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041_23041 008257-2021-61_ESCLA_CARGO_TCNICO_PARA_FINS_DE_ACUMULAO (1)

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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO AO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
ALAGOAS
PROCURADOR-CHEFE
 
PARECER n. 00041/2022/PROC/PFIFALAGOAS/PGF/AGU
 
NUP: 23041.008257/2021-61
INTERESSADOS: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS - IFAL
ASSUNTOS: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO
 
EMENTA: Direito Constitucional. Direito Administrativo. Acumulação de cargos. Cargo em
comissão. Professor substituto.
 
Senhor Reitor,
 
RELATÓRIO
 
1. Trata-se de processo encaminhado para análise e parecer sobre a possibilidade de
contratação de professor substituto.
 
2. Eis a dúvida:
 
DESPACHO Nº 8307 / 2022 - REIT-CCAP (11.01.37.02)
Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO
Maceió-AL, 14 de Fevereiro de 2022.
À DGP,
 
Trata-se de processo administrativo para contratação de professor EBTT substituto da área
de Estradas e Pavimentação para o Campus Palmeira dos Índios, para suprir o afastamento
da docente efetiva ISABELLY CHRISTINY MONTEIRO DE SOUZA PINTO.
O candidato DAVI PEREIRA PRADINES foi convocado através do edital de convocação nº
01/2022, publicado no DOU de 05/01/2022 e aceitou a vaga no dia 06/01/2022. Enviou a
documentação solicitada no dia 12/01/2022.
O candidato informou que exerce cargo público de Diretor de Mobilidade Urbana (DAS-4) na
Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito - SMTT na Prefeitura de Maceió,
conforme a "Declaração de Acumulação ou não de cargos públicos" e a declaração emitida
pelo Superintendente do órgão de origem.
Essa Coordenação de Contrato e Admissão de Pessoal - CCAP solicitou o envio da
comprovação legal da exigência da habilitação técnica na lei que criou o referido
cargo, seguindo o princípio da Legalidade Estrita ao qual a Administração Pública está
vinculada.
Conforme na jurisprudência pacificada do STJ: "o cargo técnico ou científico, para fins de
acumulação com o de professor, nos termos do art. 37, XVII, da Constituição Federal, é
aquele para cujo exercício são exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação
legal, não necessariamente de nível superior." (grifo nosso).
O candidato juntou diversos documentos, a saber:
- Declaração emitida pelo Superintendente da SMTT;
- Anotação de Responsabilidade Técnica emitida pelo CREA em nome do candidato;
- Resolução nº 218/1973/CONFEA;
- Resolução nº 430/99/CONFEA;
- Lei nº 6593/2016 do munícipio de Maceió;
- Decreto nº 8365/2017 do munícipio de Maceió.
- Portaria de nomeação do candidato para o cargo de Diretor de Mobilidade Urbana, Portaria
nº 698/2021;
- Portaria nº 61/2017 da SMTT de Maceió.
 
Diante da diversidade de informações prestadas pelo candidato e diante da inexistência da
previsão explícita da exigência legal da habilitação profissional para exercício no cargo em
comissão, não houve competência técnica dessa Coordenação para atestar a natureza
técnica ou científica do cargo de Diretor da SMTT, com a devida previsão legal, para que
possa ser acumulado com o cargo de Professor Substituto no IFAL. Assim, questionamos:
1 - De acordo com o entendimento jurisprudencial recente, é mandatória que a exigência
da habilitação profissional para o exercício do cargo público conste explicitamente na
lei de criação do cargo?
2 - Na ausência de determinação legal explícita quanto à habilitação profissional exigida
para o exercício do cargo DAS-4, a documentação enviada pelo candidato é suficiente
para embasar a análise em tela?
3 - Em caso afirmativo (item 1), considerando a documentação apresentada pelo
candidato, resta comprovada a natureza técnica ou científica do cargo de Diretor
de Mobilidade Urbana, de modo a atender ao preceito constitucional previsto no Art. 37,
XVII?
 
Dessa forma, encaminhamos o presente processo para análise desta Diretoria e, salvo
melhor juízo, consulta à Procuradoria Federal junto ao IFAL, a fim de obtermos orientação
quanto aos questionamentos acima.
 
(Assinado digitalmente em 14/02/2022 12:24 )NEIDE LUCIA
SOARES CALAZANSAUXILIAR EM ADMINISTRACAOREIT-CCAP
(11.01.37.02)Matrícula: 1911660
 
3. É o relatório, tendo vindo o processo para manifestação em 18/02/2022. Passa-se à analise.
 
MANIFESTAÇÃO DA PF/IFAL
 
4. A manifestação que se seguirá limitar-se-á aos aspectos estritamente jurídicos, sem
adentrar em questões relativas à conveniência e oportunidade dos atos praticados, nem analisar
questões de natureza eminentemente técnico-administrativa, ou econômico-financeira e cálculos
elaborados, à luz do que dispõe o art. 10 da Lei nº 10.480, de 2 de julho de 2002 c/c art. 11, da Lei
Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993 e que a presente manifestação toma por base os
elementos constantes dos autos do processo administrativo em epígrafe.
 
5. Para conferir maior segurança jurídica à conduta da Administração, serão observados,
ainda, as orientações normativas da AGU e os pareceres emitidos pela Procuradoria-Geral Federal.
 
CARGOS ACUMULÁVEIS
 
6. Eis a regra da CF que trata da matéria:
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
 
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)
 
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
 
 
7. No caso em tela a discussão gira em torno da acumulação da função de professor substituto
com o cargo em comissão ocupado pelo candidato, especialmente sobre sua configuração como técnico
ou científico.
 
CARGO TÉCNICO OU CIENTÍFICO
 
8. O entendimento inicial quanto à conceituação do cargo como técnico sustentava a
necessidade de que o cargo exigisse a graduação como requisito de investidura, contratação ou
designação.
 
9. Tal previsão passou a ser relativizada pelo judiciário a fim de permitir a acumulação quando
houvesse a exigência de titulação técnica.
 
10. Posteriormente o próprio Órgão Central do SIPEC acatou este entendimento, estabelecendo
que a análise da tecnicidade de um cargo a ser feita pelo órgão de lotação, além de suas atribuições,
deve contemplar o seguinte:
 
1. o cargo precisa exigir que o seu ocupante tenha conhecimentos técnicos ou habilitação
legal específicos e não precisa ser de nível superior;
2. o cargo com atribuições meramente burocráticas não é de natureza técnica ou científica;
e
3. nem todo cargo de nível superior pode ser considerado técnico ou científico.
11. Localizamos na pesquisa efetuada no SAPIENS o processo nº 10199.105970/2019-01, no
qual foi proferida a seguinte manifestação do SIPEC, por meio da Nota Técnica SEI nº 25964/2020/ME,
em análise de caso concreto, mas que ratifica as conclusões acima indicadas. Seguem trechos da
manifestação:
 
Da legislação aplicada à tecnicidade ou cientificidade de cargos públicos
 
6. O conceito de cargo técnico ou científico foi previsto, em princípio, pelo Decreto nº
35.956, de 2 de agosto de 1954, revogado pelo Decreto nº 99.999, de 11 de janeiro de
1991, revogação essa rescindida conforme Decreto S\N, de 5 de setembro de 1991, que
assim dispunha:Art. 3º Cargo técnico ou científico é aquele para cujo exercício seja indispensável
e predomine a aplicação de conhecimento científicos ou artísticos de nível
superior de ensino.
Parágrafo único. Considera-se também como técnico ou científico:
a) o cargo para cujo exercício seja exigida habilitação em curso legalmente classificado
como técnico, de grau ou de nível superior de ensino; e
b) o cargo de direção privativo de membro de magistério, ou de ocupante de cargo técnico
ou científico.
Art. 4º Cargo de magistério é o que tem como atribuição principal e o permanente lecionar
em qualquer grau ou ramo de ensino, legalmente previsto.
Art. 5º A simples denominação de “técnico” ou “cientifico” não caracteriza como
tal o cargo que não satisfizer as condições do artigo 3º. Parágrafo único. As
atribuições do cargo, para efeito de reconhecimento do seu caráter técnico ou
científico, serão consideradas na forma dos §§ 1º e 2º do art. 8º.
(...)
Art. 8º A correlação de materiais pressupõe a existência de relação imediata e recíproca
entre os conhecimentos específicos, cujo ensino ou aplicação constitua atribuição principal
dos cargos acumulatíveis.
§ 1º Tal relação não se haverá por presumida, mas terá de ficar aprovada mediante
consulta a dados objetivos, tais como os programas de ensino, no caso de cargo de
magistério, e as atribuições legais, regulamentares ou regimentais do cargo, no caso de
cargo técnico ou científico.
§ 2º - Nesta última hipótese, a ausência de disposições legais regulamentares ou
regimentais poderá ser suprida com informações objetivas da autoridade competente sobre
as atribuições do funcionário considerados sempre a natureza do cargo desempenhado e o
disposto no § 3º do art. 7º da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, e que como tais
sejam definidos em leis ou regulamentos”.
 
7. Já o § 3º do art. 7º da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, a que se refere o art. 8, §
2º, do Decreto nº 35.956, de 2 de agosto de 1954, dispunha:
 
Art. 7º Carreira é um agrupamento de classes da mesma profissão ou atividade, com
denominação própria.
(...).
§ 3º E’ vedado atribuir-se ao funcionário encargos ou serviços diferentes dos que os
próprios de sua carreira ou cargo, e que como tais sejam definidos em leis ou
regulamentos.
 
8. Em síntese, o Decreto nº 35.956, de 2 de agosto de 1954 considerava cargo técnico ou
científico, aquele composto dos seguintes requisitos: i - para cujo exercício fosse
indispensável e que predominasse a aplicação de conhecimentos científicos ou
artísticos de nível superior de ensino; ii - para cujo exercício fosse exigida
habilitação em curso legalmente classificado como técnico, de grau ou de nível
superior de ensino; iii - o cargo de direção privativo de membros de magistério;
e iv - o cargo de direção privativo de ocupante de cargo técnico ou científico.
 
9. O Decreto ora em destaque estabeleceu também que o cargo que não satisfizesse as
condições do artigo 3º e parágrafo único não seria caracterizado como técnico ou científico,
ainda que detivesse a simples denominação de “técnico” ou “científico”.
 
10. Impôs ainda que houvesse correlação de matérias, pressupondo-se assim a relação
imediata e recíproca entre os conhecimentos específicos cujo ensino ou aplicação
constituísse atribuição principal dos cargos acumuláveis e, que em caso de cargos técnicos
ou científicos, essa relação fosse comprovada pelas atribuições legais regulamentares do
cargo.
 
11. E frisou que a ausência de atribuições legais, regulamentares ou regimentais do cargo,
seria considerada sempre a natureza do cargo desempenhado e o disposto no § 3º do art.
7º da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, que vedava atribuir-se ao funcionário
encargos ou serviços diferentes dos que os próprios de sua carreira ou cargo.
 
12. Por seu turno, a Constituição Federal de 1988 manteve a vedação do acúmulo
remunerado de cargos públicos, permitindo tão somente a acumulação em casos
excepcionais, desde que haja também a compatibilidade de horários. Eis o que reza o
dispositivo constitucional:
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(...);
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Grifou-se)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)
 
Dos entendimentos em torno da tecnicidade ou cientificidade de cargos públicos
 
13. Importa-se destacar que há reiterados posicionamentos emanados por este Órgão
Central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC e pela Consultoria
Jurídica deste Ministério a respeito da tecnicidade ou cientificidade de cargos públicos. Do
mesmo modo que o tema também tem sido objeto de destaque por vários doutrinadores e
exaustivamente pela jurisprudência brasileira. 
 
14. Nesse contexto, tem-se que na mesma linha do Decreto nº 35.956, de 1954, discutido
acima, no Ofício-Circular nº 07, de 28 de junho de 1990, que veiculou o posicionamento da
Consultoria-Geral da República, de que trata o Parecer CGR nº CR/SA 28/29, publicado no
Diário Oficial da União de 15 de junho de 1989, atinente à tecnicidade e cientificidade de
cargo, inclusive dos cargos de nível médio, o órgão Central do SIPEC manteve o conceito de
cargo técnico ou científico e dispôs que os cargos de nível médio/intermediário poderiam
ser caracterizados como técnico ou científico desde que suas atribuições não fossem de
natureza burocrática, repetitiva e de pouca ou nenhuma complexidade. Destacou, ainda,
que caberia ao órgão ou entidade interessada examinar se os cargos ou empregos são
técnicos; e que a caracterização far-se-á mediante análise das respectivas atribuições.
Vejamos:
 
Objetivando estabelecer orientação uniforme sobre acumulação de cargos, empregos e
funções públicas, a que alude o Decreto nº 99.177, de 15 de março de 1990, alterado pelo
de nº 99.210, de 16 de abril de 1990, solicitamos sejam observadas as instruções que se
seguem.
(...)
II - Caberá ao órgão ou entidade interessada examinar se os cargos ou empregos são
técnicos; a caracterização far-se-á mediante análise das respectivas atribuições.
III - Considera-se cargo técnico ou científico, nos termos do art. 3º do Decreto nº 35.956, de
2 de agosto de 1954, aquele para cujo exercício seja indispensável e predominante a
aplicação de conhecimentos científicos ou artísticos obtidos em nível superior de ensino.
IV - Também pode ser considerado como técnico ou científico o cargo para cujo
exercício seja exigida a habilitação em curso legalmente classificado como
técnico, de grau ou de nível superior de ensino.
V - Os cargos e empregos de nível médio, cuja atribuições lhe emprestem
características de "técnico", poderão em face do entendimento firmado no
Parecer C.G.R. nº CR/SA 28/29 (in DOU de 15.06.89 - Seção I, pág. 9502), ser
acumulados com outro de Magistério (alínea "b", item XVI, do art. 37 da
Constituição Federal);
Exemplos: Desenhista, Técnico de Laboratório, Técnico de Contabilidade, auxiliar
de Enfermagem, Programador etc.
VI - Os cargos e empregos de nível médio, cujas atribuições se caracterizam como
de natureza burocrática, repetitiva e de pouca ou nenhuma complexidade, não
poderão, em face de não serem considerados técnicos ou científicos, ser
acumulados com outro Magistério. (Grifou-se)
Exemplos: Agente Administrativo,Assistente de Administração, Agente de Portaria,
Datilógrafo etc.
 
15. O PARECER/MP/CONJUR/PLS/Nº 1359 – 3.17/2009, realçado no PARECER Nº 0095 -
3.4/2013/KNN/CONJUR/MP, da Consultoria Jurídica desta Pasta, que ao se manifestar em
consulta formulada pela extinta Secretaria de Recursos Humanos, no que se refere à
caracterização de um cargo como técnico ou científico para os fins do art. 8º da Lei nº
6.999/82, assim concluiu:
 
21. Por certo não há uma definição exata do conceito de cargo de natureza técnica ou
científica, sendo possível extrair da jurisprudência e doutrina como sendo aquele para cujo
exercício sejam exigidos conhecimentos técnicos ou habilitação legal específicos, seja ou
não de nível superior de ensino. [1]
22 . E é por isso que esta Consultoria Jurídica, no PARECER/MP/CONJUR/PLS/Nº 1359 -
3.47/2009, já havia concluído que é necessário observar as seguintes premissas para
concluir se tratar de cargo de natureza técnica ou científica: - o cargo precisa exigir do
seu ocupante conhecimentos técnicos ou habilitação legal específicos; II) - o
cargo cujas atribuições são meramente burocráticas não é de natureza técnica ou
científica; III)- o cargo não precisa ser de nível superior; IV)- nem todo cargo de
nível superior pode ser considerado como técnico ou científico".
23. Neste sentido, observa-se que a qualidade pessoal do servidor não pode ser aferida
como elemento suficiente para que o cargo seja considerado como técnico ou científico
porquanto pode o servidor ter conhecimentos técnicos e exercer um cargo que não o
seja. Destarte, o conceito de cargo técnico ou científico depende da qualificação
específica exigida para a investidura do cargo a natureza das atividades
desenvolvidas e a aplicação, no exercício das atribuições inerentes ao cargo, dos
conhecimentos adquiridos de acordo com a qualificação específica.
24. Ademais, as atribuições deste tipo de cargo não podem ser de natureza burocrática,
repetitiva e de pouca ou nenhuma complexidade. Neste sentido o STJ:
CONSTITUCIONAL - ADMINISTRATIVO - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA - SERVIDOR PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL - ACUMULAÇÃO DE
C A R G O S - FISCAL DE CONCESSÕES COM PROFESSOR DE
F U N D A Ç Ã O - I M P O S S I B I L I D A D E - INEXISTÊNCIA DO CARÁTER
TÉCNICO/CIENTÍFICO - VEDAÇÃO DO ART. 37, XVI, DA CF.
1 - As atribuições do cargo de Fiscal de Concessões e Permissões do Distrito Federal
("autuar veículos e motoristas em situação irregular; realizar vistorias; participar de
operações especiais de controle de segurança de trânsito e preparar relatórios de
ocorrências"), não exigem discernimento técnicos, científicos ou artísticos, mas tão
somente conhecimentos burocráticos regulamentados pela própria Administração, sem
qualquer outra complexidade. Inteligência do Decreto nº 35.966/54 c/c Resolução nº 13/90.
2- Desta forma, no caso concreto, fica afastada a possibilidade de cumulação do cargo de
Professor da Fundação Educacional do Distrito Federal com o de Fiscal de Concessões e
Permissões do quadro de pessoal, também do Distrito Federal, já que este último não tem
natureza técnica ou científica capaz de excepcionar a cumulação constitucional, nos moldes
do que dispõe o art. 37, inciso XVI, "b", da Constituição Federal, apesar da compatibilidade
de horários entre os dois cargos.
3. - Precedente (RMS nº 7. 006/DF).
4. - Recurso conhecido, porém, desprovido.
(RMS 7216/DF, Rei. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 26/09/2000,
D) 13/11/2000, p. 149) ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS.
PROFESSOR. ARQUIVOLOGISTA. CARGO TÉCNICO. POSSIBILIDADE.
I - A Constituição Federal, em seu art. 37, XVI, estabeleceu o princípio da inacumulabilidade
de cargos públicos, cujas exceções são estritamente previstas no texto constitucional.
II - Possibilidade de se exercer cumulativamente o cargo de Professor com o de Gerente de
Arquivo Permanente - Arquivoloqista - atividade que apresenta, sim, complexidade,
exigindo, para seu desempenho, discernimento técnico, Não se tratando, ademais, de
atividade meramente burocrática.
Recurso provido. (RMS 12240/DF, Re. Ministro FEL/X FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
13 / 03/2002, D} 08/04/2002, p. 234) (todos os grifos são do original).
25.De certo que o cargo técnico ou científico pode ser tanto de nível superior,
com uma habilitação específica, quanto de nível médio, com curso técnico
específico. Observa-se que a exigência do nível superior constante do art. 3º do
antigo Decreto Federal nº 35.956, de 02 de agosto de 1954, não encontra
respaldo na jurisprudência atual.
"Art. 3º Cargo técnico ou científico é aquele para cujo exercício seja indispensável e
predominante a aplicação de conhecimentos científicos ou artísticos de nível superior.
Parágrafo único. Considera-se também como técnico ou científico:
1. o cargo para cujo exercício seja exigida habilitação em curso legalmente classificado
como técnico, de grau ou nível superior de ensino"
26. Neste sentido já se pronunciou o STJ e o TCU:
STJ, 5ª Turma, RMS 20 .033/RS, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJ de
12.03.2007: "O
Superior Tribunal de justiça tem entendido que cargo técnico ou científico, para fins de
acumulação com o de professor, nos termos do art. 37, XVII, da Lei Fundamental, é aquele
para cujo exercício sejam exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal,
não necessariamente de nível superior.".
TCU, 1ª Câmara, Acórdão nº 408/2004, Relator Ministro Humberto Guimarães Souto, trecho
do voto do relator: "a conceituação de cargo técnico ou científico, para fins da acumulação
permitida pelo texto constitucional, abrange os cargos de nível superior e os cargos de
nível médio cujo provimento exige a habilitação específica para o exercício de determinada
atividade profissional, a exemplo do técnico em enfermagem, do técnico em contabilidade,
entre outros ".
Portanto, o entendimento vigente no âmbito do Órgão Central do SIPEC é no
sentido de que a análise da tecnicidade de um cargo observando-se, além de
suas atribuições, deve contemplar o seguinte:
a) o cargo precisa exigir que o seu ocupante tenha conhecimentos técnicos ou
habilitação legal específicos e não precisa ser de nível superior;
b) o cargo com atribuições meramente burocráticas não é de natureza técnica ou
científica; e
c) nem todo cargo de nível superior pode ser considerado técnico ou científico.
 
16. Em resumo, o parecerista reforça entendimento de que cargo técnico ou científico,
para fins da acumulação, é aquele que depende da qualificação específica exigida para a
investidura do cargo, a natureza das atividades desenvolvidas e a aplicação, no exercício
das atribuições inerentes ao cargo, dos conhecimentos adquiridos de acordo com a
qualificação específica. Que o cargo cujas atribuições são meramente burocráticas não é de
natureza técnica ou científica, mas que o cargo não precisa ser de nível superior; nem todo
cargo de nível superior pode ser considerado como técnico ou científico, e que a avaliação
dessa caracterização deve ser feita observando-se, no caso concreto, os
requisitos enumerados nas letras de "a" a "c" dispostas na conclusão do parecer. 
 
17. Recentemente esta Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal, ao analisar a
tecnicidade de um cargo, exarou a Nota Técnica SEI nº 6301/2020/ME (6579864), de 28 de
março de 2020, na qual faz alusão ao PARECER/MP/CONJUR/PLS/Nº 1359 – 3.17/2009 com
os seguinte dizeres e conclusão:
Relevante acrescentar, inclusive, que com o passar do tempo não houve alteração quanto
aos requisitos/critérios que deveriam ser observados a fim de classificar um cargo como
técnico ou científico, a exemplo do disposto no PARECER/MP/CONJUR/PLS/Nº 1359 –
3.17/2009, de 9 de outubro de 2009
(...)
Ainda, objetivando orientar a avaliação acerca da tecnicidade de um cargo no
caso concreto, ratifica-se o entendimento vigente no sentido de que:
a) a avaliação deve ser efetivada pelo órgão de lotação do servidor;
b) o cargo cujas atribuições sejam consideradas meramenteburocráticas,
repetitivas e de pouca ou nenhuma complexidade, não pode ser considerado
técnico ou científico;
c) será considerado técnico o cargo para cujo exercício seja exigida habilitação
em cursos legalmente classificados técnicos;
d) o cargo de nível médio será considerado técnico quando suas atribuições lhe
confiram tal característica;
e) para a avaliação da tecnicidade dos cargos de nível superior deve-se observar
as mesmas disposições, uma vez que apenas o nível de escolaridade não é
suficiente para classificá-los como técnicos ou científicos; e
f) a inclusão da palavra “técnico” na nomenclatura de um cargo não é suficiente
para que este seja considerado técnico ou científico, devendo ser observados os
demais critérios constantes das alíneas anteriores. grifos nossos.
 
12. Diante do caráter vinculante, deverão ser feitas as análises do caráter técnico ou científico
dos cargos com a estrita observância dos parâmetros acima estabelecidos, salvo se houver
entendimento dissonante mais recente, dado que deve ser confirmado por meio da cotidiana e
indispensável pesquisa no SIGEPE LEGIS.
 
COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS
 
13. Quanto à compatibilidade de horários, após muitos anos de derrotas no judiciário com
parecer vinculante que previa a incompatibilidade se a carga acumulada fosse superior à 60h semanais,
houve atualização do entendimento para que se houvesse superação desta carga horária, há de ser feita
a aferição individual da compatibilidade, isto no parecer AM 04, aprovado pelo Exmo, Presidente da
República.
 
14. Assim, se da acumulação decorrer carga horária semanal superior a 60h, incube à
Administração fazer o cotejo das jornadas de trabalho dos dois cargos e decidir se há compatibilidade no
caso concreto.
 
CARGOS EM COMISSÃO - REQUISITOS PARA NOMEAÇÃO - ATRIBUIÇÕES
 
15. Em processo que versava sobre a natureza de cargo técnico ou científico de secretário
municipal emitimos o parecer PARECER n. 00284/2017/PROC/PFIFALAGOAS/PGF/AGU (processo
nº23041.029897/2017-29) com a seguinte conclusão:
 
14. Ante o exposto, abstraindo-se as questões inerentes à oportunidade e conveniência e
de conformidade com os arts. 11, V c/c art. 18, da Lei Complementar nº 73/1993, esta
Procuradoria Federal opina pela possibilidade de contratação do candidato, desde que
comprovado que o cargo de secretário não exige dedicação integral ou exclusiva, que o
cargo de secretário legalmente exija o provimento por graduado ou pós-graduado e que
haja compatibilidade de horários, apondo em cada página o carimbo deste órgão de
execução da Advocacia-Geral da União.
 
16. Naturalmente a conclusão lá tecida cingia-se àquela situação, eis que cargos de secretário
de estado, municipal e ministros de Estado necessariamente não exigem habilitação específica, diante
da natureza de agentes políticos de seus ocupantes.
 
17. Todavia, o parecer merece complemento e correção, devendo ser por esta manifestação
substituído.
 
18. Como se viu, para o SIPEC há de haver o exame das atribuições do cargo, mesmo que haja
a exigência de graduação para que o ocupe, mas também nos casos em que o cargo exija curso técnico.
 
19. Vale destacar também que nem sempre a lei de criação estabelece tais critérios para os
cargos, empregos e funções.
 
20. Com efeito, mesmo na Administração Federal não há previsão de qualificação para
preenchimento de cargos em comissão.
 
21. Para as IFES, a Lei nº 8.168/91 não exigiu qualificação, prevendo-se apenas que 10%
poderiam ser providos por servidores federais, de modo que 90% dos cargos devem ser preenchidos por
servidores da própria IFE, inclusive por TAE, cujo PCC prevê inúmeros cargos que não preenchem os
requisitos para possuir o atributo de cargo técnico.
 
22. Eventual exigência de qualificação decorreria das atribuições previstas para o cargo quando
da alocação na estrutura.
 
23. Mais recentemente foi editada a Lei nº 14.204/2021 , que passou a reger os cargos em
comissão e funções da Administração Federal, com o seguinte teor:
 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre:
I – a instituição dos Cargos Comissionados Executivos (CCE) e as Funções Comissionadas
Executivas (FCE);
II – a autorização para o Poder Executivo federal transformar, sem aumento de despesa,
cargos em comissão, funções de confiança e gratificações; e
III – a simplificação da gestão de cargos em comissão e de funções de confiança.
Parágrafo único. Esta Lei aplica-se no âmbito da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.
 
CAPÍTULO II
DOS NOVOS CARGOS EM COMISSÃO E FUNÇÕES DE CONFIANÇA
Art. 2º Ficam instituídos, no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e
fundacional, os Cargos Comissionados Executivos (CCE) e as Funções Comissionadas
Executivas (FCE), nos níveis estabelecidos no Anexo I desta Lei e com os valores constantes
da tabela f do Anexo I da Lei nº 11.526, de 4 de outubro de 2007.
Parágrafo único. Os CCE e as FCE são destinados às atividades de direção, de chefia e de
assessoramento.
 
 Art. 3º Os CCE e as FCE poderão ser criados por lei ou nos termos do disposto no art. 6º
desta Lei.
Parágrafo único. Os CCE-18 serão criados por lei ou mediante a transformação de cargo de
Natureza Especial (NE).
 
Art. 4º Os CCE e FCE conferem ao seu ocupante o conjunto de atribuições e de
responsabilidades correspondentes às competências da unidade prevista na estrutura
organizacional do órgão ou da entidade.
 
 Art. 5º Para todos os efeitos legais, as menções aos cargos em comissão do Grupo-Direção
e Assessoramento Superiores (DAS) existentes na legislação passam a referir-se também
aos CCE e às FCE, conforme a relação disposta no Anexo III desta Lei.
 
CAPÍTULO IV
DOS CRITÉRIOS GERAIS PARA OCUPAÇÃO DOS CARGOS EM COMISSÃO E DAS FUNÇÕES DE
CONFIANÇA
 Art. 9º São critérios gerais para a ocupação de cargos em comissão e de funções de
confiança na administração pública federal direta, autárquica e fundacional:
I – idoneidade moral e reputação ilibada;
II – perfil profissional ou formação acadêmica compatível com o cargo ou com a função
para a qual tenha sido indicado; e
III – não enquadramento nas hipóteses de inelegibilidade previstas no inciso I do caput do
art. 1º da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.
 
CAPÍTULO V
DOS REQUISITOS PARA OCUPAÇÃO DOS CARGOS EM COMISSÃO E DAS FUNÇÕES DE
CONFIANÇA
Art. 10. Decreto definirá requisitos mínimos para ocupação dos CCE e das FCE, disciplinará
a exigência de divulgação do perfil profissional desejável e estabelecerá os procedimentos
gerais a serem observados pelos órgãos e pelas entidades do Poder Executivo federal, com
estímulos à gestão por competências.
§ 1º Os órgãos e as entidades deverão definir e manter atualizado o perfil profissional
desejável para os CCE e as FCE de níveis 11 a 17 alocados em suas estruturas regimentais
ou em seus estatutos, observados os critérios gerais definidos nesta Lei, os requisitos
mínimos definidos na regulamentação e a necessidade de validação pela autoridade
máxima do respectivo órgão ou da entidade.
§ 2º Poderão ser considerados nos critérios para ocupação de CCE ou de FCE a conclusão,
com aproveitamento, de cursos de formação e aperfeiçoamento direcionados ao exercício
de cargos públicos, desde que para cargos ou funções exclusivos de servidores.
§ 3º Os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal deverão incluir em seus planos de
capacitação ações destinadas à habilitação de seus servidores para a ocupação de CCE e
de FCE, com base nas competências necessárias e compatíveis com a responsabilidade e a
complexidade inerentes ao cargo em comissão ou à função de confiança.
§ 4º Os órgãos e as entidades deverão utilizar mecanismos de transparência ativa para
divulgação do perfil profissional desejável de CCE e de FCE de níveis 11 a 17 alocados em
suas estruturas regimentais ou em seus estatutos, na forma prevista no art. 8º da Lei nº
12.527, de 18 de novembro de 2011, e em orientações da Secretaria de Gestão da
Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e GovernoDigital do Ministério da
Economia. 
§ 5º A partir de 1 (um) ano após o término dos prazos a que se referem os incisos I e II do
caput do art. 18 desta Lei, os órgãos e as entidades que não cumprirem o disposto neste
artigo não poderão nomear ou designar titulares ou substitutos para os CCE e as FCE de
níveis 11 a 17.
 
 Art. 11. O disposto nesta Lei não afasta a exigência de requisitos complementares
constantes de normas mais restritivas, inclusive aquelas constantes de atos internos dos
órgãos e das entidades, referentes à nomeação ou à designação para CCE ou para FCE.
 
24. Como se vê, não há nas normas a fixação de requisitos de qualificação específicos, cabendo
ao decreto e outros atos normativos pertinentes preverem perfis profissionais, cursos de formação e
aperfeiçoamento.
 
25. Mas, reitere-se, para a definição do caráter técnico há de haver o exame das atribuições,
que devem ser indicadas nos atos normativos pertinentes e a depender destas atribuições, somente
determinados profissionais podem ser habilitados a exercê-las e assim, a ocupar o cargo.
 
26. Na Administração Federal as atribuições podem ser definidas em Lei, Decreto, Estatutos,
Regimentos e outros atos normativos.
 
27. No caso do IFAL, por exemplo, além das atribuições previstas nas Leis nº 12.772/12 e nº
11.091/05, há decretos e normas do MEC prevendo as atribuições dos servidores e ocupantes dos cargos
efetivos e em comissão, mas as atribuições da grande maioria dos cargos em comissão são definidas no
Estatuto e principalmente no Regimento Interno.
 
28. Vale reiterar que há legislação prevendo a exclusividade do exercício de atribuições a
determinados profissionais, tais como das áreas de medicina, engenharia, contabilidade, assistência
social, dentre outras profissões regulamentadas, de modo que eventual descrição de atribuições destas
profissões em norma que aloca cargo em comissão, implica na necessidade de nomear-se pessoal
devidamente habilitada.
 
29. Deste modo, se um cargo impuser uma atribuição inata ao contabilista em face de lei,
naturalmente tal incumbência não poderá ser executada por profissional de área diversa.
 
30. Naturalmente tal questão deve ser interpretada de maneira restrita, pois diz respeito ao
exercício da competência na execução de trabalhos estritamente técnicos na instrução dos processos
administrativos.
 
31. Evidentemente nada impede que o Reitor do IFAL decida contrariamente à uma opinião
médica ou contábil, eis que sua competência decisória é plena, à vista dos elementos técnicos
produzidos por profissionais nos casos de exclusividade e demais dados coligidos aos processos,
assumindo naturalmente o ônus decorrente de sua manifestação.
 
32. Deste modo, sob a égide da legislação anterior ou da atual, a definição das atribuições do
cargo em comissão feita quando da alocação deles na estrutura dos órgãos é que define a sua condição
de cargo técnico e eventualmente a legislação pode ensejar a nomeação de profissional com educação
técnica ou superior.
 
33. Firmada a tese, incumbe assim ao setor técnico avaliar no caso concreto se as atribuições
previstas para o cargo em comissão do interessado são inatas ao habilitado em engenharia e se
possuem o caráter técnico, na forma prevista pelo SIPEC, dado que este juízo de valor é exclusivo do
Administrador.
 
NORMAS INDICADAS PELO INTERESSADO
 
34. O interessado trouxe ao processo as seguintes normas municipais:
 
Lei nº 6.593/2016 do município de Maceió;
Decreto nº 8.365/2017 do município de Maceió;
Portaria nº 61, de 15 de março de 2017, da lavra do Superintendente da SMTT.
35. A Lei Municipal delineia as competências dos órgãos da administração direta e indireta do
Município de Maceió, mas não traça atribuições dos cargos que a compõem.
 
36. Já o Decreto anexado não traz sequer a diretoria de mobilidade. Como falta o artigo 11 no
documento, pode ser que nele haja a criação da referida diretoria, eis que no anexo dos cargos há a
alocação de um DAS 4 para a referida diretoria. Tentamos obter o documento no site da prefeitura mas
não obtivemos sucesso.
 
37. Por fim, a portaria 61 foi editada antes do Decreto 6.593, de modo que evidentemente não
contempla a diretoria de mobilidade, que parece ter sido criada pelo referido decreto.
 
38. Sugere-se que seja solicitado o decreto com o conteúdo integral, bem como eventual
portaria que tenha sido editada após o decreto, para propiciar o exame das atribuições do diretor de
mobilidade.
 
39. Vale destacar que não se infere também da declaração anexada as conclusões nela
contidas, em face da lacuna nos documentos anexados.
 
40. Em síntese, é imprescindível que o rol de atribuições conste de ato normativo emitido por
autoridade competente, não sendo válida evidentemente designação de efeitos concretos ou
declaração, não se inferindo dos documentos acostados as atribuições do cargo de diretor de
mobilidade, o que impede a verificação de enquadramento nos requisitos indicados no item 11 deste
parecer.
 
INDAGAÇÕES FEITAS PELA DGP
 
41. Passaremos então a responder as indagações formuladas:
 
1 - De acordo com o entendimento jurisprudencial recente, é mandatória que a exigência
da habilitação profissional para o exercício do cargo público conste explicitamente na lei de criação
do cargo?
 
Como analisado no decorrer desta manifestação, muito embora a lei preveja em alguns
casos a qualificação profissional, não há necessidade de previsão legal, bastando que as normas
pertinentes do ente federativo ou da instituição (decreto, estatuto, regimento interno etc) prevejam a
habilitação para o cargo em comissão, se for o caso.
 
O imprescindível para a caracterização do cargo como técnico é a análise das atribuições
conferidas pelos atos normativos citados, para verificar se há o enquadramento nos critérios indicados
pelo SIPEC e para definir qual a habilitação profissional necessária.
 
2 - Na ausência de determinação legal explícita quanto à habilitação profissional exigida
para o exercício do cargo DAS-4, a documentação enviada pelo candidato é suficiente para embasar
a análise em tela?
 
A legislação processual prevê que incumbe à parte trazer ao processo as normas
municipais, ex vi do art. 376, do CPC, aplicada analogicamente nos processos administrativos.
 
No caso o interessado trouxe atos normativos que não indicam se há exigência legal de
qualificação profissional para ocupação dos cargos em comissão, nem a indicação das atribuições do
cargo de diretor de mobilidade.
 
Mas, incumbe à Administração fazer juízo de valor relativo à suficiência dos elementos
coligidos ao processo para proferir decisão e solicitar, se for o caso, outras provas ao interessado,
solução esta que parece ser a mais indicada no caso..
 
3 - Em caso afirmativo (item 1), considerando a documentação apresentada pelo candidato,
resta comprovada a natureza técnica ou científica do cargo de Diretor de Mobilidade Urbana,
de modo a atender ao preceito constitucional previsto no Art. 37, XVII?
 
A análise do atendimento ou não dos requisitos é da alçada da Administração, a partir da
análise dos documentos constantes do processo e com base nos elementos indicados no item 11 deste
parecer.
 
CARÁTER NORMATIVO - ORGÃO CENTRAL DO SIPEC
 
42. Entretanto, como se trata de assunto relativo ao pessoal civil do Poder Executivo, deve ser
destacado o disposto no art. 17, parágrafo único, da Lei nº 7.923/89, no sentido de que a orientação
geral firmada pelo Órgão Central do SIPEC tem caráter normativo:
Art. 17. Os assuntos relativos ao pessoal civil do poder Executivo, na Administração
Direta,nas autarquias, incluídas as em regime especial, e nas fundações públicas, são da
competência privativa dos Órgãos integrantes do Sistema de Pessoal Civil da Administração
Federal - SIPEC, observada a orientação normativa do Órgão Central do Sistema, revogadas
quaisquer disposições em contrário, inclusive as de leis especiais.
Parágrafo único. A orientação geral firmada pelo Órgão Central do SIPEC tem caráter
normativo,respeitada a competência da Consultoria-Geral da República e da Consultoria
Jurídica da SEPLAN.
 
43. E sobre isso não pairam maiores controvérsias, tanto é que o Parecer GQ-46, da Advocacia-
Geral da União, abordando a questão quanto à legislação de pessoal, concluiu nos seguintes termos:
 
“COMPETÊNCIA RESIDUAL DAS CONSULTORIAS JURÍDICAS DOS MINISTÉRIOS, DA
SECRETARIA-GERAL, DEMAIS SECRETARIAS DE ESTADO DA PRESIDÊNCIA E DO ESTADO
MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS. CLARIFICAÇÃO DOS DIZERES CONTIDOS NO PARECER Nº
02-AGU/LS, DE5.8.93. COMPETÊNCIA PRIVATIVA LEGALMENTE COMETIDA À SECRETARIA DA
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL (SAF) PARA TRATAR DE ASSUNTOS RELATIVOS AO PESSOAL
CIVIL DO PODER EXECUTIVO DA UNIÃO. NO ÂMBITO DA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA EM
QUE SE POSICIONAM, O JUS DICERE DEFERIDO ÀS CONSULTORIAS JURÍDICAS PELA LEI
COMPLEMENTAR Nº 73/93 (ART.11) POSSUI CAMPO RESIDUAL DE ATUAÇÃO, TENDO
AUTONOMIA PARA INTERPRETAR O ORDENAMENTO JURÍDICO POSITIVO NO QUE DIZ
RESPEITO ÀS MATÉRIAS ESPECÍFICAS DE CADA SECRETARIA DE ESTADO. NÃO LHES
COMPETE, POR CONSEGUINTE, ANALISAR E OFERECER CONCLUSÕES SOBRE LEIS E
NORMAS RELATIVAS AO PESSOAL CIVIL DO PODER EXECUTIVO, POR QUE DA COMPETÊNCIA
PRIVATIVA DO ÓRGÃO CENTRAL DO SISTEMA DE PESSOAL CIVIL (SIPEC), OU SEJA, DA
SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL, ISTO EM PROVEITO DA COERÊNCIA E DA
UNIFORMIZAÇÃO DOS MECANISMOS JURÍDICOS DE CONTROLE INTERNO DA LEGALIDADE
DAS AÇÕES DA UNIÃO.” (destaques nossos)
 
44. Reforçando esse dado, a Nota nº 029/2015/DEPCONSU/PGF/AGU estabeleceu as seguintes
conclusões:
 
"1º - Compete ao Órgão Central do SIPEC a normatização e a coordenação em matéria de
pessoal civil, compreendendo, entre outras, a possibilidade de orientar e dirimir dúvidas
provocadas por seus Órgãos Setoriais e Seccionais, no tocante à interpretação e aplicação
das normas legais de pessoal civil;2º - Compete aos Órgãos Setoriais e Seccionais do SIPEC
as atividades operacionais de gestão e execução das questões de pessoal civil, as decisões
de casos concretos, bem como o recebimento de eventuais recursos administrativos
interpostos no seu âmbito decisório (sem prejuízo da observância, quanto à análise e
julgamento dos recursos administrativos das competências previstas no regimento interno
da respectiva autarquia ou fundação pública federal cujos "Dirigentes devem, todavia,
observar as disposições normativas do Órgão Central do SIPEC)”;3º - A competência
normativa do Órgão Central do SIPEC não afasta o assessoramento jurídico prestado pela
Advocacia Geral da União, razão pela qual compete aos órgãos de execução da
Procuradoria Geral Federal, no exercício de suas atribuições consultivas,prestar o
assessoramento e consultoria necessários à autoridade assessorada nas questões que
envolvam matéria de pessoal civil, inclusive firmando interpretação das normas legais nos
atos editados pelo mencionado Órgão Central;4º - Caso o entendimento jurídico firmado
pelos órgãos de execução da Procuradoria-Geral Federal conflite com aquele firmado em
orientação normativa editada pelo Órgão Central do SIPEC, essa orientação normativa
deverá ser adotada pelos órgãos de execução da Procuradoria Geral Federal enquanto não
sobrevier orientação diversa do Advogado-Geralda União;5º - Objetivando dar tratamento
isonômico e garantir a segurança jurídica na interpretação das normas legais nos atos
editados pelo Órgão Central do SIPEC, caberá aos órgãos de execução da Procuradoria
Geral Federal, no âmbito de sua atuação, instar o Procurador-Geral Federal sobre eventual
entendimento jurídico conflitante em matéria de pessoal civil,ao qual caberá encaminhar a
questão, se assim entender, à análise da Consultoria-Geral da União, propondo a submissão
da controvérsia ao Advogado Geral da União, nos termos do art. 12, V, do Anexo I ao
Decreto nº 7.392, de 2010, e do art. 4º, inciso X, da Lei Complementar nº 73, de 1993."
 
45. Portanto, à Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia
(art.138 do Decreto nº 9.745, de 8 de abril de 2019), é que compete a orientação normativa definitiva
sobre os casos envolvendo dúvidas na interpretação de normas referentes ao pessoal civil da
Administração Pública Federal, de modo que, ao lado das orientações transcritas no presente parecer,
recomenda-se ao consulente a submissão do questionamento ao Órgão Central do SIPEC, para que se
manifeste sobre o caso concreto dentro da sua esfera privativa de competência.
 
46. Relevante destacar que os entendimentos aprovados pelo AGU prevalecem inclusive sobre
eventuais orientações até então contrárias do SIPEC, consoante ressalta a conclusão do Parecer
CGU/AGU n. 0112007 – RVJ (Anexo ao Parecer nº JT – 01, de 28 de dezembro de 2007)[1] de que
“eventuais divergências jurídicas entre o órgão central do Sistema de Pessoal Civil - SIPEC e a
Advocacia-Geral da União resolvem-se em favor dessa última (incisos X e XI do art. 4º da Lei
Complementar nº 73, de 1993, c/c o parágrafo único do art. 17 da Lei nº 7.923, de 1989, e Parecer AGU
nº GQ-46, de 1994)”, o que já foi consignado também pelo DEPCONSU em diversas oportunidades,
incluindo o Parecer n. 00041/2015/DEPCONSU/PGF/AGU aprovado pelo Procurador-Geral Federal e,
portanto, de observância obrigatória aos órgão de execução da PGF como é a PF/IFAL.
 
CONCLUSÃO
 
47. Considerando todo o acima exposto e, nos limites da análise jurídica e excluídos os aspectos
técnicos e o juízo de oportunidade e conveniência do ajuste, o parecer encaminha as repostas à
consulta formulada nos termos firmados no item 41, ressalvando-se a necessidade de efetuar-se
a consulta aos atos normativos do SIPEC no SIGEPE LEGIS e em caso de ausência, que seja efetuada
prévia consulta específica ao órgão setorial.
 
48. As orientações emanadas dos Pareceres Jurídicos, ainda que apenas opinativos, devem ser
seguidas ou, caso contrário, justificadas no corpo do processo.
 
À Reitoria.
 
Maceió, 22 de fevereiro de 2022.
 
 
FÁBIO DA COSTA CAVALCANTI
PROCURADOR-CHEFE DA PF-IFAL
PROCURADOR FEDERAL
 
 
Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br
mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 23041008257202161 e da chave de
acesso e16f3089
Notas
1. ^
https://agudf.sharepoint.com/sites/cgu/Lists/PARECERES%20VINCULANTES%20APROVADOS%20PELO%20PRESIDENTE%20DA
ID=18 Despacho do Presidente da República. ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO. PROCESSO N°
00400.000843/2007-88. Interessado: Associação Nacional dos Membros das Carreiras da AGU –
ANAJUR. Assunto: Anistiados do Governo Collor.(*) Parecer n° JT – 01. Adoto, para os fins do art. 41
da Lei Complementar n° 73, de 10 de fevereiro de 1993, o anexo PARECER CGU/AGU N° 01/2007 -
RVJ, de 27, de novembro de 2007, da lavra do Consultor-Geral da União, Dr. RONALDO JORGE
ARAUJO VIEIRA JUNIOR, e submeto-o ao EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
para os efeitos do art. 40 da referida Lei Complementar. Brasília, 28 de dezembro de 2007. JOSÉ
ANTONIO DIAS TOFFOLI. Advogado-Geral da União.(*) A respeito deste Parecer o Excelentíssimo
Senhor Presidente da República exarou o seguinte despacho: "Aprovo. Em, 28-XII-2007".
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/AGU/PRC-JT-01-2007.htm
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E
CONTRATOS
FOLHA DE ASSINATURAS
Emitido em 23/02/2022
PARECER Nº 041/2022 - PROFEDERAL (11.01.09) 
(Nº do Documento: 243) 
 NÃO PROTOCOLADO)(Nº do Protocolo:
 (Assinado digitalmente em 23/02/2022 11:56 )
FABIO DA COSTA CAVALCANTI
PROCURADOR - TITULAR
PROFEDERAL (11.01.09)
Matrícula: 1358880
Para verificar a autenticidade deste documento entre em informando seuhttps://sipac.ifal.edu.br/documentos/
número: , ano: , tipo: , data de emissão: e o código de verificação: 243 2022 PARECER 23/02/2022 2150b85bab
https://sipac.ifal.edu.br/public/jsp/autenticidade/form.jsf

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