Buscar

O mercantilismo e a

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1ºAula
O mercantilismo e a 
fi siocracia
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de: 
• conhecer a trajetória inicial do Pensamento Econômico.
• identificar os aspectos mais importantes das doutrinas do mercantilismo e da fisiocracia.
• construir uma base sólida para o estudo da História do Pensamento Econômico.
Chegou a hora de iniciarmos nossos estudos sobre a 
História do Pensamento Econômico. Espero que estejam 
todos empolgados para conhecerem os principais pensadores 
econômicos e suas principais teorias que evoluíram os princípios 
econômicos ao longo dos séculos.
Iniciaremos com uma abordagem sobre o mercantilismo e 
suas principais realizações que tiveram como foco o comércio 
exterior e a acumulação de riqueza, posteriormente estudaremos 
a fisiocracia e sua abordagem naturalista e individualista.
Bons estudos!
História do Pensamento Econômico 6
1 - O Mercantilismo
2 - A Fisiocracia
A História é uma ferramenta de grande importância para 
a humanidade. Com a compreensão da História é possível 
entender os fatos mais importantes, que acompanharam a 
humanidade ao longo dos séculos. A História Econômica 
é de suma importância, tanto a pré-clássica quanto a atual, 
para que se possa compreender a complexidade da ciência 
econômica e da sociedade.
A partir de 1.776, com a publicação da obra A Riqueza 
das Nações, de Adam Smith, a Economia surgiu como Ciência. 
Antes, fazia parte de uma pequena parte da Filosofi a e do 
Direito. Com o Mercantilismo e a Fisiocracia, ocorreu o 
desenvolvimento das ideias econômicas. 
1 - O Mercantilismo
O Mercantilismo se iniciou em um período em que a 
Europa passava por uma aguda escassez de ouro e prata não 
tendo condições de atender ao crescente volume do comércio 
daquela época, devido à escassez da moeda. Algumas políticas 
mercantilistas foram estipuladas para atrair ouro e prata para 
um determinado país, mantendo esta riqueza dentro do 
próprio país, restringindo assim suas exportações, desde o fi m 
da Idade Média até os séculos XVI e XVII.
CURIOSIDADE
Grandes transformações ocorrem neste período como o crescimento 
e o desenvolvimento das cidades tanto em matéria comercial quanto 
de produção. 
O pensamento religioso se enfraquecia, surge uma forte 
centralização política e a criação das nações modernas e 
das monarquias absolutas. Assim, enriquecer não constituía 
mais um pecado. O Mercantilismo juntamente com o 
Renascimento cultural e científi co, mudaram os horizontes da 
Europa a partir de 1.450. A exaltação do individualismo, da 
atividade econômica e do êxito material deu grande impulso à 
Economia (SANCHES, 2010). 
MERCANTILISMO 
Uma das primeiras doutrinas econômicas, muito usada até o fi nal do 
século XVIII. Não foi uma doutrina consistente e coerente, mas um 
conjunto de ideias econômicas de cunho protecionista, desenvolvidas 
em diversos países, as quais variavam um pouco em função dos 
interesses de cada país (LACOMBE, 2004).
Assim, transformações ocorreram na Europa, no 
âmbito político, ocasionando o enfraquecimento dos 
feudos e a centralização da política nacional. Aos poucos, a 
economia nacional, integrada ao Estado, foi se formando. 
Internacionalmente, as grandes descobertas marítimas e o 
Seções de estudo
grande afl uxo de metais preciosos para a Europa, acabaram 
deslocando o eixo econômico do Mediterrâneo para novos 
centros como Londres, Amsterdã, Lisboa, Madri, etc. Até 
então, a ideia mercantilista dominante era a de que a riqueza 
de um país era auferida pela concentração e afl uxo de metais 
preciosos (SANCHES, 2010).
VALE A PENA REPETIR!
A ideia mercantilista dominante era a de que a riqueza de um país 
pudesse ser medida pela concentração e afl uxo de metais preciosos.
Desta forma, os mercantilistas sugeriam que se 
aumentassem as exportações e controlassem as importações, 
garantiriam um afl uxo positivo de ouro e prata para seu 
país. Surge, na França, a proteção à indústria, com o fi m de 
assegurar exportações mais regulares e com maior valor.
Com o objetivo de maximizar o saldo comercial e o 
afl uxo de metais preciosos, as Metrópoles estabeleceram um 
“pacto colonial” com suas colônias. Por meio desse “pacto”, todas 
as importações da colônia passaram a ser provenientes de sua 
Metrópole, assim como todas as suas exportações seriam 
destinadas a ela exclusivamente. Assim, o transporte dessas 
mercadorias também seria monopolizado pela Metrópole.
IMPORTANTE!
O Mercantilismo contribuiu decisivamente para estender as relações 
comerciais de âmbito internacional, constituindo uma fase de 
transição entre o feudalismo e o capitalismo moderno.
Segundo Sanches (2010) o catolicismo, que estava 
presente no mercantilismo, e que condenava a aquisição 
de bens materiais, fazia um contraponto negativo, ou seja, 
entrava em confl ito com os interesses dos mercadores-
capitalistas. Assim, aos poucos, o Estado passou a ocupar o 
lugar da Igreja na função de supervisionar o bem-estar social. 
Gradativamente, os governos foram sendo infl uenciados pelo 
pensamento mercantilista. Desta forma, o Mercantilismo 
causou grandes distorções, como:
• êxodo da agricultura em benefício da indústria;
• excessiva regulamentação;
• intervencionismo exagerado do Estado na atividade 
econômica.
Aos poucos, foram surgindo novas teorias sobre o 
comportamento humano, de cunho liberal e individualista, 
mais de acordo com as necessidades da expansão capitalista 
(SANCHES, 2010).
2 - A Fisiocracia
A Fisiocracia constitui a primeira escola econômica de 
caráter científi co, que foi liderada pelo médico francês François 
Quesnay (1694-1774), fundador da corrente fi siocrata e autor 
da obra Tableau Economique (O Quadro Econômico: análise das 
variações do rendimento de uma nação), publicada em 1758 
em que apresenta a primeira análise sistêmica da formação de 
uma economia no formato macro. Quesnay tem uma grande 
importância na economia e foi o mais infl uente representante 
7
da fi siocracia. 
CURIOSIDADE
Fisiocracia signifi ca “poder da natureza”.
Dentre suas principais características, destacam-se:
• Comércio como atividade dominante;
• Comércio interno como prioridade;
• O Estado operava como um monopólio (toda 
atividade era comandada e controlada pelo Estado).
FISIOCRACIA 
Foi um grupo de economistas franceses do século XVIII que arguiu 
as ideias mercantilistas e formulou, pela primeira vez, uma Teoria do 
Liberalismo Econômico.
Segundo a Fisiocracia, a sociedade era formada por três 
classes: 
• a classe produtiva (agricultores); 
• a classe dos proprietários de terras;
• a classe estéril (todos os que se ocupam do comércio, 
da indústria e dos serviços).
VOCÊ SABIA!
Que o objeto da investigação dos fi siocratas é o sistema econômico 
em seu conjunto, sendo este conjunto regido por uma ordem natural, 
à semelhança da ordem que rege a natureza física.
Para os fi siocratas, a agricultura era considerada 
produtiva por ser a única fonte de geração de valor. A ideia de 
classe estéril resultou da reação fi siocrática contra a doutrina 
mercantilista. A moeda passou a ter apenas função de troca 
e não reserva de valor, pois esta se encontra na agricultura. 
A indústria e o comércio constituem desdobramentos da 
agricultura, pois apenas transformam e transportam valores. 
A terra produz valor por sua fertilidade, seguindo uma ordem 
natural e providencial. Desta forma, a agricultura precisava ser 
estimulada para aumentar o produto social. 
Contudo, os homens precisavam agir livremente, mesmo 
com uma lei natural regulando a situação econômica. Qualquer 
intervenção do Estado inibiria essa ordem natural, ao criar 
obstáculos à circulação de pessoas e de bens. Assim, o Estado 
indicava a redução da regulamentação ofi cial, para aumentar 
a produtividade da economia, e a eliminação de barreiras ao 
comércio interno e a promoção das exportações. Por outro 
lado, para manter baixos os preços das manufaturas e benefi ciar 
os consumidores, propunham o combate aos oligopólios e ofi m das restrições às importações (SANCHES, 2010).
IMPORTANTE!
 A Fisiocracia formulou a Teoria do Liberalismo Econômico, que se 
manifestou em sua doutrina do laissez-faire, laissez-passer ... (deixai 
fazer, deixai passar). 
Desta forma, podemos entender que o pensamento 
fi siocrático foi uma resposta direta ao mercantilismo, 
concedendo, à ordem da natureza, uma economia inteiramente 
de mercado (capitalista), na qual cada um trabalha para os 
demais, ainda que acredite que trabalhe apenas para si mesmo.
Retomando a aula
Chegamos ao fi nal de nossa primeira aula, sobre 
a História do Pensamento Econômico. Esperamos 
que tenha fi cado mais claro o entendimento de 
vocês sobre estas duas doutrinas, Mercantilismo e 
Fisiocracia, que são a base para os estudos de História do Pensamento 
Econômico.
Acreditamos que relendo o material, você irá expandir seus 
conhecimentos sobre o assunto já abordado. 
Por hora, vamos então, recordar!
1 - O Mercantilismo
Entendemos que a doutrina Mercantilista foi uma das 
primeiras a vigorar no cenário econômico e que se estendeu 
até o final do século XVIII. Trata-se de uma doutrina que 
se baseava em um conjunto de ideias, econômicas, de cunho 
protecionista, desenvolvidas em diversos países, que variavam, 
conforme os interesses da época.
2 - A Fisiocracia
O objetivo principal da fisiocracia era o sistema 
econômico, regido pela ordem natural, à semelhança da ordem 
que rege a natureza física. Combateu as ideias mercantilistas 
e formulou a Teoria do Liberalismo Econômico, priorizando 
o comércio (metrópole e colônia) e o monopólio do Estado.
BRUE, S. L. História do Pensamento Econômico. Tradução 
Luciana Penteado Miguelino. São Paulo: Thompson 
Learning, 2006.
https://www.youtube.com/watch?v=NRYtjAi-
M2uY&list=PLPR0JNIMZL3grZJ05yS89zTwP1yUQIl-
B1&index=4.
Vale a pena assistir
Vale a pena
Minhas anotações
2ºAula
A Escola Clássica de Smith, 
Malthus, Say e Ricardo
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
• conhecer um pouco mais sobre a evolução do Pensamento Econômico;
• identificar os aspectos mais importantes acerca das teorias propostas pela Escola Clássica;
• compreender as principais contribuições dos pensadores que marcaram a Escola Clássica: Adam Smith, Thomas 
Robert Malthus, Jean-Baptiste Say e David Ricardo. 
Conforme estudamos em nossa primeira aula, as doutrinas do 
Mercantilismo e da Fisiocracia nos forneceram a base necessária para 
entendermos o início dos estudos econômicos. Ao longo dos séculos 
estas ideias foram sendo estudadas por outros pensadores e foram 
sendo aperfeiçoadas, conforme veremos a seguir.
Em nossa segunda aula, aprenderemos um pouco mais sobre a 
História do Pensamento Econômico estudando as teorias propostas 
pela Escola Clássica e seus principais Pensadores: Adam Smith, 
Thomas Robert Malthus, Jean-Baptiste Say e David Ricardo. 
Bons estudos!
História do Pensamento Econômico 10
1 - A Escola Clássica de Adam Smith
2 - Thomas Robert Malthus 
3 - Jean-Baptiste Say 
4 - David Ricardo
1 - A Escola Clássica de Adam Smith
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith. Acesso em: 21/03/2020.
Adam Smith (1723-1790) nasceu na Escócia, cursou 
as universidades de Glasgow e Oxford (1737-1746) e foi 
professor em Glasgow, de 1751 a 1764. Em 1759, publicou 
uma de suas duas principais obras: The Theory of Moral 
Sentiments, um tratado de fi losofi a social e moral. Passou dois 
anos na França, de 1764 a 1766, onde entrou em contato 
com os principais intelectuais franceses, dentre eles os 
fi siocratas Quesnay e Turgot. Em 1776, publicou sua obra 
mais importante: A Riqueza das Nações. Estabeleceu as bases 
científi cas da Economia Moderna ao atribuir como elemento 
essencial da riqueza, o trabalho produtivo, ao contrário dos 
mercantilistas e fi siocratas, que consideravam os metais 
preciosos e a terra como os geradores de riqueza nacional. 
Assim o valor pode ser gerado fora da agricultura.
Aliado ao liberalismo e ao individualismo dos clássicos, 
o bem comum estava associado para contribuir na obtenção 
do máximo bem-estar social, ou seja, na maximização da 
satisfação pessoal, com o mínimo de dispêndio ou esforço. 
Segundo Adam Smith, esta harmonização seria feita por uma 
espécie de mão invisível.
Seções de estudo
IMPORTANTE
A teoria da “mão invisível” do mercado foi peça crucial nas ideias de 
Adam Smith.
O pensamento clássico fundamenta-se, no 
individualismo, na liberdade e no comportamento racional 
dos agentes econômicos, com a mínima presença do Estado, 
que teria como funções fundamentais a defesa, a justiça e 
a manutenção de certas obras públicas. A Escola Clássica 
priorizou a produção, deixando a oferta e a demanda para 
segundo plano. Para Adam Smith, considerado o maior dos 
clássicos e o pai da Ciência Econômica, o objeto da economia 
é estender bens e riquezas a uma nação. Nesse sentido, 
entende que a riqueza somente pode ser conseguida mediante 
a posse do valor de troca. Valor de troca, para Smith é a 
capacidade de obter riqueza, ou seja, a capacidade que a posse 
de determinado objeto oferece de comprar, com ele, outras 
mercadorias (SANCHES, 2010).
VALE A PENA REPETIR!
Para Adam Smith, o Valor de troca é a capacidade de obter riqueza, 
em outras palavras, a capacidade que a posse de determinado objeto 
oferece de comprar (trocar), com ele, outras mercadorias.
Sanches (2010), nos proporciona um resumo das ideias 
defendidas pela Escola Clássica:
• A mais ampla liberdade individual;
• O direito inalienável à propriedade;
• A livre iniciativa e a livre concorrência;
• A não intervenção do Estado na economia.
Adam Smith ensinou que a Economia Política tem como 
objetivo gerar riqueza para o indivíduo e o Estado, para o 
provimento de suas necessidades básicas. A riqueza aumenta 
pelo trabalho produtivo, fecundado pelo capital (SANCHES, 
2010). 
Segundo Adam Smith, “são o trabalho e o esforço das 
pessoas que, por si sós, geram riqueza e tornam[…] o comércio 
lucrativo para a nação” (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 
p. 68).
Assim, o valor vem do trabalho e pode ser gerado fora 
da agricultura, desde que o preço de mercado supere o preço 
natural (ou custo de produção). A geração de riqueza de uma 
nação depende, portanto, da proporção entre o trabalho 
produtivo (que gera um excedente de valor sobre o seu custo 
de reprodução) e o trabalho improdutivo (como o dos criados). 
O emprego de trabalho produtivo depende da divisão do 
trabalho, e esta, da extensão dos mercados. A ampliação das 
trocas comerciais entre os países proporciona maior divisão 
do trabalho e especialização dos trabalhadores, aumentando a 
produtividade e o produto global (SANCHES, 2010).
[...] “o valor das … (mercadorias), quando 
são trocadas umas pelas outras, é regulado 
pela quantidade de trabalho necessária e 
comumente usada em sua produção; e seu 
valor ou preço, quando são compradas e 
vendidas e comparadas com um meio comum, 
será determinado pela quantidade de trabalho 
empregada e pela maior ou menor quantidade 
11
do meio ou da medida comum” (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005 p. 69).
Assim, Adam Smith afi rmou que o pré-requisito para 
qualquer mercadoria ter valor era que ela fosse o produto do 
trabalho humano. Entretanto, a teoria do valor-trabalho vai, 
além disso, afi rmando que o valor de troca de uma mercadoria 
é determinado pela quantidade de trabalho contido nessa 
mercadoria, mais a alocação relativa, em diferentes ocasiões, 
da mão de obra indireta (o trabalho que produziu os meios 
usados na produção da mercadoria) e da mão de obra direta 
(o trabalho que usa os meios para a produção da mercadoria) 
usadas na produção (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005).
2 - Thomas Robert Malthus
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Malthus - Acesso em: 21/03/2020.
Thomas Robert Malthus (1766-1834) foi educado na 
Universidade de Cambridge, pois era fi lho de uma família 
inglesa de posses. Ocupou a primeira cátedra inglesa de 
Economia Política em 1834. Suas obrasrefl etem sua posição 
com relação aos confl itos existentes em sua época. Primeiro 
a Revolução Industrial, que só foi possível com sacrifícios e 
sofrimentos da classe operária e em segundo lugar, a antiga 
classe proprietária de terra ainda tinha o controle efetivo 
do Parlamento inglês travando um intenso confl ito entre as 
classes (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005).
Malthus escreveu muitos livros, panfl etos e ensaios 
durante sua vida. Seus escritos podem ser divididos em dois 
períodos, caracterizados por sua respectiva preocupação 
social dominante e por sua abordagem teórica. Na década de 
1790 e no início da década de 1800, sua principal preocupação 
era com a inquietação dos trabalhadores e com os esquemas 
que estavam sendo defendidos por intelectuais radicais, com 
relação à reestruturação da sociedade, a fi m de promover o 
bem-estar e a felicidade dos trabalhadores. Estes esquemas, 
conforme Malthus percebeu corretamente, só poderiam 
tentar promover a causa dos trabalhadores em detrimento 
da riqueza e do poder das duas classes de proprietários, os 
capitalistas e os proprietários de terras (BRUE, 2006). 
CURIOSIDADE
Malthus era defensor declarado dos ricos, e sua teoria da população 
serviu de arcabouço para defendê-los.
Por volta de 1814 em diante, a principal preocupação 
de Malthus passou a ser com relação às Leis dos Cereais e 
à luta entre os proprietários de terras e os capitalistas. Nesse 
período, ele sempre defendeu os interesses da classe dos 
proprietários de terras. Em seu primeiro Ensaio, havia dois 
temas dominantes. O primeiro era o argumento de que, 
independente do êxito conseguido pelos reformadores, em 
suas tentativas de modifi car o capitalismo, a atual estrutura 
de proprietários ricos e trabalhadores pobres reapareceria 
inevitavelmente. Essa divisão de classes era, segundo 
Malthus, uma consequência inevitável da lei natural (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005).
O segundo tema que estava sempre presente em sua 
teoria da população era que a pobreza e o sofrimento 
desprezível eram o destino inevitável da maioria das pessoas, 
em toda sociedade.
A teoria da população em que Malthus baseava essas 
conclusões era relativamente simples. Ele acreditava que 
quase todas as pessoas eram atraídas por um desejo quase 
que insaciável de prazer sexual e que, por isso, as taxas 
de reprodução, quando incontidas, levariam a aumentos 
em progressão geométrica da população (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005). 
IMPORTANTE
Para Malthus, a população duplicaria a cada geração, ele argumentava 
que “todos os animais têm uma capacidade de se reproduzir em 
progressão geométrica”.
Era óbvio, para Malthus, que em nenhuma sociedade a 
população tinha crescido nesse ritmo durante muito tempo, 
porque, em muito pouco tempo, cada metro quadrado da 
terra estaria habitado. Então, a questão central a qual ele 
procurou responder se prendia às forças que tinham atuado 
para conter o crescimento da população no passado e quais 
as forças que, provavelmente, atuariam no futuro. A resposta 
mais imediata e óbvia era que a população de qualquer 
território era limitada pela quantidade de alimentos (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005).
VALE A PENA REPETIR!
A população de qualquer território era limitada pela quantidade de 
alimentos. Isto, por si só, iria conter o crescimento populacional.
A teoria da população de Malthus teria uma enorme 
infl uência intelectual. Inspirou Charles Darwin a formular 
sua teoria da evolução e algumas variantes dessa teoria da 
população são amplamente aceitas hoje em dia, principalmente 
em teorias que tratam dos países menos desenvolvidos. A 
orientação normativa da teoria continua existindo para nos 
convencer de que a pobreza é inevitável, de que pouco ou 
História do Pensamento Econômico 12
quase nada pode ser feito a seu respeito e de que ela é, em 
termos gerais, devida à fraqueza ou à inferioridade moral dos 
pobres (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005).
3 - Jean-Baptiste Say
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Baptiste_Say - Acesso em: 21/03/2020.
Jean-Baptiste Say (1767-1832) considerava-se discípulo 
de Adam Smith. Dizia estar simplesmente sistematizando as 
ideias de Smith e corrigindo alguns pequenos erros por ele 
cometidos. A correção desses pequenos erros, porém, acabou 
levando ao abandono de algumas das ideias mais importantes 
de Smith e ao estabelecimento de uma base para uma tradição 
bastante diferente de teoria econômica.
Say afi rmava que o preço ou o valor de troca de qualquer 
mercadoria dependia inteiramente de seu valor de uso ou 
utilidade. Para ele:
O valor que a humanidade atribui aos 
objetos se origina do uso que deles possa 
fazer… Tomarei a liberdade de associar 
o termo utilidade à capacidade de certas 
coisas satisfazerem os vários desejos da 
humanidade… A utilidade das coisas é a base 
do seu valor e seu valor constitui riqueza… 
(HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 p. 201).
Rejeitando a noção de que o trabalho era a fonte do 
valor e insistindo em que só a utilidade criava valor, Say não 
só se desviou visivelmente das ideias de Smith e de Ricardo, 
como também inseriu a orientação da utilidade no contexto 
de uma abordagem metodológica e de uma fi losofi a social, 
que mostram ser ele, juntamente com Nassau Senior, os mais 
importantes precursores da tradição neoclássica que veio a 
dominar a economia em fi ns do século XIX e no século XX.
VALE A PENA REPETIR!
Say rejeitou a noção de que o trabalho era a fonte do valor. Para ele, 
só a utilidade criava valor.
Nos escritos de Smith e Ricardo, fi ca claro que as 
rendas do trabalho são fundamentalmente diferentes das 
rendas baseadas na propriedade dos meios de produção. 
Reconhecendo a fonte dessa diferença, eles foram levados a 
concluir que o confl ito de classes caracterizava o capitalismo. 
Vimos, porém, que, quando eles retornaram à abordagem 
da troca ou da utilidade da teoria econômica, foram 
levados a concluir que o capitalismo de livre-mercado era, 
intrinsecamente, um sistema de harmonia social.
Say resolveu esse dilema rejeitando completamente a 
perspectiva da produção ou a abordagem da teoria do valor-
trabalho. Com base na utilidade, suprimiu totalmente a 
distinção teórica entre a renda das diferentes classes sociais. 
Em vez de ver o processo produtivo como uma série de 
trabalhos humanos visando à transformação de matérias-
primas em bens utilizáveis, Say garantiu a existência de 
diferentes “agentes de produção”, que se combinavam para 
produzir as mercadorias. O que esses agentes de produção 
estavam produzindo era, em última análise, “utilidade”, e cada 
agente era igualmente responsável pela produção da utilidade. 
Esses agentes de produção incluíam “a capacidade 
humana, com a ajuda do capital e dos agentes naturais e das 
propriedades” e, juntos, criavam “todo tipo de utilidade, que 
é a fonte primária do valor”. Em outras palavras, não havia 
qualquer diferença qualitativa, na criação de utilidade, entre, 
de um lado, o esforço feito no trabalho humano e, de outro, a 
propriedade de capital, terra e outras propriedades.
Say procurou defender a semelhança essencial entre o 
trabalho e a propriedade, argumentando que as mercadorias 
“tinham valor por causa da necessidade de dar alguma coisa 
em troca de sua obtenção”. 
IMPORTANTE
Só se conseguiam objetos de riqueza com sacrifício humano. Say 
mostrou que os donos dos meios de produção recebiam suas rendas 
em troca de sacrifícios (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005). 
Ele afi rmou que a sobriedade era a fonte da propriedade 
do capital, que exigia tanto sacrifício quanto o trabalho. 
Tendo, assim, argumentado que o trabalho e a propriedade do 
capital envolviam sacrifícios semelhantes e que trabalhadores 
e capitalistas tinham justifi cativas morais semelhantes para 
auferir suas rendas.
Say foi um precursor da teoria neoclássica da distribuição, 
revendo inteiramente a relação que Smith e Ricardo tinham 
percebido entre distribuição de renda e valor das mercadorias. 
Enquanto Smith e Ricardo argumentaram que ospreços das 
mercadorias refl etiam o nível de salários e a taxa de lucro 
(embora, para Ricardo, essa infl uência tivesse importância 
secundária) e que os salários e a taxa de lucro eram 
determinados por outras considerações sociais e técnicas (isto 
é, a subsistência dos trabalhadores e a produtividade total do 
trabalho), Say argumentava que os salários e a taxa de lucro 
eram determinados pelas contribuições relativas para a criação 
de utilidade, dadas pelo trabalho e pelo capital.
Outro aspecto importante dos escritos de Say era 
sua crença de que um mercado livre sempre se ajustaria 
automaticamente, em um equilíbrio em que todos os recursos, 
inclusive o trabalho, seriam plenamente utilizados, quer dizer, 
13
em um equilíbrio com o pleno emprego, tanto do trabalho 
quanto da capacidade produtiva.
4 - David Ricardo
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Ricardo - Acesso em: 21/03/2020.
O britânico David Ricardo (1772 – 1823) foi o terceiro 
de 17 fi lhos de imigrantes judeus que se mudaram da Holanda 
para a Inglaterra. Desde cedo foi educado para os negócios 
de corretagem de ações de seu pai, em que ingressou aos 14 
anos de idade. Aos 21 anos, casou-se com uma mulher quacre 
(membro de seita religiosa protestante inglesa) e abandonou 
as crenças judaicas. Após ter tomado tal decisão, seu pai o 
repudiou, embora eles tenham se reconciliado mais tarde. 
Posteriormente, conseguiu empréstimos por meio de 
banqueiros que o conheciam e que confi avam nele, Ricardo, 
muito jovem, ingressou no mercado de ações por conta 
própria. Em poucos anos, tinha acumulado mais riqueza 
do que seu pai e, aos 43 anos, aposentou-se dos negócios. 
Todavia, continuou cuidando de seus negócios ate morrer, 
aos 51 anos, deixando uma grande fortuna, dois terços dela 
em propriedades de terras e hipotecas (BRUE, 2006).
Em sua obra Princípios de Economia Política e Tributação 
(1817), afi rmava que o maior problema da Economia 
Política está na distribuição do produto entre as classes 
sociais (proprietários da terra, capitalistas arrendatários e 
trabalhadores). Isso ocorre porque a proporção do produto 
total destinado a cada classe varia no tempo, uma vez que 
depende da fertilidade do solo, da acumulação do capital, do 
crescimento demográfi co e da tecnologia. Assim, determinar 
as leis que regulam essa distribuição é a principal questão da 
Economia.
Ricardo transferiu o centro do problema da análise 
econômica da produção para a distribuição, sendo uma de 
suas grandes contribuições à teoria do valor. Ele se interessou 
pelos preços relativos mais que pelos absolutos; queria 
descobrir a base da relação de troca entre as mercadorias. A 
mercadoria obtém seu valor de duas fontes: de sua escassez 
e da quantidade de trabalho necessário para obtê-las. Sobre a 
Teoria do Valor, Ricardo afi rma que :
Seu valor é totalmente independente da 
quantidade de trabalho originalmente 
necessária para a sua produção e varia em 
razão da riqueza e das tendências mutantes 
daqueles que estão ansiosos para possuí-las 
(BRUE, 2006 p. 107).
Ricardo desenvolveu, de forma mais clara e completa, a 
noção da Lei dos Rendimentos Decrescentes. Ao utilizar esse 
conceito para desenvolver sua Teoria da Renda, se tornou o 
primeiro economista a formular um principio marginal na 
análise econômica. Sua teoria da renda, portanto, é produtiva 
para a posterior promoção da escola marginalista, ocupando 
lugar de destaque em sua análise. 
IMPORTANTE
Segundo Ricardo, “renda é aquela porção da produção da terra 
que é paga aos seus proprietários pelo uso dos poderes originais e 
indestrutíveis do solo” (BRUE, 2006).
Assim, as diferenças na qualidade da terra determinariam 
que, enquanto os proprietários das terras férteis obteriam 
rendas cada vez mais altas, a produção nas terras de qualidade 
pior geraria só o sufi ciente para cobrir os custos e não 
produziria renda. Segundo Ricardo:
Desse modo, pode-se argumentar que a 
renda e os lucros poderiam ser isolados, 
considerando o caso da terra sem renda, na 
qual o rendimento consistiria inteiramente 
nas entradas derivadas de capital (SANCHES, 
2010 p. 15).
Ricardo pensava que o aumento da população 
acompanhava o crescimento econômico, e este crescimento 
traria consigo um aumento das necessidades de alimentos, que 
poderiam ser satisfeitas só a custos mais altos. Para manter os 
salários reais no seu nível anterior, seriam necessários salários 
monetários mais altos, o que faria a participação dos lucros 
no produto diminuir. Assim, Ricardo demonstrou que o 
processo de expansão econômica poderia minar suas próprias 
bases. Contudo, a função de produção ricardiana apresenta 
rendimentos decrescentes e a economia caminha para um 
estado de estagnação no longo prazo. O grande problema para 
os economistas clássicos era a sociedade atingir esse estado 
estacionário, de crescimento zero, sem que a população tenha 
atingido o máximo bem-estar (SANCHES, 2010).
Ricardo foi também o primeiro que desenvolveu a 
teoria dos custos comparativos, defendendo que cada país 
deveria especializar-se naqueles produtos que têm um custo 
comparativo mais baixo, e importar aqueles cujo custo 
comparativo fosse mais alto. Essa é sua base da política de 
livre comércio, para bens manufaturados. Segundo essa 
política, cada país deve dedicar seu capital e trabalho aquelas 
produções que se mostram mais lucrativas. Dessa forma, o 
História do Pensamento Econômico 14
Sobre a vida e obra dos principais economistas em: 
http://www.pensamentoeconomico.ecn.br/.
Economia (Adam Smith): https://www.economiabr.
net/economia/1_hpe4.html.
Escola Clássica: 
https://www.youtube.com/watch?v=M4WcIHv 
tWPY&list=PLPR0JNIMZL3grZJ05yS89zTwP1yUQIl 
B1&index=3.
Vale a pena assistir
Vale a pena
trabalho seria distribuído com maior efi ciência e, ao mesmo 
tempo, aumentaria a quantidade total de bens, o que contribui 
para o bem-estar geral. A teoria dos custos comparativos 
harmoniza os interesses dos diferentes países nos assuntos 
internacionais (SANCHES, 2010).
Retomando a aula
 
Finalizamos nossa aula sobre a Escola Clássica e 
seus principais pensadores. Assim, avançamos um 
pouco mais sobre as características e as teorias 
que marcaram a Escola Clássica na fi gura de seus 
principais pensadores. Esperamos que você tenha gostado da leitura 
até aqui e que tenha fi cado mais claro o entendimento sobre esta 
parte da História do Pensamento Econômico.
Assim que possível, releia atentamente o material para que consiga 
expandir, um pouco mais, seus conhecimentos.
Por hora, vamos então, recordar!
1 - A Escola Clássica de Adam Smith
A Escola Clássica traça uma linha de pensamento 
econômico baseada em Adam Smith e David Ricardo. Desta 
forma e Economia adquiriu caráter científico, à medida que 
passou a centralizar a abordagem de Adam Smith para a teoria 
do valor-trabalho, que identificava no trabalho, em geral, sua 
única fonte de valor.
2 - Thomas Robert Malthus 
A mais famosa de suas ideias, dizia que, enquanto a 
população tinha tendência a crescer de forma geométrica, os 
alimentos cresciam de forma aritmética.
3 - Jean-Baptiste Say 
Após ter estudado profundamente a obra de Adam Smith, 
Say acreditava na liberdade do mercado e criou uma lei que 
acabou levando o seu nome, “A Lei de Say”, que diz o seguinte: 
a oferta cria sua própria demanda, ou em outras palavras, a 
própria produção estimula o crescimento da produção.
4 - David Ricardo
Um dos mais importantes pensadores da Corrente 
Clássica, David Ricardo, em oposição ao mercantilismo, 
formulou um sistema de livre comércio e produção de bens 
que permitiria a cada país se especializar na fabricação dos 
produtos nos quais tivesse vantagem comparativa, também 
chamado de Sistema de Custos Comparativos.
Minhas anotações
3ºAula
A nova concepção de valor de 
William Stanley Jevons, Jeremy 
Bentham, Frédéric Bastiat e 
John Stuart Mill
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
• compreender maisuma fase na evolução da História do Pensamento Econômico;
• identificar um pouco mais os aspectos de relevância acerca das teorias propostas pela Escola Clássica, na ótica de 
dois novos pensadores (Bentham e Mill);
• estudar as principais contribuições da Escola Marginalista através dos estudos sobre William Stanley Jevons e 
Frédéric Bastiat. 
Em nossa segunda aula, aprendemos mais sobre a História do 
Pensamento Econômico estudando as teorias propostas pela Escola 
Clássica e seus principais pensadores: Adam Smith, Thomas Robert 
Malthus, Jean-Baptiste Say e David Ricardo. 
Nesta terceira aula, aprenderemos um pouco mais sobre 
a Escola Clássica através dos estudos sobre Jeremy Bentham e 
John Stuart Mill. Além da Escola Clássica, também discutiremos 
a chamada Escola Marginalista, através dos estudos sobre William 
Stanley Jevons e Frédéric Bastiat.
Vamos então avançar um pouco mais na sequência da evolução 
histórica das teorias econômicas.
Bons estudos!
História do Pensamento Econômico 16
1 - A nova concepção de valor de William Stanley Jevons 
2 - Jeremy Bentham
3 - Frédéric Bastiat 
4 - John Stuart Mill
1 - A nova concepção de valor de 
William Stanley Jevons 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/William_
Stanley_Jevons – Acesso em: 21/03/2020.
William Stanley Jevons (1835-1882) nasceu em 
Liverpool, na Inglaterra. Passou cinco anos na Austrália 
como avaliador na Casa da Moeda, onde ganhou o sufi ciente 
para voltar a Inglaterra e prosseguir seus estudos. Ficou 
desapontado quando não ganhou o prêmio de economia 
política na University College, em Londres, e atribuiu sua derrota 
ao preconceito de seus professores em relação às novas ideias 
que estava desenvolvendo. 
Publicou vários livros sobre lógica e tornou-se professor 
de economia política, fi losofi a e também de lógica, primeiro 
em Manchester e depois na University College. Ele inventou 
uma máquina lógica, exibida para a Sociedade Real, em 1870, 
capaz de produzir mecanicamente uma conclusão a partir de 
qualquer conjunto defi nido de premissas. 
Jevons também fi cou famoso como historiador de ciência 
e contribuiu bastante para o desenvolvimento dos números-
índices. Ele era extremamente introvertido e não teve muita 
infl uência sobre seus colegas ou estudantes mais imediatos. 
INTERESSANTE
Jevons simpatizava com a análise econômica apresentada por Sênior.
Ele aprimorou a Teoria do Valor levando em consideração 
a utilidade. Em suas palavras:
A refl exão e o questionamento contínuos 
Seções de estudo
levaram-me à opinião, de certa forma nova, de 
que o valor depende totalmente da utilidade. 
As opiniões correntes consideram o trabalho, 
em vez da utilidade, a origem do valor. Por 
outro lado, existem também aqueles que 
afi rmam que a mão-de-obra é a causa do 
valor. Diferentemente, eu mostro que temos 
somente de escrever cuidadosamente as 
leis naturais da variação da utilidade, como 
dependendo das quantidades de nossas 
posses, para chegar a uma teoria de troca 
satisfatória, das quais as leis comuns de oferta 
e demanda sejam consequências necessárias. 
Essa teoria está em harmonia com os fatos e, 
sempre que houver qualquer motivo aparente 
para se acreditar que a mão-de-obra seja a 
causa do valor, obteremos uma explicação 
sobre a razão. Normalmente, considera-se 
que o trabalho é que determina o valor, mas 
somente de forma indireta, variando o grau 
de utilidade da mercadoria por meio de um 
aumento ou uma limitação da oferta (BRUE, 
2006 P.232).
Para explicar a teoria do valor de Jevons, é preciso 
começar através de sua teoria da lei de utilidade marginal 
decrescente. Então, voltaremos nossa atenção para essas 
noções de comportamento racional do consumidor, troca 
individual e comercial e total otimizado do trabalho.
CURIOSIDADE
Jevons rejeitava a comparação da intensidade dos prazeres e dos 
esforços entre pessoas diferentes.
Segundo Jevons, a utilidade marginal:
Seu grau varia de acordo com a quantidade 
da mercadoria e, consequentemente, diminui 
à medida que a quantidade aumenta. Não há 
mais nenhuma medida que continuamos a 
desejar com a mesma força, seja qual for a 
quantidade já em uso ou possuída (BRUE, 
2006 p. 233).
A lei da utilidade marginal decrescente resolveu o 
paradoxo da água e do diamante que confundia alguns dos 
economistas clássicos. Adam Smith acreditava que a utilidade 
não tem nada a ver com a grandeza do valor de troca, porque 
a água é mais útil que o diamante, embora os diamantes sejam 
mais valiosos do que a água. 
O princípio da utilidade marginal decrescente revela que, 
embora a utilidade total da água seja maior que a utilidade 
total dos diamantes, o “grau fi nal de utilidade” ou a utilidade 
marginal do diamante é bem maior que a utilidade marginal 
da água. Deveríamos preferir ter toda a água do mundo e 
nenhum diamante, em vez do contrário; contudo, preferimos 
ter um diamante extra a uma unidade extra de água, uma vez 
que temos um grande estoque dela.
Assim, Jevons utilizou a noção da utilidade fi nal (utilidade 
marginal) para formalizar uma teoria geral da escolha racional. 
Abordou também a Teoria da troca e o Trabalho.
17
2 - Jeremy Bentham
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jeremy_Bentham - Acesso em: 21/03/2020.
O inglês, Jeremy Bentham teve uma carreira longa como 
autor e teórico social que durou mais de 60 anos (1770 - 
1832), ele escreveu e publicou muitos escritos sobre tópicos 
econômicos ao longo dos anos. 
VOCÊ SABIA QUE:
“Bentham não foi apenas um adepto entusiasta da escola clássica, 
mas também deu algumas contribuições válidas para a fi losofi a e a 
economia” (BRUE, 2006 p. 122).
Em 1780, um de seus trabalhos, An Introduction to the 
Principles of Morals and Legislation, teve grande infl uência sobre 
a teoria econômica do século XIX. Mesmo que seu trabalho 
não trate, de forma direta, de teoria econômica, ele contém 
uma apresentação bem elaborada da fi losofi a social utilitarista, 
que se tornaria a base fi losófi ca da economia neoclássica nas 
últimas décadas do século XIX.
IMPORTANTE:
O tema central do pensamento de Bentham é chamado de utilitarismo 
ou princípio da felicidade maior.
A respeito de seu trabalho, Bentham descreve alguns 
fundamentos do utilitarismo como podemos notar abaixo:
A natureza colocou a humanidade sob o 
domínio de dois mestres soberanos, a dor 
e o prazer. Só eles podem mostrar o que 
devemos fazer, bem como determinar o que 
faremos… Eles nos governam em tudo o que 
fazemos, em tudo o que dizemos, em tudo 
o que pensamos… O princípio da utilidade 
reconhece essa sujeição e a aceita como o 
fundamento (de sua teoria social) (BRUE, 
2006 p. 123).
Desta forma, afi rmou que toda motivação humana, pode 
ser reduzida a um único princípio, o desejo de maximizar a 
utilidade.
Utilidade quer dizer a propriedade de qualquer 
objeto que tenda a produzir algum benefício, 
vantagem, prazer, bem ou felicidade (tudo 
isso, no caso, equivale à mesma coisa) ou (o 
que de novo equivale à mesma coisa) a impedir 
danos, dor, mal ou infelicidade à parte cujo 
interesse esteja sendo considerado (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005 p. 194).
Essas motivações, segundo Bentham, eram apenas 
manifestações de desejo, do prazer e também da tentativa de 
evitar a dor. Como a dor era uma forma de prazer negativo, o 
princípio da utilidade de Bentham também podia ser expresso 
como “toda atividade humana é derivada do desejo de maximizar o 
prazer”.
Bentham acabou reduzindo todos os motivos humanos 
a um único princípio achando ter encontrado a chave da 
elaboração de uma ciência do bem-estar ou da felicidade 
humana, que pudesse ser expressa matematicamente e que 
pudesse ser elaborada com a mesma exatidão numérica que 
a ciência Física. Para ele, “os prazeres… e a fuga à dor são… 
fi ns” – argumentava ele – que podem ser quantifi cados de 
modo tal que possamos “entender seu valor” (BRUE, 2006).
VALE A PENA LEMBRAR!
Para Bentham, “os seres humanos eram vistos como maximizadores 
calculistas do prazer, e também comofundamentalmente 
individualistas” (BRUE, 2006 p. 124).
Assim, pode-se mencionar que a obra de Bentham 
acabou priorizando o individualismo. Em suas palavras: 
em todo coração humano o interesse 
próprio predomina sobre todos os outros 
interesses em conjunto… A preferência por 
si mesmo tem lugar em toda parte (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005 p. 195).
Ele acreditava que as pessoas também fossem 
essencialmente preguiçosas. Qualquer tipo de trabalho era 
considerado penoso e, portanto, o trabalho nunca seria feito 
sem a promessa de grande prazer ou de evitar dor maior. 
Conforme seus escritos:
Aversão – é a emoção – a única emoção – 
que o trabalho, considerado em si mesmo, 
é capaz de gerar… Na medida em que o 
trabalho seja entendido em seu sentido 
apropriado, a expressão amor ao trabalho 
implica uma contradição de termos (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005 p. 195).
Suas ideias viriam a se tornar importantes no 
desenvolvimento subsequente da teoria do valor-utilidade. 
Adam Smith, conforme nos lembramos, rejeitou a noção 
de que a utilidade pudesse ser sistematicamente relacionada 
com o valor de troca. Embora Smith, Ricardo e Marx tenham 
percebido que as mercadorias deveriam ter valor de uso, a 
fi m de obterem valor de troca, não achavam que se pudesse 
encontrar uma explicação científi ca para a magnitude do valor 
de troca, examinando-se o valor de uso de uma mercadoria. 
Os proponentes posteriores da teoria do valor-utilidade 
rejeitariam o exemplo de Smith, argumentando que não era 
a utilidade total de uma mercadoria que determinava seu 
valor de troca, mas sua utilidade marginal, isto é, a utilidade 
História do Pensamento Econômico 18
adicional conseguida com um aumento pequeno, marginal, 
da mercadoria. Mais uma vez, Bentham foi um importante 
precursor dos teóricos posteriores da utilidade:
Os termos riqueza e valor se explicam 
mutuamente. Um artigo só entra na composição 
de uma riqueza se possui algum valor. A riqueza 
se mede de acordo com os graus desse valor. 
Todo valor se baseia na utilidade… Onde 
não há utilidade, não pode haver valor algum 
(HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 p. 195).
Havia concordância, por parte de Smith e Ricardo, de 
que o valor de uso era uma condição necessária para o valor 
de troca, mas, como insistia Ricardo, quando se considera o 
valor fruto do trabalho, um aumento da produtividade do 
trabalho baixa o valor de uma mercadoria e aumenta a riqueza 
geral. Quando Bentham afi rmou que “a riqueza se mede pelo grau 
desse valor”, estava falando a partir da perspectiva da teoria da 
utilidade, na qual um aumento da utilidade aumenta o valor 
de uma mercadoria e, consequentemente, aumenta a riqueza 
de seu dono.
Um pouco mais adiante Bentham criticou Smith e, 
consequentemente, chegou muito perto da elaboração 
explícita do princípio da utilidade marginal, que, mais tarde, 
deveria tornar-se o pilar da economia neoclássica. Segundo 
Bentham, “o valor de uso é a base do valor de troca… Essa 
distinção vem de Adam Smith, mas ele não associou a ela 
concepções claras” (BRUE, 2006 p. 196).
Assim, Bentham não só formulou os fundamentos 
fi losófi cos da tradição posterior dos economistas neoclássicos, 
como também chegou muito perto de elaborar uma teoria da 
relação entre utilidade marginal e preço. 
VALE A PENA LEMBRAR!
Conforme a teoria da utilidade, um aumento da utilidade aumenta o 
valor de uma mercadoria e, consequentemente, aumenta a riqueza 
de seu dono.
O desenvolvimento de suas ideias também foi o 
prenúncio de uma importante cisão na abordagem ortodoxa 
da economia baseada na utilidade. No fi nal do século XVIII, 
ele era um porta-voz de uma política de laissez-faire, acreditando 
que o livre-mercado alocaria recursos e mercadorias da 
maneira socialmente mais benéfi ca possível. Em seus últimos 
escritos, alterou fundamentalmente sua posição.
3 - Frédéric Bastiat
 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fr%C3%A
9d%C3%A9ric_Bastiat. Acesso em: 21/03/2020.
Frédéric Bastiat (1801 - 1850), francês, foi jornalista, 
fi lósofo, político e panfl etário, que viveu na primeira metade 
do século XVIII. Publicou seu livro, Economic Harmonies, 
em 1850, que representava o produto fi nal do utilitarismo 
econômico puro.
A infl uência do socialismo francês estava se expandindo 
rapidamente na década de 1840. Nesse contexto, Bastiat 
procurou estabelecer a santidade da propriedade privada, 
do capital, do lucro e da distribuição da riqueza existente, o 
capitalismo concorrencial e o laissez-faire. Fez isso estendendo 
coerentemente os princípios do utilitarismo à teoria 
econômica (embora, conforme veremos depois, a teoria do 
valor-utilidade só tenha recebido sua formulação fi nal mais de 
duas décadas depois, em resposta à infl uência crescente das 
ideias socialistas).
Seu livro mostrou a importância atribuída à rejeição da 
noção de que o confl ito de classes era inerente ao capitalismo. 
Em defesa de suas doutrinas, ele (como Sênior) apelou para a 
autoridade da Ciência. Discutindo a distinção entre Economia 
Política “científi ca” (em que seus favoritos eram, claramente, 
Say e Sênior) e o socialismo (em que seu oponente mais 
desprezado era, obviamente, Proudhon). Bastiat escreveu: 
O que estabelece a grande divisão entre as 
duas escolas é a diferença de método. O 
socialismo, como a Astrologia ou a Alquimia, 
adota a imaginação; a Economia Política, 
como a Astronomia e a Química, adota o 
método da observação.... Os economistas 
observam o homem, as leis de sua natureza e 
as relações sociais que se originam dessas leis. 
Os socialistas pensam numa sociedade usando 
a imaginação e, depois, concebem um coração 
humano que se enquadre nessa sociedade 
(HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 p. 260).
Priorizando a superioridade científi ca e religiosa de suas 
ideias, ele começou a desenvolver coerentemente a economia 
utilitarista.
REFLEXÃO
Bastiat é incisivo ao demonstrar que Deus nos deu a vida como 
presente, e que “foi pelo fato de a vida, a liberdade e a propriedade 
existirem antes que os homens foram levados a fazer as leis” (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005 p. 260).
Para ele, a utilidade de ambos os indivíduos aumenta 
depois da troca, sendo que a unanimidade prevalece. Bastiat 
citou Condillac, com aprovação: 
O próprio fato de ser feita uma troca é prova 
de que tem de haver lucro para ambas as 
partes contratantes; caso contrário, a troca 
não seria feita. Por isso, toda troca representa 
dois ganhos para a humanidade (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005 p. 261).
Assim, o utilitarismo requer unanimidade. Uma vez aceita 
a distribuição inicial de “coisas trocáveis”, a troca voluntária 
é um dos poucos aspectos da vida social no qual existe essa 
19
unanimidade entre pessoas que interagem socialmente. Tanto 
a exigência de unanimidade quanto seu cumprimento no ato 
da troca são de grande importância para a moderna economia 
neoclássica. Na economia neoclássica utilitarista, todas as 
interações econômicas, políticas e sociais dos seres humanos 
se reduzem a atos de troca. Uma vez feita essa redução, o 
resultado é óbvio (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 p. 
261). 
A teoria econômica utilitarista reduz-se a este silogismo:
• Todas as trocas são mutuamente benéfi cas para 
todas as partes.
• Todas as interações humanas podem ser reduzidas 
a trocas.
• Logo, todas as interações humanas são benéfi cas 
para todas as partes.
Através dos escritos de Bastiat que a orientação da 
utilidade foi formulada de forma coerente pela primeira vez, 
de modo a reduzir toda a teoria econômica a uma mera análise 
de troca no mercado (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 p. 
262). Com relação às trocas, Bastiat declarou que “a troca é 
a Economia Política, é a própria sociedade, pois é impossível 
conceber a sociedade sem troca ou a troca sem a sociedade” 
(HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 p. 262).
Ele tentou provar que “os impulsos de todos os homens, 
quando motivados pelo interesse próprio e legítimo, se 
enquadram num padrão social harmonioso”, dizendo que 
“o interesse próprio é a molamestra da ação humana”. Os 
desejos ou as necessidades humanas eram insaciáveis, mas os 
meios para sua satisfação eram limitados: “O desejo vem à 
frente, ao passo que os meios fi cam para trás” (BRUE, 2006).
4 - John Stuart Mill
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Stuart_Mill. Acesso em: 21/03/2020.
John Stuart Mill (1806-1873) foi o último grande 
economista da escola clássica, sem dúvida o maior desde a 
morte de Ricardo, em 1823. Ele fez importantes e legítimas 
contribuições sistematizando e popularizando o pensamento 
econômico de seus predecessores.
A escola clássica já estava em declínio e Mill baseou 
seu trabalho em alguns dos conceitos-chave construídos 
na estrutura clássica por Adam Smith e Ricardo. Antes de 
sua morte, a economia neoclássica tinha entrado em cena, 
fi nalmente, para mostrar seus ascendentes neoclássicos.
Sua grande obra, Principles of political economy, publicada 
pela primeira vez em 1848 e reimpressa nos Estados Unidos 
em 1920, foi o principal resumo na área, pelo menos até a 
publicação de Principles of economics, de Alfred Marshall, em 
1890.
CURIOSIDADE
Mill, começou a estudar lógica muito cedo e, aos 13 anos, passou a 
estudar economia política.
Mill rejeitou o limitado e dogmático utilitarismo de 
Bentham, pois considerava também limitado seu ponto 
de vista de que os seres humanos são motivados, em sua 
conduta, por nada mais do que o amor-próprio e o desejo 
pela própria recompensa. Ele desprezou alguns conceitos de 
Bentham, como a busca do ser humano pela perfeição, honra 
e outros fi ns inteiramente por seus próprios objetivos, porém 
não abandonou as ideias utilitaristas, preferiu modifi cá-las. 
Estava preocupado, por exemplo, com a qualidade do prazer 
tanto quanto com a quantidade.
VOCÊ SABIA!
Mill fez a última grande tentativa de integrar a teoria do valor-trabalho 
e a perspectiva utilitarista. 
Mill foi o precursor da escola econômica neoclássica 
marshalliana, muito mais moderada, e que, quase sempre, 
defende reformas liberais e a intervenção governamental. 
Ele tinha um academicismo vasto e um estilo elegante, 
equivalentes à obra de Smith, A Riqueza das Nações, ele era 
eclético e suas doutrinas continham grandes incoerências. 
Iniciou seus Princípios com uma afi rmação que contradizia 
a maioria dos economistas teóricos anteriores a ele e que 
contradiz a economia neoclássica contemporânea.
IMPORTANTE
Mill escreveu: “A produção da riqueza não é, evidentemente, uma coisa 
arbitrária. Tem condições necessárias” (HUNT e LAUTZENHEISER, 
2005 p. 272).
Com isso, ele queria dizer que as leis da matéria e as 
consequências materiais de determinadas técnicas físicas de 
produção eram as mesmas, em todas as sociedades. Ele dizia 
que: “diversamente das leis da produção, as leis da distribuição são, em 
parte, uma instituição humana, isso porque a forma de distribuição da 
riqueza, em qualquer sociedade, depende dos regulamentos ou dos usos 
vigentes nessa sociedade” (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 
p. 272).
Com isso, ele queria dizer que as leis da propriedade 
e outras instituições que afetavam a distribuição da riqueza 
eram instituições humanas que tinham sido mudadas no 
passado e que, segundo ele, mudariam no futuro. Com essa 
rejeição da noção de que a propriedade privada era sagrada e 
mais a rejeição dos dois axiomas básicos do utilitarismo, não é 
de admirar que Mill tenha recusado a encarar a troca como o 
centro da economia política. Assim ele escreveu: 
A troca não é a lei básica da distribuição… 
da produção mais do que as estradas e as 
História do Pensamento Econômico 20
carruagens são as leis essenciais do movimento. 
É, simplesmente, parte da máquina de 
distribuição. Confundir essas ideias parece-me 
não só um erro lógico, como também um erro 
prático (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 
p. 273).
Para todos os utilitaristas coerentes, desde Bastiat até os 
contemporâneos, a troca tem sido o ponto central de toda a 
teoria econômica. A rejeição de Mill a essa abordagem seguiu-
se à sua rejeição de dois princípios centrais do utilitarismo. Ele 
sempre professou ser discípulo de Bentham, e uma das obras 
mais conhecidas de Mill chamava-se Utilitarismo.
Veremos mais adiante em nossa discussão, que Mill não 
acreditava que todos os atos fossem motivados pelo interesse 
próprio. Acreditava apenas que a maioria das pessoas, cujas 
personalidades fossem moldadas por uma cultura capitalista 
concorrencial, agia com base no interesse próprio, em seu 
comportamento econômico.
Mill também insistiu em que alguns prazeres poderiam 
ser considerados moralmente superiores a outros. Se isso for 
verdade, e é claro que concordamos com Mill nesse ponto, 
terá de haver algum princípio superior ao princípio do prazer 
do utilitarismo pelo qual se tornem possíveis julgamentos 
morais de diferentes prazeres. É óbvio que esse princípio mais 
elevado, e não o princípio do prazer utilitarista, é que seria a 
fonte de julgamentos éticos. Mill afi rmou, repetidas vezes, que 
“alguns tipos de prazer são mais desejáveis e mais valiosos do que outros”.
Em outras palavras, independentemente da quantidade 
de prazer envolvida, a poesia pode ser considerada mais 
desejável e mais valiosa do que apertar parafusos. É óbvio 
que isso é contrário ao utilitarismo. O prazer, segundo esse 
enfoque, não é o critério normativo fi nal. Mill não tinha 
dúvida alguma de que “era melhor ser um Sócrates insatisfeito do que 
um tolo satisfeito”. Isso destrói por completo a base sobre a qual 
os economistas utilitaristas, a partir de Bastiat, construíram 
teorias econômicas normativas procurando demonstrar a 
vantagem universal da troca. Podemos concluir que Mill 
tinha um ponto de vista utilitarista e apesar do utilitarismo ter 
infl uenciado signifi cativamente suas ideias, ele não era, com 
toda certeza, um utilitarista convicto.
Mill apresentou a perspectiva da teoria do trabalho, onde 
dizia que a produção consistia, simplesmente, no trabalho 
transformando os recursos naturais.
Para ele:
Os requisitos da produção são dois: o trabalho 
e objetos naturais apropriados… Em quase 
todos os casos… a não ser em alguns casos 
sem importância, os objetos oferecidos pela 
natureza são apenas instrumentais para as 
necessidades humanas, após terem sido, de 
certa maneira, transformados pelo esforço 
humano (HUNT e LAUTZENHEISER, 
2005 p. 275).
Portanto, o valor das mercadorias depende, 
principalmente, da quantidade de trabalho necessária para 
sua produção (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005). Assim, 
de acordo com a afi rmação de que era discípulo de Ricardo, 
Mill parecia ter proposto uma teoria do valor-trabalho, mas 
a última frase da citação anterior é importante. Ele afi rmou, 
ainda, que, embora o trabalho fosse o mais importante 
determinante do valor, não era o único. Assim como suas 
qualifi cações do princípio do prazer de Bentham, acabaram 
constituindo-se numa crítica contrária ao utilitarismo, suas 
qualifi cações da teoria do valor-trabalho culminaram com 
uma rejeição a essa teoria.
Mill argumentava que, a teoria do valor-trabalho só era 
válida quando as razões capital/trabalho fossem as mesmas, 
em todas as indústrias, nesse caso, os custos de produção 
seriam proporcionais ao trabalho incorporado às várias 
mercadorias. Isso, porém, não ocorria com a maioria das 
mercadorias.
Retomando a aula
Finalizamos mais uma aula sobre a História do 
Pensamento Econômico. Por aqui, nosso foco foi 
fi nalizar a compreensão do estudo da Escola Clássica 
e adicionar o estudo da Escola Marginalista. Desta 
forma conseguimos avançar um pouco mais sobre as características e 
as teorias que marcaram estas duas Escolas e seus principais nomes. 
Para que nosso conteúdo seja melhor aproveitado, releia, assim que 
possível, todo material para que consiga expandir, um pouco mais, 
seus conhecimentos.
Por hora, vamos então, recordar!
1 - A nova concepção de valor de William Stanley 
Jevons 
Jevons desenvolveu a Teoria do valor levando em 
consideração a utilidade, assim, desenvolveua Teoria da 
Utilidade Marginal Decrescente, onde utilizou a noção da 
utilidade final (utilidade marginal) para formalizar uma teoria 
geral da escolha racional, abordando também a Teoria da 
troca e o Trabalho.
2 - Jeremy Bentham
O tema central do pensamento de Bentham é chamado 
de utilitarismo ou princípio da felicidade maior. Desta forma, 
afirmou que toda motivação humana, pode ser reduzida a 
um único princípio, o desejo de maximizar a utilidade. Sua 
teoria contém uma apresentação bem elaborada da filosofia 
social utilitarista, que se tornaria a base filosófica da economia 
neoclássica. 
3 - Frédéric Bastiat 
Sua teoria procurou estabelecer a santidade da 
propriedade privada, do capital, do lucro e da distribuição da 
riqueza existente, o capitalismo concorrencial e o laissez-faire. 
Bastiat é incisivo ao demonstrar que Deus nos deu a vida 
como presente, e que “foi pelo fato de a vida, a liberdade e a 
21
propriedade existirem antes que os homens foram levados a 
fazer as leis”.
4 - John Stuart Mill
Mill fez a última grande tentativa de integrar a teoria 
do valor-trabalho e a perspectiva utilitarista, foi o precursor 
da escola econômica neoclássica marshalliana defendendo 
reformas liberais e a intervenção governamental. Rejeitou 
a noção de que a propriedade privada era sagrada e mais a 
rejeição dos dois axiomas básicos do utilitarismo, não é de 
admirar que Mill tenha recusado a encarar a troca como o 
centro da economia política.
HEILBRONER, Robert. A História do Pensamento 
Econômico. Ed. Nova Cultural. 1996.
GENNARI, Adilson Marques e OLIVEIRA, 
Roberson. História do Pensamento Econômico. São Paulo: 
Saraiva, 2009.
Sobre a vida e obra dos principais economistas em: 
http://www.pensamentoeconomico.ecn.br/.
Vale a pena assistir
Vale a pena
Minhas anotações
4ºAula
Fundamentos do pensamento 
marxista
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
• compreender mais uma fase na evolução da História do Pensamento Econômico através dos estudos dos 
fundamentos do pensamento marxista;
• identificar os principais aspectos e pontos mais relevantes do pensamento marxista;
• conhecer a visão socialista do pensamento econômico. 
Aprendemos até aqui sobre as teorias propostas pela Escola 
Clássica e seus principais Pensadores: Adam Smith, Thomas Robert 
Malthus, Jean-Baptiste Say, David Ricardo, Jeremy Bentham e John 
Stuart Mill. Aprendemos também sobre a chamada Escola Marginalista 
através dos estudos sobre William Stanley Jevons e Frédéric Bastiat, 
assim como suas peculiaridades com relação à Escola Clássica.
Nesta quarta aula, vamos avançar um pouco mais na sequência 
da evolução histórica das teorias econômicas abordando os estudos 
sobre os fundamentos do pensamento marxista, assim como, sua 
visão socialista.
Bons estudos!
História do Pensamento Econômico 24
1 - Fundamentos do pensamento marxista
1 - Fundamentos do pensamento 
marxista
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx - Acesso em: 21/03/2020.
O revolucionário Karl Marx (1818-1883) nasceu em 
Trier, na Renânia, e foi o fundador do socialismo científi co. 
Pertencia a uma família burguesa de origem judaica. Era 
formado em Direito e conclui, para sua formação, que 
necessitava de um sistema fi losófi co onde se interessa por 
Hegel. Sob infl uência de Gans, professor de Direito Penal 
na Faculdade de Direito de Berlim, que Marx frequentava, 
começam a surgir, entre os jovens hegelianos, tendências 
esquerdistas. A renovação do hegelianismo iniciara-se, em 
1835, com a publicação da “Vida de Jesus”, de David Strauss, 
grande sucesso entre a juventude alemã. Aos 19 anos, Marx 
assimilou a fi losofi a de Hegel estabelecendo relações com a 
esquerda hegeliana.
O ano de 1841, marca uma nova fase na evolução 
intelectual de Marx, com a publicação de “A Essência do 
Cristianismo”, de Feuerbach. Ao conhecimento da fi losofi a 
materialista junta-se a atividade jornalística na Gazeta Renana, 
mas em 1843 a Gazeta é proibida de circular e Marx parte 
para Paris, após se casar. Em Paris relaciona-se, entre outros, 
com Proudhon e Engels. Friedrich Engels era hegeliano de 
esquerda e socialista, estudara economia política, conhecia a 
doutrina socialista de Owen e possuía já uma visão esquemática 
da interpretação materialista da história tendo uma preparação 
teórica muito diferente da de Marx. Assim, o marxismo é 
efetivamente, uma obra comum de Marx e Engels.
Em 1843, no seu livro “Introdução à Crítica da Filosofi a do 
Direito de Hegel”, Marx confronta Feuerbach com Hegel e destaca 
a contradição inerente ao Estado hegeliano e as coerências 
entre o idealismo de Hegel e suas opiniões reacionárias. Em 
1846 inicia uma crítica ao trabalho de Proudhon “Filosofi a da 
Miséria”, rompendo relações com o socialismo francês.
Marx e Engels prosseguem com intensa atividade teórica 
Seções de estudo
e política, expondo em 1848, sua doutrina no “Manifesto 
Comunista”, que se torna famoso levando à expulsão de Marx 
da Bélgica, onde acabou se refugiando em Paris. Posteriormente, 
segue para a Alemanha, juntamente com Engels, para participar 
nos acontecimentos revolucionários de 1848. 
INTERESSANTE!
Em 1849 Marx é exilado novamente, passando a viver na França e na 
Inglaterra, onde funda a Associação Internacional dos Trabalhadores.
É na Inglaterra que ele inicia o estudo da economia 
política. As doutrinas da Escola Clássica, o desenvolvimento 
industrial do país e as crises cíclicas, proporcionam a Marx 
um vasto campo de estudo. Em 1859 publica a “Crítica da 
Economia Política”, que é uma profunda introdução a “O 
Capital”, a sua obra decisiva, cujo volume I aparece em 1867. 
A fusão do movimento operário alemão lhe propicia uma 
oportunidade para criticar fortemente o socialismo reformista.
Os demais volumes de “O Capital” só foram publicados 
após a morte de Marx, em 1883, por Engels, mais precisamente 
em 1885 e 1889. Em 1904, Kautsky publicou “Teorias da 
Mais-Valia” a partir das notas de Marx para o volume IV de 
“O Capital”.
Em suas palavras, Marx asseverava que:
As minhas investigações conduziram à 
conclusão de que as relações jurídicas – assim 
como as formas de Estado – não podiam ser 
compreendidas nem em si, nem pela chamada 
evolução geral do espírito humano, mas 
que, inversamente, tinham as suas raízes nas 
condições materiais da existência [...].
[...] na produção social da sua existência, os 
homens entram em relações determinadas, 
necessárias, independentes da sua vontade, 
relações de produção que correspondem a 
um determinado grau de desenvolvimento das 
suas forças produtivas materiais. O conjunto 
destas relações constitui a estrutura jurídica 
e política, à qual correspondem formas de 
consciência social determinadas. O modo 
de produção da vida material condiciona o 
processo da vida social, política e intelectual 
em geral. Não é a consciência dos homens que 
determina o seu ser; é, inversamente, o seu ser 
social que determina a sua consciência. Num 
certo estádio de desenvolvimento as forças 
produtivas materiais da sociedade entram 
em contradição com as relações de produção 
existentes, ou, o que não é senão a sua expressão 
jurídica, com as relações de propriedade no 
meio das quais até então tinham evoluído. 
De formas de desenvolvimento das forças 
produtivas que eram, estas relações tornam-
se obstáculos ao seu desenvolvimento. Então 
inicia-se uma época de revolução social. A 
mudança na base econômica transforma, mais 
ou menos, toda a superestrutura (HUNT e 
LAUTZENHEISER, 2005 p. 297).
Utilizando seu método dialético, de um conhecimento 
25
profundo da economia política inglesa, Marx analisa a 
estrutura econômica da sociedade capitalista. Ele escreveu, “o 
que caracteriza a economia política burguesa” é o fato de “ver 
na ordem capitalista não uma fase transitória do progresso 
histórico, mas a forma absoluta e defi nitiva da produção 
social” (HUNT e LAUTZENHEISER, 2005 p. 297).
Marx verifi ca que a vida econômica na épocacapitalista 
consiste em um “sistema de trocas”. E ao contrário dos 
clássicos, conclui que esse sistema não é um sistema de trocas 
equivalentes. Se assim fosse, não se dariam, regularmente, 
crises de superprodução. É da periodicidade das crises que 
Marx deduz que não existe uma tendência natural para a 
harmonia e o equilíbrio econômico, mas uma tendência 
permanente para o desequilíbrio.
A origem do lucro, não pode ser explicada, para Marx, 
através da teoria da troca. Para ele, o problema das crises é a 
investigação do verdadeiro caráter do lucro que levam Marx 
ao estudo do valor.
IMPORTANTE
Marx atribui ao trabalho a origem do valor. 
O valor de uma mercadoria é determinado pela 
quantidade de trabalho social médio que essa mercadoria 
representa. Para ele: 
O tempo socialmente necessário à produção 
das mercadorias é o que exige qualquer 
trabalho, executado com o grau médio de 
habilidade e de intensidade e em condições 
[...] normais (HUNT e LAUTZENHEISER, 
2005 p. 298).
A aparência econômica nos dá a ilusão de que o dinheiro 
se troca por dinheiro, ou por coisas que valem dinheiro. Na 
realidade, a troca estabelece a passagem de uma mão para outra 
de trabalho humano incorporado nos produtos da atividade 
humana e isso segundo certas relações históricas e sociais 
que constituem a estrutura de cada sociedade diferenciada 
(comunidade tribal, sociedade senhorial, sociedade capitalista, 
etc.)
VALE A PENA LEMBRAR!
A consagração de Marx vem após a publicação de “O Capital”.
 A simples troca de mercadorias forma uma operação 
complexa, iguala o que é desigual, realiza um movimento 
dialético. Quando as máquinas se tornam fundamentais para 
a produção, o que acontece no capitalismo industrial, a troca 
através do verdadeiro capitalismo, se complica.
O desgaste das máquinas entra no valor do produto, 
assim como o valor dos salários e o lucro. Ao capital investido 
nas máquinas, nas instalações e nas matérias-primas, Marx dá 
o nome de capital constante, enquanto que ao capital gasto 
em salários e do qual provém o lucro, chama capital variável. 
A proporção entre os capitais é designada por composição 
orgânica do capital, variando de acordo com o ramo de 
produção. Duas mercadorias que resultem do mesmo tempo 
de trabalho social não são trocadas com o mesmo valor senão 
quando a composição orgânica do capital dos dois ramos de 
produção for igual.
IMPORTANTE
O assalariado não vende ao capitalista “o seu trabalho”, mas a sua 
força de trabalho, o seu tempo de trabalho. 
O salário representa, ao trabalhador individual, a 
quantidade de trabalho necessário à sociedade para ela 
se alimentar, vestir, alojar, etc. Que é inferior ao tempo de 
trabalho social médio que representa o seu tempo de trabalho 
individual. Se não o fosse, o trabalho de cada indivíduo não 
seria produtivo, seria o trabalho sufi ciente para assegurar a sua 
manutenção.
O salário revela, e dissimula, uma operação complexa: 
a troca da força de trabalho, paga pelo seu valor, pelo valor 
criado pela força de trabalho. O capitalista guarda a diferença 
entre o salário e o valor do produto. O lucro deixa então de 
ser um mistério social, é a mais-valia adquirida pelo capital no 
decurso do processo de produção.
O capitalismo surge como uma troca de não equivalentes. 
Assim, em vez de harmonia e equilíbrio, se manifesta no seu 
seio forças de desequilíbrio e ruptura. A massa dos produtores 
não pode consumir o que produz. 
IMPORTANTE
Para Marx, a contradição principal não é a que existe entre produção 
e consumo, mas entre o caráter socialmente produtivo do trabalho e 
a apropriação privada dos produtos do trabalho.
As crises periódicas revelam o confl ito interno entre as 
forças de equilíbrio e as forças de ruptura. O ciclo apresenta 
tendência para a sobreprodução que, ao atingir a fase aguda, se 
manifesta pela crise, pela queda das vendas, pelo desemprego, 
pela destruição de estoques, de parte das máquinas, etc. 
Fazendo diminuir a produção, a crise se equilibra com o 
nível imposto pelas possibilidades de consumo. Vem então 
o equilíbrio, a animação econômica, que dura algum tempo, 
até nova crise. O equilíbrio interno do capitalismo se obtém 
por intermédio das crises, que resolvem a contradição entre as 
forças de equilíbrio e as forças de ruptura.
Retomando a aula
Finalizamos mais uma aula sobre a História do 
Pensamento Econômico. Assim, estudamos os 
fundamentos do pensamento marxista, sua visão 
socialista e oposição ao capitalismo e a Escola Clássica.
Não se esqueça de reler o material para que a expansão do 
conhecimento não cesse. 
Por hora, vamos então, recordar!
1 - Os fundamentos do pensamento marxista
Marx baseia sua doutrina no “Manifesto Comunista”, e 
sua consagração vem após a publicação de “O Capital”. Ele 
História do Pensamento Econômico 26
Minhas anotações
verifi ca que a vida econômica na época capitalista consiste em 
um “sistema de trocas”. E ao contrário dos clássicos, conclui 
que esse sistema não é um sistema de trocas equivalentes. 
Se assim fosse, não se dariam, regularmente, crises de 
superprodução. É da periodicidade das crises que Marx deduz 
que não existe uma tendência natural para a harmonia e o 
equilíbrio econômico, mas uma tendência permanente para 
o desiquilíbrio. Para ele, a origem do lucro, não pode ser 
explicada através da teoria da troca, portanto, o problema 
das crises é a investigação do verdadeiro caráter do lucro que 
levam Marx ao estudo do valor.
Sobre a vida e obra dos principais economistas em:
http://www.pensamentoeconomico.ecn.br/
Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx: https://www.
youtube.com/watch?v=taiKSqF0-NM.
Vale a pena assistir
Vale a pena
5ºAula
A Escola Neoclássica. As críticas 
de Schumpeter e Keynes aos 
neoclássicos. A revolução 
keynesiana
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
• identificar as principais contribuições da Escola Neoclássica para a História do Pensamento Econômico;
• conhecer as críticas de Joseph Alois Schumpeter e John Maynard Keynes sobre os neoclássicos;
• analisar a teoria keynesiana e sua revolução;
• estudar as contribuições da Escola Austríaca através de Friederich A. Hayek e Ludwig Von Mises.
Nas aulas anteriores, aprendemos sobre a chamada Escola 
Marginalista através dos estudos sobre William Stanley Jevons e Frédéric 
Bastiat, assim como suas peculiaridades com relação à Escola Clássica. 
Outro avanço que fizemos, na evolução histórica das teorias econômicas, 
foi quando abordamos os estudos sobre os fundamentos do pensamento 
marxista e sua visão socialista, tema de nossa última aula.
Agora, iniciaremos mais um tema que nos mostrará as bases da 
Escola Neoclássica através dos estudos sobre Alfred Marshall, seu 
precursor. Veremos ainda as críticas de Joseph Alois Schumpeter e 
John Maynard Keynes sobre os neoclássicos e também a revolução 
keynesiana. Por fim, estudaremos também as contribuições da Escola 
Austríaca através de Friederich A. Hayek e Ludwig Von Mises.
Bons estudos!
História do Pensamento Econômico 28
1 - A escola neoclássica
2 - As críticas de Joseph Alois Schumpeter e John 
Maynard Keynes aos neoclássicos
3 - A revolução keynesiana
4 - Friederich A. Hayek e Ludwig Von Mises
1 - A escola neoclássica
A economia neoclássica, de hoje, surgiu através da 
transformação do pensamento marginalista. Como neo signifi ca 
“novo”, neoclassicismo implica uma nova forma de classicismo. 
Os economistas neoclássicos eram “marginalistas”, pois 
destacavam a tomada de decisões e a determinação dos preços 
na margem. Contudo, podemos perceber três diferenças entre 
os marginalistas e os neoclássicos. 
• o pensamento neoclássico salientava a oferta e a 
demanda para determinar os preços de bens, serviços 
e recursos no mercado, enquanto os marginalistas 
reforçavam somente a demanda; 
• os economistas neoclássicos evidenciaram o papel da 
moeda na economia do que os antigos marginalistas; 
• os economistas neoclássicos ampliaram a análise 
marginalpara as estruturas do mercado além da 
livre-concorrência, do monopólio e do duopólio. 
A primeira dessas diferenças é evidente nas obras de 
Alfred Marshall, a maior fi gura da escola neoclássica.
Alfred Marshall (1842 – 1924)
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Marshall - Acesso em: 23/03/2020.
Filho de um funcionário do Banco da Inglaterra que 
desejava guia-lo para uma carreira eclesiástica. Mesmo com 
as pressões paternas, rejeitou uma bolsa de estudos em 
Oxford, onde deveria fazer os cursos para o desempenho 
de suas funções religiosas. Apoiado por um tio rico estudou 
matemática em Cambridge, disciplina para a qual confi rmou 
seu grande talento, além de estudar paralelamente moral e 
ética. Iniciou seus estudos em economia em 1867, procurando 
contribuir através da matemática e da geométrica para as 
análises de Ricardo e Mill. 
Seções de estudo
IMPORTANTE
Chegou à conclusão de que a utilidade não deveria ser estudada do 
ponto de vista da utilidade total, mas da perspectiva dos seus efeitos 
em termos de pequenos incrementos. 
Em 1890, estava ensinando economia em Cambridge 
quando publicou sua principal obra, Principles of economics, 
que se tornou o principal manual de economia por décadas, 
infl uenciando a formação de gerações de economistas. 
IMPORTANTE
Marshall foi um grande sintetizador, combinando o melhor da 
economia clássica com o pensamento marginalista, criando assim a 
economia neoclássica. 
A abordagem da utilidade do sistema de Marshall lida 
com prazeres, esforços, desejos, aspirações e incentivos para 
se tomar uma atitude. Como podemos medir a utilidade de 
tais bens intangíveis? Ele audaciosamente afi rmava: “com 
dinheiro”. 
Os primeiros marginalistas afi rmavam que a força das 
preferências de uma pessoa determina o total de dinheiro 
que ela está disposta a gastar para adquirir um produto ou 
o total de trabalho que está disposta a sacrifi car para atingir 
um determinado objetivo. No entanto, Marshall inverteu a 
relação para medir as preferências de acordo com a escala 
fi nanceira de pagamentos. 
CURIOSIDADE
Marshall realizou uma reforma cautelosa, levando de forma modesta, 
o abandono ao laissez-faire (BRUE, 2006).
Os marginalistas diriam que, se os sapatos são duas vezes 
mais úteis do que um chapéu, você se dispõe a pagar o dobro 
pelos sapatos. Marshall diria que, como você está disposto 
a pagar o dobro pelos sapatos, comparando-os ao preço do 
chapéu, podemos concluir que os sapatos produzem duas 
vezes mais utilidade para você. 
A medida exata em dinheiro das preferências ou motivos 
na vida dos negócios torna a economia a mais exata das 
ciências sociais. Esse dispositivo de aferição da economia, 
aproximado e imperfeito como é, é o melhor dispositivo que 
temos para calcular os motivos psicológicos das pessoas, da 
forma expressa no mercado.
O dinheiro mede a utilidade na margem, no ponto em 
que as decisões são tomadas. Marshall afi rmava, conforme 
podemos observar:
Se desejarmos comparar a satisfação física, 
não devemos fazê-lo de forma direta, mas 
sim indireta, por meio das motivações que 
eles produzem para a ação. Se os desejos de 
realizar um dos prazeres induzem as pessoas 
que se encontram em circunstancias similares 
a fazer uma hora extra ou induzem os homens 
do mesmo estilo de vida e com os mesmos 
meios a pagar um xelim por ele, podemos 
dizer que esses prazeres são iguais em seus 
propósitos, porque os desejos em relação a 
eles são motivações igualmente fortes para as 
pessoas em condições semelhantes (BRUE, 
29
2006 p. 276).
Assim, Marshall indaga a difi culdade em generalizar 
a utilidade marginal para pessoas de diferentes situações 
fi nanceiras, atrelando a isso a felicidade, como assevera abaixo: 
Um aumento no dinheiro, como uma unidade 
adicional de bens, possui uma utilidade 
marginal maior para uma pessoa pobre do 
que para uma pessoa rica, porque o pobre tem 
menos dinheiro inicialmente (BRUE, 2006 p. 
277).
Evoluindo em seus estudos, Marshall deslocou a discussão 
em torno da resolução do valor da esfera da produção para 
a esfera do mercado, asseverando que o valor dependia da 
utilidade marginal, assim, uma teoria do valor determinada pela 
produção sucedeu outra, determinada pela troca. 
O modelo analítico de Marshall considera dois agentes 
econômicos, um consumidor e um produtor, agindo para 
maximizarem a utilidade e o lucro num sistema de concorrência 
perfeita no qual todas as demais variáveis externas à análise 
continuavam constantes (ceteris paribus).
Em sua análise da demanda, Marshall partia da lei da 
utilidade marginal decrescente, para qual a satisfação e a 
utilidade proporcionadas por um bem diminuem à medida 
que se adquirem unidades adicionais desse bem. 
A aplicação do conceito da utilidade marginal na análise 
econômica dependia da defi nição de uma medida para a 
utilidade, assim, o preço poderia ser tomado como uma 
medida aproximada da utilidade.
IMPORTANTE
Marshall também foi o criador do conceito de elasticidade. Esse 
conceito quantifi ca o efeito da variação de uma variável em outra.
Marshall apresentou uma de suas grandes contribuições 
quando analisou o lado da oferta por meio de instrumentos e 
conceitos simétricos aos utilizados para a análise da demanda, 
criando uma teoria integrada. Outra inovação consiste na 
maneira como ele abordou o fator tempo na análise econômica. 
Os economistas analisavam as mudanças econômicas no 
tempo, até a chegada de sua contribuição. Além disso, ele 
passou a considerar os efeitos que a passagem do tempo 
produz e as interferências da duração na vida econômica. 
Por fi m, ele reconheceu os custos de produção como um dos 
determinantes do preço, ao lado da demanda, reformulando a 
teoria do valor marginalista (GENNARI e OLIVEIRA, 2009). 
2 - As críticas de Joseph Alois 
Schumpeter e John Maynard Keynes 
aos neoclássicos
Schumpeter teve bastante infl uência de Marx e também 
foi infl uenciado pelas descobertas que marcaram sua época. 
De Marx herdou a visão do processo de desenvolvimento. 
Teve concepções próprias em relação a alguns pontos da 
análise econômica, que o distinguem dos demais neoclássicos, 
por exemplo, a questão da soberania do consumidor, dos 
determinantes do investimento e poupança (juros, lucros, 
salários). Contudo, o que mais o distingue dos neoclássicos é 
sua visão mais “geral” do processo de desenvolvimento, bem 
como o fato de ter sido o primeiro neoclássico a tentar explicar 
o processo da variação econômica. Assim, o pensamento 
schumpeteriano tem grande contemporaneidade, mostrando 
a importância de suas refl exões para procurar compreender 
os movimentos da modernidade (MORICOCHI e 
GONÇALVES, 1994).
Keynes repudia a “Lei de Say” respaldada por Ricardo 
e aceita por Marshall, fazendo questionamentos acerca da 
função da oferta agregada, pois era quem importava e deixando 
de lado a função da demanda agregada. Assim, Keynes cria o 
Princípio da Demanda Efetiva e não faz críticas rigorosas aos 
neoclássicos, pois observou que, quanto ao grande enigma da 
demanda efetiva não há “qualquer menção, uma vez sequer, 
em toda a obra de Marshall e demais teóricos que deram à 
teoria clássica a sua forma mais defi nitiva” (CARVALHO e 
CARVALHO, 2013).
3 - A revolução keynesiana
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/John_
Maynard_Keynes - Acesso em: 23/03/2020.
John Maynard Keynes (1883-1946) em sua obra, A 
Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de 1936, refutou a 
ideia de equilíbrio com pleno emprego de fatores, pela rigidez 
de salários e preços. Segundo ele, há desemprego involuntário 
e em função disso, a economia opera com capacidade ociosa.
De forma a elevar os níveis de emprego e de renda, 
maximizando-se o bem-estar social, é necessário estimular 
a propensão a investir dos empresários, sendo que através 
do Estado, realizando políticas monetárias e fi scais, pode-se 
estimular a economia. Desta forma o Estado realizaria gastos 
e infl uenciaria as expectativas empresariais e também o

Outros materiais