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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Departamento de Química EXPERIMENTO 1 – Absorção atômica Determinação de Cobre em amostras de aguardente Docente: Maria Eugenia Queiroz Nassur Discentes: Leonardo Sousa Rosa n° USP 9050931 Lucas Gomes da Fonseca n° USP 8527429 Vinicius Cipriano Andrade n° USP 9363673 Walas João Ribeiro da Silva n° USP 8932387 Ribeirão Preto, 28 de abril de 2022 Introdução Espectroscopia de Absorção Atômica Espectrometria de Absorção Atômica Na espectroscopia atômica, as amostras são vaporizadas num intervalo de temperatura entre 2000K e 6000K, decompondo-se em átomos. As concentrações dos átomos no estado gasoso são determinadas pela medida de absorção ou da emissão da radiação em determinados comprimentos de onda característicos dos elementos. A espectroscopia atômica é uma das ferramentas mais importantes da química analítica devido a sua alta sensibilidade a sua capacidade de distinguir um elemento de outro em uma amostra complexa, a possibilidade de se analisar simultaneamente vários elementos e a facilidade com que várias amostras podem ser analisadas automaticamente Normalmente as quantidades presentes de analito são determinadas em concentrações de partes por milhão (μg/g) até partes por trilhão (ρg/g). Para analisar os principais constituintes de uma amostra, esta deve ser diluída de modo a reduzir as concentrações para o nível de partes por milhão Nesta técnica, o analito é atomizado em uma chama em um forno aquecido eletricamente, ou em plasma. A sensibilidade e a interferência dependem dos detalhes da atomização Durante décadas a atomização foi feita usando-se chamas, mas atualmente é mais comum a utilização de plasmas produzidos por indução e fornos de grafita A maioria dos espectrômetros de chama utiliza um queimador de mistura previa. Neste tipo de queimador, o combustível, o oxidante e amostra são misturados antes de serem induzidos na chama. A combinação mais comum de combustível e oxidante é a de acetileno e ar, que produz uma chama com temperatura de cera de 2600K. Lâmpadas de catodo oco Os monocromadores geralmente não conseguem isolar linhas mais estreitas que 10-3 a 10-2 nm. Para produzirmos linhas finas, com frequência correta usamos uma lâmpada de catodo oco contendo um vapor do mesmo elemento que está sendo analisado. Uma lâmpada de catodo oco contém os gases Ne ou Ar, em uma pressão de aproximadamente 130 a 700 Pa. Quando aproximadamente 500 V são aplicados entre o anodo e o catado, o gás presente na lâmpada é ionizado e íons positivos são acelerados na direção do catodo, produzindo uma corrente de 2 a 30 mA. Eles atingem o catodo com energia suficiente para “expelir” átomos metálicos do catodo para a fase gasoso. Os átomos na fase gasosa são excitados por meio de colisões com eletros de alta energia e então emitem fótons. Essa radiação atômica tem a mesma frequência que a absorvida pelos átomos do analito em uma chama, de modo que a emissão da alampada é suficientemente mais estreita que a largura da linha dos átomos na chama para se comportar como sendo praticamente monocromática. O propósito de um monocromador na espectroscopia atômica é selecionar uma linha emitida pela lâmpada de catodo oco e rejeitar, tanto quanto possível, as emissões provenientes do forno ou da chama. Uma lâmpada diferente é normalmente necessária para cada elemento a ser determinado, embora algumas lâmpadas sejam feitas com mais de um elemento no catodo. Detector de fotomultiplicador de elétrons Um fotomultiplicador é um detector sensível as radiações visíveis e ultravioleta, os fótons fazem com que os elétrons sejam emitidos a partir de um catodo metálico. O sinal é sucessivamente amplificado pelos diodos onde colidem com os fotoelétrons. O conjunto de fotodiodos e o dispositivo sensível a carga são detectores de estado solido onde os fótons criam, em materiais semicondutores, elétrons e lacunas. Acoplados a um policromador esses dispositivos podem registrar, simultaneamente todos os comprimentos de onda de um espectro, com a resolução limitada apenas pelo número de elementos e pelo espaçamento entre os elementos no detector. Produção de Aguardente e o Consumo de Cobre Durante a produção da aguardente pode ocorrer a contaminação do produto por cobre. A legislação Brasileira Decreto nº 2314 de 04/09/1997 estabelece o limite máximo para os teores de cobre em aguardente em 5 mg L-1 de produto. A presença de cobre é importante durante o processo de produção da cachaça, desde que ele catalise reações onde componentes indesejáveis são removidos. Entretanto, a maioria dos processos de destilação são muito primitivos, o que não evita a presença de cobre no produto final. Apesar do cobre ser um dos principais metais de transição presentes no corpo humano, seu excesso no organismo é nocivo, pela interferência nas atividades catalíticas normais de algumas enzimas. O controle eficiente do teor de cobre em aguardente de cana é muito importante, pois o consumo per capita desta bebida no Brasil é elevado, e o teor máximo de cobre permitido pela legislação brasileira é relativamente alto. Dependendo da concentração, este metal pode causar vômitos, irritação gastrintestinal, diarreia, convulsões e sérias disfunções hepáticas. Procedimento Experimental Equipamento A figura 1 representa um esquema de um espectrômetro de absorção atômica com atomizador de chama como o que foi utilizado neste experimento. Figura 1: Esquema de um Espectrômetro de absorção atômica com atomizador de chama, como o que foi utilizado neste experimento. É preciso ter uma atenção especial em relação a altura da chama. É preciso regular essa altura para que os átomos cheguem de forma que a radiação passe na zona da chama em que os átomos se encontram em seu estado fundamental. Na espectrometria de absorção atômica a concentração é determinada pela medida de absorção de uma radiação em determinado comprimento de onda, específico para cada elemento. Como neste experimento o objetivo é a determinação da concentração de cobre em uma amostra aquosa e em uma amostra de cachaça, foi necessário conhecer a linha de ressonância deste metal, que é a linha espectral resultante da transição de ressonância ou transição do estado fundamental para um estado de maior energia. O máximo de absorção do cobre ocorre em 324,75 nm, e foi utilizada uma lâmpada de cátodo oco com cátodo de cobre de 3 mA. A figura 1 representa um esquema de uma lâmpada de cátodo oco. Figura 2: Esquema de uma lâmpada de cátodo-oco, modelo utilizado neste experimento com cátodo de cobre. Preparo das soluções: 1.1. Solução-padrão de cobre 100 mg. L-1. Estava pronta. 1.2. Solução hidroalcóolica a 40% (v/v) (aproximadamente) A partir de C1 x V1 = C2 x V2: 95 x C1 = 40 x 200 mL C1 = 84,2 mL Transferiu-se 84,2 mL da solução 95% para balão de 200 mL e completou-se o volume com água deionizada. 2. Determinação da concentração de cobre pela padronização externa e adição de padrão 2.1. Padronização externa Utilizando a micropipeta volumétrica, transferiu-se quantitativamente, 250 µL, 500 µL, 750 µL e 1000 µL da solução estoque de cobre 100 mg L -1 para balões volumétricos de 25 mL, completando o volume com a solução hidroalcóolica a 40%. Preparou-se também o branco, contendo apenas a solução hidroalcóolica a 40%. As leituras foram feitas em duplicata empregando como comprimento de onda 324,7 nm. 2.2. Amostra de aguardente Aspirou-se a amostra diretamente e determinou-se a concentração de cobre na aguardente. 2.3. Determinação da concentração de cobre pelo método de adição de padrão Em 5 balões volumétricosde 25 mL, adicionou-se, com o auxílio de uma pipeta volumétrica, 20 mL de aguardente. Adicionou-se a cada um dos balões 0 µL, 250 µL, 500 µL, 750 µL e 1000 µL de solução estoque de cobre 100 mg L-1 e completou-se o volume com água deionizada. As leituras foram realizadas em duplicata, empregando como comprimento de onda 324,7 nm. RESULTADOS E DISCUSSÕES Padronização externa Utilizando a micropipeta volumétrica, transferiu-se quantitativamente, 250 µL, 500 µL, 750 µL e 1000 µL da solução estoque de cobre 100 mg L -1 para balões volumétricos de 25 mL, completando o volume com a solução hidroalcóolica a 40%. Preparou-se também o branco, contendo apenas a solução hidroalcóolica a 40%. As leituras foram feitas em duplicata empregando como comprimento de onda 324,7 nm. Tabelas e gráficos com os dados obtidos Tabela 1 - Calibração externa realizada em amostras aquosas Concentração do Cu mg/L Abs. 1 0 0 1 0,044 2 0,064 3 0,102 4 0,094 Figura 3: gráfico da curva de calibração. O ponto referente a concentração de 4 mg/L foi desconsiderado pois não esta coerente com a curva. A equação da reta obtida para os dados encontrados foi: y = ax +b => y = 0,03414x + 0; A absorbância observada para a amostra foi 0,038. logo, a concentração encontrada foi de: 0,038 = 0,03414x => x = 1,113 mg/L 2.4. Determinação da concentração de cobre pelo método de adição de padrão Em 5 balões volumétricos de 25 mL, adicionou-se, com o auxílio de uma pipeta volumétrica, 20 mL de aguardente. Adicionou-se a cada um dos balões 0 µL, 250 µL, 500 µL, 750 µL e 1000 µL de solução estoque de cobre 100 mg L-1 e completou-se o volume com água deionizada. As leituras foram realizadas em duplicata, empregando como comprimento de onda 324,7 nm. Tabelas e gráficos com os dados obtidos Concentração do Cu mg/L Abs 1 0 0,035 1 0,059 2 0,08 3 0,094 4 0,122 Figura 4: gráfico da adição de padrão. A equação da reta obtida para os dados encontrados foi: y = ax +b => y = 0,0213x + 0,035 No método de adição de padrão igualamos a equação da reta a zero. O valor encontrado é igual, em módulo, a concentração. x = 1,643 mg/L Questões: 1. Determinar a concentração de cobre na aguardente pelos dois métodos de quantificação empregados. A concentração de cobre foi determinada acima, os valores de ambos métodos estão dentro dos Resultado e discussões. 2. Porque a curva analítica foi preparada em solução hidroalcóolica? Explique. A curva analítica foi preparada em solução hidroalcóolica porque a atomização é feita por chama e o álcool é o combustível o qual não interfere na composição da chama. Como a cachaça é preparada com aproximadamente 40% de álcool, que é uma substancia orgânica, ocorre o espalhamento da radiação em contato com partículas carbonáceas, por isso preparamos a curva analítica com a mesma matriz presente na amostra. 3. Comparar os resultados obtidos pelos dois métodos (padronização externa e adição de padrão). Comparar também os coeficientes angulares das curvas analíticas. Discuta. Por realizar a medida pelo método da adição de padrão é utilizado a própria cachaça o que confere ao método uma maior confiabilidade. Isso é reforçado pelo coeficiente angular, que quanto mais próximos de zero, significa poucas interferências na amostra e consequentemente mais preciso será o resultado, indicando que a adição de padrão é realmente o método mais preciso dentre os utilizados. Isso tudo somado ao valor fora da reta no método de padronização externa justificam a diferença entre as concentrações obtidas. 4. A concentração determinada está de acordo com as normas da NBR? A legislação Brasileira Decreto nº 2314 de 04/09/1997 estabelece o limite máximo para os teores de cobre em aguardente em 5 mg L-1 de produto (BRASIL, 1997). Como a amostra deu um resultado menor, 1,113 mg, o produto está dentro da norma. 5. Explique a possível interferência nas leituras de absorbância de uma amostra de cachaça. O que devemos fazer para solucionar esse problema? A análise é feita utilizando o método de adição de padrão quando a amostra possui uma matriz bastante complexa com vários compostos orgânicos e inorgânicos que podem interferir na análise. Além do cobre, outros íons metálicos também estão presentes na maioria das cachaças, como no caso do experimento executado, como Al, Cb, Pb, Co, Cu, Cr, Sn, Fe, Li, Mg, Hg, Ni, K, Na e Zn. Com a adição de padrão há a minimização destas interferências, pois como todas as soluções possuem o mesmo volume da amostra o efeito dos interferentes é praticamente o mesmo em todas elas. Conclusão Por meio dos pontos de absorbância fornecidos na leitura da solução padrão foi possível determinar a concentração de uma amostra desconhecida, por meio da técnica de absorção atômica, onde foi possível observar seus fundamentos e praticidade. Logo, afirma-se que essa técnica é extremamente importante para a área de química analítica quantitativa. A concentração do cobre na cachaça apresentou-se valor encontrado 1,113 mg/L, o valor estabelecido por lei é até 5mg/L. Logo dentro da lei. O cobre tem papel importante no bom funcionamento do nosso organismo, no entanto, o excesso do mesmo pode provocar insônia, queda de cabelos, menstruação irregular, nervosismo irritabilidade, dentre outros males. Daí surge a necessidade de realizar esse tipo de análise. Durante o experimento apenas houve uma pequena dificuldade para regular o funcionamento do aparato no início da atividade prática, devido o mesmo tratar-se de uma tecnologia um pouco menos atualizada necessitando uma orientação entre os técnicos de laboratório que os administram, característica que não o desqualifica para auxiliar os discentes a constituir seu conhecimento sob a técnica analítica abordada. Referências [1] HARRIS, D.C.; Análise Química Quantitativa. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2005. [2] SKOOG, D.A.; WEST, D.M.; HOLLER, F.J. Fundamentos de Química Analítica. Tradução da 8ª ed. Norte-Americana, Thomson Learning Ltda, 2006. [3] ATIKINS, Peter; De PAULA, Julio. Físico-Química. 8ª Edição. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2008. [4] NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 2: Fluidos, Oscilações e Ondas, Calor. 3ª Edição. São Paulo: Edgard Blücher, 1933. [5] Industrial Heating Brasil. Avanços no projeto de queimadores autorrecuperativos. Industrial Heating Brasil – The International Journal of Thermal Technology. 2005. Disponível em: <http://www.revistaih.com.br/artigo-tecnico/avancos-no-projeto-de- queimadores-autorrecuperativos/239>. Acesso em 30/04/2022 [6] ROCHA, S. A. N.; COSTA, A. C. S. Determinação Espectrofotométrica de Cobre em Aguardente utilizando Cuprizona (bis (ciclohexanona) oxalildihidrazona). Sociedade Brasileira de Química. Disponível em: <http://sec.sbq.org.br/cd29ra/resumos/T1125-1.pdf>. Acesso em 30/04/2022 [7] Internatinal Copper Association Latin America. Doenças causadas por falta ou excesso de cobre. Disponível em: <http://www.procobre.org/pr/pdf/01_saude04_pr.pdf>. Acesso em 30/04/2022 [8] Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto 6871/2009. Disponível em:<http://sistemasweb.agricultura.gov.br/sislegis/action/detalhaAto.do? method=recuperarTextoAtoTematicaPortal&codigoTematica=1265102>. Acesso em 30/04/2022 [9] EIRAS, S. de P.;ZAMORA, P. G. P.; REIS,A. L. Estudo do Efeito de Misturas de Solventes Na Determinação Espectrofotométrica por Absorção Atômica. Química Nova, vol. 17. 1994. Disponível em:< http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/Vol17No5_369_v17_n5_ %282%29.pdf>. Acesso em 30/04/2022
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