quando as habilidades cognitivas sofrem perdas qualitativas, há como reverter o quadro? E nos atrasos de desenvolvimento, há como acelerar a aquisição destas habilidades? Sim, para tanto há a reabilitação cognitiva. Reabilitar, significa fazer com que as engrenagens voltem a funcionar, significa mostrar ao ser humano que ele é capaz de desenvolver-se e consequentemente, diminuir o impacto das dificuldades em sua vida. A reabilitação é aprendizagem que implica em desenvolvimento. A reabilitação cognitiva é a oportunidade de estimular as habilidades que estão deficitárias a partir de atividades práticas como jogos, situações-problema, exercícios motores, treinos comportamentais e aprendizagem de novas habilidades, tarefas que todos nós vivenciamos em casa, no trabalho,na escola e no meio. A reabilitação cognitiva através da Psicopedagogia Clínica permite a intervenção de um profissional, o psicopedagogo, que tem como objetivo melhorar as 33 capacidades cognitivas e em consequência o rendimento acadêmico da criança no ambiente escolar e, do adulto se for o caso, nas tarefas do dia-a-dia. Para tanto, entendemos a necessidade da Avaliação Psicopedagógica como um processo de tomada de decisões que se apoiam em uma série de técnicas cujos resultados se refletem no desencadeamento de uma proposta educativa de acordo com as necessidades, seja da criança, do adolescente, adulto ou idoso. Qual a importância de uma estimulação cognitiva ao idoso? A estimulação cognitiva ao idoso tem uma importância fundamental, pois objetiva em reconstruir a imagem que até então construiu ao longo de suas experiências de vida. Aos poucos, o idoso vai perdendo capacidades e habilidades, perdas naturais do processo de envelhecimento e passa a não mais acreditar em seu potencial, a memória falha e o mundo parece ficar cada vez mais inacessível. Para que a “melhor idade” não se resuma em uma vida de isolamento e ociosidade, a atendimento psicopedagógico visa trabalhar os aspectos emocionais e cognitivos com jogos, atividades psicomotoras, música, livros e histórias. 11 ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM E A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM Nos dias atuais vale ressaltar com aptidão, quanto às Dificuldades de Aprendizagem que vem ganhando grande ênfase na educação, pelo fato do aumento na demanda de crianças/alunos sendo diagnosticado com alguma dificuldade relacionada à aprendizagem, desta maneira sendo encaminhados para o atendimento com um profissional especializado. Por isso, vem se aumentando a preocupação em relação a este problema, fazendo com que solicita várias informações que partem desde a questão política até a escolha de estratégias educacionais nos centros de Educação. Desta forma, este estudo busca investigar a respeito das dificuldades de aprendizagem mais constantes ocorridas nos anos iniciais de escolarização. Revela também a preocupação dos professores com o ensino e a aprendizagem no contexto 34 escolar, os quais aliam-se a um trabalho coletivo e multidisciplinar, comprometidos na busca contínua, de novas formas de ensinar e de compreender as causas das dificuldades de aprendizagem que surgem no decorrer do processo. Fonte: personare.com.br Pensar em todos os alunos, enquanto seres em processo de crescimento e desenvolvimento e que vivenciam a discriminação por suas dificuldades, buscando atendê-los em sua especificidade, é tarefa essencial dos educadores. A sala de aula é pensada, neste estudo, como um espaço mais amplo para se poder ir além do ensinar a ler e escrever; um espaço apropriado ao desenvolvimento pleno das potencialidades de cada aluno; um lugar de pesquisa, um instrumento valioso para formação da personalidade, na convivência, no afeto, na organização do pensamento, na resolução de problemas. Para isso, é importante a utilização, pela escola, de metodologias mais adequadas, flexibilidade de currículo, seleção de materiais, apoio individual ao aluno e um clima educativo facilitador de aprendizagem e interação social. Portanto, esse estudo tratará não só das Dificuldades de Aprendizagem, como também do papel do psicopedagogo na equipe interdisciplinar da escola atuando junto ao professor, bem como as habilidades que compõem a aprendizagem. 35 Desta forma, foram utilizados alguns autores como referência para se discutir em relação as Dificuldades de Aprendizagens e os aspectos cognitivos na intenção de poder elucidar um pouco este assunto, que para muitos profissionais da educação ainda requer aprofundamento, e devido a isso, muitos não conseguem suprir essa dificuldade de trabalhar com crianças com esse tipo de problema, sem mencionar ainda a questão do papel do psicopedagogo na escola que ainda é pouco divulgado no contexto escolar. Segundo Oliveria, 2001 em função da importância que a aprendizagem assume na existência humana e da constatação dos problemas enfrentados pelas crianças durante esse processo dinâmico e recíproco que se estabelece entre o homem e seu ambiente, muitas pesquisas realizadas na área focalizam as habilidades consideradas, instrumentais para a vida social e acadêmica de um indivíduo. Desta maneira é de suma importância ressaltar que o aluno diagnosticado com essa dificuldade deve ter um acompanhamento adequado de acordo com a sua dificuldade e necessidade. Portanto, é nesse momento que entra a participação dos professores e a equipe multidisciplinar, pois devem estar atentos ao ritmo, grau de dificuldade na realização de atividades educacionais e as etapas do desenvolvimento cognitivo, afetivo no qual as crianças estejam, assim podendo estar identificando e assim elaborando estratégias que possam atender adequadamente o processo de aprendizagem e assim suprindo essa dificuldade. É essencial que o diagnóstico seja feito o quanto antes, uma vez que há consequências em longo prazo. Desta maneira entende-se que as dificuldades de aprendizagem são problemas neurológicos que afetam a capacidade cerebral para entender, recordar ou comunicar as informações. Muitos especialistas afirmam que crianças não apresentam bons resultados na escola quando possuem dificuldades de aprendizagem, não identificadas e que diariamente são rotuladas pelos adultos como tendo baixa inteligência, insolência ou preguiça. De acordo com Fonseca, 1984 afirma que a dificuldade de aprendizagem é uma desarmonia do desenvolvimento normalmente caracterizada por uma imaturidade psicomotora que inclui perturbações nos processos receptivos, integrativos e expressivos da atividade simbólica. 36 As dificuldades de aprendizagem constituem-se um dos principais entraves para a prática educativa e fator que pode determinar o fracasso, a repetência e a evasão escolar de muitos alunos. Segundo Moraes, (2001) As questões educacionais que mais têm preocupado os profissionais ligados ao ensino, referem-se aos altos índices de evasão e reprovação escolar que têm sido registrados nas escolas municipais e estaduais e o grande número de criança que têm recorrido a tratamento psicopedagógico com dificuldade de aprendizagem. (Apud SANTOS J. P. 2019) Essa citação vem fortalecer a necessidade de diagnosticar as dificuldades de aprendizagem precocemente, combatendo o fracasso escolar. Quando o assunto se refere às dificuldades de aprendizagem dos educandos, a prática nos aponta para dois fatos evidentes, esses problemas devem-se a fatores isolados ou associados entre si, e somente a avaliação e a intervenção precoce das dificuldades, pode levar ao sucesso na aprendizagem escolar. O papel da escola nesse e em muitos outros sentidos na vida dos educandos, ultrapassa o âmbito pessoal e se reflete no crescimento da sociedade como um todo. Quando nos referimos à Dificuldade de Aprendizagem, estamos falando sobre um ser que possui uma maneira diferente de aprender, pois se trata de um obstáculo, uma barreira, um sintoma, que pode ser de origem tanto cultural quanto cognitiva ou até mesmo emocional. É essencial que o diagnóstico seja feito o quanto antes, uma vez que há consequências em longo prazo. Segundo Coelho, 1990 a partir do momento em que o professor ou especialista em educação passa a compreender os princípios do processo de aprendizagem e adquire a prática na aplicação dos mesmos em situação representativa, os problemas que podem ocorrer nesta área serão tratados e resolvidos sem tabus e sem traumas. Escola, família e sociedade são responsáveis não só pela transmissão de conhecimentos, valores, cultura, mas também pela formação da personalidade social dos indivíduos. Portanto, o principal papel da família deve ser ode acolher a criança, proporcionando-lhe um ambiente agradável no que se refere à amor e compreensão. De acordo com Polity, 2001 “É essencial que as crianças recebam apoio dos pais, pois o suporte emocional desenvolve base sólida e senso de competência que as levam a uma autoestima satisfatória”. 37 A família, em especial os pais, precisa assumir sua parcela de responsabilidade, assim como a escola. Ninguém mais que a criança é prejudicada pelas Dificuldades de Aprendizagem, e a culpa não é necessariamente dela. É preciso reconhecer que as dificuldades de aprendizagem se dão na interação da criança com o contexto no qual está inserida. Segundo Scoz, 1999 a família é a instituição educacional mais importante, de maior projeção, responsável pela educação do caráter, da afetividade e do universo emocional e moral de cada cidadão. Quem tem uma família bem estruturada terá maior facilidade em aprender e a se desenvolver na escola em qualquer nível. (Apud ANDRADA 1999, p.12) A importância da escola não está apenas em transmitir os conhecimentos construídos pela humanidade, mas também por ser um local onde as dificuldades de aprendizagem podem ser identificadas com maior facilidade e agilidade, já que o espaço é a principal fonte de alfabetização. Diante desse fator, constatou-se que as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem devem ser identificadas e encaminhadas pelos professores ou pelo psicólogo escolar, que faz parte da equipe da escola, este deve atuar de forma interdisciplinar, e ter visão sistêmica para a construção de ações que visem todos os elementos da escola, bem como, pais, comunidade e as instituições que possam estar estabelecendo parcerias para atender as crianças com dificuldades de aprendizagem. As crianças que apresentam realmente dificuldades em aprender, precisam ser acompanhadas pelo profissional responsável nessa área que é o Psicopedagogo (a), pois, através do diagnóstico que ele fará, ele saberá o melhor caminho a percorrer para que essas crianças possam avançar em suas aprendizagens significativa e efetivamente. Segundo Bossa (1994), “cabe ao Psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação”. O diagnóstico e a intervenção das dificuldades de aprendizagem envolvem interdisciplinaridade em pelo menos três áreas: neurologia, psicopedagogia e psicologia, para possibilitar a eliminação de fatores que não são relevantes e a 38 identificação da causa real do problema, desta forma também existem autores que diagnosticam as dificuldades de aprendizagem fazendo um paralelo com patologias. O que se encontra em comum acordo entre diversos autores são os fatores, psicológicos, neurológicos, sociais e outros, que influenciam na aprendizagem e que precisam ser levados em consideração no diagnóstico de uma criança com problemas de aprendizagem. Isso só acrescentar ainda mais quando se defende uma ideia de que não se pode afirmar e/ou diagnosticar que uma criança possui uma dificuldade de aprendizagem sem analisar uma anamnese, ou seja, entrevista realizada por um médico que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente, a fim de ajudar no seu diagnóstico a história de vida da criança e os fatores fundamentais para se conseguir uma exatidão do diagnóstico do problema. A maior parte destes problemas de Dificuldade de Aprendizagem pode ser resolvido no ambiente escolar, haja vista que se tratam, de questões psicopedagógicos, pois Smith e Strick definem dificuldades de aprendizagem como problemas que afetam a capacidade cerebral de entendimento, recordação e comunicação de informações, sendo assim, os alunos que apresentam essas dificuldades necessitam de uma atenção especial, de um trabalho diferenciado e o professor deve se preocupar com a sua metodologia de ensino. Por isso, é preciso que a escola e seus profissionais busquem olhar para outros ângulos e compreender que cada aluno tem um jeito próprio de ser, e com experiências de vida diferente, que estas formas diferentes de vida poderá influenciar no processo de aprendizagem de cada aluno. Só então, será possível ver com maior clareza o que é Dificuldade de Aprendizagem e formas diferentes de ser. Portanto, para quem acompanha o desenvolvimento humano que é de suma importância o papel dos educadores pais e professores nos processos fundamentais do desenvolvimento humano. Para os profissionais da educação, algumas informações constituem parte essencial para a prática pedagógica no contexto escolar. A partir do momento em que o professor ou especialista em educação passa a compreender os princípios do processo de aprendizagem e adquire prática na aplicação dos mesmos em situações representativas, os problemas que podem ocorrer nessa área serão tratados e resolvidos sem tabus e sem traumas. 39 A dificuldade de aprendizagem merece à atenção dos professores, pois são eles em primeira instância que poderão identificar a dificuldade do aluno e, ao constatar que o problema é estável, encaminhá-los aos especialistas. Todavia, os professores não devem apenas aguardar que os especialistas tentem resolver sozinhos esta questão. O professor é aquele com melhores condições de conhecer a realidade do aluno e manter o contato mais próximo, tendo acesso direto ao seu desenvolvimento intelectual e cognitivo. Fonte: sistemaaprendebrasil.com.br Sabemos que a escola trabalha com várias crianças/alunos ligado as mais diversas classes sociais, de vários níveis econômicos e culturas. As diferenças cognitivas estão presentes também na sala de aula, no qual geram os diferentes níveis de aprendizagem. Neste sentido, numa sala de aula existem diversas maneiras de aprender, por isso, as dificuldades de aprendizagem consistem basicamente de aspectos secundários, que são alterações estruturais, mentais, emocionais ou neurológicas, que interferem na construção e desenvolvimento das funções cognitivas. O diagnóstico dessas dificuldades é individual, e deve ser feito com o intuito de descobrir qual ou quais os fatores estão afetando a cognição de determinado aluno. 40 Segundo, WALDOW; BORGES; SAGRILLO, (2006) entendendo assim, que a não aprendizagem dos alunos implica em graves prejuízos no processo educacional, faz-se relevante, sobretudo, que se compreenda o que são as dificuldades de aprendizagem para que se possa entender como o professor pode atuar de modo a promover o aprendizado satisfatório dos alunos superando, dessa forma, as dificuldades de aprendizagem. Nessa perspectiva é crucial lembrar da importância do profissional, ou seja, o professor necessita atuar de modo que os alunos possam sentir-se à vontade para aprender e relatar as dificuldades de aprendizagem que possam encontrar no contexto escolar, assim é importante que o professor conheça o processo de aprendizagem e esteja interessado nas crianças/alunos como seres humanos em desenvolvimento, assim também em total sintonia com a família desses indivíduos. O professor deve sempre estar atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador de aprendizagem e, seu trabalho deve basear no respeito mútuo na confiança e no afeto, por isso que em sala de aula o professor precisa identificar o conteúdo que sua turma já conhece para que possa trazer mais informação a respeito. Quanto maior a motivação do professor, maior será o empenho da turma e melhor será o sucesso em sua aprendizagem. Tendo mais cooperação o aluno aprimora seus conhecimentos em busca do novo, sendo assim teremos melhores resultados na educação. Para favorecer a aprendizagem
Compartilhar