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Unidade de Aprendizagem 4: As mulheres e o pensamento - Da antiguidade ao pensamento feminino cristão. RECOMENDAÇÕES DE ESTUDO Na atual sociedade temos observado uma ascensão de temas tratando a importância do pensamento feminino, bem como sua visibilidade e, por isso, se faz tão importante a análise das problemáticas cotidianas. São essas problemáticas que fazem com que o aluno reflita sobre os preconceitos que foram naturalizados em sua rotina (EM13CHS502). 1 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Seguindo os princípios da Declaração dos Direitos Humanos, é imprescindível o estudo sobre os grupos sociais que buscam justiça e lutam por equiparação social entre os indivíduos (EM13CHS605), deste modo, trazer para este estudo o desenvolvimento do pensamento feminino é também ampliar o estudo sobre os fenômenos que cercam as mulheres. ● Os anseios das reflexões femininas em relação à sociedade em que viviam. ● A relação do pensamento feminino com os estudos da teologia cristã. ● O aprimoramento de registros acerca do pensamento feminino, da antiguidade clássica ao pensamento feminino cristão. Esta unidade dispõe de videoaulas, não deixe de assisti-las. Ao final do conteúdo, você deverá realizar as atividades dispostas para melhor assimilação dos conteúdos abordados. Bons estudos! 2 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 1. As mulheres e o pensamento? As mulheres sempre influenciaram na formação e desenvolvimento do pensamento humano, contudo, os registros sobre esses processos estão sendo resgatados após longos anos de anulação e esquecimento. Por isso, uma das maiores funções do pensamento feminino na atualidade é exatamente resgatar esses nomes e recompô-los aos compêndios da literatura que trata o pensar como importante exercício na sociedade. 2. Enheduana (2850 aC - 2250 aC - aproximadamente) Uma das primeiras pensadoras que o mundo conhece é Enheduana. Filha de um grande rei da Mesopotâmia, Sargão de Arcádia, Enheduana, foi nomeada pelo pai para ser uma sacerdotisa do templo de Inana, a deusa da lua. Viajou pelas cidades do império do pai e o ajudou a fortalecer o poder político da família, unificando cidades-estado ao mesclar a adoração de deuses locais com deuses sumérios, usando o sincretismo como arma política. Enheduana escreveu três hinos para a deusa Inana, neles, os temas eram distintos da fé religiosa do período em que vivia. Nos textos, havia exaltação de Inana na proteção aos governos, supervisão do lar e das 3 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 crianças e pedia à deusa da lua que a ajudasse contra os usurpadores masculinos que se opunham à função dela de sacerdotisa no templo. Mesmo após a morte do pai e da governança dos irmãos e sobrinhas, ela se manteve como sacerdotisa e teve sua influência política reconhecida, a tal ponto de sua figura ser tratada como semi-divina. Temistocleia (524 a.C - 460 a.C) Conhecida por ser uma sacerdotisa de Delfos, um dos templos mais conhecidos na Grécia Antiga, Temistocleia é reconhecida por ter sido professora de Pitágoras, um dos pais da Filosofia, a quem teria ensinado boa parte de seus princípios morais. É considerada por muitos estudiosos como a primeira mulher filósofa, no entanto, é sabido que na África, Oriente Médio e Ásia, haviam mulheres, antes de Temistocleia, consideradas pensadoras notáveis e de grande influência na sociedade que habitavam. Pouco se sabe sobre essa sacerdotisa, no entanto, os templos acumulavam conhecimentos sobre a natureza, medicina e filosofia, sendo assim, Temistocleia frequentava um local em que havia grande fonte de conhecimento, por isso, era comum que as sacerdotisas fossem vistas como figuras de alta sabedoria e, por isso, muitos estudantes do pensamento humano consultavam os templos para aprimorar suas reflexões. Aspásia de Mileto (470 a.C – 410 a.C) Grande pensadora para o desenvolvimento da Filosofia ateniense, Aspásia surpreendeu a sociedade em que vivia ao transpor os padrões 4 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 estipulados às mulheres de sua época, conseguindo, inclusive, criar uma escola para atender mulheres. Livre do comum claustro imposto às mulheres de Atenas, Aspásia saiu de casa devido à orfandade e, fora, integrar o núcleo familiar de sua irmã. Porém decidiu ir em busca de fortuna ao noroeste da Grécia, onde trabalhou como cortesã e chegou a abrir um cabaré em Mergara. Após esse episódio, partiu para o leste de Atenas, junto com outras prostitutas, para atingir sua busca por melhores condições financeiras. Graças à inteligência de Aspásia, ela conseguiu atrair o importante estadista grego Péricles, com quem se casou, tornando-se sua segunda esposa após um divórcio do político. Na residência do casal, eram comuns encontros de grandes pensadores e artistas. Como Aspásia era de Mileto, ela usou sua origem que não a obrigava diretamente a seguir às regras impostas às mulheres de Atenas. Sendo assim, em seu domicílio criou uma escola em que estimulava meninas à busca pelo estudo do pensamento, reflexões e literatura. A qualidade desta escola era tão elevada que atraiu até mesmo homens renomados de sua época, bem como cônjuges. Aspásia fora reconhecida por sua retórica, lógica de pensamento, influenciar decisões políticas de seu marido e por influenciar Sócrates. No entanto, mesmo sendo muito reconhecida pela alta sociedade ateniense, Aspásia foi acusada de provocação à guerra e de ter caluniado deuses gregos, porém, foi defendida com grande êxito por Péricles a uma plateia de 1500 pessoas. Aspásia esteve com Péricles por dezesseis anos, até que uma peste, que matou um terço da população, atingiu o estadista. A seguir, Aspásia uniu-se à 5 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Listicles, um político de menor expressividade que faleceu em uma batalha em 428 a.C. Pouco se sabe sobre seu falecimento e, apesar de não ter textos publicados de sua autoria, ela é citada por pensadores como Platão e Xenofonte. 3. Pensadoras Cristãs Heloísa de Paráclito (1908 – 1163) A religiosa que escandalizou a sociedade francesa com seu romance com Pedro Abelardo, tem nas suas trocas de correspondências, o grande marco da literatura romântica no Ocidente. Heloisa não tem sua origem familiar muito bem esclarecida nos textos históricos, o que se sabe é que ela foi criada no convento de Santa Maria em Argenteuil, uma comunidade beneditina da França, por isso, supõe-se que sua mãe era freira. No convento em que foi criada, Heloisa recebeu uma sólida formação, dominando idiomas como o hebraico, grego e latim, além de ter sua reputação reconhecida com destaque em gramática e retórica. Heloisa foi morar com o tio Fulbert, um cânone da Catedral de Notre Dame, um homem de prestígio não apenas eclesiástico, mas também de renome administrativo na região em que vivia. 6 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DRIG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Neste período, o erudito Abelardo aproximou-se de Fulbert para que fosse professor de Heloísa, pois estava encantado com o desempenho intelectual da moça e também com sua beleza. Então, Abelardo e Heloísa desenvolveram uma intensa relação amorosa que resultou em inúmeras cartas de grande valor literário, que mostravam não apenas a erudição de Abelardo, quinze anos mais velho que a moça, mas também a habilidade de escrita da moça. Sendo assim, Abelardo classificou Heloisa como nominatissima, ou seja, aquela de grande habilidade intelectual. Mesmo que tenham se casado forçadamente sob a pressão de Fulbert, Heloísa não queria que a carreira de filósofo de Abelardo fosse afetada pelo casamento, por isso, fugiu. O tio da moça considerou que, mesmo casados, Abelardo havia desonrado sua família. Assim, após Fulbert ter mandado castrar Abelardo, o casal decidiu levar uma vida religiosa e assim terminaram suas vidas. Ainda que não tenha uma obra escrita com seu nome, além da coleção de cartas que foram trocadas com seu amado, Heloísa é citada como grande argumentadora, em especial nos quesitos de lógica, teologia e retórica, dominando os discursos com quem dialogava. Catarina de Siena (1347 – 1380) A espiritualista Catarina nasceu em Siena, na Itália e ainda muito criança já havia demonstrado o seu gosto pela vida religiosa, e ainda jovem, em 1363 juntou-se ao lar dos dominicanos, onde viveu duras penitências religiosas mescladas com aparições sobrenaturais. Em 1376, trabalhou como embaixatriz de Florença junto ao papado de Avignon, a fim de trazer o papado de Gregório XI para Roma. Para tal feito, 7 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 viajou por diversas cidades italianas pregando a paz e defendendo o catolicismo. Ditou para seus fiéis discípulos o texto do “Diálogo da Divina Providência” (1378), um conteúdo com pouca profundidade técnica, mas extremamente rico em imaginação, sensibilidade e fervor das razões apresentadas. Um texto incomum para as colocações públicas das mulheres de sua época. Também há em seus escritos uma incessante busca para o autoconhecimento, e profundas reflexões sobre sentimentos humanos como a humildade e a paciência, bem como a misericórdia divina. Catarina faleceu aos 33 anos em decorrência da gravidade de suas penitências, foi sagrada padroeira da Itália e deixou um legado, além de seu livro, foram inúmeras cartas e orações que tratam não apenas de fé, mas também da condução do comportamento humano. Teresa D’ávila (1515 – 1582) Teresa D'Ávila, a freira espanhola conhecida por sua conduta ligada à pobreza e o silêncio, tem importantes textos sobre seus processos meditativos de oração mental e experiências sobrenaturais com vozes e visões, além de mesclar um cotidiano recheado de vivências contemplativas. Teresa cresceu uma criança muito devota e, seus biógrafos relatam uma moça de grande beleza e alegria, no entanto, após a morte de sua mãe, quando a menina tinha treze anos, Tereza teve que escolher entre o casamento e os estudos em um convento. Após ficar gravemente doente, Teresa decidiu converter-se, afinal, foi durante sua enfermidade que leu diversos textos cristãos, dentre eles as cartas de São Jerônimo, O Terceiro Alfabeto Espiritual de Francisco Osuna, 8 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 dentre outros textos que fortaleceram sua fé e, segundo ela, trouxeram-lhe saúde. Apesar de ter tido um grande trabalho com a evangelização de leigos, Teresa buscava uma maior interação com Deus e, por isso, investiu no aprofundamento das orações mentais. Então, suas visões e escutas espirituais eram frequentes, o que não era bem visto por muitos membros da igreja, por isso, Teresa guardava seus relatos em uma autobiografia. Após constatar que o convento em que vivia estava repleto de luxo, decidiu dedicar-se a uma vida de pobreza e, assim, em 1560, liderou um grupo de freiras que queria uma vida de mais simplicidade material e maior profundidade espiritual. Enfrentando a oposição de muitos líderes religiosos, fundou a ordem das carmelitas descalças. Na ordem das carmelitas descalças, as religiosas também adotaram para seu modo de vida trajes grosseiros e o não uso de sapatos, pregando a abstinência pura e um convívio recluso, com a presença de poucas freiras. Após a visita do general Giovanni Rossi, Teresa passou a viajar por toda a Espanha, estabelecendo monastérios femininos e masculinos, todos dentro dos preceitos que ela pregava. Contudo, sua ordenadora superior pediu que ela voltasse para Ávila, a fim de dirigir o Convento das Encarnações. Entre 1573 e 1577 teve grande produção literária e muitos textos com descrições sobre como deve ser a conduta das religiosas. Também é desse período, um de seus livros mais famosos (após a autobiografia), O Castelo Interior, em que compara a alma a um castelo e, nele, a alma deve visitar “seus apartamentos” através de um profundo processo de autorreflexão por intermédio das orações silenciosas. 9 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Mesmo com a saúde debilitada, Teresa continuou sua produção literária sobre seus pensamentos e suas práticas diárias, além de continuar viajando para visitar e fundar conventos. Após o conflito entre as carmelitas calçadas e as descalças, o Papa designou, em 1594, que a ordem de Teresa deveria ser separada. E assim, Teresa continuou sendo vista como pioneira e grande contribuinte para a reflexão da relação do ser humano com o sobrenatural. 10 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Unidade de Aprendizagem 5: As mulheres e o pensamento – O pensamento moderno e contemporâneo feminino. RECOMENDAÇÕES DE ESTUDO Ao observar a trajetória histórica de mulheres que protagonizaram discursos em prol de mudanças sociais, o estudante poderá compreender a relação de influência entre as biografias apresentadas, bem como a sociedade em que 1 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 viviam (EM13CHS102). Isso fornece ao aluno (a) a possibilidade de analisar o quanto mudanças culturais influenciam o meio e vice-versa. Ao analisar histórias de vida que reverberam na sociedade, o discente pode construir um panorama crítico que possa compor suas experiências particulares na construção do pensamento filosófico e cultural (EM13CHS101). O presente estudo traz uma longa distância temporal e isso faz com que seja possível observar de modo quantitativo e qualitativo sobre a caminhada do pensamento feminino ao longo da história. ● As mudanças do pensamento feminino e, o quanto ele (o pensamento) influenciou políticas sociais. ● A ideia de “banalidade do mal”. ● A influência da Primeira e Segunda Guerra Mundial na produção literária das pensadoras apresentadas. ● Reflexões acerca do feminismo e da luta anti-racial. Esta unidade será ministrada em uma aula remota, em dia e horário agendados previamente. Bons estudos! 2 Este material é de uso exclusivo de RODRIGODE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 1. Mulheres e o pensamento moderno e contemporâneo. Harriet Taylor (1807 – 1858) Nascida em Londres, filha de um cirurgião, Harriet aos dezoito anos casa-se com um rico empresário, John Taylor, com quem teve três filhos. O casal Taylor, extremamente ativo na congregação unitarista que frequentavam, conheceu William Johnson Fox, um dos principais ministros da congregação e um forte defensor do direito das mulheres. No entanto, foi em um encontro organizado por Fox, que Harriet conheceu John Stuart Mill, um filósofo de ideias bastante libertárias para sua época. Neste período Harriet escrevia textos poéticos e também sobre igualdade de direitos às mulheres. Harriet e Mill se apaixonaram e, em 1833 ela passa a viver em uma casa separada de seu marido, voltando apenas ao final da vida de Taylor, para cuidar do mesmo, que faleceu de câncer em 1849. Harriet e Mill apenas aceitaram se casar formalmente após dois anos da morte de Taylor, tamanho o receio do que enfrentariam na sociedade. A partir do convívio com Taylor, a obra de Mill se mistura entre as colocações dos dois, tamanha a afinidade, sendo assim, Mill sempre deixou claro que suas obras, após adentrar neste relacionamento, tinham forte influência de sua amada. Os textos tratavam de temas como divórcio e casamento, além de se fazer notória a presença de Harriet quando os assuntos eram: igualdade de direitos das mulheres, as diferenças entre os modelos educacionais ofertados 3 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 para homens/mulheres, quer fosse na educação formal ou na doméstica. Ainda sobre a vida doméstica, Harriet escreveu sobre a violência no lar, em co-autoria com Mill. Outro aspecto importante levantado nos textos de Taylor/Mill, especialmente no livro com autoria assinada por Mill “Os princípios da economia política “(1948), é a questão dos trabalhadores. O texto coloca sobre a importância da melhoria salarial, participação nos lucros e na propriedade da empresa. Harriet Taylor passou seus últimos dias na companhia de Mill e de sua filha, que faleceu de problemas pulmonares em Avignon, no ano de 1858. 2. Rosa de Luxemburgo (1871 – 1919) Rosa foi uma teórica adepta de ideias marxistas, filósofa, socialista alemã. De ascendência polonesa/judaica, naturalizou-se alemã. Foi ativa participante de partidos políticos de social-democracia, tanto na Polônia quanto na Alemanha. No entanto, ao perceber que o imperialismo e militarismo alemão trariam a guerra como resultado, tentou evitar isso de todas as maneiras. Defendia que os proletários deveriam constituir o poder, mas essa tomada não deveria acontecer à força, ela deveria acontecer por intermédio da união dos trabalhadores. Rosa também defendia que a revolução por parte dos trabalhadores não deveria acontecer somente em países ditos mais industrializados, mas também em sociedades com economia menos desenvolvida. 4 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Nascida na Polônia, seus ímpetos revolucionários foram notados ainda na época do ginásio, na Varsóvia, mas, foi na Universidade de Zurique, que ela estudou as cadeiras de História, Filosofia, Economia e Política. Em 1904 publica um trabalho sobre as questões sociais da democracia russa em que se opõe a uma ditadura comunista. Após esse episódio, tenta a todo custo evitar a Primeira Guerra Mundial, inclusive, convocando greves trabalhistas e liderando a liga Spartacus, que distribuía panfletos anti-guerra. Posteriormente, em 1918, cria o jornal “Bandeira Vermelha”, que defendia o perdão aos presos políticos e, quando o chanceler alemão Friedrich Ebert chega ao poder, ele tenta erradicar toda a movimentação esquerdista, prendendo Rosa e seus correligionários. Após a prisão, Rosa é encontrada morta no canal Landwehr de Berlim. 3. Hannah Arendt (1906 – 1975) A teórica política reconhecida por provocar as raízes históricas do intelectualismo radical moderno, nasceu na Alemanha, numa família judia, de ascendência russa. Iniciou sua carreira acadêmica sendo expulsa da escola de gramática para moças e, posteriormente, ingressou na universidade de Berlim estudando Teologia e clássicos da Filosofia. Arendt passou por universidades em Marburg, Freiburg e Heidelberg e, nelas estudou com pensadores como Jaspers, Husserl e, especialmente Heidegger, com quem teve um relacionamento até a morte do mesmo. Inclusive, foi Arendt que ajudou a apresentar o trabalho de Heidegger nos Estados Unidos. 5 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Em 1929, defende seu doutorado com tema sobre a teoria de amor de Santo Agostinho e se casa com o filósofo Gunther Stern. Porém, com a ascensão de Hitler, Arendt é presa e consegue fugir para Paris. Trabalhou ajudando exilados franceses e, em 1936, divorcia-se de Stern e conhece seu segundo marido, Bluncher, com quem foge para Nova York após a ocupação nazista na França. Nos Estados Unidos inicia sua carreira como escritora de periódicos e trabalha na recuperação e organização de material cultural judeu. No seu primeiro livro, “As origens do totalitarismo” (1951), ela defende que, tanto o comunismo quanto o fascismo possuem a mesma intersecção em suas origens, ou seja, partiram dos mesmos princípios fundamentais. Após ser duramente criticada, ela perde também seus trabalhos com a comunidade judaica. Em 1961 torna-se conhecida por usar o termo “A banalidade do mal” no seu texto sobre Eichmann em Jerusalém. Eichmann foi um funcionário do governo nazista que articulou detalhes do holocausto e, em seu julgamento, ele foi visto como um simples funcionário que seguia ordens superiores e não como um genocida. Um julgamento meramente burocrático e, o texto de Arendt deixa clara a visão de naturalização da violência humana. Após intensas críticas, tanto positivas, quanto negativas, tornou-se professora universitária, até falecer em 1975, enquanto trabalhava em seu último livro: A vida do espírito. 6 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 4. Simone de Beauvoir (1908 – 1986) Uma das mais conhecidas escritoras e pensadoras da sociedade francesa, tratou de temas como ética, política e, principalmente, feminismo. Inspirada pelo pai, um funcionário público que outrora fora aspirante a ator, Simone sempre foi incentivada à leitura de clássicos e ao desenvolvimento da escrita. E, foi ainda na juventude que realizou sua primeira grande reflexão acerca da vida das mulheres, após a morte prematura de sua melhor amiga, que sofria com a possibilidade de um casamento arranjado. Iniciou sua carreira acadêmica no Instituto Saint Marie, como estudante de Matemática e Filosofia, no ano de 1925. Seguiu sua carreira estudando na prestigiada universidade francesa, Sorbonne, onde intensificou os conhecimentos de Filosofia: ética, lógica e história da filosofia, sendo complementado por cadeiras como Sociologia, Psicologia e Grego. Mas, foi no Liceu Janson de Sailly que criou fortes laços com os também estudiosos de Filosofia: Merleau Ponty e Claude Levi Strauss. Aos vintee um anos tornou-se a professora de Filosofia mais jovem da França. Foi após esse período que conheceu o filósofo Jean-Paul Sartre, seu companheiro afetivo e intelectual, que teve parceria até a morte do mesmo. Eles não se casaram oficialmente e a relação amorosa era sabidamente aberta, no entanto, essa condição de uma intimidade livre, afetou a reputação profissional de Beauvoir por um longo período, além das críticas que sofreu 7 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 por questionar as condições de vida das mulheres, o que acarretou em sua demissão como professora. Seguiu sua carreira como escritora, escrevendo romances e artigos, tanto independentes como na construção de periódicos, abordando especialmente temas como: metafísica, ética, política, realismo e existencialismo. Porém, foi com o livro “O segundo sexo” (1949) que sua obra vai ter um alcance mundial. “O Segundo Sexo”, um livro organizado em dois volumes, recebeu críticas de posicionamentos políticos tanto da direita, como da esquerda e, chegou inclusive a ser considerado um livro proibido por parte do Vaticano. O principal tema do livro trata do fato de considerar a mulher como uma figura em constante opressão, sendo rebaixada à ideia de “o outro”, enquanto o homem é o “eu” (autocentrado), uma vez que, a relação humana deveria ser diretamente proporcional, mas no convívio homem/mulher ela é desigual. O livro em si trata de buscar as origens da desigualdade nesta relação e, como essa estrutura se mantém. Continuou a escrever também sobre ficção, autobiografia e relatos de viagens (uma de suas grandes paixões). Fortificou manifestos feministas, deu entrevistas e alcançou uma fama social incomum aos filósofos de sua época, tamanho o alcance de seu trabalho. Ainda escreveu sobre a velhice, com um enfoque parecido com “O Segundo Sexo” e, faleceu em 1986 de problemas pulmonares. 8 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 5. Angela Davis (1944) Filha de professores, Angela nasceu num bairro segregado em Birmingham, no Alabama, Estados Unidos. Em 1948 mudou-se para um bairro no subúrbio, onde inicialmente a maioria da população era branca. A família Davis foi a primeira negra a mudar para região e, assim, Angela relata em sua autobiografia muitos episódios de racismo, porém, posteriormente outras famílias negras foram se mudando para o local, modificando a relação entre as famílias negras e brancas naquele ambiente. Importante ressaltar os constantes ataques da Ku-Klux Khan, um grupo supremacista racista que bombardeava casas de famílias negras. Iniciou sua vida estudantil em escolas segregadas e, relata também em sua autobiografia, grandes reflexões sobre a diferença física dos prédios em ruínas dos estudantes negros e as edificações bem conservadas dos discentes brancos. Quando os protestos para os direitos civis se iniciaram pelo Alabama, Angela não pode participar, pois havia se inscrito em um programa para que estudantes negros fossem para o norte do país. Angela então muda-se para Nova York a fim de realizar o “High School” (equivalente ao ensino médio no Brasil) e segue sua vida acadêmica estudando Filosofia na Universidade de Brandeis, posteriormente na Universidade de Sorbonne na França e em Frankfurt na Alemanha. Foi na universidade de Brandeis que sentiu a presença do racismo institucional, pois, ao sair do sul, com a esperança da redução do preconceito dentro de uma universidade nortista, Angela relata que em Brandeis passou a ser afetada por um racismo “diferente”, decepcionando-se com o ambiente em que vivera. 9 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Enquanto estava na Alemanha, o trabalho do movimento Pantera Negra eclodiu nos Estados Unidos e, assim, Angela decidiu que era importante retornar para integrar o grupo. No entanto, apesar de terem em comum a luta racial, Angela percebeu que o movimento dos panteras era machista e, assim, passou a organizar movimentos de grupos de mulheres negras. Com o grupo Che-Lumumba Club, um grupo comunista de inspiração no movimento cubano, Angela ratificou as pautas raciais, protestos que defendiam os direitos das mulheres, o fim da violência policial e melhores moradias para a população negra. Desejavam, inclusive, mudanças radicais para melhores condições de igualdade em países ditos como “terceiro mundo”. Contratada para lecionar na Universidade da Califórnia, suas palestras tinham grande comoção, o que acarretou em um profundo incômodo com a gestão da instituição, mesmo sendo demitida, depois conseguiu seu cargo de volta através de lutas judiciais. Angela também foi presa na acusação de envolvimento com os irmãos “Soledad”, um grupo ativista acusados de sequestros e homicídios. Chegou a ser uma das pessoas mais procuradas pelo FBI (instituição de investigação criminal estadunidense). Após um ano e meio presa, passou a lutar também pela reforma prisional. Após alguns anos atuando como professora independente, viajando como palestrante com muitas ações de ativismo e política (chegou a ser candidata à vice-presidência dos Estados Unidos pelo partido comunista nas eleições de 1980 e 1984), Angela volta a lecionar na Universidade da Califórnia, até que se aposenta no ano de 2008. Angela traz significativas contribuições para a construção do pensamento contemporâneo, dentre eles: 10 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 ● Críticas ao machismo presente nas lutas raciais e ao racismo constante nos grupos feministas. ● Sistema de justiça e criminalidade, especialmente no tratamento à população negra. 11 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Unidade de Aprendizagem 6: Início da Filosofia no Brasil. RECOMENDAÇÕES DE ESTUDO (EM13CHS603) O presente estudo traz como premissa a importante questão da formação do pensamento brasileiro. É de extrema importância ressaltar a anulação da cultura nativa, bem como sua trajetória de pensamento e, como as linhas de raciocínio europeia por aqui se estabeleceram de forma significativa. (EM13CHS101) Contudo, ao adquirir características de formação identitárias, singulares e, por vezes avessas à cultura europeia, muitos pensadores brasileiros 1 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 trouxeram à tona questões pertinentes, não somente à nossa nacionalidade, mas também, o contexto latino-americano e afrodescendente. ● A imposição do pensamento europeu sobre a cultura indígena. ● A influência do positivismo no Brasil. ● Reflexão sobre a “real” identidade brasileira. Esta unidade será ministrada em uma aula presencial, em dia e horário agendados previamente. Leia o conteúdo analiticamente, realize as atividades propostas e considere as colocações do instrutor. Bons estudos! 2 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es tema ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 1. Início da Filosofia no Brasil. Os princípios que fundamentaram a Filosofia no Brasil têm, em sua maior formação, a Filosofia portuguesa, no entanto, vale ressaltar que nossa população nativa teve sua cultura bastante dizimada e, com o genocídio da população indígena, perdemos também grande parte dos princípios de sua lógica de pensamento. A implementação do ensino da Filosofia no Brasil aconteceu por intermédio dos jesuítas que trouxeram o pensamento escolástico de São Tomás de Aquino para ser lecionado em nosso país. Inicialmente os primeiros alunos foram os índios, que tiveram sua cultura suprimida com o processo de catequização, posteriormente, o ensino de Filosofia foi implementado nas instituições de ensino direcionadas às camadas da elite brasileira daquela época. Com a expulsão dos jesuítas e as mudanças implementadas na estrutura educacional brasileira por parte do primeiro-ministro português, Marquês de Pombal, as ideias iluministas foram colocadas dentro do ensino filosófico brasileiro, especialmente para preparar os filhos da elite brasileira para adentrarem nas universidades portuguesas. A presença do iluminismo na cultura elitista brasileira foi tão grande que influenciou revoltas, lutas abolicionistas e de independência. Francisco de Montalverne (1784 – 1858) é considerado por alguns estudiosos o primeiro filósofo brasileiro. Lecionou em escolas do Rio de Janeiro e São Paulo, atuou como pregador e trabalhou com uma Filosofia espiritualista eclética. A linha de pensamento de Montalverne foi adotada 3 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 também nos cursos de Direito e Medicina do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife durante o período imperial. No século XIX a educação brasileira caminhou para um perfil cientificista e, por isso, houve grande adesão aos pensamentos de Augusto Comte que, no Brasil, foi representado por Miguel Lemos (1854 – 1917) e Teixeira Mendes (1855 – 1927) que ratificaram o positivismo em nossa bandeira nacional através do lema “Ordem e Progresso”. Sobre o positivismo no Brasil é importante ressaltar a Escola de Recife e nomes como Tobias Barreto (1839 – 1889), pensador sergipano que frisava a importância da reflexão antiescolástica. Com o tempo as universidades foram criando seus próprios institutos de Filosofia e, em 1942 o ministro da educação Gustavo Capanema coloca Filosofia como disciplina obrigatória nas escolas brasileiras. Porém com o golpe militar de 1964, o desenvolvimento do pensamento filosófico foi perseguido nas faculdades e ofertado como não-obrigatório no ensino básico e médio nacional. A Filosofia e a Sociologia somente retornam como disciplinas obrigatórias no ensino médio em 2006. 2. Filósofos Brasileiros de Destaque Sílvio Romero (1851 – 1914) 4 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Filho de um comerciante português, nascido em Sergipe em 1851, Silvio Romero foi escritor, filósofo, ensaísta, professor e poeta. Silvio iniciou sua carreira acadêmica realizando parte de seu ensino básico na escola “O Ateneu Fluminense” onde teve a oportunidade de estudar sobre a cultura alemã e preparar-se para o ingresso na Faculdade de Direito no Recife. Após formar-se advogado, tentou adquirir o título de doutor pela Faculdade de Direito do Recife, contudo, se indispôs com boa parte do corpo docente, o que fez com que ele migrasse para o Rio de Janeiro, trabalhando como juiz na cidade de Parati, professor do Colégio Pedro II e da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, além de escrever para diversos periódicos, sempre divulgando os princípios da Escola de Recife. Princípios estes que enaltecem o evolucionismo científico, questionam a estrutura monárquica, valorizam a literatura, mantém elo com o pensamento filosófico alemão e, têm na Filosofia, o elo entre a ciência e as artes. Na vida política, fundou o partido nacional e elegeu-se como deputado federal pelo Sergipe. Além destes feitos, auxiliou Machado de Assis na fundação da Academia Brasileira de Letras, além de ter fundado a Faculdade de Direito de Juiz de Fora (MG). Romero foi um profundo crítico das etiologias brasileiras que romantizam e, de certa forma, exotiza a cultura indígena, alegando que os indígenas não seriam os “verdadeiros brasileiros” e sim o mestiço fruto das etnias que aqui se estabeleceram. Romero era um profundo admirador da cultura alemã e, por isso, sua linha de pensamento foi chamada de “Germanista”, pois acreditava que a Alemanha tinha muito a contribuir com suas correntes filosóficas que visavam mais o coletivo, ao contrário das ideias francesas que detinham um teor de reflexão 5 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 mais vinculado ao “ser” do que o “todo”. Embora, posteriormente, seus textos foram acusados de racistas e preconceituosos. Silvio faleceu no Rio de Janeiro em 1914 e, por ser profundamente conhecido devido às suas críticas literárias, seu livro mais famoso é “História da Literatura Brasileira” (1988) Paulo Freire (1921 – 1997) O pernambucano Paulo Freire, patrono da educação brasileira, formou-se na Faculdade de Direito do Recife e tinha grande interesse pelos processos de alfabetização e aquisição de letramento, especialmente na alfabetização de adultos. Devido a este interesse, desenvolveu uma técnica de alfabetização que levava em consideração os aspectos regionais do estudante. Freire acreditava que o regionalismo era um importante instrumento na instrução do indivíduo. Seu primeiro estudo de caso para aplicação deste modelo de ensino, aconteceu na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, no ano de 1963 e fazia parte do processo de valorização da identidade nacional por parte do então presidente João Goulart. Em quarenta e cinco dias Freire conseguiu alfabetizar trezentos alunos. Contudo, seus posicionamentos foram considerados subversivos e, por isso, foi preso e teve de se exilar no Chile, onde se envolveu com os movimentos de reforma agrária e, foi neste período que escreveu seu mais famoso livro “Pedagogia do Oprimido” (1968). O texto defende que a educação deve ser libertadora e que o autoritarismo impede o desenvolvimento crítico do estudante, bem como sua autonomia. É deste livro o termo “educação bancária”, na qual Freire critica o modelo de ensino na qual o aluno é um 6 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 sujeito meramente passivo nas quais informações lhe são apenas “depositadas”, sem grandes possibilidades de questionamento. Entre 1969 – e início dos anos 70, lecionou na Universidade de Harvard e se tornou conselheiro educacional para diversos países do mundo, especialmente do continente africano. Após dezesseis anos exilado, retorna ao Brasil e se torna professor da Universidade de São Paulo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas e secretário da educação durante o mandato de Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo. Doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades pelo mundo, detentor de inúmeros prêmios internacionais e autor de livros como “Pedagogia da Esperança”(1992), além de artigos de importante reflexão para modelos educacionais. Faleceu em São Paulo, no ano de 1997 e deixou enorme legado, além de ser leitura fundamental para a formação de licenciados em diversas partes do mundo. Miguel Reale (1910 – 2006) Nascido no interior de São Paulo, filho de um médico italiano e de uma dona de casa, Reale concluiu o ensino básico no interior de Minas e segue para realizar o ensino médio no renomado Instituto Dante Alighieri, na capital paulista. Enquanto cursava Direito na Faculdade do Largo de São Francisco lutou na Revolução Constitucionalista e citava a importância da consolidação da democracia, que acarretou na constituição de 1934. 7 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Foi participante do movimento integralista, o qual ele defendia como uma iniciativa importante para manutenção e cuidado de valores brasileiros, tendo o nacionalismo como base principal, acrescentado à espiritualidade e apreço pelas tradições. O movimento, visto como conservador, prezava as instituições e modelos tradicionais de família, hierarquia e autoridade, por isso, por diversas vezes recebeu críticas de semelhança ao nazismo. Após o afastamento do movimento da militância integralista desenvolveu a “Teoria Tridimensional do Direito” (1968) em que os seguintes aspectos devem ser analisados: ● Sociologismo jurídico, em que os fatos e a eficácia do Direito devem ser considerados. ● Moralismo jurídico, em que a moral (jurídica) deve ter como premissa os valores e fundamentos do Direito. ● Normativismo abstrato, aquele que dá pertinência às normas do Direito. Foi imortal da Academia Brasileira de Letras, reitor da Universidade de São Paulo, Secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Supervisor do Código Civil Brasileiro (2002), além de ter sido um dos fundadores da Academia Brasileira de Filosofia. Seus textos têm como principais temas: Política, Economia (nacional e internacional), temas jurídicos. Após intensa carreira, faleceu em São Paulo aos 95 anos. Marilena Chauí (1941) A paulista Marilena Chauí, filha de um jornalista e de uma professora, nasceu em 1941 e, saiu do interior de São Paulo para concluir seu ensino médio e preparar-se para ingressar na universidade, na capital paulista. 8 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25 Entra na faculdade no ano de 1960. Fez graduação e mestrado em Filosofia na Universidade de São Paulo, estudando Humanismo e Merleau Ponty. Posteriormente segue seu doutorado na USP com a defesa do filósofo Baruch Espinosa. Em seu doutorado ela apresenta temas como: servidão, liberdade e paixão. Em 1987 torna-se professora da faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo em que leciona História da Filosofia Moderna, Filosofia Brasileira e Filosofia Política. Além de sua intensa produtividade acadêmica, e do recebimento do título de Doutora Honoris Causa pelas universidades de Córdoba (Argentina) e Sorbonne (França), Marilena também tem forte participação política, sendo uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores e atuou como secretária de cultura no governo municipal de Luiza Erundina. Marilena tem como principais temas: as desigualdades sociais, direitos humanos, democracia e mobilização popular. Marilena também é conhecida por causa de sua textualidade didática e fala aberta e direta sobre os temas de importante reflexão para a sociedade brasileira, o que possibilita uma grande abertura de diálogo fora do universo acadêmico. Marilena também defende, especialmente em seu livro “Convite à Filosofia” (2000), que o conhecimento filosófico não foi inaugurado pelos gregos e que, mesmo quem não detenha conheça os sistemas filosóficos acadêmicos, realiza o saber filosófico, pois este é uma característica natural da organização do pensamento humano. 9 Este material é de uso exclusivo de RODRIGO DE ARAUJO CHINAIDE DA SILVA , CPF 122.406.227-25 Es te ma ter ial é de us o e xcl us ivo de RO DR IG O D E A RA UJ O C HI NA ID E D A S ILV A , CP F 1 22 .40 6.2 27 -25
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