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ALAN - SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI 
ESCOLA DE DIREITO
ALAN
SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
SÃO PAULO, JUNHO, 2020.
ALAN
SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, pela Escola de Direito da Universidade Anhembi Morumbi-UAM. 
Orientador(a): 
SÃO PAULO, JUNHO, 2020.
Nesta página deverá ir a ficha catalográfica.
Para a confecção dela acesse:
http://satelites.anhembi.br/icmc/?_ga=2.30953916.24104386.1584381062-353684628.1555447544
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
ESCOLA DE DIREITO 
BACHARELADO EM DIREITO
O trabalho monográfico intitulado “SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO” elaborado pelo acadêmico Alan XXXXXXXXXXX, foi julgada adequada e aprovada por todos os membros da banca para obtenção do título de Bacharel em Direito
São Paulo, junho de 2020
Professor Dr. Gustavo Ferraz do Campos Monaco
Coordenador do Curso de Direito
Apresentada à Banca Integrada pelos Professores:
_________________________________________________________________
Professor (a): nome do professor
_________________________________________________________________
Professor (a): nome do professor
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Epígrafe
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo geral, apresentar um panorama do funcionamento do sistema prisional brasileiro. O capítulo primeiro trata do sistema prisional brasileiro, mostrando sua origem, evolução e características, bem como outros. Mostrando-se suas características gerais, busca apresentar de maneira sintetizada a concepção atual de prisão. Passando por regras internas e as possibilidades alternativas para o cumprimento de uma prisão, voltamos no tempo, com uma breve linha histórica sobre o surgimento do cárcere no mundo e uma mais ampla apresentação da situação no Brasil, desde quando há registros. Em se tratando de críticas, recolhemos diversas opiniões de pessoas competentes a opinar, bem como da opinião pública, que é afinal o que paga o funcionamento de todo esse sistema, na esperança de que ele funcione e traga ao cidadão, a certeza da justiça sendo feita e da segurança que isso, consequentemente traria à sociedade. As informações foram retiradas de livros, artigos científicos e matérias jornalísticas.
Palavras-chave: Sistema Penitenciário. Penas Alternativas. Segurança Pública.
ABSTRACT
This work has as general objective, to present an overview of the functioning of the Brazilian prison system. The first chapter deals with the Brazilian prison system, showing its origin, evolution and characteristics, as well as others. Showing its general characteristics, it seeks to present the current concept of prison in a summarized way. Going through internal rules and alternative possibilities for serving a prison, we go back in time, with a brief historical line about the appearance of prison in the world and a broader presentation of the situation in Brazil, since when there are records. When it comes to criticism, we collect different opinions from competent people to give an opinion, as well as public opinion, which is, after all, what pays the functioning of this whole system, in the hope that it works and brings to the citizen, the certainty of justice being made and the security that this would consequently bring to society. The information was taken from books, scientific articles and journalistic articles.
Keywords: Penitentiary System. Alternative Feathers. Public security.
LISTA DE ABREVIATURAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 12
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SANÇÃO POR CÁRCERE............................... 14
2.1 SURGIMENTO ATUAL DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO....................................................................................................... 17
3. PRISÕES: SUPERLOTAÇÃO, REBELIÕES E VIOLÊNCIA........................ 26
3.1 TIPOS DE PRISÕES PREVISTAS NO DIREITO BRASILEIRO CAUTELARES 
E SANÇÃO.......................................................................................................... 29
3.2 LEI DE EXECUÇÕES PENAL (Lei 7.210/84) ............................................... 31
4. COMPARAÇÕES E DESAFIOS EM BUSCA DA MELHOR CONDIÇÃO...... 37
4.1 ASSISTÊNCIA PÓS-PENAL E SEU REFLEXO NA SOCIEDADE................ 38
5. MEDIDAS ADOTADAS E SUA EFICÁCIA ................................................... 40
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 49
REFERÊNCIAS................................................................................................... 50
1 
INTRODUÇÃO
A busca constante pela sensação de justiça, leva a sociedade e o sistema judiciário como um todo, a sempre buscar soluções eficazes na questão de modernizar e adequar as sanções aos que, cometendo um fato que venha a ferir as leis vigentes e a integridade da paz social. Com as constantes informações de crimes que, por muitas vezes, ferem o bom senso e o emocional do cidadão brasileiro, muitos defendem até mesmo à conhecida Lei de Talião, que tinha por base: ‘olho por olho, dente por dente’. 
A modernidade das técnicas traz opções a serem adotadas como poderosos auxiliares dentro do sistema de sanções, mas não demonstram à sociedade uma verdadeira punição, no ponto de vista popular. Essa eficácia não se apresenta em forma de números, em estatísticas e análises do panorama geral da presente situação e, consequentemente não demonstram o que pretendem trazer à tona. 
Justifica-se assim, o interesse pelo tema, devido ao alarmante índice carcerário, que se trata também de um dos itens que contribuem para dificultar ainda mais, tanto a aplicação de medidas como a possibilidade de seguir e fazer seguir regras que poderiam beneficiar o criminoso e a sociedade. 
Trata-se de relevante assunto, que engloba a humanização da pena, um dos pontos mais estudados em relação à ressocialização, é muito difícil de se aplicar, devido as condições precárias de muitos presídios no país e, para a socialização do detento à sociedade haveria que se extirpar muitos "vícios" sistêmicos que impossibilitam a aplicação de tais ideais.
A presente pesquisa objetiva demonstrar as facetas de um todo, pois somente estudando as práticas criminais e seus efeitos, poderá se chegar ao mais próximo do que é socialmente proveitoso socialmente. Esses estudos devem partir de juristas, chefes do Executivo, refletir no Legislativo juntamente com a opinião pública e desafogar e dar ao Sistema Judiciário, com melhores ferramentas, trazendo assim um melhor funcionamento do todo. 
A metodologia de pesquisa é a revisão literária, com utilização de doutrinas e legislação, bem como conteúdo de livros jurídicos, de artigos científicos e matérias jornalísticas de credibilidade, fonte de onde abundam informações que não encontramos nos livros didáticos, e que demonstram a realidade vivida no dia a dia, da população e das instituições carcerárias. 
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SANÇÃO POR CÁRCERE
Voltando ao período em que as primeiras civilizações surgiram e se desenvolveram, a Idade Antiga, temos como ponto central o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a 3.500 a. C., até a queda do Império Romano do Ocidente em 476 D.C. e o início da Idade Média no século V. São várias as civilizações que se formaram nesse período, mas teremos nosso foco nas civilizações clássicas Grega e Romana.
Antes do surgimento do Estado moderno, que é o principal detentor do poder de punir, a sociedade já tentava se organizar em famílias, clãs e tribos, mas sem muito sucesso como organização social.
 Os “clãs” ou “bandos”, como costumavam ser preconceituosamente chamados, tentando regular a conduta dos componentes do grupo, estabeleciam regras que visavam ao bem estarcomum (TELES, 2006, p. 20). Uma primeira aparição de um código que rege a conduta. Foram criadas para proteção própria ou de quem fazia parte do grupo, sempre se baseando na linha de parentesco, podendo ser a sanção aplicada considerada como uma vingança individual. A finalidade era manter o grupo seguro e fechado, de modo a apresentar quais deveriam ser os meios de conduta para convivência.
Quem infringia uma conduta estipulada, era punido com a expulsão do infrator da comunidade, a perda da proteção do grupo. Caso não pertencesse a ele e cometesse a infração, aplicava-se a vingança de sangue.
 Não havia proporção das penas a serem executadas, alcançavam a pessoa que consideravam culpada bem como aquelas vinculadas à ela, nos dando a visão da "desproporcionalidade". Não há registro sobre prisões, nessa parte da história, aplicava o castigo a própria pessoa lesionada, seus parentes consanguíneos ou até mesmo membros do mesmo grupo social, assimilando como recompensa pelo dano causado, a retribuição do mal cometido. A religião foi, seguramente, um dos aspectos mais relevantes, que agigantou-se com o passar do tempo, pois acreditavam que a paz era derivada dos deuses.
 A concepção da sanção, advinha também da parte emocional e sentimental da pessoa e dos eventos da natureza. Tudo o que não se explicava cientificamente, como os trovões, era considerados sinais da ira do deuses por algum tipo de lesão causada a alguma das leis. 
A partir desse estudo, que em todas as fases desse período, os aspectos religiosos e o consuetudinário estiveram presentes, sendo que o religioso dava o "tom" do certo e do errado. As pessoas de elevada posição social eram, também, portadoras do direito de punir, já que acreditavam que eram intérpretes e intermediários das vontades dos deuses. Os apenados, por sua vez, aceitavam sua punição terrena, já que a punição dos deuses poderia ser muito mais danosa.
 Surgindo a escrita, começou-se o processo de registro das leis, com a intenção de recordar e manter as sanções, retirando de um determinado grupo de pessoas, a detenção por memória do que era certo ou errado.
A Lei de Talião, foi considerada um grande avanço na época, já que trouxe a "proporcionalidade" à aplicação da pena. A fim de não exterminar com as tribos quando havia vinganças coletivas, o "talião" limitava a reação à ofensa a um mal idêntico ao praticado, com o fundamento de sangue por sangue, olho por olho, dente por dente.
As cláusulas do Código de Hamurabi, criado na Mesopotâmia, por volta do ano 1700 a. C., pelo rei Hamurabi, que ao publicar o seu código quis, supostamente, satisfazer o deus Samas, considerado o deus da justiça (ROIG, 2005), prevendo penas que deveriam ser assustadoras para quem transgredisse alguma norma. 
De suma importância citar, ainda, a Lei das XII Tábuas, o Código de Hamurabi, o Código de Manu e o Código de Sólon. Essas antigas codificações apresentavam uma série de punições, como variadas formas de pena de morte e mutilação.
Assim estabelecia o Código:
2. Se alguém fizer uma acusação a outrem, e o acusado for ao rio e pular neste rio, se ele afundar, seu acusador deverá tomar posse da casa do culpado, e se ele escapar sem ferimentos, o acusado não será culpado, e então aquele que o fez a acusação deverá ser condenado á morte, enquanto que aquele que pulou no rio deve tomar posse da casa que pertencia a seu acusador. [...]
22. Se estiver cometendo um roubo e for pego em flagrante, então ele deverá ser condenado á morte (CÓDIGO DE HAMURABI, acessado em 08 jun. 2014). 
 
 Havia, também, nesse Código, a diferenciação das penas de acordo com a classe social., como demonstrado abaixo:
[...] há um estrato de homens livres, uma camada de homens dotados de personalidade jurídica, mas com liberdade limitada (pode-se chamá-los “subalternos”) e uma parcela de escravos (equiparados ao um bem móvel). Não é difícil concluir que o código dará um tratamento diferenciado a cada um desses segmentos: por exemplo, aquele que, espancando a filha de um homem livre, faz com que ela aborte pagará uma indenização de 10 ciclos de prata; se tratar da filha de um subalterno, 5 ciclos; de um escravo apenas 2 (Aymard; Auboyer apud pinto, 2010, p. 33).
Importante ressaltar que, nessa época, não era difundida a prisão como pena-castigo, tema central deste trabalho, contudo já era utilizada em algumas situações como pena-custódia ou pena-processual, sendo empregada para assegurar a aplicação da penalidade e não como pena propriamente.
A punição pública fez parte das cidades-estados, com uma maior organização social e política dos povos, onde vemos indícios, como por exemplo, na antiga Grécia indícios de punições públicas[footnoteRef:1]. [1: CHIAVERINI, Tatiana. Origem da pena de prisão. 2009. Dissertação (Mestrado em Filosofia do Direito – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.
] 
O Direito na Grécia antiga não divergiu muito dos demais povos da antiguidade. Diante disso serão abordados aspectos mais relevantes no que concerne a prisão. As prisões ficavam afastadas, pois a intenção era que o preso permanecesse em constante isolamento, mas podemos perceber que, na maioria das vezes, no objetivo de assegurar a aplicação da punição, adotou-se a execução através da morte ou da disputa na arena.
O encarceramento por dívida, também era utilizado na antiga Grécia, até que a dívida fosse eliminada com o seu pagamento total:
[...] a Grécia também conheceu a prisão como meio de reter os devedores até que pagassem as suas dívidas. Ficava, assim, o devedor a mercê do credor, como seu escravo, a fim de garantir o crédito. Essa prática, inicialmente privada, foi posteriormente adotada como pública, mas ainda como medida coercitiva para forçar o devedor a pagar a dívida (BITENCOURT, 2014, p. 23).
No Direito Romano, percebemos que a crueldade nas punições diminui. Na república os crimes privados diminuíram e o suserano (chefe maior do poder) assumiu suas funções de jurisdição. Nesse período, existia previsão de prisão para os devedores, entretanto com a finalidade de custódia. Também existe registro de prisões mantidas pelo chefe da família romana na própria casa com o propósito de corrigir os seus membros ou os escravos
2.1 SURGIMENTO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
O Direito Penal era marcado por penas cruéis e desumanas, até o século XVIII, não havendo até então a privação de liberdade como forma de pena, mas sim como custódia, que buscava garantir que o acusado não iria fugir e também para a produção de provas. Os métodos de tortura eram considerados legítimos, enquanto o acusado aguardava o julgamento e a pena subsequente, privado de sua liberdade, em cárcere. O encarceramento era o meio do processo, não a própria punição.
Quando se iniciou o século XVIII, a pena privativa de liberdade passou a fazer parte do rol de punições do Direito Penal. As penas cruéis e desumanas, foram aos poucos extintas, devido as transformações políticas deste século, como a queda do antigo regime e a ascensão da burguesia. 
Não mais vista como um espetáculo público, que acreditavam ser um incentivo à violência, passa-se a utilizar a punição fechada, que segue regras rígidas. Não mais era punido o corpo do condenado, mas sim sua “alma”, o que gerou uma maior proporcionalidade entre o crime e a punição. 
 Ao fim desse século, começam a surgir os primeiros projetos do que se tornariam as penitenciárias que conhecemos hoje. 
Observa-se assim que a privação da liberdade e o isolamento como punição e reeducação aparece na Europa há poucos séculos, sem registros anteriores na 
 Antiguidade, pelo menos não como uso punitivo do encarceramento, utilizado na época apenas como uma detenção temporária do suspeito até o julgamento, ou do condenado, até que a punição final fosse imposta. Utilizavam sim o banimento, a infâmia, a mutilação, a morte e a expropriação como penas mais comuns e em muitos casos transformadas em espetáculo.[footnoteRef:2] [2: HOLLOWAY, Thomas. O calabouço e o aljube do Rio de Janeirono século XIX. In: Nunes, Clarissa; Neto, Flávio; Costa, Marcos; e Bretas, Marcos (eds.). História das prisões no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2015. vol. II.] 
Durante a Idade Média continuaram com os espetáculos de dor e sangue, dessa vez não apenas como punição e exemplo, mas como expiação, já as penas, de maneira diversa do que acontece nos dias atuais, o que depende do réu. O conjunto de leis deixava largo espaço para as decisões pessoais de reis e seus representantes, da Igreja e seus clérigos, ocasionando em arbitrariedades típicas do Antigo Regime, já que um mesmo delito poderia ser perdoado e até mesmo ignorado, sendo por vezes punidos com tortura e morte cruéis.5
Nos últimos anos da Idade Média aparecem as prisões de Estado, que se destinam a receber os inimigos do poder real ou senhorial, permanecendo à disposição do rei e com o crescimento das aglomerações urbanas deu ensejo à implantação, em fins do século XVI, das casas de trabalho, destinadas a mendigos, prostitutas e vagabundos.[footnoteRef:3] [3: 
 KOERNER, Andrei. Punição, disciplina e pensamento penal no Brasil do século XIX. Lua Nova, São Paulo, n. 68, p. 205-242, 2016. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ln/n68/a08n68.pdf. Acesso em: 14 abr 2020.] 
Nota-se que essas casas normalmente existiram em cidades ou países onde o movimento reformista criou raízes e abriram espaço para uma futura concepção do trabalho como regenerador de criminosos, que no século seguinte e principalmente no setecentos começaria a se espalhar pela Europa.
Na Idade Média houve grande crescimento da população e essa urbanização e as graves crises de fome que marcaram o período resultaram em um grande aumento de criminalidade e em revolta social, esses movimentos ainda se somaram ao inconformismo social e levantes, que eram considerados delitos graves e, as mesmas razões que levavam a sublevação, deram origem a uma massa de famintos que vagava pela Europa roubando ou mendigando. 
Neste cenário, as penas cruéis e a própria pena de morte, aplicadas em público, utilizadas na Idade Média em resposta a crimes de menor potencial ofensivo, como roubar comida, ofensa ao patrão ou blasfêmia, já não eram mais adequadas, com a intenção de evitar um levante popular, alterando também a aceitação total de espetáculos inconcebíveis de punir publicamente, passando a ser considerados como afronta ao racionalismo e ao humanismo, marcando o século XVIII. 
Segundo Cesare Beccaria, em Delitos e penas (1764), afirmava que, se a punição fosse muito severa em relação a qualquer tipo de delito, mais crimes o indivíduo cometeria para escapar ao castigo prescrito. Pedia, pois, que todas as formas cruéis de castigo fossem abolidas.[footnoteRef:4] [4: Beccaria, Cesare. Dos delitos e das penas. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.] 
Havia na Europa nos séculos XVI e XVII, as casas de correção que preveniam e corrigiam os chamados “hábitos perniciosos”, mas não havia estabelecimentos para cumprimento de pena e ao mesmo tempo, os movimentos reformistas iniciam o questionamento sobre a crueldade com que são tratados os presos e as condições degradantes a que eram submetidos nas prisões.8
No período colonial, os estabelecimentos prisionais na Corte e no Brasil, eram terríveis e inspiravam a todos, pela insegurança, desorganização, insalubridade e fome, desde a segunda metade do século XVIII percebe-se uma incipiente tentativa de melhorar as condições dos presos e fazer com que estes fossem recuperados, de alguma maneira. 8
Em 1833, aconteceu a construção da Casa de Correção do Rio de Janeiro, baseado em uma outra existente na Europa, sendo considerado como um marco no processo de intervenção da medicina social no espaço carcerário. 8
Outras formas de encarceramento continuaram, ao longo da primeira metade do século XIX, dividindo espaço com a Casa de Correção, somando-se as cadeias tradicionais, onde se recebiam os condenados às galés e revoltosos, em geral. Havia, também, o calabouço, destinado exclusivamente aos escravos, finalizados em 1874, quando a escravidão passou por seu declínio no Rio de Janeiro. 8
O sistema prisional, baseado no encarceramento diferenciado e delimitado por penas variáveis, aparece no mundo contemporâneo (ou, pelo menos, na maior parte dele) como concretização por excelência de sanções impostas a indivíduos que quebram as regras estabelecidas pelo grupo social[footnoteRef:5] [5: Vainfas, Ronaldo (org.). Cárcere. In: Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
] 
Como instrumento internacional, é essencial citarmos o Pacto de São José da Costa Rica[footnoteRef:6], do qual o Brasil é signatário, no sistema interamericano de direitos humanos. Em especial, os artigos: 4º - Direito à vida e 5º - Direito à integridade pessoal, que tratam de pontos como a pena de morte, a integridade física, a questão do menor delinquente, entre outros: [6: CALDEIRA, Felipe Machado. A evolução histórica, filosófica e teórica da pena. Revista da EMERJ, Rio de Janeiro, nº45, v.12, 2009.
] 
Artigo 5º - Direito à integridade pessoal
1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.
4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas.
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento.
6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos condenados.
Existem dois tipos de sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos: o global, que foi arquitetado pela Organização das Nações Unidas, iniciando-se com a Carta da ONU em 1945, da qual adveio a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 seguida de outros pactos; e os sistemas regionais do qual fazem parte o europeu, o interamericano e o africano. Também, não podemos deixar de citar, a Resolução 32/127 da Assembleia Geral da ONU, que estimula a criação dos sistemas regionais em 1977[footnoteRef:7]:  [7: CHIAVERINI, Tatiana. Origem da pena de prisão. 2009. Dissertação (Mestrado em Filosofia do Direito – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.
] 
Os Estados em áreas em que acordos regionais de direitos humanos ainda não existem, a considerar a possibilidade de firmar tais acordos, com vista a estabelecer em sua respectiva região um sustentável aparato regional para a promoção e proteção dos direitos humanos
Assim os sistemas regionais buscam atender às necessidades de cada região levando-se em conta seus aspectos sócios culturais, com a preocupação voltada à proteção com a intenção de garantir maior sucesso. O Sistema Interamericano atua paralelamente ao sistema de proteção aos direitos humanos da ONU.
Como colônia de Portugal, até 1830, o Brasil não tinha seu próprio Código Penal. Submetia-se às Ordenações Filipinas, que, em seu livro V, elencava crimes e penas que seriam aplicadas no Brasil[footnoteRef:8]. Pena de morte, degredo para as galés e outros lugares, penas corporais (como açoite, mutilação, queimaduras), confisco de bens e multa e ainda penas como humilhação pública do réu eram exemplos de penas aplicadas na colônia. A previsão de pena privativa de liberdade não existia, utilizando-se ainda o método de custódia. [8: MELOSSI, Dario; PAVARINI, Massimo. Cárcere e fábrica: As origens do sistema penitenciário (séculos XVI – XIX). Rio de Janeiro: Revan, 2006.] 
Em 1824, com a nova Constituição, o Brasil começa a reformar seu sistema punitivo: banem-se as penas de açoite, tortura e outras penas cruéis; determina-se que as cadeias devem ser “seguras, limpase bem arejadas havendo diversas casas para a separação dos réus, conforme a circunstâncias, e natureza dos seus crimes”. A abolição das penas cruéis não foi plena, já que os escravos ainda estavam sujeitos a elas.
 Somente em 1830, com o Código Criminal do Império, a pena de prisão é introduzida no Brasil em duas formas: a prisão simples e a prisão com trabalho (que podia ser perpétua). Não há especificação sobre sistemas penitenciários, sendo que os governos das províncias escolhiam o tipo de prisão e seus regulamentos.
A precariedade das penitenciárias no Brasil, fez com que a Lei Imperial em 1828, determinasse que fossem elaborados relatórios das prisões civis, militares e eclesiásticas, a fim de trabalhar em sua melhoria e aparentemente, deu resultado.
O primeiro relatório da cidade de São Paulo, foi em abril de 1829, que trata de problemas que hoje encontramos atuais, como falta de espaço para os presos e a convivência entre condenados e aqueles que ainda aguardavam julgamento.
Já em 1841, foram apresentadas sugestões para a futura Casa de Correção de São Paulo (inaugurada em 1852). É nessa época, especialmente com a construção das casas de correção no Rio de Janeiro (1850) e em São Paulo, que ocorrem as primeiras mudanças no sistema penitenciário brasileiro com a introdução de oficinas de trabalho, pátios e celas individuais, por conta da implantação de modelos estrangeiros como o Sistema da Filadélfia e o de Auburn.
Em 1890, o novo Código Penal aboliu as penas de morte, penas perpétuas, açoite e as galés e previa três tipos de prisão: 
Tabela 1 – Tipos de prisão (1890)
	Célula
	reclusão em “fortalezas, praças de guerra ou estabelecimentos militares”, destinada aos crimes políticos;
	Prisão com trabalho
	cumprida em penitenciárias agrícolas, para esse fim destinadas ou em presídios militares
	Disciplinar
	cumprida em estabelecimentos especiais para menores de 21 anos. Uma inovação desse Código foi estabelecer limite de 30 anos para as penas.
Fonte: (PIMENTEL, 2009).
Surgiu a dificuldade do cumprimento da pena de trabalho, por falta de espaços e incentivo externo (vagas) para isso, o que se tornou um problema de complicada solução por parte das autoridades, que foram obrigadas a pensar em novos métodos para a solução do problema.
O problema atual de falta de vagas nas prisões, já existia então, criando outro grave problema, que é a deterioração do ambiente dos presídios. A superlotação nas capitais, se davam por motivo de transferência de criminosos de cidades pequenas, que não tinham infraestrutura para abrigá-los e fazê-los cumprir o regime adotado em sua sentença.
No início do século XX, foi aprovada uma lei para a substituição da antiga penitenciária em um novo estabelecimento, com 1.200 vagas, oficinas de trabalho, tamanho de celas adequado, com boa ventilação e iluminação. O prédio foi entregue em 1920, mesmo antes de seu término.
 A questão dos Direitos Humanos[footnoteRef:9] hoje, é mais atuante do que nunca antes. A integridade moral e física da pessoa, busca ser garantida, independente de sua condição legal. [9: PIMENTEL, Manoel Pedro. Crime e Pena: Problemas Contemporâneos. Revista de Direito Penal, v. 28, p. 53-70, jul./dez. 2009.] 
 Em contraposição, há o conflito do uso do Direito Penal, como uma política pública, muitas vezes para coibir deficiências e problemas sociais, e é considerado como o principal problema que dá início à falência do sistema e da segurança pública.
 A ideia de recuperação do indivíduo cai por terra com o total descontrole do atual sistema penitenciário, que incentiva, ao contrário do esperado e buscado há anos, o aprimoramento da criminalidade, a revolta potencializada e um berçário para os grandes criminosos.
 Por consequência desta falência do sistema prisional brasileiro temos uma quantidade absurda de ex-detentos devolvidos à sociedade sem qualquer reabilitação. Pelo contrário, retomam a liberdade mais próximos da criminalidade e seus agravantes. 
 A responsabilidade do Estado não fica despercebida, muitos culpam também a sociedade que não apoia, que os rechaça. O Estado é apontado como causador do desvirtuamento moral dos indivíduos que tiveram negados os seus direitos naturais, tais como direito à vida, saúde e educação, tornando-se portanto indivíduos socialmente excluídos mesmo após terem cumprido a sua pena.
 A realidade é que o sistema prisional Brasileiro se tornou um depósito de pessoas vivendo em condições sub-humanas, que mais nos faz recordar animais abandonados. As consequências não poderiam ser outras, o resultado de uma conta que não teriam outro resultado.
 Acredita-se que o sentimentalismo direcionado ao preso hoje, deve-se ao período da Ditadura Militar, acreditando que hoje tudo é permitido, dependendo das circunstâncias, mesmo que cometendo algum ilícito. Obviamente não se pactua com a ideia de um massacre, como na Penitenciária do Carandiru, com direitos básicos, jogados por terra, quando a Polícia Militar em busca de retomar o Complexo durante uma rebelião, invadiu-a e executou sumariamente 103 detentos que somados a outros que aparentemente foram mortos em conflitos entre os próprios detentos somaram 111 mortos.
 Outro caso notório, de grande repercussão, foi o do 42º Distrito Policial que confinou 51 detentos que planejavam uma tentativa de fuga, de uma cela de 1,5 x 4m e sem ventilação, que levou a morte de 18 destes por asfixia. 
Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) ao longo de 20 meses que incluem o ano de 2007, 558 presos foram assassinados enquanto cumpriam a sua pena.
 A taxa geral de homicídios do apenado recluso no país é de 24 para cada 100 mil presos neste mesmo período. Segundo a pesquisadora sênior do Centro
Segundo o MINISTÉRIO DA JUSTIÇA - DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL em 06/2009 já existiam 469.546 detentos e uma carência de 170.000 vagas prisionais. De acordo com o IBGE[footnoteRef:10] a população brasileira é de 189.612.814 habitantes, logo, para cada 100.000 habitantes a população carcerária é de 247,68 detentos. [10: SANTOS, Juarez Cirino dos. A Criminologia Radical. 2. Ed. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2016. Jornal A Tarde. Coluna: Política “As Prisões Aperfeiçoam pessoas na carreira criminal” , p. 20. Em 17 fev. 2020
] 
 O Núcleo da Região Metropolitana de Maringá divulgou em 23/03/2009 em seu site que o Estado do Paraná gasta quatro vezes mais com um presidiário do que com um aluno. Isso nos leva a crer que o problema de falta de recursos e da má administração do escasso recurso recebido não é status exclusivo do sistema prisional brasileiro e afeta igualmente muitos outros segmentos da sociedade. 
 Apesar dos problemas no sistema prisional o art. 37, 6 º, da CF[footnoteRef:11], atribui responsabilidade de forma objetiva pelos danos ocorridos aos detentos enquanto estes estão em custódia no sistema prisional, devendo o Estado indenizar os danos materiais e morais do detento se este comprovar o nexo de causalidade entre a lesão e o dano. Esta responsabilidade leva em consideração tanto a ação quanto a omissão da instituição prisional. [11: BRASIL, República Federativa. Constituição Federal de 1988.
] 
 Desta forma, a morte de um detento gera o direito a indenização para a família do detento morto, mesmo que este tenha sido morto por companheiro de cela. Neste caso, mesmo tendo sido praticado por terceiro, não anula-se a responsabilidade civil do Estado em sua obrigação de proteger.
 As estatísticas não demonstram bons números: De 2000 a 2014, a população carcerária brasileira cresceu 167,32 %, sendo então a 4ª maior do mundo. Essa população contava então com 622.202 presos, sendo que havia na época 371.884 vagas, com déficit de mais de 250 mil vagas.[footnoteRef:12] [12: Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/video-360-graus-mostra-superlotacao-dos-presidios-brasileiros/acessado em 21 fev 2020 - Publicadoem 21 jun 2017, 12h18
] 
 Em 10 estados brasileiros, a superlotação ultrapassa os 80%, na sequência de maior déficit para menor estão os estados de Rondônia, Amazonas, Tocantins, Pernambuco, Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Ceará e Bahia.
 Em 7 desses estados, o número de presos provisórios, ultrapassa o número de vagas. Se reduzissem pela metade o número de presos sem julgamento, acabariam com a superlotação de seus presídios
3 PRISÕES: SUPERLOTAÇÃO, REBELIÕES E VIOLÊNCIA
 A superlotação das celas, sua precariedade e insalubridade tornam as prisões num ambiente propício à proliferação de epidemias e ao contágio de doenças, comidas estragadas e ratos fazem parte da realidade de quem vive nos presídios. Todos esses fatores estruturais aliados ainda à má alimentação dos presos , o sedentarismo, o uso de drogas, a falta de higiene e toda a aparência sinistra da prisão, fazem com que um preso que adentrou lá numa condição sadia, de lá não saia sem ser acometido de uma doença ou com a sua resistência física ou saúde fragilizadas. 
 Os presos adquirem as mais variadas doenças no interior das prisões. As mais comuns são as doenças do aparelho respiratório, como a tuberculose e a pneumonia. Também o alto índice da hepatite e de doenças venéreas em geral, a AIDS por excelência. Nas prisões, estima-se aproximadamente 20% dos presos brasileiras sejam portadores do HIV, principalmente em decorrência do homossexualismo, da violência sexual praticada por parte do outros presos e do uso de drogas injetáveis. Além das doenças há um grande número de presos portadores de distúrbios mentais, de câncer, hanseníase e com deficiências físicas ( paralíticos e semi- paralíticos).
 Quanto à saúde dentária, o tratamento odontológico na prisão resume-se à extração de dentes. Não há tratamento médico hospitalar dentro da maioria das prisões.
 Para serem removidos para hospitais os presos dependem de escolta da PM, a qual na maioria das vezes é demorada, pois depende de disponibilidade. Quando o preso doente é levado para ser atendido, há ainda o risco de não haver mais uma vaga disponível para o seu atendimento, em razão da igual precariedade do nosso sistema público de saúde.
 A superlotação é um dos problemas dos presídios no Brasil. Dados de 2014 do Departamento Penitenciário Nacional ( Depen ), mostram o crescimento gradual da população carcerária no Brasil em 2004 o país tinha 336 mil presos, dez anos depois esse número quase dobrou com 622 mil, sendo 584,7 mil em prisões estaduais, 37,4 mil em carceragens de delegacias e 397 nas quatro prisões federais em funcionamento no país. 
 Tudo isso provoca o aumento da violência, tentativas de fuga e ataques aos servidores do sistema penal. 
 
[...] os presídios da América Latina, incluindo o Brasil, foram transformados em verdadeira “ fábrica de presos”, esquecidos ali no Estado. O referido autor salienta que a superlotação carcerária passou a ser a regra das prisões, que acompanhado com ela, vieram as rebeliões e a prática de diversos atos criminosos no interior do próprio sistema penitenciário, cometidos pelos próprios detentos, como também pelos servidores do sistema prisional (Greco ,2015).
 
 Estudo realizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) entre fevereiro de 2012 e março de 2013, denominado “ A visão do Ministério Público sobre o Sistema Penitenciário Brasileiro, que inspecionou 1.598 unidades prisionais em todo Brasil, traz o porquê os sistema prisional chegou neste caos, verifica assim que a superlotação é o primeiros deles , pois possuem a capacidade para cerca de 302 mil presos, porém abrigam quase 449 mil, ou seja, em torno de 150 mil detentos além da capacidade permitida. 
 Ao lado desse déficit de 48% das vagas, outro fator a recuperação do preso é a ausência de separação entre presos provisórios e já condenados .De 600 mil pessoas encarceradas só cabem 371 mil pessoas, ou seja para cada cela feita para receber 8 pessoas , vivem 13 pessoas mas este número poderia ser bem menor, 40 % dos presos brasileiros nem foram condenados ainda, até porque não tem quem os defendam, não existem defensores públicos suficientes , quem não tem dinheiro para pagar um advogado acaba mofando .
 No Brasil temos apenas 1/3 dos defensores públicos necessário para suprir a demanda, mesmo presos em flagrante acabam esperando 136 dias para uma primeira audiência, o que acaba sendo preocupante, sendo que 40% deles acabam não sendo condenados no fim do processo. 
 A higiene, as instalações médicas e acesso a atendimento médico, farmacêutico e odontológicos, em muitos estabelecimentos prisionais são precárias e deficientes, além do que o acompanhamento médico inexiste em algumas delas. Quem mais sofre com a carência de assistência médica são as detentas, pois necessitam de atendimento ginecológicos, muitas penitenciárias não possuem meios de transportes para levar as internas para uma visita ao médico ou algum hospital. Sanitários coletivos e precários são comuns, piorando as questões de higiene. 
 A promiscuidade e a desinformação dos presos, sem acompanhamentos psicosocial, levam à transmissão de Aids entre os presos, muitos deles sem ao menos terem conhecimento de questão contaminados. Muitos chegam em estado terminal sem qualquer assistência por parte da direção de penitenciárias. 
 Segundo um relatório da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos sobre a situação dos direitos humanos no Brasil, muitos presos se queixam de doenças gástricas, urológicas, dermatites, pneumonias e ulcerações, mas não são atendidos adequadamente, afirmando que muitas vezes nem sequer havia remédios básicos para tratar essas doenças.
 Muitos sofrem com o frio, outros acabam se molhando dias de chuvas e permanecem com a roupa molhada n corpo, causando doenças como gripes fortes e pneumonias. Para diminuir essa escassez muitos guardas são subornados por parentes dos detentos que lhe providencia roupas em troca de dinheiro. A possibilidade fática de um acompanhamento médico adequado evitaria que certas situações de maus tratos, espancamentos e outras violências contra os encarcerados ficassem sem devida apuração e socorro. A falta de higiene é tanta de detentos defecam em sacolas plásticas e as jogam pelas grades da cela, e como não são recolhidas, se acumulam cada vez mais no espaço externo. 
 As rebeliões acontecem como forma de reivindicações pelos próprios presos, pois revoltam eles, criando assim a violência e disputas entre facções. Pois se submetem de forma desumana o tratamentos à eles, com comidas estragadas, não ter água limpa para tomar e sim suja, tendo que dormir em contatos com ratos e baratos. Sendo que não seja uma demonstração de poder, mas um pedido de respeito à dignidade humana. 
 As ocorrências devem-se também a disputas das facções que lideram dentro dos presídios, em 1º de janeiro de 2017 o país ficou chocado com o massacre ocorrido em uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) em Manaus, quando 56 presos morreram, só é superada em número de mortos pelo chamado massacre do Carandiru, no qual 111 detentos foram mortos em 1992. Agentes carcerários feitos de reféns foram libertados após negociação entre os líderes da rebelião e autoridades. Essa guerra de facções criminosas e para ocupar pavilhões da unidade prisional e matar internos ligados á facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC). 
 
 Os principais problemas encontrados nos presídios são:
- espaço físico inadequado;
- atendimento médico, odontológico e psicológico insatisfatório;
- direitos dos presos tratados comoliberalidades;
- uma quantidade considerável de presos star nas ruas por causa da Progressão Penal ou pelo cumprimento de pena;
- falta de acesso efetivo à Justiça ou Defensoria Públicas;
- Segurança Pública não consegue inibir as atividades de crimes organizados que consegue orquestrar diversas atividades retaliativas junto à sociedade, como o ataque ordenado contra policiais, fechamento de comércio e escolas , execuções sumárias, paralisação dos transportes coletivos e atentados à prédios públicos;
- torturas e maus tratos, corrupção , negligência e outra ilegalidades praticadas pelos agentes públicos, além da conivência destes às movimentações que redundavam em fugas e rebeliões, inclusive com saldo em mortes de presos;
- incapacidade da segurança pública em manter a ordem e aplicar a lei com rigor sem desrespeitar os direitos humanos dos apenados bem como incapacidade em cumprir as normas afirmadas nos acordos internacionais, os quais o país é signatário;
- rebeliões e atentados frequentes nas prisões;
- entrada de materiais proibidos que dão apoio ao crime dentro e fora da prisões, tais como aparelho celular e armas brancas;
- Estado não consegue aplicar tecnologia existente de forma de prevenir ou combater o crime, tais como bloqueador de rádio frequência, raio x e detector de metais.
3.1 TIPOS DE PRISÕES PREVISTAS NO DIREITO BRASILEIRO CAUTELARES E SANÇÃO
Prevista na lei 7.960/89, a prisão temporária serve como auxiliar durante investigação criminal, podendo acontecer somente nesta fase, devendo ser indispensável para seu bom andamento, ou se o investigado não possuir residência fixa, não esclarece sua identidade, ou ainda, se houverem fortes indícios de sua participação em crimes como homicídio doloso (quando há intenção de matar), sequestro, roubo, extorsão, quadrilha, tráfico de drogas, entre muitos outros. Observe que não se pede que haja provas para prisão temporária e que ela só pode acontecer na fase de investigação. Tratando de prazos,  para a prisão temporária são cinco dias nos casos de crime comum, sendo prorrogáveis pelo mesmo período, comprovada extrema necessidade. Para crimes hediondos, o prazo para este tipo de prisão cautelar é de 30 dias sendo prorrogáveis por igual período, comprovada extrema necessidade
Já a prisão preventiva, prevista no artigo 312 do Código de Processo Penal, existe para garantir a ordem pública (para fatos polêmicos), conveniência da instrução criminal (evitar que o réu atrapalhe as investigações ou fuja do país para evitar prisão), quando houver prova e indício suficiente de autoria. Tratando de prazos,  para este tipo de prisão não há determinação para acabar e pode ocorrer em qualquer fase do processo, desde que haja provas contra o investigado.
A prisão em flagrante delito, prevista no artigo 301 do Código de Processo Penal, acontecendo quando a pessoa é encontrada no momento ou pouco depois de acontecer um crime, é perseguida logo após ter cometido um crime (perseguida por um policial, pela vítima ou outra pessoa qualquer), é encontrada logo após com objetos que comprovem sua autoria.
Como o momento dessa prisão é questionada pela doutrina, com ideias bastante divergências sobre sua legalidade ou não, poderá ser considerada ilegal e acontecer o relaxamento, quando o preso é liberado ou passar para outro tipo de prisão, preventiva ou temporária, de acordo com os requisitos que preencher. Pode também receber a liberdade provisória, se não houver motivos para mantê-la presa, devendo esperar o julgamento, quando então poderá ser condenado e cumprir pena.
A prisão preventiva para fins de extradição é o processo em que se entrega uma pessoa a autoridades de um outro país, tendo sido solicitado por esse e julgado pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro. Não serão passíveis dessa prisão, os brasileiros natos ou estrangeiros que cometeram crimes de natureza política ou de opinião.[footnoteRef:13]Todas essas listadas acima, sendo prisões provisórias, que hoje são 40% dos presos do Brasil, segundo o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN)[footnoteRef:14]. [13: BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da Pena de Prisão: causas e alternativas. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014
] [14: Disponível em: http://www.justica.gov.br/seus-direitos/politica-penal. Acesso em 31 jan 2020.] 
Quanto aos outros 60%, já cumprem penas definitivas. Em outubro de 2016, o STF decidiu que, o réu após ser condenado em segunda instância, a pena já pode ser cumprida, o que antes só acontecia depois do trânsito em julgado, esgotados todos os recursos e análises do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.
Sendo o único tipo de prisão civil no Brasil, a prisão do não pagador de pensão alimentícia, prevista no artigo 733, do Código de Processo Civil, que acontece quando o devedor não pagar ou não comprovar que não pode pagar, no período de um a três meses. Essa prisão, não libera o preso do pagamento das mensalidades vencidas e as que estão por vencer, sendo interrompida a pena assim que normalizado o pagamento vencido.
Quando o regime é aberto ou semiaberto, o réu poderá cumprir sua pena em casa, em prisão domiciliar. Nem todos podem obter esse benefício e seus requisitos constam do artigo 117 da Lei de Execução Penal, sendo: maiores de 70 anos, portador de doença grave, mulher com filho menor de idade ou deficiente e gestantes. 
Utiliza-se também essa modalidade, quando há falta de vagas no sistema prisional, o que acontece com bastante frequência, sendo uma alternativa para quem deveria cumprir em uma casa do albergado, quando essa não existe em sua cidade ou não há vagas. 
Nessa modalidade, utiliza-se a tornozeleira eletrônica, para monitoramento policial. Deve estar em casa no período entre 21 horas e 05 horas da manhã, domingos e feriados ficar em casa em tempo integral, não beber, comprovar trabalho em um prazo de três meses e se apresentar à Justiça sempre que requisitado.
 
3.2 LEI DE EXECUÇÕES PENAL (Lei 7.210/84) 
 A Lei de Execução Penal, nº 7.210, de 11 de julho de 1984, trata do direito do reeducando (condenado e internado) nas penitenciárias brasileiras e da sua reintegração à sociedade. Faz-se mister lembrar que a Lei nº 10.792, de 1º de dezembro de 2003, além de alterar a própria LEP, modifica também o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.[footnoteRef:15] [15: CHIAVERINI, Tatiana. Origem da pena de prisão. 2009. Dissertação Mestrado em Filosofia do Direito – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.
] 
 Após a exposição das prisões cautelares no capítulo anterior há outras que são decorrentes de sentença penal condenatória transitada em julgado, hipótese em que já não se fala em prisão como cautela, mas como sanção pela infração penal praticada.
 Em seus artigos 1º e 2º, parágrafo único, a Lei 7.210/84 afirma seu alcance aos presos condenados e aos presos provisórios. Dividida em partes que abrangem amplamente a permanência de um cidadão em poder de Estado, podemos apreciar seus tópicos, os quais possuem subdivisões referente ao tema principal:
1. Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal
1. Do condenado e do Internado
1. Dos Órgãos da Execução Penal
1. Dos Estabelecimentos Penais
1. Da Execução das Penas em Espécie
1. Da Execução das Medidas de Segurança
1. Dos Incidentes de Execução
 No caso do preso estrangeiro que cumpre pena em território brasileiro, a LEP será aplicada, sem distinção, pois os direitos fundamentais elencados no artigo 5º da Constituição Federal se estende à ele. Caso esteja ilegal no país, o STJ se manifestou da seguinte maneira:
O fato de estrangeiro estar em situação irregular no país, por si só, não é motivo suficiente para inviabilizar os benefícios da execução penal. Isso porque a condição humana da pessoa estrangeira submetida a pena no Brasil é protegida constitucionalmente e no âmbito dos direitos humanos. Com efeito, esses são aplicáveis não só às relações internacionais, mas a todo o ordenamentojurídico interno, principalmente às normas de direito penal e processual penal, por incorporarem princípios que definem os direitos e garantias fundamentais.” (HC 274.249-SP, Relatora Marilza Maynard - Desembargadora convocada do TJ-SE -, julgado em 4/2/2014).[footnoteRef:16] [16: Disponível em: https://www.conjur.com.br/2013-set-29/segunda-leitura-trabalho-marilza-maynard-frente-tj-exemplar. Acesso em 31 de Outubro 2017.] 
O respeito à individualização da pena impede a ressocialização, pois os antecedentes e a personalidade de cada pessoa deve ser analisada dentro da execução penal. Quando o Estado o conhece, ele terá seu caso avaliado individualmente dentro do sistema, que buscará então a melhor maneira de reintegrá-lo ao convívio saudável dentro da sociedade através da imposição de pena. Essa classificação é realizada por uma comissão, nos termos do art. 6º da LEP.
Visando a reintegração, o preso deve receber por parte do Estado, direta ou indiretamente, assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa. Após esse período, deve haver o amparo ao sair da prisão, e é o que ampara o art. 10, parágrafo único, oferecendo ao egresso, o direito à assistência, para que o processo a seu favor cause bom efeito e ele não volte a delinquir. 
São considerados egressos[footnoteRef:17]: [17: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm. Acesso em 30 jan 2020.] 
a) o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento; 
b) o liberado condicional, durante o período de prova.
Para ilustrar melhor esse conceito, a Lei 13.167/15 alterou o art. 84 da LEP, devendo ser adotados os seguintes critérios de separação de presos: " § 1º Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os seguintes critérios: 
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados; 
II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 
III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados nos incisos I e II. 
" § 3º Os presos condenados ficarão separados de acordo com os seguintes critérios": 
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados; 
II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 
III - primários condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 
IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou contravenções em situação diversa das previstas nos incisos I, II e III. 
"§ 4º O preso que tiver sua integridade física, moral ou psicológica ameaçada pela convivência com os demais presos ficará segregado em local próprio.”.
O artigo 9º da LEP determina a identificação do perfil genético do condenado em duas hipóteses: crimes dolosos com violência de natureza grave contra a pessoa e em qualquer dos crimes hediondos, trata-se de hipótese de identificação criminal, que deve ser realizada ainda que identificado civilmente o condenado. A identificação se dá pela extração de DNA, e a técnica deve ser adequada e indolor, e as informações devem ser armazenadas em banco de dados sigiloso.
 A Lei elenca uma série de deveres inerentes ao preso e a violação de algum dos deveres pode fazer com que o preso sofra sanções disciplinares. Além disso, como a análise comportamental é levada em consideração durante toda a execução, a oposição aos deveres pode causar a não concessão ou a revogação de benefícios já concedidos. Os deveres também são aplicáveis aos presos provisórios, exceto, é claro, aqueles decorrentes de sentença penal condenatória transitada em julgado, a exemplo da indenização à vítima (art. 39, VII).
Elenca também seus direitos, art. 41, em rol exemplificativo, como o direito à alimentação e vestuário, Previdência Social (art. 41, III). Um tema muito debatido é o auxílio-reclusão, que só devido quando a pessoa presa era, anteriormente à prisão, contribuinte da Previdência Social, a partir do momento que contribuiu para o Instituto, independente do tempo, sem carência, por condenação ao regime fechado ou semiaberto.
A visita é também direito do preso, com previsão expressa (inciso X). O preso tem direito a ser visitado pelo cônjuge, companheiro, parentes e amigos, em dias determinados. Embora a lei fale em “companheira”, a presa também faz jus à visita do companheiro do sexo masculino. Esse direito poderá ser suspenso pelo diretor do estabelecimento, por ato motivado, por uma questão de segurança. A visita íntima, não está prevista em lei e é discricionária da administração do estabelecimento prisional. 
O Regime Disciplinar Diferenciado, é um ponto a ser elucidado, devido ao seu rigoroso conceito. Suas características são:
a) a duração máxima é de 360 (trezentos e sessenta) dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de 1/6 (um sexto) da pena aplicada; 
b) recolhimento em cela individual; 
c) visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; 
d) saída diária da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol. O RDD é decretado por decisão judicial, e são necessárias as prévias manifestações do MP e da defesa (STJ, HC 89.935/BA e art. 54, § 2º).
Será aplicado ao preso, provisório ou condenado, que pratica fato previsto como crime doloso e que ocasione subversão da ordem ou disciplina internas. Poderão ser decretados aos presos provisórios ou condenados, brasileiros ou estrangeiros, que apresentem alto risco à ordem e à segurança do estabelecimento penal ou da sociedade, ou quando existirem fundadas suspeitas de envolvimento ou de participação em organização criminosa.
Os presos devem ser separados de acordo com os seguintes critérios (art. 84), § 1º, onde diz que os presos provisórios ficarão separados de acordo com os seguintes critérios: 
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados; 
II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados nos incisos I e II. 
§ 3º Os presos condenados ficarão separados de acordo com os seguintes critérios: 
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 
III - primários condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 
IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou contravenções em situação diversa das previstas nos incisos I, II e III. 
§ 4º O preso que tiver sua integridade física, moral ou psicológica ameaçada pela convivência com os demais presos ficará segregado em local próprio.”.
O Agravo em Execução, é o nome do Recurso cabível contra todas as decisões do juiz da execução penal e está previsto no art. 197 da Lei 7.210/84, seu prazo de interposição é de 5 (cinco) dias (STF, Súmula n. 700). É importante frisar que a Súmula n. 192 do STJ, compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado, a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual, significando que ainda que a condenação tenha se dado na Justiça Federal, caso o preso cumpra pena em presídio estadual, os pedidos referentes à execução penal serão feitos ao juiz estadual e vice-versa. 
 
4 COMPARAÇÕES E DESAFIOS EM BUSCA DA MELHOR CONDIÇÃO
Nosso país tem dimensões continentais e seus problemas parecem acompanhá-lo. Dentro do nosso tema, é claro que não há espaço suficiente para atender a demanda de sentenciados e os que aguardam com sua liberdade restringida.
Há várias medidas urgentes que devem ser tomadas (e observadas com rigor), na tentativa de retomar a saúde dos cárceres e a visão da sociedade em relação ao assunto:
 1. Além do espaço físico, a vontade política, no sentido de treinamento de profissionais capacitados, o que inclui médicos, advogados,agentes penitenciários, assistentes sociais, etc. É necessário darmos as vidas o seu devido valor, para revertermos a situação.
 2. A ocupação do preso, que deve prover seu próprio sustento e gerar lucro com seu trabalho como recluso, para não sobrecarregar o Estado e não usufruir, de maneira absurda, dos impostos pagos pelos cidadãos que não se envolveram com o crime.
 3. Após a saída da prisão, há de se garantir sua real reinserção na sociedade, enfrentar o mercado de trabalho, produzir, pagar impostos e sentir que a recuperação aconteceu, houve uma punição que já terminou e que a pessoa pode voltar a ser útil em uma vida digna.
 4. As reuniões para discussões de grupos interessados no assunto, incluindo a sociedade civil organizada, devem acontecer constantemente. Seus representantes legislativos devem seguir a vontade geral em prol da restauração.
 5. Ainda no tocante ao sistema pátrio, várias iniciativas poderiam ser tomadas, como a revisão de todo o modelo prisional, mas é urgente a geração de maior número de vagas carcerárias.
Os Estados Unidos têm um dos sistemas carcerários mais caros e populosos do mundo.  No presente, o país conta com cerca de 2,2 milhões de presos, aproximadamente 25% do total de detentos no mundo, sendo que, desses prisioneiros, mais de 50 mil são condenados à prisão perpétua. Nos anos de 1980, essa população girava em torno de 500 mil, mas, na metade da década de 1990, o número já havia dobrado. Cabe observar este país possui cerca de 5% da população mundial, assim, segundo estimativas, a cada 145 pessoas, uma está na prisão.
A Califórnia adotou outras medidas para reduzir o número de presos, tais como a redistribuição de poder do Estado para os municípios, permitindo que os xerifes locais tivessem maior poder na definição das punições e apenas os criminosos que cometeram crimes mais sérios e violentos passaram a ser encaminhados para prisões estaduais. O Governo da Califórnia também tem direcionado seus presos para prisões gerenciadas por empresas privadas
4.1 ASSISTÊNCIA PÓS-PENAL E SEU REFLEXO NA SOCIEDADE
 A Lei de Execuções Penais, bem como a figura do Estado, tem o dever de oferecer aos presos a assistência, e essas se dividem em diferentes categorias e áreas de atuação.
Como um sinônimo, para melhor entendimento, a assistência prestada funciona como uma disponibilização de ajuda. Na parte material, será oferecido vestuário, alimentos, boas condições de higiene, em geral.
A LEP em seu artigo traz em seu texto explícito:
Art.12 "A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas."
Art. 13 "O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados. À venda de produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração.”
Já o artigo 14, regula o dever em dispor ao preso atendimento odontológico, médico e farmacêutico. Sendo ainda garantido atendimento destinado também a mulher, bem como, em estado gestacional, principalmente no pré-natal e no pós-parto extensivo ao nascituro. Expressa também a autorização para deslocamento do presídio em casos de falta de equipamentos necessários para determinado tipo de tratamento.
Para os presos ou internados sem condições financeiras para constituir defensores nos processos, será garantida a assistência jurídica, a qual deve ser prestada de forma integral e gratuita pela Defensoria Pública, seja dentro dos estabelecimentos ou fora, de acordo aos artigos 5º, LXXIV, da CF e 15 e 16 da LEP.
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovem insuficiência de recursos.
Art. 15 A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado.
Art. 16 As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.
§ 1º As Unidades da Federação deverão prestar auxílio estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exercício de suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos penais.
§ 2º Em todos os estabelecimentos penais, haverá local apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Público.
§ 3º Fora dos estabelecimentos penais, são implementados Núcleos Especializados da Defensoria Pública para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para constituir advogado.
 A Constituição Federal ainda garante o direito à educação ou assistência educacional nos artigos 205 e 208, § 1º, CF e artigo 17 e seguintes da Lei de Execução Penal, os quais explicitam a necessidade em dispor ao preso instrução educacional e sua formação profissional. Devendo o estabelecimento proporcionar local especifico, bem como, ser dotado de uma biblioteca provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos para uso dos reclusos.
 A assistência deve ainda trazer preparo ao recluso que irá retomar suas atividades fora da unidade federativa, apoio familiar e ao preso disponibilizando recursos para obtenção de documentos, benefícios sociais da previdência e seguro por acidente de trabalho.
 A fiscalização do detento cabe aos assistentes sociais, analisando suas atividades e prestando esclarecimento ao diretor do estabelecimento prisional para que se possível o mesmo tome medidas visando facilitar seu retorno social. Nos artigos 22 e 23 da LEP, encontramos também a promoção de atividades recreativas. 
A orientação religiosa deve ser livre, bem como o acesso aos livros religiosos, com locais disponíveis para seu culto escolhido, de acordo com os artigos 24 da LEP e artigo 5º, VI da CF. 
 5. MEDIDAS ADOTADAS E SUA EFICÁCIA
A crise no sistema carcerário, que explodiu neste ano de 2017, deixou em 15 dias, mais de 150 mortos. Em dez episódios diferentes, ocorrido em oitos Estados (Alagoas, Amazonas, Paraíba, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Norte e Roraima) muitos deles ligados à guerra de facções que ocorrerem nos presídios, 133 pessoas morreram. Que faz do Brasil o segundo país que mais prendeu em 15 anos, ter a quarta maior população carcerária do mundo. 
O sistema[footnoteRef:18] que foi primeiramente adotado no Brasil e demais países civilizados era o estágio, denominado também como período de prova, com o isolamento, na segunda fase encontrava-se o trabalho comum os quais passavam-se pelos benefícios. Em fase final era permitido o livramento condicional. [18: BRAGA, Ana Gabriela Mendes. Reintegração social e as funções da pena na contemporaneidade. In: ESTELLITA, Heloisa (Coord.). Revista Brasileira de Ciências Criminais. São Paulo: Revista dos Tribunais, nº 107, 2016.
] 
 O sistema prisional hoje é visto como uma comunidade à parte, uma muralha que afasta a sociedade de seus problemas. O setor privado precisaria investir muito mais no trabalho para os presos, que traria custo-benefício a todos, tanto no aspecto financeiro, de recuperação e alívio para o cidadão pagador de impostos, deixando de lado o aspecto "preconceito", com a consciência de que essa atitude é muito mais benéfica do que de conivência.
 O aspecto da discriminação é um tópico essencial nessa discussão. Apostar que o ser humano possa se regenerar, depende de muitos, não só do Estado.
 A sociedade aparece constantemente dentro do tema. A LEP é possuidora de um dos sistemas mais modernos e satisfatórios, entretanto faltam incentivos, faltam estruturas, oportunidades, igualdade, respeito as normas e principalmente a inclusão social, seja pela omissão do Estado ou ação da sociedade. Elenca cinco medidas indispensáveis para reverter este cenário, na avaliação de diferentes especialistas:
6. Diminuir o número de presos provisórios:
Cerca de 40 % de presos no Brasil ainda não foram julgados. Segundo a ONG Conectas, muitos desses presos têm acesso restrito à Justiça e cometeramcrimes sem gravidade e poderiam aguardar julgamentos fora da prisão. Em milhares de casos, quando a pena finalmente é estipulada, é inferior ao tempo que o preso esperou em julgamento, milhares de outros acabam sendo absolvidos.
Hoje o sistema prisional tem um déficit de cerca de 250 mil vagas. A saída de uma quantidade significativa de presos provisórios poderia diminuir a superlotação nos presídios, um fator que favorece conflitos.
È necessário combater a lentidão da Justiça e permitir que os presos tenham acesso as formas adequadas a defesa, como a defensoria pública. Segundo um levantamento da Anadep (Associação Nacional de Defensores Públicos), faltam defensores públicos em 72% das comarcas no país.
6. Aplicar mais penas alternativas:
Outro fator para diminuir a superlotação seria aumentar a aplicação de penas alternativas no encarceramento. Hoje elas são apenas previstas para penas de até quatro anos e raramente são aplicadas para casos envolvendo tráfico de drogas. 
O aumento da aplicação teria o efeito de evitar que muitos criminosos de baixa periculosidade entrassem em contato com facções criminosas no presídios. Segundo a Ong Conectas,se as penas alternativas pudessem ser aplicadas para substituir penas de prisão de até oito anos por medidas alternativas, seria possível reduzir a população carcerária brasileiro em 53%. 
 3 .Promover ajustes na Lei de Drogas de 2006:
A Lei de Drogas de 2006( 11343) é uma das principais responsáveis pelo inchaço nos presídios no país. 
Desde que começou a ser aplicada o número de pessoas presas por tráfico de drogas cresceu 348%. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Justiça em 2014, 64 % das mulheres e 25% dos homens presos no Brasil respondem por crimes relacionados às drogas. Antes da lei , os índices eram respectivamente de 24,7 % e 10,3%. 
 4. Aumentar as opções de trabalho e estudo nos presídios:
Políticas eficientes de acesso ao trabalho e educação nos presídios são uma forma eficaz de combater a reincidência no crime, Mas faltam investimentos nessa área. No Brasil, a percentagem de presos que atendem atividades educacionais é de apenas 11% . É só 25% dos presos brasileiros realizam algum tipo de trabalho interno ou externo.
Sem a criação de espaços para oficinas técnicas e cursos profissionalizantes nos presídios, que ofereçam perspectivas de um futuro fora da criminalidade, a possibilidade de ressocialização é zero. Um dos modelos elogiados é a APAC (Associação de Proteção e Amparo aos Condenados), funciona em três dezenas de unidades prisionais de Minas Gerais e no Espírito Santo. Na Apac os presos ficam em contato constante com suas famílias e comunidade e aprendem novas profissões.
5. Separação de presos:
A separação de presos provisórios dos condenados, e, entre os condenados, a separação por periculosidade ou gravidade do crime cometido prevista na lei de execuções penais. Isto não acontece por causa do sucateamento dos presídios e a superlotação. 
Tais medidas evitariam que réus primários convivessem com criminosos veteranos, diminuindo a entrada de novos membros nas escolas internas do crime.
 Conclui-se ainda que, o Estado e a sociedade possuem papéis de total responsabilidade no processo de integração à sociedade, com alterações políticas sociais, a recepção ao apenado, sem marginalização e com o cumprimento fiel da lei, para que finalmente comecemos a reconhecer algumas mudanças.
 
4.1 ESTATÍSTICAS PRISIONAIS
Segundo Maurício Correa, ex-Ministro da Justiça do Governo entre 1992/1994 e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou enquanto Ministro:
A questão penitenciária do Brasil é grave. Sua solução extremamente complexa. E o ponto de partida é a compreensão de que, enquanto persistirem as causas geradoras da criminalidade violenta, enquanto não se reformular o sistema penal brasileiro – destinando-se os presídios somente aos efetivamente perigosos -, nenhum Governo conseguirá equilibrar o sistema penitenciário. A solução está, assim, integrada à reorganização do Estado, ao estabelecimento de políticas públicas eficientes e justas, com vistas ao bem-estar de toda a sociedade”. (MAURICIO CORREA, 1993)
 
Dessa declaração até hoje, a situação só piorou, alcançando o número de 712.000 presos, aumento de 267% desde 2003, apesar das várias opções apresentadas, ideias trocadas e da criação de comissões. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ)[footnoteRef:19] apresentou aos representantes dos tribunais de Justiça brasileiros o absurdo número de 147.937 pessoas em prisão domiciliar, posicionando o Brasil entre os três países com a maior população carcerária (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/DEPEN/INFOPEN, 2017) [19: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Disponível em: https://www.cnj.jus.br/sistema-carcerario/cidadania-nos-presidios/. Acesso em 02 mar 2020.] 
Figura 1 – Estatística CNJ – quantidade de presos no Brasil
Fonte: (Conselho Nacional de Justiça, CNJ, 2020).
Outros números assustam ainda mais, pois a cada 100 mil habitantes são 306 presos, no Brasil. A média mundial é de 144/100.000 habitantes. A grande maioria estão nessa ordem: participa do tráfico de drogas, acusados/condenados por roubo (25%) e furto (13%). Esses números foram levantados pelo Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN)[footnoteRef:20] a pedido do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), em 2017. [20: INFOPEN. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-dez-08/brasil-maior-populacao-carceraria-mundo-726-mil-presos. Acesso em 08 mar 2020.] 
Figura 2 – Quantidade de presos por 100.000 habitantes/Brasil
 Fonte: (INFOPEN, 2019).
Esse mesmo relatório nos traz a importante informação sobre a superlotação dos presídios brasileiros:
É importante apontar o grande número de pessoas presas por crimes não violentos, a começar pela expressiva participação de tráfico de drogas – categoria apontada como muito provavelmente a principal responsável pelo aumento exponencial das taxas de encarceramento no país e que compõe o maior número de pessoas presas” – aponta o relatório.
Aponta-se, inclusive, contradições referentes à pena privativa de liberdade e dificuldades no sistema penitenciário, apontando-se 3 aspectos: a prisão provisória (preventiva); a questão das drogas e a cultura do encarceramento (superlotação carcerária etc).
O Conselho Nacional de Justiça aponta um número de 250 mil presos provisórios, o que equivale ao déficit de vagas no sistema prisional. Aponta-se, também, que juízes e tribunais brasileiros decretam prisões provisórias são decretadas em razão da: “gravidade do crime”, “clamor público”, “periculosidade do agente”, “obtenção da delação” e, como já dito, “antecipação da tutela penal”, contrariando o princípio constitucional da presunção de inocência.
A Lei Penal nº 12.403/11 trata da prisão preventiva e de outras cautelares penais, passando também a abranger o uso de outras medidas com proibição de acesso ou frequência a determinados lugares, proibição de manter contato com pessoa determinada, prisão domiciliar, suspensão do exercício da função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira, monitoração eletrônica, trazendo um alívio à prisão em regime fechado:
“Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
§ 1º As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público.
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medidacautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo.
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único).
§ 5º O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
§ 6º A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319).” (NR)
 Os requisitos para a prisão preventiva, como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria, continua prevista em lei, mas não é mais a única medida o Juiz pode usar para assegurar a ordem do processo, podendo utilizá-la em substituição às penas restritivas de Direito.
A política de drogas adotada no Brasil, se deve muito à falta de critérios objetivos para diferenciar o usuário do traficante. A Lei 11.343/2006, vigente desde 2006, endurece as penas que se referem aos traficantes, o que leva muitas vezes usuários ou pessoas que participantes do tráfico à prisão, aumentando a população carcerária.
Revelou-se um número de 62% de flagrantes por tráfico de drogas no estado de São Paulo, o portador tinha menos que 100 gramas e desses, 80% eram réus primários (USP, 2014). A pesquisa levanta ainda que há uma aplicação desigual das regras e procedimentos judicial, ligada ao poder discricionário do policial, que escolhe quem aborda e à tipificação de duas pessoas, de maneira diferentes, com a mesma quantidade de drogas[footnoteRef:21] [21: CONJUR. 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-fev-17/74-prisoes-trafico-apenas-policiais-testemunhas. Acesso em 6 abr 2020.] 
Essa questão afronta vários Princípios fundamentais, como segue:
- Princípio da Lesividade - segundo o qual ninguém poderá ser punido por conduta que não lesione direitos de terceiros e que não exceda o âmbito do próprio autor. Vale lembrar que o direito penal não pune a autolesão;
- Princípio da Subsidiariedade - É desnecessário recorrer ao direito penal quando a conduta seria melhor tratada em outro ramo do direito, menos danoso ao individuo e com um custo social menor. A lei penal somente deve ser utilizado como remédio sancionador extremo, como ultima ratio;
- O princípio da proporcionalidade da pena em relação à gravidade do “dano” causado pelo delito. A pena, principalmente em relação aquele que se situa na zona cinzenta entre o “tráfico” e o “uso”, e que dependo do seu status social será tratado como traficante ou usuário, é extremamente elevada e desproporcional.
Segundo a colocação de Maria Lúcia Karam:
(...) descriminalizar não significa liberalizar. Ao contrário, descriminalizar implica em abrir maiores espaços para a criação de mecanismos não penais de controle sobre a produção, a distribuição e o consumo de drogas, eliminando um sistema contraproducente e de graves efeitos negativos, em prol da intervenção de outros instrumentos, menos perniciosos e mais adequados, na busca de caminhos mais racionais e mais eficazes para tratar essa questão”. (KARAM,2014)
A fim de começar a enxergar uma nova posição referente ao assunto, a autora acredita ainda que se faz necessárias algumas medidas urgentes, como exemplo, que o Supremo Tribunal Federal (STF) imediatamente reconheça a inconstitucionalidade da criminalização do uso de drogas (todas as drogas), que se comece a descriminalizar o tráfico de drogas do pequeno traficante/usuário e que enquanto não for descriminalizado o tráfico do dependente, que sejam estabelecidos critérios objetivos em relação a quantidade para uso próprio, sempre levando-se em consideração o tipo de droga. (KARAM,2014)
Zygmunt Bauman, diz que:
(...) os jogadores incapazes e indolentes devem ser mantidos fora do jogo. Eles são o refugo do jogo, mas um produto que o jogo não pode parar de sedimentar sem emperrar. Além disso, há uma outra razão por que o jogo não se beneficiará em deter a produção de refugo: é necessário mostrar aos que permanecem no jogo as horripilantes cenas (como se lhes diz) da outra única alternativa – a fim de que estejam aptos e dispostos a suportar as agruras e tensões geradas pela vida vivida como jogo.” (BAUMAN, 1998)
Conforme o criminólogo Salo de Carvalho:
 (...) o sintoma contemporâneo vontade de punir, atinge os países ocidentais e que desestabiliza o sentido substancial de democracia, propicia a emergência das macropolíticas punitivistas (populismo punitivo), dos movimentos políticos-criminais encarceradores (lei e ordem e tolerância zero) e das teorias criminológicas neoconservadoras (atuarismo, gerencialismo e funcionalismo sistêmico).  (CARVALHO, 2010)
O criminólogo indica que deve ser imediata a cobrança para que parlamentares não criem mais projetos de lei que criem mais tipos penais, que aumentem as penas e venham a restringir direitos e garantias. 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscou-se discorrer no presente trabalho sobre o sistema penitenciário, como um todo, sem entrar profundamente no mérito político, o que poderia trazer à pesquisa opiniões pessoais não cabíveis nas regras.
A intenção é mostrar remontar ao início da concepção de sanção, dentro de uma sociedade organizada, passando por seus objetivos, erros e acertos até chegar em casos que fazem parte da nossa realidade, como o caso da Penitenciária do Estado (CARANDIRU).
Há muito o que se discutir, na busca do aperfeiçoamento do sistema penitenciária brasileiro, para evitar transtornos à sociedade em geral e para buscar também, a reintegração ao ambiente social da pessoa, sem que isso traga ônus excessivo e má utilização de impostos de cidadãos, que muito arduamente pagam uma carga muito pesada para a realidade de seus salários.
Voltar ao passado, observando as ideias, finalidades e técnicas, pode ajudar no caminho das possíveis soluções, bem como comparações com resultados obtidos em outros Estados, naquilo que for condizente com a realidade de nosso país.
A superação da crise do sistema penitenciário brasileiro, passa por medidas como a separação de presos, conforme o crime cometido; maior agilidade nos processos nas Varas de Execuções Penais, evitando a manutenção de presos que estão no sistema, mesmo após cumpridas suas penas; penas alternativas para crimes menos graves, trazendo menos ônus ao Estado, e consequentemente ao cidadão, caso não cumpram as que conduzem à privação da liberdade. 
A posição do cidadão quanto a esses questionamentos e as pretendidas formas de se harmonizar o assunto, também são trazidas à pesquisa, de maneira a instigar em todos a necessidade de se chegar a discussões frutíferas e benéficas.
Buscando demonstrar um panorama geral da situação, esperamos ter trazido à tona aspectos que possam contribuir para uma melhor visualização de um dos mais difíceis problemas que enfrentamos hoje no Brasil. 
REFERÊNCIAS
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da Pena de Prisão: causas e alternativas. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
BRAGA, Ana Gabriela Mendes. Reintegração social e as funções da pena na contemporaneidade. In: ESTELLITA, Heloisa (Coord.). Revista Brasileira de Ciências Criminais. São Paulo: Revista dos Tribunais, nº 107, 2016.
BRASIL, República Federativa. Constituição Federal de 1988.
BRASIL. Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm. Acesso em 30 jan 2020.
BRASIL. Disponível em: http://www.justica.gov.br/seus-direitos/politica-penal. Acesso em 31 jan 2020.
CHIAVERINI, Tatiana. Origem da pena de prisão. 2015. Dissertação Mestrado em

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