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Física do Meio Ambiente Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Francisco de Assis Cavallaro Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco A Estrutura do Sistema Solar e da Terra A Estrutura do Sistema Solar e da Terra • Conhecer sobre a formação e estrutura do Sistema Solar e acerca da origem e estrutura interna do planeta Terra. OBJETIVO DE APRENDIZADO • Sistema Solar; • Formação do Planeta Terra. UNIDADE A Estrutura do Sistema Solar e da Terra Sistema Solar Formação do Sistema Solar e dos Planetas Atualmente, a hipótese mais aceita para a formação do Sistema Solar é deno- minada teoria nebular, inicialmente proposta em 1755 por Emanuel Swedenborg, pelo filósofo alemão Immanuel Kant e desenvolvida em 1796 pelo matemático e físico francês Pierre-Simon de Laplace. Argumenta-se que o Sistema Solar se origi- nou há, aproximadamente, 4,65 bilhões de anos, quando uma nuvem de poeira e gás molecular – essencialmente de Hidrogênio (H2) – contraiu-se e formou estrelas, incluindo o Sol. Essa nuvem de gás e poeira é chamada de Nebulosa Solar (Figura 1). Figura 1 – Ilustração artística de uma nebulosa solar Fonte: Wikimedia Commons Com o início da contração da nuvem molecular, a sua própria força gravita- cional causou uma aceleração radial nessa nuvem, e torques externos fizeram aumentar a sua rotação, variando progressivamente seu momento angular até, por fim, atingir um valor constante. Após o aumento contínuo de sua rotação, a massa de gás em rotação assumiu uma forma de disco com uma concentração central, dando origem ao Sol. Uma parte residual do gás, que não foi incorporada ao Sol, permaneceu orbitando em torno desse, formando um disco de gás em rotação, denominado disco protoplanetário. No processo de formação do disco protoplanetário, composto, principalmente, de hidrogênio e hélio e alguns átomos mais pesados, mediante o processo de colapso gravitacional e a conservação do momento angular, ocorreu a acreção de matéria, que é a aglutinação de grãos, formando objetos maiores. À medida que esses corpos adquiriam massa no processo de acreção, a força gravitacional vencia o atrito interno, porém, em decorrência da colisão das partículas do disco de acreção e da simetria esférica da força gravitacional, a protoestrela e os protoplanetas foram se tornando esféricos. 8 9 Com o colapso da nuvem molecular e com o seu posterior resfriamento, houve uma rápida condensação dos materiais, dando origem aos planetesimais. Continuando o processo de acreção de material, outros objetos maiores foram originados, os chamados núcleos planetários. Na parte externa do Sistema Solar, onde o material condensado da nebulosa continha silicatos e gelos, esses núcleos cresceram até atingir massas dez vezes maiores do que a da Terra, ficando ainda maiores, atraindo mais gás hidrogênio e hélio do seu redor, dando origem aos planetas jovianos ou gasosos. Na parte interna, onde apenas os silicatos estavam presentes, os núcleos planetá- rios não puderam crescer muito, dando origem aos planetas telúricos ou rochosos. Composição do Sistema Solar O Sistema Solar (Figura 2) é constituído pelo Sol e todos os corpos celestes que estão sob seu domínio gravitacional. Figura 2 – Composição do Sistema Solar Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Além do Sol, no Sistema Solar há oito planetas e seus satélites, planetas-anões, diversos asteroides, cometas, meteoroides e meteoritos, grãos de poeira etc. Os planetas mais próximos do Sol (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte), mostrados na Figura 3, possuem em comum uma crosta sólida e rochosa, classificados como planetas telúricos ou rochosos. Figura 3 – Planetas telúricos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) Fonte: solarsystem.nasa.gov 9 UNIDADE A Estrutura do Sistema Solar e da Terra Os outros quatro planetas, ditos gigantes gasosos ou planetas jovianos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), são os componentes de maior massa do sistema solar após o Sol e são mostrados na Figura 4: Figura 4 – Planetas jovianos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) Fonte: Adaptado de photojournal.jpl.nasa.gov Conforme a classificação atual de planeta dada pela União Astronômica Internacional (UAI), em sua Resolução de 24 de agosto de 2006, há no Sistema Solar cinco planetas-anões: Ceres, Plutão, Haumea, Makemake e Éris. O único que se encontra próximo do centro do Sistema Solar é Ceres. Já os outros quatro planetas-anões estão localizados além da órbita de Netuno. Planetas Segundo a mesma Resolução da UAI, planeta é um corpo celeste que: • Está em órbita ao redor do Sol; • Tem massa suficiente para que a sua própria gravidade supere a sua rigidez, fazendo adquirir equilíbrio hidrostático (forma praticamente esférica); • Tenha limpado a vizinhança de sua órbita. Importante! A principal diferença entre estrela e planeta é que na estrela ocorrem reações de fusão nuclear que geram energia e fazem com que brilhe, já o planeta apenas brilha por um efeito de reflexão da luz que recebe. Algumas propriedades dos planetas telúricos e jovianos podem ser verificadas na Tabela 1: 10 11 Tabela 1 – Algumas propriedades dos planetas Mercúrio Vênus Terra Marte Júpiter Saturno Urano Netuno Diâmetro equatorial (km) 4.878 12.100 12.756 6.786 142.984 120.536 51.108 49.538 Distância média ao Sol (UA) 0,387 0,723 1 1,524 5,203 9,539 19,18 30,06 Período de revolução (d = dias, a = anos) 87,9d 224,7d 365,25d 686,98d 11,86a 29,46a 84,04a 164,8a Período de rotação (d = dias, h = hora) 58,6d –243d 23h56 24h37 9h48 10h12 −17h54 19h6 Inclinação do eixo 0,1° 177° 23° 27’ 25° 59’ 3° 05’ 27° 44’ 98° 30° Inclinação da órbita em relação eclíptica 7° 3,4° 0° 1,9° 1,3° 2,5° 0,8° 1,8° Massa (kg) 3,30 × 1023 4,87 × 1024 5,97 × 1024 6,42 × 1023 1,90 × 1027 5,69 × 1026 8,70 × 10 25 1,03 × 1026 Densidade (g/cm3) 5,4 5,2 5,5 3,9 1,3 0,7 1,3 1,6 Temperatura (C) (S = Sólido, n = nuvens) 407(S)dia −183(S)noite −43(n) 470(S) 22(S) −23(S) −150(n) −180(n) −210(n) −220(n) Gravidade superfi cial em relação à Terra (gTerra) 0,37 0,88 1 0,38 2,64 1,15 1,17 1,18 Principais componentes da atmosfera Traços de Na, He, H, O 98%CO2, 3,5%N2 78%N2, 21%O2 95%CO2, 3%N2 90%H2, 10%He 97%H2, 3%He 83%H2, 15%He, CH4 74%H2, 25%He, CH4 Fonte: Adaptada de ufrgs.br Classificação dos Planetas Os planetas do Sistema Solar podem ser classificados em três grupos: • Terrestres ou telúricos: são planetas pequenos, sólidos, com densidade variando de média a elevada, composição química da atmosfera tipicamente de elementos pesados, possuindo poucos satélites e são próximos ao Sol; • Jovianos ou gasosos: são planetas grandes, compostos majoritariamente de gás, possuindo densidade variando de média à baixa, com atmosferas bem espessas e de composição química leve, tendo muitos satélites; • Planetas-anões: são planetas com características intermediárias entre os outros dois tipos, mas mesmo sendo esféricos, possuem dimensões reduzidas, o que os impedem de varrer a própria órbita, ou seja, sua força gravitacional os impossibilita de atrair outros corpos menores nas proximidades de sua órbita. Movimento dos Planetas O intervalo de tempo conhecido como dia claro é estabelecido pelo movimento diurno aparente do Sol, que nasce do lado chamado nascente ou oriente, move-se pela abóbada celeste e, finalmente, põe-se do outro lado, chamado de poente ou ocidente. 11 UNIDADE A Estrutura do Sistema Solar e da Terra O período chamado noite é definido pelo movimento noturno aparente desde o instante em que o Sol se põe até o momento em que volte a nascer. Verificados esses dois movimentos, convencionou-se chamar de movimento diário aparente aquele em que os astros parecem realizar no céu no período de um dia. Muitos modelos de movimentos dos planetas foram propostos para explicar as observações que se realizavam sobre o Sistema Solar. Conheceremos os principais modelos apresentados ao longo da história. Modelo Geocêntrico O geocentrismofoi uma ideia dominante durante toda a Antiguidade e Idade Média, sendo aprimorado por Ptolomeu, apesar de muitos filósofos gregos, como Aristóteles, terem defendido a teoria do geocentrismo antes. Ptolomeu explicou o movimento dos planetas mediante uma combinação de cír- culos: o planeta move-se ao longo de um pequeno círculo, denominado epiciclo, cujo centro desliza sobre um círculo maior (deferente). O planeta Terra fica posicio- nado um pouco afastado do centro desse círculo maior. A novidade introduzida por Ptolomeu foi o equante, ao qual o centro do epiciclo se move a uma taxa uniforme, e que tinha o objetivo de explicar o movimento não uniforme dos planetas, conforme a Figura 5: PLANETA EPICICLO DEFERENTE TERRA EQUANTE A Q C Figura 5 – Movimento aparente dos astros com epiciclos de Ptolomeu Fonte: Adaptado de igrejafonte.org O que Ptolomeu pretendia com esse modelo era prever a posição dos planetas de forma correta, o que foi razoavelmente conseguido, fazendo o seu modelo geocên- trico permanecer em uso por 1.300 anos. Modelo Heliocêntrico O modelo heliocêntrico é a teoria que coloca o Sol praticamente no centro do Universo. No século XVI, Nicolau Copérnico, um matemático e astrônomo polonês, 12 13 foi o primeiro a apresentar um modelo consistente e completo de um sistema ba- seado no modelo heliocêntrico. As contribuições mais importantes realizadas por Copérnico foram as seguintes: • Introduziu o conceito de que a Terra é apenas um dos seis planetas (então conhecidos) girando em torno do Sol; • Colocou os planetas, até então conhecidos, em ordem de distância ao Sol; • Determinou as distâncias dos planetas ao Sol, com referência à distância da Terra ao Sol; • Deduziu que quanto maior a proximidade do planeta ao Sol, maior é sua ve- locidade orbital, explicando facilmente o movimento retrógrado dos planetas (Figura 6) sem utilizar os epiciclos. Figura 6 – Movimento retrógrado dos planetas Fonte: Adaptado de astro.iag.usp No entanto, ainda sem a devida precisão e um tanto confuso, o modelo heliocên- trico de Copérnico (Figura 7) foi mais tarde aprimorado por Johannes Kepler que, por sua vez, foi explicado de forma causal por Isaac Newton, fazendo uso da Lei da gravitação universal, sendo o modelo atualmente constituído e aceito. Figura 7 – Modelo heliocêntrico de movimento dos planetas Fonte Adaptado de Wikimedia Commons 13 UNIDADE A Estrutura do Sistema Solar e da Terra Leis de Kepler Antes do estabelecimento dos princípios da mecânica por Isaac Newton, que permitiu o estudo dinâmico dos movimentos dos corpos celestes, os conhecimentos relacionados à cinemática eram obtidos por meio de observações. A dedução das três leis de Kepler, cuja publicação de suas duas primeiras leis do movimento planetário aconteceu em 1609 e a publicação da terceira ocorreu em 1619, isto é, antes da publicação de Newton, foram essenciais para os estudos futuros. Lei das Elipses Kepler demonstrou que as órbitas estão em planos que contêm o Sol e descobriu que se tratavam de elipses, definindo a primeira Lei: a órbita de cada planeta forma uma elipse, com o Sol situado em um dos seus dois focos (Figura 8). r’ b c r a P F1 F2 Sol Planeta d Figura 8 – Ilustração da primeira Lei de Kepler Fonte: Adaptado de if.ufrgs Lei das Áreas Kepler investigou as velocidades dos planetas, postulando que o movimento é mais rápido nos pontos da órbita mais próximos do Sol, expressando analiticamente esse fato, considerando o segmento de reta que une o planeta ao Sol e definindo a segunda Lei: o raio vetor que liga o planeta ao Sol varre áreas iguais em intervalos de tempo iguais (Figura 9). Áreas iguais em horas iguais Planeta Sol Figura 9 – Ilustração da segunda Lei de Kepler Fonte: Adaptado de mattysparadigm.org 14 15 1 2 1 2 = ∆ ∆ A A t t (1) Onde: A1: área 1; A2: área 2; ∆t1: intervalo de tempo 1; ∆t2: intervalo de tempo 2. Lei Harmônica Kepler trabalhou durante 10 anos até apresentar a terceira Lei: o quadrado do período de translação de um planeta é proporcional ao cubo de sua distância média ao Sol. 2 3.=T k R (2) 2 2 34 .π=T R GM (3) Em que: T: período de revolução do planeta; R: raio da órbita; G: constante universal da gravidade; M: massa do Sol. A razão dos quadrados dos períodos orbitais (T) para dois planetas é igual a razão dos cubos de seus eixos semiprincipais (R): 2 3 1 1 2 2 = T R T R (4) Em que: T1: período de revolução do planeta 1; T2: período de revolução do planeta 2; R1: eixo semiprincipal do planeta 1; R2: eixo semiprincipal do planeta 2. 15 UNIDADE A Estrutura do Sistema Solar e da Terra Lei da Gravitação Universal Antes de Newton, Kepler já havia suspeitado que alguma força atuaria para manter os planetas em órbita ao redor do Sol, atribuindo as órbitas elípticas em decorrência de uma força de atração magnética entre os planetas e o Sol. Seguindo uma linha de raciocínio semelhante, Newton descobriu sua lei da gravitação universal, comprovou-a por meio do movimento da Lua e explicou o movimento dos planetas. Deduziu, então, que: 1 2 2 = Gm mF r (5) Em que r é a distância que separa os dois corpos e G é conhecida como a constante universal de gravitação G = 6,67 × 10−11 Nm²/kg². O sinal negativo é decorrente do caráter atrativo da força gravitacional. Newton combinou as suas três leis de movimento e a lei da gravitação para deduzir teoricamente as leis empíricas de Kepler, lembrando que Kepler não construiu uma teoria (como fez Newton), mas deduziu as leis a partir de dados observacionais levantados por Tycho Brahe. Formação do Planeta Terra O planeta Terra formou-se há cerca de 4,65 bilhões de anos (Figura 10), oriundo da acreção de matéria densa e quente que foi resfriando com o passar do tempo. O material mais pesado, como o ferro, ficou concentrado no interior do Planeta. Já os materiais mais leves (gases) ficaram na superfície. Com isso, o planeta Terra originou-se em camadas distintas. Figura 10 – Planeta Terra Fonte: Semanticscholar.org 16 17 Algum tempo após a formação do Planeta, um objeto aproximadamente do tamanho de Marte atingiu a Terra. Com o impacto, uma chuva de detritos espalhou- -se no espaço. A parte restante reagrupou-se no atual planeta. A porção da mistura que se manteve em órbita veio a formar a Lua, sendo a teoria aceita atualmente, sobretudo pela comprovação de que parte de alguns isótopos de oxigênio presentes em rochas trazidas da Lua são iguais a da Terra. Eras Geológicas Para se entender a estrutura da Terra é necessário conhecer o tempo geoló- gico, dividido em eras, que são subdivididas em períodos e estes se dividem em épocas (Figura 11). O conjunto que reúne as eras geológicas é conhecido como escala geológica. Cada era e os seus respectivos períodos são marcados por acontecimentos importantes da história da Terra como, por exemplo, o surgi- mento das primeiras formas de vida. Figura 11 – Ilustração artística de espiral do tempo geológico da Terra Fonte: Adaptado de ead.senar.org A primeira é a chamada Era Pré-Cambriana, que se divide em três períodos: 17 UNIDADE A Estrutura do Sistema Solar e da Terra • Azoico: por volta de 4,6 bilhões de anos atrás. Esse período é marcado pela não existência de vida e durou bilhões de anos – a fase cósmica da Terra; • Arqueozoico e proterozoico: nesse período passaram a surgir os seres unice- lulares e invertebrados (algas e bactérias) – formação das rochas magmáticas; • A Era Paleozoica está dividida nos períodos permiano, carbonífero, devoniano, siluriano, ordoviciano e cambriano, nos quais houve a existência de rochas sedi- mentares e metamórficas. Surgiram também os peixes e os primeiros répteis. A próxima foi a Era Mesozoica, dividida pelos períodos cretáceo, jurássico e triássico. Surgiram mamíferos, aves e répteis gigantescos (dinossauros), grandes florestas e rochas sedimentares e vulcânicas. Já na Era Cenozoica existiram dois períodos,quaternário e terciário. Este último teve cinco épocas: plioceno, mioceno, oligoceno, eoceno e paleoceno. Nesse período houve o desenvolvimento dos mamíferos e fanerógamos. Os répteis gigantes foram extintos e formou-se as bacias sedimentares. No período do quaternário existiram duas épocas: holoceno e pleistoceno. Houve a glaciação no Hemisfério Norte, formação das bacias sedimentares recentes e o aparecimento do homem – a divisão cronológica é apresentada na Figura 11. Estrutura do Planeta Terra O interior da Terra, como nos outros planetas telúricos, é dividido em camadas relacionadas às suas propriedades químicas e físicas. A diferença aos outros planetas telúricos ou rochosos, é que o planeta Terra tem um núcleo interno e um núcleo externo distintos. Camadas e Composição O conhecimento da estrutura interna da Terra deve-se, essencialmente, ao estudo da propagação das ondas sísmicas geradas pelos terremotos. Essas ondas são propagações de energia que produzem vibração na crosta terrestre. A medição dessas ondas é realizada por intermédio de sismógrafos, aferindo a velocidade de propagação das ondas dos abalos sísmicos. O modelo da estrutura interna do Planeta (Figura 12) distingue três grandes camadas concêntricas: a crosta, o manto e núcleo. As camadas estão separadas por descontinuidades que são limites definidos por mudanças na densidade e composição dos materiais. A crosta encontra-se separada do manto pela descontinuidade de Mohorovicic, localizada a profundidades que variam entre 30 e 70 km. O manto está separado do núcleo pela descontinuidade de Wiechert-Gutenberg, localizada a cerca de 2.900 km de profundidade. 18 19 Figura 12 – Camadas geológicas do planeta Terra Fonte: Adaptado de cartografica.ufpr Crosta Terrestre A crosta terrestre, chamada também de litosfera, é uma região sólida, formada principalmente por rochas a base de silício, magnésio e alumínio, e é constituída por placas tectônicas em constante movimento, sendo divididas em duas camadas: • Sial: camada de rochas a base de silício e alumínio, de densidade mais leve, presentes na crosta continental; • Sima: camada de rochas a base de silício e magnésio, com maior densidade, predominando no fundo dos oceanos. As duas camadas são ilustradas na Figura 13: Figura 13 – Identifi cação das camadas Sial e Sima Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons 19 UNIDADE A Estrutura do Sistema Solar e da Terra Manto Terrestre O manto é formado por materiais silicatos em estado pastoso, chamados de magma. Ocupa cerca de 80% do volume do Planeta e fica logo abaixo da litosfera, chegando a até 2.900 km abaixo da superfície. A sua temperatura varia de 100 ºC, na região em contato com a litosfera, até 3.500 ºC próximo ao núcleo. Essa grande diferença da temperatura do manto é causada pelas correntes de convecção (Figura 14) originadas no manto, que movimentam as placas tectônicas na litosfera. Figura 14 – Correntes de convecção no manto terrestre Fonte: Adaptado de mappingignorance.org O manto superior é constituído, sobretudo, de silicatos que contêm magnésio e ferro. Estudos revelaram que alterações de pressão e temperatura alteram as propriedades e a forma desses silicatos, onde começam a se fundir sob as condições do manto superior. Em grandes profundidades, tais silicatos apresentam uma estrutura cristalina mais compacta, devido às altas pressões presentes. Na parte da litosfera oceânica, a espessura dessa camada é de cerca de 100 km, podendo ser bem fina em algumas regiões. Próximo à litosfera, o manto, indicado na Figura 15, apresenta diminuição de sua temperatura. A cerca de 100 km, aproxima-se da temperatura de fusão das rochas do manto, fundindo alguns dos silicatos presentes. Na profundidade de 200 a 400 km há aumento da pressão, mas a temperatura aumenta mais devagar, devido aos efeitos de convecção na astenosfera. Entre 420 e 650 km as propriedades do manto pouco se alteram com o aumento da profundidade. No limite núcleo-manto, cerca de 2.890 km de profundidade, ocorre uma mudança extrema nas propriedades, onde o material muda de uma rocha silicática sólida para uma liga de ferro líquida. Ocorre também grande aumento da densidade dos mate- riais, da ordem de 2,2 vezes, fazendo com que a fronteira entre o manto e núcleo seja plana, impedindo qualquer mistura. 20 21 (km) 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 3 4 5 6 7 Aumento da velocidade das ondas sísmicas (km/s) Manto superior Manto inferior Litosfera Astenosfera Mesosfera Crosta terrestre Figura 15 – Manto superior e inferior e o aumento da velocidade das ondas sísmicas com o aumento da profundidade no planeta Terra Núcleo Terrestre O núcleo (Figura 16) é a camada mais interior do planeta Terra e é formado principalmente por níquel e ferro. As temperaturas chegam a 5.000 ºC. O núcleo interno encontra-se em estado sólido, sendo “revestido” pelo núcleo externo, que se apresenta em estado líquido-plástico. Núcleo interno sólido Manto PKIKP PKP PKiKP PP PcP P ScS SS Núcleo externo líquido Crosta 10,0000 Quilômetros S Figura 16 – Propagação de ondas sísmicas na parte interna do manto e núcleo O conhecimento da composição do núcleo foi obtido devido a estudos de dados astronômicos, experimentos de laboratório e a dados sísmicos. 21 UNIDADE A Estrutura do Sistema Solar e da Terra A massa do núcleo (cerca de um terço da massa total da Terra) é altamente den- sa, o que é explicado pela presença dos metais ferro e níquel, que são abundantes no Cosmos. A teoria sobre a formação do núcleo da Terra é baseada no processo de diferenciação. Diferenciação é o processo de migração dos elementos mais densos para o centro do Planeta e dos mais leves para a sua superfície. A camada do núcleo começa em 2.900 km, chegando aos 6.370 km. Atualmente, o núcleo é dividido em duas subcamadas, classificadas de acordo com os seus respec- tivos estados físicos: o núcleo interno e o núcleo externo. O núcleo externo é líquido, apresentando alta fluidez, com viscosidade seme- lhante à da água, em razão de sua temperatura perto dos 3.000 ºC. A sua extensão vai de 2.900 km até os 5.150 km. Sua composição é de Fe (≅ 90%), Ni (≅ 10%) e de pequenas quantidades de Si e S. Devido à convecção e rotação terrestre, assume-se que o núcleo externo seja homogêneo. O núcleo interno, com cerca de 5.000 ºC, é sólido, sobretudo por causa da presença de elevada pressão, em torno de três milhões de vezes maior do que a pressão atmosférica ao nível do mar. É composto por uma liga metálica maciça de níquel-ferro, chamada também de NiFe. Leia sobre a pesquisa que revela o núcleo desconhecido com cristais de ferro. Disponível em: https://bbc.in/3frOv0k Campo Magnético da Terra O campo magnético da Terra, ou magnetosfera, é uma área ao redor do Planeta influenciada pelo campo de energia criado pelo magnetismo do núcleo terrestre. Como o manto, o núcleo externo da Terra transporta a maior parte do calor por convecção. O manto terrestre, sendo um sólido viscoso que flui de forma muito lenta, possui correntes de convecção que criam regiões onde as temperaturas são expres- sivamente mais altas ou mais baixas que a média do manto. Nessas regiões, a densi- dade e velocidade das ondas sísmicas são menores ou maiores que no manto médio. Observando o campo magnético da Terra é possível estudar a convecção presente na região do núcleo externo. Sistema Geodínamo O campo magnético interno da Terra comporta-se de modo semelhante a uma poderosa barra magnetizada, inclinada a 11º do eixo de rotação da Terra, localizada no centro do Globo, conforme mostrado na Figura 17. 22 23 O campo magnético pode ser definido como linhas de força. As linhas do campo geomagnético apontam para fora do solo no Polo Norte Magnético e para dentro no Polo Sul Magnético, ou seja, comportam-se como um campo magnético dipolar (com dois polos). Figura 17 – Campo magnético da Terra Fonte: Afcea.org Importante! No Planeta Terra,o Polo Norte Magnético localiza-se próximo ao Polo Sul Geográfico e o Polo Sul Magnético localiza-se próximo ao Polo Norte Geográfico. Além de a Terra realizar o movimento de rotação, o seu núcleo também se movi- menta. Com base na teoria do geodínamo sobre a origem do magnetismo terrestre, conforme o movimento do núcleo vai ocorrendo, as partículas de ferro e níquel colidem-se mutuamente, energizando os seus íons, o que, segundo essa teoria, origina o campo magnético terrestre. O campo magnético da Terra é fundamental para a vida no Planeta, servindo como um escudo de proteção contra os ventos solares. As linhas equipotenciais atuam desviando o vento solar, garantindo a proteção e conservação da atmosfera terrestre existente e a manutenção da vida no Planeta. O campo magnético da Terra está se comportando de maneira imprevista – e intrigando cientistas, disponível em: https://bbc.in/3ftkXiH 23 UNIDADE A Estrutura do Sistema Solar e da Terra Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites O Campo Magnético da Terra está se Comportando de Maneira Imprevista – e Intrigando Cientistas https://bbc.in/3ftkXiH Pesquisa Revela Núcleo Desconhecido com Cristais de Ferro https://bbc.in/3frOv0k Como é Ross 128 b, o Recém-Descoberto Planeta Próximo à Terra com Melhores Condições para Abrigar Vida https://bbc.in/2zXokOC Vídeos 9 Curiosidades Incríveis do Sistema Solar Que Você Nem Imaginava https://youtu.be/zRddr-LMrGc 24 25 Referências GROTZINGER, J.; JORDAN, T. Para entender a Terra. 6. ed. Rio de Janei- ro: Bookman, 2013. OLIVEIRA FILHO, K. de S.; SARAIVA, M. de F. O. Astronomia e Astrofísica. 3. ed. Porto Alegre, RS: Livraria da Física, 2014. TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. 25
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