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AS CONDIÇÕES CARCERÁRIAS NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES - PARTE DO TRABALHO DE PENAL

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AS CONDIÇÕES CARCERÁRIAS NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES
Atualmente, o Brasil ocupa o 3º lugar no ranking de países com maior numero de pessoas presas no mundo, segundo o World Prison Brief, levantamento mundial sobre dados prisionais, realizado pela ICPR (Institute for Criminal Policy Research) e pela Birkbeck University of London. O sistema penitenciário nacional já registra cerca de 820 mil presos, conforme dados do Infopen (sistema de informações e estatísticas do Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN).
As condições prisionais brasileiras são alarmantes, muito distante dos países que possuem um sistema carcerário bem definido, estruturado e eficiente, como na Holanda e na Noruega. A Lei de Execução Penal, Lei nº 7.210, de 1984, prevê em seus artigos que os estabelecimentos penais, Federal ou Estadual, garantam o bem-estar dos presos e cumpram uma série de obrigações, porém, não é a realidade brasileira. A superlotação dos presídios é um problema grave e que é noticiado, de forma constante, mas, de acordo com os dados apresentados, está longe dessa situação se encerrar.
O problema do déficit de vagas no sistema prisional brasileiro, decorrente das superlotações das prisões, é uma problemática histórica no âmbito penal. Em 2019, conforme os dados do Infopen, até Junho, eram, aproximadamente, 461.000 vagas para hospedar quase 800 mil detentos, isto é, o déficit de vagas aumentou, no período de Janeiro a Julho, mesmo havendo a criação de quase 6.500 vagas. Além disso, a população carcerária brasileira só aumenta, crescendo 8,3% ao ano, nesse ritmo, o número de encarcerados pode chegar perto de 1,5 milhões, em 2025, tornando cada vez mais presente o problema supracitado. Outro dado alarmante, que contribui para a superlotação, é a quantidade de presos provisórios, que ainda estão à espera de julgamento e não cumprem pena definitiva, no Brasil, que corresponde a 41,5% do total da população carcerária.
Além dos problemas relacionados ao encarceramento em massa, as condições de vida no cárcere demonstram ser precárias a existência e a dignidade do indivíduo, como, por exemplo, celas imundas e insalubres, proliferação de diversas doenças, alimentos estragados, falta de saneamento básico, ausência de produtos de higiene pessoal, carência de acesso à saúde, a educação. Essas situações, recorrentes do cotidiano das prisões, afetam totalmente a saúde física e psicológica dos detentos, pois vivem como pessoas que nunca conheceram seus direitos individuais. Conforme o artigo 38, do Código Penal, o preso detém todos os seus direitos, que não foram atingidos com a perda da liberdade, e deve ser conservada sua integridade física e moral pelas autoridades, porém, não é isso que ocorre na realidade.
Nesse local insalubre e com grandes oportunidades de subordinação entre os presos, o crime organizado encontra espaço para se fortificar e crescer, ocasionando o surgimento das facções criminosas que dominam a maioria das cadeias nacionais, como, PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho). O âmbito prisional permite que o recrutamento de indivíduos seja constante, devido às altas taxas de encarceramento, e aos “chefes do crime organizado” gerenciar as atividades ilegais de dentro dos presídios. O surgimento e crescimento das facções relacionam-se ao crescimento da violência do sistema carcerário, acarretando em rebeliões, como, por exemplo: rebelião no presídio de Altamira, em Belém, e no complexo Anísio Jobim, em Manaus. 
Os Estados Unidos, País que lidera o ranking da maior população carcerária no mundo, segundo o World Prison Brief, sofrem também com o encarceramento em massa, devido as Leis criminais inflexíveis e ao intenso policiamento. Em 1980, a política nacional de segurança pública de guerra às drogas foi o principal motivo do começo das prisões em massa, portanto, contribuindo, até os dias atuais, diretamente a superlotação dos sistemas prisionais, pois uma grande parcela dos presos cumprem penas por crimes relacionados a drogas. Outros fatores que contribuem para a sobrecarga de contingente prisional é a criação de penas mais longas e inflexíveis para diversos crimes, mesmo sendo crimes pequenos e sem importância, e as tensões raciais que ocorrem no país, já que a população negra corresponde a 13% da população total norte-americana, porém, representa 40% da massa carcerária.
Além do alto número de encarcerados, o sistema prisional americano contava com prisões privadas, que foram anexadas ao sistema, desde 1980, porém, existiam muitas críticas quanto a esse modelo de prisão, como, para sustenta-la era caro, a oferta de programas de reabilitação seria menor, pois o foco seria centrado nas prisões públicas, e a frequência de rebeliões maior. Devido a essas críticas, houve o encerramento desse modelo prisional, em 2016. 
Por mais que exista um discurso de reforma prisional forte nos Estados Unidos, não é o que acontece na realidade, isto é, essa reforma prisional é quase utópica. O País possui algumas prisões na lista “das prisões mais perigosas do mundo”, com isso, as prisões do estado de Alabama se destacam, conforme dados da Divisão de Direitos Humanos do Departamento de Justiça dos EUA. São prisões sobrecarregadas, sucateadas e insalubres, onde o Estado não consegue proteger os internos da violência diária, tendo a maior taxa de homicídio do País. Destaca-se como uma das piores prisões do mundo, a Prisão de St. Clair, aonde os detentos fazem o que for preciso para ir para solitária, objetivando se proteger contra tamanha violência.
A China, país detentor do 2º lugar no ranking dos países com a maior massa populacional carcerária do mundo, com aproximadamente 1,7 milhões de pessoas, possui um grave problema, pois o contingente de presos vem aumentando gradativamente, indo em direção oposta aos Estados Unidos. Até 2013, diversos detentos eram enviados a campos de trabalhos forçados (campos de reeducação pelo trabalho), tal punição é um reflexo da Revolução comunista chinesa, de 1949, nos dias atuais. Nos campos, o horário de trabalhos chegava a 15 horas diárias, sem folgas, sem pagamentos e sem direito ao descanso nos fins de semana, condições análogas a trabalho escravo. Além desse grave problema, não há transparência e respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos, existem muitas prisões secretas, aonde não são aplicadas nem processos judiciais para condenar um indivíduo e a ocorrência de práticas de torturas. Em 2012, depois de diversas críticas globais acerca do sistema prisional chinês, a China promoveu uma reforma prisional, visando proteger os direitos fundamentais dos detentos, e declarou a abolição dos trabalhos forçados nos campos de reeducação.
Em sentido contrário dos países supracitados, a Noruega consegue manter baixo o índice de encarceramento, além de promover um bom tratamento aos seus detentos, respeitando e garantido seus direitos fundamentais, isso só ocorre devido uma ótima política prisional, que objetiva a recuperação do preso, dando a ele melhores condições para que não volte a cometer crimes, aliado a um investimento na educação, não só em sistemas prisionais, mas no país todo. A Noruega possui uma taxa de aprisionamento de 74 presos por 100 mil habitantes, segundo o ICPR (Institute for Criminal Policy Research), abaixo da média mundial, que é de 144 presos por 100 mil habitantes. Além disso, possui uma taxa de reincidência criminal de 20%, comprovando que as medidas aplicadas as prisões são efetivas.
Parte do sistema carcerário do País é composto pelas “casas de adaptação”, que são consideradas dependências prisionais modelo no mundo, pois a filosofia adotada é que a rotina prisional deve ser a mais normal possível, simulando a vida fora da cadeia, isto é, visando uma rápida reabilitação para que o detento volte ao convívio social. Com isso, a Noruega evita penas muito longas, até para não atrapalhar a ressocialização e não deixar o prisioneiro se corromper dentro do sistema, por isso a maioria não fica retido por mais de um ano, e a sentença máxima é de 21anos, só em casos de crimes muito graves, como, no caso, do extremista norueguês Anders Behring Breivik, que organizou um ataque armado e resultou na morte de 11 pessoas, em 2011. Por fim, a cada cinco anos serão realizados avaliações comportamentais para saber se o cárcere e a ressocialização tem surtido efeito sobre o detento, caso apresente resultados negativos, sua pena pode aumentar em igual período.
https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/596466-brasil-se-mantem-como-3-pais-com-maior-populacao-carceraria-do-mundo 
https://www.politize.com.br/sistemas-penitenciarios-outros-paises/
https://www.politize.com.br/sistema-prisional-e-direitos-humanos-entenda/
https://www.politize.com.br/sistema-carcerario-brasileiro/
https://www.gazetadopovo.com.br/justica/muito-alem-da-falta-de-vagas-os-problemas-das-prisoes-brasileiras-7lceyu62fhvx3e12aeey7gc1h/?ref=link-interno-materia
https://www.conjur.com.br/2019-abr-07/grande-parte-prisoes-eua-padrao-terceiro-mundo
https://www.gazetadopovo.com.br/justica/quarto-individual-frigobar-tv-o-que-podemos-aprender-com-as-prisoes-da-noruega-1g5lnxlbrzrcj4e11uk3tvqfu/

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