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Sistema Prisional Brasileiro | 
Sistema de Justiça Criminal 
www.faculdadefocus.com.br | 1 
 
 
 
 
 
PÓS-GRADUAÇÃO EM 
SEGURANÇA PÚBLICA 
 
DISCIPLINA 
Sistema Prisional Brasileiro 
Prof. Marcelo Adriano Ferreira 
Sistema Prisional Brasileiro | 
Sistema de Justiça Criminal 
www.faculdadefocus.com.br | 2 
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http://www.faculdadefocus.com.br/
Sistema Prisional Brasileiro | 
Sistema de Justiça Criminal 
www.faculdadefocus.com.br | 3 
Palavra do Diretor 
Prezado Acadêmico da Faculdade Focus! 
Aprender requer organização e disciplina. O 
estudo a distância pode ser ainda mais 
proveitoso que o presencial, desde que você 
se dedique, crie o hábito de estudo e 
mantenha uma rotina diária, com horário 
específico, em local silencioso e que garanta 
boa concentração. 
 
A liberdade de poder estudar onde e como 
quiser é, de fato, um diferencial para sair na 
frente e alcançar as suas metas. Não 
procrastine o seu sucesso, pois somente 
uma boa educação é a garantia de uma 
carreira bem-sucedida. As portas do 
mercado de trabalho estão cada vez mais 
seletivas, por isso, ter a oportunidade de se aperfeiçoar sem sair de casa é uma chance 
importante para poder alçar novos voos e vislumbrar novas posições na carreira. 
 
O modelo de ensino a distância é um recurso tecnológico que não elimina a interação. 
Muito pelo contrário. O curso possibilita a todo momento canais de comunicação com 
seus tutores estão à disposição para sanar qualquer dúvida. A sala de aula só passou 
do físico para o campo virtual. 
 
No entanto, é bom estar atento que nessa modalidade você é o protagonista, visto 
que é o aluno o principal responsável para ser seu guia na rotina de estudos. É você 
que vai definir quando e como vai estudar, por isso, assuma as rédeas e aja focado no 
seu objetivo. 
Desejo a você uma excelente jornada de aprendizagem! 
 
Ruy Wagner Astrath 
Diretor Geral da Faculdade Focus 
Sistema Prisional Brasileiro | 
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Coordenador do Curso 
Olá, acadêmicos da Faculdade Focus! 
Os cursos de pós-graduação da Faculdade Focus são resultado da união entre a 
solidez acadêmica de uma das melhores Faculdades privadas do Brasil e a experiência 
de profissionais do mercado que são referência nas suas áreas de atuação. 
 
Os cursos de especialização foram 
desenvolvidos a partir das principais 
tendências e temáticas da atualidade e do 
futuro, sendo que nosso modelo oferece 
alto padrão de ensino, corpo docente de 
grande relevância, plataforma intuitiva e 
materiais de apoio atrativos e diferenciados, 
aliados a um excelente custo-benefício. 
 
E mais, com a modalidade online inovadora, 
é uma excelente opção de desenvolvimento 
profissional e acadêmico, o que permite que 
aquele que não tenha tempo disponível 
possa estudar no horário e local de sua 
escolha, de forma 100% online. 
 
É uma ótima oportunidade de ensino online, em que os alunos terão aulas com 
profissionais que são referência nacional e professores renomados do meio 
acadêmico, somadas a uma experiência digital diferenciada e interação entre os 
alunos de todo o Brasil. 
 
 
Prof. Helton Kramer Lustoza 
Coordenador do Curso 
Sistema Prisional Brasileiro | 
Sistema de Justiça Criminal 
www.faculdadefocus.com.br | 5 
Sumário 
Palavra do Diretor ----------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
Coordenador do Curso ------------------------------------------------------------------------------------------ 4 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5 
1 Sistema de Justiça Criminal ----------------------------------------------------------------------------- 6 
1.1 Órgãos preventivos: ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 6 
1.1.1 A origem do sistema prisional -------------------------------------------------------------------------------------------------- 6 
1.2 Fatores sociais e culturais que influenciaram a evolução do sistema prisional ------------------------- 8 
1.2.1 Aglomeração nas cidade e alto índice de pobreza ------------------------------------------------------------------------ 8 
1.2.2 O iluminismo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 8 
2 Síntese histórica do sistema punitivo brasileiro -------------------------------------------------- 11 
2.1 Ordenações Afonsinas ------------------------------------------------------------------------------------------------ 11 
2.2 Ordenações Manuelinas --------------------------------------------------------------------------------------------- 11 
2.3 Ordenações Filipinas -------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
2.4 Brasil Império ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
2.5 Brasil República --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15 
3 Sistema prisional brasileiro a partir do século XX ----------------------------------------------- 16 
3.1 Origem da Execução Penal ------------------------------------------------------------------------------------------ 17 
3.2 Estrutura do Sistema Prisional Brasileiro ------------------------------------------------------------------------ 19 
3.3 Órgãos da execução penal segundo a 7.209/84 --------------------------------------------------------------- 20 
3.4 Espécies de unidades prisionais segundo a 7.209/84 -------------------------------------------------------- 20 
3.4.1 Penitenciárias --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 20 
3.4.2 Colônia Agrícola, Industrial ou Similar -------------------------------------------------------------------------------------- 21 
3.4.3 Casa do Albergado--------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 
3.4.4 Centro de Observação ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 
3.4.5 Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ------------------------------------------------------------------------- 22 
3.4.6 Cadeia Pública -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 22 
3.5 Situação atual do sistema prisional brasileiro ----------------------------------------------------------------- 22 
3.5.1 Dados ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 
3.5.2 Medidas alternativas previstas no CPP – Código de Processo Penal ------------------------------------------------ 33 
3.6 Duas possíveis soluções de ordem prática ---------------------------------------------------------------------- 36 
3.6.1 Efetiva fiscalização na aplicação das medidas alternativa ------------------------------------------------------------- 36 
3.6.2 Redução dos custos do encarceramento (sociais e financeiros). ---------------------------------------------------- 37 
3.6.3 Efetivo isolamento das grandes lideranças criminosas ----------------------------------------------------------------- 38 
4 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 39 
 
 
Sistema Prisional Brasileiro | 
Sistema de Justiça Criminal 
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1 Sistema de Justiça Criminal 
O sistema de justiça criminal é o conjunto de órgãos que se articulam com o objetivo 
de viabilizar a prevenção e o processamento dos conflitos classificados como delitos 
(crimes ou contravenções) nas leis penais existentes no país. 
 
No Brasil, o sistema de justiça criminal abrange órgãos dos Poderes Executivo e 
Judiciário em todos os níveis da Federação. O sistema se organiza em três frentes 
principais de atuação: segurança pública, justiça criminal e execução penal. 
 
Esse sistema abrange a atuação do poder público desde a prevenção das infrações 
penais até a aplicação de penas aos infratores. As três linhas de atuação relacionam-
se estreitamente, de modo que a eficiência das atividades da Justiça comum, por 
exemplo, depende da atuação da polícia, que por sua vez também é chamada a agir 
quando se trata do encarceramento – para vigiar externamente as penitenciárias e se 
encarregar do transporte de presos, também à guisa de exemplo. 
 
O sistema prisional é parte do sistema de justiça criminal, configurando-se como um 
conjunto de mecanismos de controle social que uma sociedade mobiliza para punir a 
transgressão da lei. 
 
1.1 Órgãos preventivos: 
1.1.1 A origem do sistema prisional 
Na História da humanidade sempre estiveram presentes os sistemas de punições, 
sendo que, com o passar do tempo, esse sistema foi se transformando até chegar ao 
modelo predominante atual que, em regra, tem a privação da liberdade com principal 
pena, seguindo os princípios da privação de liberdade com caráter dual, como modelo 
de punição coercitiva e regenerativa. 
 
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Na idade antiga um longo período da História que se estende, aproximadamente, do 
século VIII a.C. à queda do Império Romano do ocidente no século V d.C; o chamado 
cárcere é marcado pelo emprego do ato de aprisionar não como caráter da pena, e 
sim como garantia de manter o sujeito sob o domínio físico para se exercer a punição. 
 
Assim, a prisão não era a punição em si, mas o meio garantidos de aplicação da pena. 
 
Segundo Carvalho Filho (2002), a descrição que se tem daqueles locais revela sempre 
lugares insalubres, sem iluminação, sem condições de higiene e “inexpugnáveis”. As 
masmorras são exemplos destes modelos de cárcere infectos nos quais os presos 
adoeciam e podiam morrer antes mesmo de seu julgamento e condenação, isso 
porque, as prisões, quando de seu surgimento, se caracterizavam apenas como um 
acessório de um processo punitivo que se baseava no tormento físico. 
 
A prisão foi um modelo, inicialmente, acessório de repressão encontrado pela 
humanidade para punir aqueles indivíduos que violam o contrato social entre a 
sociedade e o Estado. A máxima "olho por olho, dente por dente" é encontrada no 
Código de Hamurabi (1780 a.C.), no reino da Babilônia. Por ele, qualquer indivíduo 
poderia aplicar pessoalmente a pena destinada a outro, desde que da mesma classe 
social. 
 
As primeiras leis penais na Idade Média, entre os séculos X e XV baseavam-se na 
tortura, adotando uma punição ilimitada e desregrada. 
 
Até a idade média as prisões serviam como forma de concentração do indivíduo a fim 
de até o momento do julgamento e execução das verdadeiras penas – mutilações, 
torturas e, também, penas de morte. Os indivíduos pagavam sua pena com seu 
próprio corpo, os chamados suplícios. 
 
A ideia de restrição de liberdade como pena específica surge inicialmente na igreja, 
destinada aos clérigos rebeldes que ficavam trancados nos mosteiros, para que, por 
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meio de penitência, se arrependessem do mal e obtivessem a correção. Neste 
momento surge o termo “penitenciária” que tem precedentes no Direito Penal 
Canônico, que é a fonte primária das prisões. 
 
1.2 Fatores sociais e culturais que influenciaram a evolução do sistema 
prisional 
A partir do século XVIII fatores e sociais culturais passaram a mudar esse cenário: 
1.2.1 Aglomeração nas cidade e alto índice de pobreza 
Com o aumento da pobreza, as pessoas passaram a cometer um número maior de 
delitos patrimoniais. Como a pena de morte e o suplício não respondiam mais aos 
anseios da justiça e seu caráter de exemplaridade da pena falhava, o processo de 
domesticação do corpo já não atemorizava, surgindo então a pena privativa de 
liberdade, como uma grande invenção que demonstrava ser o meio mais eficaz de 
controle social. 
 
1.2.2 O iluminismo 
O Iluminismo foi um movimento intelectual ‘que se desenvolveu na Inglaterra, 
Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII, um movimento que defendia o uso da razão 
contra o antigo regime e pregava maior liberdade econômica e política. Ele marcou 
uma mudança de pensamento em relação à pena. Nessa época, o desenvolvimento 
intelectual, que vinha ocorrendo desde o Renascimento, deu origem a ideias de 
liberdade política e econômica, defendidas pela burguesia. Os pensadores Iluministas 
tinham como ideal promover conhecimento crítico a todos os campos do mundo 
humano e contribuir para o progresso da humanidade. Esse movimento proporcionou 
uma mudança significativa no que diz respeito à pena criminal, fazendo surgir figuras 
que marcariam a história da humanização das penas. 
 
O iluminismo fez surgir, pela primeira vez, uma perspectiva dual, levando em conta a 
punição e uma possível recuperação social do preso, pois, com o passar do tempo e 
devido ao afastamento social, acreditava-se que seria propiciado ao indivíduo refletir 
acerca do crime cometido e buscar regeneração. 
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Michel Foucault em Vigiar e Punir narra sobre o período: 
“O protesto contra os suplícios é encontrado em toda parte na Segunda metade do século 
XVIII: entre os filósofos e teóricos do direito; entre juristas, magistrados, parlamentares; e entre 
os legisladores das assembleias. É preciso punir de outro modo: eliminar essa confrontação 
física entre soberano e condenado; esse conflito frontal entre a vingança do príncipe e a cólera 
contida do povo, por intermédio do supliciado e do carrasco (pag. 63). ” 
 
Vale aqui citar Cesare Beccaria(1738-1794), o principal representante do iluminismo 
penal e da Escola Clássica do Direito Penal 
 
Cesare foi um aristocrata milanês que difundiu valores e ideais iluministas, tornando-
se reconhecido por contestar a triste condição em que se encontrava a esfera punitiva 
de Direito na Europa dos impiedosos governantes. 
 
A obra intitulada "Dos Delitos e Das Penas", que é considerada uma das bases do 
direito penal moderno, o autor projeta princípios como igualdade perante a lei, 
abolição da pena de morte, erradicação da tortura como meio de obtenção de provas, 
instauração de julgamentos públicos e céleres, penas consistentes e proporcionais, 
dentre outras críticas e propostas que visaram a humanizar o direito. 
 
Além de vários outros fatores históricos e culturais, sua obra foi também foi base para 
o início de uma revisão no caráter das leis penais e das penas, com uma base na análise 
filosófica, moral e econômica da natureza do ser humano e da ordem social. 
 
A partir de então, começaram a surgir instituições que se destinavam a restringir a 
liberdade de pessoas que cometiam ilícitos onde essa restrição seria a própria pena. 
A natureza e a finalidade destas instituições foram modificadas a partir do século XVIII 
quando então as prisões tornaram-se a essência do modelo punitivo, assumindo um 
caráter de estabelecimento público de privação de liberdade. 
Como explica Carvalho Filho (2002) rigor, severidade, regulamentação, higiene e 
intransponibilidade do ponto de vista institucional e com uma dinâmica capaz de 
reprimir o delito e promover a reinserção social de quem os comete foram as 
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prerrogativas que passaram a caracterizar as instituições penais a partir do século 
XVIII. 
 
Carvalho Filho (2002) vincula o surgimento da pena de privação de liberdade ao 
surgimento do capitalismo, concomitante a um conjunto de situações que levaram ao 
aumento dos índices de pobreza em diversos países e o consequente aumento da 
criminalidade, a distúrbios religiosos, às guerras, às expedições militares, às 
devastações de países, à extensão dos núcleos urbanos, à crise das formas feudais e 
da economia agrícola, etc 
 
Foi neste contexto que se transformou as prisões e os sistemas de punições para o 
que é na atualidade, por meio de um movimento que promoveu as mais significativas 
mudanças na concepção das penas privativas de liberdade, na criação e construção 
de prisões organizadas para a correção dos apenados. 
 
A partir dessa nova concepção, a punição passou a constituir-se em um método e 
uma disciplina. Eliminou-se da prisão o seu caráter de humilhação moral e física do 
sujeito. A lei penal passou a se propor a uma função de prevenção do delito e da 
readaptação do criminoso. 
 
Para Foucault (1998) a finalidade da prisão deixou de ser então o de causar dor física 
e o objeto da punição deixou de ser o corpo para atingir a alma do infrator. A prisão 
torna-se como pena privativa de liberdade e constitui em uma nova tática da arte de 
fazer sofrer. 
 
O autor também em seus estudos volta-se para as prisões observada sobre o prisma 
no qual coloca que para o Estado torna-se mais favorável vigiar do que punir, pois, 
vigiar pessoas e mantê-las conscientes desse processo é uma maneira para que estas 
não desobedeçam a ordem, as leis e nem ameacem o sistema de “normalidade”. 
A prisão passa a fundamentar-se teoricamente no que hoje é: privar o indivíduo de 
liberdade para que ele possa aprender através do isolamento, retirá-lo da família, e de 
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Síntese histórica do sistema punitivo brasileiro 
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outras relações socialmente significativas, para levá-lo a refletir sobre seu ato 
criminoso, tornando então o reflexo mais direto de sua punição. 
 
2 Síntese histórica do sistema punitivo brasileiro 
2.1 Ordenações Afonsinas 
As Ordenações Afonsinas foram promulgadas em 1446, por D. Afonso V, constituindo 
o primeiro código completo de legislação a aparecer na Europa depois da Idade 
Média. 
 
Esta legislação vigorou por quase 70 anos, sendo substituído por uma nova 
codificação empreendida por D. Manuel, O Venturoso, que queria ajuntar aos seus 
títulos, o de legislador e divulgar pela imprensa, que então começava a generalizar-se 
em Portugal, um código mais perfeito. 
 
2.2 Ordenações Manuelinas 
Em 1514, foram editadas as Ordenações Manuelinas, e de cuja codificação foram 
incumbidos os juristas Rui Bato, Rui da Grã e João Cotrim. Durante sete anos, recebeu 
reformas, sendo finalmente publicada em 1521. 
 
Estas Ordenações foram a real e efetiva legislação do início do regime colonial no 
Brasil. 
 
Nas condições primitivas da colônia, não era fácil se ter um rigoroso ajustamento às 
leis da metrópole, porque pessoas que vinham para o Brasil estavam cheias de 
ambições, e em nenhum momento se preocupavam com o que estava prescrito 
juridicamente, ou com o que a sociedade metropolitana considerava moralmente 
correto. 
 
Sistema Prisional Brasileiro | 
Síntese histórica do sistema punitivo brasileiro 
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Essa legislação não era apropriada para reger a sociedade dos primeiros tempos 
coloniais, pois era uma legislação que representou a evolução de uma velha sociedade 
às necessidades da mesma, ao nela se acolher. 
 
Na realidade, sobretudo no regime das capitanias, o que interessava era o arbítrio do 
donatário, representado por um direito informal e personalista, com o qual se 
pretendia manter a ordem social e jurídica, em núcleos de homens ambiciosos ou de 
delinquentes que longe da metrópole, não se sentiam presos às limitações jurídicas e 
morais desta. 
 
Já no tempo dos governos gerais, tornou-se um pouco mais efetivo o império da lei, 
por se ter um quadro de funcionários destinados à aplicação e execução e medidas 
penais. Entretanto, na prática, os abusos e injustiças continuaram existindo. 
 
2.3 Ordenações Filipinas 
As Ordenações Filipinas foram a mais longa das Ordenações, vigorando do tempo 
colonial até os primeiros anos do Império. 
 
Essas ordenações foram marcantes pela exorbitância das penas, que alcançavam com 
extremo rigor fatos às vezes insignificantes; pela desigualdade de tratamento entre os 
infratores; pela confusão entre direito, moral e religião, e por muitos outros vícios. 
 
As execuções efetivaram-se na forca, na fogueira, e em alguns casos ocorria a 
amputação dos braços ou das mãos do condenado. Essas penas ficaram reservadas 
para os casos de homicídio, latrocínio e insurreição de escravos, configurando uma 
mudança importante, pois no antigo regime, a pena de morte era prevista para mais 
de setenta infrações. Em 1835, como reação ao levante de negros muçulmanos 
ocorrido na Bahia, uma lei draconiana ampliaria as hipóteses de pena capital para 
escravos que matassem, tentassem matar ou ferir gravemente seu senhor ou feitor. 
 
Sistema Prisional Brasileiro | 
Síntese histórica do sistema punitivo brasileiro 
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Tivemos no Brasil o caso de Tiradentes que, acusado de crime de lesa- majestade 
(traição cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real Estado), foi enforcado e 
esquartejado, demonstrando a crueldade excessiva da época. 
 
A permanência da Corte Portuguesa no Brasil, por mais de 13 anos, não trouxe 
nenhuma alteração à nossa legislação penal, nem o fato da independência do país 
veio marcar o início de novo período na história do nosso Direito Penal. A evolução, 
entretanto, foi se operando com o passar dos tempos, e em plena vigência das 
Ordenações Filipinas, em Portugal, espíritos adiantados propugnaram pela renovação 
das leis. 
 
2.4 Brasil Império 
Com a independência e a Carta Constitucional de 1824, veio a necessidade de se 
substituir a legislação do Reino. 
 
O espírito que dominou oCódigo Criminal do Império estava antecipado na 
Constituição de 1824. Este código estabelecia as relações do conjunto da sociedade, 
cuidando dos proprietários de escravos, da “plebe” e dos cativos. 
 
Estabelecia três tipos de crimes: 
1) Públicos: entendidos como aqueles contra a ordem política 
instituída, o Império e o imperador - dependendo da abrangência 
seriam chamadas de revoltas, rebeliões ou insurreições; 
2) Particulares: praticados contra a propriedade ou contra o indivíduo; 
3) Policiais, contra a civilidade e os bons costumes. Nestes últimos 
incluíam-se os vadios, os capoeiras, as sociedades secretas e a 
prostituição. O crime de imprensa era também considerado policial. 
 
Sistema Prisional Brasileiro | 
Síntese histórica do sistema punitivo brasileiro 
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Em todos os casos o governo imperial poderia agir aplicando as penas que continham 
no código como, por exemplo, prisão perpétua ou temporária, com ou sem trabalhos 
forçados, banimento ou condenação à morte. 
 
As características mais importantes desse código são: 
a) a exclusão da pena de morte para os crimes políticos; 
b) a imprescritibilidade das penas; 
c) a reparação do dano causado pelo delito; 
d) ser considerado agravante o ajuste prévio entre duas ou mais pessoas, para 
a prática do crime; 
e) a responsabilidade sucessiva nos crimes de imprensa. 
 
Este código transformou-se em lei, a 16 de dezembro de 1830, sendo o primeiro 
Código Penal autônomo da America Latina. 
 
Na época, as idéias liberais encontravam-se no seu ápice. A propaganda individualista, 
desenvolvida quase simultaneamente na França e nos Estados Unidos, estava em 
ebulição. Era natural que, nos princípios em foco, se fundamentasse a Constituição 
Federal, revelando-se uma das mais adiantadas. 
 
Assim dispunha outros incisos do art. 179, referentes, a matéria penal: 
Inciso 4.º: “Ninguém pode ser perseguido por motivo de religião, uma vez que respeite a do 
Estado, e não ofenda a moral pública”; 
Inciso 5.º: “Ninguém poderá ser preso sem culpa formada, exceto nos casos declarados na lei; 
e nestes, dentro de 24 horas, contadas da entrada na prisão, sendo em cidades, vilas, ou outras 
povoações próximas aos lugares da residência do juiz; e nos lugares remotos dentro de um 
prazo razoável que a lei marcará, atenta a extensão do território, o juiz, por uma nota por ele 
assinada, fará constar ao réu o motivo da prisão, os nomes dos seus acusadores, e os das 
testemunhas, havendo-as”; 
Inciso 6.º: “Ninguém será sentenciado senão pela autoridade competente, por virtude de lei 
anterior, e na forma por ela prescrita”; 
Inciso 7.º: “Nenhuma pena passará da pessoa do seu delinquente. Portanto, não haverá em 
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caso algum confiscação de bens, nem a infâmia do réu se transmitirá aos parentes, em 
qualquer grau que seja”; 
Inciso 8.º: “As cadeias serão seguras, limpas e bem arejadas, havendo diversas casas para 
separação dos réus, conforme suas circunstâncias e natureza dos seus crimes”. 
 
O Código Criminal do Império revelou o acolhimento dado às idéias liberais. Depois 
do Código Criminal de 1830, adveio o Código de Processo de 
1832, também imbuído do espírito liberal, sendo este estatuto de suma importância 
para a legislação brasileira, porque constituiu, até o fim de 1941, a sua lei processual 
em matéria repressiva. 
 
2.5 Brasil República 
Proclamada a República em 1889, intensificou-se a necessidade de se promover 
reforma na legislação criminal, mesmo porque já haviam se passado 60 anos da 
promulgação do Código do Império, e as suas leis ficaram envelhecidas por não mais 
acompanhar a realidade. 
 
Um projeto foi estruturado e rapidamente entregue ao Governo, sendo submetido ao 
juízo de uma comissão presidida pelo próprio Ministro da Justiça. Por decreto de 11 
de outubro de 1890 foi aprovado, transformando-se em lei passando o Brasil a ter um 
novo código penal. 
 
Como foi feito às pressas, apresentava vários defeitos técnicos, sendo por isso objeto 
de críticas, que contribuíram para abalar seu prestígio, o que dificultou a aplicação do 
novo Código. 
 
Para solucionar o problema, o Poder Executivo fez um projeto para um novo Código. 
Depois de inúmeras tentativas, em 1940 o projeto definitivo foi apresentado, sendo 
promulgado em 7 de dezembro do mesmo ano. Entrou em vigor em 1º de janeiro de 
1942. 
 
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Para fazer o Código de 1940, o legislador brasileiro inspirou-se em um Código Italiano, 
de 1930, chamado Código de Rocco, e também seguiu, como exemplo, o Código Suíço 
de 1937, para inúmeras soluções adotadas. 
 
Em 1961, o governo decidiu fazer uma reforma na legislação criminal, e solicitou a 
Nelson Hungria, mestre de Direito Penal Brasileiro, para que a fizesse. 
 
3 Sistema prisional brasileiro a partir do século XX 
No início do século XX, com elaboração de novas legislações, surgiram tipos 
modernos de prisões adequadas à qualificação do preso segundo categoriais 
criminais: contraventores, menores, processados, loucos e mulheres. 
 
Os asilos de contraventores tinham por finalidade o encarceramento dos ébrios, 
vagabundos, mendigos, em suma, os antissociais. Os asilos de menores buscavam 
empregar um método corretivo à delinquência infantil. 
 
Acreditando-se na possibilidade de inocência do réu, foi proposta uma prisão de 
processados, considerando-se não conveniente misturá-los com delinquentes já 
condenados ou provavelmente criminosos. 
 
Os manicômios criminais foram idealizados para aqueles que sofriam alienação mental 
e requeriam um regime ou tratamento clínico, enquanto que os cárceres de mulheres, 
seriam organizados de acordo com as indicações especiais determi- nadas por seu 
sexo. 
 
Assim, é possível identificar com esta forma de distribuição, uma tentativa de 
racionalização do espaço, considerando o tipo do crime tendo por critério o grau de 
infração e periculosidade do réu. 
 
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Outro fator a ser considerado quanto à separação do réu na prisão era o fato de que 
deveria levar-se em conta a índole, antecedentes e grau de criminalidade do 
condenado. A observação com relação à índole do indivíduo revela a preocupação 
com o caráter, inclinação, tendência, temperamento e propensão ao crime, estipulado 
por meio do prejulgamento da personalidade do preso pela análise de sua fisionomia. 
 
Apenas com a criação da Comissão Penitenciária Internacional, que se transformou na 
Comissão Penal e Penitenciária (1929), que deu origem à elaboração das Regras 
Mínimas da ONU, e depois da II Guerra Mundial, surgem em vários países a Lei de 
Execução Penal (LEP), como na Polônia, Argentina, França, Espanha, Brasil, e outros 
estados-membros da ONU (MAGNABOSCO, 1998). 
 
Com a reforma no Código Penal, pela Lei n. 7.209/84, foi abandonada a distinção entre 
penas principais e acessórias. Dessa forma, com a nova lei existem somente as penas 
comuns (privativas de liberdade), as alternativas (restritivas de direitos) e a multa. 
 
3.1 Origem da Execução Penal 
Em 1933 o jurista Cândido Mendes de Almeida presidiu uma comissão que visava 
elaborar o primeiro código de execuções criminais da República, que já tinha como 
princípio a individualização e distinção do tratamento penal, como no caso dos 
toxicômanos e dos psicopatas. No entanto, o projeto não chegou nem mesmo a ser 
discutido, em virtude da instalação do regime do Estado Novo, em 1937, que acabou 
por suprimir as atividades parlamentares. 
 
Em 1951, o deputado Carvalho Neto percebendo a carência de uma legislação que 
viesse a dispor sobre a matéria penitenciária,produziu um projeto. No entanto, não 
se convertera em lei. 
 
Em 1957, foi sancionada a Lei nº 3.274, que dispunha sobre normas gerais de regime 
penitenciário. Portanto, pela insuficiência da lei, o ministro da justiça fez o pedido para 
o Professor Oscar Stevenson que elaborasse um projeto de um novo código 
penitenciário. 
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Em 1970, o professor Benjamim Moraes Filho, apresentou o projeto o qual teve a 
colaboração de juristas como José Frederico Marques, e inspirava-se numa Resolução 
das Nações Unidas, datada de 30 de agosto de 1953, que dispunha sobre as Regras 
Mínimas para o Tratamento de Reclusos. 
 
Cotrim Neto apresentou inovações às questões da previdência social e do regime de 
seguro contra os acidentes de trabalho sofridos pelo detento. O projeto baseava-se 
na ideia de que a recuperação do preso deveria basear-se na assistência, educação, 
trabalho e na disciplina. No entanto, os projetos apresentados não se convertiam em 
lei. 
 
Finalmente em 1983 é aprovado o projeto de lei do Ministro da Justiça Ibrahim Abi 
Hackel, o qual se converteu na Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984, a atual e vigente 
Lei de Execução Penal, que preceitua em seu artigo 1º: “A execução penal tem por 
objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar 
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”. É 
considerada como meio para aplicação da pena ou da medida de segurança que foi 
fixada na sentença penal, o Estado exerce seu direito de punir castigando o criminoso 
e inibindo o surgimento de novos delitos. Com a certeza de punição, mostra para a 
sociedade que busca por justiça e reeducação, e readapta o condenado socialmente. 
 
A execução penal brasileira não se preocupou tão somente com as questões relativas 
ao cárcere, mas buscou estabelecer medidas que tenham como finalidade a 
reabilitação do condenado. Assim, a execução penal é “a disciplina que rege o 
processo e cumprimento da sentença penal e seus objetivos. ” (AVENA, 2016, p. 1). 
 
No que tange às instituições responsáveis pela execução penal, cada estado seguiu 
um caminho diferente, o que gerou uma grande desconformidade entre eles. 
 
Diferente das instituições relacionada à Segurança Pública, não houve preocupação 
ou padronização em relação à execução penal no Brasil ficando a responsabilidade 
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para os estados. Em cada um a execução penal foi tratada de forma diversa, grande 
desconformidade em todo país. 
 
3.2 Estrutura do Sistema Prisional Brasileiro 
Dentre os entes federativos, os estados se colocaram como grandes responsáveis pela 
execução penal, ficando União e Municípios com papéis diminutos. 
 
A união ficou com a responsabilidade pelo fomento e municípios em apoio aos 
estados, principalmente onde não há estrutura estadual detenção de presos. 
 
A partir de 2006, com a criação do Sistema Penitenciário Federal a União passou a 
executar a pena de presos de alta periculosidade que não podiam ser contidos pelo 
sistema estadual. 
 
Serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima aqueles 
para quem a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio 
preso, condenado ou provisório. 
 
Para a inclusão ou transferência, o preso deverá possuir, ao menos, uma das seguintes 
características: 
✓ Ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em 
organização criminosa; 
✓ Ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente 
prisional de origem; 
✓ Estar submetido ao regime disciplinar diferenciado - RDD; 
✓ Ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes 
com violência ou grave ameaça; 
✓ Ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente 
risco à sua integridade física no ambiente prisional de origem; ou 
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✓ Estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no 
sistema prisional de origem. 
 
3.3 Órgãos da execução penal segundo a 7.209/84 
São órgãos da execução penal: 
✓ O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; 
✓ O Juízo da Execução; 
✓ O Ministério Público; 
✓ O Conselho Penitenciário; 
✓ Os Departamentos Penitenciários; 
✓ O Patronato; 
✓ O Conselho da Comunidade. 
✓ A Defensoria Pública. 
 
3.4 Espécies de unidades prisionais segundo a 7.209/84 
3.4.1 Penitenciárias 
Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado. 
Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão 
construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que 
estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) 
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho 
sanitário e lavatório. 
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: 
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e 
condicionamento térmico adequado à existência humana; 
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). 
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de 
seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses 
e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável 
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estiver presa. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009) 
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche referidas neste artigo: (Incluído 
pela Lei nº 11.942, de 2009) 
I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas pela legislação 
educacional e em unidades autônomas; e (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009) 
II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à criança e à sua responsável. 
(Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009) 
Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em local afastado do centro urbano, à 
distância que não restrinja a visitação. 
 
3.4.2 Colônia Agrícola, Industrial ou Similar 
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao cumprimento da pena em 
regime semi-aberto. 
Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo, observados os 
requisitos da letra a, do parágrafo único, do artigo 88, desta Lei. 
Parágrafo único. São também requisitos básicos das dependências coletivas: 
a) a seleção adequada dos presos; 
b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de individualização da pena. 
 
3.4.3 Casa do Albergado 
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em 
regime aberto, e da pena de limitação de fim de semana. 
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, 
e caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga. 
Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter, 
além dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras. 
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização e 
orientação dos condenados. 
 
3.4.4 Centro de Observação 
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames gerais e o criminológico, cujos 
resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação. 
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesquisascriminológicas. 
Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade autônoma ou em anexo a 
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estabelecimento penal. 
Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, na falta do 
Centro de Observação. 
 
3.4.5 Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico 
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-
imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal. 
Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, o disposto no parágrafo único, do 
artigo 88, desta Lei. 
Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames necessários ao tratamento são obrigatórios 
para todos os internados. 
Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97, segunda parte, do Código Penal, 
será realizado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com 
dependência médica adequada. 
 
3.4.6 Cadeia Pública 
Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos provisórios. 
Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pública a fim de resguardar o interesse 
da Administração da Justiça Criminal e a permanência do preso em local próximo ao seu meio 
social e familiar. 
Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo será instalado próximo de centro 
urbano, observando-se na construção as exigências mínimas referidas no artigo 88 e seu 
parágrafo único desta Lei. 
 
3.5 Situação atual do sistema prisional brasileiro 
O modelo de gestão prisional vigente hoje Brasil mostre-se ultrapassado, ineficiente 
e, principalmente, um risco crescente à sociedade e ao Estado Brasileiro. Como 
resultado desse modelo, estamos vivendo um verdadeiro caos prisional e social que, 
apesar de ser extremamente oneroso, tende a se agravar, gerando reflexos para toda 
sociedade, inclusive nas ruas. Vale aqui lembrar que os sinais dessa crise atual se 
mostraram com clareza já a mais de uma década, quando em 2004 uma grande facção 
criminosa, oriunda do próprio sistema prisional, promoveu ataques a toda sociedade, 
sitiando o Estado de São Paulo com atentados dos mais diversos, inclusive a agentes 
de segurança pública. 
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Isso mostra que as políticas adotadas nos últimos anos foram completamente 
equivocadas, pois o resultado está claramente definido na situação insustentável pela 
qual toda sociedade brasileira hoje passa no que tange a sistema carcerário. 
 
Tal situação demanda uma mudança radical de paradigmas, com a adoção de um 
modelo completamente novo, que garanta uma execução penal mais humana, mais 
rígida em alguns aspectos, menos onerosa para o Estado, que “prenda menos e com 
mais qualidade”, com soluções racionais e aplicáveis à realidade nacional, trazendo 
soluções viáveis para problemas que o atual modelo jamais contemplará, como a 
superpopulação prisional, os massacres em rebeliões e o crescimento desenfreado das 
organizações criminosas que surgem e tem por base o próprio encarceramento que 
o modelo atual fortalece. 
 
Continuando nesse mesmo caminho, o sistema prisional brasileiro, que já está 
insustentável, tornar-se-á uma das maiores fragilidades sociais em nosso país, sendo 
fonte de massacres cada vez maiores, tanto nas prisões quanto nas ruas, a exemplo 
da crise de 2004 ocorrida, principalmente, em São Paulo. 
 
Segundo Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias INFOPEN1, população 
penitenciária brasileira chegou a 702.069 mil presos em 2020. 
 
1 http://www.justica.gov.br/noticias/populacao-carceraria-brasileira-chega-a-mais-de-622-mil-detentos 
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3.5.1 Dados 
O gráfico abaixo (1) apresenta a série histórica das pessoas privadas de liberdade entre 
os anos de 1990 e 2017. Entre o segundo semestre de 2016 e o primeiro semestre de 
2017, podemos destacar um aumento de 0,59%, ou ainda 4.234 pessoas custodiadas. 
 
 
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Segundo o INFOPEN, o Brasil conta com a terceira maior população penitenciária do 
mundo, atrás apenas de Estados Unidos (2.217.000), China (1.657.812). 
 
Aqui serão apresentados aos leitores informações relacionadas a natureza da prisão e 
o tipo de regime penal ao qual o custodiado está submetido. Os dados serão 
analisados segundo as unidades da federação para cada tipo de regime, como 
também a série histórica das populações prisional e provisória. 
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Outro ponto que nos salta aos olhos, é que a população carcerária mais que 
sextuplicou, enquanto a população nacional cresceu apenas 1/3 (um terço). 
 
 
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Diante de um crescimento tão vertiginoso, torna-se evidente a impossibilidade de o 
Estado suprir a necessidade de vagas que surgem, o que, por sua vez, inviabiliza a 
construção de uma execução penal que seja constitucionalmente voltada para a 
dignidade da pessoa humana. 
 
Pesquisa realizada em parceria entre o DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional) 
e o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostrou que há um déficit de 
206.307 no número de vagas, não somados a esse déficit, os mandados de prisão 
ainda não cumpridos. 
 
Segundo este estudo, temos as seguintes características no sistema penitenciário 
brasileiro: 
✓ Dos presos recolhidos em estabelecimentos prisionais, 41% são provisórios, 
sem julgamento definitivo, acobertados pela presunção de inocência. O referido 
estudo aponta ainda, que em 37,2% dos casos em que ocorre a decretação da 
segregação cautelar, não ocorre a confirmação da referida medida quando da 
decisão final, e mesmo quando há condenação, estas são menores que a própria 
cautelar a que foram submetidos. 
 
 
 
41%
59%
SITUAÇÃO GERAL PRESOS
PRESOS PROVISÓRIOS - 41%
PRESOS CONDENADOS - 59%
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✓ Os crimes que mais motivam prisões são patrimoniais e drogas, que somados 
atingem cerca de 70% das causas de prisões. Crimes contra a vida motivam 12% 
das prisões; 
 
 
✓ As penas atribuídas são na maioria inferiores a 8 anos, seguidas das penas 
inferiores a 4 anos, sendo que uma grande quantidade dos presos tem condição 
provisória (isto é, ainda não foram julgados). Isto indica que o policiamento e a 
justiça criminal não têm foco nos crimes mais graves, mas atuam principalmente 
nos conflitos contra o patrimônio e nos delitos de drogas; 
✓ O perfil socioeconômico dos detentos mostra que 55% têm entre 18 e 29 anos 
e 75,08% têm até o ensino fundamental completo; 
37,20%
62,80%
SITUAÇÃO PRESOS PROVISÓRIOS
NÃO CONDENADOS OU CONDENADOS A
PERÍODOS MENORES AO ENCARCERAMENTO
INICIAL - 37,20%
70%
12%
18%
PANORAMA GERAL CRIMES
CRIMES PATRIMONIAIS E DROGAS -
70%
CRIMES CONTRA A VIDA - 12%
OUTROS CRIMES - 18%
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✓ Sobre a natureza dos crimes pelos quais estavam presos, 28% dos detentos 
respondiam ou foram condenados por crime de tráfico de drogas, 25% por 
roubo, 13% por furto e 10% por homicídio. 
 
 
Diante deste cenário, que depõe flagrantemente contra o modelo adotado na 
atualidade, podemos afirmar que o crescimento da população penitenciária brasileira 
nos últimos anos não significou redução nos índicesde violência. Pelo contrário, 
mesmo com o aumento dos encarceramentos, a sensação de insegurança não 
55%
45%
PERFIL SOCIOECONÔMICO
IDADE ENTRE 18 E 29 ANOS -
55%
MAIS DE 29 ANOS - 45%
75,08%
24,92%
PERFIL SOCIOECONÔMICO
ATÉ ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO
- 75,08%
ENSINO MÉDIO E SUPERIOR - 24,92%
28%
25%13%
10%
24%
NATUREZA DOS CRIMES
TRÁFICO DE DROGAS - 28%
ROUBO - 25%
FURTO - 13%
HOMICÍDIO - 10%
OUTROS CRIMES - 24%
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diminuiu. Isso significa que é preciso se repensar a prisão como instrumento de 
política pública para combater a criminalidade. 
 
Com este cenário caótico, a sociedade brasileira sofre suas consequências, dentre 
algumas podemos citar: 
✓ Segundo dados do Ministério da Saúde, pessoas privadas de liberdade têm, em 
média, chance 28 vezes maior do que a população em geral de contrair 
tuberculose. A taxa de prevalência de HIV/Aids entre a população prisional era 
de 1,3% em 2014, enquanto entre a população em geral era de 0,4%; 
 
 
✓ Alto custo operacional gerado pelos gastos envolvendo o encarceramento, que, 
de forma totalmente ineficiente, drenam recursos que poderiam ser utilizados 
em outras áreas; 
 
Além de geração de custos com o encarceramento em si, temos uma superpopulação 
carcerária que, por condições sanitárias precárias e de atendimentos à saúde 
deficientes, geram um custo financeiro e social exorbitante; 
✓ É importante ressaltar os danos que a prisão acarreta não apenas para as 
pessoas encarceradas, como também para seu círculo familiar. O crescimento 
de mulheres presas superou o crescimento de homens presos: a população 
prisional masculina cresceu 70% em sete anos enquanto a população feminina 
cresceu 146%. Muitas destas mulheres promovem o provento de suas famílias, 
POPULAÇÃO EM GERAL PESSOAS PRIVADAS DE
LIBERDADE (CHANCE 28 VEZES
MAIOR)
SAÚDE - CHANCE DE CONTRAIR TUBERCULOSE
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sendo comum em populações de baixa renda, a mulher ser a única responsável 
pela criação de seus filhos. 
 
✓ De acordo com o Informe Regional de Desenvolvimento Humano (2013-2014) 
do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) o percentual 
de reincidência no Brasil é um dos mais altos no mundo, chegando a um 
percentual de 47,4%; 
✓ Embora o sistema carcerário não seja o único fator que influencia na 
reincidência do delito, as exposições às redes criminosas nos cárceres tornam 
difícil a ressocialização de presos que cometem crimes de menor potencial, uma 
vez que estas organizações criminosas agem em espaços deixados pelo Estado, 
de assistências à pessoa presa; 
✓ Os estados que desenvolveram programas de repressão qualificada, visando 
principalmente redução de homicídios, tiveram crescimento de presos acima da 
média, acusados por crimes patrimoniais e delitos de drogas. Entre os custos 
sociais destes programas que reforçam o encarceramento está a 
vulnerabilização de jovens, que recebem a punição em presídios superlotados, 
com a presença de organizações criminosas; 
✓ No Brasil, até junho de 2013, apenas 11% da população carcerária estava em 
atividade educacional; 
 
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✓ No que tange às atividades laborais, apenas 22,2% dos encarcerados no Sistema 
Penitenciário Nacional estava envolvida em alguma atividade laboral, entre 
trabalhos internos (17,6%) e externos (4,6%); 
 
 
✓ Soma-se a essa situação caótica, as decisões judiciais recentes do Supremo 
Tribunal Federal que vem reconhecendo o direito de indenização ao preso que 
cumprir pena em condições desumanas e degradantes. 
1. O problema do encarceramento massivo 
 
É imprescindível encarcerar menos 
Além do todo exposto, o aumento constante de crises no sistema carcerário do país, 
bem como a proliferação de organizações criminosas que atuam dentro dos 
estabelecimentos penais, gera alarme e inquietação social e requer um combate 
definitivo, profissional e imediato. 
11%
89%
ATIVIDADE EDUCACIONAL
EM ATIVIDADE EDUCACIONAL - 11%
SEM ATIVIDADE EDUCACIONAL - 89%
17,60%
4,60%
77,80%
ATIVIDADES LABORAIS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO NACIONAL
TRABALHO INTERNO - 17,6%
TRABALHO EXTERNO - 4,6%
SEM ATIVIDADES LABORAIS -
77,8%
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É fundamental o investimento em soluções penais mais sofisticadas, como alternativas 
penais, programas de trabalho e educação, entre outras, que promovam uma real 
reinserção desse indivíduo à sociedade. 
 
O Brasil é o 16º país mais violento do planeta, segundo o Instituto Avante Brasil. A 
violência epidêmica (conforme a OMS) está gerando desespero nacional. 
 
A cadeia, sobretudo em países com poucos recursos para as áreas sociais, deveria ser 
reservada exclusivamente para criminosos violentos, ou seja, os que oferecem 
concreto perigo para a convivência em sociedade. Todos os demais criminosos 
deveriam ser punidos com outros tipos de pena (penas alternativas). Carecemos aqui 
de uma reengenharia social e penitenciária. 
 
O encarceramento justifica-se frente aos criminosos violentos, especialmente os que 
ostentam perversidade. Num sistema superlotado, percentual significativo dos presos 
não precisaria estar encarcerado, pois estão no perfil para o qual o Código de Processo 
Penal prevê cumprimento de penas alternativas. Quem pratica crime não violento 
necessita de educação, de penas alternativas, eventualmente a pena de 
empobrecimento (indenizatório, por exemplo), não de encarceramento. O equívoco 
da política encarceradora massiva, vem sempre acompanhado do abandono da 
educação e da assistência social, a quem necessita desse tipo de atenção. O Estado 
Brasileiro como um todo, deve cumprir seu papel educativo e social, jogando toda 
energia na repressão à crimes com grave violência à vida e hediondo. 
 
Estes representam uma potencial mão de obra trabalhadora brasileira, que poderiam 
gerar crescimento na economia e prover o pagamento de impostos. Assim gerariam 
PIB ao invés de consumi-lo. 
 
3.5.2 Medidas alternativas previstas no CPP – Código de Processo Penal 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para 
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informar e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para 
evitar o risco de novas infrações;(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redação dada 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou 
necessária para a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou 
acusado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou 
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou 
grave ameaça, quandoos peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do 
Código Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do 
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem 
judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
O modelo precisa mudar 
Surgiu então a premente necessidade de se recuperar a soberania estatal frente à 
execução penal no âmbito do sistema penitenciário brasileiro, notadamente no 
interior de grandes penitenciárias estaduais. 
 
Como exposto acima, atualmente o modelo de execução penal não cumpre os 
objetivos que lhe foram propostos, tais como efetivar as disposições da sentença e 
proporcionar as condições para a harmônica integração social da pessoa presa. 
 
A responsabilidade do Estado em garantir aos presos os seus direitos fundamentais, 
como vida, integridade física, moral e de individualização da pena é objetiva, impondo 
o dever de reparação dos prejuízos causados pela execução penal da forma 
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degradante como hoje ocorre, tornando o sistema penitenciário brasileiro uma 
potencial fonte de gastos com indenizações. 
 
O crescimento exponencial do encarceramento na última década, em muitos casos 
feito de forma desnecessária, numa lógica inversamente proporcional à criação de 
vagas, gerou o avanço desenfreado de organizações criminosas que tem como origem 
o próprio sistema penitenciário. Esse mesmo crescimento infrene da população 
carcerária acaba por resultar num sistema de autopoiese, em que o encarceramento 
massivo se torna fonte de “mão de obra” para tais organizações, fortalecendo-as, 
gerando assim um o alto impacto social e econômico provocado por essas 
organizações criminosas e por esse modelo atual de encarceramento. 
 
A fragilização da sociedade civil frente às sucessivas crises penitenciárias, crises essas 
que expõem toda a barbárie empregada pelas organizações criminosas que atuam a 
partir das cadeias, tende a ultrapassar os já frágeis “muros” segregadores e atingir a 
sociedade, o que revela a ineficiência do atual sistema de política criminal no que 
concerne a esse novo perfil de organizações criminosas, uma vez que apenas prender, 
diante do modelo atual, acaba por agravar o problema. 
 
Depõe ainda contra esse caótico sistema de execução penal vigente, o alto custo do 
encarceramento que, aliado à sua ineficiência, torna-o um verdadeiro reduto de 
grandes organizações criminosas financiado pelo Estado. Onde o estado prende muito 
e prende mal, na via quantitativa em detrimento a qualitativa. 
 
Todo esse cenário requer uma mudança radical na execução penal brasileira que 
passa, necessariamente, pela análise mais criteriosa do encarceramento, cuja 
segregação total de liberdade deveria existir e ser destinada aos criminosos que agem 
com maior lesividade social, notadamente, com violência ou grave ameaça. 
 
Aos demais, seriam aplicadas as medidas cautelares diversas da prisão, cuja 
fiscalização, com a utilização de monitoração eletrônica por uma instituição policial 
penal capacitada e especializada, que permitiria uma execução penal mais 
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humanizada e menos onerosa, enfraquecendo, como consequência, as organizações 
criminosas que hoje protagonizam as sangrentas rebeliões. 
 
3.6 Duas possíveis soluções de ordem prática 
3.6.1 Efetiva fiscalização na aplicação das medidas alternativa 
Para que sejam positivos os reflexos de uma política voltada para um encarceramento 
menor, qualitativo e não quantitativo, que dê ênfase a aplicação de medidas diversas 
da prisão, faz-se necessária também uma rigorosa fiscalização do cumprimento das 
obrigações impostas por essas medidas, ou o efeito de tal política poderia ser inverso. 
 
A Polícia Penal torna-se a melhor alternativa por ser uma instituição que estará mais 
próxima da execução penal, agindo de forma condizente com suas peculiaridades e 
necessidades, já que as policias civis, militares, Federal e Rodoviária Federal já tem 
suas missões definidas e específicas, buscando abertamente um distanciamento dessa 
atividade, por entenderem que as mesmas não fazem parte do seu rol de suas 
atribuições. Serve de exemplo os conflitos de atribuições gerados com as parcas 
tentativas de implementação de monitoração eletrônica, onde, em diversas situações, 
as detecções de descumprimento das obrigações impostas pelas medidas cautelares 
sequer foram apuradas, isso pela recusa das instituições policiais em atender ao 
chamado do sistema prisional, sendo, na maioria das vezes, com total razão. Tal recusa 
se dá por vários motivos, desde a falta de efetivo, concorrência com outras ocorrências 
policiais, até a discussão sobre qual instituição deveria atender à solicitação. 
 
Outro conflito de atribuição que tem ganhado notoriedade no âmbito da Segurança 
Pública, está na questão da condução para audiências de custódia. Esse instituto de 
realização obrigatória, trata-se da apresentação do autuado preso em flagrante delito 
perante um juiz, permitindo-lhes o contato pessoal, de modo a assegurar o respeito 
aos direitos fundamentais da pessoa submetida à prisão. Decorre da aplicação dos 
Tratados de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil. 
 
Em caso de prisão realizada pela Polícia Federal, por exemplo, muito se questiona qual 
instituição deve conduzir e apresentar preso nessa audiência, já que as atividades de 
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escolta e custodia não estão dentre as atribuições de nenhum cargo hoje existente na 
estrutura de polícia. Essa atividade deve ficar claramente a cargo de uma instituição 
com qualificação e atribuição para tanto, uma Polícia Penal Federal. 
 
Essa nova polícia já foi criada na Constituição Federal e está em fase de 
regulamentação. 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida 
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através 
dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
VI - polícias penais federal, estadual e distrital. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 104, de 2019) 
 
3.6.2 Redução dos custos do encarceramento (sociais e financeiros). 
Como explicitado, os custos do encarceramento são altos, tanto financeiros quanto 
sociais. Levantamento detalhado do setor financeiro do Departamento Penitenciário 
do Estado do Paraná, por exemplo, aponta que o custo mensal de um preso no estado 
chegou a R$ 3.016,40 em julho de 2016, levantamento que não é preciso e que, 
provavelmente, é muito maior. Com uma instituição policial especializada, seria 
possível um índice de encarceramento muito menor, gerando redução de todos os 
custos diretos advindos do atual modelo. 
 
Uma possível geração de custos com a implementação de uma instituição policial, 
seria rapidamente suplantada financeiramente com a redução do custo com a menor 
quantidade de encarcerados, além dos custos com construções e manutenção de 
unidades prisionais para geração de infindáveis novas vagas. 
 
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A título de exemplo, seguem as projeções de impacto financeiro de uma eventual 
aplicação da monitoração eletrônica por uma pela polícia federal de Execuções Penais:Uma equipe com dois Agentes Federais de Execução Penal é capaz de custodiar no 
mínimo 100 (cem) pessoas monitoradas eletronicamente. 
 
Essas mesmas pessoas presas gerariam para o Estado um custo mínimo de 
aproximadamente R$ 301.600,00/mês (trezentos e um mil e seiscentos e quarenta 
reais por mês). 
 
Com a implementação da polícia penal, esses custos se resumiriam à remuneração 
dos servidores, instalações que serviriam de base para monitoramento, custo do 
monitoramento, viaturas e outros meios. 
 
No que tange ao custo social, os benefícios são imensuráveis, já que haveria ganho 
para praticamente todos os setores da sociedade. 
 
3.6.3 Efetivo isolamento das grandes lideranças criminosas 
Um dos grandes motivadores do fortalecimento das grandes organizações criminosas 
que surgem dentro do sistema prisional é a capacidade de coordenação e controle 
por parte de suas lideranças que, mesmo encarceradas, conseguem comandar suas 
respectivas facções, determinando, desde atividades de gestão, como a organização 
das atividades ilícitas nas ruas e estrutura para arrecadação de recursos de forma 
ilícita, a ataques à sociedade (atentados), a agentes de segurança e seus familiares 
(assassinatos e sequestros) e a outras facções criminosas, promovendo verdadeiros 
massacres que são transmitidos por todos os meios de comunicação como 
espetáculos de horror. 
 
Para que se possa romper o vínculo de comando que une os grandes líderes 
criminosos encarcerados com suas organizações, além de outras medidas, é 
imprescindível um efetivo isolamento dos mesmos. Isso só será possível com uma 
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Referências Bibliográficas 
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mudança legislativa em que contemple um tratamento diferenciado nas prisões de 
segurança máxima. 
 
Nesse contesto, torna-se essencial o aprimoramento das leis de execução penal para 
líderes de organizações criminosas, com o efetivo isolamento que propicie a quebra 
da cadeia de comando, uma vez que, no atual modelo, as prisões de segurança 
máxima, por imposição legal, não conseguem cumprir com eficácia esse desiderato. 
 
Minimamente, a alteração da lei de execuções penais deve ser alterada para 
contemplar: 
✓ Proibição, na penitenciária de Segurança Máxima, de visitas íntimas e sociais 
não monitoradas e com contato físico; 
✓ Supressão do tempo máximo de internação no RDD (Regime de Disciplinar 
Diferenciado); 
 
4 Referências Bibliográficas 
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. 11ªed. São Paulo: Hemus, 1998. 
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 24ªed. Rio de 
Janeiro: LUMEN JURIS, 2002. 
CARVALHO, FL. A Prisão. Publifolha. São Paulo, 2002. 
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 5ªed. Petrópolis: Vozes, 
1987. 
GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. 6ºed. São Paulo: Perspectiva, 2006. 
LEAL, César Barros. Prisão: Crepúsculo de uma Era. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 
2001. 
LEITE, Christina Laurroudé de Paula. Mulheres além do teto de vidro. São Paulo: 
Editora Atlas, 1994. 
Monografia (Bacharelado em Serviço social) – Faculdades Integradas “Antônio 
Eufrásio de Toledo”, Presidente Prudente, 2003. 
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Referências Bibliográficas 
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MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários 
aos arts. 1º a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e 
jurisprudência. 5 ed. São Paulo : Atlas, 2003. 
MOREIRA, Licione; SANTOS, Alexandra Maria dos; OLIVEIRA, Maria Ivonete de; 
FERREIRA, Silvia Aline Silva. Mulheres no Cárcere. 2003. 
SANTA RITA, Rosangela Peixoto. Mães e crianças atrás das grades: em questão o 
princípio da dignidade da pessoa humana. Brasília, 2007. 
 
 
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Referências Bibliográficas 
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	Palavra do Diretor
	Coordenador do Curso
	Sumário
	1 Sistema de Justiça Criminal
	1.1 Órgãos preventivos:
	1.1.1 A origem do sistema prisional
	1.2 Fatores sociais e culturais que influenciaram a evolução do sistema prisional
	1.2.1 Aglomeração nas cidade e alto índice de pobreza
	1.2.2 O iluminismo
	2 Síntese histórica do sistema punitivo brasileiro
	2.1 Ordenações Afonsinas
	2.2 Ordenações Manuelinas
	2.3 Ordenações Filipinas
	2.4 Brasil Império
	2.5 Brasil República
	3 Sistema prisional brasileiro a partir do século XX
	3.1 Origem da Execução Penal
	3.2 Estrutura do Sistema Prisional Brasileiro
	3.3 Órgãos da execução penal segundo a 7.209/84
	3.4 Espécies de unidades prisionais segundo a 7.209/84
	3.4.1 Penitenciárias
	3.4.2 Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
	3.4.3 Casa do Albergado
	3.4.4 Centro de Observação
	3.4.5 Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
	3.4.6 Cadeia Pública
	3.5 Situação atual do sistema prisional brasileiro
	3.5.1 Dados
	3.5.2 Medidas alternativas previstas no CPP – Código de Processo Penal
	3.6 Duas possíveis soluções de ordem prática
	3.6.1 Efetiva fiscalização na aplicação das medidas alternativa
	3.6.2 Redução dos custos do encarceramento (sociais e financeiros).
	3.6.3 Efetivo isolamento das grandes lideranças criminosas
	4 Referências Bibliográficas

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