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1ºAula Economia Monetarista: Milton Friedman Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer Milton Friedman e sua importância para as ciências econômicas; • aprender sobre o surgimento do monetarismo; • construir uma base sólida para o estudo do monetarismo; • aprender sobre a teoria quantitativa da moeda. Chegou a hora de continuarmos nossos estudos sobre Macroeconomia. Espero que estejam todos empolgados para aprenderem mais sobre os princípios macroeconômicos. Iniciaremos nossa aula com a análise da economia monetarista com foco nas teorias de Milton Friedman e na teoria quantitativa da moeda. Bons estudos! 6Macroeconomia II Seções de estudo 1- Economia Monetarista: Milton Friedman 1- Economia Monetarista: Milton Friedman 1.1 – O surgimento do monetarismo A escola monetarista, ou, monetarismo, foi constituída em 1950 e teve grande destaque na segunda metade do século XX sendo uma das escolas mais infl uentes deste período. Milton Friedman (1912-2006), economista norte-americano, foi ganhador do Prêmio Nobel em 1976, e também foi o maior infl uenciador do monetarismo, sendo que, para muitos economistas, foi o mais infl uente pensador econômico de sua época. A escola monetarista infl uenciou bancos centrais, governos e universidades com suas proposições (BONATTO, 2010). Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Milton_Friedman Acesso em:19/04/2020. As bases do pensamento monetarista surgem quando Milton Friedman reúne uma coletânea de textos, de vários autores, que posteriormente foi denominada de “Studies in the quantity theory of money” ou em português “Estudos sobre a Teoria Quantitativa da Moeda”, com isto a escola monetarista começa sua trajetória. Parece que até aqui estamos indo bem! Então, vale a pena lembrar quem foi o principal economista responsável pela escola monetarista? Fonte:https://www.raptisrarebooks.com/product/studies-in-the-quantity-theory- of-money-milton-friedman-fi rst-edition-signed/ Acesso em:19/04/2020. O objetivo da escola monetarista é fazer oposição às teorias keynesianas a fi m de recuperar a teoria clássica, deixada de lado naquele momento. Seu foco era revigorar a Teoria Quantitativa da Moeda (TQM), que inicialmente havia sido proposta por Irving Fisher em 1911, e que havia sido muito criticada pelo keynesianismo, escola dominante daquela época. Friedman então rompe com as ideias keynesianas apresentando, com maior robustez a TQM, marcando assim, o início do monetarismo (BONATTO, 2010). A década de 1970 foi o período do apogeu do Monetarismo, pois estava em alta tanto na academia quanto na política econômica. A Universidade de Chicago e seus economistas foram fortemente identifi cados como monetaristas, pois utilizaram suas ideias nos casos do Chile e da Bolívia que ilustram, de forma satisfatória, a experiência monetarista na gestão de política econômica na América Latina (KREMER; CORAZZA, 2017). Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) De forma simplifi cada, a TQM relaciona a infl ação à oferta de moeda em uma economia. Diante desta breve introdução, podemos dizer que o monetarismo é uma escola de pensamento macroeconômico que enfatiza: neutralidade da moeda no longo prazo; não neutralidade da moeda no curto prazo; distinção entre taxas de juros real e nominal; papel dos agregados monetários na análise das políticas econômicas. 1.2 – A Teoria Quantitativa da Moeda A noção de que a oferta monetária afeta o nível geral de preços, ou seja, a infl ação, já se fazia presente na história do pensamento econômico há alguns séculos antes do surgimento da Teoria Quantitativa da Moeda. No século XVI, Jean Bodin argumentava que o aumento no nível geral de preços que então se observava na França não se explicava somente pela aversão ao padrão metálico da unidade monetária, mas principalmente, pela maior disponibilidade de ouro no país. Em 1752, David Hume, em seu ensaio “of Money”, foi o primeiro pensador a analisar de modo mais rigoroso a relação entre variáveis monetárias e variáveis reais. Posteriormente, a primeira versão da Teoria Quantitativa da Moeda apareceu na literatura econômica como Equação Quantitativa na forma de transações, sendo formulada por Simon Newcomb, mas quem popularizou esta versão foi Irving Fisher, em 1911, em “The Purchasing Power of Money” (KREMER; CORAZZA, 2017). Após algumas adaptações, a Teoria Quantitativa da Moeda é a hipótese sobre a causa principal das variações no valor da moeda. A mesma estabelece que o estoque de moeda (M) é o principal determinante do nível geral de preços (P). Sendo assim, para se obter a Equação Quantitativa, é preciso observar a identidade existente entre o total de pagamentos em moeda (M) e o total de bens e serviços transacionados (PT). Portanto, para cada compra e venda de um bem ou serviço, deve haver um pagamento, em moeda, sendo que 7 o valor monetário dos bens e serviços serão trocados de forma equivalente. Conclui-se que, o total de moeda paga nas transações é igual ao valor monetário total dos bens e serviços comprados (KREMER; CORAZZA, 2017). Vale a pena lembrar! A TQM estabelece que o estoque de moeda (M) é o principal determinante do nível geral de preços (P). Podemos observar abaixo a equação ( 1 ) que demonstra esta relação: M V = P T Onde: M = estoque monetário / oferta monetária; V = velocidade de circulação da moeda; P = nível geral de preços; T = quantidade total de transações físicas de bens e serviços; PT = total das transferências de bens e serviços entre os agentes econômicos; MV = total das transferências de moeda entre os agentes para pagamento dos bens comprados. Para que se possa compreender melhor esta equação, pode-se dizer que, o lado direito da equação quantitativa nos mostra as transações, ou seja, o número total de transações (T) durante o período de um ano. O lado esquerdo nos mostra a moeda (M) utilizada para realizar estas transações (MANKIW, 1992). Ou, ainda, ao observar a equação ( 2), podemos dizer que: M V + M’ V’ = P T Onde: M = total do papel moeda em poder do público; M’ = total dos depósitos à vista do público nos bancos comerciais; V = velocidade de circulação do papel moeda em poder do público; V’ = velocidade de circulação dos depósitos à vista do público nos bancos comerciais; P = nível geral de preços; T = quantidade total de transações físicas de bens e serviços; PT = total das transferências de bens e serviços entre os agentes econômicos; Desta forma, ao se utilizar a equação ( 2 ), quando comparada a equação ( 1 ), a segunda é mais vantajosa, pois há maior facilidade de calcular V’ através dos dados de bancos comerciais. Também é preciso salientar que “M”, na equação ( 1 ), é uma variável de estoque, enquanto o produto “PT” corresponde a uma variável de fl uxo. Com base nesta análise, os economistas clássicos/ neoclássicos chegaram à conclusão de que, partindo-se da hipótese de que o produto real a preços constantes de qualquer economia depende exclusivamente de variáveis reais (fatores de produção e função de produção agregada) e que a velocidade de circulação da moeda varia de forma lenta e previsível a longo prazo (dependendo de fatores como o grau de desenvolvimento do setor bancário, frequência de pagamentos e recebimentos, rapidez de transporte e comunicações), podendo ser considerada uma constante no curto prazo, o estoque de moeda “M” é o principal determinante do nível geral de preços “P” (KREMER; CORAZZA, 2017). Vimos até o momento que a Equação Quantitativa é uma identidade, e como tal, sua utilidade nos mostra que, se uma das variáveis sofre alteração, uma ou mais do que uma das outras variáveis também deverá ser alterada, mantendo assim, a igualdade. Sendo assim, se a quantidade de moeda (M) em circulação aumenta e a velocidade permanece inalterada, então, ou o preço, ou o número de transações deverá aumentar (MANKIW, 1992). Em geral, os economistas utilizamuma versão ligeiramente diferente da Equação Quantitativa descrita acima, pois seu problema é que se torna difícil quantifi car o número de transações em uma economia. Para sanar tal problema, o número de transações (T) foi substituído pelo produto total de uma economia (Y). As transações de uma economia estão relacionadas ao produto, pois quanto maior a produção maiores serão as quantidades negociadas, ou seja, vendidas e compradas. Sendo assim, se (Y) representa o volume produzido e (P) o preço de uma unidade produzida, o valor de um produto pode ser representado por (PY). Temos então: M V = P Y Portanto, como podemos observar junto às contas nacionais, (Y) é considerado como a renda total e (V) é considerado a velocidade rena da moeda, logo, representa o número de vezes que uma moeda, como por exemplo, uma nota de dois reais, entra na renda de alguém em um dado período. Sendo assim, a TQM nos leva a concordar que a expansão da quantidade da moeda seja o principal fator determinante da taxa de infl ação (MANKIW, 1992). Vamos lá, estamos chegando ao fi nal da aula 1. Será que agora fi cou mais fácil de compreender quem foi Milton Friedman e qual sua importância para e economia? Estamos certos que sim! Mas, continuem pesquisando sobre o tema para aprofundar mais seus conhecimentos a fi m de melhorar, continuamente, o processo de aprendizagem. Vamos agora recordar o que foi estudado até aqui. Chegamos ao fi nal de nossa primeira aula, sobre Macroeconomia II. Estudamos o monetarismo e Milton Friedman, um de seus principais pensadores. Esperamos que tenha fi cado mais claro o entendimento de vocês sobre a importância do monetarismo e da teoria quantitativa da moeda na economia. Acreditamos que relendo o material, você irá expandir seus conhecimentos sobre o assunto já abordado. Retomando a aula 1- Economia Monetarista: Milton Friedman A escola monetarista foi constituída em 1950 sendo Milton Friedman seu maior infl uenciador. As bases do 8Macroeconomia II pensamento monetarista surgem quando Friedman reúne uma coletânea de textos, de vários autores, que impactam de forma positiva a escola monetarista e sua trajetória. Seu objetivo era fazer oposição às teorias keynesianas a fi m de recuperar a teoria clássica, sendo seu foco revigorar a Teoria Quantitativa da Moeda (TQM). A Teoria Quantitativa da Moeda é a hipótese sobre a causa principal das variações no valor da moeda. A mesma estabelece que o estoque de moeda (M) é o principal determinante do nível geral de preços (P). Assim, para cada compra e venda de um bem ou serviço, deve haver um pagamento, em moeda, sendo que o valor monetário dos bens e serviços serão trocados de forma equivalente. Conclui- se que, o total de moeda paga nas transações é igual ao valor monetário total dos bens e serviços comprados. Após algumas variações, os economistas utilizaram uma versão ligeiramente diferente da Equação Quantitativa, com o intuito de sanar o problema de quantifi car o número de transações de uma economia, surgindo assim, uma nova equação onde o número de transações (T) foi substituído pelo produto total de uma economia (Y). Portanto, (Y) é considerado como a renda total e (V) é considerado a velocidade rena da moeda, logo, representa o número de vezes que uma moeda, como por exemplo, uma nota de dois reais, entra na renda de alguém em um dado período. Sendo assim, a TQM nos leva a concordar que a expansão da quantidade da moeda seja o principal fator determinante da taxa de infl ação. Biografia de Milton Friedman. Disponível em: https:// www.ebiografia.com/milton_friedman/. Vale a pena acessar BONATTO, T. (2010). “Regras, estabilização e monetarismo”. Dissertação de Mestrado. Escola de Economia de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas. São Paulo, março de 2010. KREMER, R. L. e CORAZZA, G. Friedman e o monetarismo: a velha teoria quantitativa da moeda e a moderna escola monetarista. UFRGS. 2017. MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos - LTC, 1992. SACHS, J.D. & LARRAIN, F. Macroeconomia. São Paulo: Makron Books, 1995. Vale a pena ler Vale a pena Minhas anotações 2ºAula Políticas Econômicas: monetaristas versus Keynesianos Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer a política econômica keynesiana e seus principais aspectos; • conhecer a política econômica monetarista e seus principais aspectos; • relacionar as políticas econômicas, keynesiana e monetarista. Em nossa segunda aula, aprenderemos um pouco mais sobre a Macroeconomia, especificamente, sobre a política econômica keynesiana e a política econômica monetarista. Veremos os principais aspectos destas teorias. Vamos então avançar um pouco mais em nossos estudos sobre Macroeconomia! Bons estudos! 10Macroeconomia II Seções de estudo 1- Políticas Econômicas: monetaristas versus Keynesianos 1 - Políticas Econômicas: monetaristas versus Keynesianos Em nossa segunda aula, aprenderemos sobre a política econômica monetarista e também sobre a política econômica keynesiana. Conforme vimos em nossa aula anterior, Milton Friedman faz oposição à teoria keynesiana e para tal surge o monetarismo. Analisaremos de forma individual estas duas políticas e posteriormente analisaremos suas divergências. Começaremos pela política econômica keynesiana. 1.1- Política econômica keynesiana Para conhecermos um pouco mais sobre a política econômica keynesiana, vamos relembrar o período anterior à Grande Depressão (1929). Naquela ocasião, a política econômica vigente considerava a quantidade de moeda o fator determinante do nível do rendimento nominal, do nível dos preços e dos ciclos econômicos. Portanto, a moeda era o centro da economia. Para os economistas desta época, ao admitir como constante a velocidade de circulação da moeda, as variações dos preços resultavam de variações, no mesmo sentido, da quantidade de moeda, embora sustentassem que, no curto prazo, estas alterações afetavam, sobretudo, o nível da produção. Porém, a Grande Depressão chegou para mudar alguns parâmetros, mesmo com alguns economistas ainda acreditando que a política monetária poderia conter a infl ação. É neste cenário que Keynes conclui que a Grande Depressão não poderia ser explicada em termos monetários. Fonte:https://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/03/queda-do-pib-uma-triste- viagem-recessao-de-1930.html. Acesso em:20/04/2021. Diante do problema ocasionado pela crise que aumentou muito o nível de desemprego e que assolava, sobretudo os EUA, Keynes defendia que a velocidade de circulação da moeda não podia ser constante e que a oferta monetária não variava por acaso ou por mera decisão das autoridades monetárias. Para ele, os fatores determinantes do comportamento do nível dos preços seriam as reais forças da economia, na fi gura dos empresários, dos consumidores e do governo, e não a oferta de moeda. Sendo assim, ele conclui que a política monetária era inadequada para conter a crise (CARVALHO, 2008). Para Keynes, nas situações de desemprego muito elevado, como o ocorrido na Grande Depressão, a procura por moeda por parte do público, que prefere, neste momento maior liquidez, é infi nitamente elástica relativamente as variações da taxa de juros, pelo que a expansão da quantidade de moeda. Como consequência, as pessoas apenas substituiriam o dinheiro por títulos, sem proporcionar, desta forma, efeitos diretos sobre o consumo. Portanto, segundo ele, o objetivo da política monetária seria manter o controle das taxas de juros e não da oferta de moeda. Diante deste cenário, Keynes propõe que o Estado deve realizar intervenções, de forma ampla e coordenada, para ajustar o consumo e o estímulo ao investimento. Para ele, também seria necessário que o Estado intervisse quanto a redistribuição de renda em benefício dos mais pobres, ou seja, aumentando a propensão a consumir da população. Este aumento também beneficiaria os empresários melhorando assim suas expectativas de lucro, incentivando o investimento e expandindo a economia (LOPES; VASCONCELLOS, 2017). Vale a pena rever! Para Keynes, a política monetária vigente à época anterior a Grande Depressão era inadequada para conter a crise. Ele propõe que o Estado deve realizar intervenções, de forma ampla e coordenada, para ajustar o consumo e o estímulo ao investimento. Portanto, para Keynes e seus seguidores, o aumento das despesas públicas poderiam compensar a quebra do investimento privado e a redução dos impostos poderia minar a propensão a poupar das pessoas. Desta forma, a política fi scal implantada naquela época foi o instrumento de fundamental importância para controlar as fl utuações da economia rumo ao pleno emprego, a estabilidade dos preços, ao equilíbrio da balança de pagamentos e também da redistribuição de renda, que compõe os principais objetivos da política econômica. Keynes compreendeu a importância do Estado como agente econômico no capitalismo, justifi cando o Estado como agente central da economia (CARVALHO, 2008). Parece que até aqui estamos indo bem! Então, vale a pena lembrar quem foi o principal economista responsável pela política econômica de intervenção do Estado? 1.2- Política econômica monetarista Com o desfecho ocorrido após a Grande Depressão com a implantação da teoria keynesiana, onde o Estado deveria intervir na economia, os economistas daquela época julgavam que a teoria keynesiana havia refutado de vez a velha teoria quantitativa da moeda. Porém, as teses monetaristas surgiram novamente, desta vez, de forma contrária as teses keynesianas. A teoria keynesiana foi desenvolvida pela necessidade de políticas de curto prazo, para superar a crise. Mas, as indústrias capitalistas sofreram modifi cações se adaptando 11 BLANCHARD, O. Macroeconomics. Printice Hall, 1997. MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos - LTC, 1992. SACHS, J.D. & LARRAIN, F. Macroeconomia. São Paulo: Makron Books, 1995. LOPES e VASCONCELLOS (organizadores). Manual de macroeconomia: nível básico e nível intermediário. 3ª ed. – 7ª reimpressão – São Paulo: Atlas, 2014. Vale a pena ler Vale a pena mal à nova conjuntura marcada por uma infl ação crescente, que colocaram em xeque a teoria keynesiana. Após 1970, a infl ação começou a crescer ganhando dimensões preocupantes. Neste período, a política monetária passou a ter um papel secundário, se reduzindo a manter as taxas de juros baixas. Porém, com a política de “dinheiro barato” a pressão infl acionária veio à tona e a infl ação instalou-se novamente (LOPES; VASCONCELLOS, 2017). Parece que até aqui estamos indo bem! Então, vale a pena lembrar quem foi o principal economista responsável pela escola monetarista? Como vimos na aula 1, Milton Friedman dizia que a política monetária é de fundamental importância para controlar a infl ação, mesmo que ela seja pouco relevante no combate a crises, como por exemplo, a Grande Depressão. Desta forma, Friedman se debruçou sobre o fato de que a política monetária havia falhado na tentativa de superar a crise dos anos 30, estudando a fundo as causas da Grande Depressão. Ele demonstrou que o volume de moeda nas mãos da população teve uma redução de 30% entre 1929 e 1933, sendo assim, houve grande redução da base monetária durante este período, ampliando assim a crise. Em seus estudos monetaristas, Friedman conclui que os ciclos econômicos registrados naquela época, nos EUA, são devidos às excessivas fl utuações da oferta de moeda, considerando que o FED (Federal Reserve Board) ou, em outras palavras, o Banco Central Americano, foi o principal responsável pela profundidade e duração da crise. Ele conclui ainda que o FED falhou na sua missão de manter a liquidez do sistema bancário (CARVALHO, 2008). Vale a pena refl etir! Para Friedman, a história dos EUA mostrou que a economia real funciona bem, sendo que os distúrbios econômicos têm sempre origem na esfera monetária. Friedman e Keynes concordavam que a crise poderia ter sido evitada se as autoridades monetárias (FED) não tivessem cometido um grave erro. Sendo assim, a Grande Depressão confi rmou que os aspectos monetários são de fundamental importância para o funcionamento de uma economia. Assim, o monetarismo foi consagrado, após Friedman ter recebido o Prêmio Nobel em 1976. O monetarismo afi rmava, então, que a economia pode alcançar um nível de equilíbrio do emprego independentemente da interferência dos governos. Portanto, Friedman reviveu a crença pré-keynesiana na estabilidade automática do sistema (CARVALHO, 2008). Vamos lá, estamos chegando ao fi nal de mais uma aula. Será que agora fi cou mais fácil de compreender as políticas econômicas keynesiana e monetarista e qual sua importância para a economia? Estamos certos que sim! Mas, continuem pesquisando sobre o tema para aprofundar mais seus conhecimentos a fi m de melhorar, continuamente, o processo de aprendizagem. Vamos agora recordar o que foi estudado até aqui. Para fi nalizar esta aula, é importante frisar que Friedman descreve em sua teoria que, o objetivo central da política monetária é assegurar o controle da oferta monetária. Finalizamos mais uma aula sobre macroeconomia II. Vimos duas políticas econômicas, a keynesiana e a monetarista. Assim, avançamos um pouco mais sobre as diferenças entre estas duas políticas e seus principais teóricos. Esperamos que você tenha gostado da leitura até aqui e que tenha fi cado mais claro o entendimento sobre o tema. Assim que possível, releia atentamente o material para que consiga expandir, um pouco mais, seus conhecimentos. Retomando a aula 1- Políticas Econômicas: monetaristas versus Keynesianos Keynes conclui em seus estudos que a Grande Depressão não poderia ser explicada em termos monetários. Para ele, os fatores determinantes do comportamento do nível dos preços seriam as reais forças da economia, na fi gura dos empresários, dos consumidores e do governo, e não a oferta de moeda. Sendo assim, ele conclui que a política monetária era inadequada para conter a crise. Diante deste cenário, Keynes propõe que o Estado deve realizar intervenções, de forma ampla e coordenada, para ajustar o consumo e o estímulo ao investimento. Após a Grande Depressão, a economia mundial se recupera, porém, na década de 1970, uma nova preocupação surge com o crescimento infl acionário. Milton Friedman dizia que a política monetária é de fundamental importância para controlar a infl ação, mesmo que ela seja pouco relevante no combate a crises, como por exemplo, a Grande Depressão. Desta forma, ele se debruçou sobre o fato de que a política monetária havia falhado na tentativa de superar a crise dos anos 30, estudando a fundo as causas da Grande Depressão. Ele concluiu que o FED falhou na sua missão de manter a liquidez do sistema bancário. Friedman e Keynes concordavam que a crise poderia ter sido evitada se as autoridades monetárias (FED) não tivessem cometido um grave erro. Sendo assim, a Grande Depressão confi rmou que os aspectos monetários são de fundamental importância para o funcionamento de uma economia. 12Macroeconomia II Biografia de Milton Friedman. Disponível em: https:// www.ebiografia.com/milton_friedman/. Biografia de John Maynard Keynes. Disponível em: https://www.ebiografia.com/john_maynard_keynes/. Vale a pena acessar Minhas anotações 3ºAula Produto, Infl ação e Desemprego: Monetaristas versus Keynesianos Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer a teoria da taxa natural de desemprego proposta por Milton Friedman; • analisar a visão monetarista sobre o produto, a inflação e o desemprego; • analisar a visão keynesiana sobre o produto, a inflação e o desemprego. Nesta terceira aula, aprenderemos um pouco mais sobre a Macroeconomia. Serão abordados os conceitos de produto, inflação e desempregona visão monetarista e também na visão keynesiana. Veremos a análise monetarista sobre a taxa natural de desemprego elaborada por Friedman. Veremos também a posição keynesiana sobre o assunto. Vamos então avançar um pouco mais em nossos estudos sobre Macroeconomia! Bons estudos! 14Macroeconomia II Seções de estudo 1- Produto, Infl ação e Desemprego: Monetaristas versus Keynesianos 1 - Produto, Infl ação e Desemprego: Monetaristas versus Keynesianos Nesta aula, analisaremos as visões monetaristas e keynesiana com relação aos níveis de produto e desemprego adicionando a infl ação. Iniciaremos relembrando que no período pós-Segunda Guerra Mundial (1953-1969) houve uma relação negativa entre desemprego e infl ação, porém, após 1970 esta relação fi cou mais obscura. Começaremos analisando o monetarismo, através da teoria da taxa natural de desemprego de Milton Friedman. 1.1- Teoria da taxa natural de desemprego A teoria monetarista afi rma que mudanças de curto prazo na oferta de moeda são determinantes primários de fl utuações no produto e no emprego. Mas, os monetaristas adicionam uma limitação sobre os efeitos reais de mudanças na oferta de moeda. A saber, no longo prazo, a infl uência da moeda é basicamente sobre o nível de preços e outras magnitudes nominais. As variáveis reais como o produto real e o emprego, são determinadas por fatores reais, não monetários, isso no longo prazo (FROYEN, 1999). IMPORTANTE! Podemos concluir que, mudanças na oferta de moeda a curto prazo afetam o produto e o emprego, assim como, mudanças na oferta de moeda a longo prazo afetam variáveis nominais como o preço. Com base nesta proposição, Friedman desenvolveu a teoria das taxas naturais de desemprego e produto. Para ele, a taxa natural de desemprego associa-se ao equilíbrio entre oferta e demanda no mercado de trabalho para dado nível de emprego, isto é, a taxa natural de desemprego é compatível com o equilíbrio na estrutura de salários reais. Como exemplo, ao se empregar uma política monetária expansionista, ou seja, maior oferta de moeda no mercado, haveria uma movimentação do produto para cima da taxa natural ocasionando um aumento da demanda e também, por consequência, um aumento de preços. Portanto, no curto prazo, o ajuste de preços não seria completo, como previa a teoria clássica (FROYEN, 1999). Os monetaristas não concordam com a teoria clássica de que o produto é determinado pela oferta, mesmo no curto prazo. Portanto, Friedman acredita que, no longo prazo, forças de equilíbrio fazem os níveis de produto e emprego retornarem a sua taxa natural. Vale a pena lembrar! A taxa natural de desemprego é defi nida por Friedman como a taxa de desemprego “que tem a propriedade de ser consistente com o equilíbrio na estrutura de salários reais”. Sendo assim, a taxa natural de desemprego estará em um nível em que o salário real de equilíbrio seja tal que iguale a demanda por mão de obra a sua oferta. A diferença entre os monetaristas e os economistas clássicos é que os monetaristas não pressupõem que a economia se encontre necessariamente, no curto prazo, nos níveis naturais de emprego e produto. Assim como os keynesianos, os monetaristas pressupõem que os ofertantes de mão de obra não têm informações perfeitas sobre o salário real. Eles precisam basear suas decisões de oferta de mão de obra no salário real esperado. Portanto, no curto prazo, a oferta de mão de obra pode não ser dada pela curva de oferta. Neste caso, o emprego e o produto, não estarão em suas taxas naturais (FROYEN, 1999). 1.2- A visão monetarista Veremos agora a análise de Friedman sobre as consequências de curto e longo prazos de um aumento na taxa de crescimento da moeda. POLÍTICA MONETÁRIA NO CURTO PRAZO Para demonstrar os efeitos da política monetária de curto prazo, em uma economia, vamos supor uma situação em que esta economia apresente equilíbrio na taxa natural de desemprego e produto, e que o estoque de moeda (e, portanto, a renda nominal) venha crescendo a uma taxa igual à taxa de crescimento do produto real. Sendo assim, assumiremos um nível de preços estável por algum tempo. Suponhamos, agora, que a taxa de crescimento do estoque de moeda aumente para além da taxa consistente com a estabilidade de preços. Para termos uma visão mais concreta, vamos imaginar que a taxa de crescimento do estoque de moeda suba de 3% para 5%. O aumento na taxa de crescimento do estoque de moeda estimulará a demanda agregada e, como consequência, a renda nominal (FROYEN, 1999). Os resultados, neste aumento de curto prazo, podem ser descritos como, a maior parte, da elevação da renda assumirá a forma de um aumento no produto e no emprego, mas não nos preços. As pessoas vinham esperando preços estáveis e, com base nisso, os preços e salários foram fi xados para um certo tempo futuro. Leva algum tempo para que as pessoas se ajustem a um novo estado da demanda. Os produtores tenderão a reagir à expansão inicial da demanda agregada aumentando a produção, os empregados, trabalhando por mais horas e, os desempregados, aceitando, agora, trabalhos oferecidos a salários nominais anteriores. Friedman conclui que estes resultados se equivalem a ideia da Curva de Philips (ver Figura 1), que apresenta uma relação negativa entre a taxa de desemprego e a taxa de infl ação (FROYEN, 1999). Você sabia! A Curva de Philips apresenta um trade-off entre infl ação e desemprego, ou seja, taxas mais baixas de desemprego podem ser obtidas, mas apenas ao custo de taxas de infl ação mais altas. 15 Figura 1: Curva de Philips. Fonte: FROYEN, 1999. POLÍTICA MONETÁRIA NO LONGO PRAZO Para demonstrar os efeitos da política monetária de longo prazo, em uma economia, aplicaremos a taxa natural de desemprego. Para Friedman, a relação encontrada no curto prazo descreve apenas os efeitos iniciais destas variáveis. Portanto, como os preços de venda de produtos, tipicamente, reagem a uma elevação imprevista da demanda nominal mais depressa do que os preços de fatores de produção, os salários reais recebidos baixaram, embora, os salários reais esperados pelos empregados tenham subido, uma vez que os empregados avaliaram implicitamente os salários oferecidos de acordo com o nível de preços anterior (FROYEN, 1999). Para explicitar de forma mais simplificada, no curto prazo, os preços dos produtos aumentam mais depressa do que os preços dos insumos, sendo o salário o preço mais importante dentre os insumos. Assim, o salário real cai. Essa é uma condição necessária para o crescimento da produção, pois as firmas precisam estar em sua curva de demanda de mão de obra. As firmas só expandem o emprego e a produção com um declínio no salário real. Porém, essa situação é temporária, pois os trabalhadores acabam por perceber o nível de preços mais alto e demandar salários monetários mais elevados (FROYEN, 1999). As implicações para a curva de Phillips desse ajuste de longo prazo, retornando à taxa natural, pode ser visualizada na Figura 2. Assim, quando os ofertantes de mão de obra passarem a antecipar o processo de elevação de preços, a curva de Phillips será deslocada para cima e para a direita. Eles demandarão uma taxa mais alta de reajuste nos salários monetários e, como consequência, a qualquer taxa de desemprego corresponderá uma taxa de inflação mais elevada. Se o crescimento monetário continuar em 5%, a economia retornará à taxa natural de desemprego de 6%, mas agora com uma taxa de inflação de 2% em lugar do nível de preços estável inicial (FROYEN, 1999). Figura 2: Curva de Philips de curto e longo prazo. Fonte: FROYEN, 1999. Portanto, como podemos notar na figura acima, este ajuste de longo prazo move a economia do ponto B para o ponto C. O formulador de políticas econômicas pode não ficar satisfeito com o retorno ao desemprego de 6% (a taxa natural), e pode continuar buscando obter uma meta para a taxa de desemprego abaixo da taxa natural. Nessecaso, ele aumentará mais uma vez a taxa de crescimento do estoque monetário. Vamos supor que, dessa vez, ele aumente o crescimento do estoque de moeda de 5% para 7%. Podemos então ver os novos efeitos desta nova expansão da demanda agregada na Figura 3, logo abaixo (FROYEN, 1999). Figura 3: Efeito de uma tentativa de fixar a taxa de desemprego abaixo da taxa natural. Fonte: FROYEN, 1999. Podemos concluir então que, na visão monetarista, a política monetária expansionista só consegue mover a taxa de desemprego para baixo da taxa natural temporariamente. O trade-off entre desemprego e inflação ocorre apenas no curto prazo. Sendo assim, a teoria de Friedman da taxa natural de desemprego e produto é, portanto, a base teórica para a crença monetarista de que, no longo prazo, a influência do estoque de moeda atua, basicamente, sobre o nível de preços e outras variáveis nominais. Variáveis reais como produto e emprego têm tempo para se ajustar a seus níveis naturais de longo prazo. Essas taxas naturais de produto e desemprego dependem de variáveis reais, como oferta de fatores (mão de obra e capital) e tecnologia (FROYEN, 1999). 16Macroeconomia II 1.3 – A visão keynesiana A visão keynesiana sobre a relação entre a taxa de infl ação e os níveis de emprego e produto segue diretamente da teoria da determinação dos preços e do produto. Vamos analisar esta relação à Curva de Philips. POLÍTICA MONETÁRIA NO CURTO PRAZO Analisando o efeito sobre preços, produto e emprego de uma sequência de medidas de política econômica expansionista, que aumentam a demanda agregada, na visão keynesiana, o salário monetário é fl exível, e a oferta de mão de obra é considerada dependente do salário real esperado, o salário monetário conhecido dividido pelo nível de preços esperado. No sistema keynesiano, uma política de expansão da demanda agregada poderia ser uma ação de política monetária, como o aumento na taxa de crescimento do estoque de moeda analisado na seção anterior, ou uma ação de política fi scal, como uma série de aumentos nos gastos do governo (FROYEN, 1999). Em qualquer um dos casos, o efeito da política será produzir uma série de deslocamentos na curva de demanda agregada, como podemos ver na Figura 4, a seguir. Figura 4: Efeitos de curto prazo de aumentos na demanda agregada no modelo Keynesiano. Fonte: FROYEN, 1999. Esses resultados podem ser interpretados em termos de uma curva de Phillips. Quanto mais depressa a demanda agregada cresce, maiores são os deslocamentos para a direita da curva da demanda agregada e, ceteris paribus, mais rápida será a taxa de crescimento do produto e do emprego. Para um dado aumento na força de trabalho, isso signifi ca que a taxa de desemprego será menor quanto mais rápida for a taxa de crescimento da demanda agregada. Assim como, aumentos na demanda agregada fazem o nível de preços subir; assim, permanecendo os outros fatores inalterados, quanto mais rápida for a taxa de crescimento da demanda agregada, maior será a taxa de infl ação (FROYEN, 1999). Portanto, o modelo keynesiano implica um trade-off entre infl ação e desemprego: altas taxas de crescimento da demanda correspondem a baixos níveis de desemprego e altas taxas de infl ação. Um crescimento mais lento da demanda agregada signifi ca uma taxa de infl ação menor, porém uma taxa de desemprego maior. POLÍTICA MONETÁRIA NO LONGO PRAZO A análise de longo prazo, se diferencia, pois, o preço esperado ajusta-se ao preço efetivo. Sendo assim, os ofertantes de mão de obra percebem a infl ação que resultou da política de expansão da demanda agregada. Portanto, como foi o caso na descrição de Friedman dos efeitos de curto prazo de um aumento na demanda agregada, o emprego aumenta no modelo keynesiano apenas porque a elevação de preços reduz os salários reais, aumentando a demanda por mão de obra. O aumento nos preços não é percebido pelos ofertantes de mão de obra como uma queda no salário real. Então, supõe- se que expectativas dos trabalhadores com respeito ao nível de preços permaneçam inalteradas. De fato, a quantidade de mão de obra ofertada aumenta à medida que o salário monetário sobe. Essa situação muda no longo prazo, quando o preço esperado se ajusta ao preço efetivamente praticado (FROYEN, 1999). Veremos tais variações na Figura 5 abaixo. Figura 5: A curva de Philips: a perspectiva keynesiana. Fonte: FROYEN, 1999. Diante desta situação, chegamos a mesma conclusão da teoria monetarista, pois um aumento no nível de demanda agregada eleva os níveis de produto e emprego e, como consequência, diminui a taxa de desemprego somente no curto prazo. Portanto, tanto na visão keynesiana como na monetarista a curva de Phillips de longo prazo é vertical. Desta forma, a teoria das taxas naturais de desemprego e produto, proposta por Friedman, foi muito infl uente. Ela demonstra os limites do trade–off entre infl ação e desemprego e aponta para o perigo de se perseguir metas arbitrárias para o desemprego. Os keynesianos, porém, não acreditam que a teoria da taxa natural, bem como a dedução resultante de que a curva de Phillips de longo prazo seja vertical, tenha implicações importantes para a política de estabilização de curto prazo. Além disso, os keynesianos levantaram dúvidas quanto ao próprio conceito da taxa natural (FROYEN, 1999). 17 Vamos lá, estamos chegando ao fi nal de mais uma aula. Será que agora fi cou mais fácil de compreender as políticas econômicas keynesiana e monetarista quando relacionadas ao produto, a infl ação e o desemprego? Estamos certos que sim! Mas, continuem pesquisando sobre o tema para aprofundar mais seus conhecimentos a fi m de melhorar, continuamente, o processo de aprendizagem. Vamos agora recordar o que foi estudado até aqui. Finalizamos mais uma aula em que abordamos a visão dos monetaristas e da teoria keynesiana sobre o produto a infl ação e o desemprego. Vimos acerca da taxa natural de desemprego, elaborada por Friedman e a posição do keynesianismo sobre o tema. Para que nosso conteúdo seja melhor aproveitado, releia, assim que possível, todo material para que consiga expandir, um pouco mais, seus conhecimentos. Retomando a aula 1- Produto, Infl ação e Desemprego: Monetaristas versus Keynesianos A teoria monetarista afi rma que mudanças de curto prazo na oferta de moeda são determinantes primários de fl utuações no produto e no emprego. Mas, os monetaristas adicionam uma limitação sobre os efeitos reais de mudanças na oferta de moeda. A saber, no longo prazo, a infl uência da moeda é basicamente sobre o nível de preços e outras magnitudes nominais. Com relação a taxa natural de desemprego, ela é defi nida por Friedman como a taxa de desemprego “que tem a propriedade de ser consistente com o equilíbrio na estrutura de salários reais”. Após discorrermos sobre as duas visões, chegamos a mesma conclusão sobre as duas teorias, ou seja, um aumento no nível de demanda agregada eleva os níveis de produto e emprego e, como consequência, diminui a taxa de desemprego somente no curto prazo. Portanto, tanto na visão keynesiana como na monetarista a curva de Phillips de longo prazo é vertical. Biografia de Milton Friedman. Disponível em: https:// www.ebiografia.com/milton_friedman/. Biografia de John Maynard Keynes. Disponível em: https://www.ebiografia.com/john_maynard_keynes/. Vale a pena acessar BLANCHARD, O. Macroeconomics. Printice Hall, 1997. FROYEN, R. T. Macroeconomia. Ed. Saraiva: 5ª ed. 1999. MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos - LTC, 1992. SACHS, J.D. & Vale a pena ler Vale a pena LARRAIN, F. Macroeconomia. São Paulo: Makron Books, 1995. LOPES e VASCONCELLOS (organizadores). Manual de macroeconomia: nível básico e nível intermediário. 3ª ed. – 7ª reimpressão – São Paulo: Atlas, 2014. Minhas anotações Macroeconomia II A Economia Novo-Clássica Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazesde: • compreender o surgimento da economia novo-clássica; • estudar as características da economia novo-clássica; • analisar a crítica novo-clássica ao modelo keynesiano. Nesta quarta aula, vamos avançar um pouco mais na sequência da Macroeconomia clássica, abordando os estudos sobre a economia novo-clássica. Veremos como se deu seu surgimento, e analisaremos suas principais características. Posteriormente, estudaremos suas críticas ao modelo keynesiano. Vamos então avançar um pouco mais em nossos estudos sobre Macroeconomia! Bons estudos! 4ºAula 19 Seções de estudo 1- A Economia Novo-clássica 1- A Economia Novo-clássica Como vimos em nossas últimas aulas, os modelos teóricos keynesiano e o monetarista foram responsáveis pela discussão econômica do século XX auxiliando as economias a superar crises como a Grande Depressão e a crise infl acionária e de desemprego da década de 1970. Surge então, o sistema teórico denominado de a economia novo-clássica. Este novo sistema, descontente com a teoria ortodoxa keynesiana, surge na década de 1970, justamente para aprofundar os estudos sobre a alta infl ação e o desemprego daquela época. Vale a pena lembrar! Tanto o monetarismo, como a economia novo-clássica, tem suas origens teóricas em aspectos da economia clássica. Desta forma, tanto o monetarismo quanto a economia novo-clássica chegam a conclusões similares quanto a política não intervencionista. Cabe ressaltar que Robert Lucas, ganhador do Prêmio Nobel em 1995, foi o principal nome por trás desta teoria. Importante! Você sabia que a economia novo-clássica criticou mais a fundo o keynesianismo do que o monetarismo, chegando a atacá-la como uma teoria “essencialmente falha”. Os trabalhos realizados pela economia novo-clássica tiveram difi culdades em aceitar os resultados monetaristas de curto prazo, os quais estudamos na última aula. Eles mantiveram a teoria keynesiana como alvo fi xo, fazendo uma severa crítica metodológica, onde enfatizavam a falta de rigor dos modelos keynesianos (CRE, 2015). O princípio central de política econômica da economia novo-clássica é que a estabilização de variáveis reais, como produto e emprego, não pode ser alcançada pela administração da demanda agregada. Segundo eles, medidas sistemáticas de política fi scal e monetária de alteração da demanda agregada não afetarão o produto e o emprego, nem mesmo no curto prazo (FROYEN, 1999). Embora os monetaristas questionem a necessidade e a conveniência de políticas ativas para afetar o produto e o emprego, e também a efi cácia de ações de política fi scal, eles acreditam que medidas sistemáticas de política monetária tenham efeitos reais no curto prazo. A objeção novo-clássica ao uso de políticas de estabilização ativas é, assim, mais ampla do que a dos monetaristas (FROYEN, 1999). Para compreendermos melhor a crítica ao modelo keynesiano, exemplifi caremos mais uma vez a relação entre produto e desemprego e a demanda agregada, discutidas na aula anterior. Sendo assim, consideremos os efeitos, no modelo keynesiano, de uma política expansionista, como por exemplo, um aumento no estoque de moeda. No curto prazo, essa medida aumentaria a demanda agregada, a curva de demanda agregada deslocar-se-ia para a direita, ao longo da curva de oferta agregada de inclinação positiva e subiriam o nível de preços e o nível do produto real. Paralelamente ao aumento no produto real, ocorreria um aumento no emprego decorrente do aumento na demanda por mão de obra, com a elevação nos preços causando o deslocamento da curva de demanda por mão de obra para a direita, ao longo da curva de oferta de mão de obra de inclinação positiva (traçada em relação ao salário nominal) (FROYEN, 1999). Podemos observar esta relação, de forma gráfi ca, na Figura 1, abaixo. Figura 1: Efeitos de curto prazo de aumentos na demanda agregada no modelo keynesiano. Fonte: FROYEN, 1999. Sendo assim, o fato das posições da curva de oferta agregada e da curva de oferta de mão de obra serem fi xas no curto prazo, demonstram resultados cruciais. As posições de ambas dependem do valor do nível esperado de preços (Pe), que se supõe ser, basicamente, dependente dos preços observados no passado, sem mudar de acordo com as ações contemporâneas de política econômica. Mas, no longo prazo, o nível esperado de preços converge para o nível de preços efetivo, e tanto a curva de oferta agregada como a curva de oferta de mão de obra deslocam-se para a esquerda. Como resultado do aumento do estoque de moeda, os níveis iniciais de emprego e produto real são restaurados, e o nível de preços e os salários nominais mantêm-se permanentemente mais altos (FROYEN, 1999). Podemos observar esta relação na Figura 2, abaixo. Figura 2: Efeitos de longo prazo de aumentos na demanda agregada no modelo keynesiano. Fonte: FROYEN, 1999. 20Macroeconomia II Portanto, o produto e o emprego permanecem acima de seus níveis de equilíbrio de longo prazo apenas pelo tempo necessário para que os ofertantes de mão de obra se conscientizem da mudança no nível de preços que resulta da política expansionista. Sendo assim, os economistas novo-clássicos discordam desta análise, pois não aceitam o fato de que os efeitos da demanda agregada sobre produto e emprego no curto e longo prazo são diferentes na análise keynesiana e também na análise monetarista. Sua crítica se concentra na formação das expectativas de preços. Na prática, keynesianos e monetaristas pressupõem que tais expectativas de preços se ajustam lentamente, podendo ser consideradas fi xas, ao menos por períodos relativamente curtos de tempo, na análise dos efeitos de políticas econômicas. Por esse motivo, defi nimos anteriormente o curto prazo como o intervalo de tempo para o qual tais expectativas fossem fi xas. Importante! Os economistas novo-clássicos criticam as formulações de expectativas de preços por serem “extremamente ingênuas”. Como exemplo, podemos citar que os agentes econômicos racionais se baseariam em valores passados do nível de preços para formar expectativas futuras sobre o nível de preços. Portanto, por que fariam isso sabendo que, em geral, tal comportamento resulta em erros sistemáticos quando a demanda agregada se altera? Estivemos supondo que, após mudanças na demanda agregada, como a gerada pelo aumento no estoque de moeda, considerado anteriormente, os ofertantes de mão de obra não conseguiriam perceber os efeitos que o deslocamento da demanda tem sobre os preços. Os economistas novo-clássicos afi rmam que os agentes econômicos não mais cometerão erros sistemáticos como estes. Assim, conforme a hipótese das expectativas racionais, as expectativas são formadas com base em todas as informações relevantes disponíveis sobre a variável que está sendo prevista. Portanto, esta hipótese afi rma que os indivíduos utilizam as informações disponíveis de maneira inteligente, compreendendo como as variáveis que observam afetarão a variável que estão tentando prever (FROYEN, 1999). Vale a pena lembrar! Os economistas novo-clássicos acreditam que os agentes econômicos formarão expectativas racionais. Racionais no sentido de que não cometerão erros sistemáticos. Cabe lembrar que, no modelo keynesiano, as expectativas são retrospectivas porque a expectativa de uma variável, como o nível de preços, ajusta-se (lentamente) ao comportamento passado da variável. De acordo com a hipótese das expectativas racionais, os agentes econômicos usam, em vez disso, todas as informações relevantes disponíveis e, de maneira inteligente, avaliam a implicação dessas informações para o comportamento futuro de uma variável, como o nível de preços. Portanto, se essas previsões racionais prospectivas do nível de preços forem de fato feitas pelos ofertantes de mão de obra, a análise da subseção anterior deve ser modifi cada em um aspecto importante (FROYEN, 1999). Para analisar os efeitos dessa mudança sob a suposiçãode que as expectativas são racionais, precisamos começar especifi cando se a mudança da política monetária era ou não antecipada. Importante! Os efeitos das mudanças de políticas antecipadas e não antecipadas são muito diferentes quando se supõe que as expectativas são racionais. Sendo assim, vamos admitir que a mudança de política tenha sido prevista. Isso pode ocorrer porque o formulador de políticas anunciou previamente a mudança. Ou, alternativamente, o público pode prever a mudança de política por saber que o formulador de políticas age segundo determinado padrão. Por exemplo, se o formulador de políticas reage sistematicamente a um aumento no desemprego em um período aumentando o estoque de moeda no período seguinte (para compensar o desemprego), o público passará a prever um aumento no estoque de moeda no período t quando observar uma elevação na taxa de desemprego no período t-1 (FROYEN, 1999). Analisaremos a caracterização do produto e emprego de equilíbrio na análise novo-clássica (Figura 3). A diferença crucial entre o caso novo-clássico e o keynesiano se refere às variáveis que determinam as posições das curvas de oferta agregada e de oferta de mão de obra (FROYEN, 1999). Como na teoria keynesiana, aqui estamos pressupondo que a oferta de mão de obra dependa do salário real esperado, ou seja, o salário monetário conhecido dividido pelo nível esperado de preços: Assim, a posição da curva de oferta de mão de obra e, portanto, a da curva de oferta agregada dependem, novamente, do nível esperado de preços. Aumentos no nível esperado de preços deslocarão ambas as curvas para a esquerda. Figura 3: Produto e emprego no modelo novo-clássico. Fonte: FROYEN, 1999. A fi gura acima nos demonstra a característica do modelo novo-clássico, de forma que, tanto a curva de oferta agregada como a curva de oferta de mão de obra dependem de expectativas para variáveis contemporâneas racionalmente 21 formadas, incluindo variáveis de políticas fi scal e monetária (Me0, g e 0, t e 0) (FROYEN, 1999). Agora, consideremos o efeito de um aumento totalmente antecipado no estoque de moeda, de M0 para M1. Como podemos observar na Figura 4 abaixo. Figura 4: Efeitos de um aumento no estoque de moeda: a visão novo-clássica. Fonte: FROYEN, 1999. Podemos observar, na fi gura acima que, um aumento no estoque de moeda desloca a curva de demanda agregada de yd (M0,...) para y d (Ml,...). Portanto, essa mudança aumentaria o produto para y’1 e o nível de preços para P’1. O aumento no nível de preços deslocaria a curva de demanda por mão de obra de Nd (P0) para N d (P’1), e o emprego subiria para N’1. Porém, como o aumento no estoque de moeda foi plenamente previsto, há também um aumento no estoque de moeda esperado, que desloca a curva de oferta agregada para a esquerda de ys (Me0,...) para y s (Me1,...) e também desloca a curva de oferta de mão de obra para a esquerda de Ns (Me0,...) para Ns (Me1,...). Esses deslocamentos fazem o emprego e o produto voltarem a seus níveis iniciais, mais baixos, de y0 e N0 (FROYEN, 1999). Portanto, concluindo a análise destes modelos, na análise keynesiana ou monetarista o aumento no estoque de moeda leva a um aumento no emprego e no produto no curto prazo, ou seja, até que os ofertantes de mão de obra percebam corretamente a elevação no nível de preços que ocorre como resultado da ação de política monetária expansionista. Na visão keynesiana ou monetarista, como as expectativas sobre preços são retrospectivas, dependendo do comportamento passado dos preços e ajustando-se apenas lentamente às condições atuais, esse período de curto prazo, em que o aumento no estoque de moeda afeta o produto e o emprego, pode ter uma duração considerável. Se as expectativas forem racionais, os ofertantes de mão de obra, antecipando o futuro, não serão sistematicamente “enganados” por mudanças previstas nas políticas de demanda agregada (FROYEN, 1999). Por fi m, a economia novo-clássica também analisa um cenário denominado de “surpresa monetária”, onde ocorreria um aumento imprevisto na demanda agregada. Neste caso, quando o aumento no estoque de moeda é imprevisto, o modelo novo-clássico indica que o produto e o emprego serão afetados. Sendo assim, os economistas novo-clássicos negam que mudanças previstas na demanda agregada possam afetar o produto e o emprego, mas sua visão dos efeitos de mudanças imprevistas na demanda agregada não difere daquela dos keynesianos ou dos monetaristas. Portanto, as conclusões de políticas dos economistas novo-clássicos são fortemente não intervencionistas, assim como eram as dos economistas clássicos. Vamos lá, estamos chegando ao fi nal de mais uma aula. Será que agora fi cou mais fácil de compreender a economia novo-clássica e suas principais características? Estamos certos que sim! Mas, continuem pesquisando sobre o tema para aprofundar mais seus conhecimentos a fi m de melhorar, continuamente, o processo de aprendizagem. Vamos agora recordar o que foi estudado até aqui. Finalizamos mais uma aula sobre a economia novo- clássica. Assim, estudamos as críticas dos economistas novo-clássicos aos keynesianos através do modelo de produção, infl ação e desemprego. Para fi xar melhor o conteúdo, não se esqueça de reler o material para que a expansão do conhecimento não cesse. Retomando a aula 1- A Economia Novo-clássica A economia novo-clássica apresenta um desafi o fundamental à ortodoxia keynesiana. Eles afi rmam que muitas de suas relações não são fi rmemente baseadas no comportamento otimizador individual. Criticam também o que consideram ser pressupostos arbitrários dos keynesianos com referência à rigidez dos salários e, consequentemente, ao desemprego involuntário. Eles chegam a conclusões não intervencionistas sobre políticas semelhantes às dos economistas clássicos originais. BLANCHARD, O. Macroeconomics. Printice Hall, 1997. CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA (CRE) Escolas da macroeconomia / Conselho Regional de Economia 1ª região. 1.ed. - Organizadores: Maria Isabel Busato, Marcelo Dias Carcanholo, Fábio N. P de Freitas, Reinaldo Gonçalves– Rio de Janeiro: Albatroz, 2015. 80 p. FROYEN, R. T. Macroeconomia. Ed. Saraiva: 5ª ed. 1999. Vale a pena ler Vale a pena 22Macroeconomia II Minhas anotações MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos - LTC, 1992. SACHS, J.D. & LARRAIN, F. Macroeconomia. São Paulo: Makron Books, 1995. LOPES e VASCONCELLOS (organizadores). Manual de macroeconomia: nível básico e nível intermediário. 3ª ed. – 7ª reimpressão – São Paulo: Atlas, 2014. Biografia de Milton Friedman. Disponível em: https:// www.ebiografia.com/milton_friedman/. Biografia de John Maynard Keynes. Disponível em: https://www.ebiografia.com/john_maynard_keynes/. Vale a pena acessar 5ºAula A Economia Novo-Keynesiana Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender o surgimento da economia novo-keynesiana; • estudar as características da economia novo-keynesiana; • compreender o funcionamento dos modelos de preços rígidos, salário-eficiência e incluído-excluído. Agora, iniciaremos mais um tema que nos auxiliará a compreender um pouco mais sobre a Macroeconomia. Analisaremos o surgimento da economia novo-keynesiana, que surge após as críticas dos novo-clássicos ao seu modelo. Veremos o desenvolvimento de modelos que tem como foco explicar o desemprego acentuado daquela época. Vamos então avançar um pouco mais em nossos estudos sobre Macroeconomia! Bons estudos! 24Macroeconomia II Seções de estudo 1- A Economia Novo-Keynesiana 1- A Economia Novo-Keynesiana A economia novo-keynesiana surge do início de 1980, como alternativa às críticas efetuadas pela economia novo- clássica. Desta forma, a economia novo-keynesiana propõe uma explicação alternativa para as fl utuações de curto prazo no produto e no emprego, utilizando o arsenal teórico da escola novo-clássica,como por exemplo, a aceitação, por eles, da hipótese das expectativas racionais e à falta de uma explicação para a persistência do desemprego no mundo (CRE, 2015). Em sua trajetória, Keynes queria explicar a existência do desemprego involuntário, que às vezes, ocorria em massa. Ele se propôs a mostrar como a demanda agregada afetava o produto e o emprego. Seus modelos podem explicar o desemprego e o papel da demanda agregada na determinação do produto e do emprego, sendo elemento fundamental a rigidez do salário monetário (FROYEN, 1999). Por exemplo, uma queda na demanda agregada por mercadorias acarretará em uma queda na demanda por mão de obra. Com a existência de contratos de trabalho que possuem salários fi xos, e com as expectativas de preços retrospectivas dos trabalhadores, o salário monetário não cairá o sufi ciente no curto prazo para manter o nível de emprego inicial, sendo assim, o emprego e o produto cairão, aumentando o desemprego (FROYEN, 1999). Importante! Os modelos novo-keynesianos surgiram, em parte, em resposta à crítica novo-clássica aos modelos keynesianos mais antigos. De forma persuasiva, os economistas novo-clássicos afi rmavam que a economia keynesiana era teoricamente inadequada, que a macroeconomia precisa ser construída sobre uma base microeconômica sólida (MANKIW, 1992). Portanto, os novo-keynesianos tiveram como meta principal aperfeiçoar as bases microeconômicas do sistema keynesiano. Como consideram a rigidez do salário e dos preços um aspecto fundamental da explicação de Keynes para o desemprego involuntário, eles se empenharam em demonstrar que essa rigidez pode decorrer do comportamento de agentes otimizadores, ou seja, ela pode ter uma base microeconômica sólida (FROYEN, 1999). Analisaremos a seguir os principais modelos novo- keynesianos. 1.1 – Modelos de Preços Rígidos (Custo de menu) Nos primeiros modelos keynesianos o mercado de produtos era caracterizado pela concorrência perfeita, que era feito por uma questão de simplifi cação, refl etindo a ideia de que a rigidez do salário monetário era a verdadeira culpada na explicação do desemprego (FROYEN, 1999). Nos modelos novo-keynesianos, os modelos de preços rígidos são cruciais, pois a fi rma não precisa estar em concorrência perfeita. Sendo assim, as fi rmas individuais não têm poder sobre os preços de seus produtos, ou seja, elas se deparam com curvas de demanda horizontais. Porém, se houvesse, um caso de concorrente monopolista ou oligopolista, eles teriam algum controle sobre os preços de seus produtos, pois podem perder em volume de vendas, mas não deixarão de vender, em casos de recessão econômica (FROYEN, 1999). Sendo assim, caso haja queda na demanda, o preço que maximiza o lucro irá cair, mesmo fi rmas em ambiente de concorrência imperfeita. Porém, embora haja diminuição dos lucros, mesmo que pequena, ocasionada pela redução de preços, há algum ganho. Então, por que as fi rmas não reduziriam os preços? Algumas fi rmas podem manter os preços dos produtos constantes, mesmo com um cenário de queda da demanda, se perceberem um custo com a mudança de preços que supere o benefício da redução de preços. Esses custos de alteração dos preços são chamados custos de menu (FROYEN, 1999). Curiosidade! O nome Custos de Menu deriva do fato de que, se os restaurantes fi zessem alterações em seus preços, eles precisariam imprimir novos menus. De forma geral, quando as fi rmas mudam seus preços, novas tabelas precisam ser confeccionadas e os clientes precisam ser notifi cados sobre os novos preços. Esses custos explícitos de mudanças de preços são, por si sós, pequenos demais para explicar uma rigidez signifi cativa de preços, mas há possíveis custos adicionais, menos diretos, de alteração dos preços (FROYEN, 1999). Portanto, as fi rmas podem achar que vale a pena alterar preços quando há um custo percebido como: A perda de prestígio junto aos clientes; Desencadeamento de rodadas competitivas de cortes de preços (guerra de preços); Diante destes argumentos, se os custos percebidos de alteração de preços forem sufi cientemente altos, existirá rigidez de preços. Sendo assim, declínios na demanda agregada resultarão em quedas no produto e no emprego, e não simplesmente em redução de preços. 1.2- Modelos de Salário Efi ciência A história nos mostra que em 1914, Ford instituiu o salário de cinco dólares por dia trabalhado. Para aquela época, o salário vigente era de dois a três dólares. A ideia de Ford era de que, se ele pagasse salários mais altos, isso desestimularia as faltas ao trabalho, reduziria a rotatividade de mão de obra e melhoraria o moral do trabalhador, como resultado, a produtividade aumentaria (FROYEN, 1999). 25 A importância do Salário-Eficiência! Os modelos modernos de salário-eficiência possuem a mesma premissa de Ford, ou seja, a eficiência dos trabalhadores depende positivamente do salário real que recebem. O salário-eficiência pode ser formalizado pela produtividade ou pela definição de um índice de eficiência do trabalhador, tal que: Se a eficiência do trabalhador é uma função positiva do salário real, expressamos a função produção agregada como: Como visto anteriormente, o produto (y) depende da quantidade de capital (K) e também da quantidade de mão de obra, que agora medimos em unidades de eficiência. O número de unidades de eficiência de mão de obra é igual ao número de unidades físicas (N), medidas em horas/homem por período, por exemplo, multiplicado pelo índice de eficiência. O produto aumenta quando mais unidades de mão de obra são contratadas (N aumenta) ou quando a eficiência da força de mão de obra existente melhora (e é elevado por um aumento em W/P). Com esta função de produção, a meta da firma é estabelecer o salário real de forma que o custo de uma unidade de eficiência de mão de obra seja minimizado ou, em outras palavras, maximizar o número de unidades de eficiência de mão de obra compradas com cada unidade monetária despendida na folha de pagamento. Isso é feito aumentando o salário real até o ponto em que a elasticidade do índice de eficiência (e (W/P)) em relação ao salário real seja igual a l (FROYEN, 1999). Os proponentes da teoria do salário-eficiência afirmam que, em muitos setores, os salários reais são determinados com base nesses cálculos de eficiência. Os salários reais não se ajustam para equilibrar os mercados de trabalho. Na verdade, o princípio que norteia os modelos de salários-eficiência implica que as firmas definirão o salário real acima do nível de equilíbrio de mercado. O resultado disso será o desemprego involuntário persistente. Porém, caso isso ocorra, os trabalhadores continuarão a procurar empregos no setor de altos salários, trabalhando, por exemplo, quando a demanda é alta, em vez de aceitar empregos com salários mais baixos. Sendo assim, os modelos de salário-eficiência explicam uma rigidez real (FROYEN, 1999). Em outras palavras, se houvesse uma queda na demanda agregada nominal, resultante de uma queda na oferta de moeda, as firmas poderiam baixar seus preços o suficiente para manter o produto inalterado e, por consequência, baixar o salário monetário na mesma proporção para manter o salário real no salário-eficiência (W/P). Porém, se as firmas não baixarem os preços por causa de custos do menu, como explicado anteriormente, então a manutenção do salário real no salário-eficiência requer que o salário monetário também seja fixo. Nesse caso, quando a demanda agregada declinar, produto e emprego cairão, e o desemprego involuntário irá subir. Assim, uma rigidez nominal, o custo do menu e a rigidez do salário real devida a salários-eficiência combinam-se para explicar mudanças no desemprego involuntário (FROYEN, 1999). 1.3- Modelos Incluído-Excluído e Histerese Este último modelo a ser analisado está ligado às persistentes altas taxas de desemprego na Europa desde 1980. Exemplo de HistereseO desemprego atual é fortemente influenciado pelo desemprego passado? Portanto, uma variável exibe histerese, quando forçada a se afastar de um valor inicial, não apresenta nenhuma tendência de retorno mesmo quando o choque termina. Da mesma forma que acontece com o modelo de preços rígidos, as versões do modelo incluído-excluído requerem concorrência imperfeita. Analisaremos este modelo através de um exemplo. Examinaremos uma situação com um sindicato no lado dos empregados e poucas firmas empregadoras (como a indústria siderúrgica alemã). Os membros do sindicato, que chamaremos de incluídos (de dentro), têm poder de negociação com os empregadores porque é caro substituí- los por excluídos (de fora), nesse caso, trabalhadores não pertencentes ao sindicato. O custo de substituí-los é um custo de recrutamento e treinamento de novos trabalhadores. Os membros do sindicato também podem impor custos aos excluídos que tentem aceitar empregos por salários mais baixos, fazendo uso de piquetes, por exemplo. Portanto, pressupõe-se que os incluídos usem seu poder de negociação para empurrar o salário real para cima do nível de equilíbrio do mercado, o que resulta em um grupo de excluídos desempregados. Os incluídos só empurrarão o salário real para cima até um certo ponto, porém, porque quanto mais alto o salário real, menos incluídos estarão empregados. Isso acontece porque o nível de empregos é igual à demanda por mão de obra das firmas, a qual depende negativamente do salário real. Se, em nosso exemplo, os incluídos forem 200 mil, vamos supor que eles negociem por um nível de salário real que acreditam resultar em emprego para todos (ou quase todos). É possível, porém, que eles acabem sem emprego, uma vez que, se a demanda agregada da economia como um todo reduzir- se inesperadamente, o produto e o emprego cairão. Uma parte dos incluídos será dispensada. Sendo assim, no modelo incluído-excluído, o desemprego resulta de um salário real fixado acima do nível de equilíbrio do mercado (desemprego de excluídos) e de uma resposta cíclica a mudanças na demanda agregada. Uma característica nova desses modelos é a inter-relação desses dois tipos de desemprego (FROYEN, 1999). Portanto, o desemprego passado causa o desemprego atual por transformar incluídos em excluídos. Este é o fenômeno da histerese. Uma vez isso tendo acontecido, ocorre uma espécie de armadilha do desemprego. Os excluídos não 26Macroeconomia II exercem pressão para baixo sobre os salários reais porque eles são irrelevantes para o processo de negociação de salários. Os modelos incluído-excluído, assim, explicam porque altas taxas de desemprego persistiram em alguns países europeus por períodos tão longos, períodos longos demais para serem resultado de contratos com salários monetários fi xos ou expectativas de preços retrospectivas. Vamos lá, estamos chegando ao fi nal de mais uma aula. Será que agora fi cou mais fácil de compreender a economia novo-keynesiana e suas principais características? Estamos certos que sim! Mas, continuem pesquisando sobre o tema para aprofundar mais seus conhecimentos a fi m de melhorar, continuamente, o processo de aprendizagem. Vamos agora recordar o que foi estudado até aqui. Finalizamos mais uma aula, esta aborda o tema sobre a economia novo-keynesiana. Vimos os três principais modelos abordados pelos novo-keynesianos. Estudamos os modelos: de preços rígidos, de salário- efi ciência e o incluído-excluído. Aprendemos também o conceito de histerese. Desta forma, ao fi nal desta aula, é importante lembrar a vocês que, caso tenham dúvidas, façam novamente a leitura do material para fi xar um pouco mais o conhecimento. Retomando a aula 1- A Economia Novo-Keynesiana A economia novo-keynesiana se apoia na tradição e nas teorias de John Maynard Keynes. Os economistas novo- keynesianos acreditam que boa parte do desemprego é involuntária, e que os desvios do produto abaixo do produto potencial durante recessões são socialmente nocivos. Há um potencial papel para políticas de estabilização na prevenção desses desvios do produto e redução dos custos adicionais do desemprego involuntário para os indivíduos. A economia novo-keynesiana é uma tentativa de melhorar as bases microeconômicas dos modelos keynesianos tradicionais, sem questionar suas premissas fundamentais. Biografia de John Maynard Keynes. Disponível em: https://www.ebiografia.com/john_maynard_keynes/. Vale a pena acessar BLANCHARD, O. Macroeconomics. Printice Hall, 1997. CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA (CRE) Escolas da macroeconomia / Conselho Regional de Economia 1ª região. 1.ed. - Organizadores: Maria Isabel Busato, Marcelo Dias Carcanholo, Fábio N. P de Freitas, Vale a pena ler Vale a pena Reinaldo Gonçalves– Rio de Janeiro: Albatroz, 2015. 80 p. FROYEN, R. T. Macroeconomia. Ed. Saraiva: 5ª ed. 1999. MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos - LTC, 1992. SACHS, J.D. & LARRAIN, F. Macroeconomia. São Paulo: Makron Books, 1995. LOPES e VASCONCELLOS (organizadores). Manual de macroeconomia: nível básico e nível intermediário. 3ª ed. – 7ª reimpressão – São Paulo: Atlas, 2014. Minhas anotações 6ºAula Ciclos reais de negócios Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer as principais características dos ciclos reais de negócios; • estudar as correntes teóricas por trás deste tema; • analisar os efeitos de um choque tecnológico na economia. Sejam todos(as) bem-vindos(as) a mais uma aula de Macroeconomia. Nesta aula, aprenderemos sobre os ciclos reais de negócio. Veremos que esta teoria deriva da teoria clássica e novo-clássica. Aprenderemos as principais características que compõe os ciclos reais de negócios. Veremos também, através de um exemplo de choque tecnológico, os resultados obtidos na economia. Bons estudos! 28Macroeconomia II Seções de estudo 1- Ciclos reais de negócios 1- Ciclos reais de negócios Vimos em nossas duas últimas aulas, as críticas aos modelos novo-clássicos e novo-keynesianos, com relação à produção, infl ação e desemprego. Deste embate, surge a necessidade de ambas escolas efetuarem novas pesquisas de forma a dar maior robustez a suas teorias, gerando novos rumos a pesquisa macroeconômica. Interessante! Sobre este longo debate, um observador comentou “a característica mais importante na posição de cada lado era sua crítica ao outro”. Desta forma, surge, apoiado na tradição clássica, a teoria dos ciclos reais de negócios. Cabe ressaltar que esta teoria iniciou suas pesquisas em 1980, portanto, se trata de uma teoria recente no campo da macroeconomia. Esta teoria é um desenvolvimento da teoria novo- clássica, que, como já foi dito na introdução desta aula, evoluiu da economia clássica original, portanto se trata de uma teoria tradicionalista. 1.1- Aspectos centrais dos modelos É preciso lembrar que, para os economistas novo- clássicos, os modelos macroeconômicos, em geral, precisam ter duas características básicas, para se tornarem úteis. São elas: a) os agentes otimizam; b) os mercados se equilibram. Os teóricos dos ciclos reais de negócios concordam com estas características. Porém, um aspecto distintivo dos modelos de ciclos reais de negócios é a atenção dedicada às bases microeconômicas do modelo, ou seja, as decisões otimizadoras de indivíduos. Eles também acreditam que o ciclo de negócios é um fenômeno de equilíbrio, no sentido de que todos os mercados se equilibram. Isso contrasta com a visão keynesiana de que o mercado de trabalho não se equilibra. Enquanto o modelo keynesiano inclui desemprego involuntário, nos modelos de ciclos reais de negócios e novo- clássicos todo desemprego é voluntário (FROYEN, 1999). Os teóricos dos ciclos reais de negócios afastam-se dos economistas novo-clássicos na questão das causas de fl utuações no produto e no emprego. Eles interpretam essas fl utuações como “originárias de variaçõesnas oportunidades reais da economia privada”. Estas mudanças podem ser causadas por fatores como choques na tecnologia, variações nas condições ambientais, alterações nos preços reais (relativos) de matérias-primas importadas (por exemplo, petróleo bruto) e mudanças nas alíquotas tributárias. Mudanças nas preferências individuais, por exemplo, preferência por bens em relação ao lazer, também implicam fl utuações no produto (FROYEN, 1999). Vale a pena lembrar! O modelo keynesiano inclui o desemprego involuntário enquanto o modelo novo-clássico o desemprego é voluntário. Portanto, de forma divergente dos economistas clássicos, e também distinta dos economistas novo-clássicos, os teóricos dos ciclos reais de negócios afi rmam que essas variáveis do lado da oferta são também a causa de fl utuações de curto prazo no produto e no emprego. Cabe lembrar ainda que, para os novo-clássicos, mudanças imprevistas na demanda eram vistas como a principal fonte de fl utuações cíclicas no produto e os fatores como choques tecnológicos ou mudanças nas preferências individuais recebiam menor atenção (FROYEN, 1999). Com relação aos modelos keynesianos, que podem incorporar os efeitos de choques no lado da oferta, mas é um princípio central da teoria keynesiana o fato de que a demanda agregada é um fator importante na determinação do produto e do emprego no curto prazo. Desta forma, a visão de que mudanças em fatores reais do lado da oferta determinam fl utuações de curto prazo no produto e no emprego também diferencia os modelos de ciclos reais de negócios dos modelos keynesianos (FROYEN, 1999). É preciso analisar mais duas observações importantes acerca dos teóricos do modelo de ciclos de negócios. A primeira, se relaciona com a ideia de que erros na previsão da demanda agregada podem explicar fl utuações grandes e custosas no produto violando assim, o princípio de que os agentes otimizam. Outra observação é que os fatores reais do lado da oferta são simplesmente mais importantes do que infl uências nominais do lado da demanda. Sendo assim, quando os teóricos dos ciclos reais de negócios diferenciam seus modelos dos modelos novo-clássicos, eles defendem uma posição muito mais forte, ou seja, de que choques monetários e outros choques nominais do lado da demanda não têm nenhum efeito signifi cativo sobre o produto e o emprego. Muitos modelos de ciclos reais de negócios nem sequer incluem a moeda como uma variável (FROYEN, 1999). 1.2- Construindo um modelo simples Neste tópico, vamos analisar como se dá a construção de um modelo simples de ciclos reais de negócios. Cabe salientar que, os modelos de ciclos reais de negócios veem as variáveis econômicas agregadas como resultados das decisões tomadas por muitos agentes individuais, agindo de forma a maximizar sua utilidade, sujeitos às possibilidades de produção e às restrições de recursos. Portanto, estes modelos possuem base fi rme e explícita na microeconomia (FROYEN, 1999). Para a construção deste modelo analisaremos como os agentes econômicos otimizadores reagem a mudanças nas condições econômicas e suas implicações resultantes de suas reações ao comportamento das variáveis econômicas agregadas. Neste modelo, será utilizado um pressuposto 29 habitual de que a economia é povoada por um grupo de indivíduos idênticos, ou seja, o comportamento do grupo pode ser explicado pelo comportamento de um indivíduo, chamado de agente representativo. Podemos dizer então que, a meta de nosso agente representativo é maximizar sua utilidade em cada período de sua vida. A utilidade pode ser obtida através de duas formas: a) consumo ( C ); b) lazer ( L ). Portanto, vamos pressupor que ele possui a seguinte função de utilidade ( U ): Onde: c = consumo; le = lazer U = utilidade t = período de tempo Diante desta função, nosso agente representativo, precisa primeiro trabalhar para gerar produto, para depois consumir. Ao optar pelo trabalho ele abre mão de lazer. Ou seja, existe, neste momento um trade-off trabalho-lazer. Sendo assim, o produto neste modelo será gerado pela função de produção: Onde: y = produto K = capital N = trabalho Z = choques t = período de tempo Importante! Choques no processo de produção são eventos que mudam o nível de produto a ser obtido (volume produzido) para dados níveis dos insumos (mão de obra e capital). Na análise realizada pelos teóricos dos ciclos reais de negócios, estes incluem uma série de choques como: tecnológicos, fatores ambientais, mudanças em regulamentações governamentais que afetem a produtividade e mudanças na disponibilidade de matérias-primas. Cabe salientar que eles também consideram que o estoque de capital ( K ) não é fixo (FROYEN, 1999). Seguindo a linha de raciocínio de nosso modelo, podemos observar agora que nosso agente representativo pode preferir economizar parte de sua renda para o futuro, deixando de consumir uma parte de sua renda. Sendo assim, teremos: Onde: y = produto c = consumo s = poupança t = período de tempo Desta forma, como expresso na equação acima, a poupança mais o consumo deve ser igual à renda, neste momento, ignorada a presença de impostos. Desta forma, além do trade-off trabalho-lazer, temos agora um segundo trade- off consumo-poupança. Sendo assim, podemos dizer que a poupança hoje irá aumentar o consumo no futuro, porque se supõe que a poupança seja investida para aumentar o estoque de capital no período seguinte. Desta forma temos: Onde: K = capital s = poupança = taxa de depreciação t = período de tempo Podemos observar na equação acima que, o estoque de capital no período t + 1 é igual à poupança no período t mais a parte do estoque de capital (1 - ) que sobrou do período t, onde é a taxa de depreciação do capital (a fração do estoque de capital que se desgasta em cada período). Desta forma, pode-se concluir que, as escolhas realizadas por nosso agente representativo determinam o comportamento do produto agregado, emprego, consumo e poupança. 1.3- Efeitos de um choque tecnológico positivo Vamos agora analisar quais efeitos podem ser obtidos ao acrescentarmos, em nossa análise, um choque tecnológico. Vamos supor que, em um determinado período de tempo, haja um choque favorável e que o choque ocorreu de forma exógena. Lembrando que o choque é representado em nosso modelo pelo termo zt. Então, faremos a análise passando de um nível z0 para um valor mais alto z1. Podemos visualizar este efeito na Figura 1, logo abaixo. Figura 1: O efeito de um choque tecnológico positivo em um modelo de ciclos reais de negócios. Fonte: FROYEN, 1999. 30Macroeconomia II Podemos observar que um choque tecnológico positivo desloca a função de produção para cima, de z0 para z1. Sendo assim, nosso agente representativo reage a esse aumento em sua produtividade elevando o uso de mão de obra, de N0 para N1. Devido ao aumento na produtividade e no uso de mão de obra, o produto sobe de y0 para y1. Portanto, podemos supor que o choque aplicado aumenta a produtividade marginal de nosso agente representativo. Caso ele ainda se mantenha no mesmo nível de utilização de mão de obra (N0), isso causaria um aumento no produto, para y’1. O choque favorável, porém, alterou as possibilidades de produção que se apresentam a nosso agente. Se ele perceber a mudança, o que pressuporemos que sim, irá reagir a ela. Na fi gura consideramos que ele reage ao aumento em sua produtividade trabalhando mais. Sendo assim, o nível de uso de mão de obra sobe para N1, e o produto sobe para y1 (FROYEN, 1999). Sendo assim, nosso agente representativo precisa decidir o que fazer com o maior nível de produto, que poderá ir para o consumo ou poupança, como já vimos anteriormente. Neste caso, ele poderia simplesmente consumir tudo. Mas, em particular no caso de um choque temporário, é provável que ele poupe uma parte do aumento no produto para permitir que o consumo também seja mais alto no futuro (FROYEN, 1999).
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