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A2 CRIMES EM ESPECIE 1

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DIREITO
HUGO LEONARDO TARDELI SEABRA
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Cabo Frio - RJ
2021
HUGO LEONARDO TARDELI SEABRA - 20181103117
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Trabalho apresentado ao curso de Direito da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obtenção de nota da disciplina Crimes em Espécie I, sob orientação do professor Marcelo Nogueira. 
Professor: Marcelo Nogueira
Cabo Frio - RJ
2021
1. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
1.1. FURTO – Previsto no Art. 155 do Código Penal
O bem jurídico tutelado no crime de furto é apenas o patrimônio, ou seja, o furto é um crime que tem por objetivo lesar apenas um bem jurídico. No entanto, a Doutrina é propícia ao entender que não se tutela apenas a propriedade, mas qualquer forma de dominação sobre a coisa (propriedade, posse e detenção legítimas). Sujeito ativo consiste no crime comum que pode ser praticado por qualquer indivíduo. Já o sujeito passivo é quem teve a coisa subtraída. A conduta prevista é a de subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. O conceito do dito móvel é, portanto, aquilo que pode ser movido de um lugar para outro sem perda de suas características ou funções precípuas. O elemento subjetivo é o dolo e não se admite na forma culposa. O que nos inclina a dizer que o agente deve possuir vontade de executar a ação, ou seja, de se apropriar da coisa furtada. Sua pena é de reclusão de um a quatro anos e multa.
Entretanto, há de se pontuar o princípio da insignificância ou da bagatela, caso estes de excludentes de ilicitude, elencados pelo Art. 23 do Código Penal. O furto famélico, por exemplo, que integra o estado de necessidade, ou seja, é praticado para proteger o bem jurídico mais importante, a vida. Também podemos mencionar o furto de uso que consiste na utilização momentânea do bem subtraído para utiliza-lo para algum fim devolvendo-o posteriormente, é caracterizado por haver a intenção de devolver a coisa e não de se apropriar ad eternum, o bem não pode ser consumível e haver a restituição após o uso. 
O furto qualificado elencado pelo parágrafo 4º, no entanto, é aquele em que ocorre a destruição ou rompimento de obstáculo; abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; emprego de chave falsa ou mediante concurso de duas ou mais pessoas. Sendo assim, a pena é de reclusão de dois a oito anos e multa.
1.2. ROUBO – Previsto no Art. 157 do Código Penal
A figura típica do roubo é composta pela subtração de bem alheio, característica esta presente no crime de furto, mas que somada a grave ameaça ou violência configura-se como roubo. Tutela-se, além do patrimônio, a integridade física, mental da vítima, pois a conduta do tipo não viola somente o patrimônio, mas, também, estes outros bens jurídicos. Sua pena é de reclusão de quatro a dez anos e multa.
Conforme explica Rogério Greco, dois tipos de violência são previstas no art. 157 do CP, são essas: a violência própria, que consiste na violência corporal que é praticada pelo agente a fim de que tenha sucesso na subtração criminosa; e a imprópria, onde o agente não utiliza violência física, mas sim qualquer outro meio que implique na impossibilidade de resistência da vítima. Não se aplica, portanto, o princípio da insignificância, haja vista a violência e/ou grave ameaça para consumar a subtração do bem. 
As majorantes deste artigo elencadas pelo parágrafo 2º são: concurso de pessoas; vítima está em transporte de valores tendo o agendo conhecimento dessa circunstância; subtração de veículo automotor para outro estado ou exterior; se o agente mantém a vítima em seu poder restringindo sua liberdade; subtração de substâncias explosivas ou algo que possibilite sua montagem; se a grave ameaça ou violência for exercida com auxílio de arma branca. Para estes casos a pena é aumentada de um terço até a metade. Se há utilização de arma de fogo ou explosivo aumenta-se a pena em dois terços conforme elucida parágrafo 2ºA. O latrocínio que é o roubo seguido de morte é explicitado pelo parágrafo 3º, consuma-se independente da subtração do bem, tendo em vista que ao tentar subtrai-lo causa a morte do sujeito passivo, de maneira análoga entende súmula 610 do STF, resultando numa pena de vinte a trinta de reclusão e multa. 
1.3. EXTORSÃO / EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – Previsto no Art. 158 e 159 do Código Penal respectivamente. 
A extorsão vai consistir no ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer determinada coisa por meio de ameaça ou violência. Sendo assim muito semelhante ao roubo, se diferenciando deste pois exige a participação da vítima. Gera uma pena de reclusão de quatro a dez anos e multa. Para configurar-se o crime de extorsão é necessário que a vantagem econômica seja indevida, pois se legítima for, o agente responde apenas pelo exercício arbitrário das próprias razões. São majorantes desse crime, a utilização de arma e o concurso de pessoas. Já os qualificadores são lesão corporal grave, morte (caracteriza crime hediondo) e restrição de liberdade.
A extorsão mediante sequestro tem nome autoexplicativo, pois consiste na restrição de liberdade do sujeito passivo com objetivo de obter vantagem como condição ou valor de resgate para si ou para outrem. Tal crime tem pena de oito a quinze anos. São qualificadores se: for mais de 24h; vítima menor de 18 e maior de 60; se for cometido em concurso de pessoas; se resulta em lesão corporal grave dolosa ou culposa; se resulta na morte do sujeito passivo. 
1.4. DANO – Previsto nos Art. 163 a 167 do Código Penal
Os crimes de dano são crimes nos quais não há necessidade de um aumento patrimonial do agente, ou seja, não há necessidade que ele se apodere de algo pertencente a outrem, basta que ele provoque um prejuízo à vítima. Tem pena de detenção de um a seis meses e multa conforme elucidado pelo Art. 163, posteriormente ao definir tão crime como: destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. São qualificadores: o uso de violência ou grave ameaça; emprego de substância inflamável; contra o patrimônio público; motivação egoísta ou com grave prejuízo para a vítima. Causando detenção de seis meses a três anos, além de responder na medida de sua violência. 
O Art.164 versa sobre a introdução ou abandono de animais em propriedade alheia sem consentimento, desde que haja prejuízo. Pena para esse caso é de quinze dias a seis meses ou multa. 
O Art. 165 exemplifica a questão do dano a propriedades tombadas em virtude de valor artístico, arqueológico e histórico. Pena de seis meses a dois anos e multa. 
O Art. 166 tipifica a alteração interna ou externa de local protegido, tombado.
Já o Art. 167 diz que no que tange os Art. 163, IV, e 164 a ação penal pública é condicionada e, portanto, depende da queixa do ofendido. 
1.5. APROPRIAÇÃO INDÉBITA / APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDÊNCIÁRIA – Prevista no Art. 168 e 168A do Código Penal respectivamente. 
Consiste na apropriação de coisa alheia móvel sem consentimento do proprietário. Ou seja, o agente recebe o bem por empréstimo ou em confiança e passa a agir como dono do mesmo. Tendo pena de um a quatro anos e multa. Se na qualidade de tutor, curador, síndico, inventariante etc. o agente recebe a coisa a pena é aumentada em um terço. A previdenciária funciona da mesma forma, mas é relacionada aos vencimentos da vítima que são apropriados por outrem. Pena de dois a cinco anos e multa. 
1.6. ESTELIONATO – Previsto no Art. 171
O bem jurídico tutelado nesse crime é o patrimônio e a boa fé das relações sociais. Consiste na obtenção de vantagem ilícita para si ou para outrem em prejuízo alheio, induzindo ao erro a vítima por meio fraudulento. Tem pena de reclusão de um a cinco anos e multa. Somente se procede mediante a representação, salvo se a vítima for Administração Pública, menor de 18, pessoa com deficiência mental ou maior de 70 ou incapaz.
1.7. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO PRATICADOS NO ÂMBITO FAMILIAR – Previsto nos Art. 181 a 183 do Código Penal
Não há crime no que tange o título de crimes contra o patrimônio se for praticado contra cônjuge (inclui-sea união estável), ascendente ou descendente conforme dispõe art. 181 do CP. Somente há crime mediante a representação se for cometido contra cônjuge desquitado ou separado judicialmente, de irmão legítimo ou não e tio ou sobrinho com quem o agente coabita, demonstrado pelo art. 182 do CP. No entanto, conforme elucida art. 183 do CP, será crime se: houver violência ou grave ameaça, se não for familiar, ou seja, estranho participante do crime (somente a ele se aplica), se praticado contra maior de 60. 
1.8. RECEPTAÇÃO – Previsto no Art. 180 do Código Penal
A receptação é um crime decorrente, pois pressupõe a existência de outro crime para gerar o produto objeto da receptação. Esse crime é definido pelo agente saber da procedência criminosa do objeto e mesmo assim se beneficiar do mesmo ou induzir terceiros, de boa fé, a receptar ou ocultar. Pena de reclusão de um a quatro anos e multa. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Damásio de Jesus; atualização André Estefam. – Direito Penal vol. 2 – 36. Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
G.R. Direito Penal Estruturado: Grupo GEN, 2021. 9788530993412. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530993412/. Acesso em: 25 Nov 2021
Dias Caroline – Resumo de Direito Penal. https://ccdias.jusbrasil.com.br/artigos/180440189/resumo-de-direito-penal-dos-crimes-contra-o-patrimonio Acesso em: 25 Nov 2021

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