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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS ASSIS CHATEAUBRIAND MARIA EDUARDA PEREIRA SAPATEIRO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO: Piscicultura Assis Chateaubriand 2020 MARIA EDUARDA PEREIRA SAPATEIRO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO: PISCICULTURA Relatório de Estágio Supervisionado do curso Nome do Curso do Instituto Federal do Paraná, Campus Assis Chateaubriand. Orientador: Prof. Roberto Haruyoshi Ito Assis Chateaubriand 2020 II DEDICATÓRIA Dedico meu relatório a todos os docentes do IFPR – Campus Assis Chateaubrinad que contribuíram para minha formação. III AGRADECIMENTOS Ao Instituto Federal do Paraná e a todos os discentes do Campus Assis Chateaubriand, por proporcionar um ambiente adequado de aprendizagem onde pude crescer muito e expandir meus horizontes. À professora Sônia Mandotti por ter me apresentado essa oportunidade de estágio, quando eu mesma já tinha desistido de procurar um local onde pudesse faze-lo. Também, por, juntamente da professora Leiliane Cristine de Souza, sempre me apoiar e ajudar a seguir em frente. À Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do munícipio de Assis Chateaubriand – Paraná e todos os seus profissionais, em especial ao nosso supervisor Gilmar Echhardt, que nos acolheram tão bem e propiciaram grande carga de conhecimento. Ao professor Roberto Haruyoshi Ito, devido a paciência e disposição que teve comigo enquanto orientador de estágio, tornando esse relatório possível. Por fim, à minhas colegas de estágio, Nayane Rubio e Rafaella Gati, por embarcar nessa experiência junto a mim e fazer desses dias mais divertidos, lembranças que levarei para vida toda. IV Epígrafe “A força de vontade deve ser mais forte que a habilidade” – Muhammad Ali V LISTA DE ABREVIATURAS ANA Agência Nacional de Águas IAP Instituto Ambiental do Paraná LI Licença de Instalação LO Licença de Operação LP Licença Prévia PeixeBR Associação Brasileira da Piscicultura PNLA Portal Nacional de Licenciamento Ambiental STJ Superior Tribunal de Justiça SUDERHSA Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental VI LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Projeto de implantação piscicultura....................................................... 06 Figura 2 – Aparelho de nível óptico........................................................................ 06 Figura 3 – Taludes................................................................................................. 11 Figura 4 – Monge................................................................................................... 13 Figura 5 – Lagoa de decantação............................................................................ 14 Figura 6 – Calagem................................................................................................ 15 Figura 7 – Tanque Cheio........................................................................................ 17 Figura 8 – Biometria............................................................................................... 19 Figura 9 – Tabela de arraçoamento....................................................................... 19 Figura 10 – Kit comercial........................................................................................ 19 Figura 11 – Estufa de reversão.............................................................................. 22 Figura 12 – Tanque de reversão............................................................................ 22 Figura 13 – Alevinos de tilápia ............................................................................... 23 Figura 14 – Alevinos de tambaqui ......................................................................... 23 Figura 15 – Tanques rede...................................................................................... 23 Figura 16 – Larvas................................................................................................. 24 Figura 17 – Tilápia do Nilo...................................................................................... 25 Figura 18 – Preparação de canteiros..................................................................... 26 Figura 19 – Plantando as mudas ........................................................................... 26 Figura 20 – Cisterna............................................................................................... 27 Figura 21 – Tampa da cisterna............................................................................... 27 Figura 22 – Alimentador automático...................................................................... 28 Figura 23 – Aerador chafariz.................................................................................. 28 Figura 24 – Aerador pá de metal............................................................................ 28 Figura 25 – Aerador pá de plástico......................................................................... 28 Figura 26 – Aerador chafariz em funcionamento.................................................... 28 VII LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Tamanho de partículas de solo............................................................. 07 Tabela 2 – Análise do tanque 1............................................................................. 18 Tabela 3 –Análise do tanque 2............................................................................... 18 VIII RESUMO Esse relatório é referente ao estágio supervisionado do Curso Técnico em Agropecuária, Integrado ao Ensino Médio, realizado na Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Assis Chateaubriand – Paraná, na área de Piscicultura. O cultivo de peixes está em constante crescimento no Brasil, principalmente no Oeste do Paraná, sendo que, em 2019, o estado alcançou uma produção de 154.200t de peixes em cultivo, o que representa um crescimento de 18,7% em comparação a 2018. Desta forma, é inevitável a relevância de profissionais técnicos que conheçam os manejos e políticas de extensão rural, a fim de aplicá-los no mercado de trabalho e, por conseguinte, impulsionar esse polo de expansão piscícola. A realização do estágio foi muito importante para a minha formação, tanto pessoal quanto profissional, onde adquiri uma enorme quantidade de conhecimento técnico, além de ganhar experiência para adentrar o mercado de trabalho na área da piscicultura e de conhecer o trabalho realizado nesse setor. Palavras-chave: Agropecuária; cultivo de peixes; extensão rural; expansão piscícola; Oeste do Paraná. IX SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................... V LISTA DE FIGURAS (opcional) .............................................................................. VI LISTA DE TABELAS ............................................................................................. VII RESUMO.............................................................................................................. VIII 1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2 2. A EMPRESA .......................................................................................................4 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................................................ 5 3.1 Licenciamento Ambiental e Outorga de Água ........................................ 5 3.1.1 Licença Prévia (LP) ............................................................................ 6 3.1.2 Licença de Instalação (LI) .................................................................. 6 3.1.3 Licença de Operação (LO) ................................................................. 6 3.1.4 Outorga prévia ................................................................................... 7 3.1.5 Outorga de Direito .............................................................................. 7 3.1.6 Outorgas de captação ........................................................................ 7 3.1.7 Outorgas de Lançamento de Efluente ................................................ 7 3.2 Projetos pelo Google Earth ..................................................................... 7 3.3 Pré – Instalação de tanques ................................................................... 8 3.3.1 Área e Topografia do terreno ............................................................. 9 3.3.2 Tipo de solo ....................................................................................... 9 3.3.3 Disponibilidade de água ................................................................... 10 3.3.4 Dimensionamento ............................................................................ 10 3.3.5 Sistema de abastecimento ............................................................... 11 3.3.6 Estimativa de vazão de água ........................................................... 12 3.4 Construção dos viveiros ....................................................................... 13 3.4.1 Taludes ............................................................................................ 13 3.4.2 Largura da crista .............................................................................. 14 3.4.3 Borda livre ou borda de segurança .................................................. 14 3.4.4 Fundo .............................................................................................. 15 3.4.5 Sistema de Drenagem ..................................................................... 15 3.4.6 Lagoa de decantação ...................................................................... 16 3.5 Calagem e Fertilização ......................................................................... 17 3.5.1 Calagem .......................................................................................... 17 3.5.2 Fertilização ...................................................................................... 18 3.5.2.1 Adubação orgânica ....................................................................... 18 3.5.2.2 Adubação Química ....................................................................... 18 X 3.6 Enchimento ........................................................................................... 19 3.7 Visita a propriedades com análises de água e biometria ...................... 20 3.7.1 Temperatura .................................................................................... 21 3.7.2 Transparência .................................................................................. 22 3.7.3 pH .................................................................................................... 23 3.7.4 Amônia ............................................................................................ 23 3.7.5 Nitrito ............................................................................................... 23 3.8 Incubação e reversão de alevinos ........................................................ 24 3.8.1 Incubação ........................................................................................ 25 3.8.2 Reversão Sexual.............................................................................. 26 3.9 Tilápia ................................................................................................... 27 3.10 Oficinas da Prefeitura Municipal em conjunto com a Itaipu Binacional ..... ....28 3.11 Dia de campo e show rural ................................................................. 29 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 31 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 32 2 1. INTRODUÇÃO O estágio supervisionado do Curso Técnico em Agropecuária, Integrado ao Ensino Médio, foi realizado na Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Assis Chateaubriand – Paraná, com início no dia 07/01/2020 até o dia 05/02/2020, para conclusão foi realizado, mais seis dias, no período da tarde, nos dias de quarta-feira e sexta-feira, totalizando 200 horas. O foco deste estágio foi na área de piscicultura, supervisionado pelo Técnico em Piscicultura Gilmar Echhardt. As primeiras experiências de piscicultura no mundo ocorreram na Idade Antiga, na China e no Egito, onde espécies de Carpas e Tilápias eram capturados no ambiente natural e mantidos em lagos artificiais para consumo humano ou como ornamentação (BRABO et al., 2016). O Brasil produziu, em 2019, 758.006 toneladas (t) de peixes de cultivo, onde 432.149 t. foram de Tilápia, que representa 58% de toda a produção. A produção de peixes nativos foi de 287.930 t, o que representa 38% e, as outras espécies de cultivo produziram 37.927 t, representando 5% do total produzido no país. Dessa forma, a Tilápia se mantém na liderança entre as espécies mais produzidas no país. Com esse resultado, o Brasil se consolida na 4ª posição entre os maiores produtores de Tilápia no mundo (PEIXE BR – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PISCICULTURA, 2020). De acordo com o Peixe BR (2020), o estado do Paraná teve, em 2019, uma produção de 154.200 t, o que representa um crescimento de 18,7% em comparação a 2018, na produção de peixes em cultivo. Dessa forma, o Paraná lidera o ranking nacional devido, principalmente, aos investimentos da agroindústria, seguido dos bons índices de produtividade nas propriedades com boa estrutura das empresas na área de comercialização e logística. A aquicultura moderna está embasada em três pilares: a produção lucrativa, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Os três componentes são essenciais e indissociáveis para que se possa ter uma atividade perene. Deve– se entender, portanto, que a preservação ambiental é parte do processo produtivo (VALENTI et at., 2000 apud CASTELLANI e BARRELA, 2005). 3 Segundo o Peixe BR (2019), “A piscicultura gera cerca de 1 milhão de empregos diretos em todo o país. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de Tilápia, espécie que representa 55,4% da produção do país. Os peixes nativos, liderados pelo tambaqui, participam com 39,8% e outras espécies com 4,6%”. O Paraná é o estado que mais produz peixes no país, cerca de 112 mil toneladas de peixes por ano (PeixeBR, 2017), e está entre as atividades rurais que mais dão retorno ao produtor na região Oeste do Paraná, principalmente, a produção de Tilápia (O PRESENTE, 2018). Diversas atividades foram realizadas durante o período de estágio, a fim de aprimorar os conhecimentos teóricos adquiridos no decorrer no curso, tais como: Medições de nível de tanques, vazão de água, projetos de piscicultura, projetos e acompanhamento de construções de tanques para a piscicultura, visitas e acompanhamento da produção de peixes em propriedades rurais, testes de qualidade de água e preenchimentos de formulários do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). A importância do estágio em piscicultura, além de desfrutar de novos conhecimentos, foi que, como a região do Oeste do Paraná, ondeo estágio foi realizado, é um dos polos da expansão agropecuária nessa área, o contato prático com os manejos fez-se constante, desde construção de tanques escavados, produção de alevinos, até o produto final, o peixe pronto para a comercialização. Aprimorando, então, as competências técnicas, aprendendo como funciona as políticas de assistência ao produtor rural da Prefeitura Municipal e a relação entre produtor e técnico. Também, para a comparação entre o Sistema de Aquaponia didático que tem no campus com uma produção em tanques escavados na escala comercial. 4 2. A EMPRESA Identificação da Empresa Nome: Prefeitura Municipal de Assis Chateaubriand – Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente Endereço: Avenida Cívica, s/n Bairro: Centro CEP: 85935-000 Cidade/Estado: Assis Chateaubriand/Paraná Telefone: (44) 3528-8455 e-mail: imprensaassis@gmail.com Identificação do Supervisor na Empresa Nome: Gilmar Echhardt Cargo: Técnico em Piscicultura Formação: Técnico em Piscicultura e-mail: gilmarambiente2013@gmail.com Identificação do Professor Orientador Nome: Roberto Haruyoshi Ito Formação: Zootecnia/Docente e-mail: roberto.ito@ifpr.edu.br Período e Carga Horária Data de início do estágio: 07/01/2020 Data de final do estágio: 05/02/2020 Período: 08:00 às 12:00h e das 13:30 às 17:30h Carga horária: 176 horas Data parcial do estágio:12,14,19,21, 26 e 28/02/2020 Período: 13:30 às 17:30h Carga horária: 24 horas Carga Horária Total do Estágio: 200 horas 5 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Ao longo período de estágio inúmeras práticas foram efetuadas, a fim de aprimorar os conhecimentos teóricos adquiridos no decorrer no curso, tais como: Medições de nível de tanques, vazão de água, projetos de piscicultura, projetos e acompanhamento de construções de tanques para a piscicultura, visitas e acompanhamento da produção de peixes em propriedades rurais, testes de qualidade de água e preenchimentos de formulários do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). 3.1 Licenciamento Ambiental e Outorga de Água Segundo o art. 2° da Lei Complementar n° 140 de 8 de dezembro de 2011 “Art. 2° Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se: I – licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental; […]” (BRASIL, 2011). O Licenciamento Ambiental detém como alvo garantir que as medidas preventivas e de controle adotadas em uma obra, empreendimento ou atividade, sejam compatíveis à proteção do meio ambiente, principalmente ao desenvolvimento sustentável, assegurando, assim, a preservação da qualidade ambiental. Os tipos de Licenciamento são divididos em: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação. Já a outorga de água, é um consenso de direito para uso da mesma, sob prazos e condições que diz respeito ao poder público, competente ao órgão estadual de recursos hídricos e à Agência Nacional de Águas (ANA). A emissão da Outorga Prévia e da Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos, concedida pela Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA), para novos empreendimentos, bem como para empreendimentos vigentes, demanda estar incorporado com os procedimentos adotados pelo IAP, no que se refere ao Licenciamento Ambiental. A outorga da água serve como instrumento do governo para avaliar a qualitativa e quantitativa do seu uso, seja pela captação ou pela liberação de efluentes, assegurando, portanto, o direito de acesso a água, conforme está disposto na Lei Federal nº 9.433/1997 (SILVA et al., 2015). 6 É requerido quatro tipos de outorgas: Outorga de direito, outorga de captação e outorga de lançamento de efluentes. 3.1.1 Licença Prévia (LP) O encargo da LP é aprovar a localização e elaboração do empreendimento, atividade ou obra. Encontra-se na fase preparatória do planejamento, garantindo, desse modo, sua viabilidade ambiental, determinando as condições básicas e restrições para as próximas etapas da implantação, como também, estabelecendo ao requerente critérios para a emissão de resíduos líquidos, sólidos e gasosos, além de emissões sonoras, exigindo propostas de medidas de controle ambiental, prevenindo possíveis impactos ambientais (PNLA., 2003). 3.1.2 Licença de Instalação (LI) A LI permite a instalação do empreendimento, atividade ou obra, conforme as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, fixando um cronograma para execução das medidas mitigadoras e da implantação dos sistemas de controle ambiental (PNLA., 2003). 3.1.3 Licença de Operação (LO) A LO possibilita a operação da atividade, seja, obra ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento das medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas nas licenças anteriores (PNLA., 2003). 7 3.1.4 Outorga prévia A Outorga Prévia é uma das exigências para a obtenção da Licença de Operação concedida pelo IAP, portanto, é solicitada previamente ao funcionamento do empreendimento (SILVA et al., 2015). 3.1.5 Outorga de Direito A Outorga de Direito é exigida em projetos que utilizam dos recursos hídricos, seja na captação ou na liberação de efluentes (SILVA et al., 2015). 3.1.6 Outorgas de captação A fim da obtenção das Outorgas de captação é necessário efetuar o preenchimento do Requerimento de Captação (RCA) e apresentá-lo junto aos documentos obrigatórios à SUDERHSA. Sendo que há uma outorga específica para cada tipo de captação, superficial ou subterrânea. Em relação à outorga de captação de água subterrânea, é essencial, ainda, realizar uma análise físico- química e bacteriológica das águas (SILVA et al., 2015). 3.1.7 Outorgas de Lançamento de Efluente Precedente ao adquirimento das Outorgas de Lançamento de Efluente é preciso preencher o Requerimento de Lançamento de Efluentes (RLE) e encaminhar a SUDERHSA, juntamente com os demais documentos obrigatórios. Após aceito o requerimento, o órgão necessitará realizar uma vistoria técnica, para analisar o local onde será liberado o efluente (SILVA et al., 2015). 3.2 Projetos pelo Google Earth Para fins da autorização do projeto de implantação da piscicultura, pela plataforma Google Earth, foi elaborado croquis para o planejamento de tanques precedentes à implantação, a ser encaminhado ao IAP. Todo o projeto foi elaborado seguindo as recomendações para tanques escavados e com os constituintes 8 necessários, como: canal de abastecimento e escoamento, tanque de decantação, taludes, casa de compostagem, bomba e comportas (Figura 1). Conforme os recursos financeiros do produtor e da propriedade (local, água e solo). Figura 1 - Projeto de implantação piscicultura Fonte: Autoria própria 3.3 Pré – Instalação de tanques É indispensável a realização de aferições para a devida implantação de um tanque escavado. Utilizando um aparelho de nível óptico (Figura 2), é mensurado o nível de aterro, sua topografia, o nível, desnível e entrada e saída de água, ademais, onde se localizará as comportas e altura ideal do tanque. Figura 2 - Aparelho de nível óptico Fonte: Autoria própria Também, é basilar a escolha dos encanamentos, se serão de tubos de polietileno de alta densidade (PEAD), concreto ou policloreto de vinila (PVC), sendo a escolha feita pelo produtor, optar pelo mais condizente com a viabilidade do empreendimento e pela facilidade de abastecimento e escoamento da água, garantindo, deste modo, a eficiência e rentabilidade da construção. 9 3.3.1 Área e Topografia do terreno As mensurações do terrenoservem para determinar, além, da forma, o tamanho e a capacidade máxima de viveiros possíveis de serem construídos dentro da propriedade, definir o quanto de terra precisará ser movimentada para a construção das instalações, o que implica diretamente no investimento financeiro da atividade. Por isso, é preferível a áreas que apresentem pouca declividade, no máximo até 2%, diminuindo, assim, a quantidade de terra a ser movimentada para a construção das instalações (SILVA et al., 2015). 3.3.2 Tipo de solo É indispensável distinguir o tipo de solo que irá ser trabalhado, principalmente, por conta da infiltração de água, que implicará em uma maior ou menor perda deste material. Os solos mais pertinentes para a construção de viveiros são aqueles que, de maneira geral, possuem uma textura bastante argilosa, ou seja, mais de 60% de argila em sua composição, por possuir partículas menores que a areia, conforme mostra Tabela 1, bem como, detém maior coesão das partes, em outros termos, possui maior plasticidade e impermeabilidade do solo. Tabela 1 - Tamanho de partículas de solo Solo Tamanho de partícula (mm) Argila < 0,002mm Silte 0,002 - 0,05mm Areia fina 0,05 - 0,2mm Areia grossa 0,2 - 2mm Fonte: Embrapa Solos, 2018 Ainda, é indesejável que o solo seja muito arenoso e/ou ainda apresente grande quantidade de cascalhos e raízes de árvores, pois, assim, favorece a infiltração da água. 10 Para descobrir qual o solo a ser trabalhado e se possui as características desejáveis, é aconselhável fazer uma análise física do solo em laboratório ou um teste prático para medir sua permeabilidade e textura, realizado da seguinte forma: o primeiro passo é escavar um buraco com profundidade de 1,80 m ou, se preferir, a profundidade que se deseja construir o viveiro, após, encher de água; ao final do dia deve ser observado o nível da água, se necessário completar até o nível máximo, e no dia posterior, caso a água tenha desaparecido significa que o solo não possui boa aptidão para piscicultura. Outra forma de analisar o solo é o teste de textura, para executá-lo deve ser coletada uma amostra do solo abaixo da cobertura vegetal e passada em uma peneira de malha 2,0 mm. O solo peneirado precisa ser encharcado e apertado em uma das mãos que, ao abrir, se as marcas dos dedos permanecerem na porção, o solo é considerado indicado para a piscicultura (SILVA et al., 2015). 3.3.3 Disponibilidade de água A disponibilidade de água é um aspecto muito importante a ser considerado para implantação dos viveiros. Mesmo nos períodos de estiagem a quantidade de água deve ser o suficiente para atender às exigências do tanque, já que, cotidianamente, parte da água infiltra ou evapora, portanto, deve ser reposta. A captação da água pode ocorrer através de diferentes sistemas de coleta, tais como: nascentes, pequenos córregos, barragens e poços artesianos. Para coletas de pequenos córregos e poços artesianos é recomendado fazer um açude reservatório, para que não prejudique o curso natural e melhorar as propriedades da água subterrânea que, por sua vez, é pobre em oxigênio e microrganismos. À vista disso, recomenda-se que a coletagem seja realizada na parte superior do viveiro, por possuir maior qualidade em relação à quantidade de oxigênio dissolvido na água e fitoplanctons (SILVA et al., 2015). 3.3.4 Dimensionamento O formato e a disposição dos viveiros dependerão da disponibilidade do terreno, buscando sempre otimizar o espaço, levando em consideração as 11 atividades realizadas durante a criação, como: despesca, arraçoamento, carregamento dos peixes, dimensão do maquinário que circulará entre os viveiros, dentre outros. Se possível, dê preferência a tanques retangulares, na proporção de 1:4 em largura e comprimento, pois este apresenta maior praticidade no manejo e melhor fluxo de água, sendo assim, utilizados com maior frequência em pisciculturas. Viveiros grandes, sendo maior que um hectare (ha), possuem o fundo mais irregular em relação aos menores, o que propicia a permanência de predadores e agentes patogênicos, ocasionando, assim, o aparecimento de poças que, prejudica no processo de desinfecção. Ademais, apresentam problemas com algumas atividades, principalmente a despesca com rede de arrasto e o esvaziamento do viveiro, devido seu dimensionamento. Não existe uma regra única a ser seguida na construção de um viveiro, mas para pisciculturas voltadas para a produção de alevinos, recomenda-se viveiros menores entre 250 - 1.000 m² de lâmina da água, dependendo da escala de produção a ser seguida, e de 0,8 a 1,5 m de profundidade, para facilitar o manejo e evitar que um grande número de indivíduos se comprometa caso ocorra alguma infecção por parasitas ou outros patógenos. Para a manutenção dos reprodutores são utilizados tanques com cerca de 250 - 2.000 m², com até 1 m de profundidade, devido ao instinto dos machos de fazer o ninho em águas rasas. Já, para viveiros destinados à terminação dos animais as dimensões serão maiores, frequentemente entre 2.000 a 10.000 m² de lâmina da água, com profundidade entre 1 - 1,5 m, para que a despesca possa ser feita mesmo no nível máximo de água (SILVA et al., 2015). 3.3.5 Sistema de abastecimento O sistema de abastecimento deve dispor de água de qualidade em abundância, para atender as necessidades dos viveiros, seja renovação da água ou reposição, devido aos processos infiltração e evaporação. Preferencialmente, o abastecimento pode ser realizado por gravidade, com o intuito de reduzir os custos com energia, tanto elétrica, quanto de combustíveis. 12 Também, podem ser usadas fontes de água que estejam localizadas acima do nível dos viveiros, ou fazer construção de barragens para que o nível da água se eleve. Sua distribuição será realizada por condutos que podem ser abertos, feitos de concreto, de terra compactada ou condutos fechados com canos de PVC ou PEAD. Para determinar as dimensões do conduto, leva-se em consideração a quantidade de água necessária por ha. Se necessário bombeamento, devido à fonte de água se encontrar abaixo do nível dos viveiros ou como sendo uma forma suplementar, é recomendável que, primeiro a água seja bombeada para uma represa e após distribuída por gravidade aos viveiros. Deste modo, proporcionará economia com energia e menor susceptibilidade a problemas com a falta de energia elétrica ou falhas mecânicas. Em ambos os casos, se faz pertinente a instalação de filtros mecânicos para evitar a entrada de resíduos orgânicos, como folhas e galhos, e impedir a outras espécies de peixes indesejáveis para a piscicultura. Por isso, o filtro deve ser planejado pensando na facilidade de remoção para a realização de limpezas periódicas. 3.3.6 Estimativa de vazão de água É de suma importância estimar a vazão de água para o abastecimento, já que definirá o porte da piscicultura a ser implantada. Por definição vazão (Q) é o volume de água em litros (L) ou metros cúbicos (m³), que passa pelo conduto em um período de tempo (t). A estimativa pode ser realizada através de duas formas principais, sendo que a sua utilização varia em função do sistema de abastecimento: conduto fechado normalmente com canos de PVC ou PEAD, ou ainda, conduto aberto, podendo ser um canal de água escavado, riacho, córregos, entre outros. Para condutos fechados, utiliza-se um recipiente de volume conhecido, por exemplo um balde ou uma bacia, com o auxílio de um cronômetro é mensurado o tempo que levou para encher o recipiente, repetindo por 3 vezes, após é feito o cálculo. Já, a estimativa de vazão de água para conduto aberto, é escolhido um trecho do conduto que seja mais uniforme, para facilitar a medidas mais precisas, após, são escolhidos 2 pontos com uma distância de mais ou menos 10m entre si,13 com uma garrafa PET, com ¾ do seu volume preenchido por água, é feita soltura e cronometrada, com isso, será possível estimar o tempo que a água leva para passar entre os dois pontos. A garrafa é solta cerca de 5 m antes do ponto inicial, para que alcance a velocidade de deslocamento da água e, após passar pelo primeiro ponto do trecho, é iniciada a contagem do tempo até passar pelo segundo ponto. Este procedimento pode ser realizado de três a cinco vezes, para obter um valor mais aproximado. Em seguida, deve ser definida a área de seção, onde estão os pontos, para ser calculada a média das duas seções, que multiplicada pela distância irá fornecer a informação sobre o volume da água. As áreas das seções serão definidas de acordo com a sua forma geométrica, e então, a vazão poderá ser calculada (SILVA et al., 2015). 3.4 Construção dos viveiros 3.4.1 Taludes Os taludes são as paredes inclinadas dos viveiros, conforme mostra Figura 3. Sua estruturação deve ser bem elaborada, se não, poderá resultar em custos posteriores com reparos. As principais dificuldades que podem vir a surgir são: infiltração e erosão. Figura 3 - Taludes Fonte: Autoria própria Os taludes devem ser levantados em níveis de terra úmida, com aproximadamente 20 cm de altura, e a seguir realiza-se a compactação da terra com um rolo compactador. A sua inclinação dependerá dos fatores físicos do solo, mas, geralmente, a área de contato com a água possui uma menor inclinação, devido aos efeitos erosivos das ondas (SILVA et al., 2015). 14 3.4.2 Largura da crista A crista é o ponto mais elevado dos taludes, e sua largura será definida em função da dimensão da piscicultura, levando sempre em conta a facilidade ao realizar os manejos do viveiro, por exemplo, transporte de insumos, despescas, tráfego seguro de pessoas e veículos, entre outros. Nos taludes principais, a largura da crista deverá ser proporcional ao tamanho do veículo que irá circular entre os tanques. Para caminhões de despesca: a crista deverá possuir no mínimo 4 m de largura. Já, para empreendimentos de menor porte, onde com apenas o auxílio do trator se realize a despesca e transporte de insumos: a crista deverá possuir no mínimo 3 m de largura. Nos taludes secundários a largura pode ser menor, todavia, deverá permitir que seja executada a roçada mecânica na crista (SILVA et al., 2015). 3.4.3 Borda livre ou borda de segurança A borda livre ou borda de segurança representa a distância entre o nível máximo da água e a crista do talude. Essa distância tem grande importância para evitar que ocorra o transbordamento do viveiro, principalmente quando estiver em períodos chuvosos. A borda livre irá variar de acordo com o tamanho do viveiro, mas de maneira geral, em viveiros de até 5.000 m² é adotado um tamanho de 30 - 40 cm, e para viveiros maiores uma borda de no mínimo 50 cm. Devem ser praticadas algumas medidas de preservação dos taludes, como o plantio de gramíneas que não apresentem um porte elevado, para não elevar os custos com roçadas. É recomendado, então, o plantio de gramíneas dos gêneros Cynodon e Paspalum, por apresentarem um menor porte e uma boa capacidade de crescimento vegetativo, cobrindo rapidamente a área de solo exposto, logo após da construção dos viveiros (SILVA et al., 2015). Não se é recomendado o plantio de árvores, nos taludes e cristas, pois suas raízes favorecem a infiltração de água. 15 3.4.4 Fundo O fundo dos viveiros deve ser essencialmente bem compactado, a fim de evitar que haja alguma infiltração da água e, ainda, ter uma inclinação de 0,5% até 2% no sentido longitudinal, isto é, no sentido do maior comprimento, favorecendo o esvaziamento do viveiro por gravidade no momento de despesca (SILVA et al., 2015). 3.4.5 Sistema de Drenagem O sistema de drenagem deverá ser construído na parte mais profunda do viveiro, para proporcionar um esgotamento completo, sendo que o tamanho do mesmo irá influenciar diretamente sobre o tipo de sistema de drenagem a ser utilizado, podendo ser o monge, como mostra a Figura 4, ou cachimbo/cotovelo. Figura 4 - Monge Fonte: Autoria própria O Monge é o sistema mais utilizado em viveiros maiores que 1.000m², pois, essa estrutura permite que a água seja coletada do fundo do viveiro, onde possui baixa concentração de oxigênio dissolvido e alta concentração de resíduos orgânicos, favorecendo, assim, a renovação da água no viveiro. Ele consiste em uma caixa que pode ser ou de alvenaria ou de tábuas de madeira, com altura igual ao nível da crista dos taludes. A caixa em questão, deve ser fixada a 10 cm abaixo do fundo do viveiro e acoplada à tubulação de esgotamento que se encontra próximo a base do talude. Nas paredes internas do monge, são encontradas algumas canaletas verticais, com cerca de 2 a 3 cm de abertura, onde serão sobrepostas e encaixadas as tábuas que irão fazer a vedação e controle do nível da água. As tábuas serão 16 distanciadas entre si com 20 cm, espaço que deverá ser preenchido com serragem ou terra, para impossibilitar a passagem de água (SILVA et al., 2015). Na base do monge, por onde a água passará, é instalado uma tela de contenção, de acordo com o tamanho dos peixes do viveiro, com a finalidade de evitar fugas. Como em viveiros de maior porte são utilizados com muita frequência os monges, torna-se aconselhável fazer a construção de um vertedouro para retirar o excesso de água quando o nível subir, principalmente em períodos chuvosos. 3.4.6 Lagoa de decantação Os resíduos acumulados nos viveiros não devem ser liberados diretamente no meio ambiente, por possuírem uma baixa qualidade de água em razão das excretas presentes, peixes e restos de ração em decomposição, além do excesso dos nutrientes nitrogênio e fósforo. Essa adversidade se intensifica nos períodos em que ocorre a despesca, devido a suspensão do ao material orgânico presente no fundo dos viveiros. Nas lagoas de decantação, como na Figura 5, a água deverá permanecer tempo suficiente para que toda a matéria orgânica seja depositada no fundo. Para isso, as lagoas precisam ter plantas aquáticas, como o aguapé e a taboa, que se apropriarão dos nutrientes dissolvidos na água e assim diminuindo sua concentração. Também, é indispensável ter exemplares adultos de peixes nativos com hábitos alimentares diferentes: carnívoros, para se alimentarem dos peixes que escaparem dos viveiros (evitando um possível desequilíbrio ambiental); filtradores e onívoros, para que, assim, diminua a quantidade de microrganismos e matéria orgânica presente. Figura 5 - Lagoa de decantação Fonte: Autoria própria 17 As características da lagoa de decantação são as mesmas que as dos tanques e sua área deverá ser o equivalente a 10% da soma de toda a área alagada dos viveiros (SILVA et al., 2015). 3.5 Calagem e Fertilização 3.5.1 Calagem A calagem, como demonstra na Figura 6, na produção piscícola, constitui-se na aplicação de um composto rico em cálcio ou na combinação de cálcio e magnésio (calcário), a fim de melhorar a qualidade química, física e biológica da água e do solo. Figura 6 - Calagem Fonte: Autoria própria O aumento nos teores de cálcio e magnésio aumentam a alcalinidade e diminuem a variação do pH diário da água. O ideal é fazer uma análise de solo no fundo do criadouro, em uma camada de 15 centímetros de espessura, para indicar a quantidade exata de calcário necessária para a correção do solo. Se não for possível, a recomendação é de aplicar de mil a 3 mil quilos por ha a lanço, por toda a área do fundo e nas paredes do viveiro. A calagem deverá ser realizada 10 dias antes do enchimento. Quando os tanques já estão cheios, o calcário pode ser aplicado diretamente na água, em sacosimersos que permitam o escoamento do produto ou a lanço por toda a superfície do criadouro (FARIA et al., 2013). 18 3.5.2 Fertilização A fertilização dos tanques pode ocorrer de dois modos, sendo eles: químico ou orgânico. E é utilizada para propiciar a produção de fitoplâncton. É uma prática bastante importante para a criação de espécies filtradoras, visto que elas filtram a água pelas brânquias se alimentando dos microrganismos disponíveis (fitoplâncton e zooplâncton), levando em consideração que a ração representa o item de maior custo na piscicultura. Ou seja, a prática da adubação minimiza o custo de produção, justamente por conta da diminuição na quantidade de ração necessária por ciclo de criação. Deste modo, a adubação dos criadouros deve ser realizada precedentemente ao povoamento, tendo como objetivo a disponibilidade de alimento, em quantidade e qualidade apropriada aos diferentes estágios de desenvolvimento dos peixes. Esta metodologia exige um monitoramento semanal, utilizando o Disco de Secchi, devido ao fato de cada viveiro possuir propriedades e necessidades diferentes (FARIA et al., 2013). 3.5.2.1 Adubação orgânica Os adubos orgânicos são constituintes vegetais e/ou esterco de animais zootécnicos, com grande quantidade de fósforo e micronutrientes, utilizados na forma de adubo curtido. A adubação orgânica deve ser aplicada com cautela devido ao processo de decomposição destes compostos afetar a quantidade de oxigênio disponível na água, podendo, se utilizado incorretamente, ocasionar a morte dos peixes (FARIA et al., 2013). 3.5.2.2 Adubação Química Os adubos químicos proporcionam uma disponibilidade dos nutrientes rápida em comparação com a adubação orgânica. Entre os fertilizantes recomendados, os mais utilizados são: o nitrogenado (sulfato de amônio) e os superfosfatos simples e triplos. 19 O indicado é utilizar inicialmente em torno de 200 kg de sulfato de amônia por ha e, depois de sete dias, iniciar a aplicação de 150 kg de superfosfato triplo por ha, sendo metade em dose única e o restante em três aplicações, com intervalos de 15 dias, de 25kg. É fundamental atentar-se para determinadas situações triviais quando ocorre o crescimento rápido e excessivo de microalgas, tornando a água turva, deixando- a, por exemplo, verde ou avermelhada, e sua transparência abaixo dos 30 centímetros. Podendo reduzir a oxigenação da água, ocasionando a morte dos peixes. Esse fenômeno, denominado Bloom ou floração das algas, ocorre, principalmente, quando há associação de dias ensolarados e excesso de adubação orgânica ou química. Quando isso acontecer o produtor deve imediatamente aumentar o volume da água de abastecimento do viveiro, paralisar o fornecimento de ração e fazer uso de aeradores, para elevar os níveis de oxigênio disponíveis (FARIA et al., 2013). 3.6 Enchimento O enchimento do viveiro é efetuado logo após a sua fertilização, portanto, é recomendado que seja feito em duas etapas. Primeiramente, deve ser colocado aproximadamente 50 a 70 cm de água no viveiro, esperando cerca de 4 a 8 dias para que aconteça o crescimento do fitoplâncton, após esse período, o viveiro poderá ser completado até o nível máximo. Esperar de 2 a 4 dias para que os plânctons possam se multiplicar, e assim garantir uma boa disponibilidade de alimento natural para os alevinos. Durante o enchimento do viveiro é importante que seja monitorada a qualidade da água, por meio de medições de temperatura, oxigênio, transparência e pH (SILVA et al, 2015). Figura 7 - Tanque cheio Fonte: Autoria própria 20 3.7 Visita a propriedades com análises de água e biometria A assistência técnica rural se estendeu a propriedades localizadas nos ramais e distritos dos Municípios de Assis Chateaubriand e Toledo (Paraná). Em uma das propriedades, foram feitas análises de qualidade de água em dois tanques, uma prova e outra contraprova, os resultados foram conforme as Tabelas 2 e 3, a fim de evitar problemas que podem ocasionar prejuízos na produtividade. Os testes executados foram os de amônia tóxica, nitrito, temperatura, pH e transparência. Tabela 2 - Análise do tanque 1 Análise 1 Análise 2 Nitrito 0,5 Nitrito 0,5 Amônia 0,10 Amônia 0 pH 7,6 pH 7,6 Temperatura ° C 31,1 Temperatura ° C 31,1 Fonte: Autoria própria Tabela 3 - Análise do tanque 2 Análise 1 Análise 2 Nitrito 0,5 Nitrito 0,25 Amônia 0,25 Amônia 0 pH 7,32 pH -- Temperatura ° C 29,5 Temperatura ° C -- Fonte: Autoria própria Já numa outra propriedade, foi feita a biometria, de acordo com a Figura 8, que consiste em pesar certa quantia de peixes, e conforme o peso e o crescimento dos mesmos, é realizado um novo arraçoamento, conforme figura 9, para fornecer a quantia ideal de ração para os peixes, com o propósito de evitar desperdícios e gastos desnecessários. 21 Figura 8 – Biometria Figura 9 – Tabela de arraçoamento Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria Para o monitoramento da qualidade de água dos tanques de criação, foram mensurados os seguintes parâmetros físico-químicos: temperatura, pH, transparência, amônia tóxica e nitrito. Sendo que, para a mensuração destes, alguns equipamentos foram utilizados, tais quais, termômetro, peagâmetro, disco de Secchi e o Kit comercial Alfakit, segundo a Figura 10. Figura 10 - Kit comercial Fonte: alfakit.com.br 3.7.1 Temperatura É a temperatura que determina a intensidade do metabolismo dos organismos vivos nos tanques. A temperatura ideal da água, para o bom desenvolvimento da Tilápia, está entre 26 a 28ºC. 22 Nos períodos do ano, nas quais as temperaturas são mais altas, a água do viveiro pode atingir níveis superiores à zona de conforto (28ºC). Acima de 30ºC, já pode ser observado as reduções da taxa de alimentação, por isso, o alimento deverá ser fornecido nos horários de temperaturas mais amenas. Diante disso, no inverno acontecem reduções bruscas de temperatura, ocasionando um decréscimo gradativo no metabolismo da Tilápia, e dos demais organismos. Mesmo no final do inverno, quando as temperaturas se elevam, o metabolismo da Tilápia ainda não está bem adaptado, deve-se esperar um período de pelo menos 30 dias com as temperaturas acima de 22º C para a mudança de qualquer procedimento de manejo, especialmente dos juvenis (HEIN; BRIANESE, 2004). É fundamental o acompanhamento diário da temperatura da água, para que o fornecimento de alimento seja reduzido na proporção da redução do apetite. A tabela de alimentação é uma importante referência para orientar este processo. 3.7.2 Transparência O nível de transparência na água é um indicador de nutrientes e de sólidos (argila) em suspensão. A transparência indica a produção primária do viveiro, que é determinante para fornecer oxigênio, também, a penetração da luz solar na água. A produção primária em quantidade e qualidade é importante para o equilíbrio do sistema e para fornecimento de alimento para a Tilápia, especialmente na fase inicial. É indesejável que haja variações nesta medida. Por isso, em águas de coloração esverdeada, a transparência ideal é de 25 - 35 cm. Deste modo, abaixo de 25 cm, indica excesso de matéria orgânica, possibilidade de desequilíbrio e uma falta de oxigênio, eventualmente devido ao excesso de ração fornecida e/ou alta taxa de mortalidade de Tilápia. Diante disso, o procedimento é intensificar a renovação de água, reduzir a alimentação e observar o comportamento da criação. Já, acima de 40 cm, revela um sistema empobrecido. O procedimento para a correção é a adição de nutrientes via adubos químicos ou dejetos orgânicos, sendo que estes necessitam de critérios como: temperatura, renovação de água eprofundidade do viveiro (HEIN; BRIANESE, 2004). 23 3.7.3 pH O pH, por si só, não nos deixa claro uma indicação da qualidade e do equilíbrio do sistema. O pH varia conforme as horas do dia, que é influenciado pelas reações químicas que ocorrem naturalmente no viveiro. Sendo assim, pode-se dizer que grandes variações, além 6,0 de manhã e 9,5 à tarde, é sinônimo de adversidade, como desenvolvimento dos peixes abaixo do potencial desejado. Uma calagem bem realizada é um fator que auxilia no equilíbrio (HEIN; BRIANESE, 2004). 3.7.4 Amônia O excesso de amônia ocorre devido ao excesso de matéria orgânica na água, é um sinal que houve erro na adubação. Esse problema é somente corrigido através da renovação da água do viveiro. A calagem direta na água durante o cultivo, quando há ocorrência de amônia, pode trazer problemas, visto que a amônia é ainda mais tóxica em pH elevado (>7,0). Ainda, existem outros parâmetros de qualidade de água que podem ser levados em consideração, no entanto requer mais conhecimento. Como foi observado, há uma estreita correlação entre os fatores que influenciam no comportamento dos organismos presentes nos viveiros e da Tilápia (HEIN; BRIANESE, 2004). 3.7.5 Nitrito O nitrito é um composto intermediário da nitrificação, processo de conversão de amônia em nitrato, por meio da ação bioquímica de bactérias, que ocorre em duas fases, sendo elas: nitritação, que é da amônia oxidada a nitrato, através de bactérias do gênero Nitrosomonas, e nitratação, como sendo, nitrito oxidado a nitrato, através de bactérias do gênero Nitrobacter. 24 O acúmulo de nitrito na água é decorrente de uma série de fatores como: baixo teor de oxigênio dissolvido, baixas temperaturas, pH da água ácido e do substrato do viveiro, que acabam por impedir a oxidação de nitrito em nitrato. Esse parâmetro químico é altamente tóxico, ao constar nitrito no sangue do peixe, o mesmo se junta à hemoglobina produzindo a metahemoglobina, desse modo, suspendendo o transporte de oxigênio para os tecidos e demais órgãos, que levará a uma intoxicação, asfixiando o animal e o matando. A intoxicação por nitrito é perceptível em peixes que buscam ar na superfície do tanque, mesmo com níveis adequados de oxigênio dissolvido na água e, também, quando apresentam brânquias e sangue com coloração marrom. Os níveis de nitrito não devem ultrapassar 0,50 mg/L (SILVA et al., 2015). 3.8 Incubação e reversão de alevinos Das propriedades visitadas, duas delas utilizam a reversão sexual em alevinos. Em uma, o próprio produtor a realiza, dispondo de vários tanques, onde também, procede a recria e terminação e, por fim, o peixe é comercializado na feira do produtor de Assis Chateaubriand (Figura 11 e 12). Figura 11 - Estufa de reversão 12 -Tanque de reversão Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria Já na outra propriedade, é feita a incubação de alevinos, que é mais utilizado comercialmente, de várias espécies, tais como: Tilápia, Tambaqui, Tambacu, Carpa, Pacu, entre outros. O local também dispõe de vários viveiros, seja tanques redes para recria ou tanques abertos para a terminação. Entretanto, o foco comercial é a incubação e recria dos juvenis, conforme mostra as Figuras 13, 14 e 15. 25 Figura 13 - Alevinos de Tilápia Fonte: Autoria própria Figura 14 - Alevinos de Tambaqui Figura 15 - Tanques redes Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria 3.8.1 Incubação Os ovos retirados da boca das fêmeas, antes de irem para a incubadora, devem passar por um processo de desinfecção, onde são submetidos a um banho em solução formalina 10% por um período de 30 s. Logo em seguida, permanecem nas incubadoras com uma temperatura de 28°C, por um período de aproximadamente 4 a 5 dias, com um constante fluxo de água, (simulando o movimento da água na boca da fêmea em ambiente natural), ou até as larvas eclodirem. A quantidade ideal dos ovos a serem incubados dentro de cada recipiente vai depender do tamanho e da profundidade do mesmo, além da existência e porcentagem da taxa de renovação da água. A taxa de renovação deve ser controlada, para que seja evitado um excesso de fricção entre os ovos e a parede da incubadora, pois o controle previne a 26 existência de infecções bacterianas e fúngicas nos ovos. Desse modo, a quantidade é calculada para que apenas um quarto do fundo do recipiente seja coberto por uma camada de ovos. O estágio de maturação dos ovos é classificado através da coloração em que eles se apresentam, ou seja, uma coloração amarelo-clara indica ovos mais jovens, já, quando os ovos estão mais maduros, isto é, mais próximos da eclosão, apresentam uma coloração mais escura. As larvas ao eclodirem são levadas para bandejas plásticas, como apresenta a Figura 16, presentes na direção do fluxo, onde permanecem por um período de três dias, até que o saco vitelínico seja consumido. Essas bandejas são compostas por uma tela, que tem por função evitar a saída das larvas recém-eclodidas. Figura 16 - Larvas Fonte: Autoria própria Ovos mais imaturos mantêm-se nas incubadoras por um período de até 72 h, tempo suficiente para que as larvas venham a eclodir, caso contrário são retirados da incubadora (SILVA et al., 2015). 3.8.2 Reversão Sexual A reversão sexual em alevinos consiste num processo de manipulação do sexo do peixe, possibilita o desenvolvimento de órgão genitais masculinos nas larvas fêmeas por meio da administração de hormônios masculinizantes adicionados à ração. Sendo seu objetivo principal obter somente machos, garantindo uma engorda mais uniforme e o controle populacional nos tanques (OLIVEIRA, 2015). 27 Segundo Silva et al (2015), “O processo de reversão deve ocorrer no momento em que o sexo ainda se encontra indefinido, ou seja, do 15º até o 20º dia de vida a pós-larva deve ser submetida à reversão sexual. É necessário que, para a realização da reversão sexual, as larvas possuam um tamanho entre 11 e 14 mm.” Portanto, as larvas ou devem ser coletadas após 15 dias do acasalamento, a captura pode ser feita com o auxílio de uma rede de arrasto, outra forma é coletar os ovos direto da boca das fêmeas. Na incubadora devem ser estocadas numa densidade de 3.000 a 5.000 larvas por m³ de água, e a ração (38 a 35% de PB), contendo o hormônio deve ser ofertada 4 vezes ao dia, por 28 dias (IGARASHI, 2016). 3.9 Tilápia A Tilápia-do-Nilo apresenta um ótimo desenvolvimento em ambientes com temperaturas de 25 a 30°C, abaixo deste valor começa a haver um declínio no crescimento dessa espécie. Em temperaturas abaixo de 11°C as Tilápias não resistem e começam a morrer, e abaixo de 7°C há existência de uma mortalidade em massa da população. Essa espécie, como consta na Figura 17, apresenta listras verticais, coloração acinzentada e corpo comprimido lateralmente. A espécie possui um crescimento acelerado, podendo os adultos chegar até 60 cm de comprimento, variando seu peso de 4,3 kg a 9,5 kg. Figura 17 - Tilápia do Nilo Fonte: Autoria própria 28 As Tilápias possuem alta taxa de fertilidade e excelente capacidade de reprodução, mesmo antes de atingir sua maturidade sexual, geralmente ocorre entre o 3º e o 4º mês após a estocagem de alevinos. Por ser uma espécie que apresenta maturação sexual precoce, se indica o cultivo de populações monossexo, para evitar problemas de heterogeneidade do lote e menor crescimento das fêmeas (SILVA et al., 2015). 3.10 Oficinas da Prefeitura Municipal em conjunto com a Itaipu Binacional Duranteo estágio foi propício a participação de duas oficinas cometidas em parceria da Prefeitura Municipal com a Itaipu Binacional, ambas executadas na Escola Municipal Edésio Augusto Siloti, sendo elas: Oficina de construção de horta, onde foram levantados canteiros, conforme consta na Figura 18, que foram adubados e, em seguida, plantado mudas de hortaliças, como mostra na Figura 19, com o objetivo de serem colhidas e usadas na na merenda escolar. Figura 18 - Preparação de canteiro Figura 19 - Plantando as mudas Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria Já a outra oficina, foi a de construção de cisterna, como mostra a Figura 20 e 21, para captação de água, onde, utilizando malhas de ferro, foi formado um cilindro e o rodeado de sombrite 70%, em seguida posto sobre uma estrutura de concreto e coberto de cimento, tanto por dentro quanto por fora, para evitar infiltrações e vazamentos. Logo após a secagem já estava pronto para ser utilizada. 29 Figura 20 - Cisterna Figura 21 - Tampa da cisterna Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria 3.11 Dia de campo e show rural Durante o estágio houve a participação de duas feiras de agronegócios e inovações tecnológicas, o Dia de Campo da C.Vale 2020, realizado em Palotina (Paraná), e o Show Rural Coopavel 2020, em Cascavel (Paraná). A importância da participação nessas feiras se deve a busca de informações em adquirir conhecimentos, principalmente, referentes à área da piscicultura, com o objetivo de conhecer novos equipamentos e ver em detalhes aqueles que já são fundamentais para uma produção de qualidade. Também, tivemos a oportunidade de conhecer melhor outros diferentes campos da agropecuária que ali tinham seus estandes. No Dia de Campo da C.Vale 2020, vários equipamentos essenciais para a criação de peixes estavam expostos, tais quais: o alimentador automático (Figura 22), que realiza a alimentação na quantia de vezes e horas a serem reguladas; o aerador chafariz, de acordo com Figura 23; os aeradores de pá de metal e pá de plástico, Figuras 24 e 25, respectivamente, que servem para oxigenar o tanque. Não houve a demonstração do funcionamento destes equipamentos. 30 Figura 22 - Alimentador automático Figura 23 - Aerador Chafariz Fonte: Autoria própria . Fonte: Autoria própria Figura 24 - Aerador de pá de metal Figura 25 - Aerador de pá de plástico . Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria Figura 26 - Aerador Chafariz em funcionamento Fonte: Autoria própria 31 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância da realização do estágio vai muito além da matriz curricular, é uma forma de ganhar experiência para adentrar o mercado de trabalho. Esse em especial, realizado na Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do município de Assis Chateaubriand na área de Piscicultura, devido à expansão da produção de Tilápia-do-Nilo na região Oeste do Paraná, foi imensurável a quantidade de técnicas, conhecimentos e vivências adquiridas que agregaram os saberes enquanto técnico em agropecuária e cidadão chateaubriandense. Também, é notório a influência da disseminação de saberes dos técnicos, por meio da extensão rural, para os produtores, principalmente os pequenos, que devido ao poder aquisitivo, não possuem acesso às novas tecnologias, ademais, a falta de pessoas capacitadas para atender a demanda do crescimento da prática na região e auxiliar os que estão agora ingressando nesse mercado em potencial. 32 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANUÁRIO PEIXEBR 2019: PRODUÇÃO BRASILEIRA CRESCE 4,5% E ATINGE 722.560 T. Brasil: Peixebr, 2019. Disponível em: https://www.peixebr.com.br/Anuario2019/AnuarioPeixeBR2019.pdf. Acesso em: 30j jun. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PISCICULTURA. Piscicultura. [s.l.], [2020] data provável. Disponível em: https://www.peixebr.com.br/. Acesso em: 03 jun. 2020. BRABO, Marcos Ferreira et al. A CADEIA PRODUTIVA DA AQUICULTURA NO NORDESTE PARAENSE, AMAZÔNIA, BRASIL. São Paulo: Organização das Nações Unidas Para Agricultura e Alimentação (Fao), 2016. 11 p. 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