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Música, Tecnologia e Educação

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Música, Tecnologia e 
educação
Profª. Ana Paula Evaristo Russi 
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Profª. Ana Paula Evaristo Russi 
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
R969m
 Russi, Ana Paula Evaristo
 Música, tecnologia e educação. / Ana Paula Evaristo Russi. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
 206 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-614-6
 ISBN Digital 978-65-5663-613-9
1. Música na educação. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 370
apresenTação
Caro acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Música, Tecnologia e 
Educação. A partir de agora você está convidado a debater a forma como as 
produções tecnológicas interferem no fazer musical e na própria formação da 
sociedade. Ao longo da sua vida, é possível que tenha usado diferentes meios 
para escutar suas músicas. Por mais que pareçam pequenas e individuais, 
essas mudanças dizem da dinâmica da relação da sociedade com a música, 
de modo que pensar a evolução tecnológica da música é pensar nos diferentes 
modos como ela é apresentada à sociedade e por ela é apreciada. 
A tecnologia da Educação Musical, por sua vez, é um reflexo dessa 
relação da produção tecnológica e também um aspecto que influencia 
diretamente os fazeres docentes. Assim como evoluíram os modos de 
se escutar música, também os modos de estudá-la, registrá-la, executá-
la e divulgá-la estão em constante transformação. A história tecnológica 
do mundo, portanto, exerce influência também na sala de aula. Hoje, um 
educador musical precisa estar em diálogo com as tecnologias da música e 
da Educação Musical, a fim de dispor de mais recursos para potencializar o 
aprendizado dos(as) estudantes.
Este livro está organizado em três unidades. Na primeira delas, 
vamos entender melhor o que de fato é tecnologia e como ela se coloca em 
amplo e constante diálogo com o mundo da educação. Na sequência, vamos 
mergulhar na história que conecta a tecnologia ao mundo da música, para 
então desvendar a complexidade da relação entre música e tecnologia na 
atualidade, neste cenário em que coexistem a internet (com ênfase nas redes 
sociais) e formação de mercados consumidores.
Na segunda unidade, vamos conhecer a estrutura básica de um 
estúdio e de alguns equipamentos de sonorização. Em seguida, partiremos 
para uma abordagem mais prática, através do estudo das noções básicas de 
softwares de edição de áudio. As experimentações seguirão pelos softwares 
de edição de partituras, ou seja: vamos aprender o básico de como se edita 
uma partitura no computador.
Este caminho é importante para que, na terceira unidade, possamos 
aprofundar nas tecnologias aplicadas à educação musical. Primeiramente, 
vamos tratar das tecnologias disponíveis para os(as) educadores(as) em 
geral, para depois versarmos sobre os celulares e smartphones e os recursos 
que podem fazer dessas tecnologias nossas parceiras no ato de educar. 
Por último, falaremos das mais recentes tecnologias que podem auxiliar o 
trabalho docente na área da Música.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Para além dos temas abordados, este livro trará sugestões de vídeos, 
podcasts e outros conteúdos que vão ajudar no aprofundamento de seus 
estudos. Não deixe de estudar esses materiais adicionais, serão de grande 
auxílio para você, estudante e futuro professor. 
 
Bons estudos!
Profª. Ana Paula Evaristo Russi 
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
suMário
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA .................... 1
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO .................................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3
2 EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – CONCEITOS FUNDANTES ................................................ 4
3 UMA BREVE HISTÓRIA DA TECNOLOGIA ............................................................................. 7
4 O QUE PODE A TECNOLOGIA? IMPLICAÇÕES ÉTICAS .................................................... 12
5 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: QUAIS OS DESAFIOS? ......................................................... 17
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 22
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 23
TÓPICO 2 — A HISTÓRIA TECNOLÓGICA DA MÚSICA ....................................................... 25
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25
2 EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS INSTRUMENTOS MUSICAIS .................................... 26
2.1 INSTRUMENTOS ACÚSTICOS ................................................................................................. 26
2.2 INSTRUMENTOS ELETRÔNICOS ............................................................................................ 31
3 EVOLUÇÃO DAS MÍDIAS E DOS REGISTROS SONOROS ................................................ 34
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 43
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 44
TÓPICO 3 — MÚSICA NA ERA DAS REDES ............................................................................... 45
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45
2 A MUSICOTECA DA INTERNET .................................................................................................45
3 P2P, TORRENT E STREAMING .................................................................................................... 48
4 REDES SOCIAIS ................................................................................................................................ 51
5 DIREITOS AUTORAIS .................................................................................................................... 53
6 FORMAÇÃO DE PÚBLICOS CONSUMIDORES ...................................................................... 57
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 61
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 63
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 65
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 67
UNIDADE 2 — INFORMÁTICA APLICADA À MÚSICA .......................................................... 73
TÓPICO 1 — ESTÚDIOS E EQUIPAMENTOS .............................................................................. 75
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75
2 PRINCÍPIOS DE ACÚSTICA .......................................................................................................... 75
3 ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO .......................................................................................................... 80
3.1 EQUIPAMENTOS ........................................................................................................................ 81
3.2 OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO .............................................................................................. 87
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 90
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 91
TÓPICO 2 — EDIÇÃO DE ÁUDIO................................................................................................... 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 93
2 SOFTWARES DE EDIÇÃO E GRAVAÇÃO DE ÁUDIO ............................................................ 93
2.1 AUDACITY .................................................................................................................................. 93
2.2 OCENAUDIO .............................................................................................................................. 110
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 114
TÓPICO 3 — EDIÇÃO DE PARTITURAS .................................................................................... 117
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 117
2 SOFTWARES ..................................................................................................................................... 117
2.1 MUSESCORE ............................................................................................................................. 117
2.2 FINALE......................................................................................................................................... 130
2.3 ENCORE ....................................................................................................................................... 134
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 138
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 141
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 143
UNIDADE 3 — TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO MUSICAL ................................................... 145
TÓPICO 1 — O EDUCAR NA ERA DIGITAL .............................................................................. 147
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147
2 UMA NOVA SALA DE AULA ...................................................................................................... 147
3 TECNOLOGIAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES ............................................................ 151
4 RECURSOS TECNOLÓGICOS NA SALA DE AULA E EAD ................................................ 153
4.1 COMPUTADOR E SMARTPHONE ........................................................................................ 153
4.2 RECURSOS AUDIOVISUAIS ................................................................................................... 154
4.3 OUTROS RECURSOS ............................................................................................................... 156
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 163
TÓPICO 2 — EDUCAÇÃO MUSICAL NA PALMA DA MÃO: APPS .................................... 165
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165
2 AFINADORES E METRÔNOMOS .............................................................................................. 166
3 GRAVADORES ................................................................................................................................ 169
4 EDITORES DE ÁUDIO .................................................................................................................. 170
5 JOGOS ELETRÔNICOS LIGADOS À EDUCAÇÃO MUSICAL........................................... 173
6 OUTROS RECURSOS .................................................................................................................... 177
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 181
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 182
TÓPICO 3 — NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO MUSICAL ................................... 183
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 183
2 CURSOS À DISTÂNCIA ............................................................................................................... 183
3 SOFTWARES E JOGOS .................................................................................................................. 186
4 REDES DE DIVULGAÇÃO ARTÍSTICA ................................................................................... 193
5 REDES DE PRODUÇÃO DE SABERES ...................................................................................... 197
6 OUTROS RECURSOS ....................................................................................................................198
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 200
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 202
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 203
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 205
1
UNIDADE 1 — 
FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA 
APLICADA À MÚSICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• definir de maneira ampla o que é tecnologia e como ela se aplica aos sa-
beres e fazeres musicais;
• discutir de que maneira a tecnologia, ao longo da história, permeia as 
relações entre música e sociedade;
• compreender a evolução da educação do ponto de vista tecnológico;
• construir um pequeno histórico tecnológico da música;
• dialogar criticamente sobre como a música é produzida e de que forma 
ela dialoga com a sociedade nos tempos atuais.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
TÓPICO 2 – A HISTÓRIA TECNOLÓGICA DA MÚSICA
TÓPICO 3 – MÚSICA NA ERA DAS REDES
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO 
Pode soar óbvio para você, acadêmico, a importância das tecnologias 
como potencializadoras do ato educativo. Todavia, por que tratar disso nesta 
disciplina? Não seria melhor partirmos para as práticas necessárias, isto é, 
aprender a utilizar os recursos atualmente disponíveis para tornar nossas aulas 
mais dinâmicas e interessantes?
Hoje, quando escutamos música, raramente recordamos do quanto 
esse simples ato foi transformado pelo progresso tecnológico. Na verdade, há 
outras implicações neste tema – como, por exemplo, os modos como a indústria 
fonográfica vem, há décadas, definindo nossos modos de ouvir música – que 
sequer podem passar pelo nosso pensamento.
Inovação tecnológica pode ser entendida de duas formas. Em primeiro 
lugar, como um processo de geração e disseminação de novas 
tecnologias, na malha econômica e social, sejam elas efetivamente 
um novo produto ou serviço ou uma nova forma de se exercer 
determinada atividade, utilizando novos recursos ou os recursos 
existentes combinados de uma nova maneira. Em segundo lugar, como 
o próprio resultado desse processo, ou seja, o produto ou artefato que 
dele resulta (PINTO, 2012, p. 26).
Daí a necessidade de esmiuçar como esses processos nos afetam 
coletivamente: para entender como a tecnologia, dentro do campo da educação, 
historicamente vem nos constituindo e transformando enquanto sociedade.
Para tal, faremos algumas visitas ao passado, entendendo como estes 
processos se estabelecem. Vamos também acompanhar o desenvolvimento 
de algumas tecnologias ao longo do tempo, para melhor compreender que 
categorias de diálogo esses acontecimentos estabelecem com a formação humana. 
Este processo se faz imprescindível para que deixemos de reduzir a tecnologia 
à elaboração de objetos mais práticos e interessantes. “Para se ter uma visão 
crítica das tecnologias e das mídias, seja como leitor ou autor, de forma a utilizá-
las de acordo com nossos interesses pessoais ou da sociedade como um todo, 
é imprescindível que nos apropriemos das mesmas” (GUIMARÃES; RIBEIRO, 
2007, p. 33).
Esse pensamento é fundamental para que a aula de música não se limite 
somente a uma abordagem praxiológica, mas contribua também para que 
você, futuro docente, possa contribuir para a formação de estudantes críticos e 
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
4
preparados para entender como esses processos afetam suas vidas cotidianas. 
Pensar criticamente sobre tecnologia e educação é, pois, refletir sobre aquilo que 
somos.
 
2 EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – CONCEITOS FUNDANTES 
Podemos dizer que tecnologia e educação são conceitos que acompanham 
a humanidade desde sempre. Ao longo de todo o ciclo evolutivo humano, 
dependemos do desenvolvimento de novos recursos – e da transmissão dos 
conhecimentos desenvolvidos – para que outros novos recursos possam se 
desenvolver, à medida que as demandas se modificam ou se renovam.
Quando você, estudante, é convidado a pensar na palavra tecnologia, o que 
vem à sua mente? A palavra tecnologia vem do grego technè, cujo significado se 
aproxima dos sentidos de “construir” e “ferramenta”; e logos, isto é, “pensamento”, 
“estudo”. De acordo com Moreira e Queiroz (2007), a tecnologia pode ser 
entendida como um conhecimento que se concretiza na criação e elaboração de 
ferramentas e procedimentos. 
Technè também é a raiz da palavra técnica, porém os dois termos – 
técnica e tecnologia – não carregam o mesmo sentido. Técnica tem a ver com 
a sistematização de um processo para construir determinado produto. Já a 
tecnologia se aproxima mais da Ciência, pois pode ser entendida também como 
um campo de conhecimento que nos ajuda a pensar em transformações que 
respondam a questões amplas da sociedade.
Muitas vezes, ao respondermos à pergunta inicial desta seção – o que a 
palavra tecnologia faz você pensar – logo pensamos nas grandes conquistas recentes 
como foguetes espaciais, carros que dispensam a necessidade de motorista ou 
cirurgias feitas em salas totalmente automatizadas. Mas a tecnologia também 
é um campo mais abrangente, que engloba tudo o que foi desenvolvido pelo 
homem e também o desenvolvimento humano em si.
Hoje em dia a produção tecnológica é inerente e própria ao homem. 
Este converteu-se em uma criatura pensante em virtude de sua 
capacidade de construir e, por sua vez, o produto fez do homem um 
ser pensante. Em efeito, no último milhão de ano, o gênero humano 
introduziu significativas modificações nos instrumentos, produtos 
da evolução da mão e do aperfeiçoamento do cérebro. O indivíduo 
converteu-se em uma criatura biológica e culturalmente mais refinada, 
e devido a isso, os produtos de seu talento foram tornando-se cada vez 
mais funcionais e ganhando em qualidade, do qual temos evidências 
contundentes que permitem reafirmar a capacidade tecnológica dos 
homens e mulheres pré-históricos (VERASZTO et al., 2009, p. 25).
 
Os primeiros hominídeos já buscavam na natureza objetos que 
potencializassem aquilo que suas mãos eram capazes de fazer (VERASZTO, 
2009). Uma representação dessa capacidade exploratória está representada na 
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
5
clássica cena do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, representada na Figura 1. 
Nela, um antropoide se apropria de um osso, utilizando-o para quebrar outros 
ossos e fazer o abate de animais.
FIGURA 1 – CENA DO FILME 2001, UMA ODISSEIA NO ESPAÇO
FONTE: <https://www.minhavisaodocinema.com.br/2018/12/critica-2001-uma-odisseia-no-es-
paco.html>. Acesso em: 9 nov. 2020.
Através da ressignificação – tal como feita na antológica cena do filme – o 
homem primitivo encontrava soluções para demandas que surgiam: tornar a caça 
mais produtiva, defender-se de animais predadores e assim por diante. Esse ato 
de ressignificar objetos é, também uma característica atual da Tecnologia: através 
dela, nós transmutamos objetos, recursos e materiais para enfrentar adversidades. 
É neste sentido que a tecnologia deve ser entendida como atividade inerente ao 
homem; e é também por esta via que ela se relaciona com a educação. 
A Tecnologia terá que ser entendida como a utilização de conhecimentos 
científicos para satisfação das autênticas necessidades materiais 
de um povo. Faria, portanto, parte de sua cultura e não poderia ser 
considerada como mera mercadoriaque se compra quando não se tem 
ou vende-se quando se tem. Seria a tecnologia algo que se adquire 
vivendo, aprendendo, pesquisando, interrogando e discutindo 
(VARGAS, 2009, p. 182).
Você já deve ter percebido que educação é um tema bastante referenciado 
e debatido, não só nas instituições de ensino, mas em todo lugar: nas reuniões 
familiares ou nas conversas informais entre amigos, é comum de vez em quando 
o tema entrar no diálogo. Isso porque “Educação”, para além de um objeto de 
estudo, também é uma prática inerente à humanidade.
 
Você já parou para se perguntar o que “educação” significa? Essa é uma 
pergunta complexa, pois como algo inerente às atividades humanas, a educação 
é dotada de múltiplos sentidos, produzidos de acordo com o contexto, os sujeitos 
que a praticam e os diálogos que ela suscita em cada microcosmo.
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
6
De acordo com Bittar (2018), a educação surgiu junto com a humanidade. 
A palavra vem do latim ducere, que significa “conduzir”, “comandar”. “Educação 
constitui tudo aquilo que é aprendido ao longo da vida dos seres humanos, ou 
seja, em suas práticas sociais, uns com os outros, já que em sociedade não existe 
eu desprovido de nós” (p. 195).
Complicado? Nem tanto. Para compreender melhor a abordagem de 
Bittar, precisamos entender que educação é algo mais amplo do que o conjunto 
de práticas exercidas na escola. Ou seja, a escola faz parte da educação, mas não 
é a educação em si.
A educação existe onde não há a escola e por toda parte podem haver 
redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a 
outra, onde ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo 
de ensino formal e centralizado. Porque a educação aprende com o 
homem a continuar o trabalho da vida (BRANDÃO, 2017, p. 6).
Quando pensamos a educação para além das vias institucionais, 
entendemos que, na verdade, todos nós estamos implicados nela, enquanto 
processo permanente. Estamos sempre trocando conhecimentos, ensinando uns 
aos outros a manejar equipamentos, a entender melhor a mensagem de um filme, 
a tocar um instrumento musical. Assim, estamos constantemente sendo educados, 
ao mesmo tempo em que vivenciamos o lugar de educadores, partilhando os 
saberes e fazeres com o outro. Nesse sentido, a educação se revela como atividade 
permanente que ocorre em diversos contextos, inclusive fora dos espaços 
oficialmente destinados a ela. Neste sentido, os papéis de educador e educando 
se confundem e não se subordinam a uma ideia imposta de classificação etária ou 
nível de experiência. Você já viu um jovem, talvez até uma criança, explicando a 
um adulto como funciona um determinado aplicativo de celular?
As tecnologias são assimiladas com rapidez por crianças e jovens, de tal modo 
que é comum vê-los neste papel de “ensinadoras”. É muito importante para nós, professores, 
refletirmos constantemente sobre como podemos aproveitar essa potência educadora, 
apreendida velozmente por estes sujeitos em formação, na sala de aula.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
7
A educação se constitui como um meio para compartilhar e ressignificar 
conhecimentos. Ela também é um patrimônio humano, pois todos os saberes 
construídos e reelaborados ao longo de 500 mil anos de existência humana 
fazem parte dela e da nossa história. Ainda que não tenhamos vivido todas 
as descobertas, ideias, projetos realizados, todo esse patrimônio estabelecido 
pela educação nos constitui enquanto seres humanos. Do mesmo modo, nossa 
história é marcada pelo desenvolvimento de diferentes recursos tecnológicos 
com a finalidade de atender a uma complexidade de demandas, que vão desde 
sobreviver até elaborar os modos como nos comunicamos com o outro, entre 
outros aspectos. O patrimônio cultural dado pela tecnologia
Constitui-se do legado tangível e intangível relacionado ao 
conhecimento científico e tecnológico produzido pela humanidade, 
em todas as áreas do conhecimento, que faz referência às dinâmicas 
científicas, de desenvolvimento tecnológico e de ensino, e a memória 
e ação dos indivíduos em espaços de produção de conhecimento 
científico. Estes bens, em sua historicidade, podem se transformar e 
de forma seletiva lhe são atribuídos valores, significados e sentidos, 
possibilitando sua emergência como bens de valor cultural (ARAÚJO; 
RIBEIRO; GRANATO, 2017, p. 13).
Assim, refletir sobre nossa produção educativa e tecnológica implica 
lançar um olhar para nós mesmos, para nossa humanidade e para nossa história, 
e entender como essas categorias constituem um bem comum e coletivo. Essa 
noção é importante para pensarmos em como potencializar o encontro entre 
tecnologia e educação, também, em nossos fazeres docentes cotidianos, pensando 
muito além do remanejamento e renovação de objetos. 
3 UMA BREVE HISTÓRIA DA TECNOLOGIA 
Como você, acadêmico, já deve imaginar, seria impossível reunir toda 
a história tecnológica da humanidade em algumas poucas páginas. Mas é 
importante nos situarmos em alguns momentos da história onde a criação de 
uma nova ferramenta, um novo processo de fabricação, ou um novo protocolo 
de procedimentos, provocaram sensíveis transformações na caminhada humana.
Agora você já sabe que a tecnologia é inerente à história humana. Nesse 
sentido, vamos visitar alguns momentos específicos em que ela criou marcos 
temporais na nossa trajetória. Já falamos de 2001 – Uma Odisseia no Espaço e como 
este filme trata da importância da ressignificação de um objeto em ferramenta 
na chamada Idade da Pedra, que iniciou com o surgimento da humanidade, 
há 2,5 milhões de anos. Ela é dividida em três períodos, sendo que o primeiro, 
denominado Paleolítico, vai até 10.000 a.C. e é caracterizado por uma intensa 
construção de ferramentas a partir da pedra lascada. Já o último período, 
denominado Neolítico, marca a existência humana entre 5 mil e 3 mil anos 
a.C., quando a técnica desenvolvida para elaborar esses artefatos passou a ser 
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
8
o desgaste (polimento). A Pré-História ainda é seguida pela Idade dos Metais 
(3.300 a 1.000 a.C.), na qual este material se constituirá na matéria-prima de base 
para construção de objetos.
O domínio do fogo é considerado por muitos historiadores um ponto 
crucial no desenvolvimento tecnológico pré-histórico, pois permitiu novos 
avanços na transformação de materiais, na produção de alimentos cozidos e na 
manutenção da temperatura. Ele foi a primeira fonte energética controlada, e 
através dele, o homem pré-histórico encontrou as primeiras fontes combustíveis, 
madeira e carvão. Com o fogo, também aprendemos a reconhecer materiais que 
são maleáveis mediante exposição ao calor, como é o caso do barro. 
Um longo caminho foi percorrido para que hoje tenhamos inúmeras 
outras fontes de energia, como a eólica, a hidrelétrica e a nuclear. No entanto, 
o fogo não deixou de ser um recurso indispensável à humanidade, sendo agora 
preconizado para outras necessidades.
A utilização do fogo provocou, ainda, alterações demográficas e sociais 
na vida das primeiras comunidades. A ingestão de alimentos cozidos 
e com maior variedade proporcionou maior resistência a doenças 
e, consequentemente, contribuiu para o aumento populacional. 
Além disso, o convívio em volta das fogueiras teria fortalecido o 
sentimento de união entre os elementos do grupo, contribuindo para o 
desenvolvimento da própria linguagem (PINTO, 2012, p. 17).
Interessante pensar que, neste exemplo, temos o desenvolvimento e 
aperfeiçoamento de uma técnica como etapa da história tecnológica, e não 
a invenção de um objeto, pois o fogo é um recurso natural, de modo que este 
recurso foi apropriado e controlado pelo homem, sendo ressignificado nas suas 
finalidades, como acabamos de aprender. Foi pela pesquisa sobre o fogo que 
chegamos às primeiras fornalhas em 8.000 a.C. – tecnologia que, por sua vez, 
levou-nos ao desenvolvimento de técnicas de moldagem de metais,que por 
sua vez permitiu o desenvolvimento de novas armas, utensílios e até meios de 
transporte mais resistentes. Ou seja, cada degrau avançado na tecnologia abre 
caminhos para uma cadeia de eventos evolutivos.
Não podemos deixar de mencionar uma outra tecnologia, considerada 
marco divisor entre a Pré-História e a História. A invenção da escrita proporcionou 
à humanidade fazer registros de maneira mais dinâmica e detalhada. Os primeiros 
registros simbólicos foram feitos com tinta, representando situações do cotidiano 
humano, também aconteceram ainda na pré-história. As pinturas rupestres tinham 
a função de registrar histórias, fatos e conhecimentos considerados relevantes 
pelos povos primitivos. A primeira fase da escrita chama-se pictórica, pois era 
representada por desenhos simples; gradativamente, estes signos perderam a 
relação visual com aquilo que representavam, na direção de uma escrita mais 
dinâmica. Os signos também evoluíram de uma representação extremamente 
concreta para uma linguagem mais abstrata, passando a representar sentimentos 
e outras categorias que não podiam ser desenhadas (FISCHER, 1999).
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
9
Por volta de 4.000 a.C., os sumérios desenvolveram um código gráfico de 
registro, que era aplicado sobre placas de barro: a escrita cuneiforme. Embora 
o mais antigo registro escrito sejam essas tábuas de argila, atualmente sabe-se 
que sistemas de escritas diferentes foram desenvolvidos simultaneamente entre 
povos antigos. A invenção do papel pelos chineses, por volta do ano 100, é outra 
mediação tecnológica que contribuiu para o desenvolvimento da escrita, pois 
viu-se que era muito mais simples e rápido colocar os registros gráficos em uma 
folha de celulose do que em tábuas de pedra, pergaminhos, tecidos ou placas 
de barro. Com a invenção do primeiro alfabeto pelos fenícios – o qual inspirou 
outros sistemas alfabéticos, incluindo o nosso – a escrita passou de um sistema 
complexo de centenas de ideogramas para um sistema mais intuitivo, baseado na 
combinação de um conjunto reduzido de símbolos (FISCHER, 1999).
Embora o alfabeto tal como o conhecemos exista desde o século VIII, e 
a nossa Língua Portuguesa tenha cerca de dois mil anos, ambas permanecem 
sendo reelaboradas tecnologicamente. É esse processo contínuo que disponibiliza 
uma imensa coleção de sotaques, dialetos, formas de discurso, modos de escrita. 
Basta pensarmos no advento da internet e em como ele nos fez reconstituir 
nossos modos de escrever. O modo como você, estudante, escreve um trabalho 
acadêmico é o mesmo modo como você digita uma mensagem no WhatsApp? 
É provável que não. Isso porque a escrita é um excelente exemplo de como uma 
tecnologia pode se manter em constante desenvolvimento, sendo reelaborada a 
cada geração e/ou mudança de contexto. 
Se pararmos para pensar, veremos que essa nova tecnologia de 
comunicação, a escrita, não foi inventada por um indivíduo ou mesmo 
um grupo restrito de indivíduos. Ela foi o resultado criativo de 
muitas pessoas que, durante centenas ou até milhares de anos, foram 
aperfeiçoando lentamente as formas até então existentes de escrita. 
Havia uma tecnologia de suporte (tábuas de argila), de ferramentas 
para escrever (estiletes de caniço) e um conjunto de regras bem 
definidas para guiar o processo de escrita e de leitura, todos eles sendo 
continuamente aperfeiçoados. Mas tudo isso não era suficiente para 
garantir que a escrita se perpetuasse: deveriam haver condições sociais 
necessárias para o seu avanço. Primeiramente, a sociedade em que a 
escrita surgiu precisou enxergar alguma utilidade para o seu uso e, em 
segundo lugar, essa sociedade deveria ser capaz de sustentar escribas 
especialistas para manter e aperfeiçoar a escrita (PINTO, 2012, p. 21-
22). 
Esses recursos tecnológicos, portanto, só se desenvolvem e se difundem 
por conta das relações sociais que operam, ressignificam e transformam esses 
objetos. A inovação tecnológica, de acordo com a autora, só acontece mediante 
a ação da sociedade, que se encarrega problematizar, criar soluções e reelaborar 
estas soluções à medida que novos desafios se colocam para aquilo que é 
produzido. Assim acontece com outras tecnologias que não cabem nesta seção – 
óculos, fotografia, internet, sistemas de esgoto, bússola, entre outros. Cada criação 
se difunde porque mobiliza a sociedade ao seu redor, que precisa aprender e se 
aperfeiçoar para adequar-se àquela novidade.
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
10
Quanto mais próxima da contemporaneidade, mais intensa é a 
produção tecnológica e as transformações sociais provocadas por ela. Na Idade 
Contemporânea, os historiadores elencaram quatro momentos para demarcar 
transformações sociais e tecnológicas que mudaram significativamente os rumos 
da humanidade: são as Revoluções Industriais. 
O que significa a frase "a revolução industrial explodiu"? Significa 
que a certa altura da década de 1780, e pela primeira vez na história 
da humanidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo 
das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes da 
multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, 
mercadorias e serviços (HOBSBAWN, 1977, p. 44).
A Primeira Revolução Industrial aconteceu no final do século XVIII 
e fez com que a Inglaterra mudasse radicalmente seu sistema de produção. O 
desenvolvimento da máquina a vapor permitiu que a produção de artigos fosse 
maior, de modo que esta tecnologia foi rapidamente assimilada pela indústria têxtil 
inglesa, com o desenvolvimento de máquinas que teciam fios com velocidade e 
rendimento equivalente a vários trabalhadores juntos. Esse processo caracterizou 
a transição do sistema manufatureiro para a maquinofatura. Houve uma intensa 
mecanização da produção, instituindo fábricas como as da Figura 2 e deslocando 
para o modo mecânico o que antes era uma produção pequena, artesanal e 
familiar. Assim, o trabalho de criar as ovelhas, extrair o algodão, desenvolver a lã 
e produzir os tecidos foi em grande parte mecanizado.
FIGURA 2 – FÁBRICA NO INTERIOR DO BRASIL, NO PERÍODO DA PRIMEIRA REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL, EM 1880
FONTE: <https://images.educamaisbrasil.com.br/content/banco_de_imagens/guia-de-estu-
do/D/primeira-revolcao-industrial.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2020.
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
11
Por volta de 1830, o desenvolvimento das locomotivas foi objeto de 
intenso investimento pela Inglaterra, resultando na construção de uma imensa 
malha ferroviária para transporte de produtos. É neste contexto que, na segunda 
metade do século XIX, acontece a Segunda Revolução Industrial, que durou até 
o início da Segunda Guerra Mundial. Nessa fase, do ponto de vista tecnológico, 
iniciou-se o uso intensivo do petróleo e do motor à combustão. Também ocorreu 
a difusão da eletricidade como alternativa de fonte energética, causando ainda 
maior expansão no sistema de maquinofatura.
A Terceira Revolução Industrial iniciou na década de 1950 e caracterizou-
se pelo desenvolvimento da robótica, informática e genética. O aprimoramento 
das máquinas já usadas foi elevado a um nível exponencial, devido ao processo de 
informatização. Também houve potencial desenvolvimento das telecomunicações, 
tornando a comunicação mais rápida e com alcance ainda maior. Foi nesse 
período, mais especificamente na década de 1970, que a internet foi criada.
A introdução da engenharia genética no núcleo central da terceira 
revolução industrial faz dessa nova era técnica um momento da 
reconstrução técnica dos espaços mais radical no poder modelador das 
formas e nos efeitos transformadores que os que vimos para as eras 
da primeira e sobretudo da segunda revolução industrial (MOREIRA, 
2005, p. 102). 
A Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Revolução 4.0, 
é a que estamos atravessando na atualidade. Ela se caracteriza pela expansão dos 
sistemas ciberfísicos e pelo investimento na implantação da inteligência artificial,com vistas à criação de redes que controlem a si mesmas e tenham autonomia sobre 
a produção. Outras tecnologias que estão em momento de ampla expansão são a 
nanotecnologia – que pesquisa a manipulação de matéria em escala molecular – e a 
engenharia genética, que estuda o manejo da informação genética dos seres vivos. 
Por que essas “reviravoltas tecnológicas” são tão importantes a ponto de serem 
demarcadas como marcos temporais? Porque, para além dos avanços técnicos 
e dos recursos desenvolvidos, esses acontecimentos afetam toda a sociedade, 
transformando nosso modo de ser e existir. Os celulares, hoje, ajudam a organizar 
nossas vidas, a ter contato imediato com amigos e conhecidos. Em compensação, 
muitas vezes nos sentimos obrigados a nos manter o tempo todo conectados, de 
modo a tirar o tempo dedicado a outras atividades para responder as mensagens 
nas redes sociais, atender ligações etc. Cada mudança tecnológica, assim como o 
celular, facilita nossa vida, mas ao mesmo tempo implica mudanças subjetivas 
para nos adaptarmos ao novo. É nesse sentido que a tecnologia se confirma como 
um patrimônio cultural e um conhecimento inerente à humanidade.
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
12
Para refletir mais sobre os impactos sociais causados pelas transformações 
tecnológicas, assista ao filme Tempos Modernos (1936), dirigido por Charles Chaplin. Ele 
está disponível na íntegra no link: https://youtu.be/_7Blz8AWQXA.
DICAS
4 O QUE PODE A TECNOLOGIA? IMPLICAÇÕES ÉTICAS 
Até aqui, conhecemos a potência transformadora da tecnologia e o quanto 
ela é expressão da história humana e da construção do patrimônio humano. 
Todavia, é importante saber que nem sempre a humanidade investiu no 
desenvolvimento tecnológico com vistas ao bem comum e ao respeito aos direitos 
humanos.
O debate sobre ética em tecnologia é tão antigo quanto ela própria, e 
também contribui para uma educação sobre o uso de determinados recursos. 
Falamos bastante da escrita e como ela representa um divisor de águas entre a 
Pré-História e a História. Para além desta noção, é muito importante compreender 
que a relação humana com o ato de escrever também se transforma à medida que 
a história avança, os contextos se modificam e os debates se fazem necessários. 
No antigo Egito, a escrita era função exclusiva dos escribas (PINTO, 2012); e na 
Idade Média, um membro da realeza que não soubesse escrever, dependendo de 
outras pessoas para tal, era considerado nobre e de acordo com os costumes da 
época. Até o século XIX, aliás, era comum em países do ocidente que as mulheres 
fossem analfabetas. E embora essa realidade tenha sido transformada em muitos 
contextos, às custas de muito diálogo e muita mobilização social, ela não deixou 
de existir: basta lembrarmos da história de Malala, a menina afegã que aos 16 
anos foi baleada dentro do ônibus escolar por lutar pelo direito das mulheres de 
poderem estudar.
Leia Eu Sou Malala, autobiografia de Malala Yousafzai escrita com apoio da 
jornalista britânica Christina Lamb, e conheça a história da jovem afegã e sua militância 
pelo direito das mulheres afegãs à educação. Malala foi laureada com o Prêmio Nobel da 
Paz em 2014.
DICAS
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
13
Sob outro ângulo, é preciso compreender que nem sempre uma ferramenta 
é construída com vistas à preservação e/ou melhoramento da vida humana. A 
indústria bélica, por exemplo, recebeu 1,9 trilhão de dólares em todo o mundo, 
somente no ano de 2020 (HEINRICH, 2020), e atualmente corresponde por um 
dos segmentos cujas tecnologias estão entre as mais avançadas.
Na Era Digital, este tema é ainda mais emergente; e ele está mais próximo 
de nós do que podemos imaginar. Em janeiro de 2020, as contas do Facebook e 
do Twitter foram invadidas por hackers, o que impulsionou os debates sobre a 
questão dos big data – conjuntos de dados imensos, como por exemplo os bancos 
de dados de redes sociais – e a necessidade do estabelecimento de protocolos de 
armazenamento e proteção desses dados, que trazem informações sobre milhares 
de pessoas. Assim como a privacidade dos dados, são infinitos os temas a serem 
debatidos quando o assunto é ética no campo da tecnologia: o modo como as 
redes sociais passaram a ocupar o nosso tempo; os serviços de atendimento ao 
consumidor, que nos colocam a conversar com máquinas; a precarização do 
trabalho durante a pandemia de 2020; a disseminação de discursos de ódio na 
internet; as experiências envolvendo seres humanos e animais e os impactos 
ambientais gerados por certas tecnologias.
O ilustrador Steve Cutts costuma problematizar, em seu trabalho, os problemas 
e destruições que a tecnologia pode proporcionar à vida moderna. Assista à animação Man 
(2012), que focaliza nos impactos ambientais provocados pelo ser humano. Disponivel em: 
https://youtu.be/WfGMYdalClU.
DICAS
Obviamente, a função deste debate não é ignorar que a tecnologia existe 
primordialmente pela melhoria do nosso dia a dia. Não podemos ignorar, por 
exemplo, que em 2007, pela primeira vez o mundo atingiu uma marca menor 
do que 10 milhões de crianças falecidas antes de completar cinco ano de idade 
– o conhecido índice de mortalidade infantil. Em 1990 esse número superou 
os 13 milhões e, nas décadas anteriores, era ainda maior. De acordo com 
relatório da Unicef, as vacinas e a suplementação vitamínica – dois importantes 
avanços tecnológicos na área da medicina – estão entre as causas desta redução 
(MORTALIDADE…, 2007). Mas também não podemos ignorar que esses avanços 
às vezes podem ser excludentes ou, de outro ponto de vista, mortíferos.
Porém, mesmo no campo da Medicina, os avanços tecnológicos também 
provocam impactos e grande contradições. A engenharia genética, da qual 
já falamos anteriormente, permitiu a identificação de diversas anomalias e o 
tratamento de doenças a partir da investigação do DNA. No entanto, há uma 
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
14
grande discussão em torno do que hoje é chamado de “design de bebês”, isto é, o 
fato de famílias com grande poder aquisitivo terem a possibilidade de escolher a 
cor do cabelo, dos olhos e todas as características fenotípicas da criança, apontando 
para uma uniformização da espécie humana e sobrepondo o desejo subjetivo à 
ação da natureza (LETRA, 2015).
Todavia, não é somente na área da saúde que estas discussões têm 
surgido. Uma das questões que tem gerado debates tem a ver com a obsolescência 
programada: em tese, os artefatos tecnológicos são descontinuados com certa 
rapidez. Um celular, por exemplo, pode funcionar durante muitos anos, mas a 
demanda de novas funções e atualizações faz com que, mesmo funcionando, ele 
se torne um artigo obsoleto, pois não serve às demandas que o próprio mercado 
impõe acerca do que um aparelho celular precisa ter para ser considerado 
indispensável. Quando o WhatsApp começou a ser utilizado em larga escala, 
praticamente todos os aparelhos móveis que não suportavam esta tecnologia 
tornaram-se praticamente obsoletos.
O documentário Obsolescência Programada, lançado em 2010 com 
direção de Cosima Dannoritzer, trata com profundidade sobre o tema, incluindo os 
impactos ambientais e sociais. A versão dublada está disponível no link: https://youtu.be/
H7EUyuNNaCU.
DICAS
O tema das fake news, isto é, notícias falsas que são difundidas em redes 
sociais com o objetivo de manipular a opinião pública, também tem ganhado 
muita atenção nos últimos anos, visto que já se percebeu o impacto dessas 
armadilhas tecnológicas em processos eleitorais por todo o mundo. No Brasil, 
só recentemente iniciaram-se os debates acerca da criação e difusão de fatos 
inventados – algo que é feito com uso da inteligência artificial e dos bots, isto é, 
inteligências artificiais criadas para sustentar milhões de perfis em redes sociais. 
No entanto, o acesso cada vez maior às tecnologias de edição de áudio e vídeo 
tem permitido que sujeitos com menos recursos também possam criar fakese, 
com um pouco de manejo nas redes sociais, transformá-las em hits da internet. 
Um exemplo é o deep fake, ou seja, a manipulação de vídeos com dublagens para 
simular registros falsos de alguém. Em outubro de 2019, um vídeo da deputada 
estadunidense Nancy Pelosi foi editado, reduzindo a velocidade de reprodução. 
A versão alterada foi amplamente divulgada nas redes sociais, pois dava a 
impressão de que a deputada estava embriagada. Uma alteração muito simples, 
que pode ser feita até em computadores mais antigos, mas que gerou forte 
impacto na opinião pública (TWOREK, 2019).
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
15
Porém, hoje, nenhuma tecnologia está sendo tão discutida na área da 
ética como as redes sociais. O cientista da computação Jaron Lanier, um dos 
precursores da realidade virtual, recentemente publicou um livro cuja versão 
brasileira chama-se Dez Argumentos para você deletar agora suas redes sociais, 
no qual aponta os grandes perigos ocasionados pelas redes sociais. Segundo 
Lanier (2018), entre os grandes problemas das redes sociais estão o fato de que 
elas não são feitas para descartar mentiras, e sim para disseminá-las. Além disso, 
o fato de colocarmos nossas informações pessoais – uma exigência para que 
possamos participar destas redes – torna fácil a manipulação de informações para 
que nossas decisões sejam induzidas.
O aumento da acessibilidade a determinadas tecnologias, ainda que torne 
nossa vida um pouco mais simples e prática, também nos obriga a refletir sobre 
estabelecimento de alguns limites sobre os usos que delas fazemos. É o caso da 
impressora 3D, uma grande novidade que nos últimos anos ficou um pouco 
mais acessível, permitindo a fabricação de peças de reposição, instrumentos e 
ferramentas entre outras coisas. A crescente fabricação de armas caseiras com o 
uso deste equipamento suscita, mais uma vez, um debate que pode ser resumido 
na questão: como tornar as tecnologias acessíveis a todos e todas, promovendo 
sua utilização de forma ética e responsável?
Para maior aprofundamento no tema, assista a palestra Como a tecnologia 
desafia as leis e a ética mundial de Karina Penna Neves – integrante do Comitê de Ética e 
Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil. Acesse o link: https://youtu.be/ttkEwBG2-y0.
DICAS
Por outro lado, o desenvolvimento tecnológico, principalmente das 
tecnologias ligadas à comunicação, tem permitido um debate muito mais amplo 
acerca dos aspectos éticos. Um Bom exemplo é a comunidade Linux. Formada por 
colaboradores de todo mundo, é responsável pelo desenvolvimento de sistemas 
operacionais de código aberto, a maioria gratuitos. A iniciativa visa reduzir a 
dependência quanto ao uso de sistemas operacionais pagos. Os colaboradores 
Linux desenvolveram centenas de diferentes versões de sistema operacional, 
adequados a diferentes contextos e máquinas, e que são atualizados regularmente, 
além de oferecer suporte por meio de comunidades para usuários iniciantes e 
aprendizes (APGAUA, 2004).
Como você pode ver, acadêmico, o tema e seus desmembramentos não têm 
fim. A questão dos metadados e sua educação compulsória para o consumo, tema 
que trataremos no Tópico 3 desta unidade, também pode ser considerada um dos 
focos neste debate. Assim, sem deixar de considerar as grandes conquistas que 
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
16
a tecnologia nos proporciona, é preciso pensar nas tecnologias que surgem para 
servir somente a um segmento restrito da sociedade, assim como naquelas que são 
tornadas acessíveis justamente para incentivar o consumo desenfreado, e outras 
que ainda são responsáveis pela desumanização das relações. Uma máquina, 
por mais inteligente que seja, trabalha com metadados, comandos e informações 
estatísticas, e não com informações subjetivas e princípios humanizados.
E no mundo da música? Será que há questões éticas importantes a serem 
discutidas? Já falamos do impacto de algumas tecnologias nesta área, como 
é o caso da digitalização da música e o uso de afinadores de voz. Em alguns 
exemplos citados nas seções anteriores, vimos que essas transformações acabam, 
também, por influenciar nossos modos de ouvir, compor e tocar. Todavia, o 
debate ético sobre tecnologias musicais é ainda mais antigo. Por muitos anos – 
mais especificamente, a partir da difusão comercial das fitas k-7 e, mais tarde, dos 
CDs e DVDs graváveis e principalmente com as redes P2P e torrent – o grande 
foco se dirigiu para a questão da pirataria, ou seja, a prática de copiar/reproduzir 
um trabalho musical sem autorização.
É possível que você já tenha visto e até comprado um CD ou DVD pirata. 
Porém, esse tipo de atividade não surgiu com estas tecnologias. Já na época dos 
discos de vinil, popularizou-se a prática dos bootlegs, que eram compilados de 
registros não-oficiais de gravações feitas por artistas e bandas famosos. Um 
exemplo famoso é o álbum Great White Wonder, de Bob Dylan, lançado em 1969 
com gravações informais feitas ao longo da mesma década. Esses discos em geral 
eram produzidos com a conivência dos(as) artistas, mas já demarcam uma ideia 
de produção paralela à indústria musical (CASTRO, 2006).
Outra discussão proeminente no mundo da música tem a ver com a 
chamada I.A., isto é, Inteligência Artificial. Hoje existem supercomputadores 
e robôs que fazem cirurgias, cálculos de engenharia e outros procedimentos 
com precisão e rapidez inatingíveis pelo ser humano. Todavia, será que existe 
uma Inteligência Artificial capaz de compor uma música? Já na década de 
1970, o cantor e compositor David Bowie – por sinal, um entusiasta do uso das 
tecnologias musicais – criou o Verbasizer, um software capaz de gerar versos 
musicais através de seleção randômica. Bowie compôs uma série de músicas com 
as letras “compostas” pelo programa (AVDEEFF, 2019). 
Será que existe uma Inteligência Artificial capaz de compor uma música? 
A resposta é sim. Através de programação específica, hoje há computadores 
que compõem peças musicais, inclusive atendendo a exigências determinadas. 
Se você procurar no YouTube o termo “Daddy's Car: a song composed by Artificial 
Intelligence”, poderá escutar a canção de mesmo nome que é parte do primeiro 
álbum composto inteiramente por um computador – neste caso, a I.A. denominada 
Flow Machine, de criação do francês François Pachet, seguindo parâmetros 
similares aos modelos composicionais dos Beatles (AVDEEFF, 2019). 
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
17
A Flow Machine não é a única inteligência artificial musicista. Já existem 
máquinas que compõem trilhas sonoras em tempo real para jogos de videogame, 
variando as “emoções” de acordo com o andamento do jogo, isto é: de acordo com 
o andamento do game, a trilha fica mais melancólica ou mais alegre. Assim como 
em outras áreas do conhecimento, um computador pode produzir uma música 
de maneira mais rápida que o ser humano; no entanto, para que seja possível 
este feito, é preciso programar a máquina com um conjunto de informações que 
somente um músico pode lhe ensinar.
Como podemos ver, esse diálogo contínuo exige constante atualização e 
só progride na base de ampla interação. O objetivo desta seção era colocar alguns 
dilemas que giram em torno da tecnologia. Esta, ainda que seja conceituada 
como algo que resolve nossos problemas, é uma invenção humana e está sujeita a 
falhas e até a produção de violências, cabendo a nós nos manter atentos às novas 
questões que surgem, sempre com vistas a um bem-estar comum e coletivo. 
5 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: QUAIS OS DESAFIOS?
Antes de falar dos desafios futuros da tecnologia dentro da Educação, é 
importante salientar que tudo o que hoje é vigente envolvendo estes dois campos 
de conhecimento foi construído exatamente a partir da problematização, da 
pesquisa e da solução de problemas. Assim, embora a caminhada tecnológica 
seja interminável, é importante reconhecer as muitas demandas e problemas que, 
de algum modo, foram contornados pelo desenvolvimento de recursos.Pergunte a seus pais ou avós como era ir para a escola, nas suas infâncias 
e juventudes. O que usavam para escrever? Como carregavam seus livros e 
cadernos? Como era a organização e a mobília da sala de aula?
Os objetos que hoje são parte da rotina escolar nem sempre existiram 
na atual configuração, e o exercício de imaginar um mundo sem eles é uma 
maneira de pensar nos desafios passados que uniram tecnologia e educação. 
Nem sempre, por exemplo, os espaços educativos tiveram giz e lousa, muito 
menos um Datashow para que o professor pudesse explanar visualmente aquilo 
que pretendiam ensinar. Na Inglaterra do século XV, utilizava-se amplamente o 
hornbook, uma espécie de cartilha impressa em madeira tal como aparece na Figura 
3. Diferente de uma lousa, esses materiais não podiam ser apagados e reescritos, 
o que refletia inclusive nas questões de currículo: para ensinar um outro tema, era 
necessário elaborar outro hornbook, algo que não era simples nem barato de fazer. 
Somente no final do século XIX os primeiros quadros destinados à escrita com 
giz começaram a se difundir pelos espaços educativos europeus (BRUZZI, 2016). 
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
18
FIGURA 3 – MODELOS DE HORNBOOKS
FONTE: <https://blogs.library.duke.edu/preservation/files/2019/10/Hornbook004.jpg>. Acesso 
em: 12 nov. 2020.
E como será que as palavras eram escritas antes de existir lápis? Os 
primeiros exemplares semelhantes aos que conhecemos – uma mina de grafite 
revestida por madeira – apareceram somente no século XVI, e ainda foi preciso 
esperar mais um século para o desenvolvimento de tecnologias de produção em 
massa desses objetos, para que eles se tornassem acessíveis à população.
Na verdade, todo sistema educacional sempre utilizou de tecnologias, 
o que não pode ser confundido com apenas o uso dos aparelhos, máquinas ou 
ferramentas. A exposição oral, o uso do quadro, giz, a leitura, o uso do livro 
didático, o agrupamento de alunos também não deixam de ser considerados nas 
escolas como formas de tecnologias (LACERDA, 2001).
A ideia de projetar imagens prontas já era problematizada no século XIX, 
quando foi desenvolvido o primeiro protótipo destinado à função: a “lanterna 
mágica”, já nasceu semelhante a outros aparelhos projetores (TEDESCO, 2008). 
Criada para ampliar imagens pintadas em vidro, praticamente foi um precursor 
do Datashow. Só na última década do século XX a versão mais atual deste recurso 
se tornou comum em escolas e universidades, percorrendo o desenvolvimento 
de uma família tecnológica com esta funcionalidade que auxiliou educadores e 
educadoras, como é o caso do projetor de slides e o retroprojetor, criado em 1931.
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
19
E você já se imaginou em um mundo sem caneta esferográfica? Pois ela 
surgiu apenas na década de 1930, e representou um avanço fundamental para sua 
época: antes dela, os cadernos escolares eram preenchidos com pena ou caneta-
tinteiro – que precisava ser constantemente recarregada. Depois de preencher a 
folha, era necessário passar o “mata-borrão”, uma espécie de borracha esponjosa 
que sugava o excesso de tinta, evitando que as páginas manchassem umas às 
outras quando o caderno fosse fechado.
Por esse pequeno histórico, já podemos deduzir o complexo caminho para 
desenvolvimento de tecnologias ligadas à educação, e como este tema não trata 
somente de tecnologias de ponta da nossa atualidade digitalizada, visto que só 
final da década de 1950, chegaram as primeiras fotocopiadoras; a calculadora 
eletrônica, em 1967; e os primeiros computadores em 1971 (mas somente no final 
da década de 1980 seu uso pessoal foi difundido). É visível que a maior parte 
destas tecnologias, ainda que não tenham sido desenvolvidas para a vida escolar 
acabaram por resolver problemas e/ou otimizar as atividades educativas.
Você pode acompanhar uma linha do tempo da tecnologia dos recursos 
educativos no link https://www.timetoast.com/timelines/transformacoes-tecnologicas-
produzidas-pelo-homem.
DICAS
Assim como as transformações tecnológicas podem surgir como solução 
de dilemas educativos, há também as tecnologias que movimentam debates 
proeminentes. O psicólogo behaviorista Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), 
criou uma “máquina de ensinar”: composta por um sistema de bobinas, a 
máquina exibia uma frase a ser completada ou uma equação matemática. Ao 
estudante cabia a tarefa de encontrar a resposta para o problema, assinalando 
um campo específico e depois comparando com uma outra janela, que era aberta 
para revelar a resposta. O objetivo era que a máquina se ocupasse da tarefa de 
propor problemas a serem resolvidos, para que o professor pudesse se dedicar 
mais à função de orientador. A máquina de ensinar logo caiu em desuso, sendo 
substituída por tecnologias mais avançadas como a teleaula e o computador. 
Todavia, sua chegada ao ambiente de ensino motivou os primeiros diálogos sobre 
o uso de recursos para potencializar a autonomia de quem estuda e a mediação 
de quem ensina (SALES, 2020).
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
20
FIGURA 4 – MÁQUINA DE ENSINAR DE SKINNER
FONTE: <https://bit.ly/3w4VofD>. Acesso em: 13 nov. 2020.
E hoje? Quais são os desafios mais atuais? Para muitos especialistas, o 
momento em que vivemos é da Educação 4.0, um reflexo da revolução tecnológica 
industrial e de todo esse aparato de invenções que está modificando os modos de 
ensinar e aprender de todos os sujeitos, sejam eles gestores(as), educadores(as) 
ou estudantes.
A Educação 4.0, seus pilares e metodologias serão apurados na Unidade 3 
deste livro.
ESTUDOS FU
TUROS
Esse contexto, no qual florescem invenções, é tensionado por questões 
históricas e sociais. No Brasil, o atual contexto apresenta escolas em diferentes 
graus econômicos e sociais, e isto é visível, entre outros fatores, através das 
tecnologias acessíveis em seus espaços. O Censo Escolar de 2016 (INEP, 2017) 
revelou que somente 46,8% das escolas públicas de ensino fundamental dispõem 
de laboratório de informática; 65,6% têm acesso à internet e em apenas 53,5%, a 
internet é por banda larga. Além disso, há a questão do custo de certos materiais, 
como tablets, computadores e celulares. Enquanto algumas escolas contam 
com lousa digital e cada estudante possui um tablet para acompanhar as aulas, 
em outros estabelecimentos de ensino, uma sala de informática, mesmo com 
computadores desatualizados, ainda é um sonho.
TÓPICO 1 — TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
21
Outro fator é o contato precoce que boa parte das crianças tem com 
celulares e computadores – principalmente os primeiros, considerando que em 
2019 o Brasil chegou ao 5º lugar no mundo em uso de smartphones (VALENTE, 
2019). Esse é um conhecimento que elas não adquirem nos bancos da escola, e 
sim no seio familiar ou no convívio com os colegas. E não é raro observar que esta 
troca de conhecimentos acontece com tal celeridade que muitos educadores não 
conseguem acompanhar. O simples fato de não existir um “curso para manuseio de 
telemóveis” é a prova de que certas tecnologias já são criadas para que os sujeitos 
se apropriem delas de formas intuitiva, somada às trocas de conhecimentos com 
seus pares. Esse modo de construção de conhecimento, conduzido pelas crianças, 
é um elemento positivo da tecnologia. Porém, educadores, educadoras e escolas 
ainda encontram dificuldades para aproveitar essa construção de conhecimento 
como uma potência dos seus processos de ensino e aprendizagem.
Uma outra questão diz respeito à atenção e dispersão. Quando a turma vai 
trabalhar com computadores, notebooks ou tablets, além da atividade proposta, 
encontram uma gama de outros softwares desafiando sua curiosidade (com 
ênfase nos navegadores de internet). Até pouco tempo atrás, a maioria das escolas 
bania o uso de celulares em suas dependências. E mesmo hoje há unidades que 
vedam o uso da conexão de internet e/ou o acesso às redes sociais. De acordo com 
Carrano (2017, p. 397-398),Os jovens possuem, hoje, um campo maior de autonomia frente às 
instituições do denominado “mundo adulto” para construir seus 
próprios acervos e identidades culturais. Há uma rua de mão dupla 
entre aquilo que herdam e a capacidade de cada um construir seus 
próprios repertórios culturais […]. A escola encontra-se diante 
de indivíduos que são muito mais do que alunos ou alunas. Os 
múltiplos tempos e espaços de constituição das subjetividades juvenis 
transcendem em muito o espaço-tempo da escola. 
No que tange às redes sociais, é importante pensar em como fazer delas 
aliadas, e não inimigas da escola. Além de deixar de lado uma rivalidade improdutiva 
(pois soa evidente que a escola não conseguirá banir o uso desses recursos), há 
que se pensar nas redes sociais como potencializadoras do ato de aprender, ao 
mesmo tempo em que a escola precisa cumprir seu papel de educar para um uso 
responsável desses recursos e de toda a internet, ensinando a identificar e avaliar 
fontes de informação, a checar a veracidade das notícias e assim por diante. Nas 
Unidades 2 e 3 vamos propor alguns usos de celulares e computadores de modo a 
favorecer o trabalho pedagógico dos Educadores Musicais.
Por último, vale salientar que nem sempre uma tecnologia exclui as outras 
anteriores. O uso de um recurso pressupõe uma escolha técnica e ao mesmo 
tempo subjetiva, pois parte de uma avaliação das condições e possibilidades 
de dentro do contexto, do currículo e do coletivo formado por estudantes e 
professores. Tampouco parece provável que a função docente seja extinta, pois “a 
figura do professor continua sendo imprescindível no processo de ensino, seja ele 
à distância, seja da forma convencional dentro da sala de aula. A grande diferença 
está no papel do professor” (LACERDA, 2001, p. 118).
22
Neste tópico, você aprendeu que:
• Falar de tecnologia e educação significa, para além das inovações tecnológicas, 
falar sobre as transformações sociais provocadas por estes campos do 
conhecimento. 
• Tecnologia é um conhecimento que se concretiza na criação e elaboração de 
ferramentas e técnicas. 
• A Educação compõe tudo aquilo que é aprendido ao longo da nossa vida, nas 
relações e práticas sociais. 
• O desenvolvimento tecnológico, assim como a educação, é inerente ao ser 
humano e determinou marcos temporais importantes. 
• Algumas inovações, como a escrita, se caracterizam como tecnologias em 
constante transformação. 
• Por mais que o desenvolvimento tecnológico influencie positivamente o 
desenvolvimento humano, ele também traz consequências negativas, que 
precisam ser estudadas e problematizadas. 
• Um grande debate sobre o impacto tecnológico está sendo movido, levantando 
questões éticas em cada área específica. 
• No mundo da música, os debates sobre ética e tecnologia também reverberam, 
por exemplo, na questão da pirataria e do uso de inteligências artificiais para 
criação de composições.
• Educação e Tecnologia são campos complementares, que precisam ser 
analisados criticamente para compreender seus impactos atuais na sala de 
aula. 
• São muitas as questões a serem discutidas envolvendo o uso de tecnologias 
na educação, entre elas o uso de smartphones de maneira a contribuir para 
o desenvolvimento curricular, uso das redes sociais e questões relativas à 
atenção.
RESUMO DO TÓPICO 1
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1 A história humana é marcada pelo desenvolvimento de novos recursos 
tecnológicos e a transmissão de conhecimentos desenvolvidos. Sobre 
a relação entre tecnologia e educação, classifique V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas:
( ) O termo tecnologia se resume ao ato de construir ferramentas novas.
( ) Uma das características da tecnologia é a ressignificação de objetos.
( ) Tecnologia e Educação são campos de conhecimento distintos, que não se 
relacionam.
( ) Tecnologia e Educação são conhecimentos inerentes à humanidade.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) V – F – F – F.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) F – V – F – V.
2 A tecnologia se desenvolve acompanhando a história humana e em constante 
diálogo com a produção de conhecimentos no campo da educação. Sobre 
este assunto, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) Determinadas inovações tecnológicas demarcam estágios da história 
humana. O uso de pedras lascadas e o início do uso de metais são exemplos 
de marcos temporais.
b) ( ) Ao longo de sua história, o ser humano utilizou diferentes matrizes 
energéticas, algo que ocorreu sem prejuízo ao meio ambiente e sem impactos 
sociais notáveis.
c) ( ) A escrita é a tecnologia que demarca a passagem da Pré-História para 
a História. Ela é resultante de um longo aperfeiçoamento que envolveu 
diversas comunidades.
d) ( ) Do ponto de vista histórico, passamos por quatro revoluções industriais 
diferentes, marcadas por aprimoramentos tecnológicos distintos e 
consequentes transformações sociais.
3 O aumento da acessibilidade a celulares e smartphones fez com que esses 
artefatos chegassem ao ambiente escolar, através de professores(as) e 
também estudantes. Disserte sobre as possibilidades proporcionadas pela 
presença destes aparelhos na sala de aula.
AUTOATIVIDADE
24
25
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
A HISTÓRIA TECNOLÓGICA DA MÚSICA
1 INTRODUÇÃO
 
Neste tópico, vamos tratar da evolução tecnológica dos instrumentos 
musicais, observando como as mudanças sociais dialogam com a elaboração de 
algumas inovações. Para chegarmos à imensa coleção de instrumentos musicais 
existentes hoje, uma série de transformações sociais precisaram acontecer e 
justificar a já falada ressignificação de materiais com vistas à resolução de 
demandas. Assim, se hoje um instrumento musical é alterado com vistas à 
obtenção de um timbre mais específico, ou para torná-lo mais fácil de manusear, 
anteriormente os propósitos tinham a ver com a sobrevivência humana: atrair 
animais para a caça, espantar predadores etc.
Também vamos falar um pouco da história dos instrumentos eletrônicos, 
que necessariamente vem acompanhada de transformações em outros campos 
científicos. Desde a descoberta da eletricidade até a associação entre músicos 
e engenheiros, os desdobramentos formais destas tecnologias têm ocorrido 
de maneira notoriamente transdisciplinar. Por último, versaremos sobre o 
desenvolvimento de mídias para comportar arquivos sonoros, também com 
ênfase nas influências que estes avanços operam na cultura humana.
O desenvolvimento material provoca transformações – nem sempre 
voluntárias – nas sonoridades. Nas palavras de Jeremy Montagu:
Não acho que Beethoven poderia ter imaginado o som de um piano 
moderno - se pudesse fazê-lo, ele teria escrito suas linhas de baixo de 
forma diferente. Eles soam claros o suficiente nos pianos de sua época 
e se ele tivesse escrito para um piano moderno, ele nunca permitiria a 
execução confusa que ouvimos no mesmo. Da mesma forma, Chopin 
teria colocado marcas de pedal, caso ele alguma vez tivesse sonhado 
que as notas de seu legato iriam ser interrompidas por amortecedores 
modernos. Ambos estavam escrevendo para as sonoridades de seu 
próprio tempo, porque isso era o que eles podiam ouvir em suas 
imaginações auditivas (2002, p. 1, tradução livre).
Assim, acadêmico, ao longo das próximas seções, tenha em mente que 
nem todos os efeitos desses processos históricos podem ser descritos aqui. Muitos 
deles são perceptíveis somente pela audição, como aconteceu quando deixamos 
de lado os discos de vinil e passamos a consumir CDs. Outras mudanças são 
menos perceptíveis, sendo objeto de abordagens mais aprofundadas em campos 
como o da Etnomusicologia, e outras ainda talvez sejam ainda menos cognoscíveis. 
26
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
Quando você escuta a Sonata ao Luar, de Beethoven, em seu smartphone, você 
consegue saber se o piano utilizado é um modelo atual, uma cópia fiel a um 
modelo antigo ou um instrumento original de época?
Acesse o linkhttps://youtu.be/pUJDf5-8V44, ouça e compare os timbres do 
piano virtual, piano digital, piano de parede, piano honky-tonk e piano de cauda.
DICAS
2 EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS INSTRUMENTOS 
MUSICAIS
Como você, estudante, pode imaginar, seria impossível abordar toda 
a história de todos os instrumentos musicais nesta unidade, a julgar pela 
complexidade e diversidade que estes objetos apresentam na atualidade. 
Todavia, é importante compreendermos, a partir de alguns exemplos, de que 
forma a tecnologia também se desenvolve nestes recursos indispensáveis a 
músicos e musicistas. Neste sentido, começaremos tratando brevemente dos 
primórdios de três instrumentos bastante conhecidos – violão, flauta e bateria 
– para, na sequência, tratar de um momento mais recente na história, no qual 
musicistas e cientistas passam a trabalhar juntos para o desenvolvimento de 
novas possibilidades dentro do campo da arte.
2.1 INSTRUMENTOS ACÚSTICOS
Indícios arqueológicos revelam que os primeiros instrumentos musicais 
são oriundos da ressignificação de outros objetos. Um conjunto de flautas 
aurignacianas – que tem esse nome pelo período em da Pré-História em que 
foram encontradas – foi descoberto no interior de cavernas alemãs e, a partir de 
testes com carbono-14, teve sua idade e estimada em 43.000 anos.
Os instrumentos musicais mais antigos datam do Paleolítico Inferior e são 
flautas feitas com ossos de patas de renas, como o “assobio” encontrado na França, 
de apenas um orifício, datado de 40 mil anos. Esse “instrumento” provavelmente 
era usado durante as caçadas para imitar os sons ou cantos de alguns animais e 
pássaros ou mesmo para que os homens se comunicassem entre si (CAVINI, 2001, 
p. 20).
TÓPICO 2 — A HISTÓRIA TECNOLÓGICA DA MÚSICA
27
Por sua vez, os povos da Antiguidade praticavam a música com finalidades 
mais elaboradas – por exemplo, para acompanhar cerimônias ritualísticas e 
atividades de lazer. Na civilização suméria (3.500 – 2.550 a.C.), já existiam flautas 
de bambu e metal – inclusive as flautas duplas, que foram desenvolvidas antes 
da Era Cristã. Os egípcios, por sua vez, já possuíam uma grande diversidade 
de flautas. Já os antigos chineses classificavam seus instrumentos pelo material 
com o qual eram feitos, incluindo as flautas, que eram feitas de jade ou bambu 
(CAVINI, 2001).
Na Idade Média, as flautas permaneceram de modo semelhante ao 
período anterior, voltando a passar por transformações no Período Barroco, 
quando se tornaram mais evidentes as diferenciações entre flauta transversal e 
flauta de bisel. Todavia, somente no século XIX a flauta transversal se aproximou 
da configuração conhecida hoje, com a introdução do sistema de chaves por 
Theobald Boehm (FRYDMAN, 2010).
FIGURA 5 – EXEMPLO DE FLAUTA TRANSVERSAL
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons
/e/e0/Yamaha_Flute_YFL-874W.png>. Acesso em: 3 fev. 2021.
Observando na Figura 6 a flauta aurignaciana, e comparando com 
os modelos atuais, já dá para ter uma ideia de como como este instrumento 
musical, para chegar na sua configuração mais atual, precisou passar por várias 
transformações e experiências.
FIGURA 6 – FLAUTA AURIGNACIANA
FONTE: <https://hypescience.com/wp-content/uploads/2012/05/bird-bone-flute-
-e1337965313845.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2020.
28
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
Assim como a flauta, o violão tem sua origem nos povos primitivos. Há 
registros de pinturas rupestres que sugerem o uso de arcos para atividades além 
da caça. Estudos antropológicos também revelaram que a primeira experiência 
com instrumentos de corda teria sido um arco, percutido com uma vareta e cuja 
corda vibrátil era aproximada da boca do executor, a qual funcionava como caixa 
de ressonância. Ou seja, a estrutura básica do instrumento (suporte de madeira, 
corda e caixa de ressonância) era uma tecnologia já desenvolvida no período 
pré-histórico. “Um dos primeiros testemunhos da arte musical foi encontrado na 
gruta de Trois Frères, em Ariège, França. É uma gravura rupestre magdaleniana, 
datada a cerca de 10.000 a.C., que representa um tocador de flauta ou de arco 
musical” (CAVINI, 2001, p. 21).
FIGURA 7 – ARCO DE BOCA
FONTE: < https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/
2/2e/MusicalBow.gif >. Acesso em: 3 fev. 2021.
Os sumérios, por sua vez, já tocavam uma espécie de alaúde, assim como 
os hebreus. Porém, foi a partir da civilização persa que o instrumento – que tinha 
seis cordas e era tocado com palhetas ou pedaços de chifre – expandiu para outros 
territórios e influenciou outras civilizações. Assim, os egípcios, que difundiram o 
sistema de trastes, utilizavam um tipo específico de alaúde denominado Pandora, 
já inspirado no modelo persa, assim como o sitar indiano e o pi-pa chinês. O 
alaúde passou por diversas modificações, sendo levado à Europa entre os 
séculos XI e XIII, onde ganhou sua configuração renascentista, como ficou mais 
conhecido a partir do século XIV. Nesse período, o instrumento também passou 
por outras diferenciações (em parte, por conta da cultura moura), gerando um 
outro “parente”: a guitarra latina, que pode ser considerada um parente próximo 
do violão. No século XVI, ocorreu uma difusão das práticas de guitarra pela 
Espanha, em função da falta de livros para a vihuela, que era uma outra variedade 
de alaúde (CAVINI, 2001).
TÓPICO 2 — A HISTÓRIA TECNOLÓGICA DA MÚSICA
29
FIGURA 8 – EXEMPLO DE VIOLÃO
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/
e/e8/Classical_Guitar_two_views.jpg>. Acesso em: 3 fev. 2021.
Por essa narrativa, é possível compreender o grande número de 
transformações que este instrumento passou para chegar na sua configuração 
atual, desde a variação do número de cordas até o aprimoramento de sua caixa de 
ressonância e cravelhal. Todavia, essas mudanças, vale ressaltar, não se limitam 
apenas à estrutura física. Todo instrumento musical, ao longo da história, também 
sofre as transformações sociais, adequando-se aos princípios tonais e harmônicos 
de cada época, até chegar na sua configuração mais atual, de onde continuará a 
evoluir.
Embora os primeiros artefatos musicais da humanidade que mantiveram 
parte de sua configuração até hoje sejam as flautas, é mais provável que a primeira 
experiência instrumental tenha sido com percussão. Isso porque trata-se de uma 
experiência que provavelmente começou pela exploração percussiva de troncos 
de árvore, crânios, casco de tartaruga, pedras (como no litofone, que aparece na 
figura abaixo) e quaisquer outros objetos que se mostrassem adequados para tal.
30
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA APLICADA À MÚSICA
FIGURA 9 – LITOFONE
FONTE: <https://coub-anubis-a.akamaized.net/coub_storage/coub/simple/cw_timeline_pic/ea-
17dd56b6d/09241f8ce0f753b03923c/1489031766_image.jpg>. Acesso em: 3 fev. 2021.
Sumérios, hebreus, egípcios e chineses desenvolveram um número 
expressivo de variações de percussão, como címbalos, tímpanos, pandeiros e 
crótalos. Esses instrumentos foram herdados pelas civilizações grega e romana, 
pelas quais sofreram algumas adaptações. Durante a Idade Média, até o século 
XII o uso de percussão foi pouco estimulado, pois a maioria dos instrumentos 
desta classe eram considerados profanos. Ressalta-se que, embora os estudos 
historiográficos tenham acentuado, por muito tempo, a narrativa do ponto de 
vista eurocêntrico, em outros continentes – com ênfase na África – a maior parte 
dos instrumentos de percussão, assim como outros instrumentos, tiveram sua 
origem e seguiram tendo um desenvolvimento tecnológico paralelo (CAVINI, 
2001).
O sistema percussivo que hoje conhecemos como bateria surgiu no início 
do século XX, com a invenção do pedal que mais tarde foi aclopado ao bumbo 
e ao chimbau. Antes disso, cada parte da bateria era tocada por uma pessoa. A 
partir da década de 1920, o conjunto instrumental começou a ser fabricado em 
grande escala, o que ajudou a difundi-lo, primeiramente, na América do Norte – 
especialmente após

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