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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS CURSO DE DIREITO – Campus Contagem DISCIPLINA: DIREITO CIVIL - CONTRATOS Período: 4º PROFESSORA: SIMONE DE LARA PINTO REISSINGER 01/03/2022 Orientações (leia com atenção): O objetivo desta lista de exercícios é reforçar e fixar conceitos trabalhados na disciplina de Direito Civil - Contratos. Assim, é importante que as questões propostas sejam respondidas com base em livro de doutrina de direito civil, conforme indicado no plano de ensino (bibliografia básica e complementar), e na legislação aplicável, observando o(s) conceito(s) e o(s) efeito(s) de cada instituto jurídico requerido. Sempre explique os fundamentos jurídicos da resposta e indique os dispositivos legais aplicáveis, quando for o caso, a fim de estruturar um raciocínio lógico. Para alcançar esse objetivo, recomenda-se que as respostas sejam por escrito. Desta forma, outras atividades serão respondidas mais facilmente a partir da compreensão do conteúdo. EXERCÍCIOS DE REVISÃO E FIXAÇÃO 1. Maria estava em casa preparando o almoço, quando percebeu a necessidade de certo ingrediente, o qual não tinha em casa. Assim, chamou seu filho Davi, de 12 anos, e pediu que ele fosse até à mercearia, que fica a 300 metros de casa, para comprar, dando-lhe a quantia necessária em dinheiro. Davi obedeceu a mãe e realizou a aquisição do ingrediente, retornando para casa. QUESTÃO: Explique se o contrato de compra e venda realizado por Davi é juridicamente válido. 2. Observe as classificações dos contratos que foram estudadas e classifique os seguintes contratos entre particulares (regulados pelo Código Civil). a) compra e venda de imóvel no valor de R$ 100.000,00; b) doação pura de imóvel no valor de R$ 100.000,00; c) doação de bem móvel de pequeno valor; d) contrato de locação de um veículo. 3. Há alguns anos surgiu no noticiário a informação de um grave defeito de fabricação no airbag produzido pela indústria japonesa Takata. O airbag é um componente de segurança de veículos automotores. No entanto, o airbag com defeito de fabricação provoca o lançamento de peças de metal contra o ocupante, quando o airbag é acionado em caso de acidente. Marcelo adquiriu um automóvel usado, ano 2015, que não passou pelo recall do fabricante para substituição do airbag. Ignorando a gravidade do problema, Marcelo estava usando normalmente o carro e, em janeiro/2022, sofreu um acidente, quando o airbag foi acionado e provocou vários ferimentos nele. No carro também estava Ronaldo, que é um colega de trabalho para quem Marcelo ofereceu carona, e que sofreu ferimentos em decorrência do airbag do passageiro que se abriu. RESPONDA: a) Diante dos fatos narrados, qual(is) princípio(s) contratual(ais) pode(m) ser alegado(s) por Marcelo, contra o fabricante do veículo, para indenização dos danos sofridos? b) Ronaldo, o passageiro, também pode alegar algum princípio contratual para fundamentar direito de indenização contra o fabricante do veículo? 4. A Lei n. 8.245/91 (locação de imóvel urbano), prevê, entre as obrigações do locador, “entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina” (art. 22, I). Marilda realizou contrato de locação com Isidoro, referente a um imóvel residencial, pelo prazo de 30 meses. Quando Marilda visitou o imóvel, antes de decidir concluir o contrato, verificou que o registro geral de água estava com defeito e pediu a Isidoro para consertar antes da entrega das chaves, o que foi aceito por ele. Um dia antes da entrega das chaves, Marilda voltou a falar com Isidoro sobre o registro e ele informou que ela deveria ficar tranquila, pois no dia seguinte o problema estaria resolvido. No entanto, Marilda recebeu as chaves e, ao chegar no imóvel, verificou que nada tinha sido feito com relação ao registro. Desta forma, o imóvel não tinha água em qualquer cômodo. QUESTÃO: Diante dos fatos narrados, qual(is) princípio(s) contratual(ais) pode(m) ser alegado(s) por Marilda para exigir a resolução do contrato de locação? 5. Eduardo celebrou compromisso de compra e venda com uma cooperativa, na década de 90, para aquisição de um imóvel no empreendimento “Lagoa Dourada”, e iniciou o pagamento das prestações mensais ajustadas entre as partes. Em 1998, foi contemplado em assembleia de cooperados e ingressou na posse do imóvel, dando continuidade aos pagamentos das prestações. Em 2002 Eduardo quitou integralmente todas as prestações, mas a cooperativa se recusou a outorgar a escritura definitiva, ao argumento de que havia saldo residual pendente, embora não tenha demonstrado a origem da dívida. QUESTÃO: Considerando o tempo decorrido desde a posse do imóvel, a quitação integral e a relação jurídica existente entre as partes, qual(is) princípio(s) contratual(ais) pode(m) ser alegado(s) por Eduardo para exigir a outorga da escritura definitiva de compra e venda do imóvel? 6. Uma rede de restaurantes assinou um contrato, mediante instrumento particular, com um posto de combustível para que este fornecesse, todo mês, por prazo indeterminado, uma quantidade mínima de 50 litros de combustível para abastecer as motos que realizam as entregas das lojas. Em razão do aumento do preço dos combustíveis, a rede de restaurantes contratou entregadores de bicicleta para as entregas de menor porte e começou a diminuir as compras de combustível do posto. Por mais de dois anos, o fornecimento de combustível se deu em quantidades menores que as mínimas estabelecidas no contrato, sem qualquer ressalva ou reclamação por parte do posto de combustível. Então, o representante da rede de restaurantes procurou o representante do posto de combustível e eles, verbalmente, declararam que o contrato estaria desfeito. Entretanto, um ano após o distrato verbal, o posto de combustível ajuizou uma demanda contra a rede de restaurantes, exigindo-lhe o ressarcimento dos valores proporcionais ao não cumprimento de metas mínimas de aquisição de combustível, bem como do período após o distrato verbal, sob o argumento de que o desfazimento do contrato somente poderia ser realizado por escrito. QUESTÃO: Diante dos fatos narrados, qual(is) princípio(s) contratual(ais) pode(m) ser alegado(s) por Marilda para exigir a resolução do contrato de locação? a) Explique se o distrato verbal é válido juridicamente. b) Explique se a rede de restaurantes está obrigada a pagar algum valor ao posto de combustível. Apresente o fundamento jurídico com base no(s) princípio(s) contratual(ais). 7. Ronaldo alugou um imóvel residencial para Valdete. Foi previsto de forma expressa no contrato que o pagamento do aluguel, fixado em R$ 2.000,00 (dois mil reais) mensais, ocorreria todo dia 10 de cada mês, sob pena de incidência de multa de 2%, a partir do vencimento, bem como de juros moratórios de 1% ao mês, pro rata die. Valdete, ao firmar o contrato, recebia o pagamento de seu salário no 10 de cada mês, razão pela qual escolheu essa data para realizar o pagamento do aluguel. Entretanto, mudou de emprego e começou a receber seu salário todo dia 20 de cada mês, passando unilateralmente a pagar, a partir do 2º mês de vigência do contrato, o aluguel no dia 20 de cada mês e continuou a fazê-lo durante todo o prazo de 60 meses do contrato, sem qualquer oposição de Ronaldo. Ao final do contrato, Valdete manifestou a vontade de devolver o imóvel, mas Ronaldo não aceitou receber as chaves, bem como ajuizou ação de cobrança referente aos juros e multa. QUESTÃO: Diante dos fatos narrados, qual(is) princípio(s) contratual(ais) pode(m) ser alegado(s) por Valdete para que o pedido de Ronaldo seja julgado improcedente? 8. Em 10 de janeiro de 2022, Rafael vendeu um veículo para Cláudio, pelo valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), pagos à vista, imediatamente transferindo a posse do bem para o adquirente. Como era de conhecimento de Rafael, Cláudio utilizaria o veículo para transportar passageiros, em chamadas por aplicativos de celular.No dia 05 de fevereiro, enquanto utilizava o veículo, Cláudio não conseguiu mais engatar as marchas do câmbio manual, razão pela qual encaminhou o veículo para uma oficina mecânica credenciada pelo fabricante. O laudo da oficina diagnosticou que a transmissão (“câmbio manual”) havia sido modificada, comprometendo completamente seu bom funcionamento. Não havia possibilidade de reparar a transmissão com segurança, razão pela qual deveria ser totalmente substituída, pelo custo de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Cláudio deixou o carro parado e, no dia 28 de fevereiro de 2022, entrou em contato com Rafael para noticiar o vício. Rafael justificou que havia adquirido o veículo de um amigo, alguns meses antes, mas que desconhecia o vício alegado. QUESTÃO: Explique qual(is) a(s) pretensão(ões) de Cláudio e os fundamentos jurídicos. 9. Marcelo, pretendendo vender um piano que recebera em doação feita por sua avó, quando ainda estava viva, publicou anúncio em um site de vendas, apresentando a marca do instrumento e as especificações, inclusive o ano de fabricação, o modelo e o estado de conservação. Anexou a fotografia do instrumento e fez constar do anúncio o preço no valor de cinco mil reais. Vários contatos foram feitos, sendo que, no mesmo dia em que foi divulgada a publicidade, Marta, música profissional, se dirigiu à residência de Marcelo, com os cinco mil reais em dinheiro, para aquisição do bem. Acontece que Marcelo, impressionado com o grande número de contatos feitos em decorrência da publicação do anúncio, declarou para Marta que não realizaria a venda naquele momento, pois gostaria de aguardar uma oferta mais vantajosa. QUESTÃO: Explique se no caso narrado cabe direito de arrependimento por parte de Marcelo. 10. Ricardo comprou uma motocicleta de Manoel, firmando contrato em que não constava nenhuma cláusula expressa sobre a evicção. Após um mês de uso, a motocicleta foi apreendida por um oficial de justiça, que foi à casa de Ricardo cumprir mandado judicial de busca e apreensão fruto de ação judicial. Questionado por Ricardo, Manoel declarou desconhecer a ação judicial que originou o referido mandado, alegando que adquiriu a motocicleta de terceiro. QUESTÃO: Explique se no caso narrado Ricardo possui alguma pretensão contra Manoel. 11. Mateus estava assistindo televisão e viu a propaganda de um colchão com tecnologia alemã e com muitos benefícios para a saúde. Interessado, ligou para o telefone informado e fez o pedido. Antes de receber o produto Mateus foi alertado por alguns colegas sobre reclamações referentes ao produto. Assim que recebeu o colchão ligou para a empresa querendo devolvê-lo, mas foi informado de que eles não aceitavam devolução. QUESTÃO: Explique se a informação recebida por Mateus está correta. 12. Gabriela estava passeando no shopping quando viu um lindo vestido na vitrine de uma loja. Não teve dúvida e, por impulso, entrou e comprou o vestido com cartão de crédito. Ao chegar em casa lembrou das outras dívidas e pensou que não deveria ter comprado a roupa. Assim, no dia seguinte resolveu voltar à loja e devolver o vestido, querendo o cancelamento do débito no seu cartão de crédito. A gerente da loja informou que eles não aceitavam devolução. QUESTÃO: Explique se a informação recebida por Gabriela está correta. 13. Virgílio recebeu um carro usado de Juarez, como doação, que aparentava perfeito estado. Após dois meses da doação o motor do carro começou a apresentar excessivo aquecimento, impossibilitando o seu uso. QUESTÃO: Explique se Virgílio pode alegar vício redibitório no caso narrado. 14. Em junho de 2020 uma nuvem de gafanhotos invadiu algumas cidades da Argentina que fazem fronteira com o Brasil. O Ministério da Agricultura brasileiro chegou a declarar estado de emergência fitossanitária nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina devido ao risco de surto de gafanhoto nas áreas produtoras dos dois estados. Imagine que Gustavo, produtor de milho em uma cidade do Rio Grande do Sul, tivesse contratado a venda de safra para entrega futura com preço certo, e fosse atingido pela referida nuvem de gafanhoto, perdendo grande parte da sua lavoura, impedindo-o de cumprir o contrato. QUESTÃO: Explique, com fundamento em posicionamento do STJ, se Gustavo poderia pedir a resolução do contrato por onerosidade excessiva. 15. José contratou com o restaurante de João o fornecimento diário de refeições por prazo determinado de 12 meses. Após o quinto mês, João, mediante instrumento particular, cientificou José de que faria a interrupção da entrega das refeições a partir do trigésimo dia subsequente. No contrato está prevista cláusula penal para extinção unilateral do contrato, no valor equivalente a 50% do valor total do contrato para a parte culpada. Considerando que o valor total do contrato é de R$ 50.000,00, responda: a) Na situação hipotética apresentada, como se caracteriza o ato jurídico praticado por João? b) Qual o valor (R$) que deve ser pago por João, como cláusula penal, pela extinção unilateral do contrato? 16. DELTA obrigou-se a construir para ALFA um edifício de dez andares, cuja obra foi concluída, segundo afirmativa categórica de DELTA, no prazo estabelecido pelo contrato. Por sua vez, ALFA alega que houve cumprimento insatisfatório e inadequado da obrigação por parte de DELTA, que não observou, rigorosamente, a qualidade dos materiais especificados no memorial de incorporação. Assim, ALFA suspendeu os últimos pagamentos devidos à DELTA. QUESTÃO: Explique, com os fundamentos jurídicos adequados, se ALFA possui amparo legal para exercer este comportamento. 17. Danilo celebrou contrato por instrumento particular com Sandro, por meio do qual aquele prometera que seu irmão, Reinaldo, famoso cantor popular, concederia uma entrevista exclusiva ao programa de rádio apresentado por Sandro, no domingo seguinte. Em contrapartida, caberia a Sandro efetuar o pagamento a Danilo de certa soma em dinheiro. Todavia, chegada a hora do programa, Reinaldo não compareceu à rádio. Dias depois, Danilo procurou Sandro, a fim de cobrar a quantia contratualmente prevista, ao argumento de que, embora não tenha obtido êxito, envidara todos os esforços no sentido de convencer o seu irmão a comparecer. RESPONDA: a) Explique se Sandro está obrigado a pagar algum valor para Danilo. b) Explique se Sandro pode exigir indenização de Reinaldo por não ter comparecido à entrevista.
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