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Ativ. 1 - Ação Anulatória de Negócio Jurídico

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SALVADOR-BA�.
	FREDERICO, brasileiro, casado, (profissão), portador da cédula de identidade (número), inscrito no CPF sob o (número), residente e domiciliado na (Rua), (número), (Bairro), Fortaleza-CE, (CEP), vem, com o devido acatamento, por intermédio do advogado que esta subscreve (procuração em anexo)�, perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO em face de GEOVANA, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portadora da cédula de identidade (número), inscrita no CPF sob o (número), residente e domiciliada na (Rua), (número), (Bairro), Salvador/BA, (CEP), pelos motivos fáticos e jurídicos que passa a discorrer para, ao final, postular:
JUSTIÇA GRATUITA
	
A parte autora, inicialmente, postula os beneplácitos da gratuidade da justiça, em razão de não ter condições de arcar com as despesas processuais e os honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, estando, assim enquadrado na situação legal de necessitado, nos termos da lei n.º 1060/50.
DOS FATOS
No início do corrente ano, o Autor foi surpreendido com uma ligação informando que sua filha Julia havia sido seqüestrada, exigindo o pagamento da quantia de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) pelo resgate daquela. 
Para pior a angustia do peticionante, em 13 de janeiro de 2014 os seqüestradores enviaram para sua residência um pedaço da orelha de sua filha, acompanhado de um bilhete afirmando que caso não efetuasse o pagamento do resgate sua filha seria devolvida sem vida. 
Desesperado com a possibilidade do assassinato de sua filha, e tendo arrecadado apenas R$ 220.000,00 (duzentos e vinte mil reais), no dia 16 de janeiro de 2014, o Requerente vendeu seu único imóvel situado em Fortaleza, Ceará, pelo valor de R$ 80.000,00 (oitenta e mil reais) para a Acionada, residente em Salvador, Bahia. O respectivo pagamento fora efetuado no ato da celebração do contrato.
Urge destacar, MM. Julgador, que o imóvel em questão tem valor venal de R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais), possuindo 04 (quatro) quartos, piscina, sauna, duas salas, cozinha, dependência de empregada, inserido em condomínio fechado.
Assim, mostra-se flagrante que o ato jurídico firmado entre Autor e Demandada fora extremamente oneroso para aquele, uma vez que o imóvel avaliado em R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais) fora alienado por meros R$ 80.000,00 (oitenta e mil reais). Tal negociação somente ocorreu diante do estado de perigo que o Promovente encontrava-se, uma vez que, como dito, a vida de sua filha dependia do levantamento daquela quantia. 
Imperioso destacar que a promovida é prima do peticionante, e durante todo o processo de negociação estava ciente do sequestro da filha de seu primo e da necessidade deste em arrecadar o valor exigido como resgate.
Ocorre, Nobre Magistrado, que em 20 de janeiro de 2014, ou seja, 04 (quatro) dias após a celebração do contrato e antes mesmo do pagamento do resgate, a filha do Requerente foi encontrada pela policia com vida. 
Assim, diante do acima exposto e o não pagamento do resgate, o 
Autor entrou em contato com a Acionada desejando desfazer o negócio celebrado, contudo não logrou êxito.
Assim, diante do flagrante estado de perigo em que se encontrava o peticionante, que viciou sua livre vontade, condição basilar para a validade do negócio jurídico, imperioso se faz a intervenção do Estado Juiz para declarar a anulação do contrato de compra e venda celebrado entre Autor e Ré.
 
DO DIREITO
O Código Civil Brasileiro prevê, em seu art. 104, alguns requisitos para a validade do negócio jurídico. Senão vejamos:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Urge mencionar, que para além dos requisitos acima destacados, a doutrina é uníssona quanto a necessidade da livre vontade dos contratantes quando da celebração do contrato. Assim, se observado em um negócio jurídico a ausência da livre vontade de uma, ou ambas as partes contratantes, este estará sujeito a anulação.
No entanto, para a perfeita validade de um negócio jurídico, não basta a declaração pura e simples da vontade. É necessário que a mesma tenha sido idônea, consciente, em consonância com o verdadeiro querer do agente. Para Diniz (2004), a validade do negócio jurídico depende da manifestação de vontade e que esta haja funcionado normalmente.
Na lição de Pereira (2004, p. 513), “na verificação do negócio jurídico, cumpre de início apurar se houve uma declaração de vontade. E, depois, indagar se ela foi escorreita”.
Conforme acima explanado, indiscutível se mostra que o peticionante somente realizou o negócio jurídico com a acionada, em face da ameaça a integridade física de sua filha por seqüestradores.
Ademais, imperioso ressaltar que a Promovida tinha plena consciência de tal fato, tendo, verdadeiramente tomado proveito para celebrar a compra e venda do imóvel de forma extremamente onerosa e desproporcional em desfavor do autor.
Tal situação encontra-se plenamente prevista em nosso Código Civil, através do instituto do estado de perigo, previsto como causa passível de anulação do negócio jurídico, no art. 156. Vejamos:
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
(Grifamos)
O artigo 171, inciso II, do mesmo diploma legal, também respalda a demanda do autor:
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
(Grifamos)
O doutrinador Carlos Roberto Gonçalves assevera que estado de perigo é “a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva” (Curso de Direito Civil, volume 1, 2005, p. 392).
No presente caso, o retorno ao “status quo ante” é possível, sendo necessário apenas que, além da anulação do negócio jurídico, seja determinado pelo juízo a restituição a acionada dos valores pagos pela mesma no ato da compra.
Por todos os motivos supramencionados, melhor atitude não há, senão a procedência do pedido formulado, com a respectiva declaração da nulidade do negócio jurídico realizado entre autor e ré.
DO PEDIDO.
EX POSITIS, é a presente para requerer que Vossa Excelência, digne-se de:
a) Conceder a gratuidade da justiça, uma vez que a parte autora se amolda perfeitamente à situação legal de necessitados, não podendo, assim, arcar com o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio e de sua família;
b) Determinar a Citação da Requerida, por meio de carta precatória, para, querendo, no prazo legal, responder a presente ação, bem como acompanhá-lo em todos os seus termos até o julgamento final, sob pena de sofrer os efeitos da revelia;
c) Ao final, ver declarada a procedência do pedido para declarar a nulidade do negócio jurídico realizado entre autor e requerida, e, em ato continuo, a devolução da quantia paga no ato da celebração deste. 
d) Condenar a Requerida ao pagamento das verbas de sucumbência, isto é, custas processuais e honorários advocatícios.
	
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas permitidas em Direito, depoimento pessoal das partes, juntadas ulterior de documentos ou qualquer outra providência que Vossa Excelência julgue necessário para a perfeita resolução do feito, ficando desdelogo requerida.
					
Dá-se à causa o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para os efeitos de lei.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
LOCAL/DATA.
ADVOGADO 
OAB
� Tendo em vista que se trata de competência relativa, a ação poderia ser proposta em Fortaleza-CE, cabendo ao réu suscitá-la. 
�� Para fins de Exame de Ordem, mais adequado substituir o termo “procuração em anexo” por “com escritório profissional na (Rua), (número), (bairro), (cidade), (Estado), (CEP), onde recebe notificações e intimações”.
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