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CONTABILIDADE PÚBLICA AVANÇADA

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CONTABILIDADE PÚBLICA AVANÇADA
PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PÚBLICO -
PCASP
1. Plano de contas e escrituração contábil: considerações
introdutórias, regimes contábeis, identificação dos grupos
O plano de contas é um instrumento de acompanhamento e controle de todas
as contas que a entidade pode utilizar no decorrer de suas atividades. É ele
que vai nortear tanto a escrituração como o correto tratamento que deve ser
dado às contas que compõem a contabilidade, seja ela pública ou privada.
Especificamente nesta disciplina, trataremos do PCASP (plano de contas
aplicado ao setor público), fazendo a abordagem dos regimes contábeis
pertinentes, bem como realizando a identificação dos grupos que compõem o
PCASP. Para isso, será tomado como base o seguinte conceito de
contabilidade: “A contabilidade pode ser comparada a um complexo banco de
dados que tem o objetivo de consolidar os dados e gerar informações por
intermédio de relatórios denominados demonstrativos contábeis” (BERNARDO,
2014, p. 50).
O que diferencia o PCASP dos demais planos de contas é que ele é
estruturado especificamente para abordagem da contabilidade pública com
todas as suas especificidades e particularidades. Ressalta-se que o PCASP foi
amplamente modificado em virtude do processo de convergência das normas
brasileiras com as normas internacionais de contabilidade. Portanto, é um
instrumento de grande importância, que norteia toda a conjuntura da
contabilidade pública nas entidades.
De acordo com Ávila et al. (2011, p. 39), “O plano de contas é responsável
pela transparência dos lançamentos contábeis, pois demonstra ordenadamente
todos os fatos ocorridos durante um período da administração pública”.
1.1 Regimes contábeis
Os regimes contábeis são os critérios adotados na Contabilidade para registro
dos fatos ocorridos, relacionados com o ingresso e desembolso financeiros.
De maneira geral, são conhecidos dois regimes: de caixa e de competência.
O regime de caixa é aquele que registra os fatos no momento em que eles de
fato ocorrem, ou seja, quando há o desembolso financeiro (despesas) ou o
recebimento financeiro (receitas).
Já o regime de competência é aquele que registra os fatos de acordo com
o fato gerador. Desta forma, para receitas, mesmo que elas ainda não tenham
ingressado na entidade, o fato do direito estar registrado, já imputa o
reconhecimento desse ingresso. O mesmo ocorre para despesas.
Um ponto importante a se considerar é que o regime de competência
reconhece as receitas e despesas dentro do exercício financeiro em que
elas foram registradas, não transportando os valores para o exercício seguinte.
Já no de caixa, caso o efetivo ingresso/dispêndio não tenha ocorrido ainda, o
fato poderá ser transferido para o exercício seguinte.
FIQUE DE OLHO
Existe a interpretação de que o regime contábil utilizado na Contabilidade
Pública é um regime misto (caixa para receitas e competência para despesas).
Contudo, o correto é seguir o regime de competência de forma integral, pois é
um princípio fundamental da contabilidade, conforme preconiza o MCASP
(Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público).
1.2 Identificação dos grupos
O plano de contas é dividido em grandes grupos para melhor organização e
facilidade de visualização das contas e suas respectivas funções. Isso facilita a
organização e a análise de informações de acordo com a natureza do fato.
Existem três naturezas englobadas na organização das contas do
PCASP: orçamentária, patrimonial e de controle. Sendo assim, os grupos
são organizados de acordo com essas naturezas, conforme segue:
Figura 1 - Estrutura do PCASP Fonte: SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2018, p. 383
Conforme pode ser observado na figura “Estrutura do PCASP”, a estruturação
do plano de contas retratada é complexa. Possui termos específicos da
contabilidade pública que devem ser estudados e aprofundados pelo usuário
da informação, para a sua correta utilização no desenvolver de suas atividades.
Contudo, podem existir também fatos típicos de todas as áreas que a
contabilidade aborda como, por exemplo, a venda de bens e serviços, e que
também são tratados dentro desse modelo de plano de contas. Por isso,
ressalta-se que o estudo e aprofundamento das contas, grupos, classes e etc.
deve ser efetuado criteriosamente pelo usuário da informação contábil.
“A natureza da informação evidenciada pelas contas das quatro primeiras classes, 1 a
4, é patrimonial, ou seja, informa a situação do Patrimônio da Entidade Pública. A
natureza da informação das contas das duas classes seguintes, 5 e 6, é orçamentária,
pois nessas classes são feitos os controles do Planejamento e do Orçamento, desde a
aprovação até a execução. Por fim, a natureza da informação das contas das duas
últimas classes, 7 e 8, é de controle, pois nessas classes são registrados os atos
potenciais e diversos controles. (MCASP, 2012 apud BERNARDO, 2014)”
Sendo assim, os lançamentos que contenham informações de natureza
patrimonial utilizam as contas das classes 1, 2, 3 ou 4. Já os que informam
sobre o orçamento utilizam as contas das classes 5 ou 6. Por fim, se a
informação for de natureza de controle da gestão, as contas utilizadas serão
das classes 7 ou 8.
Para melhor entendimento dos grupos de contas, enfatizaremos as classes
de nível de 1 a 6, pois os de nível 7 e 8 tratam-se de grupos de controle da
gestão da entidade e normalmente são evidenciados de acordo com as
necessidades de cada entidade.
Desta forma temos de 1 a 6 os seguintes grupos:
1. ativo;
2. passivo;
3. despesas (VPD);
4. receitas (VPA);
5. planejamento do orçamento;
6. execução do orçamento.
Para ilustrar de forma bem didática os grupos, vamos descrever alguns
exemplos. No ativo, temos os grupos do circulante e não circulante. No
passivo, temos os mesmos grupos (circulante e não circulante), além
do patrimônio líquido. Na VPD, temos os grupos das despesas como, por
exemplo, despesas com pessoal e encargos, benefícios previdenciários e
assistenciais etc. Na VPA, podemos observar os grupos de receitas com
vendas de bens e serviços, arrecadação de impostos, dentre outros.
No controle de aprovação do orçamento, podemos encontrar as contas
relacionadas ao planejamento aprovado, inscrição de restos a pagar etc.
No controle da execução do orçamento, é possível encontrar as contas de
execução do orçamento e de restos a pagar.
É bem importante que o usuário da informação contábil busque detalhar ao
máximo o tipo de fato que será registrado, identificando corretamente sua
natureza. Desta forma, ao consultar o plano de contas será mais fácil a correta
classificação do registro a ser efetuado.
2. Sistema de contas: orçamentário, patrimonial, compensação
e custos
De acordo com Bernardo (2014, p. 50):
“O sistema contábil é a estrutura de informações para identificação, mensuração,
avaliação, registro, controle e evidenciação dos atos e dos fatos da gestão do
patrimônio público, com o objetivo de orientar o processo de decisão, a prestação de
contas e a instrumentalização do controle social.”
Esses sistemas são organizados em subsistemas para facilitar a extração de
dados a depender da natureza da informação. Na contabilidade pública, esses
subsistemas são quatro:
orçamentário;
patrimonial;
compensação;
custos.
Esses subsistemas são integrados entre si e possibilitam que um fato seja
registrado em um subsistema e gere reflexos nos demais.
Vamos detalhar então cada um dos subsistemas de contabilidade.
a) Subsistema orçamentário - realiza o processamento dos atos e fatos
diretamente relacionados com o planejamento e a execução orçamentária
(Bernardo, 2014).
São exemplos de fatos orçamentários o próprio orçamento da entidade, o
resultado orçamentário de determinado período, a execução do orçamento etc.
b) Subsistema patrimonial - nesse subsistema são registrados os fatos que se
relacionam com as variações do patrimônio sejam eles de cunho financeiro ou
não. Tais registros informam à gestão as variações ocorridas no patrimônio.
c) Subsistema de compensação– de acordo com Bernardo (2014, p. 52), esse
subsistema “registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos
possam produzir modificações no patrimônio da entidade do setor público, bem
como aqueles com funções específicas de controle[...]”.
d) Subsistema de custos – como o próprio nome sugere, é o subsistema que
trata dos custos da entidade que interferem na gestão do patrimônio, efetuando
seus registros e processamento.
Sobre a subdivisão explicada, Bernardo (2014, p.51) ressalta que:
“Cabe destacar que houve uma mudança na nomenclatura, pois antes da NBC T 16.2
os “subsistemas” eram chamados de sistemas contábeis. Agora o que era
denominado “sistema” passou a se chamar subsistemas. Outro ponto a ser observado
é que o sistema financeiro foi absorvido pelo subsistema patrimonial e foi criado o
sistema de custos. Com as mudanças, os lançamentos que geravam registros no
sistema financeiro passaram a ser feitos pelo subsistema patrimonial.”
Um dos prováveis motivos da subdivisão em subsistemas na contabilidade
pública, diz respeito à obrigatoriedade dos DCASP (demonstrativos contábeis
aplicados ao setor público). Isso porque cada um tem uma natureza específica
e, para ser estruturado, precisa das informações relacionadas conjuntamente
por natureza. Podemos citar o exemplo do balanço orçamentário, o qual
precisa das informações de natureza orçamentária para ser estruturado.
3. Mecanismo de contas
As contas contábeis são organizadas no plano de contas conforme suas
funcionalidades. Como padrão, as contas no PCASP estão organizadas
em sete níveis, sendo que cada nível representa uma informação ao usuário.
Vamos observar o quadro “Mecanismo das contas” a seguir, para entender
melhor como funciona essa divisão em níveis.
Figura 2 - Mecanismo das contas Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Vamos pegar como exemplo a conta 1.2.3.1.0.00.00. O 1º nível é o 1° dígito
que, nesse caso, é o “1”, significando que a conta faz parte da classe do ativo.
O 2º dígito é o 2º nível que, nesse caso, é o “2”, representando
o grupo do ativo não circulante. O 3° dígito é o 3º nível que é o número “3”, e
diz respeito ao subgrupo do imobilizado. O 4º dígito é o 4º nível que, nesse
caso, é o número “1” e traz a informação do título sendo, nesse caso, os bens
móveis. E assim por diante.
4. Função e funcionamento das contas
O plano de contas da Administração Pública é dividido em grandes classes
conforme já retratamos no início desta unidade. Se observarmos o PCASP
como um quadro, teremos de um lado o ativo e do outro lado o passivo, como
as grandes classes de onde se subdividem as demais contas.
Como regra geral, o lado do ativo é de natureza devedora, ou seja, quando as
contas que compõem esse lado recebem recursos, registros, elas recebem um
débito, e isso quer dizer que o saldo da conta está “positivo” falando de forma
leiga.
Já o lado do passivo tem a natureza credora e, quando as contas desse lado
recebem registros, elas são creditadas e também ficam positivas.
Sendo assim, temos os seguintes grupos:
LADO ATIVO
- Variações patrimoniais diminutivas
- Controle de aprovação do orçamento
- Controles devedores
LADO PASSIVO
- Variações patrimoniais aumentativas
- Controle de aprovação do orçamento
- Controles devedores
Da mesma forma, todas as contas que compõem esses grupos têm natureza
devedora.
FIQUE DE OLHO
O PCASP é disponibilizado anualmente no site da Secretaria do Tesouro
Nacional sempre para utilização no ano seguinte. Sendo assim, recomendamos
o acesso ao site através do endereço www.tesouro.fazenda.gov.br/pcasp, para
ter acesso ao PCASP mais atualizado, na forma estendida, na qual se pode
encontrar todas as contas com suas funções e funcionalidades. Desta forma,
você poderá aprofundar seus conhecimentos sobre este tópico.
Julgamos que é pertinente falar sobre a qualidade da informação
contábil, que é preparada e divulgada à sociedade. É de extrema relevância
que ela seja minuciosamente analisada e adequada, para que
a escrituração seja evidenciada de forma a dar ao leitor transparência e
fidedignidade. Além disso, a informação contábil também é levada em
consideração para ações de decisão na gestão do ente.
Desta forma, existem alguns requisitos concebidos como importantes para que
a informação seja tratada e evidenciada com qualidade. São eles:
relevância;
representação fidedigna;
compreensibilidade;
tempestividade;
comparabilidade;
verificabilidade.
Todos esses requisitos unidos trazem uma informação contábil capaz de
cumprir os objetivos primordiais da contabilidade. Na prática, talvez não seja
possível um cumprimento de todos eles em conjunto, porém é necessário que
haja um equilíbrio entre eles.
Sobre esse assunto, achamos importante trazer o que ressalta o MCASP:
“O objetivo da elaboração e divulgação da informação contábil é fornecer informação
para fins de prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de
decisão. As características qualitativas são atributos que tornam a informação útil para
os usuários e dão suporte ao cumprimento dos objetivos da informação contábil. São
elas: a relevância, a representação fidedigna, a compreensibilidade, a tempestividade,
a comparabilidade e a verificabilidade. As restrições inerentes à informação são a
materialidade, o custo-benefício e o alcance do equilíbrio apropriado entre as
características qualitativas. (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2018, p. 22)”
4.1 Patrimônio Público
Podemos dizer que patrimônio, de maneira geral, é um conjunto de bens e
direitos em poder de um ente ou mesmo de uma pessoa. Na contabilidade
pública, não é muito diferente, contudo existem algumas particularidades que
devem ser observadas.
De acordo com a NBC T 16.2 (BRASIL, 2012, p.11) o patrimônio público:
“É o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos,
formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor
público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro,
inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do
setor público e suas obrigações.“
Além de todos esses significados, o patrimônio público é o objeto
da contabilidade pública, conforme enfatizam diversos normativos contábeis
pertinentes ao tema. Os elementos que o compõem são o ativo, passivo e o
patrimônio líquido que também pode ser chamado de situação líquida
patrimonial ou saldo patrimonial.
Vamos então conhecer melhor cada um desses grupos dentro do patrimônio
público.
Ativo
O ativo é o primeiro grupo que representa o patrimônio público. Sua definição
consiste em um conjunto de recursos sob o controle da entidade, os quais
representam o resultado de eventos passados. Além disso, espera-se que
esses resultados tragam benefícios econômicos futuros ou potencial de
serviços para a entidade. (BERNARDO, 2014)
Cabe aqui tratarmos a definição de recurso, conforme preceitua o MCASP,
“Recurso é um item com potencial de serviços ou com a capacidade de gerar
benefícios econômicos” (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2018, p.
145). Ele não precisa ter forma física definida para ser considerado recurso.
Além disso, a propensão a trazer benefícios econômicos ou potencial de
serviços pode decorrer de sua própria utilização ou dos direitos provenientes
de sua utilização.
Esses benefícios econômicos podem decorrer tanto de entradas de caixa,
como de diminuição de saídas. As duas formas presumem a obtenção dos
benefícios supracitados.
Já o potencial de serviços “é a capacidade de prestar serviços que contribuam
para alcançar os objetivos da entidade. O potencial de serviços possibilita à
entidade alcançar os seus objetivos sem, necessariamente, gerar entrada
líquida de caixa [...]” (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2018, p. 145).
Ainda segundo o MCASP (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2018),
o controle de recursos no presente, pela entidade, é considerado quando se
observa a existência dos seguintes requisitos:
 propriedade legal;
 total acessoe controle do recurso;
 possibilidade de meios para que o recurso seja utilizado e atenda aos
objetivos da entidade;
 direito legítimo sobre os benefícios advindos do recurso.
Mesmo que esses requisitos não sejam suficientes para concluir que o controle
é existente, eles podem possibilitar a decisão sobre isso.
O ativo se classifica em circulante e não circulante. Para ser considerado
circulante, ele necessita atender a, pelo menos, um dos dois
requisitos: estarem dispostos para utilização imediata e/ou possuírem
expectativa de serem realizados até doze meses após o fechamento dos
demonstrativos contábeis.
Todos os demais ativos que não se encaixarem na classificação de circulante,
serão classificados como ativo não circulante.
No balanço patrimonial, surgem as classificações de ativo financeiro e não
financeiro. Estas atendem ao que preceitua a Lei 4.320/64 (BRASIL, 1964) em
seu art. 105, parágrafos 1º e 2º, conforme segue:
“§1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis
independentemente de autorização orçamentária e os valores numerários.
§2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores, cuja mobilização
ou alienação dependa de autorização legislativa.”
São reconhecidos no ativo também aqueles depósitos que o ente recebe em
contra partida a algum direito, como, por exemplo, uma caução ou uma
garantia por conta de um contrato de prestação de serviços. É um valor que
não pertence ao ente, em princípio, mas que pode ser utilizado em caso de
alguma irregularidade por parte de quem depositou. São as entradas
compensatórias no ativo e no passivo financeiro, conforme a Lei 4.320/64
(BRASIL, 1964) preconiza.
Ressalta-se que a definição de ativo financeiro e permanente, obedece aos
preceitos legais. Na contabilidade, essa classificação se dá de forma
diferenciada da lei.
Passivo
“Passivos são obrigações presentes da entidade, derivadas de eventos
passados, cujos pagamentos se esperam que resultem para a entidade, saídas
de recursos, capazes de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços”.
(BERNARDO, 2014, p. 54)
Da definição acima, conseguimos identificar três pontos
importantes: obrigação presente, saída de recursos e evento passado.
A obrigação presente é aquela que não pode ser evitada pela entidade, seja
por força de lei ou não. Essa característica é essencial para a existência do
passivo.
A saída de recursos enseja na extinção do passivo, caso ela ocorra.
E o evento passado, precisa ter ocorrido para que a obrigação tenha passado
a existir.
Além dos pontos descritos, existem duas observações importantes a serem
consideradas também para a identificação de um passivo, conforme enfatiza o
MCASP (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2018, p. 148):
“A obrigação deve estar relacionada a um terceiro para poder gerar um passivo. A
identificação de terceiros é uma indicação da existência de obrigação que dá origem a
um passivo. Entretanto, não é essencial saber a identidade dos terceiros antes da
época da extinção do passivo para que a obrigação presente exista.
A existência de prazo de extinção pode fornecer uma indicação de que a obrigação
envolve a saída de recursos e origina um passivo. Entretanto, existem muitos
contratos ou acordos que não preveem prazos para extinção da obrigação. A ausência
de tais prazos não impede que a obrigação origine um passivo. “
Da mesma forma que o ativo, o passivo deve ser classificado como circulante
ou não circulante. Para ser classificado como circulante, ele deve ter o prazo
de exigência de até 12 meses após a data das demonstrações contábeis. Os
demais passivos são classificados como não circulantes.
Além da classificação em circulante e não circulante existe também a
classificação de financeiro e não financeiro, que são demonstrados no
balanço patrimonial e que obedece aos preceitos da Lei 4.320/64 (BRASIL,
1964), a qual em seus parágrafos 3º e 4º do art. 105 diz que:
“§3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outros pagamentos
que independam de autorização orçamentária.
§4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e outras que
dependam de autorização legislativa para amortização ou resgate. “
Quando for possível identificar que uma saída de recursos envolvendo
benefícios econômicos é exigida, para que uma obrigação atual seja liquidada,
e que o valor dessa transação pode ser determinado de forma fidedigna, um
passivo é reconhecido no balanço patrimonial. Já quando a obrigação ainda
não tem o fato gerador concluído, esse fato não é ilustrado em demonstrações
contábeis (BERNARDO, 2014).
Além disso, Bernardo (2014, p.55) ressalta ainda que:
“Também são reconhecidos no passivo, pois se caracterizam como obrigações para
com terceiros, os depósitos caracterizados no art. 3º da Lei nº 4.320/1964 como
entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro. Os depósitos são
representados por cauções em dinheiro para garantia de contratos, consignações a
pagar, retenção de obrigações de terceiros a recolher e outros depósitos com
finalidades especiais, como os para garantia de recursos.”
Patrimônio Líquido
Também denominado de saldo patrimonial ou ainda situação líquida
patrimonial, de forma bem didática e simples, podemos defini-lo como aquilo
que sobra de direitos depois de deduzidas todas as obrigações do ente. Por
isso, é chamado de saldo.
Pode acontecer dessa conta resultar negativa, ou seja, o passivo ser maior
que o ativo. E, nesse caso, diz-se que o ente possui um passivo a descoberto.
Podemos citar algumas contas que integram este grupo:
capital social;
reservas de capital;
reservas de lucro;
resultados acumulados.
O grupo do patrimônio líquido deve evidenciar o resultado do período
analisado, separado dos resultados acumulados em períodos anteriores.
4.2. Variações patrimoniais
Variações patrimoniais são as operações que ocorrem com o patrimônio da
entidade e que resultam em alterações nos itens que o compõem, de forma
que o resultado do ente poderá ser afetado ou não.
As variações patrimoniais podem ser classificadas em quantitativas e
qualitativas. O que as diferencia é o fato de afetar o PL (patrimônio líquido) ou
não. Isso pode parecer um pouco confuso, mas a explicação é que, caso a
variação ocasione em um aumento ou diminuição do PL, ela será
considerada quantitativa. Já quando ocorrer apenas algum tipo de permuta
entre itens do próprio PL, denomina-se variação patrimonial qualitativa.
As variações quantitativas ainda se subdividem em aumentativas e
diminutivas, quando aumentam ou diminuem o PL, respectivamente.
É importante ressaltar que existe a possibilidade de ocorrer variação
patrimonial de forma quantitativa e qualitativa, ao mesmo tempo. Quando isso
acontece, diz-se que ocorreu uma variação patrimonial mista.
5. Contabilização de fatos típicos
Para melhor ilustrar e fixar todo o conteúdo estudado até aqui, vamos
demonstrar a contabilização de alguns fatos corriqueiros dos entes públicos.
Vamos começar com a contabilização da previsão da receita de um ente
público, fato que é bem comum nas organizações públicas que fornecem bens
e serviços.
Essa previsão está expressa no orçamento aprovado para o ente. Sendo assim
teremos:
Contas Codificação
D – Previsão inicial da receita 5.2.1.1.0.00.00
C – Receita a realizar 6.2.1.1.0.00.00
Como podemos observar, as contas discriminadas são das classes 5 e 6.
Conforme estudamos em tópicos anteriores, trata-se de contas de controle da
aprovação e execução do orçamento, respectivamente. A codificação
correspondente é encontrada no PCASP com suas respectivas funções.
Outra situação comum que podemos detalhar na contabilização é o pagamento
de despesas que foram inscritas em restos a pagar. Vamos especificar esse
tipo de pagamento como sendo o pagamento de salários. A contabilização será
efetuada a seguinte forma:
D – Pessoal a pagar 2.1.1.1.1.01.01
C – Caixa e equivalentes de caixa em moeda nacional 1.1.1.1.1.00.00
D – Restos a
pagar 6.3.2.1.0.00.00
C – Restos a pagar
pagos 6.3.2.2.0.00.00
Podemosperceber que um único fato percorreu o PCASP em dois tipos de
natureza: patrimonial (ativo e passivo) e orçamentária (controles do
orçamento). Como percebemos isso? Inicialmente tanto
pela nomenclatura das contas envolvidas, como pela codificação delas, ou
seja, o primeiro dígito das contas. Aprofundando mais essa classificação, e
conhecendo as contas em detalhes também é possível identificar rapidamente
suas naturezas.
Vamos ilustrar agora a contabilização da fixação da despesa para o
exercício corrente. Desta forma, teremos:
D – Dotação
orçamentária 5.2.2.1.1.00.00
C – Crédito disponível 6.2.2.1.1.00.00
Mais uma vez, temos um fato contábil que percorre contas de controle do
planejamento e da execução do orçamento dos grupos 5 e 6.
6. Plano de contas e escrituração contábil: exemplos práticos
Como vimos no decorrer de toda esta unidade, o plano de contas é um
instrumento que auxilia a contabilidade a efetuar seus registros de
forma padronizada e funcional. Além disso, no caso da contabilidade pública,
ele atende ao que determinam os normativos pertinentes, e é atualizado
anualmente pela Secretaria do Tesouro Nacional.
Então, agora vamos apresentar alguns exemplos de escrituração, levando-se
em consideração a consulta ao plano de contas para correta utilização das
contas contábeis.
Inicialmente, vamos ilustrar, de forma genérica, as contas envolvidas em uma
contratação de operação de crédito pela entidade. Desta forma, na contratação
teremos que utilizar contas de natureza patrimonial, orçamentária e de
controle da entidade, respectivamente, conforme descrito abaixo:
D – Caixas e equivalentes de caixa em moeda nacional
C – Empréstimos a curto prazo - externo
D – Receita a realizar
C – Receita Realizada
D – Controle de disponibilidades de recursos
C – Disponibilidade por destinação de recursos (DDR)
Já quando a obrigação for liquidada, ou seja, efetivamente paga, teremos:
D – Empréstimos a curto prazo - externo
C – Caixas e equivalentes de caixa em moeda nacional
D – Crédito empenhado liquidado a pagar
C – crédito empenhado pago
D – DDR comprometida por liquidação e entradas compensatórias
C – DDR utilizada
Da mesma forma, os lançamentos percorrem as três naturezas de
informação, realizando os lançamentos contrários quando da contratação da
obrigação, extinguido-a do ente público.
Ressalta-se que as descrições das contas utilizadas aqui estão de acordo com
o PCASP e, por este motivo, apresentam termos técnicos bastante específicos
da contabilidade pública. Isto é bom, para que você se familiarize com eles. Isto
porque, para quem trabalha com esse tipo de informação diariamente, é
comum se deparar com esses termos, e eles acabam se tornando de mais
fácil compreensão, com a prática.
A escrituração realizada não ilustrou a codificação das contas conforme o
PCASP. Ela apenas ilustrou como se dá a passagem de um fato pelas três
naturezas de informação.
Agora vamos detalhar ainda mais outros fatos contábeis da contabilidade
pública. Para a escrituração de fatos contábeis relacionados ao pagamento
da folha de pessoal, uma das principais contas envolvidas é a conta de
despesas com remuneração a pessoal. Somente essas informações, e os
conhecimentos adquiridos no decorrer desta aula, são suficientes para se
consultar o plano de contas e verificar sua codificação, função, dentre outras
informações pertinentes.
Desta forma, sabemos que se trata de uma despesa. Então, será uma conta de
natureza patrimonial e que este tipo de conta inicia com o dígito 3 (despesa).
Consultando o PCASP, que é de fácil manuseio, como já sabemos que se trata
de uma conta de despesa que começa com o dígito 3, fica fácil localizá-la. A
primeira conta desse grupo é o nome dele, que é “variação patrimonial
diminutiva” (3.0.0.0.0.00.00). E, em seguida, vêm todos os seus
desdobramentos.
No nosso caso aqui, vamos procurar a conta relacionada a despesas com
pessoal. De forma genérica, ou seja, sem detalhamentos, encontramos a conta
“remuneração a pessoal” que possui a codificação 3.1.1.0.0.00.00. Após o título
da conta, o PCASP apresenta a função respectiva (SECRETARIA DO
TESOURO NACIONAL, 2018):
“Compreende a remuneração do pessoal ativo civil ou militar, correspondente ao
somatório das variações patrimoniais diminutivas com subsídios, vencimentos, soldos
e vantagens pecuniárias fixas e variáveis estabelecidas em lei decorrentes do
pagamento pelo efetivo exercício do cargo, emprego ou função de confiança no setor
público, bem como as com contratos de terceirização de mão de obra que se refiram à
substituição de servidores e empregados públicos.”
Em seguida, o PCASP apresenta outros dados da conta, como a natureza
(devedora), se faz parte do PCASP da federação (sim), o status (ativa), etc.
Ou seja, fica bem claro que o PCASP foi elaborado de forma a facilitar o
trabalho do profissional de contabilidade que atua em entes públicos. Pois ele é
bem fácil de ser utilizado e está muito bem detalhado, em relação às
informações que o profissional necessita, para efetuar a escrituração dos
diversos fatos típicos da contabilidade pública.
Para fixar mais o assunto, vamos analisar outro exemplo. Na mesma linha de
remuneração de pessoal, vamos procurar a conta relacionada à obrigação que
se tem de pagar salários, ou seja, a conta do passivo. Sabemos que ela
começa com o dígito 2. A primeira conta deste grupo, como já falado
anteriormente, é o nome dele: passivo e patrimônio líquido com o código
2.0.0.0.0.00.00. Detalhando-se um pouco mais o grupo, encontra-se a conta
“pessoal a pagar”, que é a que estamos procurando no exemplo. Sua
codificação é 2.1.1.1.0.00.00, e sua função, no PCASP, está definida como
“compreende as obrigações a curto prazo referentes a salários ou
remunerações, bem como benefícios aos quais o empregado ou servidor tenha
direito, quando pagos em data posterior a qual forem
incorridos” (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2018). Sucessivamente,
ele apresenta as demais informações pertinentes a esta conta.
A localização de uma conta no PCASP é relativamente simples. Claro que o
recomendável é que você tenha acesso ao PCASP enquanto estuda este
tópico, para que consiga visualizar bem todos os detalhes aqui tratados. Isto
porque o PCASP é um dispositivo da contabilidade pública de extrema
importância para os trabalhos do profissional da área.
É ISSO AÍ!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
 conhecer o plano de contas em sua colocação geral, os regimes contábeis
existentes e como eles são adotados pelas entidades;
 aprender o que é um sistema contábil e como se dá sua classificação em
subsistemas de acordo com os normativos pertinentes;
 entender o mecanismo das contas de maneira geral e no PCASP;
 identificar como funcionam as contas contábeis no sentido da informação que
elas fornecem ao usuário;
 contabilizar alguns fatos típicos da contabilidade e aprender como utilizar o
PCASP na contabilização;
 evidenciar alguns exemplos práticos relacionados à escrituração contábil e ao
PCASP, acompanhando como identificar uma conta no plano, bem como as
informações que ele traz sobre cada conta para o profissional da contabilidade.
REFERÊNCIAS
AVILA, C. A. et al. Noções de Contabilidade Pública. Curitiba: IFPR, 2011.
BRASIL. Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de
Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília: 1964. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4320.htm . Acesso em: 01 fev. 2020.
BRASIL. Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC TG – Geral – Interpretações e
Comunicados: ITGs 01 a 17 e CTGs 01 a 05 (exceto ITGs 04, 05 e 14). Conselho
Federal de Contabilidade. Brasília: CFC, 2012. Disponível em:
https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/normas-
completas/. Acesso em: 01 fev. 2020.
HADDAD, R.C.; MOTA, F. G. L. Contabilidade Pública. 3. ed. Florianópolis:
Departamento de Ciências da Administração/UFSC; [Brasília]: CAPES:UAB, 2015.
MELO, M.; BARBOSA, S. Demonstrações contábeis: da teoria à prática. Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 2018.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de Contabilidade Aplicado ao
Setor Público – MCASP, 8. ed. Brasília, DF: 2018. Disponível em:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/695350/CPU_MCASP+8%C2%A
A%20ed+-+publica%C3%A7%C3%A3o_com+capa_3vs_Errata1/6bb7de01-39b4-
4e79-b909-6b7a8197afc9 . Acesso em: 01/02/2020.
CONTABILIDADE PÚBLICA AVANÇADA
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS NA ÁREA PÚBLICA E SUAS
CARACTERÍSTICAS
1. Demonstrações contábeis na área pública: conceitos e
características
A unidade Demonstrações contábeis na área pública apresentará alguns
importantes conceitos que devem ser aplicados no momento em que se estiver
elaborando demonstrações financeiras no setor público. Se faz necessário uma
consideração antes de adentrarmos no conteúdo desta unidade: precisamos
considerar que o setor público, assim como o setor privado, possui patrimônio
com finalidade especifica, porém, enquanto no setor privado esse patrimônio
serve para gerar lucro aos donos do capital investido, no setor público o
patrimônio visa a atender aos anseios da sociedade.
Ao considerarmos que, no setor público, a sociedade é beneficiária dos
serviços executadas por ele, e que também ela é de fato a detentora do capital
que está sendo utilizado para essa finalidade, temos que ter em vista que as
demonstrações contábeis e financeiras são a principal forma encontrada pela
sociedade de efetuar o devido controle de como estão sendo investidos os
valores recolhidos pelo governo na forma de impostos, taxas e tributos.
Diante um mundo cada vez mais globalizado, considerando que a contabilidade
faz parte do rol das ciências sociais aplicadas e que absorvem as mudanças da
sociedade, a contabilidade pública tem absorvido cada vez mais das normas
internacionais de contabilidade. Portanto, podemos afirmar que, atualmente, a
contabilidade pública brasileira está de acordo com o que se tem de mais
moderno em relação às normas e regulamentos na área contábil, que serão
apresentados nas seções a seguir.
1.1. Demonstração contábeis do setor público e sua
importância
A contabilidade pública é a parte responsável da complexa ciência contábil,
dedicada a compreender e descrever os fenômenos de mutações do
patrimônio, aplicados ao setor público. Ela tem por objetivo “captar, registrar,
acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações
orçamentárias, financeiras e patrimoniais das entidades de direito público
interno, ou seja, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios” (KOHAMA,
2016, p. 25).
Considerando que é através das demonstrações contábeis e financeiras que
ocorre o processo de acompanhamento e controle da sociedade sob os gastos
efetuados pelo setor público, aos responsáveis por confeccionar tais
demonstrações cabe uma enorme responsabilidade, pois são eles que deverão
exprimir todas as mutações ocorridas no patrimônio das entidades públicas,
durante o período representado na demonstração.
As demonstrações contábeis do setor público são responsáveis por retratar
os efeitos financeiros e não financeiros de todas as transações e eventos
ocorridos em um dado período, é através delas também que é possível agrupar
esses efeitos em classes amplas, fazendo com que eles
compartilhem características econômicas comuns.
Essas classes amplas, por sua vez, são chamadas de elementos das
demonstrações contábeis, que correspondem às estruturas que possibilitam
classificar, reconhecer e agregar dados e atividades econômicas. Essas
características possibilitam aos usuários da informação contábil uma série de
características qualitativas da informação.
A divulgação das informações através das demonstrações permite aos
governos alcançar três objetivos principais, são eles:
Prestar contas das atividades do governo à população: esse objetivo visa a
apresentar se as “demonstrações devem ser capazes de fornecer informação
para que os usuários avaliem a eficiência e os custos na prestação dos
serviços, bem como avaliar se os recursos arrecadados foram suficientes para
pagar os serviços prestados” (LIMA; DINIS, 2018, p. 29)
Auxiliar os usuários a avaliar os resultados obtidos pelos governos: as
demonstrações devem fornecer informações sobre as fontes dos recursos, ou
seja, sobre de quais tipos de impostos esses valores foram originados e de
como foram utilizados, assim sendo, os usuários da informação poderão
reconhecer se os resultados obtidos estão de acordo com o esperado pela
sociedade como um todo
Auxiliar os usuários a avaliar o nível dos serviços prestados pelos governos: as
demonstrações “devem fornecer informações sobre a posição e condição
financeira do governo, prover informações físicas e não financeiras, evidenciar
restrições legais e contratuais sobre os recursos, bem como os riscos
potenciais de perdas desses recursos” (LIMA; DINIS, 2018, p. 29.
2. Principais normas de contabilidade aplicadas ao setor
público em relação às suas demonstrações contábeis
Conforme apresentado, o setor público também possui uma série de
adaptações necessárias para se adequar aos padrões internacionais da
contabilidade, sendo assim, diversas normas foram publicadas nos últimos
anos como forma de buscar essa harmonização. Elas serão estudadas nas
próximas seções.
FIQUE DE OLHO
A adoção das normas internacionais de contabilidade possibilitou a
comparação e transparência das demonstrações contábeis brasileiras com
outros países. Anteriormente, o entendimento das demonstrações contábeis
era bastante dificultado pelas particularidades de cada país, o que
praticamente não existe mais após a harmonização contábil. Assim, o país
pode formar parcerias e fazer negócios com outras nações de forma mais
transparente. Como consequência de uma maior transparência e da
possibilidade do entendimento das demonstrações contábeis em outros países,
houve uma maior integração com o mercado internacional de capitais, já que
ele possuía exigências relativas ao risco e à estrutura das demonstrações
contábeis apresentadas.
2.1 Normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor
público
Cada vez mais, a contabilidade brasileira tem buscado harmonia com
as normas internacionalmente aceitas, esse é o “grande desafio das
instituições públicas ou privadas, nacionais ou internacionais de atualizar as
suas políticas e práticas de forma tão rápida que consigam atender à
sociedade atual, que está sofrendo profundas e rápidas transformações”
(SANTOS, 2019, p. 6).
Dentre as principais normas, podemos citar as seguintes que são especificas
do setor público:
NBC TSP Estrutura conceitual – essa norma é a responsável por apresentar a
“estrutura conceitual para elaboração e divulgação de informação contábil de
propósito geral pelas entidades do setor público” (CPC, 2016a).
NBC TSP 01 Recebimento de Transação sem Contraprestação – essa norma
trata especificamente das transações oriundas sem contraprestação, ou seja,
das receitas originadas do recebimento de tributos e transferências (monetárias
e não monetárias), incluindo ainda as transferências originadas através do
recebimento de perdão de dívidas, subsídios, multas, heranças e de
presentes/doações (CPC, 2016b).
NBC TSP 02 Receita de Transação com Contraprestação – essa norma trata
das receitas recebidas pelos órgãos públicos quando essas são derivadas da
prestação de algum serviço, ou venda de um algum bem, ou ainda, através do
“uso, por parte de terceiros, de outros ativos que gerem juros, royalties e
dividendos ou distribuições assemelhadas” (CPC, 2016c, p. 2).
NBC TSP 03 Provisões Passivos. Contingentes e Ativos Contingentes - essa
norma apresenta as formas como as demonstrações contábeis do setor público
devem registrar os ativos e passivos contingentes, bem como a maneira como
devem ser registradas e reconhecidas as provisões durante o exercício fiscal.
O processo de evidenciarão e mensuração das normas contábeis, também
deverá ser apresentada nesta norma (CPC, 2016d).
NBC TSP 04 Estoques– essa norma visa a regular como os órgãos públicos
deverão registrar seus estoques, bem como realizar o tratamento contábil deste
item de tamanha importância para todas as entidades (CPC, 2016e).
NBC TSP 05 Contratos de Concessão de Serviços Públicos: Concedente -
essa norma apresenta as formas como as demonstrações contábeis do setor
público devem registrar os contratos que o poder público estabelece, visando à
concessão de serviços públicos, dentre eles, podemos citar os contratos
estabelecidos com as companhias de água, saneamento e energia elétrica
(CPC, 2016f).
NBC TSP 06 Propriedade para Investimento - essa norma apresenta as formas
como as demonstrações contábeis do setor público devem registrar os
contratos de propriedade para investimento, que são estabelecidos ao longo
dos exercícios em que as demonstrações são elaboradas (CPC, 2017a).
NBC TSP 07 Ativo Imobilizado - essa norma apresenta as formas como as
demonstrações contábeis do setor público devem registrar os ativos
imobilizados, estes se aplicam ainda: aos equipamentos militares
especializados, aos ativos de infraestrutura, e aos ativos de contrato de
concessão (CPC, 2017b).
NBC TSP 08 Ativo Intangível - essa norma apresenta as formas como as
demonstrações contábeis do setor público devem registrar os ativos intangíveis
(CPC, 2017c).
NBC TSP 11 Apresentação das Demonstrações Contábeis - essa norma
apresenta as formas como as demonstrações contábeis do setor público
devem ser registradas visando a “assegurar a comparabilidade tanto com as
demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade, quanto
com as de outras entidades” (CPC, 2018a, p.2).
NBC TSP 12 Demonstração dos Fluxos de Caixa - essa norma apresenta as
formas como a demonstração do fluxo de caixa deve ser registrada pelas
entidades públicas. Essa demonstração “permite aos usuários avaliar como a
entidade do setor público obteve recursos para financiar suas atividades e a
maneira como os recursos de caixa foram utilizados” (CPC, 2018b, p. 2).
NBC TSP 13 Apresentação de Informação Orçamentária nas Demonstrações
Contábeis - essa norma apresenta como a Informação orçamentária nas
demonstrações contábeis devem ser registradas. Essa norma visa a garantir a
conformidade do orçamento aprovado, bem como demonstrar se a entidade
alcançou os resultados orçados (CPC, 2018c).
NBC TSP 16 Demonstrações Contábeis Separadas - essa norma objetiva
“estabelecer critérios de contabilização e divulgação para investimentos em
controladas, em empreendimentos controlados em conjunto (joint ventures) e
em coligadas, quando da elaboração de demonstrações contábeis separadas”
(CPC, 2018d, p. 1).
NBC TSP 17 Demonstrações Contábeis Consolidadas - essa norma objetiva
“estabelecer critérios para a apresentação e elaboração de demonstrações
contábeis consolidadas quando a entidade controla uma ou mais entidades”
(CPC, 2018e, p. 2).
NBC TSP 21 Combinações no Setor Público – essa norma visa a “aprimorar a
relevância, a representação fidedigna e a comparabilidade das informações
que a entidade que reporta apresenta em suas demonstrações contábeis sobre
combinação no setor público” (CPC, 2018f, p. 2).
NBC TSP 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro
– essa norma visa a apresentar critérios que possibilitem “selecionar e alterar
as políticas contábeis, juntamente com (a) o tratamento contábil e a divulgação
de mudanças nas políticas contábeis, (b) mudança nas estimativas contábeis e
(c) retificações de erros” (CPC, 2018g, p. 2).
NBC TSP 24 Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de
Demonstrações Contábeis – essa norma visa a demonstrar como as entidades
do setor público deverão registrar as operações em moeda estrangeira ou as
operações ocorridas no exterior (CPC, 2019a).
NBC T 16.11 Sistema de Informação de Custos do Setor Público – essa norma
visa a estabelecer “a conceituação, o objeto, os objetivos e as regras básicas
para mensuração e evidenciação dos custos no setor público” (CPC, 2011, p.
2).
A utilização das normas brasileiras de contabilidade é condição indispensável
para todas as entidades do setor público que desejam elaborar suas
demonstrações contábeis de acordo com a harmonização das normas
contábeis.
2.2 Normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor
público
Em todo o mundo, os países possuem entidades internacionais que regulam
a atividade contábil, porém, há entidades que possuem um caráter
supranacional, ou seja, as suas determinações acabam se espalhando pelos
demais países. Dentre estas entidades, podemos citar as seguintes:
a SEC (Securities and Exchange Commission), ligada ao governo norte-
americano, a IASB (International Accounting Standards Board)​ , e
a FASB (Financial Accounting Standards Board). Cada uma destas entidades
possui objetivos muito específicos, portanto, devemos observar como elas
atuam e se as mesmas possuem impacto nas normas de contabilidade do setor
público.
Em relação ao conjunto de normas internacionais aplicadas ao setor
público, as principais, e que já encontram aderência no Brasil, são as normas
emitidas pelo IASB. O objetivo desta entidade é de servir ao interesse público
visando ao desenvolvimento de “normas de alta qualidade para a elaboração
de demonstrações contábeis por entidades do setor público, facilitando a
convergência das normas nacionais às normas internacionais, melhorando
assim a qualidade e uniformidade das demonstrações contábeis ao redor do
mundo” (CFC, 2010, p. 20).
As principais normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor
público são as seguintes:
“IPSAS 1 – Apresentação das Demonstrações Contábeis; IPSAS 2 –
Demonstração dos Fluxos de Caixa; IPSAS 3 – Políticas Contábeis, Mudança
de Estimativa e Retificação de Erro; IPSAS 4 – Efeitos das Mudanças nas
Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis; IPSAS 5 –
Custos de Empréstimos; IPSAS 6 – Demonstrações Consolidadas e
Separadas; IPSAS 7 – Investimento em Coligada e em Controlada; IPSAS 8 –
Investimento em Empreendimento Controlado em Conjunto (Joint
Venture); IPSAS 9 – Receita de Transação com Contraprestação; IPSAS 10 –
Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária; IPSAS
11 – Contratos de Construção; IPSAS 12 – Estoques; IPSAS 13 – Operações
de Arrendamento Mercantil; IPSAS 14 – Evento Subsequente; IPSAS 16 –
Propriedade para Investimento (CFC, 2010, p. 4).”
Compreender as normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público,
permitirá compreender melhor como deverá ocorrer o processo de elaboração das
principais demonstrações contábeis ligadas ao setor público.
3. Demonstrações contábeis: balanço patrimonial e balanço
orçamentário
As demonstrações contábeis do setor público possuem algumas características
que a assemelham ao setor privado, porém possuem outras
que diferenciam completamente a apuração do seu patrimônio. Dentre as
principais podemos citar o Balanço Patrimonial e o Balanço Orçamentário como
duas das mais importantes.
3.1 Balanço Patrimonial
O balanço patrimonial no setor público, assim como no setor privado, possui
a atribuição de registrar as seguintes contas: Ativo, Passivo e Patrimônio
Líquido, também é dele a tarefa de evidenciar de forma qualitativa e
quantitativa a situação patrimonial do órgão público.
Segundo Silva (2011, p.337):
“A classificação, tanto dos ativos como dos passivos, tem gerado inúmeras
discussões, tendo em vista o entendimento de alguns autores no sentido de que a
Lei no 4.320/64 estabeleceu um critério rígido e imutável ao estabelecer que os
elementos patrimoniais devem estar segregados em Financeiro, quando a
movimentação independa de autorização orçamentária, e em Permanente, na
hipótese em que é exigida a autorização legislativa.”
Na figura abaixo, é possível observar as principais contas que devem ser
apresentadas no ativo e no passivo do balanço patrimonial dos órgãos públicos, de
acordo com as normas vigentes.
A conta ativo financeiro, no balanço patrimonial do órgão público, representa
os créditose os valores que são realizáveis, mesmo não se tendo autorização
orçamentária e os respectivos valores numéricos. Em relação à conta ativo
permanente, ela “compreenderá os bens, créditos e valores, cuja mobilização
ou alienação dependa de autorização legislativa” (PISCITELLI; TIMBÓ, 2019, p.
344).
A conta passivo financeiro apresentará as dívidas fundadas e cujo o
pagamento independa de autorização orçamentária, já a conta passivo
permanente, visa a registrar as dívidas fundadas e outras que possuam
dependência de algum tipo de autorização legislativa para amortização ou
resgate. Na figura abaixo, consta um modelo de balanço patrimonial que é
utilizado por órgãos públicos.
Uma especificidade do balanço patrimonial dos órgãos públicos são as
contas ativo real e passivo real. Enquanto o ativo real é a somatória das
contas ativo financeiro e ativo permanente, a conta passivo real representa a
somatória das contas passivo financeiro e passivo permanente (PISCITELLI;
TIMBÓ, 2019).
3.2 Balanço Orçamentário
O balanço orçamentário é a demonstração responsável por explicitar as
receitas e as despesas que são previstas, em confronto com as despesas que
são de fato realizadas. Essa demonstração auxilia a administração pública a
controlar a legalidade e a eficiência das operações que são realizadas,
auxiliando também no fornecimento de informações aos órgãos fiscalizadores
(CFC, 2009).
O desempenho da administração pública emprega os recursos públicos que lhe
são confiados, é outra atribuição do balanço orçamentário. Na figura abaixo,
constam os três principais objetivos do balanço orçamentário.
Segundo Andrade (2017, p. 387) o balanço orçamentário: "(...) apresenta as
receitas detalhadas por categoria econômica, origem e espécie, especificando
a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada e o
saldo a realizar. Demonstra também as despesas por categoria econômica e
grupo de natureza da despesa, discriminando a dotação inicial, a dotação
atualizada para o exercício, as despesas empenhadas, as despesas liquidadas,
o crédito pago e o saldo da dotação."
O balanço patrimonial é estruturado de forma a evidenciar a integração entre
o planejamento e a execução orçamentária. Caso haja a necessidade de se
identificar as receitas e despesas intraorçamentárias, elas deverão ser
apresentadas nas notas explicativas. Essas notas deverão detalhar os tipos de
crédito, se inicial, suplementar, especial ou extraordinário, em que as
despesas deverão ser executadas. A figura a seguir mostra um modelo de
balanço orçamentário utilizado pelo setor público.
O modelo apresentado pelo tesouro nacional é um modelo simplificado que
geralmente é utilizado por órgãos públicos que possuem um menor movimento
financeiro e, portanto, um orçamento mais modesto. Entretanto,
o MCASP (Manual da Contabilidade Aplicada ao Setor Público) possui um
modelo mais complexo voltado a atender as necessidades dos órgãos públicos
mais complexos.
Acompanham ainda o balanço orçamentário dois quadros que são utilizados
para representar os restos a pagar: “um relativo aos restos a pagar não
processados, outro relativo aos restos a pagar processados, com o mesmo
detalhamento das despesas orçamentárias do balanço” (TESOURO
NACIONAL, 2012, p. 10). Nas figuras a seguir, esses quadros são
apresentados segundo dispõe o MCASP.
No quadro apresentado na figura acima, é possível ver que os dados que
deverão ser lançados tratam-se dos restos a pagar não processados que
foram inscritos no exercício imediatamente anterior ao exercício em que a
demonstração está sendo processada, bem como os restos a pagar inscritos
em exercícios anteriores (TESOURO NACIONAL, 2012).
As informações contidas no quadro acima são muito semelhantes às
informações do quadro anterior, destaca-se, entretanto, que os Restos a
Pagar não Processados liquidados em exercícios anteriores, mas não
pagos serão evidenciados neste quadro.
FIQUE DE OLHO
O esforço por uma universalização dos padrões e conceitos contábeis continua
em ritmo cada vez mais intenso, sob um arcabouço mais sistemático,
apontando para a convergência com base nos padrões internacionais. Ainda
que essa convergência seja necessária tanto no setor publico, como no privado,
os caminhos são diferentes. No setor privado, o objetivo é a incorporação de
procedimentos e regras contábeis contidas nas normas internacionais de
contabilidade IAS/ IFRS (International Accounting Standard/International
Financial Reporting Standard), determinadas pelo IASB (International
Accounting Standard Board). Já no caso do setor público, o trabalho em
desenvolvimento vai em direção às IPSAS (International Public Sector
Accounting Standard), publicadas pela IFAC (International Public Sector
Accounting Standard).
4. Balanço Financeiro e suas especificidades
O balanço financeiro pode ser considerado uma síntese do sistema
financeiro antigo que foi atualizado passando a integrar o sistema
patrimonial atual. Em um modelo típico de balanço financeiro ele se apresenta
no formato de uma tabela dividida em duas colunas, uma é a responsável por
demonstrar a receita e a outra as despesas.
Segundo o Tesouro Nacional (2016, p. 17) “O balanço financeiro demonstrará a
receita e a despesa orçamentárias, bem como os recebimentos e os
pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com os saldos em
espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o
exercício seguinte”.
Segundo Andrade (2017, p. 395):
“Ressalta-se que todas as contas do balanço financeiro apresentar-se-ão por
seus totais de valores ou operações realizadas. Há outros relatórios que
permitem a análise individualizada por conta, durante o exercício. Importante
destacar também que os valores apresentados da receita e da despesa
orçamentária neste demonstrativo são relacionados com as Disponibilidades
por Destinação de Recursos, devidamente identificadas pelos contas-correntes
denominados “fontes de recursos”.
Na coluna receitas do balanço financeiro, constam todas as receitas
orçamentárias que foram de fato realizadas, estas, por sua vez, podem ser
divididas em receitas próprias, receitas vinculadas, receitas da previdência
social, receitas com convênios, receitas com operações de créditos e receitas
com alienação de bens, além de todas as possíveis deduções destas receitas.
Compõem ainda a coluna receitas do balanço financeiro:
Todas as transferências financeiras que foram recebidas de outros
órgãos ligados ao ente público
Todos os ingressos extraorçamentários, e aqui deve-se incluir os
restos a pagar que foram processados e não processados, os depósitos,
os débitos de tesouraria e todos os outros movimentos que façam
parte das consignações contábeis
Todos os saldos financeiros que estejam disponíveis do exercício
anterior (caixa e equivalente de caixa)
A coluna despesas do balanço financeiro, por sua vez, representará todas
as despesas orçamentárias realizadas por meio de recursos próprios
vinculados, e também as despesas relacionadas à previdência social, as
despesas de convênio e as despesas de operações de crédito.
Compõem ainda a coluna despesas do balanço financeiro:
Todas as despesas relacionadas às transferências financeiras recebidas
de outros órgãos ligados ao ente público
Todos os dispêndios extraorçamentários que podem compreender os
pagamentos de restos a pagar, os valores de depósitos e os valores de
demais contas que compõem as dívidas flutuantes e também as
consignações contábeis
Todo o saldo financeiro que estará disponível para o exercício seguinte,
como caixa e equivalente de caixa
A figura abaixo mostra um modelo de balanço financeiro que é utilizado por
órgãos públicos.
Em relação à análise das informações contidas no balanço financeiro, verifica-
se que através dele será possível conhecer:
Receitas orçamentárias que foram realizadas por destinação de
recursos, sejam elas de destinação vinculada ou ainda de destinação
ordinária
Despesas orçamentárias executadas por destinação derecurso, sejam
elas de destinação vinculada ou ainda de destinação ordinária
Recebimentos e os pagamentos que possuem natureza
extraorçamentária
Transferências financeiras que sejam decorrentes ou não decorrentes
da execução orçamentária
Saldos inicial e final em espécie
A respeito do balanço financeiro, é necessário ainda ressaltar
algumas definições. Segundo o manual da contabilidade aplicada ao setor
público, para elaborar um balanço financeiro se faz necessário compreender
algumas definições a respeito das contas que integram essa demonstração.
Dentre as principais definições temos:
Destinação ordinária: que pode ser compreendida como o processo de
alocação de recursos de forma livre, ou seja, não possui ligação entre a origem
dos recursos e a aplicação dos mesmos. Esse tipo de destinação garante ao
gestor público aplicar esses recursos em qualquer finalidade que julgar
necessária ou mais urgente.
Destinação vinculada: essa destinação pode ser compreendida como tendo
um endereço certo para ser aplicada, ou seja, em sua origem já está claro onde
a mesma poderá e deverá ser aplicada. Esse tipo de destinação não permite
ao gestor público aplicar esses recursos na finalidade que julgar necessária.
Transferências financeiras recebidas: esse tipo de transferência reflete as
movimentações de recursos financeiros entre órgãos e entidades do setor
público. Esses recursos podem ser oriundos de recursos orçamentários e
extraorçamentários.
Transferências financeiras concedidas: essas transferências acabam por
refletir os recursos financeiros transferidos entre órgãos e entidades do setor
público, podendo ser da administração direta ou indireta. Esses recursos
podem ser oriundos de recursos orçamentários e extraorçamentários,
representando, então, as contrapartidas das transferências financeiras
recebidas.
Recebimentos extraorçamentários: esses recursos são constituídos de
recursos que não estão previstos como ingressos no orçamento, os mesmos
deverão ser restituídos em época própria, seja ela definida por decisão
administrativa ou ainda através de uma decisão judicial.
Pagamentos extraordinários: esses recursos podem ser definidos como
recursos que não precisam se submeter ao processo de execução
orçamentária, tais como os restos a pagar ou que foram inscritos em exercícios
anteriores e pagos no exercício atual.
Os saldos em espécie, que é a representação dos saldos das contas caixa e
equivalente de caixa, além dos valores de entradas compensatórias do passivo
e do ativo financeiro, é outra conta que merece atenção especial no momento
da análise do balanço financeiro.
É ISSO AÍ!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
 conhecer a importância de se elaborar as demonstrações contábeis nos
órgãos públicos;
 compreender como as características preditivas podem fazer a diferença
no processo de análise das demonstrações contábeis;
 aprender sobre as características dos balanços financeiros, balanço
patrimonial e também do balanço orçamentário no setor público;
 estudar sobre as principais normas brasileiras de contabilidade que são
empregadas no setor público;
 conhecer algumas contas que são empregadas exclusivamente no
balanço financeiro das entidades do setor, compreendendo sua importância, e
como elas auxiliam no entendimento das mutações do patrimônio das entidades
do setor público.
REFERÊNCIAS
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2020.
BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES
PATRIMONIAIS
1. Balanço Patrimonial
As demonstrações contábeis têm como um de seus objetivos
trazerem informações para os usuários, para colaborar com a correta
tomada de decisões, pois elas evidenciam de forma clara e concisa a posição
patrimonial e financeira da entidade, bem como seu desempenho em
determinado período.
O balanço patrimonial é o primeiro demonstrativo contábil aplicado ao setor
público que vamos estudar. Podemos dizer que ele é também o mais popular
quando se trata dos demonstrativos contábeis de maneira geral.
Ele tem exigência legal, através do art. 101 da Lei 4.320/64 que dispõe que os
resultados gerais do exercício serão apresentados através, dentre outros
demonstrativos, do balanço patrimonial.
1.1. Introdução
De acordo com Kohama (2008, p. 256), "o Balanço em Contabilidade é a apuração
da situação de determinado patrimônio, em determinado instante, representada,
sinteticamente, em um quadro de duas seções: Ativo e Passivo. É também
entendido como a igualdade entre duas somas, de uma conta ou de um quadro."
Para Iudícibus (2010) apud Barbosa e Melo (2018), o balanço patrimonial é um
demonstrativo que resume e ordena os principais fatos que são registrados na
contabilidade em determinado período.
Em suma, o balanço patrimonial é um retrato do patrimônio em determinado
momento na entidade, apresentando os bens, direitos, obrigações e o resultado
do período. Além disso, ele vai apresentar também os resultados de períodos
anteriores acumulados em uma conta específica.
O balanço patrimonial na contabilidade pública segue regras e preceitos que são
estabelecidos em normativos contábeis e na própria legislação brasileira.
Ressaltando que, assim como toda a contabilidade, ele também passou por
mudanças após a edição da nova lei das sociedades anônimas, o que também
refletiu na contabilidade pública. Como o processo de convergência das normas
brasileiras de contabilidade às normas internacionais é um processo de
abrangência geral na contabilidade, todos os seus ramos passaram e continuam
passando por alterações substanciais.
1.2. Objetivo
O objetivo do balanço patrimonial, assim como dos demais demonstrativos contábeis,
é dar transparência às ações efetuadas pela entidade em determinado período
demonstrando todos os fatos registrados de maneira agrupada e o resultado
patrimonial apresentado por esta entidade.
Além disso, é uma ferramenta que evidencia a avaliação dos resultados econômicos
e financeiros, contribuindo para a gestão dos negócios. Nesse sentido, faz-se
necessário ressaltar que a qualidade dessa informação deve ser cada vez mais altiva,
pois a torna mais confiável bem como enaltece a credibilidade da instituição perante a
sociedade e seus usuários.
2. Contas patrimoniais
O balanço patrimonial na contabilidade pública evidencia a situação
patrimonial do ente público, por meio de contas que representam o patrimônio
público. Além disso, demonstra também fatos de natureza potencial, ou seja, que
podem vir ou não a influenciar o patrimônio, os quais são registrados nas
chamadas contas de compensação (ou controle).
Atendendo aos normativos, o balanço patrimonial deve ser estruturado de forma a
evidenciar duas classes principais que são o ativo e o passivo. Estes, por sua
vez, devem ser discriminados em circulante e não circulante, a depender
da conversibilidade e exigibilidade.
Vamos entender agora como cada classe é definida e como elas devem ser
ilustradas no balanço patrimonial.
2.1 Ativo
É um recurso controlado pela entidade no presente, resultante de eventos
passados e do qual se espera benefícios econômicos futuros (MELO;
BARBOSA, 2018).
Vamos separar por partes os termos dessa definição, com base nas NBC (Normas
Brasileiras de Contabilidade), para que o conceito seja plenamente entendido e
memorizado.
Sobre recurso, a NBC TSP Estrutura Conceitual (CONSELHO FEDERAL DE
CONTABILIDADE, 2016, p. 27) define da seguinte forma:
“Recurso é um item com potencial de serviços ou com a capacidade de gerar
benefícios econômicos. A forma física não é uma condição necessária para um
recurso. O potencial de serviços ou a capacidade de gerar benefícios econômicos
podem surgir diretamente do próprio recurso ou dos direitos de sua utilização. ”
Os benefícios econômicos tratados nesta definição dizem respeito tanto
à entrada de caixa, como à redução das saídas, através da produção e
venda de serviços ou troca do ativo por caixa. E o potencial de serviços é
o conjunto de ações desenvolvidas que sejam capazes de alcançar os
objetivos da entidade não ensejando necessariamente a entrada de caixa.
Como exemplo de potencial de serviços no setor público, pode-se citar
o patrimônio cultural, serviços de recreação, defesa nacional, dentre
outros.
Com relação ao controle do recurso no presente pela entidade, são
necessários alguns requisitos para que se verifique essa situação:
 Posse legalmente instruída
 Controle de acesso ao recurso
 Apropriação de meios para garantir que se alcance os objetivos almejados
 Direito legítimo sobre o potencial de serviços ou sobre a capacidade de gerar
os benefícios econômicos
Mesmo que esses requisitos não sejam suficientes para garantir o controle,
eles servem de base para que se realize uma análise desse atributo
especificamente, e seja tomada a decisão pertinente.
No que diz respeito à ocorrência de um evento passado, leva-se em
consideração que a transação que gerou o ativo tenha ocorrido no passado.
Além disso, pode ter ocorrido mais de uma transação ou evento que ensejou
no direito ao ativo no presente.
Esclarecida a definição de ativo, vamos agora classificá-lo de acordo com os
normativos contábeis e com a legislação pertinente. O ativo se classifica
em circulante e não circulante de acordo com os normativos da contabilidade.
Já de acordo com a Lei 4.320/64 ele é classificado em ativo financeiro e não
financeiro ou permanente. Observe a seguir uma explicação sobre cada um
desses grupos.
Ativo circulante e não circulante
Para que um ativo seja classificado como circulante ele deve atender a dois
requisitos básicos: o recurso deve ter disponibilidade para realização imediata
e expectativa de realização de até 12 meses, após a divulgação das
demonstrações contábeis do exercício.
Os requisitos elencados não precisam ser atendidos cumulativamente,
bastando-se apenas que um deles seja atendido para que se identifique um
ativo no grupo circulante.
Os demais ativos que não atenderem esses requisitos serão classificados
como não circulantes.
Ativo financeiro e não financeiro
Essa classificação diz respeito ao dispositivo legal citado em tópico anterior, a
Lei 4.320/64. A lei classifica o ativo dessa forma dentro do balanço patrimonial,
no qual o ativo financeiro representará os créditos e valores realizáveis com ou
sem autorização orçamentária e os numerários. Por sua vez, o ativo não
financeiro, que também é chamado de ativo permanente e vice e versa, é
representado pelos bens e direitos que, para serem obtidos ou desfeitos,
precisam de autorização da legislação.
FIQUE DE OLHO
Os conceitos e aspectos relacionados ao ativo financeiro e ativo não financeiro
(ou permanente) advêm do dispositivo legal mencionado no subtópico anterior
(art. 105 da Lei 4.320/64). É importante esclarecer que, nas práticas das
normas contábeis, essa conceituação é distinta.
2.2 Passivo
É uma obrigação presente que teve origem em eventos passados, sendo
esperado que resulte em saídas de recursos capazes de gerarbenefícios
econômicos (MELO; BARBOSA, 2018, p. 27).
Igualmente ao ativo, vamos tratar a definição do passivo em partes, para que o
conceito seja adequadamente compreendido e assimilado.
Sobre obrigação presente, a NBC TSP Estrutura Conceitual (CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016, p. 29) traz o seguinte:
“As entidades do setor público podem ter uma série de obrigações. Obrigação
presente é uma obrigação que ocorre por força de lei (obrigação legal ou
obrigação legalmente vinculada) ou uma obrigação que não ocorre por força de
lei (obrigação não legalmente vinculada), as quais não possam ser evitadas
pela entidade”
Em relação à saída de recursos da entidade, essa é uma especificidade
obrigatória, para que se reconheça o passivo. Ou seja, se a obrigação puder
ser extinta sem a saída de recursos, ela não pode ser classificada no passivo.
No que diz respeito à ocorrência de evento passado, para que a obrigação
seja definida como um passivo, consideramos pertinente trazer o trecho
completo da NBC TSP Estrutura Conceitual (CONSELHO FEDERAL DE
CONTABILIDADE, 2016, p. 30) que trata sobre o assunto:
“Para satisfazer a definição de passivo, é necessário que a obrigação presente
surja como resultado de transação ou de outro evento passado e necessite da
saída de recursos da entidade para ser extinta. A complexidade inerente ao
setor público faz com que eventos diversos referentes ao desenvolvimento,
implantação e execução de determinado programa ou atividade possam gerar
obrigações. Para fins de elaboração e divulgação da informação contábil, é
necessário determinar se tais compromissos e obrigações, inclusive aqueles
que não possam ser evitados pela entidade, mas que não ocorrem por força de
lei (obrigações não legalmente vinculadas), são obrigações presente se
satisfazem a definição de passivo. Quando a transação tem forma jurídica e é
vinculada, tal como um contrato, o evento passado pode ser identificado de
forma inequívoca. Em outros casos, pode ser mais difícil identificar o evento
passado e é necessário fazer uma avaliação de quando a entidade tem pouca
ou nenhuma alternativa realista de evitar a saída de recursos. Ao se fazer tal
avaliação, fatores jurisdicionais devem ser levados em consideração pela
entidade. ”
Para que a obrigação da entidade seja considerada um passivo, ainda é
necessário observar que deve existir a figura de um terceiro a quem a
obrigação é devida. Seja ela legalmente vinculada ou não. Contudo, esse
terceiro não precisa ser identificado para que seja de fato verificada a
existência da obrigação.
Assim como o ativo, o passivo também possui subdivisões: circulante e não
circulante, de acordo com as regras e práticas contábeis atuais; e financeiro e
permanente (não financeiro), conforme legislação pertinente.
Passivo circulante e não circulante
O único requisito a ser observado para que o passivo seja classificado
como circulante é que ele tenha exigência de até 12 meses, após a divulgação
das demonstrações contábeis.
Os demais passivos que não se enquadrem nessa regra deverão ser
classificados no grupo do não circulante.


Passivo financeiro e não financeiro
Conforme a Lei 4.320/64, em seu art. 105, §§ 3º e 4º, elucida, o passivo
financeiro será composto pelas obrigações que não dependem de autorização
orçamentária, incluindo a dívida fundada. E o passivo permanente (não
financeiro) compreenderá as obrigações que dependem de autorização do
legislativo para que sejam amortizadas ou resgatadas, inserindo-se também a
dívida fundada.
FIQUE DE OLHO
Na contabilidade pública, o termo dívida fundada designa obrigações
adquiridas pelo ente público, normalmente através de empréstimos, para
atender a desequilíbrios no orçamento ou para financiar grandes obras. Além
disso, elas são contraídas com exigência à longo prazo.
3. Lançamentos contábeis patrimoniais
De acordo com a Lei 4.320/64, art. 101, os resultados gerais do exercício de
um ente público serão evidenciados através de demonstrativos específicos.
Dentre esses demonstrativos, tem-se o balanço patrimonial.
O balanço patrimonial condensa todos os fatos contábeis patrimoniais
ocorridos no ente em determinado período, e os demonstra classificando-os
através das contas patrimoniais e evidenciando o resultado apurado no
período, no grupo do patrimônio líquido.
A contabilidade pública evidencia os fatos através de três aspectos
específicos: orçamentário, patrimonial e fiscal. De acordo com o Manual de
Contabilidade Aplicado ao Setor Público (SECRETARIA DO TESOURO
NACIONAL, 2018, p. 20), o aspecto patrimonial:
“Compreende o registro e a evidenciação da composição patrimonial do ente
público. Nesse aspecto, devem ser atendidos os princípios e as normas
contábeis voltadas para o reconhecimento, mensuração e evidenciação dos
ativos e passivos e de suas variações patrimoniais. O Balanço Patrimonial (BP)
e a Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) representam os principais
instrumentos para refletir esse aspecto. O processo de convergência às
normas internacionais de contabilidade aplicada ao setor público (CASP) visa a
contribuir, primordialmente, para o desenvolvimento deste aspecto. ”
Sendo assim, vamos entender como são efetuados os lançamentos
contábeis patrimoniais, os quais são demonstrados no balanço patrimonial.
Como exemplo, vamos supor que o ente público realizou a contratação de uma
operação de crédito. Os lançamentos contábeis para esse fato
percorrem naturezas patrimonial, orçamentária e de controle. Levando-se
em consideração apenas o fato da contratação. Sendo assim, para o registro
contábil do lançamento patrimonial, teremos:
D – Caixa e equivalentes de caixa em moeda nacional
C – Empréstimos a curto prazo
Como pode ser observado, debitamos uma conta do ativo circulante (caixa e
equivalentes de caixa em moeda nacional) pela entrada do numerário com a
contratação da operação de crédito, e debitamos uma conta do passivo
circulante (empréstimos), porque é uma obrigação de curto prazo, exigível até
12 meses após a divulgação das demonstrações contábeis.
Seguindo com esse mesmo exemplo, vamos agora contabilizar o pagamento
desta obrigação perante o credor.
Desta forma teremos o seguinte lançamento contábil:
D – Empréstimos a curto prazo
C – Caixa e equivalentes de caixa em moeda nacional
Ou seja, fizemos o lançamento inverso, no qual a obrigação foi efetivamente
liquidada com a saída do numerário do caixa do ente.
Agora vamos dificultar um pouco mais esses registros para que você
compreenda corretamente os lançamentos contábeis de natureza patrimonial.
O exemplo que vamos esboçar agora é sobre a arrecadação de
impostos. Primeiramente, atendendo ao princípio da competência, o ente
público precisa registrar este lançamento de acordo com o fato gerador.
Vamos supor que o fato gerador desse direito seja sempre 01 de janeiro de
cada ano. Assim, pelo direito de receber esse imposto o ente deve registrar o
seguinte:
D – Créditos tributários a receber
C – Impostos XYZ
Assim, registrou-se um débito referente ao direito a receber no ativo
circulante (créditos tributários a receber), e registrou-se um crédito em uma
conta de variação patrimonial aumentativa (impostos) que também se insere
na natureza patrimonial.
Pela arrecadação desse imposto tem-se o seguinte registro:
D – Caixa e equivalentes de caixa em moeda nacional
C – Créditos tributários a receber
Deu pra entender a lógica dos lançamentos patrimoniais? São lançamentos
que expressam modificações em contas patrimoniais no ente. É importante
lembrar que esses lançamentos ocorrem nas classes 1, 2, 3 e 4, ou seja, ativo,
passivo, variações patrimoniais aumentativas e variações patrimoniais
diminutivas.
4. Conceito de patrimônio público
O patrimônio público é o objeto da contabilidade pública. Já o objetivo da
contabilidade pública, conforme a NBC T 16.1 (CONSELHO FEDERAL DE
CONTABILIDADE, 2012, p. 8) é:
“fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os
aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e

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