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modulo de introducao a economia CED final

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MANUAL DE INTRODUÇÃO A 
ECONOMIA (Ed0335) 
 
 
 
 
Curso: Administração Pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Universidade Católica de Moçambique 
Centro de Ensino á Distância 
 
 
 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância 
(CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no 
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de 
Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a 
processos judiciais. 
 
Elaborado Por: dr. Khalilahmad Mussa Bahadur 
Licenciado em Economia e Gestão 
 
 
Revisado por : Dra. Filomena Simoni Camurai 
Licenciada em Economia e Gestão 
Pôs- Graduada em Ciências Politicas Relações Internacionais e Governação 
Mestrada em Gestão e Administração de Empresas 
 
 
 
 
Universidade Católica de Moçambique 
Centro de Ensino à Distância-CED 
Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa· 
Moçambique-Beira 
Telefone: 23 32 64 05 
Cel: 82 50 18 44 0 
 
Fax: 23 32 64 06 
E-mail: ced @ ucm.ac.mz 
Website: www. ucm.ac.mz 
 
 
Agradecimentos 
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual, 
gostaria de agradecer a colaboração de todos que contribuíram para a elaboração deste manual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Índice 
Visão geral 8 
Objectivos da cadeira .................................................................................................... 8 
Habilidades de estudo .................................................................................................... 9 
Precisa de apoio? ......................................................................................................... 10 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................ 11 
Avaliação .................................................................................................................... 11 
PARTE I: CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA 13 
1. A Relação da Economia Com as Demais Ciências .............................................. 14 
2. Sistema Económico ............................................................................................ 16 
3. Agentes Económicos .......................................................................................... 17 
4. Tipos de Economia ............................................................................................. 18 
5. Bens e Serviços .................................................................................................. 21 
Actividades de aprendizagem 23 
PARTE II: EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÓMICO 24 
1. Economia Medieval Ou Economia Da Idade Média............................................ 25 
2. Mercantilismo .................................................................................................... 26 
3. Escola Fisiocrata ................................................................................................ 27 
4. Escola Clássica................................................................................................... 29 
5. Escola Marxista .................................................................................................. 34 
6. Escola Neoclássica ............................................................................................. 35 
7. Escola Keynesiana ............................................................................................. 36 
Actividades de Aprendizagem 42 
PARTE III: MICROECONOMIA 43 
1. Procura e Oferta ................................................................................................. 44 
1.1. Lei da Procura .......................................................................................... 44 
1.2. Lei da Oferta ............................................................................................ 47 
2. Elasticidade ........................................................................................................ 51 
3. Teoria do consumidor ......................................................................................... 52 
3.1. Curvas de Indiferença............................................................................... 54 
4. Teoria do Produtor ............................................................................................. 57 
4.1. A Função de Produção ............................................................................. 58 
4.2. Factores de Produção Fixos e Variáveis: O Curto Prazo e o Longo 
Prazo 58 
4.3. Economia ou Retornos de Escala .............................................................. 62 
 
6 
 
4.4. Teoria de Custos de produção................................................................... 63 
4.5. Linha de Isocusto ou Curva de Igual Custo............................................... 65 
4.6. O Equilíbrio do Produtor .......................................................................... 66 
5. Estrutura De Mercado ........................................................................................ 67 
5.1. Concorrência perfeita .................................................................................. 67 
5.2. Concorrência monopolística: ....................................................................... 67 
5.3. Oligopólio: .................................................................................................. 67 
5.4. Monopólio: .................................................................................................. 68 
5.5. Monopsônio: ............................................................................................... 68 
5.6. Oligopsônio: ................................................................................................ 68 
Actividades de Aprendizagem 70 
PARTE IV: MACROECONOMIA 74 
1. Sistemas de Contas Nacionais ............................................................................ 78 
2. Princípios De Teoria Monetária .......................................................................... 82 
2.1. Tipos De Moeda ....................................................................................... 83 
2.2. Política Monetária .................................................................................... 83 
2.3. FUNÇÕES DO BANCO CENTRAL ....................................................... 89 
3. Noções De Comércio Internacional .................................................................... 94 
3.1. Os Determinantes Do Comércio Internacional .......................................... 94 
3.2. Taxa De Câmbio ...................................................................................... 98 
3.3. Balança De Pagamentos ........................................................................... 99 
3.4. O Papel Da Organização Mundial Do Comércio (OMC) ........................ 101 
4. O Sector Público Nas Correntes Do Pensamento Económico ............................ 103 
4.1. Por que regular? ..................................................................................... 107 
4.2. Política Fiscal......................................................................................... 111 
Atividades de Aprendizagem 120 
PARTE V: DESENVOLVIMENTO 122 
5.1. As Ideias de Amartya Sem ..................................................................... 125 
5.2. Os três valores do desenvolvimento........................................................ 125 
5.3. Os três objectivos de desenvolvimento ................................................... 126 
5.4. Níveis de desenvolvimento entre os países subdesenvolvidos .................127 
5.5. O índice do desenvolvimento Humano ................................................... 128 
6. Descentralização E Pobreza .............................................................................. 129 
6.1. Descentralização .................................................................................... 129 
6.2. Pobreza .................................................................................................. 130 
6.3. Índice de pobreza Humana em Moçambique .......................................... 134 
7. Recursos Naturais ............................................................................................ 136 
7.1. Recursos Renováveis ............................................................................. 137 
7.2. Recursos Não Renováveis ...................................................................... 139 
 
7 
 
8. Incentivos Económicos para protecção ambiental ............................................. 141 
8.1. Incentivos económicos ........................................................................... 141 
Actividades de Aprendizagem 149 
REFERÊNCIA 150 
 
 
 
8 
 
Visão geral 
 
Bem-vindo ao módulo de Fundamentos de Economia. 
 
Objectivos da cadeira 
Quando terminar o presente modulo – o cursante será capaz de: 
 Explicar os conceitos fundamentais da economia; 
 Explicar sobre a evolução da economia; 
 Analisar os desafios persistentes que surgem o 
tempo todo; 
 Conhecer as principais Escolas do Pensamento 
Económico: clássica, marxista, neoclássica e 
keynesiana; 
 Caracterizar a economia em níveis micro e macro; 
 Conhecer o funcionamento do sistema monetário; 
 Descrever os determinantes do comércio 
internacional, seus ganhadores e perdedores, bem 
como os argumentos a favor da restrição ao 
comércio; 
 Saber as fundamentos da regulação na economia, 
os mecanismos de intervenção do sector público e 
o papel desempenhado pelo Estado na 
actualidade; 
 Saber classificar os recursos naturais 
 
 
9 
 
Habilidades de estudo 
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, 
implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se 
conseguem com estratégias eficazes e por isso é importante saber como estudar. 
Apresento algumas sugestões para que possa maximizar o tempo dedicado aos estudos: 
 
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que 
seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à 
noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com 
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo de 30 em 30 
minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem interrupção? 
 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um 
determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e 
passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. É preferível saber bem 
algumas partes da matéria do que saber pouco sobre muitas partes. 
 
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque, devido à falta 
de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a ter-se dificuldades de 
concentração e de memorização para organizar toda a informação estudada. Para isso 
torna-se necessário que: Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como 
o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras 
actividades. 
 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o 
estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens 
pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que 
 
10 
 
está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, 
pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto 
e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito 
cujo significado desconhece; 
 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o material impresso, 
lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, 
prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o 
tutor, via telefone, e-mail e se estiver próximo do tutor, contacteo pessoalmente. 
Os tutores tem por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a 
oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os mecanismos 
apresentados acima. 
 
Todos os tutores tem por obrigação facilitar a interacção, em caso de problemas 
específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase posterior contacte o 
coordenador do curso e se o problema for de natureza geral. Contacte a direcção do CED, 
pelo número 825018440. 
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de expediente. 
 
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade 
de interagir com todo o staff do CED, neste período pode apresentar duvidas, tratar 
questões administrativas, entre outras. 
 
O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio com os 
colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam sobre estratégias de 
 
11 
 
superação, mas produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas 
competências. 
Tarefas (avaliação e auto-
avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), 
contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As 
tarefas devem ser entregues antes do período presencial. 
 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de 
entrega, implica a não classificação do estudante. Os trabalhos devem ser entregues ao 
CED e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor\docentes. Podem ser utilizadas diferentes 
fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
 
O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, 
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos 
direitos autoriais devem marcar a realização dos trabalhos. 
Avaliação 
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o período presencial 
(20%). A avaliação do estudante é regulamentada com base no chamado regulamento de 
avaliação. Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual, 
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira. 
 
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões presenciais, eles 
representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de frequência, determinam a nota 
final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima 
 
12 
 
de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar 3 (três) trabalhos, 2 
(dois) teste e 1 (um) exame. Não estão previstas quaisquer avaliação oral. 
 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como ferramentas de 
avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de 
conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências utilizadas, o 
respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão 
indicados no manual. Consulte-os.13 
 
 
PARTE I: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
DE ECONOMIA 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM 
Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de: 
 
 Identificar todos os discursos dentro das escolas de pensamento económico 
existentes; 
 Relacionar a economia com as demais ciências; 
 Entender o funcionamento da economia tendo em conta o modo de produção; e 
 Discutir os permanentes desafios que surgem o tempo todo. 
 Distinguir entre Economia Positiva e Economia Normativa 
 
No Século XIX, Alfred Marshall disse que a Economia procura estudar os negócios 
comuns da vida da humanidade. Por negócios comuns, podemos entender as cenas 
comuns da vida económica. 
 
Etimologicamente, a palavra “economia” vem dos termos gregos oikós (casa) e nomos 
(norma, lei). Pode ser compreendida como “administração da casa”, pois, administrar 
uma casa é algo bastante comum na vida das pessoas. Portanto, é interessante essa 
aproximação do mundo da casa com o mundo da economia. 
 
A economia pode ser definida como ciência social que estuda como o indivíduo e a 
sociedade decidem utilizar os recursos produtivos escassos, na produção de bens e 
 
14 
 
serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a 
finalidade de satisfazer às necessidades humanas. 
 
A ciência económica se ocupa das questões relativas a satisfação das necessidades dos 
indivíduos e da sociedade. 
 
A necessidade humana envolve a sensação da falta de alguma coisa unida ao desejo de 
satisfazê-la. Acreditamos que todas as pessoas sentem necessidade de adquirir certos 
bens, sentem desejo tanto por alimentos, água e ar. Da mesma forma que uma família 
precisa satisfazer suas necessidades uma sociedade também precisa fazer o mesmo como 
transporte, ordem pública. Aliás, precisa definir o que produzir, para quem produzir, 
quando produzir e quanto produzir para satisfazer as necessidades. Em linhas gerais, a 
sociedade precisa gerências bem seus recursos que são escassos. 
 
A outra ideia por patente na definição da economia é que os recursos são escassos, isto é, 
os recursos económicos como o trabalho, capital e terra são limitados em todas as 
sociedades, portanto, as sociedades devem usa-las eficientemente, a fim de produzir bens 
com valor. 
 
A escassez é um problema da sociedade, já que os recursos são escassos, as quantidades 
de bens e serviços que podem ser produzidas são escassas. Sem a escassez não haveria 
necessidade de estudar a economia. 
 
1. A Relação da Economia Com as Demais Ciências 
Com a Biologia: quem exerce a actividade económica gera serviço, objecto das ciências 
biológicas. O trabalho gera recursos económicos para a alimentação e sobrevivência 
humana. 
 
15 
 
 
Com a Moral: a moral tem por objectivo o honesto, a economia tem por objectivo útil, 
isto é, a actividade humana em busca de prosperidade material. A honestidade com o 
crescimento económico. 
 
Com o Direito: o direito e a economia são ciências sociais, tendo como objectivo o 
homem. 
 
Com a Contabilidade: essa traz luz à economia, sobre inúmeros problemas que se 
interferem; ambas tratam de juros, empréstimos, bancos, bolsas. A contabilidade age 
sobre o ponto de vista técnico e a economia mostra as razões teóricas para as suas 
conclusões sobre determinado fato. 
 
Com a Geografia: essa se utiliza de matemática, física e biologia, as quais fornecem a 
economia inúmeros elementos. 
 
Com a História: a história também é uma ciência social. A história económica é o 
prefácio da economia política. 
 
Com a Sociologia: mostra os fenómenos económicos interdependentes com os sociais. 
Muitos autores consideram a economia política como um ramo da sociologia. 
 
Com a Matemática: cálculos gráficos 
 
Com a Lógica: uso da razão, raciocínio. 
 
 
16 
 
Com a Estatística: classifica, analisa, critica e interpreta dados relativos aos fatos 
económicos. 
 
Com a Administração: a administração é o processo de tomar e colocar em prática 
decisões sobre objectivos e utilização de recursos. 
 
2. Sistema Económico 
 As maneiras como as sociedades se organizam de modo a encontrara mecanismos de 
resolver as questões básicas da economia (o que produzir, para quem produzir, quando 
produzir e quanto produzir). 
 
As sociedades ao longo do tempo desenvolvem diferentes formas de realizar as suas 
actividades económicas. 
 
O sistema económico é o que caracteriza o espírito, a forma e a substância da actividade 
económica localizada no espaço e no tempo. Existe uma lógica geral pela qual a 
economia funciona e conjunto de princípios que regem o seu funcionamento. Os três 
tipos de sistemas económicos são: 
 
Sistema de Economia de Mercado ou descentralizado – é o sistema baseado no 
mecanismo de mercado que tem como objectivo principal alcançar o lucro máximo. Tem 
o seu fundamento na liberdade individual dos agentes económicos não sujeita a 
orientação ou o mero controlo estatal. Apesar da existência da política económica 
governamental o centro das decisões é a nível das empresas privada que decidem sobre as 
formas de concorrência, administra as quantidades e os preços dos bens produzidos. Os 
consumidores é que escolhem os produtos que são colocados a sua disposição no 
 
17 
 
mercado. Este sistema carece de qualquer mecanismo central, os preços são livres e há 
liberdades de escolha. 
 
Sistema de Direcção Central e Planificada – distingue-se pela propriedade estatal dos 
meios de produção e pela planificação centralizada da economia, tendo como objectivo 
fundamental a satisfação das necessidades da população, defendendo por isso uma 
política de redistribuição de rendimentos que reduzem as diferenças entre os indivíduos 
na sociedade. O estado através dos órgãos especializados administram a produção geral, 
determina os objectivos e prazos dentro dos quais elas devem concretizar, organizar os 
processos e métodos de produção controlando os mecanismos de distribuição e 
dimensionando o consumo. A planificação global tem em princípio o objectivo de 
racionalização máxima dos recursos disponíveis na economia. 
 
Sistemas Mistos – este sistema é uma combinação dos dois sistemas, com elementos de 
mercados e dirigismo. 
 
Nenhuma das sociedades contemporâneas encaixa a um dos sistemas extremos. Nunca 
houve uma economia 100% de mercado (embora a Inglaterra no século XIX se 
aproximasse). 
 
3. Agentes Económicos 
Os agentes económicos são pessoas de natureza física ou jurídica que, através de suas 
acções, contribuem para o funcionamento do sistema económico, tanto capitalista quanto 
socialista. Podem ser: 
 
Empresas: agentes encarregados de produzir e comercializar bens e serviços, ligados por 
sistemas de informação e influenciados por um ambiente externo. A produção se dá pela 
 
18 
 
combinação dos factores produtivos adquiridos junto às famílias. As decisões da empresa 
são todas guiadas para o objectivo de conseguir o máximo de lucro e mais investimentos; 
 
Família: inclui todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que, no papel de 
consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços, objectivando o 
atendimento de suas necessidades. Por outro lado, são as famílias os proprietários dos 
recursos produtivos e que fornecem às empresas os diversos factores de produção, tais 
como: trabalho, terra, capital e capacidade empresarial. Recebem em troca, como 
pagamento, salários, alugueis, juros e lucros, e é com essa renda que compram os bens e 
serviços produzidos pelas empresas. O que sempre as famílias buscam é a maximização 
da satisfação de suas necessidades; 
 
Governo: inclui todas as organizações que, directa ou indirectamente, estão sob o 
controle do Estado, nas suas esferas estaduais ou municipais. Por outra, o governo actua 
no sistema económico, produzindo bens e serviços, através, por exemplo, da EDM, 
Electricidade de Moçambique,etc. 
 
4. Tipos de Economia 
A economia pode ser classificada quanto aos resultados, Economia Positiva e Economia 
Normativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Figura 1: Tipos de economia 
 
 
 
Economia positiva parte da ciência económica que se interessa pela descrição, usando 
metodologia da teoria de certos aspectos como elas são e como se apresentam e ela 
divide-se em: 
 
Economia Descritiva: trata da identificação do fato económico. É a partir dos 
levantamentos descritivos sobre a conduta dos agentes económicos que se inicia o 
complexo de conhecimento sistematizado da realidade no campo da economia positiva. 
 
È a tarefa de levantamento e descrição dos fatos que se dedica a economia descritiva; é 
através dela que a realidade começa a ser submetida a um criterioso tratamento no sentido 
de que possam se analisados as relações básicas que se estabelecem entre os diversos 
agentes que compõem o quadro da actividade económica. 
 
Teoria Económica: a teoria económica é o compartimento central da economia, compete-
lhe dar ordenamento lógico aos levantamentos sistematizados fornecidos pela economia 
descritiva, produzindo generalizações que sejam capazes de ligar aos fatos entre si, 
 
20 
 
desvendar cadeias de acções manifestadas e estabelecer relações que identifiquem os 
graus de dependência de um fenómeno em relação a outro. Surgiram então em 
decorrência conjunto de princípios, de teorias, de modelos e de leis fundamentadas nas 
descrições apresentadas. 
 
A teoria económica adopta duas posições distintas na apresentação e análise do fenómeno 
económico, estas posições são conhecidas como microeconomia e macroeconomia. 
 
A microeconomia é aquela parte da teoria económica que estuda o comportamento das 
unidades, tais como os consumidores, as indústrias e empresas, e suas inter-relações. 
 
A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto. Seu propósito 
é obter uma visão simplificada da economia que, porém, ao mesmo tempo, permita 
conhecer e actuar sobre o nível da actividade económica de um determinado país ou de 
um conjunto de países. 
 
Economia Normativa não se preocupa com a realidade mas sim com as formas 
consideradas óptimas de servir. A preocupação é emitir o juízo de valor, propor novas 
situações de organização. 
 
Política Económica: os desenvolvimentos elaborados no compartimento da teoria 
económica, tem a finalidade de servir a política económica. Nesse terceiro 
compartimento é que serão utilizados os princípios, as teorias, os modelos e as leis. A 
utilização terá a finalidade de conduzir adequadamente a acção económica com vistas a 
objectivos pré-determinados. Quando empregamos a expressão política económica 
governamental estamos nos referindo as acções práticas desenvolvidas pelo governo com 
a finalidade de condicionar, balizar e conduzir o sistema económico no sentido de que 
sejam alcançados um ou mais objectivos politicamente estabelecidos. 
 
21 
 
 
5. Bens e Serviços 
Podemos dizer, de forma global, que bem é tudo aquilo que permite satisfazer às 
necessidades humanas. Os bens podem ser: 
 
Bens livres: aqueles cuja quantidade é ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum 
esforço na natureza. Por exemplo: a luz solar, o ar, o mar. Esses bens não possuem 
preços. 
 
Bens económicos: são relativamente escassos, têm valor no mercado, e supõem a 
ocorrência de esforço humano para obtê-lo. Por exemplo: um carro, um computador etc. 
 
Os bens económicos são classificados em dois grupos: 
Bens materiais: como o próprio nome já diz são todos aqueles de natureza material, que 
podem ser armazenados e são tangíveis, tais como roupas, alimentos, livros, televisão etc. 
 
Bens imateriais ou serviços: consideramos aqui tudo que é intangível. Por exemplo, 
serviço de um médico, consultoria de um economista ou serviço de um advogado, que 
acabam no mesmo momento de produção e não podem ser armazenados. 
 
Os bens materiais classificam-se em: 
Bens de consumo: são aqueles usados directamente para a satisfação das necessidades 
humanas. Estes bens podem ser: de consumo durável, tais como: carros, móveis, 
electrodomésticos; e de consumo não durável, como, por exemplo, gasolina, alimentos, 
cigarro. 
 
 
22 
 
Bens de capital: são todos os bens utilizados no processo produtivo, ou seja, bens de 
capital, que permitem produzir outros bens. Por exemplo: equipamentos, computadores, 
edifícios, instalações etc. 
 
Tanto os bens de consumo quanto os bens de capital são classificados como: 
Bens finais: são bens acabados, pois já passaram por todas as etapas de transformação 
possíveis. 
 
Bens intermediários: consistem nos bens que ainda estão inacabados, que precisam ser 
transformados para atingir a sua finalidade principal. Por exemplo: aço, vidro e borracha 
usados na produção de carros. 
 
Os bens podem ser classificados, ainda, em: 
Bens públicos: são bens não exclusivos e não disputáveis. Referem-se ao conjunto de 
bens fornecidos pelo sector público, tais como: transporte, segurança e justiça. 
 
Bens privados: são bens exclusivos e disputáveis. São produzidos e possuídos 
privadamente, como, por exemplo: televisão, carro, computador etc. 
 
Podemos dizer então que bem é tudo o que tem utilidade para satisfazer uma necessidade 
ou suprir uma carência, enquanto o serviço implica numa actividade intangível que 
proporciona um benefício sem resultar na posse de algo. 
 
23 
 
 
Actividades de aprendizagem 
 
1. O que entendes por economia? 
2. Discuta sobre os sistemas económicos existentes. 
3. Distinga bens livres dos económicos 
 
24 
 
 
PARTE II: EVOLUÇÃO DO 
PENSAMENTO ECONÓMICO 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM 
 
Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de: 
 
 Conhecer as principais Escolas do Pensamento Económico: clássica, marxista, 
neoclássica e keynesiana; 
 Compreender o desenvolvimento da teoria económica; e 
 Ter fundamentos para propor transformações e construir novos conhecimentos. 
 
25 
 
 
1. Economia Medieval Ou Economia Da Idade Média 
A Idade Média (500 a 1000 d.c) abriu uma nova era para a humanidade. Uma outra 
concepção de vida deu a largada com o cristianismo, que floresceu com a queda do 
Império Romano. Seus ensinamentos, a partir da legalização por um decreto do ano 311, 
assinado pelo Imperador Constantino, passaram a ser disseminados por toda a Europa. 
 
Foi nessa época, segundo Gastaldi (1999), que as igrejas e os mosteiros tornaram-se 
poderosos. A igreja tornou-se o maior agente de perpetuação da cultura de disseminação 
do saber e de desenvolvimento administrativo. Como o pensamento cristão condenava a 
acumulação de capital (riqueza) e a exploração do trabalho, a opção da igreja, então, foi 
pelo retorno à actividade rural. Diante dessa situação o que de fato aconteceu foi que a 
igreja, através de seus conventos e mosteiros, acabou tornando-se proprietária de grandes 
áreas de terra. 
 
A terra transformou-se na riqueza por excelência. Nasceu, assim, o regime feudal, 
caracterizado por propriedades nas quais os senhores e os trabalhadores viveram do 
produto da terra ou do solo. 
 
Neste período embora fosse o rei quem dirigia o Estado, ele não possuía influência ou 
poder de decisão nos feudos, onde a autoridade máxima era a do senhor da gleba (os 
proprietários ou arrendatários) e onde labutavam1 os servos (os trabalhadores). 
 
 
1 Acto de fazer, trabalho árduo, penoso. 
 
26 
 
2. Mercantilismo 
Com a propagação do Novo Mundo (inclusive o Moçambique nas Américas), com o 
crescimento e o desenvolvimento das cidades, as fisionomias social, política e económica 
tão profundamente moldadas na Idade Medieval, sofrerem profundas transformações. 
Novos conceitos surgiram no campo do comércio e da produção. 
 
Na mesma proporção em que se enfraquecia o pensamentoreligioso, operava-se uma 
forte centralização política, ocorrendo a criação das nações modernas e das monarquias 
absolutas, germes do capitalismo. 
 
A prática mercantilista predominou até o início do século XVII, dando como base 
fundamental ao comércio o aumento das riquezas. Neste cenário ocorreu uma reacção 
contra os excessos do absolutismo e das regulamentações. 
 
Tivemos então a fase do mercantilismo2 em decorrência do crescimento do capitalismo 
comercial, representando, com o capitalismo industrializado no início do Século XVIII, a 
Economia. 
 
O mercantilismo foi um regime de nacionalismo económico que fazia da riqueza o 
principal fim do Estado. Assinalou, na história económica da humanidade, o início da 
evolução dos Estados modernos e das novas concepções sobre os fatos económicos, 
notadamente sobre a riqueza. 
 
A finalidade principal do Estado, no entender dos mercantilistas, era de se encontrar os 
meios necessários para que o respectivo país adquirisse a maior quantidade possível de 
 
2 Uma das primeiras doutrinas económicas, muito usada até o final do Século XVIII. Não foi uma doutrina consistente e coerente, 
mas um conjunto de ideias económicas de cunho proteccionista, desenvolvidas em diversos países, as quais variavam um pouco em 
função dos interesses de cada Nação. 
 
27 
 
ouro e prata. Os mercantilistas pretendiam disciplinar a indústria e o comércio, de forma 
a favorecer as exportações em detrimento das importações, ou seja, procuravam manter a 
balança comercial favorável. 
 
3. Escola Fisiocrata 
“Fisiocrata” vem de “fisiocracia”, que significa “poder da natureza”. Os fisiocratas não 
acreditavam que uma nação pudesse se desenvolver mediante, apenas, o acúmulo de 
metais preciosos e estímulos directos ao comércio; acreditavam ser necessário também o 
investimento em produção. Não na produção industrial (ou comercial), mas na produção 
agrícola, pois somente nessa eram possíveis a geração e a ampliação de excedentes. 
 
O objecto da investigação dos fisiocratas é o sistema económico em seu conjunto, sendo 
este conjunto regido por uma ordem natural, à semelhança da ordem que rege a natureza 
física. 
 
Na Escola Fisiocrata tivemos um grupo de economistas franceses do Século XVIII que 
combateu as ideias mercantilistas e formulou, pela primeira vez, uma Teoria do 
Liberalismo Económico. As teses do liberalismo económico foram criadas para combater 
o mercantilismo. A Teoria Liberal pressupõe a emancipação da economia de qualquer 
dogma externo a ela mesma, no qual todos os agentes económicos são movidos por um 
impulso de crescimento e desenvolvimento económico, que poderia ser entendido como 
uma ambição ou ganância individual, que no contexto macro traria benefícios para toda a 
sociedade. ou seja, podemos entender, desde já, que o pensamento fisiocrático é uma 
resposta direta, ou uma reacção, ao mercantilismo. 
 
François Quesnay (1694–1774), médico da corte de Luís XV e de Madame de 
Pompadour, foi o fundador da escola fisiocrata, com a publicação na França, em 1758, do 
livro Tableau Economique, em que apresenta a primeira análise sistémica da formação de 
 
28 
 
uma economia no formato macro. François Quesnay tem uma grande importância na 
economia e foi o mais influente representante da escola fisiocrata. 
 
Dentre as características da escola fisiocrata podemos destacar: 
 Comércio baseado no regime do exclusivo comercial (metrópole e colónia); e 
 Monopólio do Estado na regulamentação das actividades comerciais. 
 
Os fisiocratas concedem à ordem da natureza uma economia inteiramente de mercado 
(capitalista), na qual cada um trabalha para os demais, ainda que acredite que trabalhe 
apenas para si mesmo. 
 
Os fisiocratas acreditavam que as economias 
obedeciam a leis naturais. O Quadro Económico 
proposto por Quesnay influenciou os estudos 
macroeconómicos e quantitativos na ciência 
económica. 
 
É importante destacarmos ainda a elevada menção que os fisiocratas atribuíam à ordem 
natural decorrente da estrutura económica francesa por volta de meados do Século XVIII. 
Tratava-se de uma economia predominantemente agrícola, sendo a terra propriedade de 
carácter eminentemente senhorial. 
 
O capitalismo já se desenhava na agricultura, e existia uma classe bem definida de 
arrendatários (pessoas que arrendavam as terras dos senhores para trabalhar). Também 
existiam muitos camponeses (pequenos agricultores) em boa parte do país. 
 
Do confronto entre a agricultura capitalista e a camponesa, obtivemos a superioridade da 
agricultura capitalista em termos da capacidade produtiva. Naturalmente, isso levava à 
 
29 
 
crença de que agricultura baseada na produção capitalista (e não mais no fundamento do 
feudalismo), baseada na capacidade empresarial dos arrendatários burgueses (lembre-se 
disso!), constituía a mais avançada e a mais desejável das formas de produção. 
 
O único trabalho produtivo dos fisiocratas é o 
trabalho agrícola. E está na terra o poder de dar 
origem a um produto líquido que se liga, 
fundamentalmente, à renda fundiária. Talvez, nesse 
ponto, resida grande limitação teórica dos 
fisiocratas, na medida em que consideravam apenas 
produtivo o trabalho agrícola. 
 
Como observamos, para os fisiocratas, a sociedade é governada por leis naturais 
semelhantes às que existem na natureza. Portanto, o Estado, não deve intervir nesta 
ordem natural. Com isso, conforme dito antes, criticavam o intervencionismo estatal do 
mercantilismo e defendiam a posição liberal do Estado, com frases que ficaram na 
história: laissezfaire e laissez-passer (deixai fazer e deixai passar). A seguir, as principais 
escolas do pensamento económico: clássica, marxista, neoclássica e keynesiana. 
 
4. Escola Clássica 
A Escola Clássica refere-se a uma linha de pensamento económico com base em Adam 
Smith e David Ricardo. Foi com esta escola que a Economia adquiriu carácter científico 
integral à medida que passou a centralizar a abordagem teórica do valor, cuja única fonte 
original era identificada no trabalho em geral. 
 
Para Paul Singer (1985, p. VII), David Ricardo foi, ao lado de Adam Smith, o principal 
representante da Escola Clássica de Economia Política. 
 
 
30 
 
[...] Quase não há problema teórico actualmente 
debatido pelos economistas, como o da teoria do 
valor, da repartição da renda, do comércio 
internacional, do sistema monetário, que não tenha 
como ponto de partida as formulações expostas, no 
começo do século passado, por David Ricardo. 
 
Além da Teoria do Valor - Trabalho, a Escola Clássica baseou-se nos preceitos 
filosóficos do liberalismo e do individualismo, e firmou os princípios da livre - 
concorrência, que exerceu decisiva influência no pensamento revolucionário burguês. 
 
Como podemos observar, a Escola Clássica foi uma escola que caracterizou a produção, 
deixando a procura e o consumo para o segundo plano. Segundo Smith, o objecto da 
economia é estender bens e riqueza a uma nação. 
 
E, nesse sentido, entende Smith (1981) que a riqueza somente pode ser conseguida 
mediante a posse do valor de troca. Valor de troca, ele é a capacidade de obter riquezas, 
ou seja, é a faculdade que a posse de determinado objecto oferece de comprar com ele 
outras mercadorias. 
 
Smith também refutou as ideias mercantilistas argumentando que a riqueza é constituída 
pelos valores de troca, e não pela moeda, na medida em que esta é apenas um meio que 
permite a circulação de bens. Portanto, para Smith (1981), a verdadeira fonte de riqueza 
de um país somente pode ser alcançada mediante o trabalho, e essa fonte somente pode 
ser elevada com: 
 
 aumento da produtividade; 
 A extensão de sua especialização; e 
 A acumulação do produto sob a forma de capital. 
 
31 
 
 
A distribuição do produto nacional, no pensamento clássico, continuousendo tratada de 
forma tradicional onde os remunerados seguiam este padrão: 
 
 Trabalho – salário; 
 capital – lucro; e 
 Terra – renda. 
 
Devemos ainda destacar que a Teoria Clássica é elaborada em função de um equilíbrio 
automático, que ignora as crises e os ciclos económicos. Desse modo, a oferta deve criar, 
necessariamente, sua própria procura – Lei de Say, e a soma dos salários e dos ganhos 
retidos pelos consumidores deve corresponder à quantidade global de bens oferecidos no 
mercado. 
 
Como vimos, o referencial económico e social dessa escola se dava com base nos 
princípios do liberalismo e do individualismo. Acreditava-se que um sistema de liberdade 
económica, através de um mecanismo impessoal de mercado – Mão Invisível –, 
conseguiria harmonizar os interesses individuais. 
 
Bem, considerando que sua obra clássica contém vários pressupostos actuais do 
neoliberalismo económico, podemos afirmar que as ideias de Smith correspondiam aos 
anseios do poder da burguesia, e, como um liberal, ele defendia: 
 
 A mais ampla liberdade individual; 
 O direito inalienável à propriedade; 
 A livre iniciativa e a livre concorrência; e 
 A não - intervenção do Estado na economia. 
 
 
32 
 
Entretanto, para Smith (1981), o Estado deveria ter três funções: 
 
 Proteger a sociedade da violência e da invasão de outras sociedades 
independentes; 
 Proteger, na medida do possível, todo membro da sociedade da injustiça e da 
opressão de qualquer de seus membros ou oferecer uma perfeita administração da 
justiça; e 
 Fazer e conservar certas obras públicas, e criar e manter certas instituições 
públicas, cuja criação e manutenção nunca despertariam o interesse de qualquer 
indivíduo ou de um grupo de indivíduos, porque o lucro nunca cobriria as 
despesas que teriam esses indivíduos, embora, quase sempre, tais despesas 
pudesse beneficiar e reembolsar a sociedade como um todo. 
 
Na sua análise histórica e sociológica, Smith acreditava que, embora os indivíduos 
pudessem agir de forma egoísta e estritamente em proveito próprio, existia uma “mão 
invisível”, decorrente da providência divina, que levava esses conflitos à harmonia. 
Assim podemos dizer que a “mão invisível” era o próprio funcionamento sistemático das 
leis naturais. 
 
O fundamento no pensamento smithiano é o fato de haver indicado quase todos os 
problemas que viriam a ser objectos de reflexão científica subsequente. De Smith, 
partiram todas as demais linhas de pesquisa que serão tratadas por outros economistas, 
como Marx Keynes. 
 
Adam Smith teve muitos seguidores, dos quais destacamos os seguintes: John Stuart Mill 
e Jean Baptiste Say. Cabe ressaltar que alguns economistas daquela época rejeitaram a lei 
formulada por Say e dentre eles podemos destacar: Malthus, Karl Marx e Keynes. 
 
 
33 
 
Thomas Robert Malthus, estudioso pensador inglês do seu tempo, continua fazendo 
história ainda nos dias de hoje com a sua famosa tese sobre o crescimento da população. 
Na sociedade mundial contemporânea os seus seguidores ficaram conhecidos como 
neomalthusianos. 
 
Foi com a obra Ensaio sobre o princípio da população, publicada anonimamente em 
1798, que Malthus tornou-se conhecido mundialmente. Das suas ideias, a mais famosa 
dizia que, enquanto a população tinha tendência a crescer de forma geométrica, os 
alimentos cresciam de forma aritmética. Embora atraente, é óbvio que, nos dias de hoje, 
temos certa dificuldade em pensar assim, devido às transformações tecnológicas 
ocorridas na agricultura e ao sucesso dos métodos de controlo de natalidade. 
 
Malthus quanto Ricardo tiveram grande influência de Adam Smith. Na realidade, o inglês 
Ricardo adquiriu fortuna, desde muito jovem, operando na Bolsa de Valores. Divergiu 
dos estudos sobre população, de Malthus, por não acreditar que a demanda efectiva seria 
incapaz de se realizar no mercado. 
 
De Ricardo, herdamos o importante estudo sobre a renda da terra. Segundo os seus 
ensinamentos, a expansão agrícola, ao se dar em terras menos férteis, levava à 
valorização da terra mais fértil, e nas relações económicas internacionais, à Teoria das 
Vantagens Comparativas. 
 
Ao estudar a produção, Ricardo dedicou-se a tentar entender a formação do valor a partir 
das horas trabalhadas e sua distribuição. Na concepção ricardiana, a troca das 
mercadorias estava directamente ligada às quantidades de trabalho relativas que haviam 
sido utilizadas para sua produção. Era a Teoria do Valo r– Trabalho, que começava a ser 
explicada com certos detalhes e que Adam Smith não conseguira superar. A importância 
da contribuição de Ricardo para o entendimento da formação do valor na Economia só 
veio ser percebida a partir dos estudos de Karl Marx. 
 
34 
 
 
5. Escola Marxista 
O representante maior desta escola foi Karl Marx (1818- 1883). Nascido em Trier, no 
sul da Alemanha, teve a sua principal obra, O capital, publicada pela primeira vez em 
1867. Ao mergulhar nos estudos dos clássicos, Marx avançou nas formulações, e realizou 
uma leitura das mais completas e ampliadas do processo capitalista. Marx trouxe 
interpretações consistentes sobre a Teoria do Valor – Trabalho e buscou compreender de 
forma profunda a realização do capital. 
 
As contribuições efetivas de Karl Marx sobre o sistema capitalista estão reunidas nos três 
volumes da obra O Capital. O volume I foi publicado em vida e os outros dois alguns 
anos após sua morte. Depois da propagação da teoria formulada por Marx, que ficou 
conhecida como Marxista, o mundo não foi mais o mesmo. 
 
Mesmo nos dias de hoje, com forte presença do 
neoliberalismo, as teorias elaboradas por Marx são 
respeitadas, as defesas das suas ideias continuam 
despertando interesse e sendo estudada. 
 
Foi no estudo do processo de acumulação capitalista que Marx observou a génese das 
crises, ora de superprodução, ora de estagnação, bem como a distribuição da renda. Para 
ele, o valor da força de trabalho despendido para produzir uma mercadoria era 
determinado pelo tempo de trabalho empregado na produção da mercadoria. Logo 
podemos dizer que Marx refere-se a compreensão de um valor social. 
 
Marx publicou alguns livros em parceria com o amigo de vida Friedrich Engels, sendo o 
primeiro A sagrada família, de 1845. O livro Ideologia alemão, escrito por Marx e Engels 
 
35 
 
por volta de 1845 a 1846, só veio a ser publicado em 1932, e é considerado um dos 
trabalhos mais significativos para a compreensão do materialismo histórico. 
 
Outro factor que precisamos destacar é que Karl Marx elaborou uma crítica científica do 
capitalismo, e este é um dos motivos pelos quais sua obra continua tendo grande 
repercussão, tornando-se um autor obrigatório a ser lido ainda hoje. Segundo Braga 
(1997), são inúmeras as evidências históricas da contemporaneidade da teoria económica 
de Marx. Por exemplo, a Lei Geral da Acumulação Capitalista e a Globalização 
Financeira. 
 
6. Escola Neoclássica 
Podemos dizer que o desenvolvimento deste pensamento foi evidenciado em 1870, ano 
que marcou a mundialização das relações económicas, e estendeu-se até 1929, quando 
uma grande crise atingiu as economias dos países, colocando em suspende os 
pressupostos da Ciência Económica dos clássicos. 
 
Isso mesmo a Escola Neoclássica foi uma extensão da Escola Marginalista, por buscar a 
integração da Teoria do Valor com a Teoria do Custo de Produção. Uma maior 
optimização dos recursos devido à escassez passou a ser objectivada. Destacamos como 
sendo da Escola Neoclássica: 
 
 Vilfredo Pareto: político, sociólogo e economista italiano, que formulou a 
famosa teoria do bem-estar social, influenciado pelos princípios do equilíbrio 
geral. Sua principal obra, Manual de Política Económica, foi publicada em 1906. 
Pareto influenciou a análise atual onde se discute o grau de satisfação dos 
indivíduos, ao aperfeiçoar a teoria de Walras.De acordo com Brue, o estado 
ótimo de Pareto implica em: uma distribuição ideal de bens entre os 
 
36 
 
consumidores; uma alocação ideal técnica de recursos e quantidades ideais de 
produção (BRUE, 2006, p. 394). 
 
 Léon Walras: demonstrou em suas formulações a interdependência entre os 
preços, quando na busca pelo equilíbrio geral macroeconómico da economia. 
Pertenceu a Escola Matemática de Lausanne (PINHO; VASCONCELLOS, 2003, 
p. 36-37). 
 
 Alfred Marshall: nascido em Bermondsey, um subúrbio de Londres, em 26 de 
julho de 1842. Filho de William Marshall e Rebeca Oliver, cresceu no bairro 
londrino de Clapham. Estudou em Cambridge, onde se dedicou à matemática, à 
física e, posteriormente, à economia. Morreu em julho de 1924, aos 81 anos. Foi 
um dos mais influentes economistas de seu tempo. Em seu livro, Princípios de 
Economia (Principles of Economics) procurou reunir num todo coerente as teorias 
da oferta e da demanda, da utilidade marginal e dos custos de produção, tornando-
se o manual de economia mais adotado na Inglaterra por um longo período. 
 
7. Escola Keynesiana 
O ponto de partida do pensamento de John Maynard Keynes é que o sistema capitalista 
tem um carácter profundamente instável. Ou seja, a operação da “mão invisível”, ao 
contrário do que afirmavam os economistas clássicos, não produz a harmonia no 
mercado. Em momentos de crises, argumenta Keynes, a intervenção do Estado pode 
gerar demanda, mediante os investimentos, com vistas a garantir níveis elevados de 
emprego. O pensamento de Keynes comandou as bases do capitalismo mundial entre a 
década de 1940 e final dos anos 70. 
 
 
37 
 
A análise keynesiana veio opor-se aos postulados das economias Clássica e Neoclássica, 
que tinham na Lei de Say3 a sua pedra angular. Os pensadores que mais contribuíram 
para a concepção e divulgação dessa Lei, passada como um dos princípios 
inquestionáveis da Economia Política Clássica, foram os economistas Jean Say, David 
Ricardo e Stuart Mill. 
 
Introdutoriamente, a Lei de Say estabeleceu que toda produção encontra uma demanda, 
ou seja, que toda a renda (lucros, juros, salários) é inteiramente gasta na compra de 
mercadorias e serviços, e, portanto, não pode haver um excesso de produção ou renda em 
relação à demanda ou às despesas efectivamente realizadas. 
 
Observando a Lei de Say, muitos economistas deduziram que o seu princípio é válido 
para uma economia de produtores simples, de troca, de escambo, na qual cada família 
seria proprietária de seus meios de produção e trocaria apenas o excedente de bens que 
ela mesma produz, mas não consome. 
 
Exactamente nesta Lei, o dinheiro é visto apenas como um meio de troca, sendo gasto 
imediatamente. Para Say, ninguém teria interesse em conservá-lo (atribuindo-lhe reserva 
de valor). Para Ricardo, o fato de ninguém querer conservá-lo se deve ao fato de o 
dinheiro servir apenas para aquisição de bens de consumo ou bens de produção, para a 
criação de bens de consumo no futuro. 
 
Assim podemos afirmar que dentro da filosofia de Say os produtores ou possuidores de 
dinheiro não tinham interesse em mantê-lo em suas mãos mais que o necessário e a 
demanda seria ilimitada. 
 
 
3 Diz que a soma dos valores de tudo aquilo que é produzido é sempre equivalente à soma dos valores empregados como factores 
na produção. Fonte: Lacombe (2004). 
 
38 
 
Significa que sempre existirá uma demanda por um ou outro tipo de produto ou seja, 
ainda que ocorra excesso de produção, isso acontece apenas para certos tipos de 
mercadoria e em carácter temporário. Esse argumento de que a demanda é ilimitada é 
essencial para os clássicos e neoclássicos, pois assegura a inexistência de um excesso de 
produção em relação à demanda. Isso significa que tudo o que for produzido é, 
naturalmente, vendido. Todo o poder de compra da sociedade é sempre utilizado. 
 
Diante do que vimos até aqui, fica entendido que toda a renda ganha é sempre gasta no 
processo produtivo, sinalizando a inexistência de entesouramento. Ou seja, na Lei de Say, 
inexiste entesouramento do dinheiro. Nenhum indivíduo, ao auferir uma renda, deixa de 
usá-la inteiramente. Uma parte dela é utilizada para o consumo pessoal, enquanto a outra 
parte é poupada. Cuidado: aqui, poupança, deve ser dito, não significa entesouramento 
para a Lei de Say. A poupança será sempre utilizada. Ou o indivíduo a emprega para 
acumular capital ou a empresta para outro, que deve imediatamente fazer uso dela. Assim 
podemos dizer que tudo que é ganho deve ser gasto. E se parte não é, outra pessoa o faz, 
recebendo o dinheiro por empréstimo. 
 
Considerando que o volume dos meios de produção e da força de trabalho é regulado pela 
produção, temos que a economia tende a operar com pleno emprego de recursos (ou 
plena capacidade de produção). 
 
Nesse caso, os recursos empregados se deslocariam para outro ramo da actividade no 
qual existisse demanda suficiente para absorver uma produção adicional, assegurando, 
desta forma, uma taxa de lucro compensatória. 
 
Os economistas adeptos da Lei de Say encaravam o desemprego como uma pequena 
anormalidade do sistema capitalista, que tinha a sua origem na intervenção estatal e na 
associação dos trabalhadores sindicais. Indicavam que também umas das causas do 
 
39 
 
desemprego eram os altos salários pagos. Então, para corrigir o desemprego, os salários 
deveriam ser flexíveis. 
 
Baseados na Lei de Say, os gastos públicos não exerciam qualquer efeito positivo sobre a 
economia e, em especial, sobre o crescimento económico. Acreditavam, que os gastos do 
Estado poderiam ser um obstáculo para o crescimento económico, visto que transferiam 
fundos de acumulação para utilizá-los em actividades improdutivas. 
 
O pensamento de Keynes é a própria negação do pensamento clássico. Ao contrário de 
Ricardo e Say, Keynes entendeu que, para a sobrevivência do capitalismo, era necessária 
uma acção efectiva do Estado na regulação das crises do capital. Keynes pode ser 
considerado como o retrato do indivíduo liberal de seu tempo. Detinha um carácter 
profundamente individualista, mas percebia os problemas sociais de sua época. É 
considerado o mais célebre economista do Século XX, pioneiro da Macroeconomia. 
 
As obras de Keynes mostram que suas preocupações estavam sempre ligadas a questões 
práticas e políticas de conjuntura. Não parecia interessado em reconstruir a teoria 
económica a partir da análise do valor, mas em verificar por que as teses marginalistas, 
nas quais fora educado, conduziam a políticas inconsistentes. Em 1930, escreveu Tratado 
sobre a moeda, e em 1936 a sua principal obra, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da 
Moeda. Foi esta última que mais contestou a Teoria Marginalista, Neoclássica ou 
Clássica. 
 
A Teoria Geral abalou profundamente os pressupostos do liberalismo económico, 
mostrando a inexistência do princípio do equilíbrio automático na economia capitalista. 
Até então, nos meios marginalistas, a economia de mercado encontrava naturalmente seu 
equilíbrio, numa situação em que todos os que desejassem trabalhar por uma 
remuneração correspondente à sua produtividade poderiam fazê-lo. 
 
 
40 
 
A questão da produção e do emprego foi demasiadamente avaliada por Keynes. Ele 
concluiu que o factor responsável pela alteração do volume de emprego é a procura de 
mão-de-obra, e não a sua oferta, como pensavam os neoclássicos. Logo, o desemprego é 
o resultado de uma demanda insuficiente de bens e serviços, e somente pode ser resolvido 
por meio de investimentos. O investimento, para Keynes, é o factor dinâmico na 
economia, capaz de assegurar o pleno emprego e influenciar a demanda. 
 
Ao contrário da tradição clássica e neoclássica, Keynes enfatiza acentuadamente o papel 
do Estado na economia, e destaca que as mudanças no sistema produtivo não poderiamocorrer sem a acção efectiva do poder público. 
 
O grande eixo da análise de Keynes sobre a intervenção do Estado na economia é a 
superação da crise, no curto prazo, durante a própria crise, possibilitando o aumento dos 
investimentos através de uma política de aumento da demanda. O aumento das despesas 
em obras públicas, graças ao multiplicador, provocaria o aquecimento da economia, que 
se espalharia para os demais sectores. Contudo é através dos investimentos privados, 
visto como eixo central de toda economia, que promovemos a elevação do nível de 
emprego, aumentamos a renda e o crescimento económico. Nesse sentido, é do Estado a 
responsabilidade de activar o investimento e de assegurar a alocação dos recursos. 
 
Keynes estava convencido da importância da acção do Estado na economia, e toda a 
acção governamental deveria estar pautada na busca de reduzir os efeitos da crise de 
acumulação de capitais, que, de qualquer forma, promoveria a queima de certa 
quantidade de capital. 
 
Há uma procura incessante por novas alternativas ao modelo keynesiano. Os pós-
keynesianos se enquadram neste grupo e estão entre os que se preocupam com o princípio 
da demanda efectiva, o desempenho da moeda e as expectativas do comportamento das 
 
41 
 
economias. É por isso que, nessa escola, os estudos da determinação dos títulos no 
mercado são realizados com bastante atenção. 
 
42 
 
 
Actividades de Aprendizagem 
1. Faça um quadro síntese das principais escolas do pensamento económico. 
2. Fale sobre a importância da Escola Fisiocrata para a economia. 
3. Pesquise sobre o significado do pensamento keynesiano na actualidade. 
4. Apresente as principais ideias da Escola Marxista. 
 
43 
 
 
PARTE III: MICROECONOMIA 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM 
Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de: 
 Entender como se formam as curvas de demanda e oferta, no caso de uma 
economia de concorrência perfeita, e a formação do preço de equilíbrio; e 
 Identificar a formação do monopólio e do oligopólio numa economia de 
concorrência imperfeita. 
 
A Microeconomia trata das escolhas dos indivíduos quanto à afectação dos recursos 
escassos que têm disponíveis, a afectação das coisas. Assim, estuda os fundamentos das 
escolhas económicas de cada indivíduo e a sua evolução com a alteração dos preços das 
coisas. Além de considerar os indivíduos, a Microeconomia pode ainda considerar um 
certo nível de agregação. No entanto a agregação é sempre de coisas idênticas 
(homogéneas). Por exemplo, pode considerar em conjunto os consumidores de laranjas 
e em conjunto os vendedores de laranjas, sendo que, apesar de haver muitas 
variedades de laranjas, para um certo grau de abstracção são todas idênticas. 
 
 
 
 
 
 
44 
 
1. Procura e Oferta 
1.1. Lei da Procura 
 
A procura de um determinado produto é definida como o agregado das intenções de 
aquisição desse produto por parte dos consumidores. 
 
A lei da procura relaciona a quantidade procurada de um produto com o respectivo preço, 
e o pode ser anunciada da seguinte forma: a quantidade procurada de um bem aumenta 
quando o preço desce, e desce quando o preço aumenta. 
 
Não devemos confundir procura com aquisição, pois a procura somente traduz a intenção 
de aquisição. Para um dado preço existe uma quantidade procurada, mas essa procura só 
se traduzira em aquisição se existir quantidade suficiente de bens no mercado, 
equivalente ou superior à quantidade procurada. No caso de não existirem bens em 
quantidade suficiente, parte da procura ficara por satisfazer. 
 
 
45 
 
 
Figura 2: Curva de Procura 
 
 
A figura mostra a relação entre o preço e quantidade, onde P representa o preço e a 
variável Q representa quantidade. A lei da procura é representa d apela linha D. Neste 
caso é uma recta, por mera simplificação, embora o gráfico da procura real tenda a ser 
uma curva – por isso que se usa a expressão curva da procura somo sinonimo de lei da 
procura. 
 
O curva da procura apresenta o declive negativo, isto é, as variáveis apresentam uma 
relação inversa ou seja quando uma desce outra sobe, vice-versa. 
 
A curva de procura descreve as combinações de preços e quantidades procuradas quando 
todos os restantes factores que podem influenciar a procura se mantêm constantes 
(principio de certeris paribus). Esses factores podem ser: 
 
 Rendimento do consumidor; 
 Moda 
 Preços de bens substitutos. 
 
 
46 
 
Quando ocorrem variações nos preços, mantendo-se o resto constante, o que se verifica é 
a própria lei da procura em acção, isto é, movimento ao longo da curva. 
 
Um outro fenómeno é a deslocação da curva da procura. Vejamos o exemplo do gráfico 
seguinte, onde a curva da procura está inicialmente na posição D1, e sofre uma deslocação 
para direita (D2). 
 
Figura 3: Curva de Procura 
 
 
Na posição D2 a quantidade procurada é maior para todos os possíveis preços, do que 
acontecia na posição D1. 
 
As possíveis causas para esta alteração de comportamento podem ser as seguintes: 
 
 Aumento do número de consumidores, consequentemente a quantidade 
demandada aumentou; 
 
 Aumento do rendimento médio dos consumidores; 
 
 
47 
 
 Variação dos gostos dos consumidores, no sentido do produto em causa ser agora 
mais atractivo (moda); 
 
 Variações nos preços de produtos relacionados, esses podem ser bens substitutos 
ou bens complementares. 
 
Figura 4: Deslocaçãi na Curva da Procura 
 
 
Na presente situação, a curva D2 diz-nos que a quantidade procurada do bem é agora 
sistematicamente menor para todos os preços possíveis. As causas do presente cenário 
podem ser as opostas do que referimos para o caso da deslocação da curva da procura 
para direita. 
 
1.2. Lei da Oferta 
 
A oferta de um determinado produto é definida como o agregado das intenções de venda 
dum produto por parte do produtor. 
 
 
48 
 
A lei da oferta relaciona a quantidades oferecidas de um produto com o preço do produto, 
e pode ser enunciada da seguinte forma: a quantidade oferecida de um produto aumenta 
quando o preço aumenta, vice-versa. 
 
Não devemos confundir a oferta com vendas. A oferta apenas traduz as intenções de 
venda. Para um dado preço existe uma quantidade oferecida, esta oferta se traduzirá em 
vendas se existir uma procura suficiente. No caso de não existir procura suficiente, parte 
da procura ficara por vender. 
 
A figura seguinte representa graficamente a lei da procura. Onde a variável P é o preço e 
variável Q representa as quantidades oferecidas. A lei da oferta é representada pela recta 
S. Neste caso é uma recta, por mera simplificação, embora o gráfico da oferta real tenda a 
ser uma curva – por isso que se usa a expressão curva da oferta somo sinonimo de lei da 
oferta. 
 
Figura 5: Curva da Oferta 
 
 
As variáveis preço e quantidade apresentam uma relação positiva, pois a curva da procura 
apresenta um declive positivo, isto é, quando o preço aumenta as quantidades oferecidas 
também aumentam. Pois o produtor desejara vendar maiores quantidades do seu produto. 
 
 
49 
 
No entanto podem ocorrer deslocações na curva da oferta. Vejamos o exemplo do gráfico 
seguinte, onde a curva da oferta – inicialmente na posição S1 – sofre uma deslocação para 
a direita, para a posição S2. 
 
Figura 6: Deslocação na Curva da Oferta 
 
 
Na posição S2 a quantidade oferecida é sistematicamente maior para todos os possíveis 
preços, do que acontecia na posição inicial. 
 
Causas que conduziram para esta alteração de comportamento da curva da oferta, podem 
ser as seguintes: 
 
 Diminuição dos custos de produção. Desta forma pode-se produzir os mesmos 
produtos a um preço mais baixo, as empresas poderão colocar maior quantidades 
desses produtos a venda, e mesmo assim obter lucros suficientes á sua actividade. 
A diminuição dos custos de produção pode ter origensdiversas: descidas do preço 
da matéria-prima, descida do preço da mão-de-obra, progressos tecnológicos ou 
melhorias organizativas que permitam produzir mais com os mesmos custos. 
 
 Condições climatéricas favoráveis que se traduzem em maiores níveis de 
produção para os mesmos custos. 
 
50 
 
 
 A deslocação da curva da oferta para a esquerda pode ser visualizada na figura 
seguinte. 
 
Figura 7: Deslocação na Curva da Oferta 
 
 
Neste caso, o significado da deslocação da curva para a posição S2 é que a quantidade 
oferecida do bem e agora sistematicamente menor para todos os possíveis preços do que 
acontecia na situação inicial. 
 
As causas possíveis para esta podem ser exactamente as opostas das que referiu-se acima 
– aumento dos custos de produção ou condições climatéricas desfavoráveis. 
 
A figura seguinte mostra a situação de equilíbrio (ponto e), oferta é igual a procura, onde 
os consumidores e os produtores estão satisfeitos, isto é, todas ordens de compra e de 
venda forma satisfeitas. E se a demanda for maior que a oferta então estamos perante 
escassez e se a oferta for maior que a demanda então estamos perante o caso de 
excedente. 
 
 
 
 
 
51 
 
Figura 8: Procura e Oferta 
 
 
O preço e a quantidade do equilíbrio ocorrem no nível em que o montante que está 
disposto a fornecer é igual ao montante que está disposto a consumir. Ao preço de 
equilíbrio não existem nem escassez nem excedentes. 
 
2. Elasticidade 
Elasticidade do preço da procura ( ), simplesmente designada por elasticidade do preço 
– mede a variação na quantidade procurada de um bem quando o seu preço varia, ou é o 
variação percentual da quantidade procurada dividida pela variação percentual do preço. 
 
 
 
 Designa-se como procura elástica – uma variacao de 1% no preço corresponde a 
uma variacao superior a 1% na quantidade procurada. Um exemplo, um aumento de 1% 
no preço resulta uma reducao de 5% na quantidade procurada. 
 
 
52 
 
 Designa-se como procura inelástica ou rígida – quando uma variação de 1% no 
preço corresponde a uma variação inferior a 1% na quantidade procurada. 
 
 Designa-se como procura com elasticidade unitária (Neutral) – quando a 
percentagem de variação da quantidade é exactamente igual a percentagem de variação 
do preço. 
 
Elasticidade do preço da oferta ( ) é a variação percentual das quantidades oferecidas, 
dividida pela variação percentual do preço do bem. 
 
 
 
 Designa-se como procura perfeitamente rígida – é aquela em que a quantidade 
procurada não responde nada a variação de preço. Graficamente é representada por uma 
curva vertical. 
 
 Designa-se como procura perfeitamente elástica – é aquela em que uma variacao 
no preço levará a uma variação infinita da quantidade procurada. Graficamente é 
representada por uma curva horizontal. 
 
3. Teoria do consumidor 
Na presente secção continua a investigação sobre a procura, analisando os princípios 
básicos da escolha e do comportamento do consumidor. 
 
 
53 
 
A economia baseia-se na premissa fundamental de que as pessoas tendem a escolher os 
bens e serviços a que atribuem valor. Esta escolha é feita na base de conceito utilidade 
(noção desenvolvida a mais de um século). A utilidade significa satisfação. 
 
Aliando a utilidade e a teoria da procura, pode-se dizer que as pessoas maximizam a sua 
utilidade, o que significa que escolhem o conjunto de bens de consumo que mais lhe 
agrada. 
 
É de salientar que os economistas clássicos Smith, Ricardo e seus discípulos 
preocuparam-se em saber ö que dá o valor as coisas”daqui nasceu a teoria do valor 
apresentado por Adam Smith. 
 
Só na década de 1870 deu-se a revolução em economia com as ideias de Utilitarismo e 
Marginalismo apresentadas separadamente, em locais diferentes, pelos: 
 
 Inglês William e Jevon em Manchester; 
 Austríaco Carl Menger em Viena; 
 Léon Walras em Lausanne. 
 
A utilidade Marginal corresponde a utilidade adicional de deriva de consumo de unidade 
adicional de um bem. A expressão marginal ‘e um termo chave em economia significa 
sempre adicional. 
 
Do estudo da actividade da utilidade seguiu-se uma lei da utilidade marginal 
decrescente: a medida que uma pessoa consome uma maior quantidade de um bem a 
utilidade adicional ou marginal diminui. 
 
 
54 
 
A utilidade é uma forma de medir o bem-estar obtidos pelos bens materiais. 
 
3.1. Curvas de Indiferença 
Uma abordagem alternativa para a análise do comportamento do consumidor pode ser 
feita através das curvas de indiferença. 
 
Vejamos o gráfico seguinte onde se encontra representada a possibilidade de consumo de 
dois bens: Bem A e Bem B. No gráfico encontra – se desenhada a uma curva de 
indiferença, que é formada por pontos que representam combinações de diferentes 
quantidades de bens A e B, combinações estas relativamente o consumidor é indiferente, 
porque qualquer combinações dos bens lhe proporciona a mesma utilidade. 
 
Figura 9: Curva da Indiferença 
 
 
Quando ocorre uma deslocação ao longo da curva, por exemplo de ponto a para o ponto 
b, o consumidor prescindi de uma certa quantidade de bens B em troca de uma certa 
quantidade de bens A. A perda da utilidade pela diminuição de bens B é igual ao 
acréscimo de utilidade pelo aumento de bens A. A utilidade conjunto dos bens mantém se 
igual, ‘e por esta razão que o consumidor é indiferente estar em qualquer ponto ao longo 
da curva I. 
 
 
55 
 
A relação de troca entre os dois bens numa curva de indiferença designa-se como taxa 
marginal de substituição (TMS). De uma forma geral a taxa marginal de substituição 
num ponto é igual ao declive da curva nesse ponto. 
 
As curvas de indiferença são convexas em relação a origem, quanto mais distantes da 
origem maior ‘e a utilidade, a curva de indiferença apresenta um declive negativo, e as 
curvas de indiferença não se intersectam. 
 
É fácil de compreender que o consumidor prefere as curvas de ordem superior (distante 
de origem) porque traduz-nos maior utilidade. No entanto existe uma limitação a 
quantidade bens que um consumidor pode adquirir, e que esta limitação é estabelecida 
pelo seu rendimento. Esta limitação pode ser traduzida graficamente pela restrição 
orçamental ou recta orçamental. 
 
A recta orçamental (R) representa todas as combinações possíveis de dois bens que 
utilizam totalmente o rendimento do consumidor. Ela foi formalizada da seguinte 
maneira: 
 
 
 
Onde: Preço do bem X 
 Preço do bem Y 
 R Rendimento Fixo. 
 
56 
 
Figura 10: Recta Orçamental 
 
 
Agora já podemos concretizar o comportamento do consumidor, atendendo a estas duas 
realidades: 
 
 Preferência pelas curvas de indiferença de ordem superior; 
 Impossibilidade de se situar à direita da restrição orçamental. 
 
Juntando as duas linhas no mesmo gráfico obtemos a figura seguinte: 
 
Figura 11: Equilibriu do Concumidor 
 
 
 
57 
 
A conclusão que pode retirar da figura é a de que o consumidor faz a sua aquisição no 
ponto onde a recta é tangente á curva de indiferença de ordem superior neste ponto a 
rácio substituição é igual ao declive da recta orçamental. 
 
 
 
Esta análise do comportamento do consumidor foi desenvolvida pelo economista inglês 
John Hicks (1904 – 1989). Esta análise continua a ser utilizada num grande leque de 
situações para mostrar como as decisões dos consumidores afectam o processo 
económico. Constitui também um exemplo de como uma ideia matemática simples pode 
servir como uma poderosa ferramenta teórica. 
 
4. Teoria do Produtor 
Um mercado pode ser definido como um conjunto de agentes que transaccionam entre si 
um bem. É no mercado que são estabelecidos os preços dos bens. Um mercado exige: 
 
 Consumidores, ou seja, compradores 
 Produtores ou empresas, ou seja, vendedores 
 Bens para transaccionar. 
 
A teoria económica supõe que os produtoressão agentes racionais que tomam as suas 
decisões de forma a maximizar o seu bem-estar. Objectivo do produtor: utilização dos 
seus recursos para produzir os bens que permitam obter o maior lucro possível 
(maximizar os seus lucros). 
 
A curva da oferta tem em geral inclinação positiva pois: 
 Preços superiores permitem às empresas aumentar a produção pois há hipótese de 
aumentar os lucros 
 Produções superiores aumentam os custos de produção exigindo as empresas 
preços superiores para não terem redução dos lucros. 
 
58 
 
 
4.1. A Função de Produção 
 
Função de Produção é a relação técnica que mostra a quantidade física obtida do produto 
a partir da quantidade física utilizada dos factores de produção, num determinado período 
de tempo. 
 
A forma matemática geral da função de produção é a seguinte: 
 
 
Onde, Representa a quantidade produzida do bem ou serviço; 
 Representam as quantidades utilizadas dos diferentes factores de 
produção 
 
Os factores de produção são terra, capital e mão-de-obra. Nos nossos modelos usaremos 
apenas dois factores de produção, de cada vez, como por exemplo o insumo mão-de-obra 
(L) e o insumo Capital (K). 
 
A função produção mostra-nos somente as quantidades máximas que a firma pode 
produzir utilizando uma dada quantidade da mão-de-obra e do capital, isto porque a 
função produção toma em consideração somente o processo de produção eficiente. 
 
4.2. Factores de Produção Fixos e Variáveis: O Curto Prazo e o Longo Prazo 
Na Teoria Económica a questão do prazo está definida em termos de existência ou não de 
factores fixos no processo produtivo. Podemos assim distinguir entre: 
 
 
59 
 
Factores de produção fixos são aqueles que permanecem inalterados quando a produção 
varia como é o caso das instalações de uma fábrica, do equipamento físico de uma 
unidade industrial, etc; 
 
Factores variáveis, são aqueles que variam com a variação das quantidades produzidas 
do produto ou serviço. Temos como exemplo de factor variável, o Trabalho. 
 
Ligado a isso, podemos então classificar os prazos, do ponto de vista da Economia, da 
seguinte maneira: 
 
Curto Prazo, como sendo o período de tempo durante o qual existe pelo menos um 
factor de produção fixo; 
 
Longo Prazo, refere-se ao período de tempo durante o qual todos os factores são 
variáveis. 
 
4.2.1. A Produção com um Insumo Variável e um Fixo: Análise de Curto Prazo 
Suponha, por simplificação, que a função de produção comporta apenas dois factores de 
produção, nomeadamente o factor variável, Trabalho (L) e o factor fixo, Capital (K). 
Analiticamente será: 
 
 
 
Dado que o Capital é considerado fixo ou constante, você poderá facilmente reescrever 
aquela função assim: 
 
 
60 
 
 
Significa esta expressão que, no curto prazo, o nível de Produção varia apenas em função 
das alterações do factor Variável que, neste caso é o Trabalho. Para completar esta 
passagem, você deve socorrer-se da Bibliografia recomendada para estudar como se 
determinam os seguintes conceitos relacionados com a análise de Curto Prazo e que são: 
Produto Total, Produto Médio, e Produto Marginal. Preste atenção particular à forma de 
cálculo e à relação que se estabelece entre si. 
 
A Lei dos Rendimentos Decrescentes do Factor Variável 
Lei dos Rendimentos Decrescentes do factor variável, é o seguinte: Ao aumentar o factor 
variável (L), sendo dada a quantidade do factor fixo (K), o Produto Marginal (PMg) do 
factor variável cresce (primeiro a taxas crescentes e depois a taxas decrescentes) até um 
certo ponto, a partir do qual decresce, até tornar-se negativo. Esta Lei só é válida se pelo 
menos um dos factores for mantido fixo, o que significa que só ocorre no Curto Prazo. 
 
4.2.2. Produção Com Dois Insumos Variáveis: O Longo Prazo 
Você está recordado que, até agora, a nossa discussão sobre a produção tem sido em volta 
da função produção em que apenas um factor é variável e outro é mantido fixo. Esta 
situação descreve a produção no Curto Prazo, conceito que também é já do seu 
conhecimento. 
 
Chegou o momento de estudarmos o que acontece quando podemos variar os dois 
factores de produção. Vamos agora estender a nossa análise para o Longo Prazo. 
 
A questão de partida é a seguinte: Como é que podemos medir o que acontece quando 
ambos os factores de produção (Trabalho e Capital) variam enquanto o nível de 
produção se mantém fixo? 
 
 
61 
 
A introdução de dois novos conceitos ajudar-nos-á a responder a esta questão: trata-se da 
Curva de Isoquanta (ou de Igual Produto) e da Taxa Marginal de Substituição Técnica 
(TMST). 
 
Curva de Isoquanta ou Curva de Igual Produto 
Isoquanta, significa, igual quantidade e pode ser definida como sendo o lugar geométrico 
das combinações alternativas de factores de produção que geram a mesma quantidade de 
produto produzido. 
 
Como você pode ver, trata-se de um conceito análogo ao da Curva de Indiferença que 
você estudou na Teoria do Consumidor, desta feita adaptado à Teoria de Produtor. 
Graficamente a Curva de Isoquanta pode ser apresentada como se segue: 
 
Figura 12: Curva de Isoquanta 
K 
 
A curva de isoquanta apresenta inclinação negativa e é convexa em relação à origem. 
 
Taxa Marginal de Substituição Técnica 
Observe agora os movimentos ao longo da Curva de Isoquanta, na Fig. 12. O nosso 
interesse é entender a taxa de substituição de dois factores de produção. Como você deve 
 
62 
 
estar lembrado, falamos de um conceito similar na Teoria do Consumidor a que 
chamamos de Taxa Marginal de Substituição entre dois bens. No presente cenário, 
estamos a falar da Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST) dos factores de 
produção, que é a taxa pela qual um factor é substituído pelo outro mantendo-se o mesmo 
nível de produção. 
 
O que é que a TMST nos diz acerca da substituição do Capital por Trabalho quando nos 
movemos ao longo da Isoquanta? 
 
Repare que a Isoquanta é convexa em relação à origem o que permite a substituibilidade 
dos factores de produção. Isto é mostrado na Fig 12 quando nos movemos da esquerda 
para a direita ao longo da isoquanta. 
 
Quando substituímos mais Capital por Trabalho, a TMST diminui porque precisamos de 
substituir menores quantidades de Capital para cada unidade adicional de Trabalho. Ao 
mesmo tempo o PMgK está aumentando enquanto o PMgL vai baixando. 
 
4.3. Economia ou Retornos de Escala 
No Longo Prazo, interessa analisar as vantagens e desvantagens da empresa aumentar a 
sua dimensão, o que implica demandar mais factores de produção. Isto introduz os 
conceitos de Retornos (dito também Rendimentos de Escala ou Economias de Escala. 
 
O conceito de Retornos de Escala refere-se ao que acontece com a Produção quando 
todos os factores de produção podem ser aumentados no Longo Prazo. Devemos 
constatar as seguintes situações: 
 
 
63 
 
Se, por exemplo, a quantidade de Trabalho e de Capital for duplicada e em consequência 
disso a quantidade de produto produzido também duplicar, estamos em presença de 
Retornos Crescentes de Escala; 
 
Se o produto mais do que duplicar, temos Retornos Crescentes de Escala; 
Alternativamente se a duplicação dos factores gerar um produto menos que o dobro, 
estamos em presença de Retornos Decrescentes de Escala. 
 
4.4. Teoria de Custos de produção 
Até agora focalizamos a nossa análise na relação técnica entre os factores de produção e 
o produto no processo de produção sem nos preocuparmos com o que acontece aos custos 
dos factores de produção. 
 
Vejamos agora o lado dos custos de produção que determinarão a chamada Curva da 
Oferta da empresa. Antes de prosseguir é importante que você conheça a diferença entre 
custos económicos e custos contabilísticos. 
 
Custos contabilísticos são todos os pagamentos feitos directamente pela firma “out-of-
pocket”, estes podem ser os pagamentos feitos pela compra de matéria-prima, salários,

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