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DESCRIÇÃO
Contabilidade Pública: receitas e despesas, demonstrações contábeis, planos de
contas e demais regulações.
PROPÓSITO
Compreender a importância da Contabilidade Pública e do seu impacto no
gerenciamento econômico e financeiro do Estado, bem como conhecer os
principais princípios e demonstrativos utilizados pela Contabilidade Pública a fim
de gerenciar de forma eficaz e eficiente os recursos gerados pelos contribuintes.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo, tenha em mãos recursos computacionais e tenha
acesso à legislação pertinente à Contabilidade Pública.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os principais conceitos de Contabilidade Pública, seus demonstrativos
obrigatórios e suas despesas
MÓDULO 2
Identificar os diferentes aspectos contábeis da Contabilidade Pública
MÓDULO 3
Descrever o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e a Lei de
Responsabilidade Fiscal
INTRODUÇÃO
Neste conteúdo, abordaremos como os entes públicos usam a Contabilidade, e
como as regras contábeis se aplicam ao setor público. Discutiremos a diferença
entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Pública, além de
recapitularmos brevemente as formas de financiamento do Estado.
Analisaremos também o plano de contas utilizado na Contabilidade Pública e os
diferentes aspectos contábeis, incluindo as receitas com e sem contraprestação.
Além disso, estudaremos os diferentes estágios da despesa pública, bem como a
Lei de Responsabilidade Fiscal e de que forma ela afeta os entes públicos.
MÓDULO 1
 Identificar os principais conceitos de Contabilidade Pública, seus
demonstrativos obrigatórios e suas despesas
PRIMEIRAS PALAVRAS
O Estado, ao mesmo tempo que arrecada muito dinheiro, também gasta muito.
Esse “gasto” se reverte em educação, saúde, segurança e muitos outros
benefícios para a população. Porém, para um gasto efetivo, eficaz e eficiente, é
necessário que o Estado possua uma forma de mensurar, registrar e controlar as
entradas e saídas de recursos. O método utilizado é a Contabilidade! Pública.
 
Imagem: Shutterstock.com
O que é Contabilidade?
É uma ciência única, com princípios bem definidos, como as partidas dobradas,
relação entre receitas e despesas, ativos e passivos e assim por diante. Portanto,
tais princípios podem ser utilizados para o controle dos gastos públicos a fim de
que os contribuintes obtenham o melhor retorno possível dos seus tributos.
Porém, a Contabilidade precisa se adaptar para que possa ser útil frente a uma
lógica completamente diferente dos entes públicos, quando comparados ao setor
privado.
 EXEMPLO
O Estado possui receitas com e sem contraprestação, coisa inexistente aos entes
privados. Além disso, o Estado possui despesas obrigatórias, enquanto os entes
privados não.
Adicionalmente, o nível burocrático do Estado é superior a qualquer ente privado,
tendo em vista que os recursos lá administrados pertencem a todos os cidadãos e
não apenas aos sócios ou acionistas.
Assim sendo, deve existir uma burocracia capaz de dar suporte ao tratamento de
tantos interesses diversos, bem como registrar e controlar, de modo a permitir uma
auditoria capaz de detectar e evitar fraudes lesivas aos contribuintes.
Portanto, nada mais natural que, embora haja similaridades, a Contabilidade
Financeira seja diferente da Contabilidade Pública. Neste conteúdo, analisaremos
os principais pontos referentes à Contabilidade Pública. Começaremos com as
regulações e os demonstrativos da Contabilidade Pública praticada no Brasil.
REGULAÇÃO E DEMONSTRATIVOS
No âmbito da Contabilidade Pública, o que a Portaria MF nº 184, de 25 de agosto
de 2008, e o Decreto nº 6976, de 7 de outubro de 2009, estabeleceram?
Que cabe à Secretaria do Tesouro Nacional regular a convergência da
Contabilidade Pública à Contabilidade Internacional. Tais normas são as
International Public Sector Accounting Standards, também conhecidas como
IPSAS.
A Secretaria do Tesouro Nacional também publica o Manual de Contabilidade
Aplicada ao Setor Público (MCASP) , cuja edição mais recente é a oitava. O
MCASP é o manual que serve de base para a Contabilidade Pública no Brasil, pois
agrupa diversos regulamentos, legislações, portarias e outras regulamentações
diversas, tornando o processo de elaboração da Contabilidade Pública mais
simples, eficaz e eficiente. 
De acordo com o prefácio da edição 2010 das Normas Internacionais de
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, “as IPSAS são as normas
internacionais, em níveis globais, de alta qualidade para a preparação de
demonstrações contábeis por entidades do Setor Público”.
Tais normas são baseadas nas “International Financial Reporting Standards”. Vale
lembrar que as normas “International Financial Reporting Standards”, também
conhecidas como IFRS, são as normas aplicadas pelas entidades privadas no
Brasil.
Porém, devido ao enorme escopo de tal mudança, a convergência das normas
contábeis brasileiras para as internacionais tem sido bastante lenta. No XIV
Congresso Internacional de Contabilidade do Mundo Latino, ocorrido em 2018,
discutiu-se tal adoção, porém sem nenhum tipo de prazo para aplicação.
Até o fim de 2020, as normas brasileiras que convergiram com as normas
internacionais de Contabilidade foram as seguintes:
NBC TSP 01 – Receita de Transação sem Contraprestação
NBC TSP 02 – Receita de Transação com Contraprestação
NBC TSP 03 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes
NBC TSP 04 – Estoques
NBC TSP 05 – Contratos de Concessão de Serviços Públicos: Concedente
NBC TSP 06 – Propriedade para Investimento
NBC TSP 07 – Ativo Imobilizado
NBC TSP 08 – Ativo Intangível
NBC TSP 09 – Redução ao Valor Recuperável de Ativo Não Gerador de Caixa
NBC TSP 10 – Redução ao Valor Recuperável de Ativo Gerador de Caixa
NBC TSP 11 – Apresentação das Demonstrações Contábeis
NBC TSP 12 – Demonstração dos Fluxos de Caixa
NBC TSP 13 – Apresentação de Informação Orçamentária nas Demonstrações
Contábeis
NBC TSP 14 – Custos de Empréstimos
NBC TSP 15 – Benefícios a Empregados
NBC TSP 16 – Demonstrações Contábeis Separadas
NBC TSP 16.11 – Sistema de informação de custos do Setor Público
NBC TSP 17 – Demonstrações Contábeis Consolidadas
NBC TSP 18 – Investimento em Coligada e em Empreendimento Controlado em
Conjunto
NBC TSP 19 – Acordos em Conjunto
NBC TSP 20 – Divulgação de Participações em Outras Entidades
NBC TSP 21 – Combinações No Setor Público
A maior novidade nesse cenário foi a introdução, a partir de primeiro de janeiro de
2021, das normas contábeis com respeito a transações com partes relacionadas
(NBC TSP 22, referente a IPSAS 20). Além dessa norma, as seguintes normas
também entraram em vigor a partir de primeiro de janeiro de 2021:
NCB TSP 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro
(IPSAS 3)
NBC TSP 24 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de
Demonstrações Contábeis (IPSA 4)
NBC TSP 25 – Evento Subsequente (IPSA 14)
NBC TSP 26 – Ativo Biológico e Produto Agrícola (IPSA 27)
Todas as normas contábeis citadas acima são de adoção obrigatória dos três
poderes (incluindo o Executivo, Legislativo e Judiciário, abrangendo os tribunais de
contas, ministérios públicos e defensorias), bem como toda a administração
vinculada, tais como fundações, autarquias, órgãos, departamentos e outros.
A adoção é obrigatória em níveis federais, estaduais e municipais (contando com o
Distrito Federal). Porém, para empresas controladas pelo Estado, a adoção é
facultativa.
Enquanto na Contabilidade Financeira os principais demonstrativos contábeis são
o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultados do Exercício e o
Demonstrativo de Fluxos de Caixa, a Administração Pública possui os seguintes
demonstrativos (regulados pela Lei 4320/64 e Resolução CFC 1133/08):
Balanço Orçamentário (Lei 4320/64)
Balanço Financeiro (Lei 4320/64)
Balanço Patrimonial (Lei 4320/64)
Demonstração das Variações Patrimoniais (Lei 4320/64)
Demonstraçãodos Fluxos de Caixa (Resolução CFC 1133/08)
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (Resolução CFC
1133/08)
Vejamos um pouco mais desses demonstrativos:
BALANÇO ORÇAMENTÁRIO
BALANÇO FINANCEIRO
BALANÇO PATRIMONIAL
DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES
PATRIMONIAIS
BALANÇO ORÇAMENTÁRIO
São apresentadas as receitas e as despesas previstas em confronto com as
realizadas (art. 102 da Lei 4320/64).
O Balanço Orçamentário é, no caso das entidades privadas, parte da
Contabilidade Gerencial, e, portanto, facultativo e interno às empresas e demais
entes privados. Com relação às entidades públicas, tal demonstrativo é obrigatório
para que os entes de controle possam fiscalizar se os entes públicos estão
cumprindo com seus objetivos e planejamentos.
BALANÇO FINANCEIRO
De acordo com a Lei 4320/64 em seu artigo 103, “O Balanço Financeiro
demonstrará a receita e a despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os
pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com os saldos em
espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício
seguinte”.
BALANÇO PATRIMONIAL
Enquanto os Balanços Orçamentário e Financeiro não possuem similar no caso de
entidades privadas, o Balanço Patrimonial é similar ao adotado pelas entidades
privadas com as aplicações de recursos sendo contabilizadas no Ativo e as fontes
de recursos sendo contabilizadas no Passivo, com a diferença compondo o
Patrimônio Líquido da entidade.
DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES
PATRIMONIAIS
É similar à Demonstração de Resultado do Exercício, com o artigo 104 da Lei
4320/64 descrevendo que “a Demonstração das Variações Patrimoniais
evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes
da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício”.
Os demonstrativos adicionados pela Resolução CFC 1133/08 são a Demonstração
dos Fluxos de Caixa e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, de
formatos similares às adotadas por entidades do setor privado.
Agora, trataremos da classificação e dos estágios das despesas no setor público.
As despesas do Estado são de caráter fundamental para a sociedade, e, portanto,
extremamente importantes na área da Contabilidade Pública.
DEMONSTRATIVOS DO SETOR
PÚBLICO
No vídeo a seguir, o especialista apresentará os principais demonstrativos
contábeis do setor público e suas características mais importantes. Também
diferenciará os demonstrativos do setor público daqueles existentes para o setor
privado, explicando por que ocorrem essas diferenças.
CLASSIFICAÇÃO E ESTÁGIOS DAS
DESPESAS PÚBLICAS
As despesas no setor público são classificadas como corrente ou de capital. De
acordo com o Manual SADIPEM do Ministério da Economia:
Despesas correntes
São “todas as despesas para manutenção e funcionamento dos serviços públicos
em geral, são despesas que não contribuem, diretamente, para a formação ou
aquisição de um bem de capital”.

Despesas de capital
São “aquelas despesas que contribuirão para a produção ou geração de novos
bens ou serviços e integrarão o patrimônio público, ou seja, contribuem,
diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. Essas despesas
ensejam o registro de incorporação de ativo imobilizado, intangível ou investimento
(no caso dos grupos de natureza da despesa 4 – investimentos e 5 – inversões
financeiras) ou o registro de desincorporação de um passivo (no caso do grupo de
despesa 6 – amortização da dívida)”.
Os números citados são referentes ao Plano de Contas Aplicado ao Setor Público
(PCASP) que veremos mais à frente.
 
Imagem: Shutterstock.com
Exemplo: Uma universidade adquire uma impressora e resmas de papel para
impressão de documentos. A impressora será classificada como “despesa de
capital”, enquanto as resmas de papel serão classificadas como “despesa
corrente”. É de se notar que as “despesas de capital” quase sempre serão
ativadas e não classificadas como despesa, ou seja, não contribuirão
negativamente para o patrimônio do ente público.
Todas as despesas passam por três estágios:
EMPENHO
O empenho é regulamentado pelo artigo 58 da Lei 4320/64, que trata o empenho
de despesa como “o ato emanado de autoridade competente que cria para o
Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição”.
Esse é o primeiro ato e normalmente ocorre quando um bem é comprado, ou um
serviço é contratado, e uma nota de empenho é emitida.
LIQUIDAÇÃO
Após o empenho, vem a liquidação, que é o segundo passo e consiste na
verificação e no processamento do empenho pelo ente público. De acordo com o
parágrafo 1º do artigo 63 da Lei 4320/64, existem três objetivos durante a
liquidação da despesa: “A origem e o objeto do que se deve pagar, a importância
exata a pagar e a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação”.
São necessários três documentos para que ocorra a liquidação: “O contrato, ajuste
ou acordo respectivo; a nota de empenho; e os comprovantes da entrega de
material ou da prestação efetiva do serviço” (Lei 4320/64, art. 63, §2º).
Portanto, podemos entender a liquidação como uma auditoria feita pelo ente
público a fim de se verificar que não há algum tipo de fraude, tal como a não
entrega dos produtos ou a não prestação do serviço, com o intuito de se evitar
desperdício do dinheiro público.
PAGAMENTO
Após a finalização da etapa da liquidação, é feito o pagamento, que é a etapa
final, quando uma Ordem Bancária de Pagamento é emitida a fim de se fazer o
pagamento ao credor.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O INTERNATIONAL PUBLIC SECTOR ACCOUNTING STANDARD (IPSAS) É:
A) A base da Lei 4320/64.
B) Utilizado pelos entes privados para sua Contabilidade Gerencial.
C) Objeto de convergência da Contabilidade Pública Brasileira.
D) Um subgrupo dos International Financial Reporting Standards.
E) Regra contábil cuja adoção é proibida no Brasil.
2. É UM TERMO RELACIONADO À CLASSIFICAÇÃO OU AO ESTÁGIO DAS
DESPESAS PÚBLICAS, EXCETO:
A) Capital
B) Empenho
C) Corrente
D) Caixa
E) Liquidação
GABARITO
1. O International Public Sector Accounting Standard (IPSAS) é:
A alternativa "C " está correta.
De acordo com o prefácio da edição 2010 das Normas Internacionais de
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, “as IPSAS são as normas
internacionais, em níveis globais, de alta qualidade para a preparação de
demonstrações contábeis por entidades do Setor Público”. Desde 2008 elas vêm
sendo traduzidas para o português e adaptadas para a realidade brasileira, com a
mais recente entrando em vigor no ano de 2021.
2. É um termo relacionado à classificação ou ao estágio das despesas
públicas, exceto:
A alternativa "D " está correta.
As despesas se subdividem em capital e corrente, e passam por três estágios:
empenho, liquidação e pagamento.
MÓDULO 2
 Identificar os diferentes aspectos contábeis da Contabilidade Pública
RECEITAS
Conforme comentado na introdução da seção anterior, o Estado arrecada muito
dinheiro através de impostos, contribuições, taxas e outros tipos de financiamento
(tais como venda de ativos).
Nesse aspecto, o Estado é completamente diferente das empresas privadas:
Empresas privadas
Com as empresas privadas há sempre uma contraprestação por um recebimento,
pois nenhuma empresa recebe algum valor sem realizar nenhum tipo de serviço,
entregar algum bem (ativo), ou se obrigar a restituir tais valores (passivo).


Estado
Ele cobra impostos, tributos e contribuições pelos quais nenhuma contraprestação
é feita, diferentemente de casos em que o Estado cobra uma taxa por um serviço,
ou seja, com uma contraprestação.
A NBC TSP 01 regula as Receitas sem Contraprestação (equivalente à IPSAS 23)
e a NBC TSP 02 regula as Receitas com Contraprestação (equivalente à IPSAS
9). A definição de tais termos é dada pela NBC TSP 02, em seu item 11, que
define as receitas da seguinte maneira:
RECEITA COM CONTRAPRESTAÇÃO
Aquela em que a entidade recebe ativos ou serviços,ou tem passivos extintos, e
diretamente entrega em troca um valor aproximadamente equivalente
(prioritariamente sob a forma de dinheiro, bens, serviços ou uso de ativos) à outra
parte.
RECEITA SEM CONTRAPRESTAÇÃO
Aquela não oriunda de troca. Em transação sem contraprestação, a entidade
recebe um valor de terceiro sem diretamente entregar em troca valor
aproximadamente igual, ou entrega um valor à outra entidade sem diretamente
receber valor aproximadamente igual em troca.
EXEMPLO - ITEM 11 DA NBC TSP 01
Nem todas as transações são obviamente com ou sem contraprestação. Existem
transações em relação às quais não fica claro, imediatamente, se são transações
com ou sem contraprestação. Nesses casos, a avaliação da essência da
transação é determinante.
Por exemplo, a venda de bens é normalmente classificada como transação com
contraprestação. Se, entretanto, a transação for por preço subsidiado, ou seja, o
preço não se iguala a aproximadamente o valor justo dos bens vendidos, tal
transação satisfaz à definição de transação sem contraprestação. Ao determinar
se a essência é de transação com ou sem contraprestação, realiza-se julgamento
profissional.
Além disso, as entidades podem receber descontos comerciais, descontos por
quantidade ou outras reduções no preço cotado dos ativos, por uma série de
razões. Essas reduções no preço não significam necessariamente que a transação
seja sem contraprestação.
No caso de transações sem contraprestação, o ente público reconhece a receita
quando há a entrada de ativo (normalmente em caixa, pois os tributos são pagos
em moeda corrente). Ou seja, é lançado um crédito em conta de Receita sem
Contraprestação e um débito na conta de Caixa.
Existem situações em que o Estado pode aceitar o pagamento do tributo antes
que ele seja devido (evento tributável). Tais casos são regulados pelos itens 53 e
54 da NBC TSP 01:
“No curso normal das operações, a entidade pode aceitar recursos antes da
ocorrência de evento tributável. Em tais circunstâncias, o passivo de montante
equivalente àquele do recebimento antecipado deve ser reconhecido até que o
evento tributável ocorra. Se a entidade recebe recursos antes da existência de
acordo obrigatório de transferência, ela deve reconhecer o passivo pelo
recebimento antecipado até o momento em que o acordo se torne obrigatório”.
Vejamos um exemplo:
O Estado recolhe uma antecipação do Imposto de Renda de Pessoa Física todos
os meses, mas o Estado não pode reconhecer todo esse valor como receita antes
da Declaração de Ajuste do Imposto de Renda de Pessoa Física no ano seguinte,
tendo em vista que uma parte significativa do recolhimento será devolvida ao
contribuinte como restituição.
Portanto, o Estado deve provisionar pelo menos parte do recolhimento como
passivo para que seja feito o pagamento de volta aos contribuintes que assim
fazem jus.
 
Imagem: Shutterstock.com
Já as receitas com contraprestação se enquadram em três tipos diferentes (de
acordo com o item 1 da NBC TSP 02):
Prestação de Serviços
Venda de Bens
Uso, por parte de terceiros, de outros ativos que gerem juros, royalties e
dividendos ou distribuições assemelhadas.
 EXEMPLO
A União recebe repasses anuais da Petrobras na forma de dividendos. Esse tipo
de receita é classificado como receita com contraprestação. A contraprestação é,
nesse caso, a detenção de “instrumentos patrimoniais na proporção de suas
participações em uma classe particular do capital” (NBC TSP 02 – item 9(c)).
PROVISÕES E PASSIVOS/ATIVOS
CONTINGENTES
As provisões são muito utilizadas no setor privado para fins gerenciais. Elas fazem
com que a empresa possa ter formas de pagar futuros desembolsos de caixa sem
comprometer sua saúde financeira.
Por exemplo, ao vender a prazo, uma empresa quase nunca recebe de todos os
seus clientes, pois alguns deles podem aplicar um “calote”. Assim sendo, a
empresa calcula um percentual de clientes dos quais ela espera receber o “calote”
e provisiona esse valor como uma “Provisão para Devedores Duvidosos”, a fim de
não contar com esse dinheiro para fins operacionais.
No ramo público, provisões também podem − e devem − ser utilizadas para
melhorar o gerenciamento dos recursos públicos. No caso das provisões e dos
passivos contingentes no setor público, a regulação advém da NBC TSP 03.
A seguir, veja algumas definições importantes descritas no item 18 da
NBC TSP 03:
Provisão Passivo de prazo ou valor incerto.
Ativo
contingente
Ativo possível que resulta de eventos passados, e cuja
existência será confirmada apenas pela ocorrência ou
não ocorrência de um ou mais eventos futuros incertos
não completamente sob o controle da entidade.
Passivo
contingente
(a) Obrigação possível que resulta de eventos passados,
e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência
ou não de um ou mais eventos futuros incertos, não
completamente sob o controle da entidade; ou (b)
Obrigação presente que decorre de eventos passados,
mas não é reconhecida porque: (i) é improvável que a
saída de recursos que incorporam benefícios econômicos
ou potencial de serviços seja exigida para liquidar a
obrigação; ou (ii) o valor da obrigação não pode ser
mensurado com suficiente confiabilidade.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Elaborado por Rodrigo de Oliveira Leite
A provisão é reconhecida como passivo porque são obrigações presentes, e é
provável que a saída de recursos que incorporam benefícios econômicos ou
potencial de serviços seja necessária para liquidar a obrigação (item 21 da NBC
TSP 03).
Já os ativos e passivos contingentes não são reconhecidos, ou porque são apenas
possíveis (e não prováveis), ou porque são de valores que não podem ser
mensurados com confiabilidade.
Quando o Ativo ou o Passivo são considerados contingentes, eles são
evidenciados em notas explicativas, mas não contabilizados dentro das
demonstrações contábeis.
A figura a seguir traz um fluxograma que ajuda na tomada de decisão do ente
público sobre como considerar se um fato se caracteriza como provisão,
contingente ou nenhum dos dois.
 
Imagem: NBC TSP 03, Apêndice 1.
 Fluxograma de decisões para a contabilização ou evidenciação de passivos.
Veremos agora um exemplo de como tal fluxograma pode ser utilizado na tomada
de decisão de contabilização de um fato dentro da área pública.
 EXEMPLO
Um cidadão alega que o valor venal de sua propriedade urbana calculada pela
prefeitura está acima do valor de mercado dela, e por isso o valor do Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU) que ele paga anualmente para a sua prefeitura
está majorado. Ele então entra com uma ação na Justiça, e a Procuradoria do
município julga que é provável que o município perca essa ação.
No exemplo apresentado:
1
O município deve contabilizar o valor de uma provisão, pois tal fato se enquadra
nessa classificação, já que ela é uma obrigação provável que decorre de eventos
passados (cobrança de valor incorreto do IPTU pela prefeitura), e não apenas
possível.
Caso a Procuradoria julgasse que a perda de tal ação judicial seria apenas
possível, então tal fato se enquadraria como passivo contingente, e não seria
contabilizado nas demonstrações contábeis.
2
Porém, pode-se argumentar que os benefícios sociais assumidos pelo governo
também constituem um “passivo de prazo ou valor incerto”, e por isso deveriam
ser contabilizados pelo Estado.
De acordo com a NBC TSP 03, os “benefícios sociais” referem-se a produtos,
serviços e outros benefícios fornecidos na busca dos objetivos de políticas sociais
do governo, e normalmente se encaixam nas classificações de “proteção social”,
“educação” e “saúde” da estrutura de Estatísticas de Finanças Governamentais do
Fundo Monetário Internacional.
Contudo, tais benefícios não são nem uma obrigação possível decorrente de
eventos passados, nem se configuram em obrigações que podem ser mensuradas
com o mínimo de confiabilidade, poismuitas vezes não são monetárias, e o
Estado possui discricionariedade em como vai satisfazer essas obrigações.
Portanto, a NBC TSP 03 exclui esse tipo de benefícios da contabilização e das
regras acima descritas.
Uma importante mudança recente na norma da Contabilidade Pública diz respeito
à divulgação de transações com partes relacionadas.
CONCEITOS E EXEMPLOS -
PROVISÕES E ATIVOS/PASSIVOS
CONTINGENTES
Neste vídeo, o especialista falará sobre os conceitos de provisões e
ativos/passivos contingentes. Também demonstrará, por meio de exemplos, como
classificá-los e reportá-los nas demonstrações contábeis.
DIVULGAÇÃO DE TRANSAÇÕES COM
PARTES RELACIONADAS
A partir de 2021, a divulgação de transações com partes relacionadas se torna
obrigatória na Contabilidade Pública. Tal novidade é muito importante, pois traz
uma forma mais abrangente de se verificar possíveis conflitos de interesse na
Administração Pública, bem como facilitar o trabalho dos órgãos de controle e
providenciar uma maior transparência nas contas públicas.
Mas o que são as partes relacionadas e o que elas incluem?
O item 4 da NBC TSP 22 traz a seguinte explicação: Partes são consideradas
relacionadas se uma delas tem a capacidade de controlar a outra parte, ou exercer
influência significativa sobre a outra parte nas decisões financeiras e operacionais,
ou se a entidade considerada parte relacionada e outra estão sujeitas a controle
comum.
Essas partes relacionadas incluem:
Entidades que direta ou indiretamente, por meio de um ou mais
intermediários, controlam ou são controladas pela entidade que reporta;
Coligadas;
Indivíduos que possuem, direta ou indiretamente, participação na entidade
que reporta que os permita ter influência significativa sobre ela, e membros
próximos da família de cada indivíduo;
Pessoas-chave da administração e membros próximos da família do pessoal-
chave da administração;
Entidades nas quais uma participação substancial é mantida, direta ou
indiretamente, por qualquer pessoa descrita nos dois itens anteriores, ou
sobre as quais essa pessoa é capaz de exercer influência significativa.
DE ACORDO COM O ITEM 27 DA NBC TSP
22, O QUE A DIVULGAÇÃO DAS
TRANSAÇÕES ENTRE PARTES
RELACIONADAS DEVE CONTER?
RESPOSTA
RESPOSTA
A natureza dos relacionamentos com partes relacionadas, os tipos de
transações ocorridas e os elementos das transações necessários para
esclarecer a importância dessas transações para suas operações e permitir,
javascript:void(0)
suficientemente, que as demonstrações contábeis forneçam as informações
relevantes e confiáveis para tomada de decisão, prestação de contas e
responsabilização.
Claro que transações entre partes relacionadas ocorrem em todo o setor público
com frequência, pois diversos órgãos são relacionados entre si, tendo em vista
que “as unidades administrativas estão sujeitas à tutela do Governo nos seus
diversos níveis e, em última instância, à supervisão do Poder Legislativo ou órgão
semelhante de membros eleitos ou nomeados, e operam em conjunto para atingir
as políticas do Governo” (NBC TSP 22, item 18(a)).
Portanto, esses tipos de transações não necessitam de evidenciação, pois são
eximidos de acordo com a norma contábil.
Exemplo:
Um órgão do governo federal possui superavit orçamentário e repassa esse valor
para um outro órgão. Embora esses dois entes sejam partes relacionadas entre si
(estão ambos no Executivo, e, portanto, debaixo de uma mesma administração
política), esse tipo de transação não se enquadra no disposto do item 4 da NBC
TSP 22, e, portanto, não precisa ser evidenciado.
 
Imagem: Ramon Moser/Shutterstock.com
Suponha, em um novo exemplo, que agora uma empresa ganhe uma licitação
para prestação de um serviço a um ente público, e um dos sócios dessa empresa
é parente de um servidor público lotado dentro do ente público que licitou o
serviço.
Nesse caso, essa transação se encaixa na definição de “indivíduos que possuem,
direta ou indiretamente, participação na entidade que reporta que os permita ter
influência significativa sobre ela, e membros próximos da família de cada
indivíduo”, o que gera a obrigação de evidenciar essa transação como uma
transação entre partes relacionadas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A UNIÃO DECIDE FAZER UMA LICITAÇÃO DE UM CAMPO DE PETRÓLEO
E REALIZA A VENDA POR R$85 MILHÕES, SENDO R$80 MILHÕES PAGOS
PELO CAMPO E R$5 MILHÕES PAGOS A TÍTULOS DE IMPOSTOS SOBRE A
COMPRA DO ATIVO. COMO SERÁ CONTABILIZADA ESSA RECEITA DE R$85
MILHÕES?
A) R$80 milhões como Receita sem Contraprestação e R$5 milhões como Receita
com Contraprestação.
B) R$85 milhões como Receita com Contraprestação.
C) R$85 milhões como Receita sem Contraprestação.
D) R$85 milhões como Receita Operacional.
E) R$80 milhões como Receita com Contraprestação e R$5 milhões como Receita
sem Contraprestação.
2. PARA SE CONTABILIZAR UMA PROVISÃO NO PASSIVO DE UMA
ENTIDADE NO SETOR PÚBLICO, É NECESSÁRIO QUE A PROBABILIDADE
DE OCORRÊNCIA DO PASSIVO (QUE ESTÁ ATRELADO A UM EVENTO
PASSADO) SEJA:
A) Completamente certa
B) Provável
C) Possível
D) Remota
E) Impossível
GABARITO
1. A União decide fazer uma licitação de um campo de petróleo e realiza a
venda por R$85 milhões, sendo R$80 milhões pagos pelo campo e R$5
milhões pagos a títulos de impostos sobre a compra do ativo. Como será
contabilizada essa receita de R$85 milhões?
A alternativa "E " está correta.
Pode-se verificar pelo enunciado da pergunta que 80 milhões de reais foram pagos
em troca de um ativo, enquanto os 5 milhões de reais foram pagos sem nenhum
tipo de contraprestação recebida pela empresa que ganhou a licitação. Assim
sendo, deve-se contabilizar R$80 milhões como Receita sem Contraprestação e
R$5 milhões como Receita com Contraprestação.
2. Para se contabilizar uma provisão no Passivo de uma entidade no setor
público, é necessário que a probabilidade de ocorrência do passivo (que está
atrelado a um evento passado) seja:
A alternativa "B " está correta.
Caso a probabilidade de um passivo ocorrer seja remota ou impossível, nada deve
ser contabilizado ou evidenciado. Já se for possível que o passivo venha a ocorrer,
então este é um Passivo Contingente que deve ser contabilizado, mas não
evidenciado. Porém, se for completamente certo que um passivo ocorrerá, então
ele é um passivo normal como qualquer outro. Apenas se ele for provável, a
provisão é reconhecida.
MÓDULO 3
 Descrever o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e a Lei de
Responsabilidade Fiscal
PRIMEIRAS PALAVRAS
Conforme abordado nas seções anteriores, a Contabilidade aplicada ao setor
público no Brasil vem sofrendo diversas mudanças buscando sua modernização,
e, assim, entregar ao contribuinte melhores serviços por meio de um processo de
controle mais eficaz e eficiente, evitando fraudes e desperdícios.
Imagine se cada ente público adotasse em sua Contabilidade nomenclaturas
diferentes entre si?
O trabalho de controle externo de diversos órgãos ficaria prejudicado, pois não
haveria como comparar informações de diversos entes. Além disso, o contribuinte
que quisesse verificar como os entes públicos estão empregando seus recursos
teria que perder muito tempo entendendo cada nomenclatura adotada por cada
ente público na divulgação de suas demonstrações contábeis.
Portanto, para evitar esse problema, existe um único plano de contas para a
Contabilidade Pública chamado de “Plano de Contas Aplicado ao Setor Público”,
mais conhecido como PCASP.
O PCASP é descrito na Parte IV do MCASP (Manual de Contabilidade Aplicado ao
Setor Público).
DE ACORDO COM A OITAVA EDIÇÃO DO
MCASP (P. 380), VEJA QUAL O OBJETIVO DO
PCASP
“Padronizar os registros contábeis das entidades do setor público; distinguir os
registros de natureza patrimonial, orçamentária e de controle; atender à
administração direta e à administração indireta das três esferas de governo,
inclusive quanto às peculiaridades das empresas estatais dependentes e dos
RegimesPróprios de Previdência Social (RPPS); permitir o detalhamento das
contas contábeis, a partir do nível mínimo estabelecido pela STN, de modo que
possa ser adequado às peculiaridades de cada ente; permitir a consolidação
nacional das contas públicas; permitir a elaboração das Demonstrações Contábeis
Aplicadas ao Setor Público (DCASP) e dos demonstrativos do Relatório Resumido
de Execução Orçamentária (RREO) e do Relatório de Gestão Fiscal (RGF);
permitir a adequada prestação de contas, o levantamento das estatísticas de
finanças públicas, a elaboração de relatórios nos padrões adotados por
organismos internacionais – a exemplo do Government Finance Statistics Manual
(GFSM) do Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como o levantamento de
outros relatórios úteis à gestão; contribuir para a adequada tomada de decisão e
para a racionalização de custos no setor público; e contribuir para a transparência
da gestão fiscal e para o controle social.”
Portanto, vemos que o PCASP é de fundamental importância para a Administração
Pública. Assim como qualquer plano de contas, as contas contábeis são o coração
do PCASP. Analisaremos as contas contábeis que integram o PCASP a seguir.
CONTAS CONTÁBEIS
As contas contábeis geram os relatórios contábeis e são divididas em três níveis:
Patrimonial (utilizadas no Balanço Patrimonial e na Demonstração das
Variações Patrimoniais);
Orçamentária (utilizadas no Balanço Orçamentário); e
Controle.
As contas patrimoniais são subdivididas em ativo, passivo, variações patrimoniais
diminutivas e variações patrimoniais aumentativas.
O ativo recebe a numeração 1

O passivo recebe a numeração 2

As variações patrimoniais diminutivas recebem a numeração 3

As variações patrimoniais aumentativas recebem a numeração 4
Essa numeração torna fácil o lançamento, pois cada conta terá um código
começando pela numeração dessa subdivisão. Portanto, todas as contas do ativo
começam com 1, as do passivo com 2, e assim por diante.
Com relação às contas orçamentárias, existem:
Controles da aprovação do planejamento e orçamento - numeração 5

Controles da execução do planejamento e orçamento - numeração 6

Controles devedores - numeração 7

Controles credores - numeração 8
A figura a seguir detalha as diferentes contas contábeis que existem no PCASP.
PCASP
Natureza da
informação
Classes
Patrimonial
1. Ativo 2. Passivo
3. Variações
Patrimoniais
Diminutivas
4. Variações
Patrimoniais
Aumentativas
Orçamentária
5. Controles da
Aprovação do
Planejamento
Orçamentário
6. Controles da
Execução do
Planejamento
Orçamentário
Controle 7. Controles 8. Controles
Devedores Credores
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro: Subdivisão das contas contábeis no PCASP.
Extraída de MCASP, 8.ed.,2018. P. 388, elaborada por Rafael d'Orsi.
Conforme explicitado anteriormente, cada conta possui um “código” que a
identifica. Tal “código” é uma numeração que também recebe o nome de
“estrutura”. Tal estrutura é subdividida em sete níveis: classe, grupo, subgrupo,
título, subtítulo, item e subitem. A imagem a seguir demonstra de forma simples a
estrutura das contas:
 
Imagem: MCASP, 8.ed.,2018. P. 388
 Estrutura das Contas no PCASP.
A classe é justamente a numeração que abordamos; portanto, uma conta de ativo
sempre terá uma estrutura no formato 1.X.X.X.X.XX.XX; uma conta de passivo
sempre terá a estrutura 2.X.X.X.X.XX.XX, e assim por diante.
A estrutura básica do PCASP é formada pelos grupos e subgrupos, conforme a
imagem a seguir:
KAP
1- Ativo
1.1 - Ativo Circulante
1.2 - Ativo Não Circulante
2 - Passivo e Patrimônio Líquido
2.1 - Passivo Circulante
2.2 - Passivo Não Circulante
2.3 - Patrimônio Líquido
3 - Variação Patrimonial
Diminutiva
3.1 - Pessoal e Encargos
3.2 - Benefícios Previdenciários e
Assistenciais
3.3 - Uso De Bens, Serviços e
Consumo de Capital Fixo
4 - Variação Patrimonial
Aumentativa
4.1 - Impostos, Taxas e
Contribuições de Melhoria
4.2 - Contribuições
4.3 - Exploração e venda de bens,
serviços e direitos
3.4 - Variações Patrimoniais
Diminutivas Financeiras
3.5 - Transferências e Delegações
Concedidas
3.6 - Desvalorização e Perda De
Ativos e Incorporação de Passivos
3.7 - Tributárias
3.8 - Custo das Mercadorias
Vendidas, dos Produtos Vendidos
e dos Serviços Prestados
3.9 - Outras Variações Patrimoniais
Diminutivas
4.4 - Variações Patrimoniais
Aumentativas Financeiras
4.5 - Transferências e Delegações
Recebidas
4.6 - Valorização e Ganhos Com
Ativos e Desincorporação de
Passivos
4.9 - Outras Variações Patrimoniais
Aumentativas
5 - Controles da Aprovação do 6 - Controles da Execução do
Planejamento e Orçamento
5.1 - Planejamento Aprovado
5.2 - Orçamento Aprovado
5.3 - Inscrição de Restos a Pagar
Planejamento e Orçamento
6.1 - Execução do Planejamento
6.2 - Execução do Orçamento
6.3 - Execução de Restos a Pagar
7 - Controles Devedores
7.1 - Atos Potenciais
7.2 - Administração Financeira
7.3 - Dívida Ativa
7.4 - Riscos Fiscais
7.5 - Consórcios Públicos
7.8 - Custos
7.9 - Outros Controles
8 - Controles Credores
8.1 - Execução dos Atos Potenciais
8.2 - Execução da Administração
Financeira
8.3 - Execução da Dívida Ativa
8.4 - Execução dos Riscos Fiscais
8.5 - Execução dos Consórcios
Públicos
8.8 - Apuração de Custos
8.9 - Outros Controles
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro: Estrutura Básica das Contas no PCASP.
Extraída de MCASP, 8.ed.,2018. P. 389, elaborada por Rafael d'Orsi.
Veja um exemplo de contabilização de um fato contábil dentro do PCASP:
Suponha que o Estado faça uma doação de um bem imóvel à União. Para a União
existe uma entrada de um ativo e uma variação patrimonial aumentativa. Para o
Estado existe a saída de um ativo e uma variação patrimonial aumentativa. Assim
sendo, os lançamentos contábeis serão realizados no PCASP da seguinte
maneira:
NO ESTADO:
D – 3.5.X.X.X.XX.XX = Transferências e Delegações Concedidas
C – 1.2.X.X.X.XX.XX = Ativo Não Circulante
NA UNIÃO:
D – 1.2.X.X.X.XX.XX = Ativo Não Circulante
C – 4.5.X.X.X.XX.XX = Transferências e Delegações Recebidas
Note que no Estado o débito foi na conta 3, enquanto na União o crédito foi na
conta 4. Isso ocorre porque, para o Estado, a operação resulta em uma variação
patrimonial diminutiva, enquanto para a União há uma variação patrimonial
aumentativa.
Portanto, o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público guarda bastante
similaridade com os planos de contas utilizados pelas entidades privadas, com
contas e subcontas visando uma padronização dos lançamentos contábeis e
propiciando um controle melhor dos gastos e das arrecadações dos entes
públicos.
A seguir, abordaremos uma legislação que, assim como o Plano de Contas
Aplicado ao Setor Público, é muito importante para a qualidade do gerenciamento
financeiro do Estado: a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A LEI DE RESPONSABILIDADE
FISCAL
A Lei Complementar 101 de 2000, popularmente conhecida como a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), estabelece normas de finanças públicas voltadas
para a responsabilidade na gestão fiscal.
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 1º:
A RESPONSABILIDADE NA GESTÃO FISCAL
PRESSUPÕE A AÇÃO PLANEJADA E
TRANSPARENTE, EM QUE SE PREVINEM
RISCOS E CORRIGEM DESVIOS CAPAZES DE
AFETAR O EQUILÍBRIO DAS CONTAS
PÚBLICAS, MEDIANTE O CUMPRIMENTO DE
METAS DE RESULTADOS ENTRE RECEITAS E
DESPESAS E A OBEDIÊNCIA A LIMITES E
CONDIÇÕES NO QUE TANGE A RENÚNCIA DE
RECEITA, GERAÇÃO DE DESPESAS COM
PESSOAL, DA SEGURIDADE SOCIAL E
OUTRAS, DÍVIDAS CONSOLIDADA E
MOBILIÁRIA, OPERAÇÕES DE CRÉDITO,
INCLUSIVE POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA,
CONCESSÃO DE GARANTIA E INSCRIÇÃO EM
RESTOS A PAGAR.
(LEI 101/2000)
Dentro do ordenamento jurídico brasileiro existe o Plano Plurianual (PPA ) , que
estabelece diretrizes de médio prazo (quatro anos) para as finanças públicas. Já a
Lei de Diretrizes Orçamentárias(LDO ) funciona como um planejamento para a
Lei Orçamentária Anual (LOA) , buscando uma congruência entre a LOA e o
PPA.
A LRF busca justamente a orientação de metas para o PPA, LDO e LOA, ajudando
na sua elaboração e contribuindo para finanças públicas mais equacionadas.
A LRF também criou o conceito da Receita Corrente Líquida (RCL), regulada pelo
artigo 3º, inciso IV, o qual descreve o cálculo da seguinte maneira: “Somatório das
receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes”, com
algumas deduções (principalmente transferências obrigatórias).
Qual é uma das medidas mais importante da LRF?
A criação de despesas públicas. Toda nova despesa deve ser acompanhada de
um estudo econômico-financeiro do impacto dessa despesa no exercício vigente e
nos dois subsequentes. Além disso, cada despesa criada deverá ter,
obrigatoriamente e juntamente, a origem de recursos para os seus gastos
(indicação de origem da Receita).
Despesas de caráter continuado não devem afetar as metas fiscais, devendo os
aumentos de gastos continuados serem compensados com aumento de receitas
de caráter continuado.
Adicionalmente, a LRF também determina limites para os gastos com pessoal
frente à Receita Corrente Líquida, nos seguintes percentuais (além de proibir
aprovação de aumento de salários de funcionários nos 180 dias anteriores às
eleições):
União: 50%
Estados, municípios e Distrito Federal: 60%
Tais limites são divididos entre os poderes da seguinte forma:
NA UNIÃO:
2,5% para o Legislativo
6% para o Judiciário
40,9% para o Executivo
0,6% para o Ministério Público da União
NOS ESTADOS:
3% para o Legislativo
6% para o Judiciário
49% para o Executivo
2% para os Ministérios Públicos estaduais
NOS MUNICÍPIOS:
6% para o Legislativo
54% para o Executivo
Quando esses limites não são satisfeitos, deverá haver a redução das despesas
com cargos em comissão e de confiança em pelo menos 20%, bem como a
exoneração de servidores não estáveis. Além disso, o ente público não poderá
receber transferências voluntárias, obter garantia de outro ente ou contratar
operações de crédito.
Na Lei de Responsabilidade Fiscal constava que o ente poderia diminuir a carga
horária dos servidores com corte proporcional nos salários, mas tal dispositivo foi
julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, com o argumento de que é
ilegal no Brasil a redução de salários.
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
Neste vídeo, o especialista falará um pouco mais da Lei de Responsabilidade
Fiscal, seus objetivos, seus pontos principais e sua relação com o PPA, LDO e
LOA.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM ESTADO DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA DECIDE TRANSFERIR
VOLUNTARIAMENTE REMÉDIOS PARA OUTRO ESTADO DA FEDERAÇÃO.
NA CONTABILIDADE DO ESTADO QUE ESTÁ ENVIANDO O MEDICAMENTO É
REALIZADO UM LANÇAMENTO A DÉBITO NA CONTA:
A) De Ativo
B) De Passivo
C) De Variações Patrimoniais Aumentativas
D) De Variações Patrimoniais Diminutivas
E) De Orçamento
2. QUAIS DOS SEGUINTES ITENS NÃO É CONTABILIZADO NA RECEITA
CORRENTE LÍQUIDA?
A) Receitas Tributárias
B) Contribuições recebidas
C) Doações recebidas
D) Industriais
E) Serviços
GABARITO
1. Um estado da federação brasileira decide transferir voluntariamente
remédios para outro estado da federação. Na Contabilidade do estado que
está enviando o medicamento é realizado um lançamento a débito na conta:
A alternativa "D " está correta.
Como há a entrega de medicamento, o estado que está enviando tais itens sofreu
uma variação patrimonial diminutiva que será lançada a débito, contra uma conta
de ativo que receberá o crédito.
2. Quais dos seguintes itens não é contabilizado na Receita Corrente
Líquida?
A alternativa "C " está correta.
De acordo com o artigo 3º, inciso IV da LRF, a RCL é calculada como o “somatório
das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias,
de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes”, com
algumas deduções (principalmente transferências obrigatórias). Doações não
constam na listagem.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Contabilidade Pública vem passando por muitas mudanças nos últimos anos,
seja pela convergência com regulamentações internacionais, pelo aumento da
fiscalização pelos órgãos de controle, pela informatização dos sistemas ou por
novas legislações. Tudo isso gera a necessidade de que o profissional esteja
atualizado com tais informações.
Diferentemente da Contabilidade de entidades privadas, a Contabilidade Pública
possui uma série de dispositivos legais que a burocratizam a fim de oferecer à
sociedade mais transparência ao acompanhar as receitas e despesas públicas, a
execução do orçamento e dívidas dos entes públicos.
No módulo 1, falamos sobre os aspectos gerais da Contabilidade Pública, tal como
a listagem das NBC TSP, que são as normas contábeis aplicadas ao setor público,
bem como os demonstrativos contábeis e as etapas das despesas públicas.
No módulo 2, comentamos sobre aspectos contábeis, começando pelo lado da
receita pública (com e sem contraprestação), reconhecimento de Provisões e
Passivos/Ativos Contingentes, e uma norma contábil que entrou em vigor a partir
de 2021, que é a divulgação de transações que envolvam partes relacionadas.
Finalmente, no módulo 3, discutimos sobre o Plano de Contas Aplicado ao Setor
Público, que padroniza e uniformiza os lançamentos contábeis realizados pelos
entes públicos. No fim da terceira seção, também comentamos acerca da Lei de
Responsabilidade Fiscal, e seus principais dispositivos que auxiliam a gestão das
finanças públicas.
Portanto, este conteúdo trouxe uma visão geral que possibilitou a você ter um
conhecimento amplo sobre os principais pontos da Contabilidade Pública.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
CARVALHO, D. Orçamento e Contabilidade Pública. 6. ed., Elsevier, 2014.
DINIZ, J. A.; LIMA, S. C. Contabilidade Pública - Análise Financeira
Governamental. 1. ed., Atlas, 2016.
KOHAMA, H. Contabilidade Pública - Teoria e Prática. 15. ed., Atlas, 2016.
LIMA, D. V. Orçamento, Contabilidade e Gestão no Setor Público. 1. ed., Atlas,
2018.
MALHEIROS, I. S. Contabilidade Criativa: tipos de práticas identificadas no setor
público brasileiro e suas consequências. 1. ed., Lualri, 2018.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de Contabilidade Aplicada
ao Setor Público, 8. ed., 2018.
EXPLORE+
A Contabilidade Pública é uma disciplina muito específica e cheia de
particularidades. Caso queira explorar mais essa área, veja o Manual de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público, editado pela Secretaria do Tesouro
Nacional, atualmente em sua oitava edição. Ele possui uma linguagem fácil e
aborda de forma completa a Contabilidade Pública no Brasil.
Como é um manual editado por um ente governamental, esse livro está
disponibilizado gratuitamente na internet, sendo assim uma forma de aprender
mais sobre a Contabilidade Pública sem incorrer em gastos adicionais.
CONTEUDISTA
Rodrigo de Oliveira Leite
 CURRÍCULO LATTES
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