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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário ALUNO: LEANDRO TAKEO ALVES WATANABE TURMA: 2022.01-ECT-BSB SEMINÁRIO III - DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA Questões 1. Defina o conceito “decadência” no âmbito do direito tributário. (a) Com base na bibliografia indicada para desenvolvimento deste seminário apresente as diferentes acepções do conceito “decadência”. (b) Construa a respectiva estrutura normativa para cada acepção (ex. NGA, NIC, antecedente, consequente...), indicando quai(is) dessa(s) estrutura(s) normativa(s)) são norma em sentido estrito. (c) É correta a afirmação de que a decadência opera-se automática e infalivelmente? Justifique sua resposta. (d) Quanto aos efeitos da decadência em relação ao crédito tributário (arts. 150 e 173, do CTN), pode-se afirmar que sejam: (i) extintivos ou (ii) impeditivos? Justifique sua resposta. (e) Diferençar, se possível: (i) decadência do direito de lançar, (ii) prescrição do direito do Fisco cobrar o crédito tributário, (iii) decadência do direito do contribuinte pleitear a restituição do indébito tributário e (iv) prescrição do direito de ação do contribuinte repetir o indébito tributário. Considerando-se os ensinamentos absorvidos de uma das obras do professor Paulo de Barros Carvalho1, obra essa indicada como parte da bibliografia para desenvolvimento do presente seminário, destaca-se, no âmbito do direito tributário, pelo menos seis diferentes interpretações quanto ao termo decadência. Um dos principais pontos que diferenciam tais interpretações é a significação de decadência ora como norma geral e abstrata, ora como norma individual e concreta. Explica ainda o professor que de cada uma dessas categorias decorrem outras duas acepções, adequados ao antecedente e ao consequente, respectivamente. Vejamos: 1 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 8ª ed. São Paulo: Noeses, 2021, p. 583-584. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário [...] (i) “decadência” como norma geral e abstrata; (ii) como hipótesedessa norma, descrevendo o termo final de um lapso de tempo; (iii)como consequente da norma geral e abstrata, tipificando o efeitoextintivo; (iv) como norma individual e concreta que constitui o fato dehaver decorrido o tempo referido na regra geral e abstrata, no mesmoinstante em que determina, no consequente, o efeito fulminante dedesconstituir uma relação existente; (v) como o antecedente destaúltima norma individual e concreta; e (vi) tão só como o consequentetambém desta última regra. Nesse sentido, dizer que que a decadência opera-se automática e infalivelmente é uma afirmação equivocada, pois até o CTN em seu art. 173, II nos faz ter a compreensão que que tal afirmação é equivocada, em que tal dispositivo determina a interrupção da contagem do prazo decadencial. Assim dispõe o art.: […] II. da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Analisando o dispositivo acima de forma aprofundada, nota-se que tal norma concede ao Fisco, quando ocorrer vícios formais que atingem a higidez do ato constitutivo do crédito, na verdade o que há é nítida prorrogação do prazo decadencial em detrimento do contribuinte e da segurança jurídica. No que concerne aos efeitos da decadência em relação ao crédito tributário, Paulo de Barros2 bem explica que o instituto em comento “faz desaparecer o direito subjetivo de exigir a prestação tributária e, em contrapartida, também se extingue o débito do sujeito passivo, desintegrando- se o laço obrigacional.” Por fim, em relação a última parte da questão, conforme os ensinamentos de Eurico Marco Diniz de Santi3, podemos assim, explicar: i) decadência do direito de lançar: perda da competência administrativa da Fazenda para constituir o crédito tributário, tendo em vista o decurso do prazo legal senha que tenha o feito; 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 484. 3 SANTI, Eurico Marcos Diniz de. Decadência e prescrição no direito tributário. São Paulo: Max Limonad. Capítulos 8, 9 e 10. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário ii) prescrição do direito do Fisco cobrar o crédito tributário: perda do direito do Fisco ajuizar execução fiscal, haja visto a superação do prazo sem que tenha exercido tal direito; iii) decadência do direito do contribuinte pleitear a restituição do indébito tributário: perda da legitimidade do sujeito passivo pleitear administrativamente a repetição do indébito, tendo em vista o transcurso do prazo previsto legalmente; iv) prescrição do direito de ação do contribuinte repetir o indébito tributário: perda do direito do contribuinte vindicar junto ao Judiciário a repetição do indébito, também em virtude da perda do prazo para tanto. 2. Conjugando o art. 146, III, “b”, da CF e o princípio da autonomia dos entes federativos, responda: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio de lei ordinária, podem estabelecer prazo diverso do constante no CTN para a decadência e prescrição de seus créditos? E mediante lei complementar estadual ou municipal? (Vide anexo I e Súmula Vinculante n. 8 do STF).4 Inicialmente, necessita-se esclarecer o princípio da autonomia dos entes federativos, compreendendo que se trata de tais entes terem autogoverno, autoadministração e auto-organização. Todavia, no que se refere a autonomia tributária, se trata de legislar quanto a instituição, modificação e extinção dos tributos, porém, desde que autorizado constitucionalmente para tanto. Dessa forma, considerando o art. 146, III, “b”, da CF/88, os temas relacionados a legislação tributária quanto à decadência e prescrição são objetos reservados à lei complementar, não podendo, portanto, a União, os Estados, o Distrito Federal e o Municípios, estabelecerem, por meio de lei 4 Súmula Vinculante n. 8: “São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do Dec.-lei 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam da prescrição e decadência de crédito tributário.” Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário ordinária, prazo diverso do constante no CTN para a decadência e prescrição de seus créditos. A respeito desse tema, o STF por meio do RE nº 559.943/RS juntamente com a Súmula 8 da própria Corte pacificou o entendimento de que prescrição e decadência são matérias privadas a lei complementar. Inclusive, tal Súmula, declarando inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do Dec.-lei 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam do tema. No que tange a lei complementar estadual ou municipal, interessante destacarmos o art. 24, CF/88, que trata da competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal. Os parágrafos do dispositivo constitucional acima limitam a União à edição de normas gerais, outorgando aos entes federativos a suplementação da legislação federal. Quando não existir lei federal sobre norma geral, a competência dos Estados será plena. Entretanto, quanto ao direito tributário cabe lembrar o CTN, que em seus arts. 150, § 4º, 173 e 174 tratam sobre o tema. Dessa forma, em que pese reste aos Estados a competência plena quando inexistir lei federal que disponha sobre normas gerais referentes à legislação tributária, cabe destacar que o CTN, o qual recepcionado com status de lei complementar pela CF/88, traz em seu bojo, conforme dispositivos acima mencionados, regras gerais sobre decadência e prescrição, afastando assim, a possibilidade de lei complementar estadual ou municipal estabelecer prazo diverso quanto a prescrição e decadência diverso do constante no próprio código. O anexo I, traz o entendimento acima, esclarecendo que a CF/88 reserva à lei complementar o estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmentesobre prescrição e decadência. Recepcionados pela Carta Magna de 88 como disposições de lei complementar, subsistem os prazos prescricional e decadencial previstos nos artigos 173 e 174 do Código Tributário Nacional. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 3. Quando começa a contar o prazo de decadência para o Fisco lançar nos tributos sujeitos ao lançamento de ofício? E nos tributos sujeitos ao “lançamento por homologação”? Se não houver o que homologar, o prazo passa a ser o dos tributos sujeitos ao lançamento de ofício (vide anexos II e III)? E no caso de fraude (vide anexo IV)? No que tange ao lançamento de ofício, a contagem do prazo decadencial, quanto ao direito de o Fisco efetuar o lançamento, se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, forte no art. 173, I, CTN, extinguindo-se tal direito após decorrido 5 anos contado a partir desse marco inicial. Cumpre ressaltar que tal marco inicial poderá ser antecipado à data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento, conforme se denota do § único, do art. 173, do CTN. Quanto aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, cumpre- nos fixar o entendimento do art. 150, § 4º, do CTN, o qual dispõe sobre o prazo decadencial referente a esse tipo de lançamento, vejamos: § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Não havendo o que homologar, caberá ao Fisco efetuar o lançamento, submetendo-se assim, ao prazo decadencial regido no art. 173, I, CTN. Nesse mesmo sentido, no caso de fraude, onde o Fisco constate irregularidades ou omissões, ensina Argos Campos Ribeiro Simões5 que deve aplicar o prescrito no art. 149, V, CTN e efetuar de ofício o lançamento. Assim dispõe tal dispositivo: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (...) 5 Artigo: Decadência: artigo 150, § 4º X artigo 173, I na aplicação a dois casos relevantes: creditamento indevido e ICMS-importação por conta e ordem, de Argos Campos Ribeiro Simões. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; Sendo assim, conclui-se que nos casos de fraude, dolo ou simulação deve ser aplicado o prazo decadencial transcrito no art. 173, I, do CTN. O anexo II traz um caso de lançamento por homologação em que não há o pagamento antecipado pelo contribuinte. Dessa forma, o julgado foi no sentido de que da aplicação da regra regida pelo art. 173, I, do CTN. O anexo III demonstra um caso de lançamento por homologação em que há suposto creditamento indevido. O entendimento é de que o creditamento indevido nada mais é do que um crédito utilizado pelo contribuinte decorrente da escrituração do tributo apurado em determinado período, que veio a ser glosada pela administração, de modo que houve pagamento a menor de débito tributário em decorrência de creditamento indevido. Dessa forma, deve- se observar o disposto no art. 150, § 4º, do CTN. Por fim, o anexo IV traz um caso de lançamento por homologação, no qual o entendimento é de que no caso discutido ocorreu fraude, razão pela qual, mesmo havendo pagamento a menor, afastou a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, fazendo incidir o art. 173, I, do mesmo diploma legal. 4. Como deve ser interpretado o parágrafo único do art. 173 do CTN? Que se entende por “medida preparatória indispensável ao lançamento”? Tal medida tem apenas o condão de antecipar o termo inicial da contagem do prazo prescrito no inciso I ou pode também postergá-lo? Trata-se de causa de interrupção do prazo decadencial? (Vide anexo V e VI). Como visto, o art. 173, do CTN trata de decadência quato a constiuição do crédito tributário pela Fazenda Pública. O inciso I do referido dispositivo registra que o Fisco perde o direito à constituição do crédito tributário em 5 anos, contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Todavia, o § único do mesmo artigo, traz importante mudança quanto ao marco incial da contagem do prazo acima mencionado. Esse dispositivo regula Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário que o direito da Fazenda pública em constituir o crédito tributário se extingue em 5 anos, porém, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Ou seja, referido dispositivo tem o condão de antecipar o marco inicial abordado no inciso I, art. 173, do CTN. O professor Paulo de Barros Carvalho6 bem explica o tema: “Além disso, cumpre esclarecer que o art. 173, parágrafo único, do CTN traz outro termo inicial nas hipóteses em que há ciência, pelo particular; de algum fato ou medida preparatória indispensável ao lançamento. Neste caso, ocorrerá antecipação do termo inicial para o decurso de prazo decadencial, contando cinco anos a partir da data em que se tenha por formalizada a notificação do contribuinte a respeito desta medida.” Quanto ao entendimento sobre “medida preparatória indispensável ao lançamento”, podemos citar o art. 196, do CTN para melhor compreensão. Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo. Nesse sentido, entende-se por “medida preparatória indispensável ao lançamento” qualquer ato oficial da autoridade administrativa que mostre ao contribuinte o início de uma ação fiscal, em atendimento ao que regula o art. 196, do CTN. Nesse diapasão, verifica-se que tal medida não suspende e nem interrompe o prazo decadencial. O anexo V traz julgamento do STJ aplicando o entendimento de que a notificação de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento implicará antecipação da fruição do prazo decadencial, de sorte que aquele ato representará o marco inicial para contagem do prazo de cinco anos. 6 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: linguagem e método. 8ª Ed. São Paulo: Noeses, 2021, p. 585. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Por sua vez, o anexo VI traz uma matéria trabalhista, esclarecendo que, em que pese a jusrispudência do TST entender que o respeito à determinação trazida no artigo 606 da CLT é imprescindível para a ciência do contribuinte de sua obrigação e para a sua constituição em mora, a aplicação do art. 173, § único ao caso discutido é correta. 5. A Lei n. 11.051/04 trouxe previsão de prescrição intercorrente no processo judicial. Quanto ao processo administrativo fiscal, existe prescrição intercorrente no seu curso? E no decorrer do processo executivo fiscal? Qual é o tratamento mais adequado em caso de falta de intimação da Fazenda Pública sobre o despacho que determina sua manifestação antes da decisão que decreta a prescrição intercorrente? É possível que a decretação da prescrição intercorrente seja ilidida? Justificar (vide anexos VII, VIII e IX e X). O instituto da prescrição intercorrentepode ser definida como a perda do direito de ação pela não movimentação adequada do processo. Na prática, pode-se dizer que é a extnção do processo, findando assim, o rito processual. Dito isso, cabe lembrar que no âmbito do processo administrativo fiscal não há que se alegar prescrição intercorrente, pois vedada pela Súmula nº 11 do CARF, que assim dispõe: “Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal .” (Anexo VII deste semniário). Já em relação ao prescrição intercorrente no decorrer do prcoesso executivo fiscal, assim dispõe o art. 40 da Lei 6.830/80: Art. 40. O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição. § 1º. Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública. § 2º. Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos. § 3º. Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução. § 4º. Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato. § 5º. A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Nesse sentido, o STJ editou a Súmula 314, que assim dispõe: “Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente.” Entretanto, mesmo com disposição do art. 40 da LEF, bem como da citada súmula do STJ, ainda sim houve grande debate quanto ao tema, pois ainda haveria discussão quanto alguns pontos a serem esclarecidos, como: (a) qual o pedido de suspensão por parte da Fazenda Pública que inaugura o prazo de 1 (um) ano previsto no art. 40, § 2º. da LEF; (b) se o prazo de 1 (um) ano de suspensão somado aos outros 5 (cinco) anos de arquivamento pode ser contado em 6 (seis) anos por inteiro para fins de decretar a prescrição intercorrente; (c) quais são os obstáculos ao curso do prazo prescricional da prescrição prevista no art. 40 da LEF; (d) se a ausência de intimação da Fazenda Pública quanto ao despacho que determina a suspensão da execução fiscal (art. 40, § 1º.), ou o arquivamento (art. 40, § 2º.), ou para sua manifestação antes da decisão que decreta a prescrição intercorrente (art. 40, § 4º.) ilide a decretação da prescrição intercorrente. Dessa forma, afim de sanar tais dúvidas, o STJ julgou o tema por meio do RESp 1.340.553/RS em sede recursos repetitivos. Tal proceso trata estabeleceu teses juríridcas sistemáticas referentes a contagem dos prazos prescricionais nas ações executivas que tramitam sob o rito da LEF. E assim restou estabelecido: a) O prazo de 1 ano de suspensão do processo e do respectivo prazo prescricional previsto no art. 40, §§ 1º e 2º da lei 6.830/80 – LEF, tem início automaticamente na data da ciência da Fazenda Pública a respeito da não localização do devedor ou da inexistência de bens penhoráveis no endereço fornecido, havendo, sem prejuízo dessa contagem automática, o dever de o magistrado declarar ter ocorrido a suspensão da execução. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário b) Havendo ou não petição da Fazenda Pública e havendo ou não pronunciamento judicial nesse sentido, findo o prazo de 1 ano de suspensão inicia-se automaticamente o prazo prescricional aplicável. c) A efetiva constrição patrimonial e a efetiva citação (ainda que por edital) são aptas a interromper o curso da prescrição intercorrente, não bastando para tal o mero peticionamento em juízo, requerendo, a feitura da penhora sobre ativos financeiros ou sobre outros bens. d) A Fazenda Pública, em sua primeira oportunidade de falar nos autos (art. 278 do CPC), ao alegar nulidade pela falta de qualquer intimação dentro do procedimento do art. 40 da LEF, deverá demonstrar o prejuízo que sofreu (exceto a falta da intimação que constitui o termo inicial , onde o prejuízo é presumido), por exemplo, deverá demonstrar a ocorrência de qualquer causa interruptiva ou suspensiva da prescrição. Ressalta-se a suma importância desse julgado, pois, não só delimita os atos do Fisco, como resguarda quye a dídiva do contribuinte não seja eternamente cobrada. Em relação ao aenxo VIII, o tema aborda a não aplicação da prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, justamente pela vedação da Súmula 11 do CARF. Quanto aos anexos IX e X, os julgados trazem a aplicação da prescrição intercorrente no processo executivo fiscal, abordando o tema do RESp 1.340.553/RS, porém, ainda quando não resolvido. Todavia, na presente questão, foi abordado o desfecho do caso. 6. Qual o marco inicial da contagem do prazo para redirecionamento da execução fiscal contra os sócios? Trata-se de prazo decadencial ou prescricional? É possível compreender que o mesmo fato jurídico “dissolução irregular” seja considerado ilícito suficiente ao redirecionamento da execução fiscal de débito tributário e não o seja para a execução fiscal de débito não-tributário. (Vide anexos XI, XII e XIII) Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Incialmente, cabe observar que o legislador não regulou especificamente sobre o instituto da prescrição em relação ao redirecionamento da execução fiscal em face dos sócios. Em verdade, o art. 174, do CTN dispõe, de forma genérica, em relação a prescrição e, mesmo assim, ao entendimento relacionado ao devedor orignal da obrigação tributária. Entrementes, diante do espaço deixado pela lei em relação ao tema da presente questão, o STJ buscou pacificar a matéria. Dessa forma, a jurisprudência daquela corte firmou o entendimento, por meio do RESp 1.201.993/SP, de que a Execução Fiscal não é imprescritível. O entendimento consolidado definiu que constituindo a citação da pessoa jurídica o marco interruptivo da prescrição, admisível aos devedores solidários, nos termos do art. 125, III, do CTN, o redirecionamento contra os sócios deve ocorrer no prazo máximo de cinco anos, iniciando a contagem do aludido ato processual, com base no art. 135, III, do CTN. Indo além, o STJ se atentou em sanar algumas divergências na aplicação da lei, reconhencendo que por possuírem características especícas, estas situações jurídicas precisam ser distinguidas e, dessa forma, sendo preciso afastar a exegese tradicional. Nesse sentido, a Corte analisou pontualmente hipóteses quando a prática de ato de infração à lei (dissolução irregular, por exemplo), aconteceu em momento posterior a citação da pessoa jurídica, alterando para momento futuro o marco incial do redirecionamento. Nesse contexto, tem-se caso de prazo prescricional, vez que pressupõe o curso de ação de execução em face da pessoa jurídica, ou seja, o crédito já foi constituído, tratando-se do prazo para o exercício da faculdado da Fazenda de cobrar em júizo o débito fiscal. Em relaçaõ a última parte da questão, por meio de outro recurso repetitivo, RESp 1.371.128/RS, o STJ fimou jurisprudência consigando expressamente que “dissolução irregular” corresponde à pratica de ato de infração a lei, incluindo-se à dívida tributária (art. 134, III, CTN) e à nomra civil e empresarial Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário esparsa que, com fundamento no art. 4º, § 2º, da Lei 6.830/80, autoriza o redirecionamento também na cobrança da dívida ativa não tributária. O entendimento é de que a jurisprudência acima seja extensível àsexecuções fiscais de dívida ativa não tributária, até porque, não se pode imaginar que a dissoução irregular da sociedade seja considerada infração à lei para efeito do art. 135 do CTN e não seja para efeito do art. 10, do Decreto nº 3.078/19, pois iguais estes dois dispositivos. Os anexos XI e XII tarzem a questão da imprescitibilidade da dívida tributária, ao entendimento de que permitir que a pretensão de redirecionamento dependa de situações casuísticas conduziria, na prática, a uma quase imprescritibilidade da dívida tributária. O anexo XIII demonstra um julgado de caso de débito tributário e não tributário, com entenfimento firmado como já exposto anteriormente em que não há como compreender que o mesmo fato jurídico “dissolução irregular” seja considerado ilícito suficiente ao redirecionamento da execução fiscal de débito tributário e não o seja para a execução fiscal de débito não-tributário. 7. Sobre a decadência/prescrição do direito de repetir o indébito tributário pergunta-se: a) Quais indébitos estão sujeitos ao art. 3º da LC n. 118/05: todos, independente da data do pagamento indevido; aqueles cuja restituição seja requerida depois do termo inicial de sua vigência; ou somente os pagamentos efetuados após iniciada sua vigência? Justificar (vide anexos XIV e XV). O entendimento firmado é de que a aplicação do art. 3º da LC 118/05 é valida aos indébitos cuja sua restituição tenha sido vindicada após o termo inicial de sua vigência, conforme se denota dos anexos referentes à presente questão. O STJ, conforme se verifica pelo anexo XIV, ressaltou que tal lei deve ser entendia como lei nova, pois altera o conteúdo do art. 168, I, CTN e assim, sua aplicação retroativa ofenderia o princípio da segurança jurídica, autonomia e independência dos poderes, do direito adquirido, entre outros. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Por sua vez, o STF, conforme abordado pelo anexo XV, explica que quando do advento da lei em debate, estava “consolidada a orientação do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN.” Entretanto, em que pese a LC 118/05 tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Sendo assim, o Supremo entende que afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite- se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis. Ademais, finda com o entendimento de que reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias. Dessa forma, reforça pela conclusão de que os indébitos alcançados pelo prazo prescricional de 5 anos são aqueles cuja restituição seja requerida depois do termo inicial de sua vigência. b) No caso de lei tributária julgada inconstitucional em ADIN (sem modulação de efeitos), como fica o prazo para repetir o indébito tributário? Conta-se do pagamento indevido ou o termo inicial seria a “data da declaração de inconstitucionalidade da lei que fundamentou o gravame”? (Vide anexos XVI e XVII). Em relação a presente questão, há enendimetnos divergentes, conforme se verifica ao analisar os anexos mencionados em seu enunciado. O anexo XVI, demonstra entendimento do STJ, por meio do julgamento do RESp 1.110.578/SP, no sentido de que o prazo prescrional para pleteiar a repetição tributária, no que se refere aos tributos sujeitos ao lançamento de Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário ofício, tem seu marco inicial a data do efetivo pagamentop, nos termos do 168, inciso I, c.c artigo 156, inciso I, do CTN. Ressalta ainda a Corte, que para fins de contagem do prazo prescricional tanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício, a declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, pelo STF, ou a Resolução do Senado, é insignificante. Em sentido contrário, conforme se depreende ao analisar o anexo XVII, o CARF, por meio do Acórdão nº 1402-000.481, sustenta que o marco inicial do prazo prescricional de 5 anos para pleitear a repetição de indébito é a data de trânsito em julgado da decisão proferida em ADIN ou da publicação da Resolução do Senado. Dito isso, imperioso registrar, nesta questão, pela discordância quanto ao entendimento explanado pelo STJ, ao passo que lei declarada incostitucional não pode gerar efeitos principalmente em prejuízo ao contribuinte, ainda mais quando de sua declaração não houver efeitos modulativos. Caso contrário, o particular está jogado às consequências de uma norma que afronta a Constitução Federal. Assim, perecebe-se que havia norma individual e concreta, no momento do efetivo pagamento, determinando o estabelecimento da relação obrigacional entre o Fisco e o contribuinte, a ser constituída pela autoridade administrativa mediante atividade plenamente vinculada. Levantada pelo sujeito passivo a inconstitucionalidade do tributo como impedimento ao pagamento, até que haja decisão judicial que o desobrigasse, estaria ele em mora a Fazenda, se submentendo à eventuais medidas executórias. Nesse sentido, conclui-se que a lesão ou ameaça do direito, no caso em tela, estaria configurada somente após a decisão declaratória de inconstitucionalidade.
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