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Introdução à Redação Jurídica

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Prévia do material em texto

Marcio rodrigo Delfim
Introdução à 
Redação 
Jurídica
Sumário 
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO
1. Algumas observações sobre o “juridiquês”
2. Principais elementos de coesão no discurso jurídico
3. Regras básicas de acentuação após a reforma ortográfica
4. Emprego dos pronomes de tratamento
DOCUMENTOS PADRÃO “OFÍCIO”
1. Disposições gerais
2.Aviso e Ofício
3. Memorando
4. Requerimento
PRINCIPAIS PEÇAS PROCESSUAIS PENAIS
1. Denúncia
2. Memoriais / Alegações Finais
3. Razões e Contrarrazões Recursais
PRINCIPAIS PEÇAS PROCESSUAIS CÍVEIS
1. Petição Inicial – Ação Civil Pública
2. Medidas Cautelares
3. Memoriais / Pareceres
4. Razões e Contrarrazões Recursais
 
DOCUMENTOS JURÍDICOS DIVERSOS 
1. Termo de Ajustamento de Conduta
2. Recomendações
3. Termo de Declarações
REFERÊNCIAS
3
4
5
7
9
12
15
15
19
20
21
22
22
27
29
33
33
37
38
40
 
43
43
43
48
50
Introdução à Redação Jurídica 3
Agradecimentos
A concretização deste curso somente foi possível graças à contribuição do Dr. 
Eudes Leonardo Bomtempo, responsável pela elaboração de boa parte do tópico 
referente à “Denúncia” (item 3.1 deste curso), e à colaboração dos Centros de Apoio 
Operacional do MP/GO que, gentilmente, cederam os modelos de peças processuais 
disponibilizados nos próximos tópicos.
Introdução à Redação Jurídica 4
Introdução
Todos aqueles que militam na seara do Direito sabem muito bem que a 
finalidade precípua da linguagem jurídica é o convencimento. Porém, para atingir tal 
objetivo “mister se faz um diálogo constante entre o emitente da mensagem e o leitor 
(à distância), mediante: 1º) a exposição didática do tema (com títulos e subtítulos 
nas peças mais longas); 2º) os diversos elementos de persuasão, nomeadamente a 
ênfase (léxica, sintática, gráfica e de pontuação), bem como os recursos estilísticos 
propiciados pelas variadas modalidades de expressão da linguagem; e 3º) as 
intermitentes provocações do receptor, pelos vocativos diretos ou indiretos, a fim 
de manter o diálogo, aprisionando aquele em fixação constante na mensagem que 
lhe está sendo transmitida. Ou, em outros termos: quem escreve deve ser uma 
presença viva. Quem o estiver lendo, vai ter de ouvir sua voz; vai ter de observar 
seus gestos, seu olhar, sua fisionomia, suas atitudes; vai ter de sentir o vigor de sua 
argumentação, obrigando-se a discuti-la. Pois escrever é como o rio: nasce sereno 
de sua fonte (relatório/narração-descrição); enfrenta penhascos e corredeiras pelo 
trajeto (discussão/argumentação); e supera-os até alcançar sua foz, desaguando 
serenamente no mar (decisão/conclusão).” (SARAIVA, 2002, pp. 17/18)
Dito de outra forma, é possível afirmar que, respeitando o estilo de cada um, este 
curso tem o objetivo de analisar, de forma simples e prática, os principais aspectos 
gramaticais da redação jurídica, visando a um maior aprimoramento e eficiência da 
arte de escrever.
As recomendações gramaticais aqui mencionadas se aplicam a todos os 
documentos, sejam eles formais (petições penais, cíveis ou administrativas, por 
exemplo) ou informais (e-mail, por exemplo). 
Introdução à Redação Jurídica 5
O juridiquês e a linguagem jurídica
Ademais, é importante esclarecer que, apesar da tendência e relevância atual da 
oralidade nos procedimentos judiciais, a linguagem escrita ainda tem preponderância, 
motivo pelo qual enseja especial atenção, até porque, na seara processual, há registro 
e publicação das peças e documentos. 
A par disso, existem os chamados níveis de linguagem, que podem ser 
classificados em: culto, familiar e popular. No âmbito jurídico deve ser utilizado o 
primeiro (culto). Porém, isso não significa uma redação prolixa. Muito pelo contrário, 
pois a redação deve ser clara, simples, objetiva e eficiente.
1. Algumas observações sobre o “juridiquês”
O uso desnecessário ou excessivo de termos técnicos no âmbito jurídico foi 
denominado de “juridiquês”, que se traduz em um neologismo (fenômeno linguístico 
que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um 
novo sentido a uma palavra já existente).
Para uma melhor compreensão a respeito deste assunto é importante analisar 
o artigo elaborado pela professora Valdeciliana da Silva Ramos Andrade, intitulado 
“Juridiquês e linguagem jurídica: o certo e o errado no discurso”, que se encontra 
disponível no seguinte endereço eletrônico:
A leitura do referido artigo deixa transparecer que é preciso bom senso na 
hora de redigir um texto jurídico, pois, apesar de o uso de termos técnicos revelar 
conhecimento, se o leitor, interlocutor ou destinatário da informação for leigo deve-
se redobrar a prudência na utilização de palavras ou expressões jurídicas. 
http://www.amatra17.org.br/?x=verconteudo&codigo=135
Introdução à Redação Jurídica 6
Também é desaconselhável, em qualquer caso, a utilização de palavras 
rebuscadas, que tornam o texto enfadonho, truncado e de difícil compreensão, bem 
como a elaboração de petições desnecessariamente extensas. 
Apenas para ilustrar o que acaba de ser mencionado também é oportuno dar 
uma olhada na reportagem intitulada “Trechos inúteis - Petição inicial deve se limitar 
a fatos ocorridos”, veiculada no dia 28 de outubro de 2012, no site Consultor Jurídico, 
bem como na própria petição inicial que foi objeto da referida notícia, as quais se 
encontram disponíveis nos seguintes endereços eletrônicos, respectivamente:
Trechos inúteis
Modelo de petição inicial para NÃO ser seguido
A mencionada peça processual comprova a necessidade de se afastar a ideia de 
que, no âmbito jurídico, se deve escrever muito e com linguagem difícil. 
A simples adoção dessas providências pode gerar enormes benefícios aos 
profissionais da área jurídica, em especial no que diz respeito à otimização do tempo, 
atualmente tão “escasso” em virtude da quantidade de serviço...
A redação forense
Dica: Veja o seguinte trecho, extraído da obra “Manual de Português Jurídico”, de 
autoria do professor Eduardo Sabbag, sobre as técnicas da boa redação forense:
http://www.conjur.com.br/2012-out-28/justica-rejeita-peticao-excesso-informacao-falta-conteudo
http://s.conjur.com.br/dl/peticao-inicial-emenda.pdf
https://dl.dropboxusercontent.com/u/52340770/redacao/Reda%C3%A7%C3%A3o%20Forense%20-%20Eduardo%20Sabbag.pdf
Introdução à Redação Jurídica 7
realce
inclusão
adição
negação
oposição
afeto
afirmação
igualdade
exclusão
além disso
ainda
demais
ademais
também
vale lembrar
pois
outrossim
agora
de modo geral
por iguais razões
em rápidas pincela-
das
inclusive
até
é certo
é porque
é inegável
em outras palavras
sobremais
além desse fator
embora
não obstante isso
de outra face
entretanto
no entanto
ao contrário disso
qual nada
por outro lado
por outro enfoque
diferente disso
de outro lado
de outra parte
contudo
diversamente disso
felizmente
infelizmente
ainda bem
obviamente
em verdade
realmente
em realidade
de igual forma
do mesmo modo que
da mesma sorte
de igual forma
no mesmo sentido
semelhantemente
bom é
interessante se faz
só 
somente
sequer
exceto
senão
apenas
excluindo
tão somente
Nota: comum 
é encontrar o 
neologismo de 
valor discutível 
“apenasmente”
2. Principais elementos de coesão 
no discurso jurídico
Regina Damião e Antonio Henriques, em seu “Curso de Português Jurídico” 
esclarecem que, ao se observar atentamente os bons autores jurídicos é possível 
encontrar, frequentemente, alguns elementos de coesão assecuratórios da unidade 
textual e consequente coerência. Em seguida os autores citam os seguintes exemplos:
Introdução à Redação Jurídica 8
enumeração
distribuição
continuação
retificação 
explicação
fecho
conclusão
 plano
em primeiro lugar
 momento
a princípio
em seguida
depois (depois de)
finalmente
em linhas gerais
neste passo (nesse)
neste lanço (nesse)
no geral
aqui
neste momento
desde logo
em epítome
de resto em análise última
no caso em tela
por sua vez
a par disso
outrossim
nessa esteira
entrementes
nessa veredapor seu turno
no caso presente
antes de tudo
isto é
por exemplo
a saber
de fato
em verdade
aliás
ou antes
ou melhor
melhor ainda
como se nota
como se viu
como se observa
com efeito
como vimos
daí por que
ao propósito
por isso
a nosso ver
de feito
como vimos de ver
portanto
é óbvio, pois
destarte
dessarte
em suma
em remate
por conseguinte
em análise última
concluindo
em derradeiro
por fim
finalmente
por tais razões
do exposto
pelo exposto
por tudo isso
em razão disso
em síntese
enfim
posto isto (issov)
assim
consequentemente
{
As expressões de transição entre parágrafos também desempenham papel muito 
importante no discurso jurídico, como se pode perceber nos seguintes exemplos:
1. É de verificar-se… 2. Não se pode olvidar… 3. Não há olvidar-se… 4. Como se há 
verificar… 5. Como se pode notar… 6. E de ser relevado… 7. É bem verdade que… 8. Não há 
falar-se… 9. Vale ratificar (cumpre)... 10. Indubitável é… 11. Não se pode perder de vista… 
12. Convém ressaltar… 13. Posta assim a questão, é de se dizer… 14. Registre-se, ainda… 
15. Bom é dizer que… 16. Cumpre-nos assinalar que… 17. Oportuno se torna dizer… 18. 
Mister se faz ressaltar… 19. Neste sentido deve-se dizer que… 20. Tenha-se presente que… 
21. Inadequado seria esquecer, também… 22. Assinale, ainda, que… 23. E preciso insistir 
também no fato de que… 24. Não é mansa e pacífica a questão, conforme se verá… 25. É de 
opinião unívoca...; etc.
Introdução à Redação Jurídica 9
Regina Damião e Antonio Henriques também trazem à tona a lição do 
tributarista Eduardo Marcial Ferreira Jardim, em suas “Reflexões sobre a arquitetura 
do Direito Tributário”, ao elencar um grande número de frases de transição entre 
parágrafos. Neste momento é importante esclarecer que, muito embora algumas 
dessas frases sejam, hoje, raramente empregadas, todas elas apresentam seu valor 
histórico e estilístico, como se pode verificar a seguir:
1. Cumpre observar, preliminarmente, que… 2. Como se depreende… 3. Convém notar, 
outrossim, que… 4. Verdade seja, esta é… 5. Em virtude dessas considerações… 6. Empós 
as noções preliminares em breve trecho, podemos… 7. Cumpre examinarmos, neste passo… 
8. Consoante noção cediça… 9. Não quer isto dizer, entretanto, que… 10. Ao ensejo da 
conclusão deste item… 11. Impende observar que… 12. E sobremodo importante assinalar 
que… 13. A guisa de exemplo podemos citar… 14. A mais das vezes, convém assinalar… 15. 
No dizer sempre expressivo de… 16. Em consonância com o acatado… 17. A nosso pensar… 
18. Roborando o assunto… 19. Cumpre obtemperar, todavia… 20. Em assonância com a lição 
sempre precisa de… 21. Cai a lance notar que… 22. Convém ponderar, ao demais que…; etc. 
(DAMIÃO; HENRIQUES, 2007, pp. 129/131).
3. Regras básicas de acentuação 
após a reforma ortográfica
Tipo de palavra 
ou sílaba
Quando 
acentuar
Exemplos
(como eram)
Observações 
(como ficaram)
Proparoxítonas sempre simpática, 
lúcido, sólido, 
cômodo
Continua tudo igual ao que era antes da 
nova ortografia. Observe: Pode-se usar 
acento agudo ou circunflexo de acordo 
com a pronúncia da região: acadêmico, 
fenômeno (Brasil) académico, fenómeno 
(Portugal).
Introdução à Redação Jurídica 10
Paroxítonas Se terminadas 
em: R, X, N, 
L, I, IS, UM, 
UNS, US, PS, Ã, 
ÃS, ÃO, ÃOS; 
ditongo oral, 
seguido ou não 
de S
fácil, táxi, tênis, 
hífen, próton, 
álbum(ns), 
vírus, caráter, 
látex, bíceps, 
ímã, órfãs, 
bênção, órfãos, 
cárie, árduos, 
pólen, éden.
Continua tudo igual. Observe: 1) 
Terminadas em ENS não levam 
acento: hifens, polens. 2) Usa-se 
indiferentemente agudo ou circunflexo 
se houver variação de pronúncia: 
sêmen, fêmur (Brasil) ou sémen, fémur 
(Portugal). 3) Não ponha acento nos 
prefixos paroxítonos que terminam em 
R nem nos que terminam em I: inter-
helênico, super-homem, anti-herói, semi-
internato.
Oxítonas Se terminadas 
em: A, AS, E, ES, 
O, OS, EM, ENS
vatapá, 
igarapé, avô, 
avós, refém, 
parabéns
Continua tudo igual. Observe: 1. 
terminadas em I, IS, U, US não levam 
acento: tatu, Morumbi, abacaxi. 2. Usa-se 
indiferentemente agudo ou circunflexo se 
houver variação de pronúncia: bebê, purê 
(Brasil); bebé, puré (Portugal).
Monossílabos 
tônicos (são 
oxítonas 
também)
terminados em 
A, AS, E, ES, 
O,OS
vá, pás, pé, 
mês, pó, pôs
Continua tudo igual. Atente para os 
acentos nos verbos com formas oxítonas: 
adorá-lo, debatê-lo, etc.
Í e Ú em 
palavras 
oxítonas e 
paroxítonas
Í e Ú levam 
acento se 
estiverem 
sozinhos na 
sílaba (hiato)
saída, saúde, 
miúdo, aí, 
Araújo, Esaú, 
Luís, Itaú, baús, 
Piauí
1. Se o i e u forem seguidos de s, a regra 
se mantém: balaústre, egoísmo, baús, 
jacuís. 2. Não se acentuam i e u se depois 
vier 'nh': rainha, tainha, moinho. 3. Esta 
regra é nova: nas paroxítonas, o i e u não 
serão mais acentuados se vierem depois 
de um ditongo: baiuca, bocaiuva, feiura, 
saiinha (saia pequena), cheiinho (cheio). 
4. Mas, se, nas oxítonas, mesmo com 
ditongo, o i e u estiverem no final, haverá 
acento: tuiuiú, Piauí, teiú.
Ditongos 
abertos em 
palavras 
paroxítonas
EI, OI idéia, colméia, 
bóia
Esta regra desapareceu (para palavras 
paroxítonas). Escreve-se agora: ideia, 
colmeia, celuloide, boia. Observe: há 
casos em que a palavra se enquadrará em 
outra regra de acentuação. Por exemplo: 
contêiner, Méier, destróier serão 
acentuados porque terminam em R.
Ditongos 
abertos em 
palavras 
oxítonas
ÉIS, ÉU(S), 
ÓI(S)
papéis, herói, 
heróis, troféu, 
céu, mói 
(moer)
Continua tudo igual (mas, cuidado: 
somente para palavras oxítonas com uma 
ou mais sílabas).
Introdução à Redação Jurídica 11
Verbos arguir e 
redarguir (agora 
sem trema)
arguir e 
redarguir 
usavam acento 
agudo em 
algumas pessoas 
do indicativo, 
do subjuntivo e 
do imperativo 
afirmativo.
Esta regra desapareceu. Os verbos arguir 
e redarguir perderam o acento agudo 
em várias formas (rizotônicas): eu arguo 
(fale: ar-gú-o, mas não acentue); ele argui 
(fale: ar-gúi), mas não acentue.
Verbos 
terminados em 
guar, quar e quir
aguar enxaguar, 
averiguar, 
apaziguar, 
delinquir, 
obliquar usavam 
acento agudo em 
algumas pessoas 
do indicativo, 
do subjuntivo e 
do imperativo 
afirmativo.
Esta regra sofreu alteração. Observe:. 
Quando o verbo admitir duas pronúncias 
diferentes, usando a ou i tônicos, aí 
acentuamos estas vogais: eu águo, eles 
águam e enxáguam a roupa (a tônico); eu 
delínquo, eles delínquem (í tônico). Se a 
tônica, na pronúncia, cair sobre o u, ele 
não será acentuado: Eu averiguo (diga 
averi-gú-o, mas não acentue) o caso.
ôo, êe vôo, zôo, enjôo, 
vêem
Esta regra desapareceu. Agora se escreve: 
zoo, perdoo veem, magoo, voo.
Verbos ter e vir na terceira 
pessoa do plural 
do presente do 
indicativo
eles têm, eles 
vêm
Continua tudo igual. Ele vem aqui; eles 
vêm aqui. Eles têm sede; ela tem sede.
Derivados de 
ter e vir (obter, 
manter, intervir)
na terceira 
pessoa do 
singular leva 
acento agudo; na 
terceira pessoa 
do plural do 
presente levam 
circunflexo
ele obtém, 
detém, 
mantém; eles 
obtêm, detêm, 
mantêm
Continua tudo igual.
Acento 
diferencial
Esta regra desapareceu, exceto para os 
verbos: PODER (diferença entre passado 
e presente. Ele não pôde ir ontem, mas 
pode ir hoje. PÔR (diferença com a 
preposição por): Vamos por um caminho 
novo, então vamos pôr casacos; TER 
e VIR e seus compostos (ver acima). 
Observe: 1) Perdem o acento as palavras 
compostas com o verbo PARAR: Para-
raios, para-choque. 2) FÔRMA (de bolo): 
O acento será opcional; se possível, deve-
se evitá-lo: Eis aqui a forma para pudim, 
cuja forma de pagamento é parcelada.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/reforma-ortografica-acentuacao-grafica-tabela-traz-regras-
-ja-de-acordo-com-a-nova-ortografia.htm
Introdução à Redação Jurídica 12
4. Emprego dos pronomes de tratamento
De acordo com Paulo Ricardo Gontijo Loyola, o vocativo e o endereçamento 
das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência terão a 
seguinte forma:
Vocativo: ExcelentíssimoSenhor Presidente da República; Excelentíssimo Senhor Presidente 
do Congresso Nacional; Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal; 
Senhor Senador; Senhor Ministro; Senhor Governador; Senhor Desembargador; Senhor 
Procurador; Senhor Juiz; Senhor Promotor; etc.
Endereçamento:
A Sua Excelência o Senhor Fulano de Tal
Juiz de Direito da 10ª Vara Criminal
Rua Beltrano, nº 123
74.000-000
Goiânia/GO
Não é apropriado o uso do tratamento digníssimo (DD) para autoridades, pois a 
dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo redundante 
a sua repetição.
Relativamente às autoridades tratadas por Vossa Senhoria, o vocativo e o 
endereçamento das comunicações terão a seguinte forma:
Senhor Fulano de Tal,
[...]
Ao Senhor Fulano de Tal
Rua Beltrano, nº 123
74.000-000
Goiânia/GO
Introdução à Redação Jurídica 13
É desnecessário o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que 
recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares.
Como regra geral, doutor deve ser empregado apenas em comunicações 
dirigidas a pessoas que tenham concluído doutorado, pois não constitui forma de 
tratamento, mas sim título acadêmico. Não obstante, é costume designar por doutor 
os bacharéis, especialmente em Direito e Medicina. Nos demais casos, o tratamento 
Senhor é o mais adequado.
Segue abaixo um quadro geral para o tratamento de autoridades, com o pronome 
pertinente:
Almirante Sua/Vossa Excelência
Arcebispo Sua/Vossa Excelência Reverendíssima
Bispo Sua/Vossa Excelência Reverendíssima
Brigadeiro Sua/Vossa Excelência
Cardeal "Sua/Vossa Eminência Reverendíssima (ou Eminência)"
Cônego Sua/Vossa Reverendíssima
Conselheiro de Tribunal de Contas Sua/Vossa Excelência
Cônsul Sua/Vossa Senhoria
Coronel Sua/Vossa Senhoria
Deputado Sua/Vossa Excelência
Embaixador Sua/Vossa Excelência
Frade Sua/Vossa Reverendíssima
Freira Sua/Vossa Reverendíssima
General Sua/Vossa Excelência
Governador de Estado Sua/Vossa Excelência
Irmã (madre, sóror) Sua/Vossa Reverendíssima
Magistrado e membro do MP Sua/Vossa Excelência
Major Sua/Vossa Senhoria
Marechal Sua/Vossa Excelência
Ministro Sua/Vossa Excelência
Monsenhor Sua/Vossa Reverendíssima
Padre Sua/Vossa Reverendíssima
Introdução à Redação Jurídica 14
Papa Sua/Vossa Santidade
Patriarca Sua/Vossa Excelência Reverendíssima (ou Beatitude)
Prefeito e vice Sua/Vossa Excelência
Presidente e vice Sua/Vossa Excelência
Reitor (de Universidade) Sua/Vossa Magnificência
Secretário de Estado e 
Secretário Executivo de Ministério
Sua/Vossa Excelência
Senador Sua/Vossa Excelência
Tenente-Coronel Sua/Vossa Senhoria
Vereador Sua/Vossa Excelência
Demais autoridades, 
Oficiais e particulares
Sua/Vossa Senhoria
Fonte: LOYOLA, 2006, pp. 12/14. 
Introdução à Redação Jurídica 15
Documentos Padrão “Ofício”
1. Disposições gerais
Paulo Ricardo Gontijo Loyola, em seu “Manual de Redação do Ministério 
Público do Estado de Goiás”, tece algumas considerações importantes a respeito dos 
documentos padrão “ofício”, sendo as principais delas transcritas abaixo.
O padrão ofício aplica-se a três tipos de expediente que se diferenciam antes 
pela finalidade do que pela forma – o ofício, o aviso e o memorando –, para os quais 
se adota uma diagramação única. No Ministério Público goiano, o ofício é o meio 
de comunicação oficial mais largamente utilizado, razão pela qual merecerá uma 
exposição mais detalhada.
Os expedientes que observam o padrão ofício – aviso, ofício e memorando –, 
devem conter as seguintes partes:
a) Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede. Exemplos: 
Memorando nº 123/2016-PGJ; Aviso nº 123/2016-PGJ; Ofício nº 123/2016-PGJ.
b) Local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita, uma 
linha abaixo do tipo e número do expediente. Exemplo: Goiânia/GO, 15 de 
junho de 2016.
c) Assunto: resumo do teor do documento. Exemplo: Curso preparatório dos 
Promotores substitutos recém-empossados.
d) Destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No 
caso do ofício deve ser incluído também o endereço.
Introdução à Redação Jurídica 16
e) Texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o 
expediente deve conter a seguinte estrutura:
→ Introdução (parágrafo de abertura), na qual é apresentado o assunto que 
motiva a comunicação. Prefira o emprego da forma direta.
→ Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado. Cada ideia ou assunto deve 
ser tratado em parágrafo próprio, para conferir maior clareza à exposição.
→ Conclusão, na qual se reafirma a posição recomendada sobre o assunto. Os 
parágrafos do texto devem ser numerados ou organizados em itens, títulos e 
subtítulos.
Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a estrutura, mais 
simplificada, pode ser a seguinte:
→ Introdução: inicia-se com referência ao expediente que solicitou o 
encaminhamento. Se não for o caso, deve iniciar-se com a informação do motivo 
da comunicação, que é encaminhar documento, indicando a seguir os dados 
completos do que está sendo encaminhado (tipo, data, origem – ou signatário 
– e assunto de que trata) e a razão pela qual está sendo encaminhado, segundo 
a seguinte fórmula: “Em resposta ao Ofício nº 21, de 1º de junho de 2016, 
encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 24, de 5 de maio de 2016, da Diretoria 
Geral do Ministério Público do Estado de Goiás.” Outra forma que pode ser 
utilizada é a seguinte: “Encaminho, para exame e providências, a anexa cópia do 
Ofício nº 23, de 1º de junho de 2016, do Presidente da Confederação Nacional 
de Agricultura, a respeito de projeto de desenvolvimento e modernização de 
técnicas agrícolas não-poluentes.”
→ Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário 
a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar um parágrafo de 
desenvolvimento.
f) Fecho.
Introdução à Redação Jurídica 17
g) Assinatura do autor da comunicação.
h) Identificação do signatário.
Já em relação à forma de diagramação dos documentos padrão ofício, Loyola 
lembra que, no âmbito do MP/GO, adota-se a forma estabelecida no “Manual de 
Redação Oficial da Presidência da República”, cujas principais regras são as seguintes:
a) Deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no texto em 
geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
b) Para símbolos não existentes na fonte Times New Roman, podem-se utilizar as 
fontes Symbol e Wingdings;
c) É obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;
d) Os ofícios, avisos e memorandos – e os seus anexos – poderão ser impressos 
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direita terão as 
distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
e) A logomarca deve estar dentro dos 5,0cm do limite superior da página, 
devidamente alinhada e colocada somente na primeira página do documento;
f) O início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5cm de distância da margem 
esquerda;
g) O campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0cm de 
largura;
h) O campo destinado à margem lateral direita terá 1,5cm;
i) Deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada 
parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma 
linha em branco;
j) Não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, 
Introdução à Redação Jurídica 18
sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que 
afete a elegância e a sobriedade do documento;
k) A impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão 
colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações;
l) Todos os tipos de documentos do padrão ofício devem ser impressos em papel 
de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0cm;
m) Deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos 
documentos de texto;
n) Dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivode 
texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para 
casos análogos;
o) Para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da 
seguinte maneira: tipo do documento + número do documento + palavras-
chaves do conteúdo. Exemplo: “Ofício 123/16 - Curso preparatório dos 
Promotores Substitutos recém-empossados”.
À apresentação acima podem-se acrescentar as seguintes especificações, 
selecionadas do “Manual de Redação Oficial de Goiás”:
a) Entre a data e a indicação do destinatário pode haver variação de espaços, visto 
que não há definição rígida;
b) Entre o destinatário e o assunto deve ter apenas um espaço duplo;
c) O assunto deve ser sucinto, usando-se, no máximo, cinco palavras para indicar 
ao receptor o tema principal do documento;
d) Entre o assunto e o vocativo há somente um espaço duplo;
e) Entre o vocativo e o texto deve ser utilizado um espaço duplo;
Introdução à Redação Jurídica 19
f) Entre os parágrafos deve ser utilizado espaço duplo;
g) A margem inferior será de 2,0cm;
h) Entre a última linha do texto e o desfecho “Atenciosamente” ou “Respeitosamente” 
deve haver um espaço duplo;
i) Entre o desfecho e o signatário poderá haver variação de espaços;
j) O signatário será o nome do emitente, letra tamanho 12, sem negrito, itálico ou 
outra forma de destaque e, logo abaixo, o cargo ocupado. (LOYOLA, 2006, pp. 
20/23)
2. Aviso e Ofício 
Ao tratar dos documentos intitulados aviso e ofício, Paulo Ricardo Gontijo Loyola 
esclarece que são modalidades de comunicação oficial muito parecidas. Ambos têm 
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração 
Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares. Como o aviso é 
expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma 
hierarquia, será dada prioridade ao expediente denominado ofício, expedido para 
e pelas demais autoridades, incluindo membros e servidores do Ministério Público.
Quanto à sua forma, o aviso e o ofício seguem o modelo do padrão ofício, com 
acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário, seguido de vírgula. Exemplos: 
Senhor Procurador-Geral de Justiça; Senhor Diretor Geral; Senhor Promotor; etc.
 Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do documento as seguintes 
informações do remetente:
Introdução à Redação Jurídica 20
•	 Nome do órgão ou setor;
•	 Endereço postal (se comunicação externa);
•	 Telefone e endereço de correio eletrônico (se comunicação externa). (LOYOLA, 
2006, pp. 23/24; 37)
Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar 
em um Aviso e em um Ofício veja os seguintes modelos:
Modelo de Aviso
Modelo de Ofício
3. Memorando
Ainda de acordo com Paulo Ricardo Gontijo Loyola, o memorando é a 
modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, 
de igual hierarquia ou não. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação 
eminentemente interna.
A tramitação do memorando em qualquer órgão deve ser rápida, por meio 
de procedimentos burocráticos simples. Para evitar o desnecessário aumento do 
número de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio 
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação.
Quanto à sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício, com 
a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. 
Exemplos: Ao Sr. Chefe do Departamento de Informática; Ao Sr. Chefe do 
https://www.dropbox.com/s/j5l6xblg3384w56/Modelo%20de%20Aviso.pdf?dl=0
https://www.dropbox.com/s/5efz00s7jbp6k04/Modelo%20de%20Of%C3%ADcio.pdf?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 21
Departamento de Patrimônio; etc. (LOYOLA, 2006, pp. 24; 39)
Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar 
em um Memorando veja o seguinte modelo:
Modelo de Memorando
4. Requerimento
É o documento pelo qual se dirige a uma autoridade pública para solicitar 
o reconhecimento de um direito ou a concessão de algo amparado pela lei. Caso 
indeferido, pode-se reiterar a solicitação em um documento denominado “pedido de 
reconsideração” – cuja denegação, desta feita, poderá ensejar um outro requerimento, 
denominado “recurso”, dirigido à instância superior.
O requerimento, redigido sempre na terceira pessoa, poderá conter apenas dois 
parágrafos. O primeiro trará, num só período, a identidade completa do peticionário, 
inclusive a profissão, residência e domicílio, bem como a explicitação do direito ou 
da concessão pedida. No segundo, virá a forma terminal, em uma ou duas linhas. A 
fórmula terminal mais usada é: “Nestes termos, pede deferimento.” (LOYOLA, 2006, 
p. 28).
https://www.dropbox.com/s/iyot7p0fv1wi8xq/Modelo%20de%20Memorando.pdf?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 22
Principais Peças 
Processuais Penais
1. Denúncia
A denúncia é a peça acusatória iniciadora da ação penal pública (condicionada 
ou incondicionada), “consistente em uma exposição por escrito dos fatos que 
constituem, em tese, ilícito penal, com manifestação expressa da vontade de que se 
aplique a lei penal a quem é presumivelmente seu autor e a indicação das provas em 
que se alicerça a pretensão punitiva.” (CAPEZ; COLNAGO, 2009, p. 45)
É bom lembrar que tanto na área cível como na esfera criminal, o promotor ou o 
procurador de justiça, pelo princípio da indivisibilidade, atua em nome da instituição 
(Ministério Público). Assim, o correto é usar sempre a terceira pessoa do singular 
(ele).
 Desse modo, em vez de “denuncio”; “requeiro”; etc., recomenda-se a utilização 
das seguintes formas: “o Ministério Público oferece a presente denúncia”; “o Ministério 
Público requer”; “manifesta-se”; “dispensa”; etc.
 Além disso, é absolutamente desnecessária a utilização de expressões como 
“(...) através do promotor de justiça com atribuições (...)”; “(...) no uso de suas 
atribuições (...)”; “(...) com espeque nos artigos (...)”; etc. Basta, em suma, a utilização 
da expressão “O Ministério Público (...)”, pois, ao final da peça processual, constará o 
nome e assinatura do promotor ou do procurador de justiça. 
Ademais, é providencial colocar no preâmbulo a origem e o nº do inquérito. 
Além disso, no cabeçalho da página deve ser inserida a logomarca do Ministério 
Introdução à Redação Jurídica 23
Público e a designação da respectiva Promotoria. Já no rodapé da página os seguintes 
dados devem ser inseridos: endereço, telefone, e-mail e fax da Promotoria.
Especificamente falando, os requisitos da denúncia estão previstos no art. 41 do 
Código de Processo Penal e podem ser resumidos da seguinte forma:
a) Descrição do fato, com todas as suas circunstâncias: “a descrição deve apresentar 
precisão, não se admitindo a imputação vaga e imprecisa. Deve propiciar o 
contraditório pleno, ou seja, ser clara na exposição e precisa quanto à descrição 
do fato típico, para ensejar o perfeito conhecimento da imputação penal. Todas 
as circunstâncias, elementares ou acidentais, que possam influir na apreciação 
do crime e na fixação e individualização da pena devem constar da peça 
inicial. A denúncia (...) prolixa dificulta o trabalho dos operadores do direito, 
em especial no exercício do direito de defesa. Havendo concurso de agentes, 
a conduta de cada um deverá ser descrita individualmente, muito embora os 
tribunais tenham admitido uma narração genérica quando essa providência 
não for possível.” (CAPEZ; COLNAGO, 2009, p. 45)
Vale lembrar que no processo penal brasileiro vigora a teoria da substanciação, 
que se contrapõe à teoria da individuação. Na primeira, o réu se defende dos fatos 
narrados e não do artigo de lei (capitulação legal) mencionado na denúncia. Já nesta 
última, a espécie jurídica invocada assume maior importância que os fatos narrados.
 Ao juiz compete exercer sua função precípua, que é “dizer o direito”. Convém 
ressaltar que o direito moderno acolheu os aforismos “narra mihi factum dabo tibi 
jus” (narra-me os fatos e eu lhe darei o direito) e “iura novit curia” (o juiz conheceo 
direito).
 Na condição de petição inicial no âmbito criminal, a denúncia expõe (traz a 
lume) a acusação, ou seja, representa uma manifestação clara e objetiva da pretensão 
acusatória. Por isso, ela é “sempre narrativa e postulatória; imputa condutas e 
pede a condenação; nunca argumentativa, como memoriais e razões recursais.” 
(MANZANO, 2010, pp. 179/180)
 
Introdução à Redação Jurídica 24
Dessa forma, expressões como “o denunciado é imputável”; “tinha consciência 
da ilicitude”; “lhe era exigível conduta diversa”; etc., são desnecessárias em sede de 
denúncia.
 Não convém seja a denúncia muito extensa nem resumida demais, pois, nesse 
último caso, corre-se o risco dela ser vaga e imprecisa. A narrativa deve ser objetiva 
e deve alcançar as circunstâncias que interessam no âmbito penal. Ao ler a peça é 
necessário que se tenha a exata compreensão do crime (tipo penal e circunstâncias), 
pois só assim será possível se falar em pleno exercício da defesa.
 Além disso é importante esclarecer que, no “corpo” da denúncia deve constar 
somente o fato criminoso. Por outro lado, na “cota” (após despacho de vista para 
oferecimento da denúncia), deverão ser formuladas as diligências; manifestações 
sobre suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei nº 9.099/95); arquivamento 
de outros fatos; não inclusão de algum investigado no polo passivo (denúncia); 
possibilidade de transação penal (artigo 60, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95); 
pedido e manifestação sobre prisão cautelar e liberdade provisória; etc.
 Também é na “cota” que devem ser esclarecidas as razões da denúncia, como, por 
exemplo, no caso de desistência voluntária (artigo 15 do CP) que ensejou a denúncia 
por disparo de arma de fogo e não por homicídio tentado (tentativa branca), como 
foi indiciado no inquérito policial.
 Fatos que não foram esclarecidos ou que deverão ser objeto de outra investigação 
(inquérito complementar) ou, ainda, de ação penal privada, não devem sequer ser 
aludidos na denúncia. Ou seja, a denúncia deve se ater àquilo (e somente àquilo) que 
realmente ficou esclarecido. A menção a fatos não apurados deve ser feita somente 
na “cota” para que fiquem esclarecidas e registradas nos autos quais providências 
foram adotadas pelo Ministério Público em relação a eles, evitando-se, dessa forma, 
eventual arquivamento implícito.
 É fundamental ressaltar que, em nenhuma hipótese, se deve criar situações 
ou conjecturas. Toda a narrativa precisa de um suporte probatório mínimo. Caso 
contrário entra-se no campo fictício (beirando-se a leviandade), o que acabará 
Introdução à Redação Jurídica 25
resultando na rejeição ou improcedência da acusação.
 Outra recomendação importante refere-se à não utilização de termos e 
expressões pejorativas para se referir ao denunciado e outros envolvidos, como, por 
exemplo, meliante, malfeitor, larápio, etc.
 Por fim, convém lembrar que a reforma do CPP, ocorrida em 2008, alterou o 
artigo 387, que estabelece em seu inciso IV, a possibilidade de, na sentença, ser fixado 
“valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os 
prejuízos sofridos pelo ofendido.”
 Tal dispositivo tem gerado certa polêmica, pois alguns juízes e tribunais têm 
entendido que se o referido pedido não constar da denúncia, expressamente, a 
sentença que condenar na reparação dos danos seria “ultra petita”. Assim, para evitar 
tais questionamentos, ao elaborar a denúncia, recomenda-se fazer menção expressa 
nesse sentido, o que é perfeitamente cabível nos crimes contra o patrimônio, por 
exemplo.
b) Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua 
identificação: “qualificar é apontar o conjunto das qualidades pelas quais se possa 
identificar o denunciado, distinguindo-o das demais pessoas. A qualificação é 
prescindível, desde que seja possível obter a identidade física do acusado, por 
traços característicos ou outros dados. Tourinho Filho dá o exemplo de um 
Promotor de Justiça que ofereceu denúncia contra ‘Fulano de Tal’, preto, alto 
e magro. Evidentemente que não poderia fazê-lo, porquanto impossível sua 
individualização.” (CAPEZ; COLNAGO, 2009, p. 45)
c) Classificação jurídica do fato: “a correta classificação não é requisito essencial, 
pois não vincula o Juiz, que poderá dar àquele definição jurídica diversa. O Juiz 
só está adstrito aos fatos narrados na peça acusatória. O autor deverá indicar o 
dispositivo legal em que se subsume o fato imputado, não bastando a simples 
menção ao nomen juris da infração. O demandado defende-se dos fatos a ele 
imputados, não de sua tipificação legal. Dessa forma, o Juiz não deve rejeitar 
a peça inicial por entender errada a classificação do crime. A exposição bem 
Introdução à Redação Jurídica 26
elaborada facilita a tarefa do Magistrado, consistente em dar ao fato descrito 
solução jurídica adequada: ‘Dá-me o fato, que eu te darei o direito’ (narra mihi 
factum dabo tibi jus).” (CAPEZ; COLNAGO, 2009, p. 46)
Nesse momento é preciso ressaltar que, não obstante o primado pela boa redação 
jurídica deva existir em qualquer peça processual, os cuidados devem ser redobrados 
em relação à denúncia, em decorrência da magnitude dos valores tratados na ação 
penal. Salienta-se, todavia, que eventual inadequação do fato narrado ao respectivo 
tipo penal não afasta a apreciação da pretensão punitiva, nem impede o exercício da 
defesa, até porque existe previsão legal de futuras correções da peça inicial (artigos 
383 e 569, ambos do CPP).
 Ademais, em relação à capitulação formulada na denúncia, a prática tem 
demonstrado que, além do tipo penal, deve constar também o nome do crime (“nomen 
iuris”) e a respectiva pena. Exemplo: “(…) artigo 12 da Lei nº 9.609/98 (violação de 
direito autoral de programa de computador), cuja pena é de detenção de 06 (seis) 
meses a 02 (dois) anos.”
d) Rol de testemunhas (se houver): “o Código deixa claro que o arrolamento 
de testemunhas é facultativo. Todavia, o momento adequado para arrolar 
testemunhas é o da propositura da ação, não podendo a omissão ser suprida 
depois, por ter incidido o fenômeno da preclusão. Pode-se arrolar no máximo 
oito testemunhas, nos crimes cuja sanção seja igual ou superior a quatro anos 
de pena privativa de liberdade (procedimento ordinário - CPP, art. 394, §1º, 
I, combinado com o art. 401, ambos com redação determinada pela Lei nº 
11.719/2008), não se compreendendo nesse número as que não prestaram 
compromisso e as referidas (CPP, art. 401, §1º, com redação determinada pela 
Lei nº 11.719/2008). Nos crimes com sanção inferior a quatro anos e superior a 
dois anos de pena privativa de liberdade (procedimento sumário, art. 394, §1º, 
II, com redação determinada pela Lei nº 11.719/2008) poderão ser inquiridas 
até cinco testemunhas (CPP, art. 532, com redação determinada pela Lei nº 
11.719/2008). No procedimento sumaríssimo (Lei nº 9.099/95 - infrações 
penais de menor potencial ofensivo), há divergência quanto ao número de 
testemunhas: se cinco ou três.” (CAPEZ; COLNAGO, 2009, p. 46)
Introdução à Redação Jurídica 27
e) Pedido de condenação: “não precisa ser expresso, bastando que esteja implícito 
na peça.” (CAPEZ; COLNAGO, 2009, p. 46)
f) Endereçamento da petição: “o endereçamento equivocado não impede o 
recebimento da denúncia, tratando-se de mera irregularidade sanável com a 
remessa ou recebimento dos autos pelo juízo competente.” (CAPEZ; COLNAGO, 
2009, p. 46)
g) Nome, cargo e posição funcional do denunciante.
h) Assinatura: “a falta de assinatura não invalida a peça, se não houver dúvidas 
quanto a sua autenticidade.” (CAPEZ; COLNAGO, 2009, p. 46)
Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar 
em uma Denúncia veja o seguinte modelo:
Modelo de Denúncia
2. Memoriais / alegações finais
O Código de Processo Penal “previa as alegações escritas nos arts. 406 e 500. 
Hoje, a Lei nº 11.719/2008 aboliu, praticamente, essas alegações escritas. Elas se 
fazem verbalmente na audiência,salvo a hipótese de haver alguma complexidade, 
quando, então, se fazem por memoriais.” (TOURINHO FILHO, 2009, p. 462) 
 Apesar de o CPP não estabelecer quais elementos compõem as alegações finais 
(memoriais), a solução para tal impasse, entretanto, é bastante simples, pois a referida 
peça processual deve seguir os mesmos parâmetros estabelecidos no artigo 387 do 
CPP, que trata dos requisitos legais exigidos para a sentença, quais sejam, relatório, 
fundamentação e parte dispositiva (esta última quando o juiz acolhe ou rejeita a 
https://www.dropbox.com/s/5rq3h67trhvf94n/denuncia.doc?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 28
pretensão do autor).
 A fase das alegações é considerada o momento final da instrução criminal. 
Além disso, “nas alegações, devem as partes arguir nulidades, mormente aquelas que, 
não arguidas nessa fase, ficarão sanadas (arts. 572, I e 571. II). No mérito, devem 
as partes analisar os depoimentos, os documentos, as perícias, enfim, toda a prova 
colhida e fazer ver ao juiz a procedência da tese sustentada.” (TOURINHO FILHO, 
2009, p. 464)
 Como já mencionado, as alegações são feitas verbalmente, na audiência, 
conforme estabelecem os artigos 402 e 531 do CPP, com a redação dada pela Lei 
nº 11.719/2008. “Por isso, às vezes, é conveniente já levar para a audiência, meio 
alinhavadas, as alegações, que serão completadas em face das provas produzidas.” 
(TOURINHO FILHO, 2009, p. 464)
 Muitas vezes, as partes costumam levar suas alegações já digitadas e, na sala de 
audiência, “pedem a juntada aos autos, ou se limitam a ditar o que já escreveram para 
o escrivão, ou, então, o que é comum, na hora dos debates, as partes falam, ou melhor, 
ditam ao escrivão suas alegações... Nessas alegações, se qualquer das partes observar 
alguma nulidade, deverá arguí-la (art. 571, III). Se às partes parecer oportuno, para o 
esclarecimento da verdade, alguma diligência, nada obstará possam requerer ao juiz 
que determine a sua realização. E como o juiz tem o dever de prover à regularidade 
do processo, bem como o de determinar que se procedam às diligências necessárias 
ao esclarecimento da verdade, caberá a ele julgar-lhes a conveniência.” (TOURINHO 
FILHO, 2009, pp. 464/465) 
 Um dos grandes embates travados pela doutrina e pela jurisprudência relacio-
na-se à seguinte indagação: “A ausência das alegações finais constitui nulidade abso-
luta ou mera irregularidade?” (TOURINHO FILHO, 2009, p. 465)
 A esse respeito existem duas orientações: “a) constituindo as alegações finais 
peça essencial do processo, sua ausência acarreta nulidade absoluta (cf. JTACrim, 
43:109, 45:343, 49:335, 52:375, 53:157 e 56:220 (…); b) não constituindo as alegações 
finais peça essencial do processo, sua ausência caracteriza mera irregularidade 
Introdução à Redação Jurídica 29
(JTAcrim, 36:122, 45:83 e 71:423 (…).” (TOURINHO FILHO, 2009, p. 465)
 Dessa forma, para evitar maiores problemas, é sempre recomendável a 
apresentação dos Memoriais, cujo modelo pode ser acessado clicando no link abaixo:
Modelo de Memoriais
 3. Razões e contrarrazões recursais
 Antes de tratar das peculiaridades das razões e contrarrazões recursais 
é importante tecer alguns esclarecimentos iniciais a respeito do conceito e das 
generalidades relacionadas aos recursos.
 A palavra recurso origina-se do vocábulo latino “‘recursus’, que significa ‘corrida 
para trás’, ‘caminho para voltar’, ‘volta’. Por outro lado, o termo ‘recursus’ deriva 
do verbo recurro, recurris, recurri, recursum, recurrere, que se traduz por ‘voltar 
correndo’. Tal expressão, pois, dá a ideia de um novo curso daquilo que estava em 
curso. Daí o seu emprego para traduzir o ato pelo qual a parte pode pedir ao órgão 
jurisdicional que reexamine a questão decidida, retornando, assim, ao ponto de onde 
se partiu.” (TOURINHO FILHO, 2009, p. 540)
 De modo geral os recursos estão “intimamente ligados ao duplo grau de 
jurisdição. Já sabemos que em todas as Justiças, Comuns ou Especiais, há órgãos 
jurisdicionais inferiores, que decidem as causas, e órgãos superiores, criados 
preferentemente para reexaminar as decisões proferidas pelos primeiros. Dissemos 
preferentemente porque, ao lado dessa função proeminente que se comete aos 
órgãos superiores das Justiças, outras não menos importantes lhe são atribuídas.” 
(TOURINHO FILHO, 2009, p. 540)
https://www.dropbox.com/s/cmrwk32uz8lj7md/Alega%C3%A7%C3%B5es%20Finais__art._310%2C_ctb_e_331%2C_cp.odt?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 30
 Via de regra, o recurso exige “dualidade de instâncias, dualidade de jurisdições, 
vale dizer, uma jurisdição inferior e outra superior. Uma da qual se recorre e 
outra para a qual se recorre. Todavia, no Direito brasileiro, o recurso não supõe, 
necessariamente, tal dualidade, uma vez que há alguns casos em que é dirigido 
ao próprio órgão prolator da decisão recorrida, vale dizer, cabe ao próprio órgão 
que a prolatou reexaminá-la através dele. Tal se dá, por exemplo, com os embargos 
declaratórios. (…).” (TOURINHO FILHO, 2009, p. 541)
 No que tange ao fundamento do recurso, a questão que se coloca é a seguinte: 
Porque existem os recursos?
 A resposta a tal indagação pode ser assim resumida: “Se as decisões fossem 
proferidas por deuses ou semideuses, trariam elas a nota da infalibilidade. Mas quem 
as profere são os juízes, homens portanto, e, como tais, falíveis. Desse modo, o fun-
damento de todo e qualquer recurso, como dizia o Marquês de São Vicente, descansa 
na falibilidade humana. Ao lado disso há a necessidade psicológica: o recurso visa à 
satisfação de uma tendência inata e incoercível do espírito humano. Na verdade, em 
qualquer setor da atividade humana, ninguém se conforma com um primeiro julga-
mento. (…).” (TOURINHO FILHO, 2009, p. 542)
 Além disso, existem razões históricas que justificam os recursos. “Entre todos 
os povos e em todas as épocas, foram eles admitidos, de maneira rudimentar ou 
evoluída, segundo o grau de civilização de cada povo, de cada época.” (TOURINHO 
FILHO, 2009, p. 543)
 Sobre esse assunto, a doutrina esclarece o seguinte: “Por que se acabou com 
a autodefesa como forma geral de composição de litígios? Por acaso a extinção da 
autodefesa não se deu para evitar a iniquidade, a prepotência e o arbítrio? O Estado 
não chamou a si a tarefa de administrar justiça, na certeza de que a aplicação da lei 
ao caso concreto melhor seria feita pelos seus juízes? E se estes fossem prepotentes, 
arbitrários e iníquos, não satisfazendo, assim, ao interesse do Estado, no sentido de 
ser a justiça bem distribuída? Para coarctar tal possibilidade, nada mais salutar que 
a adoção das vias recursais, tornando viável o reexame das questões já decididas 
em primeira instância, preferentemente por outros órgãos mais experimentados.” 
Introdução à Redação Jurídica 31
(TOURINHO FILHO, 2009, p. 543)
 Vale lembrar, entretanto, que todo recurso apresenta dois pressupostos. O 
pressuposto lógico de qualquer recurso é a “existência de um despacho ou decisão 
do órgão jurisdicional. Para que alguém possa interpor um recurso, presume-se, 
logicamente, haja um ato jurisdicional. Por outro lado, há o pressuposto fundamental 
de todo e qualquer recurso, que é a sucumbência.” (TOURINHO FILHO, 2009, p. 543)
 A sucumbência se traduz em lesividade de interesse, gravame, prejuízo, ou, em 
outras palavras, ela “nada mais é senão aquela desconformidade entre o que foi pedido 
e o que foi concedido. Pode-se até dizer que essa noção de sucumbência é um pouco 
acanhada. E realmente o é. Tecnicamente, sempre que a decisão do órgão jurisdicional 
não atender àquilo que a parte aspirava (com foros de legalidade, obviamente) fala-se 
em sucumbência. Assim, quando o promotor pede a condenação do réu às penas do 
art. 155 do CP e o juiz o absolve, há, evidentemente, uma desarmonia, uma descon-
formidade entre o pedido e a sentença. Também haverá se o juiz o condenar mas o 
promotor entender que a pena imposta não o satisfaz. Nesses casos, como exemplos 
dados, surgepara o Ministério Público a sucumbência e, assim, pode ele fazer uso do 
recurso. Sim, porque, nos termos do parágrafo único do art. 577 do CPP, não se admi-
te recurso da parte que não tenha interesse na reforma ou modificação da decisão e, 
como tal interesse exsurge quando há desconformidade entre o que foi pedido e o que 
foi decidido, e se essa desconformidade existiu, evidente estar satisfeito o pressuposto 
fundamental do recurso.” (TOURINHO FILHO, 2009, pp. 543/544)
 Assim, nas razões recursais serão expostas as irresignações em relação à senten-
ça, quer seja no todo ou apenas no que diz respeito à parte dela (artigo 599 do CPP).
 Para tanto, tais irresignações devem seguir a mesma ordem da sentença. A 
argumentação recursal também precisa seguir as recomendações apresentadas no 
início deste curso, ou seja, ter objetividade, clareza e eficiência. A peça não precisa 
ser, necessariamente, extensa, mas é preciso que a argumentação seja lógica e 
convincente, para demonstrar que o recorrente está com a razão. Recomenda-se que 
a argumentação esteja realçada com citações doutrinárias e jurisprudenciais, haja 
vista que tais artifícios aumentam o poder de convencimento.
Introdução à Redação Jurídica 32
 Nas razões recursais, não é de boa técnica se referir ao magistrado “a quo”, 
julgador singular, etc. Reporte-se apenas à sentença ou acórdão, que é a prestação 
jurisdicional com a qual o recorrente não concorda.
 Já nas contrarrazões rebatem-se os argumentos do recorrente. Não precisa 
seguir a ordem das razões, conquanto todas as ponderações sejam refutadas numa 
sequência lógica de raciocínio. No mais, as recomendações são as mesmas utilizadas 
para a elaboração das razões recursais.
 Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar 
nas Razões e nas Contrarrazões Recursais veja os seguintes modelos:
Modelo de Razões Recursais
Modelo de Contrarrazões Recursais
https://www.dropbox.com/s/me6im5ry073xs1j/Raz%C3%B5es%20de%20Apela%C3%A7%C3%A3o-1.odt?dl=0
https://www.dropbox.com/s/tusaaymjuf8z4qk/Contrarraz%C3%B5es%20de%20Apela%C3%A7%C3%A3o%202.pdf?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 33
Principais Peças 
Processuais Cíveis
1. Petição inicial – ação civil pública 
A petição inicial é considerada o “ato jurídico processual mais importante 
praticado pela parte autora dentro do processo, isto porque, em regra, define os 
limites da litiscontestatio em relação ao titular do direito perseguido, além de ser o 
ato por intermédio do qual provoca-se a jurisdição a ser exercida pelo Estado-Juiz.” 
(BARROS, 2003)
 Como se isso não bastasse, a petição inicial, em uma análise mais ampla, 
“representa o próprio exercício do direito de ação, pois é ato introdutório do processo, 
ao qual todos os demais irão se seguir e manter estreita correlação com o objetivo de 
alcançar o fim maior do processo, qual seja, a tutela jurisdicional através da sentença 
de mérito.” (BARROS, 2003)
 O artigo 282 do Código de Processo Civil elenca da seguinte forma os requisitos 
da petição inicial: 1) “o juiz ou tribunal a quem é dirigida”; 2) “os nomes, prenomes, 
estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu”; 3) “o fato e os 
fundamentos jurídicos do pedido”; 4) “o pedido, com as suas especificações”; 5) “o 
valor da causa”; 6) “as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos 
fatos alegados” e 7) “o requerimento para a citação do réu”. 
Nesse instante convém analisar, ainda que superficialmente, cada um dos 
requisitos acima mencionados:
O primeiro requisito diz respeito ao juiz ou tribunal a quem a petição é 
Introdução à Redação Jurídica 34
dirigida. O autor da ação deve estar atento a este requisito, pois, caso o juízo seja 
absolutamente incompetente, o magistrado poderá encaminhar os autos ao juízo 
competente e todos os atos decisórios serão considerados nulos, nos termos do §2° 
do artigo 113 do CPC. Porém, se o magistrado, ao despachar a petição inicial, não 
encaminhar os autos ao juízo competente, caberá ao réu suscitar a incompetência 
absoluta, conforme estabelece o artigo 301, inciso II, do CPC, sob pena de responder 
pelas custas processuais, nos moldes preconizados pelo artigo 113, §1° do CPC. Por 
outro lado, caso o juízo seja relativamente incompetente, a petição só poderá ser 
encaminhada ao juízo competente após o acolhimento da exceção de incompetência 
oposta pelo réu (artigo 112 do CPC) e, se tal providência não for adotada, o juízo 
relativamente incompetente terá a sua competência prorrogada.
 O segundo requisito da petição inicial refere-se à qualificação das partes, 
“imprescindível à formação do processo, devendo ocorrer da forma mais precisa 
possível, merecendo especial destaque a residência e/ou domicílio do réu para fixação 
da competência.” (BARROS, 2003)
 O terceiro requisito está relacionado à exposição do fato e dos fundamentos 
jurídicos do pedido. “A causa de pedir, também denominada de causa petendi 
ou fundamento jurídico do pedido, diverge do fundamento legal do pedido, cuja 
existência é imprescindível, mas não há necessidade de ser mencionada. Expondo os 
fatos, o juiz extrairá o direito, mas é de boa técnica processual sempre mencionar o 
embasamento legal almejado.” (BARROS, 2003)
 O quarto requisito diz respeito ao pedido e suas especificações. “O pedido 
mantém estreita relação com a causa de pedir, pois desta advém aquele. O pedido 
é o objeto da ação e do processo, já que representa aquilo que persegue o autor. 
É a expressão da pretensão. Diferencia-se o pedido em pedido imediato e pedido 
mediato. O primeiro é a prestação jurisdicional, a sentença e, o segundo, aquilo que 
se pretende atingir através da declaração, constituição ou condenação inserida na 
sentença.” Além disso, é importante lembrar que “está o juiz adstrito, por força dos 
artigos 128 e 460 do CPC, a decidir dentro dos limites do pedido, sendo-lhe vedado 
decidir além destes, que também são chamados de limites objetivos da coisa julgada.” 
Ademais, “a própria lei prevê que em caso de dúvida o pedido deve ser interpretado 
Introdução à Redação Jurídica 35
restritivamente, com fulcro no art. 293 do CPC.” (BARROS, 2003)
O quinto requisito da petição inicial é o valor da causa. “No processo civil a 
indicação do valor da causa é obrigatória, ainda que não possua, a mesma, conteúdo 
econômico imediato (CPC, art. 258).” A finalidade da indicação é a de “possibilitar a 
fixação das custas e o procedimento, sendo possível ainda a impugnação em petição 
separada que poderá causar até mesmo a suspensão do processo enquanto o juiz não 
decidir em 10 dias acerca do incidente, o que ocorrerá após, obviamente, o prazo de 
5 dias concedido ao autor para se manifestar.” (BARROS, 2003)
 O sexto requisito relaciona-se aos meios de prova. “A regra no processo civil é a 
de que a parte deverá indicar na inicial os meios de prova que pretende produzir na 
instrução processual, inclusive fazendo-se acompanhar de documentos, com espeque 
no art. 283 do CPC, bem assim nos artigos 276, 297 e 396 do mesmo diploma.” 
(BARROS, 2003)
 O sétimo requisito é o requerimento para citação do réu. De acordo com o artigo 
213 do CPC, a citação é “o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim 
de se defender”, ou seja, é o ato pelo qual se assegura o exercício do contraditório. Vale 
lembrar que a citação pode ser feita das seguintes formas: a) pelo correio, com Aviso 
de Recebimento; b) por mandado, quando o réu é incapaz ou quando não há entrega 
domiciliar de correspondência; c) por edital, nas hipóteses previstas no artigo 231 do 
CPC, as quais devem ser mencionadas na inicial; d) por meio eletrônico, nos moldes 
previstos na Lei nº 11.419/2006.
É importante ressaltar, ainda, que todos os requisitos mencionados acima 
devem ser observados, também, em sede de ação civil pública, a qual é “regulada 
pela Lei nº 7.347 de 24/07/1985 – LACP, dispondo sobre a responsabilidade por 
danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitosde valor artístico, 
estético, histórico, turístico e paisagístico.” (LOPES, 2009, p.1077)
 A ação civil pública “tem natureza jurídica constitucional, incorporada no art. 
129, III, da CF, que dispõe sobre a função institucional do Ministério Público promover 
o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, 
Introdução à Redação Jurídica 36
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.” (LOPES, 2009, p.1077)
 A legislação brasileira também admite ajuizamento de ações civis públicas 
para a “proteção de direitos homogêneos, tais como: Lei nº 7.913/99 (ação civil 
pública de responsabilidade por danos causados aos investidores no mercado de 
valores mobiliários); Lei nº 6.024/74 (ação civil pública de responsabilidade pelos 
danos causados pelos administradores e membros do conselho fiscal de instituições 
financeiras).” (LOPES, 2009, p.1078)
 A competência para o processo e julgamento da ação civil pública é “do foro 
do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e 
julgar a causa (art. 2º da LACP). Caso esteja presente uma das hipóteses previstas no 
art. 109 da CF, a competência passa a ser da Justiça Federal (quando União, Entidade 
Autárquica ou Empresa Pública Federal for interessada).” (LOPES, 2009, p.1078)
 Além disso, a propositura da ação civil pública “prevenirá a jurisdição do juízo 
para todas as ações posteriores intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o 
mesmo pedido (art. 2º da LACP).” (LOPES, 2009, p.1078)
 Por fim é importante esclarecer que podem ser adotados “os ritos ordinário, 
sumário ou qualquer procedimento especial adequado, previstos no CPC (art. 19 da 
LACP).” (LOPES, 2009, p.1078)
Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar 
em uma Petição Inicial (Ação Civil Pública) veja o seguinte modelo:
Da petição inicial
Dica: Veja o seguinte trecho, extraído da obra “Manual de Português Jurídico”, de 
autoria do professor Eduardo Sabbag, sobre as técnicas para elaboração de uma boa 
petição inicial:
Modelo de petição inicial - Ação Civil Pública
https://dl.dropboxusercontent.com/u/52340770/redacao/Peti%C3%A7%C3%A3o%20Inicial%20-%20Eduardo%20Sabbag.pdf
https://www.dropbox.com/s/zsz4u8ufy8rdhb6/ACP%20-%20Obriga%C3%A7%C3%A3o%20de%20Fazer%20-%20cria%C3%A7%C3%A3o%20de%20entidade%20de%20acolhimento%20e%20outras%20provid%C3%AAncias.odt?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 37
 2. Medidas cautelares
 Medida cautelar é o procedimento judicial que visa “prevenir, conservar, 
defender ou assegurar a eficácia de um direito. Isto porque é um ato de precaução ou 
um ato de prevenção promovido no Judiciário (...) quando for manifesta a gravidade, 
quando for claramente comprovado um risco de lesão de qualquer natureza, ou na 
hipótese de ser demonstrada a existência de motivo justo, amparado legalmente.” 
(SANTOS, 2011)
 As medidas cautelares poderão ser “‘preparatórias’, quando são requeridas antes 
da propositura do processo principal, ou ainda ‘incidentes’, quando são requeridas 
depois de proposto o processo principal.” (SANTOS, 2011)
 Quando a ação cautelar é proposta em caráter preparatório “haverá um prazo 
para que o autor promova a ação principal, sob pena de ficar sem efeito a providência 
deferida pelo juiz.” (SANTOS, 2011). A esse respeito o Código de Processo Civil 
dispõe o seguinte:
 Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da 
efetivação da medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório.
 Art. 807. As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo antecedente 
e na pendência do processo principal; mas podem, a qualquer tempo, ser revogadas ou 
modificadas.
 Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar:
I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art. 806;
II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias;
III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do mérito.
 Além disso, o Código de Processo Civil também estabelece o seguinte:
Art. 796. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo 
principal e deste é sempre dependente.
Introdução à Redação Jurídica 38
 Art. 809. Os autos do procedimento cautelar serão apensados aos do processo principal.
 Assim, percebe-se que a medida cautelar, pela sua própria natureza, “está 
vinculada à decisão do processo principal e, por isso, tem caráter de provisoriedade, 
ou seja, só manterá seus efeitos se, ao final da demanda, o juiz acolher na sentença do 
processo principal o reconhecimento da legalidade e legitimidade do pedido que lhe 
deu origem e fundamentação.” (SANTOS, 2011)
 Vale lembrar, ainda, que a medida cautelar pode ser deferida pelo juiz antes da 
outra parte apresentar defesa, ou até mesmo antes da outra parte saber da existência 
do processo.
 Estas situações, por óbvio especiais, e sempre autorizadas por lei, “visam garantir 
a eficácia da medida quando o simples fato de se permitir que a outra parte dela 
tome conhecimento, puder frustrar seu objetivo ou colocar em risco sua execução.” 
(SANTOS, 2011)
 Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar 
em uma Ação Cautelar veja o seguinte modelo:
3. Memoriais / pareceres
 As alegações finais, chamadas por alguns de razões finais, “são atos processuais 
realizados pelos procuradores das partes, após a fase instrutória, por meio de debate 
oral ou apresentação de memoriais.” (SALOMÃO, 2013)
 A apresentação das alegações finais deve ocorrer após o fim da instrução. “O 
juiz dá a palavra ao advogado do autor e ao do réu, bem como ao MP, sucessivamente, 
Modelo de Ação Cautelar
https://www.dropbox.com/s/u11ruhxk9pfsj5i/ok_-_acao_cautelar_de_busca_e_apreensao_de_cartao_do_inss_de_idoso.doc?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 39
por 20 minutos, para que façam suas alegações finais. Cumpre ressaltar que este 
prazo pode ser prorrogável por mais 10 minutos, a critério do juiz (art. 454, caput do 
CPC).” (SALOMÃO, 2013)
Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, “o juiz proferirá a sentença 
desde logo ou no prazo de 10 (dez) dias.” (SALOMÃO, 2013)
 O CPC ainda especifica como devem ocorrer tais debates na hipótese de haver 
litisconsórcio ou intervenção de terceiros. “Nestes casos, o prazo concedido é de 30 
minutos para cada grupo (os 20 minutos normais mais 10 minutos de prorrogação), 
que serão divididos igualmente entre os interessados, salvo se convencionarem de 
forma diferente.” (SALOMÃO, 2013)
A regra acima mencionada encontra-se prevista no art. 454, §1º, do CPC, 
cuja redação é a seguinte: “Havendo litisconsorte ou terceiro, o prazo, que formará 
com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não 
convencionarem de modo diverso.”
Por fim, o art. 454, §3º, do CPC estabelece que “quando a causa apresentar 
questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por 
memoriais, caso em que o juiz designará dia e hora para o seu oferecimento.”
 Conclui-se, portanto, que as alegações finais (sejam na forma escrita ou 
oral) “esclarecem todos os fatos do processo, lembrando-os, mencionando-os e 
descrevendo-os de forma a demonstrar que as teses defendidas pelas partes devem 
ser acolhidas.” (SALOMÃO, 2013)
 Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar 
nos Memoriais e nos Pareceres veja os seguintes modelos:
Modelo de Memoriais
Modelo de Parecer
https://www.dropbox.com/s/rj3mj14glb5utwd/Memoriais%20finais%20-%20a%C3%A7%C3%A3o%20de%20destitui%C3%A7%C3%A3o%20de%20poder%20familiar%20cumulada%20com%20ado%C3%A7%C3%A3o.doc?dl=0
https://www.dropbox.com/s/v4tbw1fsqru5js9/Parecer%20-%20Mandado%20de%20Seguran%C3%A7a%20-%20Exonera%C3%A7%C3%A3o%20-%20Turv%C3%A2nia.doc?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 40
 4. Razões e contrarrazões recursais
 Antes de tratar das razões e contrarrazões recursais é imprescindível dedicar 
algumaslinhas aos principais aspectos inerentes aos recursos de uma forma geral.
 Um recurso, no contexto ora analisado, pode ser definido como uma espécie 
de “remédio processual que a lei coloca à disposição das partes para impugnação de 
decisões judiciais, dentro do mesmo processo, com vistas à sua reforma, invalidação, 
esclarecimento ou integração, bem como para impedir que a decisão impugnada se 
torne preclusa ou transite em julgado.” (PAIVA, 2013)
 O art. 496 do CPC trata da “grade recursal básica do processo civil brasileiro 
e elenca os seguintes recursos: apelação, embargos infringentes, embargos de 
declaração, recurso ordinário, recurso especial, recurso extraordinário e embargos 
de divergência em recurso especial ou extraordinário.” (PAIVA, 2013)
 Em relação aos requisitos genéricos de admissibilidade dos recursos, estes se 
dividem em: “condições recursais (cabimento, legitimidade e interesse) e pressupostos 
recursais (tempestividade, preparo, regularidade formal e inexistência de fato 
impeditivo ou extintivo do direito de recorrer).” (PAIVA, 2013)
 O cabimento é a “previsão legal do recurso e adequação à decisão judicial que 
se quer impugnar (sentença/apelação, interlocutória/agravo, etc.).” (PAIVA, 2013)
 Já em relação à legitimidade para recorrer, o art. 499 do CPC estabelece que 
“o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado ou pelo 
Ministério Público.”
 Quanto ao interesse em recorrer, pode-se dizer que somente tem tal interesse 
“aquele que, legitimado para tanto, tenha sofrido um gravame, total ou parcial, com 
a decisão impugnada (gravame material ou meramente processual). Aplica-se o 
binômio necessidade/utilidade.” (PAIVA, 2013)
 Sobre a tempestividade basta lembrar que “tempestivo é o recurso interposto 
Introdução à Redação Jurídica 41
dentro do prazo legal.” (PAIVA, 2013)
 Já o preparo significa que “o recorrente, ao interpor o recurso, deverá comprovar 
o pagamento das custas processuais respectivas. Ao protocolar o recurso, o preparo 
deve já ter sido feito. Sendo insuficiente o preparo, a parte será intimada para, em 
cinco dias, complementar o valor (§2º do art. 511 do CPC). Ministério Público, 
União, Estados, Municípios e respectivas autarquias, por gozarem de isenção legal, 
não se sujeitam ao preparo.” (PAIVA, 2013)
 No que tange à regularidade formal, é importante ressaltar que o recurso deve 
“obedecer às regras formais de interposição exigidas pela lei para seu tipo específico.” 
(PAIVA, 2013)
 Por fim, sobre a inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de 
recorrer, a doutrina esclarece que “não podem existir, no caso concreto, situações 
como desistência, renúncia ou preclusão lógica.” (PAIVA, 2013)
 Tecidos esses esclarecimentos genéricos a respeito dos recursos, vale lembrar 
que nas razões recursais serão expostas as irresignações em relação à sentença, quer 
seja no todo ou apenas no que diz respeito à parte dela.
 Para tanto, tais irresignações devem seguir a mesma ordem da sentença. A 
argumentação recursal também precisa seguir as recomendações mencionadas 
no Módulo 1, ou seja, ter objetividade, clareza e eficiência. A peça não precisa 
ser, necessariamente, extensa, mas é preciso que a argumentação seja lógica e 
convincente, para demonstrar que o recorrente está com a razão. Recomenda-se que 
a argumentação esteja realçada com citações doutrinárias e jurisprudenciais, haja 
vista que tais artifícios aumentam o poder de convencimento.
 Como já mencionado, nas razões, não é de boa técnica se referir ao magistrado 
“a quo”, julgador singular, etc. Reporte-se apenas à sentença ou acórdão, que é a 
prestação jurisdicional, com a qual o recorrente não concorda.
 Nas contrarrazões rebatem-se os argumentos do recorrente. Não precisa seguir 
a ordem das razões, conquanto todas as ponderações sejam refutadas numa sequência 
Introdução à Redação Jurídica 42
lógica de raciocínio. No mais, as recomendações são as mesmas utilizadas para a 
elaboração das razões recursais.
 Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar 
nas Razões e nas Contrarrazões Recursais veja os seguintes modelos:
Modelo de Razões Recursais
Modelo de Contrarrazões Recursais
https://www.dropbox.com/s/i7kj1m71waf9o4r/apelacao_2%20pj%20novo%20gama_reforma%20unidade%20escolar%20estadual_2015.doc?dl=0
https://www.dropbox.com/s/bdsj0bwnnynh7ne/Contrarraz%C3%A3o%20Agravo%20de%20Instrumento%20-%20WALLMART%20%283%29.doc?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 43
Documentos 
jurídicos diversos
1. Termo de ajustamento de conduta 
O termo de ajustamento de conduta é típico “meio alternativo de solução 
extrajudicial de conflitos: uma vez proposto, espera-se que o compromitente vá 
cumprir as exigências estabelecidas pelo legitimado-compromissário; do contrário, 
o movimento extrajudicial não se esgota, não se finda, tendo em vista a possibilidade 
de ingressar em Juízo visando sua execução.” (SANCHOTENE, 2011)
 É importante esclarecer que o termo de ajustamento de conduta, ao contrário 
do que alguns podem pensar, não nasceu com o advento da Lei nº 7.347/85. “Co-
gitou-se dele, inicialmente, com o disposto no art. 211 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente (Lei nº 8.069, de 13-07-90), que preceitua o seguinte: ‘Os órgãos públi-
cos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua 
conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.’” 
(SANCHOTENE, 2011) 
Pouco tempo depois, “o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, 
de 11-09-90), em seu artigo 113, acrescentou o §6º ao art. 5º da Lei nº 7.347/85, 
aprimorando o instituto, como segue: ‘Os órgãos públicos legitimados poderão 
tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências 
legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.’” 
(SANCHOTENE, 2011)
 Verifica-se na legislação consumerista, “o acréscimo do termo ‘mediante 
cominações’ ao que anteriormente foi disposto pelo ECA. Essa alteração foi significativa 
Introdução à Redação Jurídica 44
para que os legitimados impusessem certa exigência visando o cumprimento do que 
era estabelecido no pacto.” (SANCHOTENE, 2011)
 Conforme preceitua Hugo Nigro Mazzilli, “ao contrário de uma transação vera 
e própria do direito civil, na qual as partes transigentes fazem concessões mútuas para 
terminarem o litígio, já na área dos interesses metaindividuais temos o compromisso 
exclusivo do causador do dano (compromitente) a ajustar sua conduta de modo a 
submetê-la às exigências legais (objeto). De sua parte, o órgão público legitimado 
que toma o compromisso (compromissário), não se obriga a conduta alguma, exceto, 
como decorrência implícita, a não agir judicialmente contra o compromitente em 
relação àquilo que foi objeto do ajuste, exceto sob alteração da situação de fato 
(cláusula rebus sic stantibus implícita), ou em caso de interesse público indisponível...” 
(apud SANCHOTENE, 2011)
 Quanto ao objeto do termo de ajustamento de conduta fala-se em direitos 
metaindividuais, cuja definição legal encontra-se prevista no parágrafo único do 
artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor:
 Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida 
em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os 
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e 
ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os 
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de 
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de 
origem comum.São, portanto e em princípio, “três os interesses ou direitos abrangidos 
pelo ajustamento de conduta: difusos, coletivos ou individuais homogêneos.” 
(SANCHOTENE, 2011)
Introdução à Redação Jurídica 45
 Quanto às principais características do termo de ajustamento de conduta, Hugo 
Nigro Mazzilli aponta as seguintes: “a) dispensa testemunhas instrumentárias; b) o 
título gerado é extrajudicial; c) mesmo que verse apenas ajustamento de conduta, 
passa a ensejar execução por obrigação de fazer; d) na parte em que comine sanção 
pecuniária, permite a execução por quantia líquida em caso de descumprimento da 
obrigação de fazer; e) mesmo que verse apenas obrigação de fazer, pode ser executado 
independentemente de prévia ação de conhecimento.” (apud SANCHOTENE, 2011)
Por outro lado, Mazzilli aponta algumas limitações aos compromissos de 
ajustamento de conduta, dentre as quais destacam-se as seguintes: “a) como são 
garantia mínima e não máxima da responsabilidade do causador do dano a interesses 
metaindividuais, consequentemente não podem os compromissos estipular cláusulas 
limitativas de responsabilidade nem impeditivas de acesso dos lesados à jurisdição; 
b) pelo mesmo motivo, não podem os compromissos de ajustamento incluir 
renúncia a direitos materiais, de que não são titulares os órgãos públicos legitimados 
a tomarem os compromissos; c) ainda por isso, não se admite que, nos compromissos 
de ajustamento de conduta, haja transação quanto ao objeto material do litígio, até 
porque não têm os legitimados ativos à ação civil pública ou coletiva a disponibilidade 
sobre o direito material controvertido; d) porque não se admite transação nem mesmo 
em juízo de matéria atinente à improbidade administrativa, com maior razão não se 
admite compromisso de ajustamento que importe renúncia ou dispensa de exercício 
de direitos em prejuízo do patrimônio público.” (apud SANCHOTENE, 2011)
 Com base em tudo que foi mencionado, pode-se perceber que o termo de ajus-
tamento de conduta é uma “genuína modalidade alternativa da solução de conflitos”, 
pois, “uma vez admitido, oferecido e cumprido, não mais subsistirá o denominado 
dano que deu causa à sua oferta e, desse modo, qualquer lesão ou ameaça a direito 
difuso, coletivo ou individual homogêneo.” (SANCHOTENE, 2011)
 Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar no 
Termo de Ajustamento de Conduta veja o seguinte modelo:
 
Modelo de Termo de Ajustamento de Conduta
https://www.dropbox.com/s/2ybrn2mgv3phar0/tac_-_acessibilidade_transporte_coletivo_-_catalao.pdf?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 46
2. Recomendações
 
A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93) estabelece 
que “no exercício de suas atribuições, incumbe à instituição emitir ‘recomendações’ 
dirigidas aos poderes estaduais ou municipais, órgãos da Administração Pública 
Estadual ou Municipal, direta ou indireta, concessionários e permissionários de 
serviço público e entidades que exerçam outra função delegada do Estado ou do 
Município ou executem serviço de relevância pública. As recomendações podem ser 
acompanhadas de requisição, ao destinatário, de divulgação adequada e imediata de 
seu conteúdo, assim como resposta por escrito.” (FRANCO JÚNIOR, 2013)
 Apesar disso, a utilização da recomendação ainda se encontra limitada por 
parte da instituição e, por isso, deve ser incrementada “a fim de que possa atender 
às finalidades protetivas do erário público, considerando a sua força de correção e 
prevenção, bem como sua utilidade preambular na adoção de outros instrumentos 
judiciais e extrajudiciais de maior complexidade ou contenciosidade.” (FRANCO 
JÚNIOR, 2013)
 Tomada de forma geral, a recomendação “pode ter um sentido positivo (realizar 
determinada tarefa ou suprir uma omissão) ou uma acepção negativa (deixar de agir 
de determinado modo)” (FRANCO JÚNIOR, 2013). Porém, ela também é apta a 
gerar efeitos indiretos, dentre os quais destacam-se os seguintes:
a) condiciona comportamentos jurídicos, influenciando na tomada de decisões; 
b) tem um caráter psicologicamente conformador e influi nos mecanismos 
psicológicos de escolha, sem tolher a liberdade decisória do destinatário; 
c) gera o referido dever de pronunciamento do destinatário (a nossa lei prevê a 
possibilidade de exigir dele uma resposta escrita); 
d) quando acatada, pode ser útil como elemento atenuador de certas 
responsabilidades ou repercutir na esfera jurídica de terceiros (nomeadamente 
Introdução à Redação Jurídica 47
nos casos que envolvem direitos supraindividuais); 
e) quando não acatada, pode servir de elemento demarcador da responsabilidade 
civil e criminal e não impede que os fatos venham a constituir objeto de outras 
medidas; 
f) no campo interno, as recomendações vinculam o próprio Ministério Público. 
(FRANCO JÚNIOR, 2013)
 Com base em tudo que foi mencionado é possível concluir que a recomendação 
“é instrumento com assento legal e que permite estender a função-ombudsman do 
Ministério Público, prevista no inc. II, do art. 129, da CF, à função de proteção do 
patrimônio público e social, referida no inc. III do mesmo dispositivo constitucional; 
deve ser mais largamente utilizada, seja como forma singela de correção de 
ilegalidades, seja como medida preliminar demarcatória do elemento subjetivo, no 
exame de atos onde possam remanescer dúvidas acerca da má-fé do investigado, mas, 
em contrapartida, deve-se ter o cuidado para que não se incorra na banalização do 
seu uso; deve ser instruída por alentada fundamentação, de modo a agregar conteúdo 
jurídico à força moral que dela decorre; e pode ser expedida independentemente da 
existência de inquérito civil ou de outros procedimentos investigatórios, sem prejuízo 
de ser utilizada no curso ou no desfecho desses instrumentos.” (FRANCO JÚNIOR, 
2013)
 Para maiores detalhes a respeito dos principais requisitos que devem constar 
nas Recomendações veja o seguinte modelo:
Modelo de Recomendação
https://www.dropbox.com/s/jjsp2liuswkjzj7/recomendacao.doc?dl=0
Introdução à Redação Jurídica 48
 3. Termo de declarações
O termo de declarações é um texto do gênero jurídico que corresponde ao 
registro das informações prestadas por indivíduos que, de alguma forma, possam 
colaborar com o esclarecimento de um determinado fato jurídico, entendido este 
como qualquer acontecimento que acarrete consequências no mundo jurídico, 
como ocorre, por exemplo, com as declarações prestadas por testemunhas, vítimas, 
indiciados, etc. É importante lembrar que as condições de produção desse tipo de 
texto são singulares, pois a pessoa responsável por reduzir a termo as declarações 
deve fazê-lo da maneira mais fidedigna possível.
Ao colher as declarações é salutar, em primeiro lugar, ouvir um breve relato do 
que a pessoa tem a dizer. Além disso, convém utilizar apenas as palavras “declarante” 
ou “depoente”, para se referir à pessoa que está sendo ouvida.
Da mesma forma, é de suma importância organizar uma sequência lógica (ou 
cronológica) dos fatos, independente do que for exposto pelo(a) depoente. Por isso, 
convém, sempre, perguntar e colocar no texto as datas e os locais dos fatos.
No âmbito criminal, especificamente, o membro do Ministério Público deve 
perguntar se o(a) declarante quer representar [ou seja, se ele(a) deseja que sejam 
adotadas as providências criminais] contra o agressor (autor do fato), em especial 
nos delitos que dependam de representação da vítima.
É importante, também, caso seja possível, identificar (com nome, endereço e 
telefone) as pessoas eventualmente referidas no depoimento a ser colhido, já que, 
muitas vezes, essas pessoas podem trazer mais esclarecimentos sobre os fatos.
Um aspecto bastante polêmico acerca do termo de declarações diz respeito à 
constante utilização da palavra “que”.
A esse respeito, Maria Izabel Plath da Costa ensina o seguinte: “a conjunção 
integrante ‘que’ cumpre papeis importantes nesse tipo de texto, considerando a 
Introdução

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