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Indaial – 2020 Práticas de Mecânica dos solos Prof. Ricardo Floriani 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof. Ricardo Floriani Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F635p Floriani, Ricardo Práticas de mecânica dos solos. / Ricardo Floriani. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 176 p.; il. ISBN 978-65-5663-277-3 ISBN Digital 978-65-5663-278-0 1. Mecânica dos solos. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 624.15136 aPresentação Olá, acadêmico de Engenharia Civil da UNIASSELVI! Seja bem-vindo à disciplina de Práticas de Mecânica dos Solos. Neste livro, teremos a oportunidade de abordar diversos conteúdos teóricos e também diversos experimentos que poderão ser realizados em laboratório ou em campo, para apoiar a tomada da decisão sobre o impacto dos solos nas intervenções e obras que estejam sendo realizadas. Em razão da formação do solo e das diversas variáveis que este material está sujeito, observa-se que cada local possui uma característica específica, tornando necessário o conhecimento dos aspectos e características técnicas e inerentes a cada situação pontual. Para isso, é necessário utilizar os conceitos da mecânica dos solos e identificar as características dos solos em análises de laboratório ou de campo. Neste livro, teremos a oportunidade de apresentar os conceitos e procedimentos teóricos para a realização de diversos ensaios. O livro está dividido em três unidades: Na Unidade 1, serão abordados os procedimentos para obtenção de amostras indeformadas de solo no campo, a forma correta para identificar e descrever as amostras de solo e como possibilitar a identificação por meio de etiquetas. Iniciaremos o estudo dos índices físicos e faremos a descrição dos experimentos para obtenção do teor de umidade e da densidade natural e, também, da densidade dos grãos. Ensaios granulométricos também serão abordados nesta unidade. A Unidade 2 abordará os limites de plasticidade e liquidez e as formas de caracterização dos solos. A Unidade 3 apresentará os procedimentos para realização do ensaio para obtenção do Índice de Suporte Califórnia (ISC), também conhecido como California Bearing Ratio (CBR). Apresentará ainda experimentos realizados pela literatura técnica especializada para o estudo do solo, além de procedimentos de ensaios de cisalhamento direto, bem como técnicas de exploração dos subsolos. Bons estudos! Prof. Ricardo Floriani Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE suMário UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ................ 1 TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO .................................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS ................................................................................................. 3 2.1 TAMANHO DAS PARTÍCULAS .................................................................................................. 3 3 DESCRIÇÃO E ARMAZENAMENTO DE AMOSTRAS............................................................. 4 3.1 TESTES MANUAIS DE IDENTIFICAÇÃO TÁTIL-VISUAL ................................................... 4 3.2 ITENS DE UMA DESCRIÇÃO DOS SOLOS .............................................................................. 6 3.3 REGISTRO E ETIQUETAS ............................................................................................................. 7 3.4 PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS DE SOLO ........................................................................... 8 4 PARAFINAGEM .................................................................................................................................. 8 5 SISTEMA SOLO-ÁGUA .................................................................................................................... 9 6 SISTEMA SOLO-ÁGUA-AR ........................................................................................................... 10 7 ÍNDICES FÍSICOS ............................................................................................................................. 10 8 TEOR DE UMIDADE ........................................................................................................................ 14 8.1 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE DE SOLOS ..................................................... 14 8.2 DENSIDADE NATURAL ............................................................................................................ 18 8.3 MOLDAGEM DE CORPO DE PROVA ..................................................................................... 18 8.4 MÉTODO DA BALANÇA HIDROSTÁTICA ........................................................................... 19 9 DENSIDADE DOS GRÃOS ............................................................................................................ 20 9.1 PROCEDIMENTOS DE ENSAIO ............................................................................................... 22 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 25 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 26 TÓPICO 2 — ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS .................................................... 27 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27 2 ENSAIO DE PENEIRAMENTO ...................................................................................................... 27 3 LEI DE STROKES.............................................................................................................................. 29 4 MÉTODO DO DENSÍMETRO ...................................................................................................... 30 5 AMOSTRAS DE SOLO – PREPARAÇÃO PARA ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO ..... 31 6 APARELHAGEM ............................................................................................................................... 31 7 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS................................................................................................. 34 8 PENEIRAMENTO .............................................................................................................................. 35 9 SEDIMENTAÇÃO ............................................................................................................................. 36 10 CALIBRAÇÃO DO DENSÍMETRO ............................................................................................. 37 11 FONTES DE ERRO DO ENSAIO DE SEDIMENTAÇÃO ....................................................... 39 12 CURVA DE DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA .............................................................. 39 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 43 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 48 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 49 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 51 UNIDADE 2 — PLASTICIDADE, ESTRUTURA E COMPACTAÇÃO DO SOLO ................. 53 TÓPICO 1 — PLASTICIDADE E ESTRUTURA DO SOLO ........................................................ 55 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 55 2 LIMITE DE LIQUIDEZ (LL) ............................................................................................................. 55 2.1 LIMITE DE PLASTICIDADE ...................................................................................................... 63 2.2 LIMITE DE CONTRAÇÃO ......................................................................................................... 67 3 GRÁFICO DE PLASTICIDADE ..................................................................................................... 70 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 73 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 74 TÓPICO 2 — COMPACTAÇÃO DOS SOLOS ............................................................................... 77 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 77 2 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO ...................................................................................................... 79 3 ENSAIO PROCTOR NORMAL ...................................................................................................... 90 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 98 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 104 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 105 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 107 UNIDADE 3 — EXPERIMENTOS TÉCNICOS EM SOLOS ...................................................... 109 TÓPICO 1 — ÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA .................................................................. 111 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 111 2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS.................................................................. 111 3 ENERGIAS DE COMPACTAÇÃO ............................................................................................... 112 4 EXECUÇÃO DO ENSAIO .............................................................................................................. 112 4.1 PREPARAÇÃO DA AMOSTRA ............................................................................................... 113 4.2 MOLDAGEM DOS CORPOS DE PROVA............................................................................... 113 4.3 EXPANSÃO ................................................................................................................................. 114 4.4 PENETRAÇÃO ........................................................................................................................... 120 4.5 CÁLCULOS ................................................................................................................................. 122 5 EXPRESSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................................... 124 5.1 CURVA DE COMPACTAÇÃO .................................................................................................. 124 5.2 MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA MÁXIMA ............................................................ 124 5.3 MIDADE ÓTIMA ........................................................................................................................ 124 5.4 ÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA E EXPANSÃO .......................................................... 124 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 128 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 129 TÓPICO 2 — EXPERIMENTOS REALIZADOS PELA LITERATURA TÉCNICA ESPECIALIZADA ............................................................................................................................... 131 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131 2 ESTUDO DA CAPACIDADE DE SUPORTE DA ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS PARA PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA – ESTUDO 1 ............................................................................ 131 2.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................................. 136 2.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 138 3 PAVIMENTO ECOLÓGICO: UMA OPÇÃO PARA A PAVIMENTAÇÃO DE VIAS DAS GRANDES CIDADES – ESTUDO 2 ............................................................................................... 138 3.1 ENSAIOS REALIZADOS .......................................................................................................... 139 3.2 CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 152 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 154 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 155 TÓPICO 3 — RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO SOLO E EXPLORAÇÃO DO SUBSOLO ...................................................................................................................157 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 157 2 CRITÉRIO DE RUPTURA DE MOHR-COULOMB ................................................................. 157 3 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO ... 158 4 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO .................................................................................. 159 5 EXPLORAÇÃO DO SUBSOLO ..................................................................................................... 163 5.1 SONDAGENS .............................................................................................................................. 164 5.1.1 Número e locação das sondagens ................................................................................... 164 5.1.2 Profundidade das sondagens .......................................................................................... 165 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 167 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 172 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 173 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 175 1 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar as características visuais das amostras de solos; • descrever, armazenar e identificar as amostras de solos para uso posterior em laboratório; • compreender as interações solo – ar – água; • conhecer os índices físicos; • estabelecer o índice de umidade dos solos em laboratório; • estabelecer a densidade natural de solos; • estabelecer a densidade dos grãos de solos; Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO TÓPICO 2 – ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 1 INTRODUÇÃO O projeto de fundações é concebido à partir do levantamento de cargas aplicadas pela obra, e o solo precisa responder adequadamente a estas solicitações. Observa-se, entretanto, uma variabilidade muito grande nos componentes do solo e por consequência respondem de maneira distinta às solicitações (PINTO, 1998). Não é possível aplicar aos solos as mesmas leis teóricas que usualmente se aplicam a materiais mais bem definidos, como o concreto e o aço. Todo o desenvolvimento de técnicas de projeto e de execução das fundações depende do entendimento dos mecanismos do comportamento dos solos (PINTO, 1998), bem como das características de interação solo-estrutura. 2 CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS A constituição dos solos é composta por um conjunto de partículas com água (ou outro líquido) e ar ocupando os espaços intermediários. As partículas geralmente possuem liberdade de deslocamento entre si e o comportamento do solo é dependente do movimento das partículas sólidas. Não são raros os casos de partículas de solo que se quebram quando o solo é solicitado (PINTO, 1998). 2.1 TAMANHO DAS PARTÍCULAS O tamanho das partículas é a primeira característica que diferencia os solos. Alguns solos possuem grãos perceptíveis a olho nu, e outros têm os grãos tão finos que, ao serem molhados, são transformados em uma pasta de barro e torna difícil a visualização individualizada das partículas (PINTO, 1998). A diversidade de tamanhos das partículas e sua decorrente interação torna difícil a identificação das partículas. Os grãos de areia, por exemplo, podem estar envoltos por partículas argilosas e aparentam aspecto de aglomeração formada exclusivamente por partículas argilosas (PINTO, 1998). As faixas de tamanho dos grãos determinam as denominações específicas, conforme indica o Quadro 1: UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 4 Pedregulhos de 2,0 mm (ou 4,8 mm) a 15 cm Areias de 0,075 mm (ou 0,06 mm) a 2,0 mm (ou 4,8 mm) Silte de 0,002 mm (ou 0,005 mm) a 0,075 mm (ou 0,06 mm) Argila Inferior a 0,002 mm (ou 0,005 mm) QUADRO 1 – LIMITES DAS FRAÇÕES DE SOLO PELO TAMANHO DOS GRÃOS FONTE: Pinto (1998, p. 52) De acordo com Pinto (1998), ocorre uma subdivisão das areias em: grossas (acima de 0,6 mm), médias (entre 0,6 mm e 0,2 mm) e finas (abaixo de 0,2 mm). No que se refere à constituição mineralógica, os solos são formados a partir da desagregação de rochas por ações físicas e químicas e as partículas resultantes dependem da composição da rocha matriz. É comum que as partículas sejam constituídas de mineral único. Por exemplo, o quartzo, presente na maioria das rochas tem uma adequada resistência à desagregação e forma grãos de silte e areias, com diâmetro equivalentemente superior a 0,005 mm. A composição química do quartzo é simples, SiO2, formado por silício e oxigênio. 3 DESCRIÇÃO E ARMAZENAMENTO DE AMOSTRAS A qualidade das amostras utilizada para a realização de ensaios de laboratórios deve ser observada pelos laboratoristas. Para possibilitar avaliação a posteriori, algumas preocupações devem ser tomadas tais como o tipo e estado da embalagem, designação ou nomeação da amostra em etiquetas a ela afixadas, local de extração, profundidade, entre outros (MASSAD, 2016). Ao manusear a amostra, sua identificação pelo tato possibilita uma checagem com a classificação realizada no campo. Primeiramente, deve-se examinar a amostra a ser utilizada e oferecer uma descrição das condições em que se encontra. ATENCAO 3.1 TESTES MANUAIS DE IDENTIFICAÇÃO TÁTIL-VISUAL A primeira identificação que deve ser realizada, refere-se à identificação do solo como sendo uma areia, uma argila, um silte ou uma mistura dos componentes. Se o solo tiver mais de 50% das partículas que possam ser distintas individualmente a olho nu, este pode ser identificado como pedregulho ou areia. Caso 50% ou mais dos grãos tiverem diâmetro maior do que 5 mm (peneira n. 4) estes serão considerados como pedregulho (MASSAD, 2016). TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 5 As peneiras serão apresentadas adiante, na seção em que abordar o conteúdo de granulometria. ESTUDOS FU TUROS Tendo em vista a dificuldade de diferenciar uma argila e um silte, podem ser realizados três testes: resistência a seco, dilatância e plasticidade (MASSAD, 2016). a) Resistência a seco (esmagamento): Procedimento • umedecer uma porção de solo e modelar para formar uma bola; • secar ao sol ou na estufa; • determinar a resistência esmagando e reduzindo a bola de solo a pó entre os dedos. Interpretação Esta resistência é chamada resistência a seco. É uma medida de plasticidade do solo considerada pequena se a amostra for facilmente reduzida a pó; média se houver necessidade considerável de pressão dos dedos e elevada se essa operação for impossível (MASSAD, 2016). b) Reação à vibração (shaking test): Procedimento • adicionar água a uma porção de solo até saturar, de forma que a amostra fique macia, mas não pegajosa; • colocar a pasta na mão, sacudir horizontalmente e bater vigorosamente contra a outra mão por diversas vezes. Interpretação A reação é rápida caso a água apareça e desapareça rapidamente, lenta se a água aparece e desaparece devagar e negativa se as condições anteriores não se verificam. Normalmente,um silte apresenta reação rápida e uma argila gorda reage negativamente (MASSAD, 2016). UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 6 c) Consistência nas proximidades do limite de plasticidade: Procedimento • moldar uma porção de solo em uma pasta de consistência mole; • no caso de a amostra se apresentar seca, adicionar água; • se estiver pegajosa demais, deixar secar um pouco; • enrolar a pasta sobre uma superfície lisa até atingir o limite de plasticidade (fragmentação dos rolinhos de solo). • ao ocorrer a fragmentação do rolinho, juntar os pedacinhos; • continuar com leve ação de amassamento até o esmigalhamento da porção. Interpretação De acordo com Massad (2016), se a porção de solo puder continuar o processo de enrolamento enquanto estiver ligeiramente mais seca do que o limite de plasticidade (LP) e, se uma pressão dos dedos for necessária para enrolar o rolinho, diz-se que o solo possui dureza elevada. O solo terá dureza média quando a dureza do rolinho for média e a massa formada com seus fragmentos esmigalhar logo abaixo do LP. Finalmente, a dureza será pequena se o rolinho for frágil e se fragmentar facilmente sem que haja a formação de massa mais seca que o LP. As argilas costumam apresentar rigidez elevada e os siltes baixa rigidez. 3.2 ITENS DE UMA DESCRIÇÃO DOS SOLOS A seguir, serão apresentados os itens que permitem uma correta descrição dos solos: Cor A cor permite a identificação da presença de certos minerais, bem como a presença de materiais orgânicos. A cor pode apresentar variações de acordo com o teor de umidade, não sendo, portanto, uma característica permanente. A cor escura indica a presença de matéria orgânica (MASSAD, 2016). Odor Em solos orgânicos, o odor é uma característica bem pronunciada de matéria orgânica em decomposição. As argilas inorgânicas, quando estão úmidas, apresentam cheiro de terra inconfundível (MASSAD, 2016). TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 7 Origem geológica A observação da natureza do local de extração e os conhecimentos sobre a rocha matriz e o maciço rochoso pode possibilitar a distinção das informações geológicas sobre a região de procedência da amostra (MASSAD, 2016). Minerais presentes A identificação dos minerais em areias, especialmente o quartzo, pode ser feita facilmente. No caso dos materiais argilominerais, a argila exerce grande influência no comportamento dos solos (MASSAD, 2016). Presença de matéria orgânica ou elementos estranhos Detectada especialmente por seu odor característico e cor escura ao solo. A presença de elementos estranhos pode ajudar na caracterização da origem do solo (MASSAD, 2016). Estrutura Recebe a denominação de estrutura o arranjo ou configuração das partículas do solo (MASSAD, 2016). Os arranjos possíveis podem ser variados e complexos. Esta variação e complexidade decorrem da ação da gravidade, de potenciais elétricos de repulsão ou de atração. Estas estruturas dependem ainda dos tipos de minerais argilosos e dos cátions dissolvidos na água, entre outras características (MASSAD, 2016). Algumas argilas apresentam estrutura instável, destruída com o remoldamento. 3.3 REGISTRO E ETIQUETAS O registro e etiquetagem é realizada logo após a chegada do material ao laboratório. As etiquetas devem conter informações como: projeto, local da obra, data de recebimento, número da amostra, sondagem ou poço. Assinalar também o topo e a base das amostras indeformadas. A fixação destas etiquetas ocorre por meio do uso de parafinagem. No caso de amostras deformadas, estas são colocadas em sacos plásticos amarrados com etiquetas com barbante (MASSAD, 2016). O registro das amostras é feito com o lançamento das informações e também das profundidades de topo e da base da amostra, a localização no laboratório, tipo de amostra (vidro, plástico, bloco parafinado) o seu tamanho original. Pode-se anotar na etiqueta apenas o número constante no livro de registros (MASSAD, 2016). UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 8 3.4 PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS DE SOLO É necessário proteger as amostras de forma a evitar variações na unidade e na composição química. O armazenamento das amostras deformadas costuma ser feito por meio de sacos plásticos ou frascos com tampa. Se a manutenção do teor de umidade natural não for essencial, pode-se utilizar sacos de tecidos. Ainda assim, o período de armazenagem não pode ser longo. As amostras indeformadas são preservadas com a cobertura total com cera ou ao deixar em tubos selados com cera nas extremidades (MASSAD, 2016). 4 PARAFINAGEM É a mais utilizada, mais quebradiça e mais suscetível ao trincamento durante o endurecimento e a mais permeável à água em comparação com as outras ceras. Com relação as desvantagens da parafina, Massad (2016) destaca a plasticidade, que se deforma, é difícil de trabalhar e exige dispêndio de tempo durante o verão. Para o autor, os dois melhores processos de parafinagem consistem em: a) imersão de amostra em parafina; e b) colocar parafina sobre a amostra. Recomenda-se, ainda, que sejam aplicadas pinceladas de parafina sobre a amostra antes da imersão para forçar a cera a se solidificar rapidamente e, com isso, minimiza sua penetração em trincas e poros do solo. Depois, emerge-se a amostra diversas vezes, até a película de parafina ter cerca de 3mm de espessura (MASSAD, 2016). FIGURA 1 – EXTRAÇÃO DE AMOSTRAS INDEFORMADAS FONTE: <https://geocoring.com.br/wp-content/uploads/2018/12/3.-Servi%C3%83%C2%A7os-1.- -M%C3%83%C2%A9todos-diretos-4.-Amostras-indeformadas-1.jpg>. Acesso em: 16 ago. 2020. TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 9 Grandes porções de amostras podem ser colocadas em caixas de madeira desmontáveis, com dimensões maiores do que a dos blocos de solos, sendo que o espaço vazio pode ser preenchido jogando-se parafina. Quando o solo é muito poroso ou contém materiais granulares, a amostra pode ser coberta com papel encerado antes de se derramar a parafina. No caso de pequenos espaços a serem preenchidos, a parafina deve ser lançada numa temperatura acima do ponto de fusão para ocorrer a penetração até o fundo da caixa ou recipiente (MASSAD, 2016). Tubos selados Quando os solos são extraídos a partir dos amostradores, são percebidas algumas vantagens (MASSAD, 2016): • o amostrador pode ser reutilizado; • a amostra pode ser examinada no seu todo, evita-se migração de água de uma parte para outra, especialmente nos casos de amostras homogêneas ou se houverem partes remoldadas. Deve ser evitado o contato solo-metal de forma a eliminar o risco de reações químicas e eletrolíticas que podem descolorir o solo e sua secagem (MASSAD, 2016). Manuseio de amostras indeformadas Sempre que possível, recomenda-se trabalhar em câmaras úmidas e não tocar diretamente nas amostras, utilizando-se papel encerado ou celofane. Ao realizar a extrusão de solos dos amostradores é necessário observar se a superfície da amostra está plana e perpendicular ao eixo amostrador. Este procedimento pretende evitar deformações plásticas em parte da amostra. A amostra deve ser retirada da base para o topo (MASSAD, 2016). 5 SISTEMA SOLO-ÁGUA A água é um mineral que apresenta um comportamento mais complexo do que sua composição química (H2O) sugere. A posição dos dois átomos de hidrogênio, em órbita em torno dos átomos de oxigênio não está diametralmente oposta para proporcionar um equilíbrio de cargas. Em consequência, de acordo com Pinto (1998), a água atua como um bipolo, orientando-se em relação às cargas externas. Ao entrar em contato com as partículas argilosas, as moléculas de água se orientam em relação a elas e aos íons que circundam as partículas. Os íons se afastam das partículas e ficam envoltospor moléculas de água. A elevação do teor de água provoca no entorno das partículas o que é conhecido como camada UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 10 dupla. Camada dupla é a camada em torno das partículas em que as moléculas de água estão atraídas a íons do solo e ambos à superfície das partículas (PINTO, 1998). Decorrente das forças eletroquímicas, as camadas de moléculas de água que estão mais próximas das partículas de solo ficam firmemente aderidas a elas. Nestas condições, a água apresenta comportamento bastante distinto da água livre. Neste estado é referida como água sólida, em razão de que, não existe entre as moléculas mobilidade das moléculas dos fluídos. As moléculas de água tornam possível que o contato entre as partículas possa ser feito pelas partículas entre si e também pelas moléculas de água a elas aderidas. As deformações e resistência dos solos, ao serem solicitados por forças externas, dependem diretamente desses contatos (PINTO, 1998). Quando em ambiente aquoso ocorre a aproximação entre partículas de argila, decorrem forças de atração e de repulsão. As forças de repulsão decorrem das cargas líquidas negativas que elas possuem e ocorrem desde que as camadas duplas estejam em contato. A combinação das forças de atração e de repulsão entre as partículas decorre da estrutura dos solos, que referem-se à disposição das partículas na massa de solo e as forças entre elas (PINTO, 1998). 6 SISTEMA SOLO-ÁGUA-AR No caso de solos não saturados, o ar pode se fazer presente em forma de bolhas oclusas, quando disposto em pequenas quantidades ou em forma de canalículos intercomunicados com o meio interno ou externo. A presença do ar é importante porque a água se comporta como se fosse uma membrana e as moléculas de água em contato com o ar se orientam em virtude da diferença da atração química das moléculas adjacentes. A tensão superficial é utilizada para medir esta característica presente em qualquer líquido em contato com outro líquido ou gás (PINTO, 1998). A tensão superficial faz com que a superfície de contato entre a água e o solo, nos vazios pequenos das partículas, apresente uma curvatura, de forma a caracterizar que a pressão nos dois fluídos é diferente. Esta diferença de pressão é denominada tensão de sucção. A tensão de sucção é responsável por diversos fenômenos referentes ao comportamento mecânico dos solos, como a ascensão capilar e o comportamento não peculiar dos solos não saturados quando solicitados por carregamento (PINTO, 1998). 7 ÍNDICES FÍSICOS As três fases (sólidos, líquidos e ar) interferem no comportamento dos solos. Para expressar as proporções entre elas, são empregadas diversas relações. As três fases que normalmente ocorrem, estão representadas na Figura 2. TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 11 FIGURA 2 – AS FASES NO SOLO Legenda: a) no estado natural; b) separada em volume; c) em função do volume de sólidos. FONTE: Pinto (1998, p. 55) O primeiro índice físico que será estudado é o índice de vazios. Na sequência estudaremos a porosidade, volume total para volume unitário de sólidos, deformação volumétrica específica, teor de umidade relativa e densidade dos grãos (MASSAD, 2016). Índice de vazios O índice de vazios (e) é calculado tomando-se por base a seguinte equação: e = Vv / Vs (eq. 1) Em que: Vv – Volume de vazios (cm³). Vs – Volume de sólidos (cm³). Porosidade A porosidade (n) por ser calculada em função do volume de vazios e do volume de sólidos, pela equação: n = Vv / (Vv + Vs) (eq.2) Em que: Vv = Volume de vazios (cm³). Vs = Volume de sólidos (cm³). O volume de vazios é a quantidade de vazios presentes em um determinado solo e a porosidade é a relação entre o volume de vazios e o volume total (sólidos + vazios). UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 12 Volume total para volume unitário de sólidos (v) Indica o volume total ocupado por um volume unitário de sólidos. É representado pelo valor de uma unidade acrescido do índice de vazios. v = 1 + e (eq.3) Em que: e = índice de vazios (adimensional). Deformação volumétrica específica (ε) A deformação volumétrica específica é dada pela variação volumétrica em relação ao volume total para volume unitário de sólidos. ε = Δv / v = Δv / (1 + e) (eq.4) Em que: Δv = variação volumétrica (cm³). v = volume total para volume unitário de sólidos (cm³). Teor de umidade relativa (h) Estabelece a relação do peso da água contida nos poros e o peso dos sólidos. Trata-se de um índice muito importante em mecânica dos solos. h = Pa / Ps (eq.5) Em que: Pa – peso da água dos poros (g). Ps – peso dos sólidos(g). Densidade dos grãos (δ) Este é o índice que apresenta maior dificuldade de determinação em laboratório, pois varia em um intervalo de valores relativamente estreito e de forma decorrente dos minerais constitutivos das partículas. δ = Ps / Vs (eq. 6) Em que: Ps = peso do sólido (g). Vs = volume do sólido (cm³). TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 13 De acordo com Massad (2016), na mecânica dos solos são utilizados ainda: densidade natural, densidade aparente seca e grau de saturação. Densidade natural Corresponde ao peso total úmido do solo (Pu) dividido pelo volume total (V): γn = Pu / V (eq. 7) Em que: Pu = peso total úmido (g). V = volume total (cm³). Densidade aparente seca Corresponde ao peso do solo seco (Ps) dividido pelo volume total (V): γs = Ps / V (eq. 8) Em que: Ps = peso do solo seco (g). V = volume total (V). Grau de saturação É a relação entre o volume de água (Va) e o volume de vazios (Vv): S = Va / Vv (eq. 9) Em que: Va = volume de água (cm³). Vv = volume de vazios (cm³). A partir das equações descritas, é possível deduzir e estabelecer as seguintes relações: γs = γn/ 1 + h (eq.10) Em que: γs = densidade aparente seca (g/cm³). γn = densidade natural (g/cm³). h = teor de umidade (%). UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 14 e = (δ / γs) - 1 (eq.11) e = índice de vazios (%). δ = densidade dos grãos (g/cm³). γs = densidade aparente seca (g/cm³). e * S = δ*h / γ (eq.12) e = índice de vazios (adimensional). S = grau de saturação (adimensional). δ = densidade dos grãos (g/cm³). h = teor de umidade (%). γ = peso específico (relação entre o peso total e o volume total do solo) (g/ cm³). 8 TEOR DE UMIDADE O teor de umidade é a relação entre a perda de peso de uma amostra de solo com o seu peso após o processo de secagem em estufa até a constância de peso, com temperatura mantida entre 105 ºC e 110 ºC (MASSAD, 2016). O teor de umidade é determinado pela NBR 6457/2016. 8.1 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE DE SOLOS Para a determinação do teor de umidade de solos, é necessária a seguinte aparelhagem: a) Balanças que permitam pesar nominalmente 200 g, 1,5 kg e 5 kg, com resoluções de 0,01 g, 0,1 g e 0,5 g, respectivamente e que apresentem sensibilidades compatíveis. FIGURA 3 – BALANÇAS ELETRÔNICAS FONTE: Almeida (2005, p. 9) TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 15 b) Estufa capaz de manter a temperatura entre 60 ºC e 65 ºC e entre 105 ºC e 110 ºC. c) Dessecador contendo sílica-gel. FIGURA 4 – ESTUFA FIGURA 5 – DESSECADOR FIGURA 6 – CÁPSULAS DE ALUMÍNIO E VIDRO DE RELÓGIO COM GRAMPO FONTE: <https://www.solotest.com.br/novo/upload/foto/3516230.jpg>. Acesso em 20 ago. 2020. FONTE: <https://www.laborquimi.com.br/imagens/informacoes//dessecador-vidro-01.jpg>. Acesso em 20 ago. 2020. FONTE: Almeida (2005, p. 41) d) Recipientes adequados, feitos com material não corrosível, como cápsulas metálicas com tampa e pares de vidro de relógio com grampo, de dimensões adequadas; UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIADE FUNDAÇÕES 16 e) Pinças metálicas com aproximadamente 30 cm de comprimento e 15 cm de abertura. FIGURA 7 – PINÇAS METÁLICAS FONTE: <https://cdn.awsli.com.br/1000x1000/350/350652/produto/16019519/2bf4060e49. jpg>. Acesso em: 20 ago. 2020. FONTE: Adaptado de ABNT (2016, p. 6) TABELA 1 – QUANTIDADE DE MATERIAL EM FUNÇÃO DA DIMENSÃO DOS GRÃOS MAIORES Procedimento de ensaio O procedimento de ensaio é determinado pela NBR 6457. Utilizar uma quantidade de material em função dos grãos maiores contidos na amostra. A Tabela 1, estabelece a relação da quantidade de material em função da dimensão dos grãos maiores. Destorrar e colocar em estado fofo, em cápsulas metálicas adequadas, e realizar o fechamento com a tampa. Pesar o conjunto, levando-se em consideração a resolução correspondente e anotar como M1. Dimensão dos grãos maiores contidos na amostra, determinada visualmente (mm) Quantidade de material (em massa seca) a tomar (g) Balança a ser utilizada Capacidade nominal (g) Resolução (g) < 2 30 200 0,01 2 a 20 30 a 300 1500 0,1 20 a 76 300 a 3000 5000 0,5 Com a cápsula destampada, colocar na estufa, à temperatura de 105 ºC a 110 ºC. Deve permanecer na estufa até apresentar constância de massa, que normalmente ocorre em um intervalo de 16h a 24h. Pode ser necessário intervalos maiores dependendo do tipo e da quantidade de solo ou se estiver excessivamente úmido. Não recolocar a tampa enquanto o material permanecer na estufa. TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 17 Caso o solo em análise seja constituído por solos orgânicos ou turfosos, ou que contenham gipsita, estes deverão ser secados em estufa com temperatura entre 60 ºC e 65 ºC, com intervalos maiores para a secagem. ATENCAO A cápsula deve ser retirada da estufa e deve ser transferida para o dessecador, onde deverá ser deixada até atingir a temperatura ambiente. A tampa deve ser recolocada e o conjunto deve ser pesado em balança com a resolução correspondente. Anotar o resultado como M2. Devem ser efetuadas ao menos três determinações do teor de umidade por amostra. Para operacionalizar as operações matemáticas, utilizar a equação 13: w = (M1 - M2) / (M2 - M3) x 100 (eq. 13) Em que: w – é o teor de umidade descrito em porcentagem (%); M1 – é a massa do solo úmido mais a massa do recipiente, expressa em gramas (g); M2 – é a massa do solo seco mais a massa do recipiente, expressa em gramas (g); M3 – é a massa do recipiente composto pela cápsula metálica com tampa ou par de vidro de relógio com grampo e é expressa em gramas (g). Os resultados devem ser expressos com aproximação de 0,1%. Se for utilizada temperatura de secagem diferente de 105 ºC a 110 ºC esta deverá ser indicada. IMPORTANT E Apesar de ser bastante simples, o ensaio de determinação do teor de umidade deve ser feito com alguns cuidados (MASSAD, 2016): a) utilizar preferencialmente lentes de “vidro de relógio”, presas com grampos, em vez de cápsulas de alumínio, pois pode ocorrer corrosão com consequente mudança de peso; e UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 18 b) não transferir o recipiente da estufa para o prato da balança, pois, o diferencial de aquecimento pode distorcer o valor do peso. O resfriamento deve ser feito em dessecador com sílica gel para manter seco o ar ambiente. As principais fontes de erro observadas na determinação do teor de umidade em ensaios de laboratório são, de acordo com Massad (2016): a) temperatura não uniforme na estufa; b) tempo de secagem insuficiente; c) absorção de umidade do ar; d) pesar recipientes com amostra seca quentes; e) envelhecimento da substância absorvente do dessecador; f) falta de pesagem periódica das cápsulas de alumínio. 8.2 DENSIDADE NATURAL A determinação da densidade natural em laboratório de solos requer a medição de volume e pesagem. A pesagem pode ser obtida de maneira fácil, mas a obtenção do volume da amostra requer alguns cuidados. Normalmente são empregados os seguintes processos (MASSAD, 2016): a) moldagem de corpo de prova com formato geométrico, que pode ser um cilindro ou um cubo e realizar a medição direta de suas principais dimensões; b) método da balança hidrostática, com utilização de parafina, na qual corpos de prova de quaisquer formatos são envolvidos por película de parafina e pesados duas vezes, sendo uma dentro da água e outra fora dela. Com a aplicação do princípio de Arquimedes obtém-se o cálculo do volume. O volume que um sólido irregular desloca é exatamente o mesmo que o volume do próprio sólido. NOTA 8.3 MOLDAGEM DE CORPO DE PROVA Neste processo há a dificuldade de se obter uma forma geométrica com rigor, o que exige que sejam adotados valores médios para uma ou diversas de suas dimensões. O manuseio e contato direto do operador com a amostra que pode conduzir a sua secagem parcial além de perturbar a amostra. Em casos de solos com grãos de areia grossa e pedregulho há um problema adicional que é a formação de superfície esburacada (MASSAD, 2016). TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 19 8.4 MÉTODO DA BALANÇA HIDROSTÁTICA Deve-se aquecer a parafina um pouco acima do seu ponto de derretimento, de forma a evitar que se torne quebradiça e permeável, fatores muito importantes pois a amostra de solo precisará ser submersa em água para ser pesada. No caso de solos com macropolos é sugeria da introdução do corpo de prova em parafina em temperatura próxima, mas abaixo do ponto de fusão de modo a impedir a difusão da parafina no interior da amostra (MASSAD, 2016). De acordo com Teixeira et al. (2017), os macropolos são compostos por poros não capilares, ou seja, o diâmetro de 50 µm tem sido adotado para diferenciar microporos dos macropolos. Recomenda-se o uso de linhas de nylon em substituição a fios de tecido es- pecialmente quando se utilizam balanças sensíveis até 0,001 g, para evitar que o umedeci- mento do fio interfira a leitura do peso. IMPORTANT E O volume é calculado por: V = ((P2-P3) / γo) - (P2-P1) / γp (eq. 14) P1 – peso do corpo de prova mais fio de nylon (g). P2 – peso do corpo de prova com o fio de nylon após parafinagem (g). P3 – peso do corpo de prova submerso (g). γo – densidade da água (g/cm³). γp – densidade da parafina (g/cm³). FIGURA 8 – MÉTODO DA BALANÇA HIDROSTÁTICA, COM EMPREGO DA PARAFINA PARA DE- TERMINAR A DENSIDADE NATURAL FONTE: Massad (2016, p. 41) UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 20 Para reduzir os erros decorrentes do uso da parafina, Massad (2016) sugere o uso de corpos de prova maiores e películas de parafinas tão finas quanto possível. 9 DENSIDADE DOS GRÃOS A determinação da densidade dos grãos pelo ensaio do picnômetro é, teoricamente, bastante simples: utiliza-se uma porção de solo que passa na peneira 4 (4,8 mm) com peso seco Ps é colocada em um frasco de vidro cheio de água, que é então pesado. O valor é descrito como Psa (MASSAD, 2016). FIGURA 9 – PICNÔMETRO SEM TERMÔMETRO FIGURA 10 – PICNÔMETRO COM TERMÔMETRO FONTE: <https://azeheb.com.br/media/catalog/product/cache/1/image/9df78eab33525d08d6e- 5fb8d27136e95/p/i/picnometro-sem-termometro-50ml-azeheb.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2020. FONTE: <https://static3.tcdn.com.br/img/img_prod/243435/2459_1_20190103180136.jpg>. Aces- so em: 15 ago. 2020. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de equipamentos com mais tecnologia. É o caso da determinação da massa específica de Resíduos do Corte de Mármores e Granitos que possui seus grãos na ordem de micrometros, conforme sugerido por Mendes (2019), que utilizou equipamento de picnometria de gás hélio. O picnômetro de gás hélio possibilita a determinação do volume e da densidade real de materiais em forma de pó de forma mais precisa. TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 21 FIGURA 11– EQUIPAMENTO DE PICNÔMETRIA DE GÁS HÉLIO FIGURA 12 – DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DOS GRÃOS USANDO PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES FONTE: Mendes (2019, p. 70) FONTE: Massad (2016, p. 42) A diferença entre Psa e Pa (Psa – Pa), sabendo-se que Pa é o peso do picnômetro com água (somente), é igual a Ps. Ao descontar-se o peso do volume de água deslocado (γo * Vs), sendo Vs o volume dos sólidos, tem-se (MASSAD, 2016): Psa - Pa = Ps - γo * Vs (eq. 15) Ou Psa - Pa = Ps - (γo * Ps) / δ (eq.16) e (Psa - Pa) / Ps = 1 - (γo / δ) (eq. 17) Em que: δ = γo - (1 - (Psa - Pa) / Ps (eq. 18) UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 22 Ocorre que na prática, conforme descrito por Massad (2016) as coisas ficam um pouco mais complicadas especialmente em razão dos pequenos valores de Ps e da diferença (Psa - Pa). Aumentar a quantidade de solo não é possível pois a limitação da quantidade de solo (Ps) é necessária para facilitar a remoção do ar aderido às partículas de solo que sofrem um processo intenso de aeração na dispersão mecânica a que é sujeito. A diferença (Psa - Pa) é também pequena, cerca de 60% de Ps considerando δ na ordem de 27 KN/m³. Além disso, como não é possível obter Pa na mesma hora e temperatura em que se obtém Psa. 9.1 PROCEDIMENTOS DE ENSAIO Os procedimentos de ensaio são diferentes quando têm-se solos arenosos e solos argilosos. Solos arenosos O procedimento do ensaio é apresentado por Massad (2016): Em cerca de 100 g de solo seco, adiciona-se 150 cm³ de água destilada. Coloca-se a suspensão no picnômetro, completando com água até a metade do frasco. Realiza-se a aplicação de vácuo durante 15 minutos no início em níveis baixos e aumentando gradativamente a medida em que se agita o picnômetro. O picnômetro é completado até a base do gargalo, com cuidado para não se introduzir bolhas de ar. Aplica-se vácuo para verificar a presença de ar aderido às partículas de solo. Medir a temperatura em três posições, com termômetro sensível a 0,1 ºC. Limpar e secar o exterior do frasco. Completar com água até o menisco tangenciar a marca do gargalo do picnômetro. Após limpa-se e seca-se cuidadosamente o interior do frasco na parte localizada acima do menisco. Pesar o picnômetro e o solo em suspensão em balança sensível a 0,01 g. Medir novamente a temperatura, sendo que se utiliza a média das determinações feitas antes e após a pesagem. Coloca-se a suspensão em recipiente sem perder nenhuma porção de solo. Solos Argilosos O procedimento do ensaio é apresentado por Massad (2016): Para facilitar a remoção do ar, sugere-se ensaiar pequenas porções de solo (cerca de 25 g a 50 g em peso seco). No caso de solos com grãos porosos ou baixos valores de massa específica (δ), deve-se utilizar pequenas porções. TÓPICO 1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO 23 Formar uma pasta com a adição de água e levar para um dispersor durante 15 minutos. Alternativamente, após a mistura manual, pode-se deixar a pasta por 12 horas de cura de forma a reduzir a quantidade de ar preso às partículas sólidas. Este procedimento tem outra vantagem, que é a possibilidade de medir a umidade da pasta após o tempo de cura, pesar a amostra e obter o peso seco a priori da amostra de solo a ser ensaiado. Deve-se evitar secagens prévias do solo pois os resultados da medida podem ser alterados. Preparação da amostra Este procedimento é determinado pela NBR 6457 (ABNT, 2016) versão corrigida 2: 2017. Coloca-se a pasta, ou a suspensão do copo do dispersor, no picnômetro com uso de água destilada. Se estiver utilizando o Peso de solo seco Ps medido a priori, tomar cuidado para não perder material. Coloca-se a suspensão no picnômetro, completando com água até a metade do frasco. Realiza-se a aplicação de vácuo durante 15 minutos no início em níveis baixos e aumentando gradativamente a medida em que se agita o picnômetro. O picnômetro é completado até a base do gargalo, com cuidado para não se introduzir bolhas de ar. Aplica-se vácuo para verificar a presença de ar aderido às partículas de solo. Medir a temperatura em três posições, com termômetro sensível a 0,1 ºC. Limpar e secar o exterior do frasco. Completar com água até o menisco tangenciar a marca do gargalo do picnômetro. Após limpa-se e seca-se cuidadosamente o interior do frasco na parte localizada acima do menisco. Pesar o picnômetro e solo em suspensão em balança sensível a 0,01g. Medir novamente a temperatura e utiliza-se a média das determinações feitas antes e após a pesagem. Coloca-se a suspensão em recipiente sem perder nenhuma porção de solo. Se a amostra for constituída de solos orgânicos, aquecer o picnômetro em banho-maria para facilitar a remoção do ar. Principais fontes de erro Massad (2016) apresenta as principais fontes de erro no ensaio: a) Presença de ar preso às partículas de solo em decorrência de falta de cuidado em sua remoção. b) Utilizar o picnômetro úmido por fora ou por dentro para o procedimento de pesagem. c) Erros de pesagem decorrentes de uso de balanças diferentes na calibração e no ensaio. d) Ajustagem equivocada do menisco. UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES 24 e) Temperatura desuniforme em profundidade. f) Solo perdido durante o ensaio. g) Secagem insuficiente do solo após o ensaio, bem como absorção de umidade, durante o processo de resfriamento ou na estufa. 25 Neste tópico, você aprendeu que: • Os pedregulhos, areias, siltes e argilas são diferenciados a partir do tamanho de seus grãos. • A garantia da qualidade dos resultados obtidos em laboratório é iniciada no momento da coleta das amostras in loco. • Os solos são compostos por materiais minerais e/ou orgânicos, ou seja, solo propriamente dito, ar e água. • A variação entre porções de solo, ar e água são determinas pelos índices físicos do solo. • Há procedimentos para realização do ensaio do teor de umidade. • Há procedimentos para realização do ensaio de densidade natural e densidade in situ. RESUMO DO TÓPICO 1 26 1 (MASSAD, 2016) Uma amostra de solo parafinada perdeu, num certo período, 20% de seu peso total. Qual é o novo valor da umidade, que antes do armazenamento valia 40%? 2 (MASSAD, 2016) Para a execução de um ensaio com picnômetro visando a obtenção da densidade dos grãos de um solo, adotou-se o procedimento de determinar a priori o peso seco da amostra. Isto é, pesou-se o solo úmido que, depois de convenientemente preparado, foi introduzido no picnômetro, tomando-se o cuidado de colocar pequenas porções em cápsula de alumínio para a determinação da umidade. a) Determinação do teor de umidade. b) Picnômetro: AUTOATIVIDADE Peso úmido + tara 53,22g Peso seco + tara 52,37g Tara 45,91g Balança sensível a 0,01g. Peso úmido 50,3g Peso do picnômetro + água 1.281,4g Peso do picnômetro + água + solo 1.309,6g Balança sensível a 0,1g. Determinar: • o teor de umidade; • a densidade dos grãos. 27 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 1 INTRODUÇÃO A análise granulométrica consiste de duas fases: peneiramento e sedimentação. O peso seco de material, que passa em cada peneira, é considerado como a porcentagem que passa. A representação gráfica é função da abertura da peneira e está construída em escala logarítmica (PINTO, 1998). A análise granulométrica é a determinação do tamanho das partículas constantes em um solo e é descrita como uma porcentagem do peso seco total (BRAJA, 2011). A abertura nominal da peneira é considerada como o diâmetro das partículas. Como as partículas não são esféricas, compreende-se que trata-se do diâmetro equivalente (PINTO, 1998). O método mais simples e direto para a obtenção da distribuição da granulometria dos solos é o peneiramento. O peneiramento é aplicável para solosgranulares. Como a malha mais fina é a da peneira n. 200, a análise por peneiramento pode não ser tão pequena quanto o diâmetro de interesse (PINTO, 1998). Solos com predominância de finos devem ser analisados por outras técnicas, como por exemplo a sedimentação (MASSAD, 2016), que está baseada na Lei de Strokes. 2 ENSAIO DE PENEIRAMENTO O ensaio de peneiramento consiste em agitar uma amostra dentro de um conjunto de peneiras que possuem furos progressivamente menores até o fundo. Para realizar o ensaio de peneiramento, deve-se secar o solo na estufa e quebrar todos os torrões em partículas pequenas. Conforme já comentado anteriormente, a peneira de malha mais fina é a de número 200. Após o solo ser peneirado, é determinada a massa retida em cada peneira (BRAJA, 2011). As peneiras granulométricas seguem normas internacionais podendo ser classificadas em polegadas e/ou em milímetros. A seguir, veja a tabela de aberturas de peneiras: 28 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES Malha (ABNT) Abertura da malha Malha Abertura da malha 4” 100,0 Abertura em mícrons 3.1/2” 90,0 20 850 3” 75,0 25 710 2.1/2” 63,0 30 600 2” 50,0 35 500 1.3/4” 45,0 40 425 1.1/2” 37,5 45 355 1.1/4” 31,5 50 300 1” 25,0 60 250 7/8” 22,4 70 212 ¾” 19,0 80 180 5/8” 16,0 100 150 ½” 12,5 120 125 7/16” 11,2 140 106 3/8” 9,5 170 90 5/16” 8,0 200 75 ¼” 6,3 230 63 3,5 5,6 270 53 4 4,75 325 45 5 4,0 400 38 6 3,35 450 32 7 2,8 500 25 8 2,36 635 20 10 2,0 12 1,7 14 1,4 16 1,18 18 1,0 TABELA 2 – ABERTURA DE PENEIRAS FONTE: Adaptado de <http://www.splabor.com.br/blog/peneiras/peneira-granulometrica-di- mensao-de-materiais-solidos-e-obtida-atraves-da-granulometria/>. Acesso em: 15 ago. 2020. No caso de solos coesivos, pode ser difícil quebrar os torrões. Nesta situação, deve-se misturar o material com água para formar um líquido e então, ser despejado nas peneiras. As porções retidas em cada peneira são coletadas separadamente e secas em estufa antes de se realizar a medição da massa retida (BRAJA, 2011). http://www.splabor.com.br/blog/peneiras/peneira-granulometrica-dimensao-de-materiais-solidos-e-obtida-atraves-da-granulometria/ http://www.splabor.com.br/blog/peneiras/peneira-granulometrica-dimensao-de-materiais-solidos-e-obtida-atraves-da-granulometria/ TÓPICO 2 — ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 29 FONTE: <https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/35297/ima- gem-005.jpg>. Acesso em: 4 ago. 2020. FIGURA 13 – ÁBACO PARA CONSTRUÇÃO DA CURVA GRANULOMÉTRICA Com os dados da percentagem passante de cada peneira são realizados os cálculos e os dados são registrados em um papel de gráfico semilogarítmico (Figura 13), com a percentagem passante indicada na ordenada do gráfico (escala aritmética) e o tamanho da abertura da peneira na abscissa do gráfico (escala logarítmica). Esta é a curva de distribuição granulométrica (BRAJA, 2011). 3 LEI DE STROKES Fisicamente, uma esfera sob a ação da gravidade inicia um movimento acelerado e encontra resistência no atrito com o líquido viscoso. Com o aumento da velocidade, a força de atrito cresce e, se igual ao peso da esfera, torna o movimento uniforme. A velocidade limite (v) é fornecida pela lei de Strokes (MASSAD, 2016). Segundo ao Lei de Strokes, a velocidade de queda das partículas esféricas em um meio viscoso é proporcional ao quadrado do diâmetro da esfera (PINTO,1998). v = ((δ - γo) / 18µ) * D² (eq. 19) Em que: δ – densidade do material da esfera (g/cm³); γo – densidade do fluído (g/cm³); µ – viscosidade (cm²/s); D – diâmetro da esfera (cm). 30 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES O ensaio de sedimentação é baseado no princípio da sedimentação dos grãos de solo na água. Uma amostra de solo, quando dispersa na água, as partículas sedimentam em velocidades diferentes, em função de sua forma, tamanho, peso e da viscosidade da água (BRAJA, 2011). Ao realizar a mensuração da densidade de uma suspensão de solo em água, considerando-se a variável tempo, calcula-se a porcentagem de partículas que não sedimentaram. Esta porcentagem está associada ao tamanho de partículas que estão em suspensão. Com a obtenção destes dados a curva granulométrica se torna completa (PINTO, 1998). Exemplo: considere uma amostra contendo grãos esféricos de solo (δ = 27 KN/m³) com diâmetro de 0,074 mm (peneira n. 200) sedimentando em água na temperatura de 20 ºC, tem-se: µ = 0,010009 dina * s/cm² = 1,029 x 10-5 KPa*s Em que: v = ((27,0 - 9,98) / 18*(1,029x10-5)) * 0,000074² = 0,50 cm/s Isto é, a velocidade de queda de grãos de solo com diâmetros equivalentes aos das aberturas das malhas da peneira n. 200 é de 0,50 cm/s em água na temperatura de 20 ºC. 4 MÉTODO DO DENSÍMETRO O ensaio de sedimentação, realizado no laboratório é conduzido em um cilindro de sedimentação, normalmente utilizando uma amostra de 50 g de solo seco em estufa. O cilindro de sedimentação tem 457 mm de altura, 63,5 mm de diâmetro e é preparado para um volume de 1000 ml. Como agente defloculante geralmente é utilizado o hexametafosfato de sódio (BRAJA, 2011). Hotza et al. (1998) esclarecem que a adição de defloculante reduz a viscosidade do fluído e por consequência uma menor tensão de cisalhamento para dado gradiente de velocidade, ou seja, há alteração na velocidade de queda das partículas com a adição de defloculante. Quando o densímetro é colocado na suspensão de solo por um tempo t, medido a parti do início da sedimentação, ele mede o peso específico ao redor do bulbo a uma profundidade L. O peso específico é uma função da quantidade de partículas de solo presentes por volume de suspensão àquela profundidade. Os densímetros são desenvolvidos para determinar a quantidade de solo, em gramas, que ainda está em suspensão (BRAJA, 2011). TÓPICO 2 — ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 31 Após a introdução do densímetro e estabilização na suspensão, faz-se a leitura da densidade, que está associada a um determinado volume, desde que se admita a linearidade de variação da densidade da suspensão com a profundidade no trecho do bulbo do densímetro. Pelo Princípio de Arquimedes, tem-se que o empuxo para cima (E) equilibra o peso do densímetro vale (MASSAD, 2016): (eq. 20) Em que A = área da seção transversal; Z = profundidade contada a partir da superfície de suspensão. Em resumo, o densímetro mede a densidade média ao longo da extensão do bulbo. 5 AMOSTRAS DE SOLO – PREPARAÇÃO PARA ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO Os ensaios de caracterização são compostos por análise granulométrica e determinação dos limites de liquidez e plasticidade, da massa específica das partículas que passam na peneira de 4,8 mm, da massa específica aparente e da absorção de água pelos grãos retidos na peneira de 4,8 mm (ABNT, 2016). A aplicação dos critérios da NBR 6457 também é aplicável ao método para determinação do teor de umidade de solos, em laboratório. 6 APARELHAGEM Com relação aos aparelhos, são necessários, segundo a NBR 6457 (ABNT, 2016): a) Almofariz de mão de gral recoberta de borracha. FONTE: <https://contenco.com.br/wp-content/uploads/2019/03/C1025_Almofariz_de_pocela- na.jpg>. Acesso em: 20 ago. 2020. FIGURA 14 – ALMOFARIZ DE MÃO DE GRAL RECOBERTA DE BORRACHA 32 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES b) Repartidor de amostras. FONTE: <https://contenco.com.br/wp-content/uploads/2019/03/C1022_Repartidor_de_Amos- tras-1.jpg>. Acesso em: 20 ago. 2020. FONTE: Almeida (2005, p. 9) FONTE: <https://www.splabor.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/07/Peneiras.jpg>. Acesso em: 20 ago.2020. FIGURA 15 – REPARTIDOR DE AMOSTRAS FIGURA 16 – BALANÇAS ELETRÔNICAS FIGURA 17 – PENEIRAS PARA ENSAIOS GRANULOMÉTRICOS c) Balanças que permitam pesar nominalmente 1,5 kg, 10 kg e 20 kg, com precisão de 0,1 g, 1 g, e 5 g respectivamente e sensibilidades compatíveis.d) Peneiras de 76,2 mm – 50,8 mm – 19,1 mm – 4,8 mm – 2,0 mm – 0,42 mm, de acordo com as referências normativas aplicáveis. TÓPICO 2 — ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 33 e) Bandejas metálicas. f) Dispersor de amostras. FONTE: <https://www.solotest.com.br/novo/upload/foto/4362216_002.jpg>. Acesso em 20 ago. 2020. FONTE: <https://contenco.com.br/wp-content/uploads/2019/03/I1018_Dispersor_de_amostras. jpg>. Acesso em: 24 ago. 2020. FIGURA 18 – BANDEJAS METÁLICAS FIGURA 19 – DISPERSOR DE AMOSTRAS g) Provetas graduadas. FONTE: <http://reitecposto.com.br/121-large_default/proveta-de-vidro-1000-ml.jpg>. Acesso em: 24 ago. 2020. FIGURA 20 – PROVETA GRADUADA 34 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES h) Densímetro. FONTE: <https://cdn.awsli.com.br/600x700/350/350652/produto/31643603/079146e545.jpg>. Acesso em: 24 ago. 2020. FIGURA 21 – DENSÍMETRO 7 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS Para solos com predominância de grãos grossos, ou seja, porcentagem de finos (material passante na peneira n. 200) em peso inferior a 25%, é recomendado preparar uma mistura de solo e água destilada. Depois de desmanchados os torrões e homogeneizada, a lama é lavada na peneira de n. 200. O material que ficar retido na peneira é seco em estufa é encaminhado para o peneiramento e a parte passante ao ensaio de sedimentação (MASSAD, 2016). A amostra para o ensaio de análise granulométrica é preparada com secagem prévia. Segundo a NBR 6457 (ABNT, 2016, p. 4) as operações preliminares para preparação de amostras com secagem prévia são compostas pelas seguintes etapas: a) Secar a amostra ao ar, até próximo da umidade higroscópia; b) Desmanchar os torrões, evitando-se quebra de grãos, após, homogeneizar a amostra; c) Com o auxílio do repartidor de amostra, ou pelo quarteamento, reduzir a quantidade de material até se obter uma amostra representativa em quantidade suficiente para a realização dos ensaios requeridos. A fração da amostra obtida do processo descrito anteriormente deve ser passada na peneira de 76 mm, descartando-se o material eventualmente retido. Do material que passou na peneira 76 mm, utilizar a quantidade descrita na tabela a seguir, que é função da dimensão estimada dos grãos maiores. TÓPICO 2 — ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 35 Dimensões dos órgãos maiores contidos na amostra, determinadas por observação visual (mm) Quantidade mínima a tomar (kg) < 5 1 5 a 25 4 > 25 8 TABELA 3 – QUANTIDADE DE AMOSTRA PARA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA FONTE: ABNT (2016, p. 4) O material obtido na Tabela 3 constitui a amostra a ser ensaiada. O valor da massa específica dos grãos que deverá ser utilizado no cálculo de análise granulométrica por sedimentação, é determinado a partir de cerca de 500 g de material passado na peneira de 2,0 mm (ABNT, 2016). No caso de predominância de finos, pode-se iniciar pelo ensaio de sedimentação e depois proceder a lavagem da amostra ensaiada na peneira n. 200. O material que ficou retido, após a secagem em estufa é submetido ao peneiramento (MASSAD, 2016). 8 PENEIRAMENTO O conjunto de peneiras deve ser cuidadosamente limpo e cada uma das peneiras é sujeita a pesagem em balanças com precisão de 0,1 g. Sugere-se que a malha da peneira inferior seja a metade da peneira superior para possibilitar espaçamento dos diâmetros na curva granulométrica. Após a secagem em estufa, a amostra seca é colocada no conjunto de peneiras, que é agitado por algum tempo, que é variável de acordo com o tamanho e forma das partículas e da quantidade de amostra utilizada. Costuma-se adotar 10 minutos para solos com partículas pequenas. Na sequência, pesa-se cada peneira com o solo retido para realização dos cálculos finais (MASSAD, 2016). A seguir, serão apresentadas as escalas granulométricas adotadas pelas principais normas e a relação com o tamanho dos grãos. 36 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES FIGURA 22 – ESCALAS GRANULOMÉTRICAS ADOTADAS PELAS PRINCIPAIS NORMAS FONTE: Massad (2016, p. 64) 9 SEDIMENTAÇÃO Forma-se uma pasta com uma porção de solo com peso seco da ordem de 50 g e adição de água destilada. Acrescentar o defloculante e deixar em repouso de um dia para o outro. Transfere-se a pasta para o copo do aparelho de dispersão utilizando-se de lavagem. A suspensão é misturada por 10 a 15 minutos, para separar as partículas de solo. No caso das areias, o tempo pode ser de 5 minutos (MASSAD, 2016). A suspensão é colocada em uma proveta de vidro e adiciona-se água destilada até completar o volume de 1.000 cm³. Inicia-se o processo de homogeneização, tapando-se a boca da proveta com uma das mãos e com o auxílio da outra. Faz-se movimentos rápidos e enérgicos de rotação durante cerca de 1 minuto. Coloca-se a proveta sobre a mesa e anota-se o tempo de início do ensaio. O densímetro é colocado na suspensão (MASSAD, 2016). Sem remover o densímetro, realizam-se quatro primeiras leituras nos tempos de 15 segundos, 30 segundos, 1 minuto e 2 minutos. A suspensão será agitada novamente e serão realizadas as quatro leituras novamente até a obtenção de consistência de valores. Após nova agitação da proveta, registrar as leituras nos tempos de 2, 5, 10 e 20 minutos. O densímetro deve ser removido após cada leitura e colocado em outra proveta que contenha água destilada. Outro densímetro, com a haste limpa e seca deve ser colocado com cuidado na suspensão, sem rotação ou oscilação, para que não haja perturbações. Utilizar cerca de 5 segundos para esta operação. A proveta deve ser coberta para evitar a evaporação e a contaminação com poeira. O ensaio termina quando o densímetro acusar valores da ordem de TÓPICO 2 — ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 37 1. Após agitação enérgica, colocar a suspensão em recipiente para secagem em estufa para determinação de peso seco da amostra ensaiada em balança sensível a 0,1 g (MASSAD, 2016). 10 CALIBRAÇÃO DO DENSÍMETRO Nas quatro primeiras leituras é conveniente deixar o densímetro na suspensão após cada leitura, pois sua remoção pode perturbar a mistura. O contraponto é que as partículas de solo podem se acumular na superfície do densímetro que pode causar erros. Por este motivo não deve ficar mais de 2 minutos na suspensão. A altura de queda H é a medida da superfície da suspensão até o centro do bulbo do densímetro. As alturas de queda são fundamentais para a determinação do diâmetro das partículas pela lei de Strokes. Para obter o diâmetro das partículas, basta correlacionar com as leituras do densímetro. Como trata-se de uma correlação linear, a resultante é a denominada curva de calibração do densímetro (MASSAD, 2016). A curva de calibração é obtida da seguinte forma (MASSAD, 2016): a) Medir a altura do bulbo (h). b) Determinar o valor de H1 partindo-se das distâncias de cada traço de graduação até a base da haste do densímetro. c) Calcular a altura de queda (H), que corresponde a cada traço da graduação com a utilização da expressão: H = H1 + h/2 (eq. 21) O gráfico H em função da leitura associada ao traço da graduação é a curva procurada (linha superior da figura). FIGURA 23 – CALIBRAÇÃO DO DENSÍMETRO FONTE: Massad (2016, p. 59) 38 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES Na próxima etapa, segundo Massad (2016), o densímetro é removido da suspensão e neste caso, a curva de calibração será paralela à anterior, porém sofrerá um deslocamento para baixo de V/2A, Em que: V é o volume do densímetro. A é a área da seção transversal da proveta de vidro. A remoção do densímetro faz com que a superfície da suspensão seja deslocada para baixo de V/A. Nota-se que um ponto qualquer do plano que passa pelo centro do bulbo também é deslocado para baixo de V/2A, obtém-se que a altura de quedaa considerar é: H = (H1 + h/2) – V/A + V/2A (eq. 22) Para obtenção do valor de V mede-se a variação do nível de água contida na proveta de vidro ao se introduzir o densímetro. A variação do nível multiplicada pela área A, fornece o valor procurado. Outra forma de obtenção do valor de V decorre do fato de que o peso do densímetro é numericamente igual ao seu volume, ou seja, admite-se que seu peso específico seja unitário. Exemplo: Um densímetro possui as seguintes características (MASSAD, 2016): Volume do bulbo 65 cm³ Profundidade do centro de imersão abaixo da marca 1.000 23,0 cm Profundidade do centro de imersão abaixo da marca 1.030 10,5 cm Temperatura de calibração 15 ºC Sabendo que a área da seção transversal de cilindro de sedimentação é de 30 cm², traçar a curva de calibração do densímetro. Solução: Leitura do densímetro H (primeiras leituras) (cm) V/2A H (leituras subsequentes) (cm) 1,000 23 65/60 = 1,083 21,92 1,030 10,5 9,42 TÓPICO 2 — ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 39 GRÁFICO 1 – RELAÇÃO ENTRE ALTURA DE QUEDA E LEITURA DO DENSÍMETRO FONTE: Massad (2016, p. 65) 11 FONTES DE ERRO DO ENSAIO DE SEDIMENTAÇÃO As principais fontes de erro que podem ocorrer no ensaio de sedimentação são apresentadas por Massad (2016): a) uso de defloculante errado ou com concentração errada. b) dispersão incompleta. c) aquecimento assimétrico da proveta de vidro ou variação acentuada na temperatura ao realizar o ensaio. d) sujeira ou umidade na haste do densímetro. e) Inserção do densímetro com a provocação de turbulência na suspensão. 12 CURVA DE DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA Uma curva de distribuição granulométrica pode ser utilizada para determinar os seguintes parâmetros, conforme descrito por Braja (2011): diâmetro efetivo (D10); coeficiente de uniformidade (Cu); coeficiente de curvatura (Cc); coeficiente de segregação (S0). Diâmetro efetivo (D10): indica o diâmetro (mm) onde passa apenas 10% da amostra medida em massa. O diâmetro efetivo de um solo granular é utilizado como medida estimativa da condutividade hidráulica e drenagem através do solo. Coeficiente de uniformidade (Cu): é definido como: Cu = D60 / D10 (eq. 23) Em que: D60 = diâmetro 60% mais fino. 40 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES Coeficiente de curvatura (Cc): é definido como: Cc = (D30)2 / D60 * D10 (eq. 24) D30 = Diâmetro 30% mais fino. Coeficiente de segregação (S0): também é uma medida de uniformidade e é expresso por: S0 = (eq. 25) D25 = Diâmetro 75% mais fino. D75 = Diâmetro 25% mais fino. A curva de distribuição granulométrica mostra a variação do tamanho das partículas que se apresentam em um solo e também o tipo de distribuição de partículas dentro de diversos tamanhos. Para exemplificar, Braja (2011) apresenta três curvas granulométricas representada na Figura 24: A curva I representa um solo no qual a maioria dos seus grãos possuem o mesmo tamanho. Neste caso é chamado de solo malgraduado ou uniforme. Na curva II temos um solo no qual os tamanhos da partícula são distribuídos em uma ampla faixa, chamado bem graduado ou desuniforme. Um solo bem graduado, possui coeficiente de uniformidade maior que cerca de 4 para pedregulhos e 6 para areias, além de um coeficiente de curvatura entre 1 e 3 (para pedregulhos e areias). Um solo pode ser resultante da combinação de duas ou mais frações com granulação uniforme. A curva III representa este tipo de solo que possui denominação de granulometria descontínua. FIGURA 24 – EXEMPLOS DE DISTRIBUIÇÕES GRANULOMÉTRICAS FONTE: Braja (2011, p. 36) TÓPICO 2 — ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 41 EXEMPLO DE ATIVIDADE 1 A seguir, estão os resultados de um ensaio de peneiramento. Faça os cálculos necessários trace uma curva de distribuição granulométrica. N˚ da peneira (padrão americano) Massa de solo retida em cada peneira (g) 4 0 10 40 20 60 40 89 60 140 80 122 100 210 200 56 Fundo 12 Resposta: a tabela, a seguir, pode ser agora preparada. N˚ da peneira (padrão americano) (1) Abertura (mm) (2) Massa retida em cada peneira (g) (3) Massa acumulada retida em cada peneira (g) (4) Percentagem passante em cada peneira (5) 4 4,75 0 0 100 10 2,00 40 0+40 = 40 94,5 20 0,850 60 40+60 = 100 86,3 40 0,425 89 100+89 = 189 74,1 60 0,250 140 189+140= 329 54,9 80 0,180 122 329+122=451 38,1 100 0,150 210 451+210=661 9,3 200 0,075 56 661+56=717 1,7 Fundo - 12 717+12=729 0 42 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES FIGURA – CURVA DE DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA FONTE: Braja (2011, p. 37) 2 Para a curva de distribuição granulométrica constante no exemplo anterior (Figura 21), determine: a) D10; D30 e D60. Resposta: D10 = 0,15 mm; D30 = 0,17 mm; D60 = 0,27 mm. b) Coeficiente de uniformidade Cu. Resposta: A partir da Figura 20, Cu = D60 / D10 = 0,27 / 0,15 = 1,8. c) Coeficiente de curvatura Cz. Resposta: Cc = (D30)2 / (D60 x D10) = (0,17)2 / (0,27) (0,15) = 0,71. FONTE: BRAJA, M. das. Fundamentos de engenharia geotécnica. São Paulo: Cengage Learning, 2011. p. 37-38. TÓPICO 2 — ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SOLOS 43 LEITURA COMPLEMENTAR ESTUDO DA CARACTERIZAÇÃO E COMPACTAÇÃO COM O USO DO SOLO DO SETOR JARDIM DO YPÊS, PORTO NACIONAL Study of characterization and compaction with the use of the soil of the yard garden sector, Porto Nacional Marcos Vinicius Dias da Silva Larissa Macário da Silva Pedro Henrique de Souza Silva Salomão Rodrigues de Castro Filho RESUMO: O presente artigo tem como objetivo realizar o estudo do solo do Setor Jardim dos Ypês em Porto Nacional, a fim de identificar suas características, pois, como sabemos. Cada região possui um tipo peculiar de solo e o que nos auxiliará na distinção deles são os resultados dos estudos geotécnicos realizados. Através desta pesquisa, identificaremos se o solo desse território se enquadra nas especificações exigidas pela Norma Brasileira Regulamentadora (NBR 6122), em que será possível saber se ele é ou não viável para as construções civis. Após realizar-se os ensaios laboratoriais, tais como ensaios de compactação, granulometria, sedimentação e limites de consistência e fazer a análise dos resultados, concluímos que os ensaios os quais nos permite conhecer melhor os solos são indispensáveis pelo fato de apresentar resultados confiáveis e imprescindíveis para as obras de construções civis. PALAVRAS-CHAVE: Estudo dos solos, construção civil e importância. Abstract: In civil engineering, the study of soils is of the utmost importance, since it is from their knowledge that it will be possible to identify which variables exist to be used in civil constructions. The main intuition is to analyze the results of the tests in which it will be possible to diagnose which viable techniques are improving its quality. This work had as an emphasis the analysis of the soil characteristics of the Jardim Aeroporto sector, in Porto Nacional, where the tests were compaction and permeability tests. Keywords: Study of the soils, construction and importance. Introdução Indiscutivelmente conhecer as propriedades físicas e químicas do solo no qual será realizada uma determinada obra é de fundamental relevância para a execução de um trabalho de forma eficiente. Ele é um material muito usado na engenharia civil e está presente em quase toda obra. No entanto, esse mesmo material é considerado complexo devido a sua grande heterogeneidade, isto é, a sua variação de um local para o outro. Para conhecê-lo, é realizado geralmente alguns ensaios, como o Ensaio de Análise Granulométrica e Ensaio de Limite de Liquidez e Plasticidade. 44 UNIDADE 1 — MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES Conforme Dias (2004, p. 10), uma análise granulométrica adequada é importante porque, entre outras coisas, nos permite deduzir indicações preciosas sobre a origem e o tipo de transporte que foi
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