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2ºaula
Tributação
objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
•	 assimilar as principais funções do Estado;
•	 compreender os principais princípios tributários;
•	 entender os efeitos dos impostos.
Caros(as) alunos(as), nesta aula, vamos dar continuidade ao 
nosso curso de Economia do Setor Público, aprofundando um 
conceito muito importante nas finanças públicas: a tributação. 
Iniciaremos com uma introdução, dando prosseguimento aos 
principais princípios tributários e enfocando os pontos da 
Incidência Tributária.
Bons estudos!
14Economia do Setor Público
Seções de estudo
1 - Introdução
2 - Princípios Tributários
3 - Incidência Tributária
1 - introdução
Vimos na aula anterior que há situações em que o mercado 
é ineficiente e se faz necessária a presença do Setor Público 
para eliminar ou mitigar determinadas falhas de Mercado. 
A intervenção do governo na economia foi legitimada a 
partir da Grande Depressão de 1929, quando ficou claro 
que a economia de mercado não tinha mais condições de se 
autorregular. Portanto, relembrando conceitos já estudados na 
disciplina de Finanças Públicas, são três as funções do Setor 
Público na atividade econômica: função alocativa, distributiva 
e estabilizadora.
	Função Alocativa: está associada à alocação de 
recursos na economia, principalmente fornecimento 
e regulando os bens públicos ou semipúblicos. 
Como já vimos, os bens públicos são não rivais e 
não excludentes e, portanto, o seu fornecimento 
não é interessante para as empresas privadas. Logo, 
fica a cargo do Estado ofertar esses bens, com o 
objetivo de melhorar a eficiência econômica. Para 
isso, o governo pode produzir diretamente os 
bens e serviços para a sociedade, pode financiar 
recursos para que o mercado produza ou pode 
regular as atividades econômicas por meio de 
normas e fiscalização para aumentar o bem-estar 
da sociedade. Assim, não necessariamente o Setor 
Público deve produzir os bens e serviços, ele pode 
regular ou incentivar essa produção. Na eficiência 
alocativa, o principal objetivo é utilizar os recursos 
da economia de forma a atender ao maior número 
de necessidades/desejos da sociedade.
	Função Distributiva: está associada à busca da 
redução da desigualdade de renda através de uma 
distribuição justa. Para tanto, a atuação do Governo 
se dá através da tributação progressiva, de subsídios 
para consumidores de baixa renda e de gastos 
públicos direcionados para áreas mais carentes. 
Portanto, a função distributiva irá organizar a 
forma que a renda gerada pelos fatores de produção 
(capital, trabalho e terra) é distribuída na sociedade. 
	Função Estabilizadora: está relacionada à 
intervenção do Estado na economia para alterar 
o comportamento dos preços e emprego, ou 
seja, utilizar políticas macroeconômicas (fiscal e 
monetária) para manter a inflação sob controle e 
obter um elevado nível de emprego e renda.
Dadas às funções do Setor Público em busca da 
eficiência econômica, se faz necessário o financiamento do 
Governo para fazer frente aos seus gastos. A principal fonte 
de receita do governo é através da arrecadação tributária, ou 
seja, a tributação é utilizada como ferramenta para diminuir os 
desequilíbrios conjunturais e melhorar as taxas de crescimento 
e desenvolvimento econômico.
Vimos também na aula anterior que se faz necessário o 
debate para entender qual deve ser a alíquota de um imposto 
que tem como objetivo reduzir as externalidades negativas. 
Logo, a discussão avança no sentido de entender como 
a tributação deve ser implementada de forma que esta seja 
considerada justa, ou seja, quais são os princípios que norteiam 
aquela que seria uma tributação ideal.
2 - Princípios Tributários
Vocês se lembram da definição de tributo? Vamos 
relembrar???
TRIBUTO: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda, 
ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato 
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa 
plenamente vinculada.
Os tributos relevantes aqui nesta disciplina são aqueles 
presentes na Constituição Federal: impostos, taxas e 
contribuições (de melhoria e para seguridade social). As taxas 
são os tributos vinculados a uma contraprestação do Estado, 
ou seja, para arrecadar o Estado precisa dar algo em troca, 
seja o fornecimento de um bem público ou a concessão de 
alvará, por exemplo. A contribuição de melhoria é aquele 
tributo cobrado pelo Estado em consequência de uma obra 
pública que irá proporcionar uma valorização no imóvel, ou 
seja, assim como a taxa, esse tributo também é vinculado. A 
contribuição para a seguridade social (o famoso COFINS), 
incide sobre a receita das empresas e é destinada a financiar 
a seguridade social (previdência social, saúde e assistência 
social), ou seja, também é um tributo vinculado. Por último, 
mas não menos importante, temos os impostos que são os 
únicos tributos que não têm vinculação, ou seja, o imposto é 
um tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação 
independente da atividade do Estado específica relativa ao 
contribuinte. 
Considerando a importância da tributação para o custeio 
das atividades públicas visando o bem-estar da sociedade, os 
princípios de tributação são diretrizes para orientar o poder 
público para obter máxima eficiência, afetando o mínimo 
possível as atividades econômicas. Esses princípios são 
teóricos, ou seja, eles devem ser sempre observados, embora 
nem sempre seja viável. 
2.1 Princípio da Equidade
O princípio da equidade relaciona a cobrança do tributo 
com a capacidade de pagamento do contribuinte, ou seja, a 
tributação deve tratar de forma igual aqueles que são iguais 
e dar um tratamento diferenciado para os desiguais. Assim, 
cada indivíduo em tese deve contribuir com uma parcela justa 
de impostos. 
Portanto, um argumento válido é que cada indivíduo 
15
deveria contribuir proporcionalmente para os benefícios 
gerados pelo consumo do bem público em questão. Esse 
princípio é simples do ponto de vista teórico, mas difícil 
de medir, porque o Estado não conhece a preferência do 
indivíduo, que não é revelada no seu consumo, somente nos 
processos eleitorais, e, ainda assim, com distorções. Além 
disso, como cada indivíduo tem preferências diferenciadas 
conforme sua renda, posição social, cultura etc., seria 
impossível definir um padrão de cobrança válido para toda 
a sociedade.
Esse princípio está relacionado à busca pela justiça fiscal 
e um exemplo de aplicação de tal princípio é o IRPF (Imposto 
de Renda para Pessoa Física). O IRPF cobra porcentuais 
diferentes para diferentes faixas de renda e percentuais iguais 
para as mesmas faixas de renda. 
2.2 Princípio da Progressividade
Consideramos esse princípio intimamente associado 
ao princípio da equidade estudado anteriormente. Pelo 
princípio da progressividade, o tributo deve possuir alíquota 
de tributação que se eleva quando aumenta o nível de renda. 
Isso nos diz que, as pessoas que ganham mais, pagarão mais 
impostos, já que as alíquotas irão subir de acordo com o nível 
de renda.
Você pensou em algum imposto que é progressivo? 
Isso mesmo, o IRPF é um ótimo exemplo de tributo que 
atende ao princípio da progressividade. Esse princípio está 
relacionado à equidade vertical, que consiste em indivíduos 
com capacidades desiguais arcarem com cargas tributárias 
diferentes. Ao tributar mais quem possui renda maior, o 
governo, através da sua função distributiva, poderá prestar 
serviços públicos para a sociedade em geral ou direcionar aos 
mais necessitados. 
Os tributos podem ser progressivos ou regressivos. 
Como vimos, a progressividade de um tributo está associada 
à alíquota de tributação que se eleva quando aumenta a renda. 
Por outro lado, um imposto regressivo é aquele que implica 
uma contribuição maior da parcela da população de mais 
baixa renda, vis a vis, a população de mais alta renda. Assim, 
o número de alíquotas de um imposto influencia diretamente 
a suanatureza progressiva ou regressiva, quanto maior o 
número de alíquotas, mais progressivo ele será. 
É claro que os impostos regressivos não são impostos 
deliberadamente, mas, sim, indiretamente. Um exemplo de 
imposto regressivo é o ICMS. Imagina que para comprar 
uma televisão você paga 20% de ICMS. Se a televisão custa 
R$2.500,00, você irá pagar R$500,00 de ICMS. Se você ganha 
R$5.000,00, isso representa 10% da sua renda. Agora, imagina 
que o Neymar irá comprar a mesma televisão. Ele irá pagar os 
mesmos R$ 500,00 de ICMS (20% sobre 2.500), mas sabendo 
que a renda dele é muito maior do que a sua, sabemos que esse 
imposto vai representar muito menos do que 10% da renda 
dele. No Brasil, além do ICMS, outro exemplo de imposto 
regressivo é o ISS (Imposto Sobre Serviços).
RELEMBRANDO!
Princípio do benefício: cada indivíduo contribui com um montante 
proporcional ao seu usufruto (ou benefício) do bem ou serviço ofertado 
pelo governo. Quanto maior o benefício, maior seria a contribuição, e 
vice-versa. 
Princípio da capacidade de pagamento: distribui o ônus da tributação 
entre os indivíduos da sociedade de acordo com a sua capacidade de 
pagamento. Além disso, ele permite a formulação de uma regra geral 
que deve contemplar a equidade em dois sentidos complementares:
• equidade vertical (segundo a qual indivíduos com diferentes 
capacidades de pagamento devem pagar diferentes níveis de impostos);
• equidade horizontal (que nos diz que contribuintes com igual 
capacidade de pagamento devem pagar o mesmo nível de impostos).
2.3 Princípio da Neutralidade
 Pelo princípio da neutralidade, um tributo é dito neutro 
quando não interfere na tomada de decisão dos agentes 
econômicos em relação à alocação dos recursos. Isso nos diz 
que, de acordo com esse princípio, o sistema de tributação 
deve ser otimizado de modo a interferir o mínimo possível na 
alocação de recursos da economia.
Na prática, a tributação neutra é aquela que, ao ser 
implementada, causa a menor distorção possível, ou seja, não 
altera os preços relativos e, consequentemente, não possui 
efeito substituição (só possui efeito renda) e, portanto, não 
causa excesso de carga e perda de peso morto.
Desse modo, o tributo que atende a esse princípio não 
deve comprometer a competição entre as empresas. Exemplos 
teóricos: imposto lump-sum, imposto per capita, imposto geral 
sobre o consumo e imposto geral sobre a renda.
Os impostos do tipo lump-sum são aqueles cobrados em 
um montante fixo por pessoa, independentemente de qualquer 
circunstância. Esse tipo de imposto é regressivo, pois pessoas 
com menor renda pagarão o mesmo montante que as pessoas 
com maior renda. Por outro lado, o lump-sum é considerado 
como imposto que atende ao princípio da neutralidade, 
pois não gera distorções nos preços dos produtos e, dessa 
forma, não influencia a escolha dos consumidores, nem dos 
produtores.
2.4 Princípio da Simplicidade
O princípio da simplicidade nos diz que a legislação 
tributária deve ser a mais simples possível, ou seja, esse princípio 
relaciona-se diretamente à facilidade na operacionalização da 
cobrança dos tributos. Por um lado, o imposto deve ser de 
simples recolhimento para quem paga e, por outro, não deve 
acarretar um processo de fiscalização que implique em custos 
administrativos elevados demais para o governo. O objetivo 
fundamental deve ser facilitar a operacionalização na cobrança 
do tributo.
Portanto, o sistema tributário deve ser de fácil 
compreensão para a sociedade, bem como de fácil 
operacionalização pelo governo, atingindo assim a maior 
eficiência possível na arrecadação. Com um sistema simples, 
é possível até para estimular a autoarrecadação do imposto, 
permitindo que o próprio contribuinte arrecade ou auxilie 
na arrecadação do tributo. Esse princípio pode ser buscado 
principalmente na etapa de instituição legal do tributo, ou seja, 
de sua criação por meio de lei.
16Economia do Setor Público
3 - incidência Tributária
Como vimos, quando falamos de impostos é preciso 
se preocupar com quem vai arcar com a carga tributária e 
quais são os fatores capazes de influenciar essa distribuição. 
Para analisar os efeitos dos impostos é necessário considerar 
as interações entre o mercado sobre o qual foi instituído o 
imposto e todos os outros mercados e também considerar o 
tempo (modelos de curto, médio e longo prazo).
3.1 incidência Tributária em 
Mercados competitivos
Mercados competitivos são aqueles independentes, ou 
seja, o que acontece em um deles não afeta os demais. Mas, 
qual será o novo equilíbrio no caso de um imposto específico 
sobre as vendas? O que acontece com os preços ao vendedor 
e ao comprador? E com a Receita tributária?
Primeiro é importante definir imposto específico como 
aquele aplicado por quantidade, ou seja, representa um valor 
fixo por unidade vendida, independentemente do valor da 
mercadoria, por exemplo, aqueles aplicados no cigarro (ex: 
R$2,00 por maço, independentemente do preço). O primeiro 
exercício é entender o que acontece no equilíbrio se esse 
imposto (imagine que seja t reais) for de responsabilidade 
do vendedor. 
Podemos verificar na figura a seguir que antes do 
imposto, o ponto de equilíbrio (preço e quantidade) é na 
interseção da curva de oferta e de demanda. Portanto o ponto 
de equilíbrio é o ponto E, a quantidade de equilíbrio é Q0 
e o preço de equilíbrio é P0. Com a incidência do imposto t 
de responsabilidade dos vendedores, estes têm os seus custos 
marginais aumentados do mesmo montante de t, deslocando 
a curva de oferta para cima, aumentando o preço que o 
produtor deseja receber por esse bem na mesma quantidade 
do imposto t, ou seja, para o produtor o preço de equilíbrio 
será P0 + t. 
Fonte: BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo Roberto. Economia do setor público no 
Brasil. rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
No novo equilíbrio (ponto A), temos Pc e Q1 como preço 
e quantidade de equilíbrio. Observe que nesse novo equilíbrio 
Pc é maior que P0, mas não é igual ao valor do imposto. O 
vendedor recebe efetivamente o valor de Pv (Pc - Pv), que 
é igual ao valor do imposto t e é pago ao governo). Logo, 
podemos dizer que esse imposto é parcialmente repassado ao 
consumidor (Pc > P0) e parcialmente assumido pelo vendedor 
(Pv < P0).
E o que ocorreria se o imposto fosse pago pelo 
comprador? Importante notar que, se estamos falando 
de algo pago pelo comprador, a influência será na curva de 
demanda. Logo, é a curva de demanda que irá se deslocar para 
a esquerda, diminuindo a quantidade de equilíbrio e o preço 
de equilíbrio.
 
Fonte: BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo Roberto. Economia do setor público no 
Brasil. rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
O equilíbrio que antes era no ponto E, agora passa a 
ser no ponto B. Assim, a nova quantidade de equilíbrio de 
mercado é novamente Q1, e a receita tributária RT representada 
graficamente pela área retangular ABPVPC é a mesma obtida 
quando o imposto foi cobrado dos vendedores. Os preços 
aos compradores (PC) e aos vendedores (PV) também serão os 
mesmos. Portanto, num mercado competitivo, a incidência 
de um imposto específico não é afetada pela sua incidência 
estatutária. Em outras palavras, não importa se o imposto 
deve ser recolhido aos cofres públicos pelo comprador ou 
pelo vendedor.
Vamos ver outro exemplo. Suponha um determinado 
mercado em que as curvas de demanda e oferta são dadas, 
respectivamente, por Qd = lOOO - 25P e Qo= 2OO + 25P. 
Nessas circunstâncias, o equilíbrio inicial é obtido quando PO 
= l6 e QO = 6OO, veja:
 
 
 
 
17
 Suponha, que o governo institua um imposto específico 
de R$ 4,00 por unidade vendida a ser cobrado do vendedor. 
Quais seriam as novas condições de equilíbrio e quais seriam 
os preços ao vendedor e ao consumidor? Qual seria a receita 
tributária arrecadada?
Com a adoção do imposto sobre o vendedor, a nova 
curva de oferta se desloca para Q = 2OO + 25 (P - 4), e a 
nova condição de equilíbrio passa a ser dada por P1 = 18 e Q1 
= 550. Veja:Assim, o preço pós-imposto ao consumidor é Pc = P1 
= 18 e ao vendedor é Pv= P1 - 4 = 14. A receita tributária 
arrecadada seria dada por RT = t × Q = 4 × 55O = 22OO. 
Vocês podem perceber que as condições de equilíbrio não 
se alteram se o mesmo imposto for cobrado do consumidor.
Vimos no exemplo anterior o efeito de um imposto 
específico. Mas, e se estivermos diante de um imposto ad 
valorem? Esse imposto é estabelecido como um percentual do 
preço do produto ou da base de incidência, muito comum no 
Brasil como o ICMS. Será que esse imposto apresenta resultado 
diferente do imposto específico estudado anteriormente?
Vamos supor que em um imposto ad valorem a alíquota t 
seja instituída de modo a fornecer a mesma receita tributária 
que o imposto específico anteriormente estudado. A figura 
a seguir ilustra esse caso específico, no qual a área ABPVPC, 
representando a receita tributária, permanece a mesma que no 
caso do imposto específico.
Fonte: BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo Roberto. Economia do setor público no 
Brasil. rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Como o imposto foi aplicado sobre o comprador, a 
curva de demanda se deslocou para baixo, girando em torno 
do ponto P = 0, pois agora o deslocamento é proporcional 
ao preço, dado por t × P. Conforme pode ser observado, o 
imposto ad valorem tem os mesmos efeitos sobre a quantidade 
de equilíbrio e sobre os preços aos compradores e vendedores 
que um imposto específico. Portanto, num mercado 
competitivo, a incidência de um imposto ad valorem é idêntica 
à de um imposto específico.
Portanto, num mercado competitivo, a incidência real 
independe do tipo de imposto (se específico ou ad valorem) 
e da incidência legal (se sobre os vendedores ou os 
compradores). Vimos também que, de um modo geral, parte 
do imposto é paga pelos compradores e parte é paga pelos 
vendedores. A questão seguinte é: como se dá a distribuição 
da carga tributária entre compradores e vendedores, ou seja, 
quem paga mais? Quais são os fatores que determinam essa 
distribuição?
Se a carga do imposto for totalmente suportada pelos 
compradores, temos duas situações possíveis: uma oferta 
perfeitamente elástica (o produtor consegue repassar para os 
preços todos os aumentos nos seus custos) ou uma demanda 
perfeitamente inelástica (o consumidor consome a mesma 
quantidade independentemente do preço). Veja nos gráficos 
abaixo:
Fonte: BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo Roberto. Economia do setor público no 
Brasil. rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Por outro lado, se a curva de oferta é vertical (oferta 
perfeitamente inelástica) ou quando a curva de demanda 
é horizontal (demanda perfeitamente elástica), o preço 
de equilíbrio não é alterado e toda a carga do imposto é 
suportada pelos vendedores. Isso ocorre porque, no caso de 
18Economia do Setor Público
a oferta ser perfeitamente inelástica, os vendedores ofertarão 
sempre a mesma quantidade, independentemente do preço; e, 
no caso da demanda perfeitamente elástica, os consumidores 
só estarão dispostos a comprar qualquer quantidade desse 
produto ao seu preço de mercado original, não acatando, pois, 
quaisquer repasses de aumento nos custos para os preços.
Fonte: BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo Roberto. Economia do setor público no 
Brasil. rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Assim, de uma forma geral, quanto mais inclinada (mais 
próxima da vertical) for a curva de demanda ou menos inclinada 
(mais próxima da horizontal) for a curva de oferta, maior será a 
parcela do imposto suportada pelos consumidores. Por outro 
lado, quanto menos inclinada (mais próxima da horizontal) 
for a curva de demanda ou mais inclinada (mais próxima da 
vertical) for a curva de oferta, maior será a parcela do imposto 
suportada pelos vendedores. 
3.2 Incidência Tributária em 
Mercados Não Competitivos
Quando estudamos estruturas de mercado, vimos que 
estruturas como o monopólio e o oligopólio exercem uma 
forte influência sobre os preços de mercado. Mas, será que 
essas estruturas afetam a incidência tributária?
No monopólio, o único produtor pode aumentar seu 
preço reduzindo a produção. Sua tentativa de repassar aos 
consumidores o imposto que incide sobre o seu produto vem 
acompanhada de produção mais baixa e redução nas vendas. 
O monopolista pode compensar a redução nas vendas com 
o aumento do preço de seu produto, maximizando os lucros 
quando os custos marginais se igualam à receita marginal. A 
Figura abaixo mostra a situação para uma curva de demanda 
linear e um monopolista com custos unitários constantes.
Fonte: BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo Roberto. Economia do setor público no 
Brasil. rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
ATENÇÃo: A distribuição da carga tributária entre vendedores e 
compradores dependerá das elasticidades-preço de oferta e demanda 
do mercado em análise. Quanto mais elástica for a oferta (maior a Es) 
ou menos elástica for a demanda (menor Ed), maior será a fração do 
imposto paga pelos compradores.
O monopolista aumentará o preço em função da 
instituição do imposto, reduzindo a sua produção. O resultado 
é que o preço ao consumidor aumenta em um montante 
menor que o valor total do imposto, enquanto o preço líquido 
do imposto, cai. O monopolista suporta parte da carga do 
imposto, enquanto sob competição perfeita, conforme foi 
visto na seção anterior, os vendedores não suportam qualquer 
parcela do imposto quando seus custos são constantes.
Quando a demanda é linear, se o imposto for ad valorem, 
a carga é igualmente repartida entre o monopolista e os 
consumidores. Mas, se a demanda não for linear, o preço 
aumentará em função da elasticidade-preço da demanda. 
Por exemplo, se Ep = 2, o aumento no preço é duas vezes 
o imposto. Além disso, diferentemente dos mercados 
competitivos, no monopólio a diferença entre os impostos 
específicos e ad valorem é relevante para esta análise. Para 
qualquer aumento de receita obtido pelo governo com a 
adoção de um imposto sobre um mercado monopolista, a 
produção nesse mercado será mais alta com um imposto ad 
valorem do que com um imposto específico.
IMPORTANTE!
Para o aprofundamento e demonstração matemática, consulte o 
capítulo 9 no livro Economia do Setor Público no brasil (biDERMAN, 
ciro; ARVATE, Paulo Roberto. Economia do setor público no brasil.Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2004).
Em relação à estrutura oligopolística, situada entre 
os extremos da competição perfeita e do monopólio aqui 
analisados, não há uma teoria de comportamento da firma que 
seja amplamente aceita e que torne possível fazer quaisquer 
previsões acerca da incidência tributária nesse mercado.
19
A progressividade do sistema tributário brasileiro
Oficialmente, o Brasil tem um sistema tributário progressivo. No entanto, 
parece existir um consenso geral de que ele é muito menos progressivo 
do que a legislação tributária sugere, havendo até mesmo aqueles que 
o acham regressivo. Algumas razões justificam tal afirmação. São elas:
1ª - o imposto de renda é menos progressivo do que o legalmente 
estabelecido, porque certos tipos de rendas ou categorias de indivíduos 
podem escapar parcialmente da tributação. 
2ª - o imposto de renda é apenas um dos vários tributos que compõem 
os diversos sistemas tributários nacionais, e a maioria dos outros 
tributos, como aqueles sobre as vendas, propriedade ou sobre a folha 
de pagamentos, é bem menos progressiva, ou até mesmo regressiva.
3ª - A incidência de muitos tributos difere daquela sobre quem o tributo 
foi imposto. o que se observa é que os trabalhadores normalmente 
sofrem os efeitos dos tributos que foram instituídos sobre outros 
contribuintes.
Chegamos, assim, ao final da segunda aula. Espero 
que vocês saibam diferenciar as principais funções do 
Setor Público
retomando a aula
1- Introdução
Na primeira seção fizemos uma diferenciação entre as 
funções alocativa, distributiva e estabilizadora. 
2- Princípios Tributários
Na segunda seção retomamos o conceito de tributo 
e sua importância para o custeio das atividades públicas.Vimos também os principais princípios tributários: equidade, 
progressividade, neutralidade e simplicidade.
3- Incidência Tributária
Na terceira seção, identificamos os agentes que arcam com 
a carga tributária e como a incidência tributária é distribuída. 
Vimos a incidência tributária em mercados competitivos e 
não competitivos, finalizando com uma explicação sobre a 
progressividade no sistema tributário brasileiro. 
BECkER, Howard Saul. Sociological work. Transaction 
publishers, 1971.
BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo 
Roberto. Economia do setor público no Brasil. Elsevier, 2004.
Vale a pena ler
Vale a pena
GIAMBIAGI, Fabio; ALEM, Ana; PINTO, Sol 
Garson Braule. Finanças públicas. Elsevier Brasil, 2017.
MANkIw, N. Gregory. Introdução à economia. Cengage 
Learning, 2009. 
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Instituições, bom 
estado e Reforma da Gestão Pública. Revista eletrônica sobre 
a reforma do Estado, v. 1, n. 1, p. 1-17, 2005.
REZENDE, Fernando et al. Finanças públicas. São 
Paulo: Atlas, 2001.
RIANI, Flávio. Economia do Setor Público: Uma 
Abordagem Introdutória. Grupo Gen-LTC, 2000.
minhas anotações

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